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Ventilação pulmonar Prof. Cristiane Lopes (John West C2) 27/05/21 Sistema respiratório Funções respiratórias • Ventilação pulmonar o É a entrada e saída do ar dos pulmões • Troca e transporte de gases o Por difusão simples (devido a diferença de pressão parcial dos gases) • Regulação de ventilação o Existem quimiorreceptores que detectam a pressão dos gases no sangue o Depois determinam se a frequência respiratória deve aumentar ou diminuir Funções não-respiratórias • Equilíbrio ácido-base o A eliminação de gás carbônio diminuiu a acidez do sangue • Regulação da PA o A enzima angiotensina II é expressa principalmente nas células epiteliais dos capilares pulmonares o Ela participa do sistema renina angiotensina-aldosterona que controla a pressão arterial • Vocalização o Para falar precisamos jogar pulsos de ar nas pregas vocais o Ar que promove a vibração das pregas • Regulação térmica o A evaporação da água presente na cavidade oral contribui para a redução da temperatura o Pois consome energia do corpo o OBS: mais relevante em animais com pele coberta por pelo • Defesa o Contribui com a retirada de impurezas do ar o Pois o sistema respiratório produz muco e é ciliado • Facilitação do enchimento cardíaco e retorno venoso o A circulação pulmonar funciona como reservatório de sangue para o coração o Coração continua recebendo o sangue Fisiologia do sistema respiratório • Ventila o Ocorre entrada e saída de ar no sistema respiratório por convecção o Ar é uma mistura de gases • Faz trocas o No pulmão: o Parte do O2 do ar se difunde do ar alveolar para o sangue o Parte do CO2 se difunde do sangue para o ar alveolar o Nos tecidos: o Parte do O2 é liberado do sangue para os tecidos o CO2 é liberado das células para o sangue • Sistema respiratório controla os músculos respiratórios o Existem quimiorreceptores que enviam informações sobre concentração de CO2, de O2 e pH sanguíneo para o bulbo (SNC) o Bulbo regula a frequência respiratória de acordo com a informações que recebe • É automático o Não precisamos pensar em respirar o Pois o centro de controle da respiração está no bulbo (localizado no tronco encefálico), que está em uma região inconsciente do encéfalo o OBS: As informações conscientes estão no córtex Mecânica da ventilação pulmonar Inspiração: entrada de ar nos pulmões Expiração: saída de ar dos pulmões Conhecimentos 1. O ar é um fluído gasoso 2. Para que ocorra fluxo de ar, é necessário diferença de pressão 3. Diferença de pressão é gerada pela Lei de Boyle→ PV = cte quando T = cte • A pressão é inversamente proporcional ao volume o Se a pressão aumenta, o volume diminui o Se o volume aumenta, diminui a pressão 4. O sistema depende das características anatomofisiológicas da caixa torácica e do sistema respiratório • Geram força (para alterar a pressão) • Geram deformação (para alterar o volume) • Geram resiliência (forças elásticas que faz voltar ao formato original) Pressão dos gases ➢ Conjunto de forças exercidas por cada uma das infinitas partículas do fluido sobre infinitos pontos de seu conjunto (sobre a parede do recipiente) Propriedades estáticas da parede torácica e pulmão • Pulmão e cavidade torácica possuem células muito diferentes Pleuras: ligam o pulmão à cavidade torácica • São 2 • Pleura visceral: está ligada ao tecido pulmonar • Pleura parietal: ligada ao tórax • Entre elas existe o líquido interpelural produzidos pelas próprias células da pleura→ forma o espaço interpleural Traqueia: comunica os pulmões com as vias aéreas superiores • Traqueia se divide em 2 brônquios o Brônquios se dividem em bronquíolos o Bronquíolos se ramificam em alvéolos (onde ocorrem as trocas gasosas) Forças • Retração elástica dos pulmões o Tecido pulmonar apresenta forças que fazem com que o pulmão tenda a colabar (juntar todas as suas paredes) • Retração elástica da parede toráxica o Cavidade tem forças de expansão o É voluntária • Retrações elásticas dos pulmões e da parede torácica em equilíbrio→ condição estática o Forças de expansão da parede toráxica em equilíbrio com as forças de retração do tecido pulmonar o Momento em que não ocorre a ventilação o O desequilíbrio de forças que permite a ventilação pulmonar Estática Pressão atmosférica = 760mmHg Pressão entre a parede do tórax e pulmões = sempre menor do que a pressão externa • Precisa ser menor pois se fosse maior ou igual os pulmões colabariam • Não é igual em toda a pleura o Pois existe o impacto da gravidade Alteração de volume ➢ A alteração de pressão da cavidade torácica depende da alteração de volume • Pois é uma cavidade fechada Inspiração ➢ É promovida pela contração de músculo esquelético • Contração gera força para alterar o volume da cavidade toráxica • Diafragma contrai para baixo o Expansão vertical da cavidade toráxica e redução da cavidade abdominal • Músculos intercostais externos contraem lateralmente o Expansão lateral da cavidade toráxica Expiração ➢ É promovida pelo relaxamento do músculo esquelético • Diafragma relaxa e se eleva • Músculos intercostais externos relaxam • Músculos intercostais internos podem contrair OBS: o volume de ar que entra no pulmão é ligeiramente maior • Porque mais oxigênio é absorvido do que dióxido de carbono é eliminado Mecanismo Volume corrente: volume de ar que entra e sai dos pulmões em 1 ciclo respiratório (ml) Fluxo de ar: movimento do ar (L /s) • Positivo +→ ar entrando no pulmão • Negativo -→ ar saindo do pulmão Pressão intrapleural: sempre é menor que a pressão atmosférica (cm H2O) • Promove alteração da pressão alveolar o Pois a pressão intrapleural é transmitida para o parênquima pulmonar e chega no alvéolo pulmonar Pressão alveolar: é a pressão que determina se o ar vai entrar ou sair dos pulmões • Negativa→ ar entra • Positiva→ ar sai Pressão transpulmonar: é a pressão a que o tecido pulmonar é exposto • Cálculo→ pressão intrapleural - a pressão alveolar (em cada ponto) Processo Momento 1 - inspiração 1. Aumento da caixa torácica (pleura parietal se expande) 2. Pressão intrapleural diminui 3. Pressão alveolar diminui 4. Faz com que o ar entre (fluxo positivo) 5. Aumento do volume corrente (aumenta a entrada de ar) Momento 2 - inspiração 6. Caixa torácica se expande mais ainda 7. Pressão intrapleural diminui mais ainda 8. Pressão alveolar começa a subir (mais ainda negativo→ pois o ar ainda está entrando) 9. Fluxo começa a subir (mas ainda está positivo→ ar entrando) 10. Volume corrente aumenta mais ainda Momento 3 - expiração 11. Pressão alveolar atinge o 0 • Ar para de entrar 12. Pressão intrapleural aumenta • Pois o diafragma e intercostais relaxam 13. Pressão alveolar aumenta 14. Fluxo sobe e está negativo→ ar saindo 15. Volume corrente diminui (pulmões com menos ar) Momento 4 - expiração 16. Pressão intrapleural aumenta mais ainda • Pois diafragma e intercostais relaxam mais ainda 17. Pressão alveolar diminui (mas ainda está positiva → ar continua saindo) 18. Fluxo desce (mas ainda negativo→ ar saindo) 19. Volume corrente diminui mais ainda OBS 1: em ventilação mecânico é o oposto • Pois o sujeito não consegue fazer a expansão torácica para o ar entrar • Para inspiração: se aumenta a pressão externa para fazer o ar entrar (ar vai do lugar de maior para o de menor pressão) • Para expiração: se diminui a pressão externa para fazer o ar sair OBS 2: as curvas de pressão alveolar e pressão intrapleural não são idênticas • Pois os tecidos são diferentes Estática Complacência ➢ Grau de expansão que os pulmões experimentam para cada unidade de aumento na pressão transpulmonar • É o quanto o pulmão se expande quando é submetido a uma diferença de pressão • É uma medida das propriedades elásticas do pulmão • Quanto maior a pressão transpulmonar, maior a expansão do pulmão Cálculo: ∆V / ∆P Normal: 200 ml / cm H2O •Ex: se a pressão aumentar de 0 para 10→ pulmão se expande em torno de 2 litros Doenças que afetam Fibrose pulmonar ➢ Paredes do pulmão ficam enrijecidas (parênquima pulmonar mais enrijecido) • Descola a curva de complacência para a direita o Diminui a complacência • A respiração é dificultada o Pois a parede pulmonar não responde bem à diferença de pressão • Não tem cura Enfisema pulmonar ➢ Pulmão fica muito flácido • Perde a força elástica de retração • Desloca a curva de complacência para a esquerda o Aumenta a complacência • Geralmente ocorre em fumantes o A queima das substâncias do cigarro compromete o tecido pulmonar • Pequena variação de pressão já gera grande expansão pulmonar • Acaba acumulando o ar→ compromete a expiração Gráfico Enchimento e esvaziamento do pulmão Enchimento 1 • Aumento da pressão transpulmonar • Volume pulmonar estável o Pois a diminuição da pressão intrapleural não é suficiente para sobrepor a tensão superficial (TS) 2 • Pulmão começa a expandir o Pois queda de pressão intrapleural causa abertura das vias aéreas de maior complacência→ vias proximais 3 • Expansão linear das vias aéreas abertas→ todas as vias aéreas são abertas 4 • Limite do enchimento das vias aéreas o Limites da força muscular e redução da complacência (chega ao mínimo) Esvaziamento Histerese: diferença de trajetória pulmonar durante enchimento e esvaziamento • Devido à tensão superficial (TS) como resistência à abertura alveolar (diferente da fase de enchimento) Tensão superficial ➢ Força que surge na superfície de líquidos devido muitas forças intermoleculares fortes • Ex: tensão superficial da água devido ligações de hidrogênio entre as moléculas de água + forte força de repulsão entre água e ar o Pois água é polar e ar apolar • É importante para a força de retração elástica dos pulmões • Só ocorre na superfície o Pois é onde tem o contato água e ar • Ela diminui a complacência • Impede que os alvéolos se expandam demais • Tende a fazer os alvéolos colabarem • Na superfície dos alvéolos existe uma fina camada de líquido o Se fosse água pura, os alvéolos colabariam (seriam uma camada achatada pois perderiam o formato arredondado) o Pois a água de um lado do alvéolo se atrairia com a água do outro lado e achatariam o alvéolo • Alvéolos não colabam pois nosso corpo produz substâncias surfactantes Surfactantes ➢ São detergentes naturais→ moléculas com cabeça polar e corpo apolar • São produzidos por pneumócitos tipo II • São responsáveis por reduzir a tensão superficial o Quanto mais surfactantes, menor a tensão superficial o Logo aumentam a complacência o Logo alvéolos tendem menos a colabarem (2 a 3x menos) • Facilitam a difusão de gases o Pois menor TS minimiza o acúmulo de líquido alveolar • Ajudam a manter o tamanho dos alvéolos relativamente constante durante o ciclo ventilatório o Quando o alvéolo se expande muito→ ocorre grande diluição dos surfactantes o Aumenta a tensão superficial o Alvéolo tende a diminuir Síndrome da angústia respiratória aguda do neonato ➢ Quando o pulmão não está bem formado com essas substâncias surfactantes • Alvéolos colabam e a criança não consegue respirar o Pois não ocorre a expansão alveolar → a complacência reduz a 0 (tensão superficial fica maior que a pressão intrapleural) • É instirado surfactante pelas vias aéreas para diminuir a tensão e a criança conseguir respirar Lei de Laplace P: pressão T: tensão superficial r: raio • OBS: no pulmão existem alvéolos de diferentes tamanhos • A pressão no alvéolo é diretamente proporcional ao dobro a tensão o Se a tensão aumenta, a pressão aumenta o Se a tensão diminui, a pressão diminui • A pressão é inversamente proporcional ao raio alveolar o Quanto maior o raio, menor a pressão o Quanto menor o raio, maior a pressão o Ar tende a sair e ir para alvéolos maiores o Logo a distribuição de ar nos alvéolos não é exatamente igual Dinâmica Medição de volumes e capacidade respiratória Espirômetro ➢ Aparelho que avalia a normalidade do pulmão • É preciso tapar o nariz o Só pode inspirar e expirar a partir do cilindro conectado na cuba de ar Expiração 1. Indivíduo solta o ar que vai para a cuba de ar 2. Cuba de ar sobe e caneta de registro desce OBS: marcações são feitas pela caneta no papel de registro que fica girando Inspiração ➢ Indivíduo puxa o ar da cuba que desce ➢ Caneta sobe Registro Volume corrente (VC): volume de ar inspirado e expirado Volume de reserva inspiratório (VRI): volume inspirado acima do volume corrente em uma inspiração máxima forçada Volume de reserva expiratório (VRE): volume expirado acima do volume corrente em uma expiração máxima forçada Volume expiratório forçado em 1s (VEF1): volume expirado em uma expiração forçada de 1 segundo a partir de um pulmão cheio de uma inspiração forçada • É importante para detectar enfisema pulmonar Volume residual (VR): volume de ar que permanece no pulmão depois de uma expiração forçada • Não é medido pelo espirômetro→ é medido de forma indireta Capacidade inspiratória (CI): capacidade de inspirar a partir do repouso • CI = VC + VRI Capacidade vital (CV): máximo de ar que conseguimos trocar com o meio • CV = VRE + VC + VRI Capacidade residual funcional (CRF): volume que está no pulmão o tempo todo e participa da troca gasosa • CRF = VRE + VR • É renovado pelo volume corrente • Não é medida pelo espirômetro Capacidade pulmonar total (CPT): é a soma dos 4 volumes • CPT = VR + VRE + VC + VRI OBS 1: ventilação alveolar→ volume de ar fresco que entra na zona respiratória • Representa a quantidade de ar puro inspirado disponível para a troca gasosa OBS 2: espaço morto anatômico → ar que passa pelos lábios mas não atinge o compartimento dos gases alveolares onde a troca gasosa ocorre • É o volume das vias aéreas condutoras Fluxo ➢ O fluxo precisa de uma força adicional para superar a inércia e a resistência das moléculas e dos tecidos • É inversamente proporcional à resistência das vias aéreas • É diretamente proporcional à variação de pressão Fluxo laminar ➢ Quando as camadas de ar se movimentam paralelamente (sem mistura entre as camadas) • Geralmente ocorre ao longo dos tubos das vias respiratórias • Quando ocorre as bifurcações (que diminuem o raio do tubo por onde passa o ar), a resistência aumenta OBS: regiões mais inferiores ventilam melhor do que as mais superiores Fluxo turbulento ➢ Quando o ar se movimento em regiões com alta resistência • Ocorre nos pontos de bifurcação • Ele aumenta ainda mais a resistência o Não é favorável para a passagem do ar Fluxo transicional ➢ Movimento do ar de forma intercalada de fluxo laminar ao longo do tubo e turbulento nas bifurcações Número de Reynolds ➢ Define se o fluxo é laminar ou turbulento OBS: viscosidade: capacidade de uma camada atrair a outra Efeito das bifurcações ➢ Ao longo da via respiratória tem 23 gerações de bifurcações • Raio diminui muito→ resistência aumenta • Área total aumenta muito (área de secção recta é 5000 veze maior que a da traqueia)→ velocidade do fluxo diminui o Importante para permitir a troca gasosa nos alvéolos Pressão intrapleural ➢ A mistura dos dois esforços (estático + dinâmico) que permite a entrada e saída de ar nos pulmões
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