Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DE CONSTRUÇÃO DE EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS PARA LOCAÇÃO MARIANA SILVA RODRIGUES 2020 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DE CONSTRUÇÃO DE EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS PARA LOCAÇÃO MARIANA SILVA RODRIGUES Projeto de Graduação apresentado ao curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Prof. Assed Naked Haddad Rio de Janeiro Março de 2020 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DE CONSTRUÇÃO DE EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS PARA LOCAÇÃO Mariana Silva Rodrigues PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL. Examinada por: ________________________________________________ Prof. Assed Naked Haddad, D.Sc. ________________________________________________ Prof. Leandro Torres Di Gregorio, D.Sc. ________________________________________________ Profa. Ana Carolina Souza Rosa, M.Sc. ________________________________________________ Prof. Mohammad K Najjar, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL MARÇO DE 2020 Rodrigues, Mariana Silva Análise de viabilidade econômico-financeira de construção de empreendimentos imobiliários para locação / Mariana Silva Rodrigues – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2020. xiii, 104 p.:il.; 29,7 cm. Orientador: Assed Naked Haddad Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de Engenharia Civil, 2020. Referências Bibliográficas: p. 62-63 1. Locação 2. Análise de Viabilidade 3. Mercado Imobiliário 4. Indicadores de Resultados I. Haddad, Assed Naked; II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Análise de viabilidade econômico-financeira de construção de empreendimento imobiliário AGRADECIMENTOS Aos meus pais (Iana e Fernando) e ao meu irmão (Ian) por todo o apoio e incentivo que me deram durante toda minha trajetória. Aos meus familiares e amigos que estiveram ao meu lado nos momentos mais difíceis, me dando força para vencer cada dificuldade. A todo o corpo docente da Escola Politécnica da UFRJ, em especial ao departamento de Engenharia Civil, que dividiram seus conhecimentos comigo e contribuíram para a minha formação profissional e pessoal. Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil. ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DE CONSTRUÇÃO DE EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS PARA LOCAÇÃO Mariana Silva Rodrigues Março de 2020 Orientador: Assed Naked Haddad O mercado imobiliário no Brasil ainda sente as consequências da crise econômica que se iniciou em 2013, resultando em vendas de imóveis muito abaixo do que foi vivenciado no “boom imobiliário”. Diante dessa perspectiva, para que as empresas continuem com seu espaço no mercado, gerando lucro, é preciso que comecem a considerar modelos de negócios diferentes. Considerando as dificuldades dos consumidores durante a compra de um imóvel, as vantagens financeiras do aluguel e o novo perfil da geração Y, que busca por novidade e não se acomoda, o modelo mais adequado seria a locação de imóveis. O presente trabalho apresentará uma análise de viabilidade econômica da construção e locação de um empreendimento imobiliário, apresentando a localização da construção, o perfil do cliente alvo e o fluxo de caixa nominal. A partir da viabilidade, foram obtidos indicadores de rentabilidade para realizar a análise de atratividade do modelo. Os resultados encontrados apontaram que este modelo de negócio se apresenta como um modelo viável, porém que é preciso fazer uma análise criteriosa para cada projeto específico a ser considerado. Palavras-chave: Locação; Mercado Imobiliário; Viabilidade Econômica; Viabilidade Financeira; Viabilidade Econômico-Financeira; Indicadores Financeiros Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Engineer. ANALYSIS OF ECONOMIC-FINANCIAL VIABILITY OF CONSTRUCTION OF REAL ESTATE DEVELOPMENT FOR LEASE Mariana Silva Rodrigues March 2020 Adviser: Assed Naked Haddad The real estate market in Brazil still feels the consequences of the economic crisis that started in 2013, resulting in property sales far below what was experienced in the “real estate boom”. Given this perspective, for companies to continue with their space in the market, generating profit, it is necessary to start considering different business models. Considering the difficulties of consumers during the purchase of a property, the financial advantages of renting and the new profile of Generation Y, which seeks novelty and does not settle, the most appropriate model would be the real estate lease. The present work will present an economic viability analysis of the construction and lease of a real estate project, presenting the location of the construction, the profile of the target client and the nominal cash flow. From the viability, profitability indicators were obtained to carry out the model's attractiveness analysis. The results showed that this business model presents itself as a viable model, but that it is necessary to make a careful analysis for each specific project to be considered. Keywords: Real Estate Leasing; Real Estate Market; Economic Viability; Financial Viability; Economic-Financial Viability; Financial Indicators LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 - CONDIÇÃO DE OCUPAÇÃO DO DOMICÍLIO (%) .......................................................... 16 FIGURA 2 - CONDIÇÃO DE OCUPAÇÃO DO DOMICÍLIO (MILHÕES DE UNIDADES) ........................ 16 FIGURA 3 - METODOLOGIA .......................................................................................................... 19 FIGURA 4 - MODELO PARA ESTUDOS DE VIABILIDADE DE EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS . 26 FIGURA 5 - DIAGRAMA DO FLUXO DE CAIXA.............................................................................. 26 FIGURA 6: DIAGRAMA DO FLUXO DE CAIXA ............................................................................... 27 FIGURA 7 - EXPOSIÇÃO MÁXIMA DE CAIXA ............................................................................... 32 FIGURA 8 - BAIRRO DE BOTAFOGO ............................................................................................. 36 FIGURA 9 - LOCALIZAÇÃO DO TERRENO ..................................................................................... 37 FIGURA 10 - LOCALIZAÇÃO DO TERRENO ................................................................................... 37 FIGURA 11 - LOCALIZAÇÃO DO TERRENO ................................................................................... 38 FIGURA 12 - PAVIMENTO TIPO .................................................................................................... 41 FIGURA 13 - DETALHES - TIPOLOGIA 1 ....................................................................................... 42 FIGURA 14 - DETALHES - TIPOLOGIA 2 ....................................................................................... 42 FIGURA 15 - DETALHES - TIPOLOGIA 3 .......................................................................................42 FIGURA 16- SALDO DO FLUXO DE CAIXA NOMINAL ................................................................... 54 FIGURA 17 - SALDO DO FLUXO DE CAIXA VP ............................................................................. 55 FIGURA 18 - EXPOSIÇÃO MÁXIMA DE CAIXA NOMINAL ............................................................. 56 FIGURA 19 - EXPOSIÇÃO MÁXIMA DE CAIXA VP ........................................................................ 57 FIGURA 20 - PAYBACK SIMPLES ................................................................................................... 58 FIGURA 21 - PAYBACK DESCONTADO .......................................................................................... 58 LISTA DE TABELAS TABELA 1 - VALORES ANUAIS DO IGP-M ................................................................................... 22 TABELA 2 - PREMISSAS PARA A COMPRA DE UM IMÓVEL ........................................................... 23 TABELA 3 - PREMISSAS PARA O ALUGUEL DE UM IMÓVEL .......................................................... 23 TABELA 4 - COMPARAÇÃO VENDA X ALUGUEL ......................................................................... 24 TABELA 5 - TIPOLOGIAS .............................................................................................................. 40 TABELA 6 - CÁLCULO DO VALOR DO ALUGUEL ......................................................................... 44 TABELA 7 - VELOCIDADE DE LOCAÇÃO ...................................................................................... 45 TABELA 8 - PREMISSAS DE MERCADO......................................................................................... 46 TABELA 9 - SIMULAÇÃO DO VALOR DE PERMUTA ...................................................................... 47 TABELA 10 - ORÇAMENTO DE INCORPORAÇÃO........................................................................... 48 TABELA 11 - ORÇAMENTO DO CUSTO DE OBRA ......................................................................... 49 TABELA 12 - DESPESAS TOTAIS DE OBRA ................................................................................... 49 TABELA 13 - DESPESAS COM ASSISTÊNCIA TÉCNICA ................................................................. 50 TABELA 14 - ORÇAMENTO DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE ........................................... 50 TABELA 15 - ORÇAMENTO DE GASTOS COM LOCAÇÃO .............................................................. 51 TABELA 16 - ORÇAMENTO DE ENXOVAL .................................................................................... 51 TABELA 17 - ORÇAMENTO DE MANUTENÇÃO ............................................................................. 51 TABELA 18 - IMPOSTOS ............................................................................................................... 52 TABELA 19 – RESUMO DE GASTOS .............................................................................................. 53 TABELA 20 - LUCRO E MARGEM NOMINAIS ................................................................................ 54 TABELA 21 - LUCRO E MARGEM A VALOR PRESENTE ................................................................ 55 TABELA 22 - CÁLCULO DA TIR ................................................................................................... 56 TABELA 23 - EXPOSIÇÃO MÁXIMA DE CAIXA ............................................................................. 57 TABELA 24 - PAYBACK SIMPLES E DESCONTADO ........................................................................ 58 TABELA 25 - SIMULAÇÃO DO FLUXO DE PAGAMENTO NA COMPRA DE UM IMÓVEL USANDO TABELA PRICE ................................................................................................................... 64 TABELA 26 - SIMULAÇÃO DO FLUXO DE PAGAMENTO NA COMPRA DE UM IMÓVEL USANDO TABELA SAC ...................................................................................................................... 73 TABELA 27 - SIMULAÇÃO DO RENDIMENTO DO ALUGUEL USANDO TABELA PRICE .................. 82 TABELA 28 - SIMULAÇÃO DO RENDIMENTO DO ALUGUEL USANDO TABELA SAC ..................... 90 TABELA 29 - VARIAÇÃO DO VALOR DO ALUGUEL (SEM PERMUTA) .......................................... 98 TABELA 30 - VARIAÇÃO DO VALOR DO ALUGUEL (COM PERMUTA) ......................................... 99 TABELA 31 - FLUXO DE CAIXA CONSOLIDADO (SEM PERMUTA) ............................................. 100 TABELA 32 - FLUXO DE CAIXA CONSOLIDADO (COM PERMUTA)............................................. 109 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABECIP – Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ADEMI – Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário ATE – Área Total Edificável BID – Banco de Compensações Internacionais COFINS – Contribuição para Financiamento da Seguridade Social CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CUB – Custo Unitário Básico FGV – Fundação Getúlio Vargas FMI – Fundo Monetário Internacional IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDH – Índice de Desenvolvimento Humano IAT – Índice de Aproveitamento do Terreno IGP-M – Índice Geral de Preços de Mercado IPTU – Imposto Territorial Urbano IRPJ – Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ITBI – Imposto de Transmissão de Bens Imobiliários PIS/PASEP – Programa de Integração Social e de Formação do Patrimômio do Servidor Público PNAD Contínua – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua PUC – Pavimento de Uso Comum SAC – Sistema de Amortização Constante TIR – Taxa Interna de Retorno TMA – Taxa Mínima de Atratividade VAUE – Valor Anual Uniforme Equivalente VGV – Valor Geral de Vendas VPL – Valor Presente Líquido SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14 APRESENTAÇÃO E JUSTIFICATIVA DO TEMA ........................................ 14 OBJETIVO ......................................................................................................... 17 METODOLOGIA ............................................................................................... 18 2 CARACTERIZAÇÃO DA LOCAÇÃO DE IMÓVEIS ......................................... 20 EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO ............................................................. 20 LOCAÇÃO IMOBILIÁRIA............................................................................... 21 COMPARAÇÃO: LOCAÇÃO X COMPRA ..................................................... 21 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 25 VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA ............................................... 25 FLUXO DE CAIXA ........................................................................................... 28 MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS ......................................... 29 3.3.1 TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE (TMA) ........................................... 29 3.3.2 MÉTODO DO VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) ................................ 30 3.3.3 MÉTODO DA TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) ............................. 30 3.3.4 TEMPO DE RECUPERAÇÃO DO CAPITAL (Payback) ............................ 31 3.3.5 EXPOSIÇÃO MÁXIMA DE CAIXA (Cash Out) ......................................... 32 3.3.6 MARGEM DE LUCRO ................................................................................. 33 4 ESTUDO DE CASO .............................................................................................. 34 PESQUISA DE MERCADO .............................................................................. 34 4.1.1 TIPO DO IMÓVEL ........................................................................................34 4.1.2 PÚBLICO ALVO ........................................................................................... 35 4.1.3 MERCADO E ESTUDO DE DEMANDA .................................................... 35 ESCOLHA DO TERRENO................................................................................ 35 4.2.1 LOCALIZAÇÃO DO TERRENO ................................................................. 36 4.2.2 CARACTERÍSTICAS DO TERRENO ......................................................... 38 4.2.3 LEGISLAÇÃO ............................................................................................... 39 ESTUDO DE MASSA ....................................................................................... 40 CONCORRÊNCIA ............................................................................................. 43 PRECIFICAÇÃO E VELOCIDADE DE LOCAÇÃO ...................................... 44 4.5.1 PRECIFICAÇÃO ........................................................................................... 44 4.5.2 VELOCIDADE DE LOCAÇÃO .................................................................... 45 ORÇAMENTOS ................................................................................................. 46 4.6.1 TERRENO ...................................................................................................... 47 4.6.2 DESPESAS DE INCORPORAÇÃO .............................................................. 47 4.6.3 DESPESAS DE OBRA .................................................................................. 48 4.6.4 ASSISTÊNCIA TÉCNICA ............................................................................ 50 4.6.5 RELACIONAMENTO COM O CLIENTE ................................................... 50 4.6.6 DESPESAS DE LOCAÇÃO .......................................................................... 50 4.6.7 ENXOVAL ..................................................................................................... 51 4.6.8 MANUTENÇÃO PERIÓDICA ..................................................................... 51 4.6.9 IMPOSTOS .................................................................................................... 52 FLUXO DE CAIXA ........................................................................................... 52 INDICADORES DE RESULTADOS ................................................................ 53 4.8.1 LUCRO E MARGEM NOMINAL ................................................................ 53 4.8.2 LUCRO E MARGEM À VALOR PRESENTE ............................................. 54 4.8.3 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) ...................................................... 55 4.8.4 EXPOSIÇÃO MÁXIMA DE CAIXA ............................................................ 56 4.8.5 PAYBACK ....................................................................................................... 57 RESULTADOS .................................................................................................. 59 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 62 APÊNDICE A – SIMULAÇÃO DO FLUXO DE PAGAMENTO NA COMPRA DE UM IMÓVEL USANDO TABELA PRICE .................................................................. 64 APÊNDICE B – SIMULAÇÃO DO FLUXO DE PAGAMENTO NA COMPRA DE UM IMÓVEL USANDO TABELA SAC ...................................................................... 73 APÊNDICE C – SIMULAÇÃO DO RENDIMENTO DO ALUGUEL USANDO TABELA PRICE ............................................................................................................ 82 APÊNDICE D – SIMULAÇÃO DO RENDIMENTO DO ALUGUEL USANDO TABELA SAC ................................................................................................................ 90 APÊNDICE E – VARIAÇÃO DO VALOR DO ALUGUEL (SEM PERMUTA) ........ 98 APÊNDICE F – VARIAÇÃO DO VALOR DO ALUGUEL (COM PERMUTA) ....... 99 APÊNDICE G – FLUXO DE CAIXA CONSOLIDADO (SEM PERMUTA) ........... 100 APÊNDICE H – FLUXO DE CAIXA CONSOLIDADO (COM PERMUTA) .......... 109 14 1 INTRODUÇÃO APRESENTAÇÃO E JUSTIFICATIVA DO TEMA O mercado imobiliário brasileiro passou, entre 2008 e 2018, por duas fases bastante diferentes. Em 2008 o Brasil apresentou um grande crescimento econômico e vivenciou o auge da sua prosperidade. O Brasil chegou a atingir a sexta posição na classificação das maiores economias do mundo em 2011, de acordo com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI, 2012). Entre 2008 e 2011 o país apresentava baixo desemprego, aumento de renda e baixa inadimplência, o que fez com que a valorização do mercado imobiliário anual ficasse acima dos 20%, segundo levantamento feito pelo Banco de Compensações Internacionais (BID). A valorização imobiliária veio acompanhada da expansão do crédito para aquisição de imóveis e a alta demanda resultou na valorização dos preços dos imóveis, criando um cenário muito favorável para o setor imobiliário. A economia se manteve em crescimento e a liberação de crédito imobiliário continuou em expansão e, em 2012, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (ABECIP), houve um aumento nos financiamentos imobiliários, resultando em alta de 3,6% em relação a 2011. Em 2013 os financiamentos atingiram R$109,2 bilhões, 32% a mais do que 2012, batendo recorde brasileiro. (ABECIP, 2019) “Porém, a partir de 2013, a economia começou a dar sinais de desaquecimento e começou um novo cenário com uma curva descendente, principalmente em 2015” (BARROS, 2016). Em 2014, com as obras de infraestrutura para a Copa do Mundo no Brasil, ocorreu a valorização de muitos bairros onde as melhorias foram realizadas. Porém, já se observava a supervalorização dos preços dos imóveis e a desaceleração na construção de novos empreendimentos. Esse ano se encerrou em estabilidade, com aumento de 1,6% em relação a 2013. Em 2015 a economia nacional começou a ter sinais de enfraquecimento, o que agravou a situação do mercado imobiliário brasileiro. Nesse período, os juros estavam altos e o crédito mais escasso, o que fez com que o setor imobiliário desacelerasse. O resultado final foi que, em 2015, o preço dos imóveis no Brasil teve queda real. A valorização de 1,32% não superou a inflação registrada no ano. Em 2019, as consequências da crise econômica iniciada em 2013 ainda são sentidas. O mercado imobiliário ainda não se recuperou completamente e, somado a isso, o perfil do 15 consumidor da “geração Y” não é mais o mesmo das gerações anteriores. “Geração Y”, também chamada de millenial, é um conceito da Sociologia que se refere ao grupo de pessoas nascidas no início da década de 1980 até o começo dos anos 2000. Essa geração se desenvolveu em uma época de grandes avanços tecnológicos, vivendo em ambientes altamente urbanizados e presenciaram o surgimento de uma das maiores revoluções na história da humanidade: a Internet. Toda essa conjuntura é responsável pela mudança no perfil dessa geração em relação às anteriores. Os jovens estão saindo de casa cada vez mais tarde. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um a cada quatro jovens de 25 a 34 anos ainda reside com seus pais ou familiares (IBGE, 2016). Eles entendem que sair de casa significa arcar com todos os custos com a moradia. Mesmo para aqueles que têm independência financeira, é mais vantajoso juntar dinheiro para poder tomar uma decisão mais tranquila no futuro. Isso tem uma grande influência no mercado imobiliário, já que as gerações anteriores já se planejavam para comprar seu primeiro imóvel por volta dos 20 anos, enquanto os jovens da “geração Y” buscam investir em educação e experiências de vida.Esse fato faz com que o mercado consumidor do setor imobiliário seja reduzido. Somado a isso, a probabilidade de um millenial alugar um imóvel é muito maior do que a de comprar. Pesquisa da agência Today, agência de transformação digital, mostra que 80% dos millennials preferem morar em um imóvel alugado. A avaliação aponta que 41% dos nascidos entre 1980 e 1995 podem deixar o trabalho em que estão após dois anos, o que tende a levá-los a mudar também o local onde moram. A busca pela flexibilidade e até mesmo a falta de recursos financeiros são fatores decisivos na hora da decisão da busca por um imóvel. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) realizada pelo IBGE apresenta as condições de ocupação dos domicílios no Brasil e, ao comparar as pesquisas de 2016 até 2018, pode-se verificar a evolução das condições de ocupação dos domicílios no país. As condições estão divididas entre imóveis próprios quitados, imóveis próprios ainda sendo pagos, imóveis alugados e imóveis cedidos (cedidos por empregador, instituição ou pessoa não moradora). Na figura 1 é possível analisar as condições dos domicílios em percentual ao longo dos anos de 2016 até 2018, enquanto a figura 2 mostra os valores absolutos nos mesmos anos. A pesquisa estimou a existência de 71,0 milhões de domicílios no Brasil em 2018, representando um aumento de 1,5 milhão ou 2,2% de unidades domiciliares no país em relação ao ano anterior, 2017, quando foram estimados 69,5 milhões de domicílios. Segundo a PNAD 16 Contínua, de 2016 a 2018, o Brasil teve um aumento no percentual de moradias alugadas em relação ao total de unidades domiciliares. (IBGE, 2018) As figuras 1 e 2 mostram que, no Brasil, em 2018, os domicílios próprios totalmente quitados representavam 66,7% (47,4 milhões), enquanto 5,9% (4,2 milhões) eram próprios de algum morador, mas ainda estavam sendo pagos. Os domicílios alugados correspondiam a 18,1% do total (12,9 milhões) e os cedidos representavam 9,1% (6,4 milhões). Em relação a 2017, houve expansão de 5,3% (649 mil) de domicílios alugados, sinalizando uma tendência de aluguel para os próximos anos. Frente a 2016, a participação dos domicílios próprios de algum morador que já haviam sido pagos caiu e a proporção de unidades alugadas teve expansão. Além disso, pode-se observar que o percentual de imóveis alugados é maior que o de casa própria ainda sendo paga, sinalizando que o mercado de locação tem grande relevância no contexto brasileiro. Figura 1 - Condição de ocupação do domicílio (%) (Adaptado de PNAD Contínua, IBGE, 2018) Figura 2 - Condição de ocupação do domicílio (Milhões de unidades) (Adaptado de PNAD Contínua, IBGE, 2018) 68,2% 5,9% 17,5% 8,2% 67,9% 5,6% 17,6% 8,7% 66,7% 5,9% 18,1% 9,1% Casa própria quitada Casa própria, ainda pagando Aluguel Cedido 2016 2017 2018 47,2 4,1 12,1 5,7 47,4 3,9 12,3 6,1 47,4 4,2 12,9 6,4 Casa própria quitada Casa própria, ainda pagando Aluguel Cedido 2016 2017 2018 17 Olhando pela perspectiva mundial, de acordo com relatório do Furman Center da Universidade de Nova York e do Capital One Financial, os inquilinos representavam mais de metade da população em nove das onze maiores áreas metropolitanas dos Estados Unidos, uma enorme mudança em relação a 2006, quando os inquilinos eram a maioria em apenas cinco das onze cidades (ELLEN & KARFUNKEL, 2016). Ao analisar o mercado europeu, segundo dados da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (ADEMI), na Alemanha, metade da população já não vive mais em casas próprias, movimento que teve início com o fim da Segunda Guerra Mundial. De acordo com as estatísticas da Eurostat (2016), em 2016 mais de 30% da população europeia morava de aluguel, na Suíça esse número chegou a 57,5%. A tendência mundial é que cada vez mais pessoas passem a morar de aluguel, impactando diretamente o mercado imobiliário. Considerando os fatos apresentados, percebe-se que o modo de consumir da população está se modificando. Por esse motivo, é de extrema importância que as empresas do setor imobiliário repensem seu modelo de negócio para que não percam espaço no mercado. Faz-se necessário, portanto, o estudo de viabilidade econômico-financeira de um empreendimento com foco na locação. O presente trabalho irá apresentar uma análise para verificar se a construção de um empreendimento para a locação é uma solução financeira e economicamente viável. Uma análise de viabilidade deve ser criteriosa, o empreendedor deve tomar a decisão da melhor forma de investir baseando-se em dados econômicos e financeiros que os projetos apresentam, bem como atender o mercado onde se pretende empreender. OBJETIVO O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise de viabilidade econômico- financeira da construção de um empreendimento imobiliário para locação. Para isso, é importante entender os pontos prós e contras da locação do ponto de vista do cliente, além de levantar os diferenciais da locação frente a compra de um imóvel. Diante do ponto de vista do cliente, no âmbito financeiro, qual seria a melhor opção na hora de escolher um imóvel? Para responder essa questão, será feita uma comparação entre a compra e o aluguel de um imóvel. Pela perspectiva do empreendedor, por outro lado, deve-se analisar se o projeto é viável. A construção para locação é lucrativa? Quais são as premissas a serem utilizadas para o desenvolvimento do projeto? Para a realização da viabilidade serão definidos a localização da construção, o perfil do cliente alvo e os fluxos de caixa nominal e descontado do projeto. A viabilidade será feita 18 considerando um período de tempo de 30 anos, levando em consideração a depreciação do imóvel durante o período, o custo com manutenção e os reajustes do valor da locação. A partir da viabilidade, serão obtidos indicadores de rentabilidade, que serão utilizados para a análise de atratividade do modelo. METODOLOGIA A metodologia utilizada para a realização deste presente trabalho está dividida em etapas ilustradas na figura 3. Inicialmente foi feita uma pesquisa bibliográfica em relação aos temas de mudança no perfil do consumidor no mercado imobiliário. Em seguida, ainda por meio de pesquisa bibliográfica, foram abordados temas relacionados ao mercado imobiliário e à locação de imóveis, a fim de caracterizar o mercado atual e identificar possíveis mudanças no comportamento de consumo. Posteriormente, foi feita uma revisão bibliográfica com foco em análise de investimentos, para definir os métodos a serem utilizados no presente trabalho. Para a realização da análise de viabilidade é necessária a realização de uma pesquisa de mercado, a fim de definir o tipo de imóvel a ser construído e o público alvo. Com base na pesquisa de mercado, deve-se escolher um terreno que atenda às demandas do seu público. Em seguida, com base na pesquisa de mercado e na legislação da região do terreno escolhido, deve- se realizar um estudo de massa com o objetivo de definir as características do empreendimento e fazer uma análise da concorrência do entorno. Com o projeto definido e com a concorrência conhecida, é preciso definir o valor do aluguel a ser praticado, o valor gasto com o terreno, as despesas com incorporação, propaganda, obra, assistência técnica, relacionamento com o cliente, comissão, enxoval, manutenção e impostos e seus respectivos fluxos de desembolso. Com os orçamentos e os fluxos de desembolso definidos, é possível montar o fluxo de caixa do projeto para que sejam feitas as análises de rentabilidade. Para a realização da análise de rentabilidade serão considerados como métodos de análise de investimento o Método do Valor Presente Líquido (VPL), o Método da Taxa Interna de Retorno (TIR), a Exposição Máxima de Caixa, Margem de Lucro e Payback. Esses estarão definidos na seção 3.3 do presentetrabalho. Por fim, para exemplificar e testar o modelo de negócio, foi feito um estudo de caso a partir da análise de viabilidade econômico-financeira de um empreendimento construído para locação para verificar a atratividade do modelo. O estudo de caso foi analisado utilizando os indicadores acima mencionados. 19 Figura 3 - Metodologia 20 2 CARACTERIZAÇÃO DA LOCAÇÃO DE IMÓVEIS EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO Segundo Limmer (2010), um projeto pode ser definido como um empreendimento singular ou como um conjunto de realizações físicas, desde as concepções iniciais de uma ideia, até a sua concretização. Desta forma, um empreendimento é definido como um conjunto de atividades que conduzem a um objetivo predeterminado, atendendo às condições de prazo, custo, qualidade e risco. Um empreendimento é composto por quatro estágios básicos: concepção, planejamento, execução e finalização. A concepção começa com a identificação da necessidade da implantação do projeto, seguindo para a etapa de viabilidade técnica e econômica e, finalmente, a definição da alternativa a ser implementada. Na fase do planejamento deve ser desenvolvido um plano de projeto que servirá como diretriz para a implementação. A execução está relacionada com a parte de operação, contemplando a determinação de uma estrutura organizacional para o gerenciamento e implantação do projeto, a aquisição de recursos de materiais e de mão-de-obra, a materialização do projeto, a garantia da qualidade e retroalimentações para modificações no projeto. A finalização tem como objetivo colocar em operação a obra construída. (LIMMER, 2010) De acordo com a NBR 14.653-4: Avaliação de bens - Parte 4: Empreendimentos (ABNT, 2002), a classificação dos empreendimentos pode ser feita conforme o estágio ou conforme a base. Os empreendimentos classificados conforme o estágio são subdivididos em: concepção ou anteprojeto, projeto, implantação ou execução, pré-operação, operação, paralisado ou embargado, desativado e desmonte. Já os conforme a base são classificados em: imobiliários (ou com parcelamento do solo e/ou com benfeitorias), de base imobiliária (com fins de exploração comercial e/ou serviços), de base industrial, de base rural, de base comercial e serviços, de base mineral, e com base em concessões de serviços públicos. O empreendimento imobiliário é definido como empreendimento em imóvel destinado ao parcelamento do solo ou construção de benfeitorias, com o objetivo de venda das unidades geradas. Já o empreendimento de base imobiliária é um empreendimento em imóvel destinado à exploração de comércio ou serviços. (ABNT, 2002) 21 LOCAÇÃO IMOBILIÁRIA Locação é um negócio jurídico onde uma das partes cede à outra o usufruto de um bem de sua propriedade em troca de um pagamento. A locação de imóveis é regida pela Lei 8.245, de 18 de outubro de 1991, alterada pela Lei 12.112, de 9 de dezembro de 2009. O locador é aquele que cede o bem mediante pagamento do locatário para que este o utilize conforme as finalidades do bem. Conforme disposto na Lei 8.245, como forma de garantia do recebimento do valor do aluguel, o locador pode exigir do locatário, no contrato de locação, algumas modalidades de garantias: caução, fiança, seguro de fiança locatícia ou cessão fiduciária de quotas de fundo de investimento. Salvo disposição contratual em contrário, qualquer das garantias da locação se estende até a efetiva devolução do imóvel, ainda que prorrogada a locação por prazo indeterminado. (Brasil, 1991) O reajuste do valor do aluguel é feito anualmente de acordo com o índice previsto no contrato. A Lei 8.245 não permite que o reajuste seja calculado com base na variação cambial ou do salário mínimo. O índice normalmente praticado pelo mercado é o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M). A revisão, diferentemente do reajuste, visa adequar o valor do aluguel pago ao valor de mercado. Em razão da revisão, o valor do aluguel pode ser aumentado ou reduzido. De acordo com a legislação, no caso de venda, promessa de venda, cessão ou promessa de cessão de direitos ou dação em pagamento, o locatário tem preferência para adquirir o imóvel locado, em igualdade de condições com terceiros, devendo o locador dar-lhe conhecimento do negócio mediante notificação judicial, extrajudicial ou outro meio de ciência inequívoca. (Brasil, 1991) COMPARAÇÃO: LOCAÇÃO X COMPRA Analisando os dados de estudo, é possível perceber que o comportamento de consumo das novas gerações está mudando, apontando para uma tendência de locação de imóveis. Por outro lado, muitos ainda acreditam que financeiramente é mais vantajoso comprar um imóvel do que alugar. Para demonstrar que essa suposição não é verdadeira, foi feita uma simulação comparando a compra e a locação de um mesmo imóvel. Em primeiro lugar, é necessário entender como funciona a compra de um imóvel. Para realizar essa transação, é preciso ter em média 20% do valor do imóvel para pagar de entrada, 22 pois os bancos, normalmente, financiam apenas 80% do valor do imóvel. Em seguida, vale lembrar que o financiamento é feito mediante juros. No mercado, em média, o Custo Efetivo Total (CET) praticado pelos bancos chega a até 12% ao ano. O valor financiado é pago em um prazo longo, de até 30 anos. O cálculo das parcelas mensais de financiamento pode ser feito considerando Tabela PRICE ou Tabela SAC. Tanto na Tabela PRICE quanto na Tabela SAC as prestações são compostas de amortização e juros. A amortização é o que de fato reduz seu saldo devedor, enquanto os juros são calculados com base no saldo devedor remanescente. A diferença entre a Tabela PRICE e a Tabela SAC é que na PRICE as prestações são constantes, ou seja, os valores de amortização e de juros variam mês a mês a fim de se obter uma parcela constante. Já na Tabela SAC as amortizações são constantes e os juros variam conforme seu saldo devedor, resultando em parcelas mensais variáveis e decrescentes. Considerando a locação de um imóvel, para encontrar o valor ideal do aluguel de uma unidade podemos usar a rentabilidade média de locação (rental yield) praticado pelo mercado. De acordo com índices do Fipe-Zap (2019), observou-se que em 2019 o rental yield médio era 0,39% do valor de venda do imóvel. Para o reajuste e revisão dos valores do aluguel, pode-se considerar uma previsão do IGP-M para os próximos anos e a depreciação de imóveis. Considerando os valores dos últimos anos do IGP-M publicados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), explicitados na tabela 1, foi calculada a média do valor do IGP-M dos últimos 10 anos, de 2010 a 2019, resultando em 6,55%. Além do reajuste do valor com base no IGP-M, é preciso considerar a redução do aluguel considerando a depreciação por desgaste e obsolescência do imóvel. Para imóveis, as legislações tributária e societária definem depreciação de 4% ao ano. Com isso, o imóvel desvaloriza 4% todo ano do ponto de vista fiscal e tributário. Isso não representa, necessariamente, a depreciação do valor de mercado, entretanto será utilizado como base de cálculo. Tabela 1 - Valores Anuais do IGP-M (FGV, 2019) Ano IGP-M 2019 7,32% 2018 7,55% 2017 -0,53% 2016 7,19% 2015 10,54% 2014 3,67% 2013 5,53% 2012 7,81% 2011 5,10% 2010 11,32% 23 Para efeito de cálculo, foi considerado um imóvel no valor de R$500.000,00. Para a compra foi considerado um sinal de 20% do valor do imóvel, totalizando R$100.000,00. A taxa de financiamento utilizada foi de 11% ao ano com um prazo de pagamento de 30 anos, máximo praticado pelos bancos. O valor da prestação, considerando Tabela PRICE, é de R$3.653,43, considerando a Tabela SAC, o valor médio da prestação é de R$2.862,88. Os respectivos fluxos de pagamento estão explicitados nos Apêndices A e B. Para o cálculo da rentabilidade da locação, foi considerando um yield de 0,39% do valor do imóvel,valor praticado no mercado, dessa forma o aluguel seria de R$1.950,00 no primeiro ano. Com base no IGP-M médio de 2010 até 2019, foi considerado um reajuste de 6,5% ao ano, com uma depreciação de 4% ao ano. Os valores encontrados estão demonstrados nas tabelas 2 e 3. Tabela 2 - Premissas para a compra de um imóvel Premissas – Venda Valor do Imóvel 500.000 Percentual de Entrada 20% Entrada 100.000 Valor a ser financiado 400.000 Taxa de juros do financiamento (a.a.) 11% Prazo de pagamento (anos) 30 Valor da Prestação (Tabela PRICE) 3.653,43 Valor da Prestação (Tabela SAC) - Média 2.862,88 Tabela 3 - Premissas para o aluguel de um imóvel Premissas – Aluguel Valor do Aluguel 1.950,00 Valor Aluguel/Valor imóvel 0,39% Reajuste Aluguel (a cada ano) 6,50% Depreciação (a cada ano) 4,00% Para a comparação entre a compra e o aluguel, foi considerado que o valor de entrada e a diferença entre as prestações para a compra do imóvel e o valor do aluguel seriam investidos, rendendo a 0,50% ao mês. Ao final dos 30 anos, o valor total investido estaria totalizando R$1.771.208,23, caso o sistema considerado no financiamento fosse Tabela PRICE e R$1.476.006,26, caso fosse Tabela SAC. Os respectivos fluxos de rendimento estão explicitados nos Apêndices C e D. Considerando que após os 30 anos o valor do imóvel valorize na mesma proporção que o valor do aluguel, teremos que o valor estimado do imóvel será de R$950.548,73. Os valores encontrados estão demonstrados na tabela 4. 24 A partir dos valores encontrados, considerando a situação em que uma pessoa tenha o valor necessário para pagar a entrada do imóvel e que tenha condições de pagar as prestações do financiamento, caso ela opte por alugar o mesmo imóvel, investindo o valor da entrada e a diferença entre a prestação do financiamento e o valor do aluguel, ao final dos 30 anos – prazo do financiamento – ela terá um valor investido superior ao valor do imóvel, como demonstrado na tabela 4. Além disso, podemos ainda salientar que o valor investido apresenta uma liquidez muito maior que o valor do imóvel, visto que o valor aplicado pode ser retirado a qualquer momento, enquanto o valor do imóvel está imobilizado, é necessário vender o imóvel para que se tenha o dinheiro líquido. Com os resultados obtidos, pode-se observar que a locação se mostra financeiramente mais viável que a compra de um imóvel no ponto de vista do cliente. Tabela 4 - Comparação Venda X Aluguel Comparação Venda X Aluguel Rendimento 0,50% Diferença entre prestação e valor aluguel (PRICE) 1.703,43 Diferença + Entrada rendendo a 0,5% a.m. (PRICE) 1.771.208 Diferença entre prestação e valor aluguel (SAC) 912,88 Diferença + Entrada rendendo a 0,5% a.m. (SAC) 1.476.006 Valor estimado após 30 anos 950.549 25 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA Segundo Hirschfeld (1989), “estudo de viabilidade de um empreendimento é o exame de um projeto a ser executado a fim de verificar sua justificativa, tomando em consideração os aspectos jurídicos, administrativos, comerciais, técnicos e financeiros.” Avaliar um projeto sob o ponto de vista financeiro consiste em analisar apenas a rentabilidade do projeto, de forma a maximizar o lucro. A análise econômica leva em consideração a conjuntura econômica, a demanda de mercado e restrições orçamentárias. Dessa forma, a viabilidade econômico-financeira leva em consideração tanto a questão da rentabilidade quanto a econômica. A viabilidade de um empreendimento é um estudo econômico detalhado que pode ser feito de maneira estática, ou seja, sem levar em conta o valor do dinheiro no tempo ou de maneira dinâmica, em que se considera não somente os valores, mas também seu fluxo no tempo. O estudo de viabilidade do empreendimento consiste em, a partir das informações coletadas sobre o terreno nas etapas anteriores do processo de incorporação, simular o empreendimento que poderia ser concebido e os resultados que se obteriam diante das variáveis do mercado imobiliário e financeiro – demanda, custos financeiros, disponibilidade de recursos financeiros, concorrência, etc. – e diante das variáveis do setor da construção, projetando os indicadores de resultado financeiro e econômico do empreendimento. (DE SOUZA, 2004) Balarine (1997) sugere um modelo para a realização de viabilidade prévia de empreendimentos que associa diversos estágios do projeto aos tempos a decorrer, demonstrado na figura 4. A figura apresenta as etapas que devem ser consideradas na realização da viabilidade de um empreendimento imobiliário. A viabilidade deve começar com um estudo prévio do projeto. Com a finalização do estudo e aprovação da viabilidade inicial, é realizada a aquisição do terreno. Em seguida, os projetos começam a serem elaborados. Com o término das aprovações dos projetos, começa o período de pré-construção, quando é feito o registro de incorporação. Logo em seguida dá-se início à construção e às vendas das unidades na planta até o fim da obra, quando as unidades, agora em estoque, serão comercializadas. Com o fim da 26 obra, o empreendimento começa a ser ocupado e, durante todo o projeto, é feita a administração do empreendimento. Figura 4 - Modelo para Estudos de Viabilidade de Empreendimentos Imobiliários (BALARINE, 1997) É possível analisar o fluxo de caixa do modelo de viabilidade considerando a venda dos imóveis através da composição do Diagrama do Fluxo de Caixa (LIMA JR, 1993), exposto na figura 5. Figura 5 - Diagrama do Fluxo de Caixa (LIMA JR, 1993) A figura mostra as entradas e saídas de capital em um investimento ao longo do tempo. É possível observar que as receitas já começam a aparecer mesmo antes do fim da construção do empreendimento, pois é muito comum a venda de unidades na planta. Isso é vantajoso para o empreendedor, já que consegue construir utilizando a receita das vendas já realizadas, reduzindo a sua exposição de caixa. 27 Já para empreendimentos cuja receita é derivada da exploração do uso do edifício, como é o caso da locação de imóveis, o fluxo de caixa tem estrutura como mostrada na figura 6. Figura 6: Diagrama do Fluxo de Caixa (LIMA JR, 1993) Como exposto na figura, no caso de empreendimentos para locação, as receitas só começam a surgir após a conclusão da obra, pois é quando de fato já se pode utilizar o empreendimento. Dessa forma, se tem uma grande exposição de caixa, aumentando o risco do investimento, fazendo com que muitos investidores evitem esse tipo de projeto, sem considerar o retorno grande que o investimento poderá apresentar. Risco é uma probabilidade de obter efeitos insatisfatórios mediante a decisão. As decisões devem ser tomadas a partir de meios técnicos adequados, de forma a auxiliar a visualização das alternativas econômicas, consequentemente a tomada de decisões, isentas em grande parte, de fatores pessoais (HIRSCHFELD, 1989). Goldman (2004) descreve: Nos dias de hoje, o cálculo financeiro e o planejamento total de um empreendimento, antes mesmo de seu início efetivo, assumiram a mesma importância de um cálculo estrutural, uma vez que as margens de negócio atingiram um patamar menor que no passado. Hoje, o erro é a linha divisória entre sucesso e fracasso, lucro e prejuízo. 28 Conforme Lima Junior (1998), a decisão de investir estará presa a uma certa configuração de risco, em virtude de que há incerteza de que o comportamento e desempenho possam ocorrer dentro da hipótese estabelecida, no cenário referencial. FLUXO DE CAIXA De acordo com Ross, Westerfield & Jordan (2013), fluxo de caixa é a diferença entre a quantidade de dinheiro que entra e a quantidade de dinheiro que sai. Porém, os administradores financeiros não devem se preocupar apenas com a quantidade de dinheiro que esperam receber, mas também com quandoe qual a probabilidade de recebê-lo. Sempre que avaliamos uma decisão de negócios, o tamanho, o tempo e o risco dos fluxos de caixa são, sem dúvida, as coisas mais importantes a serem consideradas. Segundo a NBR 14.653-4 (ABNT, 2002), “fluxo de caixa é a série de receitas, custos e despesas de um empreendimento ao longo de um determinado período.” A construção do fluxo de caixa de um projeto de investimento deve ser realizada para que o projeto possa ser analisado com vistas a tomada de decisão sobre a implantação ou não. O fluxo de caixa é implantado mediante estimação dos valores de entradas e saídas de recursos financeiros. (SOUZA, 2003). O fluxo de caixa consiste no cálculo do saldo entre despesas e receitas, segundo um certo período de tempo. Na forma simplificada, o saldo não tem a consideração das diferenças decorrentes da difusão das despesas e receitas no tempo, que são consideradas no fluxo de caixa descontado (GONZÁLEZ, 2003). O fluxo de caixa descontado é feito através da comparação entre receitas e despesas através de fluxos com valores descontados, convertidos para o início (valor presente líquido) ou para o fim do empreendimento (valor final líquido), sendo então conhecido como “fluxo de caixa descontado”, levando em conta os momentos e o padrão das receitas e despesas e criando uma base comum de comparação entre alternativas de empreendimento. Assim, cada um dos valores é ponderado pela taxa de desconto, de acordo com o momento em que está previsto para ocorrer (COSTA E ATTIE, 1990). Assim, entende-se a projeção de fluxo de caixa como sendo um instrumento para auxiliar na análise de projetos, pois planifica e dá forma às expectativas do novo negócio a ser implantado. 29 MÉTODOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS Casarotto Filho e Kopittke (2008) sugerem como métodos de análise os seguintes indicadores: Método do Valor Anual Uniforme Equivalente (VAUE), Método do Valor Presente Líquido (VPL), Método da Taxa Interna de Retorno (TIR) e Tempo de Recuperação do Capital (Payback). Segundo NBR 14.653-4 (ABNT, 2002), “o resultado final das análises de viabilidade econômica pode ser expresso sob a forma de taxas internas de retorno, valor presente líquido, custo anual, períodos de recuperação (payback) e índices de lucratividade”. De acordo com Lima Junior (1993), os indicadores que refletem a qualidade dos investimentos financeiros relacionados com o retorno, é o que levarão o empreendedor a se orientar sobre investir ou não no empreendimento. Neste trabalho, serão considerados como métodos de análise de investimento o Método do Valor Presente Líquido (VPL), o Método da Taxa Interna de Retorno (TIR), a Exposição Máxima de Caixa, Margem de Lucro e Payback. 3.3.1 TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE (TMA) Ao se analisar uma proposta de investimento, deve-se considerar o risco que o investidor corre ao deixar de investir o mesmo capital em outros projetos. Para uma proposta ser atrativa, ela deve render, no mínimo, a taxa de juros equivalente à rentabilidade das aplicações correntes e de pouco risco. Segundo Casarotto Filho e Kopittke (2008) esta é, portanto, a taxa mínima de atratividade (TMA). A NBR 14.653-4 (ABNT, 2002) refere-se à taxa mínima de atratividade como sendo a taxa de desconto do fluxo de caixa, compatível com a natureza e características do empreendimento, bem como com a expectativa mínima de emulação do empreendedor, em face de suas carteiras de ativos. Conforme Casarotto Filho e Kopittke (2008) para pessoas físicas, no Brasil, é comum a taxa mínima de atratividade ser igual à rentabilidade da caderneta de poupança. Para empresas, o parâmetro é relativo ao seu grau de penetração no mercado e maturidade. 30 3.3.2 MÉTODO DO VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) Segundo Hirschfeld (1989), o método do valor presente líquido, tem como finalidade determinar um valor no instante considerado inicial, a partir de um fluxo de caixa formado de uma série de receitas e dispêndios. Ross, Westerfield & Jordan (2013) definem que o valor presente líquido (VPL) demonstra ao investidor qual o valor monetário de determinado investimento para a empresa hoje. O método consiste em descontar todos os fluxos de caixa para o instante zero por uma taxa e somar o valor do investimento inicial. Estes fluxos são, normalmente, descontados pela TMA imposta pela empresa. A equação 1 apresenta como é feito o cálculo do VPL. 𝑉𝑃𝐿 = ∑ 𝐹𝐶𝑡 (1 + 𝑖)𝑛 𝑛=𝑁 𝑛=0 (Eq. 1) Sendo: VPL: Valor presente líquido FCt: Valores do fluxo de caixa no momento t i: taxa, concebe o que a empresa espera do investimento, ou seja, a taxa mínima de atratividade do investimento n: período de tempo Assim, o VPL é um indicador que expõe se as projeções de entradas líquidas de caixa fornecerão retorno positivo sobre a taxa mínima de atratividade, dimensionada no tempo. Um VPL positivo significa que o investimento terá um retorno acima da TMA e traz consigo a constatação de que o projeto se mostra viável naquele momento. Um VPL negativo, por outro lado, mostra que o investimento não trará o retorno mínimo esperado pela empresa, indicando que o projeto não parece ser viável. 3.3.3 MÉTODO DA TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) A taxa interna de retorno (TIR) é definida por Newnan e Lavelle (2000) como a taxa de juros ganho sobre o investimento não recuperado, de tal forma que o esquema de pagamento reduza a zero o investimento não recuperado no final da vida do investimento. A NBR 14653-4 (ABNT, 2002), refere-se à TIR como sendo a taxa de juros que anula o fluxo de caixa descontado de um investimento. 31 Gitman (2010) define que a taxa interna de retorno representa a rentabilidade de um investimento por unidade tempo e a taxa de juros composto que retorna o VPL de um investimento a zero. A TIR, então, é a projeção da taxa de juros a ser aplicada sobre o valor presente das entradas de caixa para igualar ao valor presente das saídas do investimento, podendo ser representado pela equação 2: 0 = ∑ 𝐸𝐶𝑡 (1 + 𝑖)𝑛 𝑁 𝑛=0 − ∑ 𝑆𝐶𝑡 (1 + 𝑖)𝑛 𝑛=𝑁 𝑛=0 (Eq. 2) Sendo: SCt: saídas de caixa no momento t ECt: entradas de caixa no momento t i: representação da TIR n: período de análise Com o objetivo de comparação de rentabilidade, a taxa interna de retorno representa a taxa com que o capital é remunerado durante o período de investimento. Desta forma os investimentos em que a TIR for maior que TMA são considerados rentáveis, portanto, passíveis de análise. O inverso torna o projeto inviável perante a margem de ganho pretendida, logo, descartável para averiguações. Esse indicador é muito usado para comparar diferentes tipos de investimentos, como por exemplo aplicações financeiras. 3.3.4 TEMPO DE RECUPERAÇÃO DO CAPITAL (Payback) A NBR 14653-4 (ABNT, 2002), define o payback como sendo o período no qual os resultados líquidos acumulados do empreendimento equivalem aos investimentos nele comprometido. O payback representa o tempo no qual o projeto retorna o valor investido, ou seja, pode-se dizer que o payback é o tempo necessário para os fluxos de caixa se equipararem ao valor do investimento, é período no qual o fluxo de caixa acumulado zera. O tempo de recuperação do capital pode ser simples ou descontado. O payback simples não considera o custo do capital ao longo do tempo. Ele corresponde ao tempo necessário para anular a diferença entre as despesas de investimento e as receitas líquidas, sem considerar a remuneração do capital. O payback descontado, por outro lado, leva em consideração o custo do capital. Ele corresponde ao tempo necessário para anular a mesma diferença, quando as 32 parcelas são descontadas a uma taxa de desconto. É o tempo necessário para o VPL do projeto se igualar ao investimento inicial. (ABNT, 2002) Casarotto Filho e Kopittke (2008) entendem que esta metodologianão leva em consideração a vida do investimento, e pode ter dificultada sua aplicação quando o investimento inicial se der por mais de um ano. Por esse motivo, esse indicador não é muito utilizado na análise dos empreendimentos imobiliários, pois é de conhecimento do mercado que os projetos imobiliários são de ciclo longo. A utilização isolada do período de recuperação como indicador de viabilidade não é conclusiva, mas é útil para comparar alternativas de investimento a uma mesma taxa de desconto. 3.3.5 EXPOSIÇÃO MÁXIMA DE CAIXA (Cash Out) A exposição máxima de caixa, ou em inglês cash out, é um indicador com propósito de mostrar qual será o valor total de investimento necessário para o desenvolvimento do projeto. Ele representa a necessidade máxima de caixa aportada no negócio. A conta é feita a partir do fluxo de caixa acumulado, considerando todas as despesas e receitas projetadas. O cash out é, portanto, o maior valor negativo acumulado, representando o valor máximo investido no projeto, o que baliza o investidor a entrar ou não no projeto. No caso de um projeto de locação de imóveis, é sabido que a exposição máxima de caixa terá um valor alto, já que durante toda a construção do empreendimento não existem receitas a serem consideradas, apenas despesas. Na figura 7 pode-se observar, graficamente, a exposição máxima de caixa de um determinado projeto. Figura 7 - Exposição Máxima de Caixa -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 Exposição Máxima de Caixa tempo 33 3.3.6 MARGEM DE LUCRO A NBR 14653-4 (ABNT, 2002) define o índice de lucratividade como sendo a relação entre o valor presente das receitas líquidas e o dos investimentos. O empreendimento será considerado viável quando o seu índice de lucratividade for igual ou superior à unidade, para uma taxa de desconto equivalente ao custo de oportunidade de igual risco. Segundo Lima Júnior (1993), esse indicador é o principal índice para tomada de decisão de uma incorporadora em relação a aquisição de um novo negócio. Esse indicador traz a informação percentual do lucro sobre a receita do negócio, ou seja, do montante que entra no caixa da empresa, o quanto, percentualmente, representa o lucro. É muito comum utilizado dois tipos de margens, bruta e líquida. 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 = 𝑙𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 = 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 − 𝑑𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 (Eq. 3) 3.3.6.1 MARGEM BRUTA A margem de lucro bruta está diretamente ligada aos gastos diretos do projeto, ou seja, ela é calculada considerando apenas as despesas relacionadas diretamente à operação do empreendimento. Para encontrar a margem bruta, basta subtrair as despesas diretas pela receita. 3.3.6.2 MARGEM LÍQUIDA A margem de lucro líquida, por outro lado, abrange todo o investimento necessário para a operação se desenvolver, considerando os gastos diretos e indiretos. Ao subtrair esses valores da receita, é possível obter o lucro líquido. No mercado, o principal indicador de um projeto imobiliário é a margem líquida à valor presente. 34 4 ESTUDO DE CASO Para a realização de uma análise de viabilidade econômico-financeira de um empreendimento imobiliário é preciso definir algumas premissas iniciais. Em primeiro lugar, definir o tipo do imóvel a ser estudado. Em seguida, fazer uma análise de mercado para definir o público alvo, a localização do empreendimento e entender a concorrência no entorno. O próximo passo é fazer um estudo de massa, identificando as características do empreendimento e seus atrativos. Por fim, é preciso calcular custos, despesas e receitas para que, usando a metodologia do fluxo de caixa descontado, obtenha-se os indicadores de atratividade do modelo a ser estudado. Neste trabalho, será apresentado o estudo de caso de um empreendimento imobiliário para locação no município do Rio de Janeiro. A data base do estudo será janeiro/21, dessa forma, o fluxo de caixa previsto se iniciará nessa data e todas as correções serão feitas com base nela. Para o estudo serão utilizados premissas e métodos de avaliação praticados no mercado imobiliário. A data de lançamento do empreendimento será janeiro/21, sendo adotado como mês 0. O cronograma do projeto será detalhado mais adiante. PESQUISA DE MERCADO Para a análise de mercado, serão definidos o tipo do imóvel, o público alvo, a demanda desse público, a localização do empreendimento e será feita uma análise da concorrência. Para o público alvo, serão identificados o perfil de cliente que busca por imóvel para locação, sua renda, como é constituído o núcleo de pessoas que irá morar no apartamento, como é sua rotina, qual seu principal interesse na hora de buscar um novo imóvel e qualquer outro aspecto importante para que se possa definir o melhor produto que satisfaça o cliente. 4.1.1 TIPO DO IMÓVEL Considerando o mercado imobiliário atual, podemos separar os imóveis entre comerciais e residenciais. Para o presente trabalho iremos focar nos imóveis residenciais, visto que o Brasil ainda apresenta um alto déficit habitacional. Os imóveis residenciais ainda podem ser divididos entre unidades unifamiliares e multifamiliares. Levando em consideração que o objetivo é construir um empreendimento que atraia a nova geração de consumidores, as unidades multifamiliares são as mais adequadas, já que estas proporcionam uma maior interação entre os moradores, possibilitam uma redução de 35 custo e, por isso, possibilita que o empreendimento tenha uma boa localização por um preço acessível para o morador. Nesse aspecto, então, foi definido que o tipo de imóvel a ser estudado será um empreendimento residencial multifamiliar. 4.1.2 PÚBLICO ALVO O mercado alvo definido para esse projeto são jovens de classe média alta, com faixa salarial entre 5 e 10 salários mínimos, em especial jovens de famílias de classe média alta e alta que estejam saindo da casa dos pais. É um público que busca na locação praticidade e mobilidade, mas está acostumado a viver com conforto e ter facilidades. Pensando em atender às necessidades desse público, o projeto apresentará um edifício com estrutura simples, porém com conforto, qualidade e uma estrutura de lazer diferenciada em relação aos demais empreendimentos da região. 4.1.3 MERCADO E ESTUDO DE DEMANDA A startup de locação QuintoAndar fez um levantamento com cerca de 20 mil anúncios em sua plataforma no Rio de Janeiro com o objetivo de identificar as especificidades que os potenciais inquilinos mais buscam na hora de procurar por um apartamento para alugar. O levantamento foi feito entre os meses de junho de 2018 e novembro de 2019 e mostrou que os bairros que mais se destacam nas buscas são Barra da Tijuca, Botafogo, Copacabana, Méier, Recreio dos Bandeirantes e Tijuca. Em especial sobre o bairro de Botafogo, os potenciais inquilinos buscavam apartamentos de um quarto ou studios, apartamento mobiliado e com ar condicionado. ESCOLHA DO TERRENO Após identificar o público alvo e suas demandas, é importante encontrar um terreno que atenda às necessidades desse público e conhecer as legislações do local. A escolha do terreno foi feita considerando o perfil do público alvo, jovens de famílias de classe média alta saindo da casa dos pais. Esse público prefere morar perto do trabalho e dos locais de lazer, como praias, bares e restaurantes. Por esse motivo, foi escolhido um terreno na Zona Sul do Rio de Janeiro, no bairro de Botafogo (Figura 8). 36 Botafogo é um bairro com mais de 17 mil habitantes e apresenta um IDH de 0,952 (IBGE, 2010), ocupando a 19º posição entre as 2229 unidades de desenvolvimento humano do Rio de Janeiro. Botafogo caracteriza-se por ser um bairro de ótimo acesso para praticamente todas as regiões da cidade. Está localizado entre o centro da cidade e os demais bairros da Zona Sul, como Copacabana, Ipanema e Leblon, e apresenta facilidades como metrô,shoppings, hospitais, escolas e áreas de lazer diversificadas. Figura 8 - Bairro de Botafogo (Google Maps, 2019 < https://www.google.com.br/maps>) 4.2.1 LOCALIZAÇÃO DO TERRENO O terreno escolhido está localizado na Rua da Matriz, número 25, no bairro de Botafogo. As figuras 9 e 10 abaixo mostram a localização exata do terreno a ser estudado. Através da figura 11, pode-se perceber que próximo ao terreno existem muitas escolas, restaurantes, bares, supermercado e praia. Além disso, está a 10 minutos a pé do metrô. 37 Figura 9 - Localização do Terreno (Google Maps, 2019 < https://www.google.com.br/maps>) Figura 10 - Localização do Terreno (Google Maps, 2019 < https://www.google.com.br/maps>) 38 Figura 11 - Localização do Terreno (Google Earth, 2019 <https://earth.google.com/web/>) 4.2.2 CARACTERÍSTICAS DO TERRENO O terreno é um estacionamento plano e inteiramente livre, com 40 metros de profundidade e 23 metros de frente e fundos, aproximadamente, totalizando 920m². O valor do terreno é de R$9.000.000,00, resultando em R$9.782,61/m², valor abaixo dos praticados na região. Para a compra do terreno, o vendedor garantiu que o pagamento poderia ser feito em 36 parcelas de R$250.000,00, sem correção a partir do mês de fechamento do negócio ou permuta física de unidades com Valor Geral de Vendas (VGV) equivalente a esse valor. A permuta física se baseia na destinação de uma porcentagem física pré-estabelecida do imóvel a ser construído ao dono do terreno, ou seja, em troca do lote onde será erguido o empreendimento imobiliário, o proprietário recebe como pagamento um determinado número de unidades que serão construídas. Além do valor do terreno, é preciso considerar o valor do Imposto de Transmissão de Bens Imobiliários (ITBI), que corresponde a 3% do valor de negociação, e o valor da corretagem, 4% do valor de negociação. Valores pagos no mês de fechamento do negócio. 39 4.2.3 LEGISLAÇÃO Para ter acesso às informações iniciais e a legislação característica do local foi consultado o site da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro – Secretaria Municipal de Urbanismo. De acordo com a Lei Complementar Nº 57/2018, o terreno localizado na Rua da Matriz se encontra na 2ª Área de Planejamento da cidade e na 4ª Região Administrativa do município do Rio de Janeiro. Além disso, pertence à Macrozona de Ocupação Controlada, em uma Zona Residencial Multifamiliar 2 (ZRM-2), subzona H. Dessa forma, foram analisadas as especificações para esta zona. Para essa zona, o índice de aproveitamento do terreno (IAT) de 3,5, o número máximo de pavimentos para empreendimento afastado é 13 ou 44 metros de gabarito máximo e para empreendimentos não afastados são 7 pavimentos ou 26 metros de gabarito máximo. Empreendimentos afastados são aqueles que respeitam tanto os afastamentos lateral e de fundos, quanto os afastamentos das divisas. Os afastamentos lateral e de fundos são estabelecidos em relação às divisas laterais e de fundos do lote e não poderão ser inferiores a dois metros e cinquenta centímetros e, quando utilizados para ventilar ou iluminar compartimentos, serão equivalentes, no mínimo, a um quinto da altura da edificação. Os afastamentos das divisas são afastamentos mínimos das divisas laterais e de fundos dimensionados na forma estabelecida nesta Lei Complementar, haja ou não abertura de vãos de iluminação e ventilação. De acordo com a Lei Complementar Nº 198/2019, é permitido a construção de varandas e sacadas abertas, em balanço ou reentrantes sobre o afastamento frontal, podendo ocupar toda a fachada, recuando, no mínimo, um metro da testada do terreno. Sobre os afastamentos lateral e de fundos, para edificações as varandas e sacadas poderão ocupar toda a fachada e deverão distar, no mínimo, dois metros e cinquenta centímetros das divisas laterais e de fundos do lote. As varandas e sacadas de unidades residenciais, quando em balanço ou reentrantes, não serão computadas na Área Total Edificável (ATE) e na Taxa de Ocupação. Em relação à garagem, existirá 1 vaga por apartamento, respeitando a Lei Complementar Nº 198/2019, sendo estas localizadas no subsolo. Ainda de acordo com a Lei Complementar Nº 198/2019, a área do subsolo destinado à garagem não será contabilizada na ATE, portanto, não será contabilizada como ATE neste estudo. 40 ESTUDO DE MASSA Durante o estudo de massa é importante definir todas as características do imóvel, tanto das áreas comuns quanto das áreas privativas. É preciso definir áreas, cômodos, atrativo das áreas comuns, vagas de garagem etc. Para analisar a viabilidade da construção desse empreendimento, foi feito um estudo de massa levando em consideração às especificidades da região, incluindo a legislação do local, as necessidades do público alvo e diferenciais em relação à concorrência. Foi feita a concepção de 64 unidades e 64 vagas cobertas, sendo uma vaga por unidade. O empreendimento terá apenas um bloco e será dividido em 9 pavimentos, sendo um pavimento de uso comum (PUC) e 8 pavimentos tipo, com 8 apartamentos por andar, e dois subsolos para a garagem. As unidades terão 3 tipologias diferentes, 2 quartos com 59,25 m², 1 quarto com 46,22 m² e 1 quarto com 44,45 m². Por andar existirão 4 unidades de 2 quartos e 4 unidades de 1 quarto, como ilustrado na tabela 5. A área privativa total de cada unidade está ilustrada nas figuras 12, 13, 14 e 15. Tabela 5 - Tipologias Tipologia Quantidade Área Total (m²) Área Varanda (m²) 2 Quartos 32 59,25 14,25 1 Quarto 16 46,22 5,25 1 Quarto 16 44,45 5,25 Em relação às áreas comuns, identificou-se que Botafogo é uma região que possui poucos edifícios novos com facilidades nas áreas comuns. Para apresentar um diferencial em relação aos imóveis do bairro, o empreendimento a ser projetado terá um pavimento de uso comum com 243,67 m² com academia, piscina, salão de festas e churrasqueira. Garantindo, assim, mais um atrativo para o imóvel. 41 Figura 12 - Pavimento Tipo 42 Figura 13 - Detalhes - Tipologia 1 Figura 14 - Detalhes - Tipologia 2 Figura 15 - Detalhes - Tipologia 3 43 CONCORRÊNCIA Quando se trata de um imóvel para locação, os concorrentes podem ser unidades novas em estoque, apartamentos usados desocupados, precisando ou não de reforma, ou unidades em construção para locação, sendo o último ainda pouco difundido. Para encontrar unidades disponíveis para locação, foram utilizadas as plataformas do Zap Imóveis, OLX e QuintoAndar pois possuem um vasto catálogo de unidades para locação. Fazendo um filtro mais detalhado, buscando apenas por apartamentos no bairro de Botafogo, de 40 a 65m² com vaga na garagem, foram encontradas 46 unidades no Zap Imóveis, 28 na OLX e 9 no QuintoAndar. com valores de aluguel variando de R$1.450 a R$4.520 por mês, sendo a maioria deles unidades antigas, necessitando de reformas e sem mobília, e sem atrativos nas áreas comuns. Os apartamentos de um quarto existentes na região, em sua maioria, carecem de reformas e não são mobiliados. Além disso, apresentam pouca infraestrutura de lazer e facilidades nas áreas comuns, resultando em pouca atratividade. A partir da análise feita com base nos apartamentos encontrados, podemos perceber que ao lançar um imóvel novo e com facilidades nas áreas comuns, esse apresentará grandes atrativos ao ser comparado com os imóveis já existentes no bairro. Além disso, sabendo-se que uma mesma pessoa pode anunciar seu imóvel em diversas plataformas, das 83 unidades encontradas nos anúncios, podem ter unidades duplicadas. Assim, pode-se observar que existe uma baixa oferta de unidades no padrão procurado pelos possíveis inquilinos do bairro de Botafogo. Tornando-se, portanto, um mercado bastante atrativo. Em relação a unidades à venda, foi feita uma pesquisa de mercado para encontrar osnovos lançamentos na região, considerando que estes poderiam ser uma possível opção de concorrência, por também serem imóveis novos e com facilidades nas áreas comuns. Para os novos lançamentos, verificou-se que as unidades apresentam áreas de 80 a 250m², tamanhos maiores do que o procurado pelo público que busca por apartamentos para locação. Por apresentarem tipologias diferentes do que o público alvo procura, os novos lançamentos não representariam uma concorrência, pois está focada em público diferente. 44 PRECIFICAÇÃO E VELOCIDADE DE LOCAÇÃO 4.5.1 PRECIFICAÇÃO De acordo com índices do Fipe-Zap, a rentabilidade do aluguel é 0,39% do valor de venda do imóvel. (FipeZap, 2019) Dessa forma, foi utilizado esse yield para o cálculo dos valores de aluguel do estudo. Para determinar o valor de locação, foi preciso então, fazer a precificação do valor de venda das unidades. A precificação do empreendimento foi feita de modo a compatibilizar o preço do m² aceito pelo mercado da região de Botafogo - Rio de Janeiro. Foi feita uma análise de preço do m² das unidades do entorno. Para unidades usadas, em média, o valor do m² é de R$13.400,00, já para unidades novas, chega a R$15.000,00/m². Após a análise do mercado da região, foi definido para esse projeto o valor de R$15.000/m², acima do preço das unidades usadas, por acreditar que um imóvel novo apresenta vantagens em relação a um imóvel novo e por considerar que o empreendimento terá atrativos nas áreas comuns, que dificilmente são encontrados em empreendimentos mais antigos. O valor definido é compatível com os novos lançamentos da região. A partir do valor do m², foi calculado o valor de venda de cada uma das tipologias e, aplicando o yield de 0,39% foi encontrado o valor de aluguel competitivo para a região. Assim, após calculado o valor de aluguel conforme yield, foi definido o valor a ser praticado para cada uma das tipologias, demonstrado na tabela 6. Tabela 6 - Cálculo do Valor do Aluguel Tipologia Área Total (m²) Valor de Venda Valor de Aluguel Calculado Valor de Aluguel Praticado 2 Quartos 59,25 888.750,00 3.466,13 3.450,00 1 Quarto 46,22 693.356,25 2.704,09 2.600,00 1 Quarto 44,45 666.816,00 2.600,58 2.600,00 Com base no IGP-M médio de 2010 até 2019, foi considerado um reajuste de 6,5% ao ano, com uma depreciação de 4% ao ano. A depreciação considerada diz respeito a obsolescência do imóvel e ao desgaste natural da estrutura. Para o cálculo da receita total, foram feitas simulações da variação do valor do aluguel a cada ano, considerando o pagamento do terreno com e sem permuta. O total de unidades permutadas está definido no item 4.6.1, onde está definido o orçamento de gastos com terreno. No caso da receita considerando a permuta, 45 para o cálculo da receita total, foram consideradas apenas as unidades não permutadas. As simulações encontram-se nos Apêndices E e F. 4.5.2 VELOCIDADE DE LOCAÇÃO Após a entrega da obra, as unidades começam a ser alugadas. Foi definido, considerando valores praticados pelo mercado, que serão alugadas 10% das unidades totais por mês, até chegar no acumulado de 95%. Considerando um cálculo conservador tendo em vista a realidade do mercado do Rio de Janeiro atual, foi considerada uma vacância de 5% do total das unidades. A partir do mês 10, então, o percentual total das unidades alugadas segue com o valor constante de 95%. Dessa forma, o número de unidades alugadas nos primeiros meses segue as curvas definidas na tabela 7. Foram consideradas duas curvas, uma considerando a permuta física e outra sem considerar. Tabela 7 - Velocidade de Locação Sem Permuta Com Permuta % Alugado Unidades Alugadas Unidades Alugadas mês 1 10% 6 5 mês 2 20% 13 11 mês 3 30% 19 16 mês 4 40% 26 21 mês 5 50% 32 27 mês 6 60% 38 32 mês 7 70% 45 37 mês 8 80% 51 42 mês 9 90% 58 48 mês 10 95% 61 50 mês 11 95% 61 50 mês 12 95% 61 50 mês 13 95% 61 50 mês 14 95% 61 50 mês 15 95% 61 50 Os fluxos completos considerando as receitas mês a mês encontram-se nos Apêndice G e H. 46 ORÇAMENTOS O orçamento do empreendimento imobiliário a ser estudado está dividido em: terreno, despesas de incorporação, despesas de obra, assistência técnica, relacionamento com o cliente, despesas com locação, enxoval, manutenção periódica e impostos. Considerando os valores praticados no mercado, foram definidas as premissas de gastos em cada uma das áreas. As premissas a serem utilizadas no presente trabalho estão explicitadas na tabela 8. Tabela 8 - Premissas de Mercado Premissas Propaganda 2,0% da Receita Relacionamento com cliente 0,3% da Receita Imposto 14,53% da Receita Despesas de Incorporação 2,0% da Receita Assistência Técnica 2,0% do Custo de Obra Depreciação 4,0% ao ano Manutenção Periódica 10% do aluguel a cada 2 anos Comissão 1 aluguel a cada 2 anos Administração - Locação 6,0% da Receita Enxoval R$30.000 por unidade Taxa Adm 10% do Custo de Obra Comissão Terreno 4,0% do Valor do Terreno ITBI 3,0% do Valor do Terreno Reajuste Aluguel 6,5% a cada ano Custo do Capital 7,50% É de extrema importância que os valores nominais e a curva de gastos definidos no orçamento inicial sejam respeitados durante o projeto, visto que qualquer alteração no valor ou na curva de desembolso pode impactar o fluxo de caixa descontado e, consequentemente, a margem de lucro final do projeto. Os valores nominais calculados serão apresentados a seguir, enquanto os fluxos de pagamento estarão explicitados nos Apêndices G e H. Foram feitas duas análises, considerando a permuta física e outra sem permuta, para, a partir dos resultados finais, escolher a melhor opção. 47 4.6.1 TERRENO O valor do terreno, conforme mencionado anteriormente, é de R$9.000.000,00. A forma de pagamento poderia ser feita através de 36 parcelas de R$250.000,00, sem correção a partir do mês de fechamento do negócio ou permuta física de unidades com VGV equivalente a esse valor. Para definir a melhor forma de pagamento foi feita uma análise de viabilidade considerando ambas situações. No caso de pagamento por permuta física, foi preciso definir um número de unidades a fim de o somatório de seus preços de venda totalizar o valor total do terreno. Considerando os preços de venda de cada tipologia, foi definido que seriam permutadas 11 unidades, sendo 8 da tipologia 1 e 3 da tipologia 3, totalizando R$9.110.448,00 conforme tabela 9. Tabela 9 - Simulação do Valor de Permuta Tipologia Total (Unid) Permuta (Unid) Preço de venda Permuta (R$) 2 Quartos 32 8 888.750 7.110.000 1 Quarto 16 0 693.356 - 1 Quarto 16 3 666.816 2.000.448 Total 64 11 9.110.448 O valor do ITBI corresponde a 3% do valor do terreno, totalizando R$270.000,00 e a corretagem corresponde a 4%, totalizando R$360.000,00. Os dois valores devem ser pagos na data de fechamento do negócio. 4.6.2 DESPESAS DE INCORPORAÇÃO No orçamento de incorporação estão os gastos de propaganda, gastos de licenças, medidas compensatórias, despesas jurídicas para a legalização do projeto, demolição da estrutura existente no terreno adquirido e Imposto Territorial Urbano (IPTU) do terreno até a entrega do empreendimento. Considerando as premissas de mercado, para o cálculo desse orçamento foi considerado um percentual de 2% da receita total para os gastos com propaganda e 2% da receita total para os demais gastos. Os gastos com propaganda iniciarão dois meses antes da entrega do empreendimento. Para alavancar as locações, por 3 meses serão gastos 10% do orçamento total e, após esse período, serão gastos os 90% restantes conforme curva de receita. Os demais gastos terão uma curva linear começando no lançamento do empreendimento se estendendo até a entrega. 48 Tabela 10 - Orçamento de Incorporação Orçamento
Compartilhar