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Mudanças Climáticas Maria Gertrudes Alvarez JUSTI da Silva Departamento de Meteorologia/UFRJ justi.meteoro@gmail.com Mudanças Climáticas Globais Parte do material cedido por: Profa. Claudine Dereczynski – IGEO/UFRJ Dr. Carlos Nobre – INPE e MCT São todas as mudanças ocorridas na Terra, tanto naturais quanto antropogênicas, de natureza sistemática ou cumulativa, que afetam os sistemas terrestres (físicos, biológicos e sociais), cujos efeitos ameaçam a qualidade e o modo de vida da sociedade atual e que podem comprometer a sobrevivência das gerações futuras. Mudanças Climáticas Mudanças Climáticas Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas - IPCC Grupo I: Bases Físicas Científicas Grupo II: Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade Grupo III: Mitigação da Mudança Climática •A mudança do clima começou a ser discutida de 1988 a 1990, no âmbito do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e da Organização Meteorológica Mundial (OMM), com o apoio dos estudos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change O Efeito Estufa THE LONDON, EDINBURGH AND DUBLIN PHILOSOPHICAL MAGAZINE AND JOURNAL OF SCIENCE [FIFTH SERIES APRIL 1896] XXXI. On the Influence of Carbonic Acid in the Air upon the Temperature of the Ground. By Prof. SVANTE ARRHENIUS*. 1. Introduction: Observations of Langley on Atmospherical Absorption. A GREAT deal has been written on the influence of the absorption of the atmosphere upon the climate. Tyndall † in particular has pointed out the enormous importance of this question. To him it was chiefly the diurnal and annual variations of temperature that were lessened by this circumstance. Another side of the question, that has long attracted the attention of physicists, is this: Is the mean temperature of the ground in any way influenced by the presence of heat-absorbing gases in the atmosphere? Fourier ‡ maintained that the atmosphere acts like the glass in a hot house, because it lets through the light rays of the sun but retains the dark rays from the ground. This idea was elaborated by Pouillet §; and Langley was by some of his researches led to the view, that ‘the temperature of the earth under direct sunshine, even though our atmosphere were present as now, would probably fall to – 200 °C., if that atmosphere did not possess the * Extract from a paper presented to the Royal Swedish Academy of Sciences, 11th December 1895. Communicated by the Author. † “Heat a mode of motion,” 2nd ed. p.405 (Lond.,1865). ‡Mem. de l’Ac. R. d. Sci. de l’Inst. de France, t. vii. 1827. § Compress rendus, t. vii. p41 (1838). Phil. Mag. S. 5. Vol. 41. No. 251. April 1896 S O efeito estufa do CO2 não é um idéia nova!! Svante Arrhenius: A Primeira Previsão Climática • Arrhenius quantificou em 1896 as mudanças na temperatura (aprox. 5° C) que deveriam ser esperadas ao dobrar o CO2, baseado no conceito do efeito de ”glass bowl” introduzido em 1824 por Joseph Fourier Interação entre a radiação solar e a atmosfera Efeito Estufa Afinal o clima está mesmo mudando? (Detecção da Mudança Climática) CO2 •280 ppm (pré-indust) - 379 ppm (2005), 388 ppm (2009). •Fontes: Combustíveis fósseis e mudanças no uso da terra CH4 •715 ppb (pré-indust) - 1774 ppb (2005) •Fontes: Agricultura e combustíveis fósseis Fonte: IPCC WGI Fouth Assessment Report, 2007 Concentrações CO2 e CH4 -aumento acentuado desde 1750 -Pouca variação antes da era pré- industrial As calotas polares registram a história da atmosfera terrestre por milhões de anos, na forma de bolhas de ar aprisionadas no gelo. As quatro últimas glaciações do Holoceno 300 388 ppm (180-300) (320-790) 1774 ppb Mudanças na excentricidade (e=0,00-0,06): ~100.000 anos Mudanças na obliquidade (φ=22,1-24,5°): ~41.100 anos Mudanças na precessão orbital: ~23.000 anos Ciclos de Milankovitch Radiação solar incidente (onda curta) Interação ar-mar O Sistema ClimáticoO Sistema Climático Radiação emitida pela Terra (onda longa) Absorção Reflexão Emissão Gelo / Neve Nuvens Precipitação Gases e partículas vulcânicas Vento Interações ar-gelo Gelo marinho Interações gelo- oceano Lagos e Rios Descarga fluvial Correntes Processos no solo Atividades Humanas Para entender as variações do clima, é necessário investigar todos os componentes do sistema climático. Os oceanos desempenham papel de importância fundamental no sequestro e armazenamento de carbono. O aquecimento global pode alterar a capacidade do oceano de absorver carbono, resultando em um acréscimo ainda maior de CO2 na atmosfera. OO OceanoOceano éé absorvedorabsorvedor ee ArmazenadorArmazenador dede CarbonoCarbono A emissão de dióxido de carbono tem aumentado significativamente há várias décadas devido a atividades humanas. No entanto, apenas cerca de 60% da quantidade estimada dessas emissões está presente na atmosfera. Acredita-se que o oceano esteja ainda removendo a maior parte da diferença Até quando?Até quando? A Acidificação do Oceano O serviço prestado pelo oceano na absorção do gás carbônico tem um custo ecológico: a acidificação do oceano - a redução do pH da água em decorrência da dissolução de CO2. Projeções para o Século XXI Apesar dos níveis atuais de pH não serem por si só alarmantes, a sua taxa e crescimento é motivo de preocupação. Nos últimos 21 milhões de anos o oceano nunca experimentou uma acidificação de forma tão rápida. Se a concentração de CO2 continuar a crescer exponencialmente, pelo final do Século XXI é de se esperar mudanças de pH três vezes maior e 100 vezes mais rápidas do que durante as transições de períodos glaciais para interglaciais! Maior acidez Intensificação do efeito estufa Mais CO2 na atmosfera Menor capacidade de absorção de CO2 Componentes do Forçamento Radiativo Muitos dos agentes do aquecimento têm tempo de residência de décadas ou mais Todos os conhecidos agentes de esfriamento têm tempo de residência relativamente curto (50-200) (12-17) (120) Aerossóis: partículas sólidas ou líquidas em suspensão na atm. (antropogênicos: fuligem, queima de biomassa, queimadas) Fonte: IPCC WGI Fouth Assessment Report, 2007 •Aumento de Temp (1906-2005): 0,74 °C •Temp oceânica média aumentou até pelo menos 3000 m. Aumento do NMM (1901-1999): 0,17 m=170mm Redução na extensão do gelo oceânico no Ártico: 2,7% por década. 100 0.074±±±±0.018 50 0.128±±±±0.026 12 anos mais quentes desde 1850: (1995-2006) 1998,2005,2003,2002,2004,2006, 2001,1997,1995,1999,1990,2000 Period Rate Years °°°°/decade Anomalias médias globais anuais da TSM e da temp. à spf. SST Land Aumento de temperatura é mais rápido nas áreas Aumento de temperatura é mais rápido nas áreas continentais do que na superfície do oceanocontinentais do que na superfície do oceano Oceanos: maior capacidade térmica, ou seja, é necessário fornecer muito calor ao oceano para elevar sua temperatura de, por exemplo 1°C. Anual Tendência 1901 a 2005 O derretimento dos gelos polares e o aquecimento dos oceanos implicam em aumento do nível médio do mar. Nos últimos 100 anos, o nível médio do mar aumentou cerca de 10 a 20 cm. Observações indicam um aumento na taxa de elevação do nível do mar nos últimos anos. O Aumento do Nível do MarO Aumento do Nível do Mar Kilimanjaro 1970 Kilimanjaro (5895 m) – Norte da África Kilimanjaro 2000 Fotos: L. Thompson Fotos: L. ThompsonFotos: L. Thompson Fotos: L. Thompson Geleiras: 12 km2 em 1900 – 2 km2 atualmente Ondas de calor estão aumentando Onda de Calor: Verão de 2003: muito provavelmente o verão Europeu mais quente desde 1500 – morte de 35000 pessoas Dias frios, noites frias e geadas menos freqüentes Dias quentes, noites quentes e ondas de calor mais freqüentes (Fonte: IPCC, 2007) O número global e o percentual de furacões intensos está aumentando •Evidência observacional de um aumento de atividade de ciclones tropicais intensosno Atlântico Norte desde 1970, correlacionado com aumentos das TSMs tropicais. SST (1944-2005) Acentuado aumento após 1994 Anomalia da Temperatura da Superfície do Mar no Caribe para Agosto 2005 (isotermas de 0,5 Celsius em relação à média de 1961-1990) Source: IRI, 2005 Furacão Katrina: resultado da variabilidade natural ou do aquecimento global? Fonte: Greenpeace/Daniel Beltra Barco encalhado na areia a leste de Barreirinha, perto da fronteira do Pará. Seca da Amazônia em 2005 Furacão Catarina (27 de março de 2004): primeiro furacão observado no Atlântico Sul! Freqüência de chuvas intensas: aumento na maior parte das áreas continentais. Atmosfera mais quente � maior quantidade de vapor d’água na atmosfera � aumento da ocorrência de eventos extremos Variabilidade Natural ou Antropogênica? (Atribuição da Mudança Climática) Atribuição das Mudanças Climáticas (Século XX) O aquecimento continental mostra uma contribuição antropogênica significante nos últimos 50 anos O que pode acontecer no futuro? Cenário B1 baixo: 1,8°C (faixa provável: 1,1°C a 2,9°C) Cenário A1FI: 4,0°C (faixa provável : 2,4°C a 6,4°C). • Para as próximas duas décadas projeta-se um aquecimento de aprox. 0.2°C por década (considerando cenários SRES) • Mesmo se as concentrações de todos os gases de efeito estufa e aerossóis fossem mantidos constantes (níveis de 2000), um aquecimento posterior de 0,1°C por década seria esperado (devido a lenta resposta dos oceanos). As projeções de curto prazo são insensíveis à mudança de cenário As projeções de longo prazo dependem do cenário e da sensibilidade do modelo climático. Precipitação aumenta muito provavelmente nas altas latitudes e decresce provavelmente na maior parte das regiões continentais subtropicais. (2090-2099) Mudanças relativas na precipitação (em porcentagem) para o período 2090-2099, relativa ao período 1980-1999. Áreas em branco indicam regiões onde menos do que 66% dos modelos concordam com o sinal da mudança e áreas pontilhadas onde mais do que 90% dos modelos concorda com o sinal da mudança (Fonte: IPCC 2007 WGI Fourth Assessment Report). Quão vulnerável é o Brasil ao clima atual e suas variações? (impactos do aquecimento no Brasil) Vulnerabilitade Social a Secas no Nordeste do Brasil Vulnerabilitade Social a Secas no Nordeste do Brasil Região Semi-árida Agricultura de Subsistência Baixa Renda Falta de emprego Falta de acesso a informação sobre previsão climática Falta de Alimento Falta de Alimento Mudanças no Perfil Epidemiológico Mudanças no Perfil Epidemiológico Perda da colheita Perda da colheita Falta de Assistência Governamental Falta de Assistência Governamental MigraçãoMigração População Rural População Rural SecaSeca Falta de ÁguaFalta de Água Higiene deficienteHigiene deficiente Aumento da mortalidade infantil devido a diarréia Má nutrição infantil Expansão da Leishmaniose visceral nas cidades Vulnerabilidade Social a Tempestades Severas e a Enchentes Urbanas no Rio de Janeiro Vulnerabilidade Social a Tempestades Severas e a Enchentes Urbanas no Rio de Janeiro Precipitação intensa Precipitação intensa Variabilidade Climática Variabilidade Climática BaixadaBaixada InundaçãoInundação Encosta de Morros Encosta de Morros DeslizamentosDeslizamentos DesmatamentoDesmatamento Acidentes e Traumas Aumento da Mortalidade Ausência de resposta ao alerta (evacuação) Violência social falta de saneamento ausência coleta de lixo construções inadequadas proliferação de roedores Surtos da Leptospirose Favela s Favela s desemprego pobreza ausência de moradias construções inadequadas invasões migração rural-urbana Favela s Favela s Impactos na Agricultura Figura 3. Impacto do aumento da temperatura nas áreas potencialmente favoráveis (verde) para cultivo de soja no Brasil. Quanto mais próximo de 1,0 menor o risco de plantio. Fonte: Eduardo Assad, Embrapa. Pinto, H. S., E. D. Assad, J. Zullo Jr e O. Brunini, 2001. O Aquecimento Global e a Agricultura. ComCiência Impactos sobre Sistemas Naturais O projetado aumento da ocorrência de extremos climáticos irá ocasionar aumento dos desastres naturais associados a ondas de calor, secas, inundações, vendavais e ressacas. Alta probabilidade de grandes impactos sobre os ecossistemas naturais, aumento de desaparecimento de florestas tropicais e catastrófica extinção para muitas espécies da flora e da fauna. A combinação sinérgica das mudanças climáticas regionais causadas pelo aquecimento global e aquelas devidas aos desmatamentos ocorrendo nas próximas décadas podem potencialmente levar o equilíbrio bioma-clima atual a um novo equilíbrio estável, com “savanização” de partes da Amazônia e “desertificação” em partes do Nordeste. Impactos sobre as Zonas Costeiras O aumento do nível do mar irá afetar profundamente a extensa zona costeira do país. Apresenta um sério risco às áreas de mangue, irá aumentar a intrusão de sal nos recursos de água doce, aumento da frequência e intensidade de ressacas, associadas a mudanças das circulações atmosféricas. Impactos sobre a Saúde Humana O aumento das temperaturas provavelmente irá causar o aumento das taxas de transmissão de doenças transmissíveis por vetores tais como malaria, dengue, porém, se climas mais secos ocorrerem em partes da Amazônia, poderia diminuir o risco da transmissão de malaria. IINDICADORNDICADOR –– TTEMPERATURAEMPERATURAMMÁXIMAÁXIMA Definição Unidade WSDIWSDI Número máximo de dias consecutivos no ano com TX > percentil 90 dias TMAXmeanTMAXmean Temperatura máxima anual média °C TX10pTX10p Porcentagem anual de dias em que TX < percentil 10 % TX90pTX90p Porcentagem anual de dias em que TX > percentil 90 % TXnTXn Menor temperatura máxima anual ºC TXxTXx Maior temperatura máxima anual °C SU25SU25 Número de dias no ano em que TX > 25°C dias DTRDTR Amplitude anual média da temperatura diurna °C Índices de extremos climáticos de temperatura máxima (Silva& Dereczynski, 2011) IINDICADORNDICADOR -- PPRECIPITAÇÃORECIPITAÇÃO Definição Unidade CDDCDD Número máximo de dias secos consecutivos no ano (PRCP < 1 mm) dias CWDCWD Número máximo de dias úmidos consecutivos no ano (PRCP >= 1 mm) dias PRCPTOTPRCPTOT Precipitação anual total dos dias com PRCP >= 1 mm mm R30mmR30mm Número de dias no ano com PRCP >= 30 mm dias R95pR95p Precipitação anual total dos dias em que PRCP > percentil 95 mm R99pR99p Precipitação anual total dos dias em que PRCP > percentil 99 mm RX1dayRX1day Máxima precipitação anual em 1 dia mm RX5dayRX5day Máxima precipitação anual em 5 dias consecutivos mm SDIISDII Distribuição média da precipitação anual total (PRCPTOT/número de dias no ano com PRCP>=1mm) mm/dia Índices de extremos climáticos de precipitação calculados e analisados neste trabalho. (Silva& Dereczynski, 2011) IINDICADORNDICADOR –– TTEMPERATURAEMPERATURAMMÍNIMAÍNIMA Definição Unidade CSDICSDI Número máximo de dias consecutivos no ano com TN < percentil 10 dias TMINmeanTMINmean Temperatura mínima anual média °C TN10pTN10p Porcentagem anual de dias em que TN < percentil 10 % TN90pTN90p Porcentagem anual de dias em que TN > percentil 90 % TNnTNn Menor temperatura mínima anual °C TNxTNx Maior temperatura mínima anual °C TR20TR20 Número de dias no ano em que TN > 20°C dias Índices de extremos climáticos de temperatura mínima (Silva& Dereczynski, 2011) TTEMPEMP. M. MÁXIMAÁXIMA Alto da Boa Vista Santa Cruz Eta-HadCM3 (Ensemble) Percentil 10 (ºC)Percentil 10 (ºC) 20,3 23,4 21,3 Percentil 90 (ºC)Percentil 90 (ºC) 32,0 35,0 29,7 ClimaClima PresentePresente ((19611961 –– 19901990)) Temperatura Máxima Alto B. Vista -0,20 %/ano Sta. Cruz -0,11 %/ano Eta-HadCM3 -0,07 %/ano Alto B. Vista +0,15 %/ano Sta. Cruz +0,15 %/ano Eta-HadCM3 +0,07 %/ano (Silva& Dereczynski, 2011) Tendências na Velocidade do Vento – 1961-2008. (Cardoso & Justi da Silva) Tendências na Velocidade do Vento – 1961-2008. (Cardoso & Justida Silva) Variabilidade climática justi.meteoro@gmail.com
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