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7 Lição 1 - Segurança no Trabalho Nesta lição estudaremos os conceitos e fundamentos de saúde relacionados à segurança no trabalho. Ao término desta lição, você deverá ser capaz de: a) Compreender a importância do Programa de Controle Médico Ocupacional; b) Diferenciar os diferentes tipos de exames médicos relacionados ao trabalho; c) Conhecer os fundamentos da ergonomia, sua função no ambiente de trabalho, bem como as doenças causadas pela falta de sua aplicação; d) Promover a higiene ocupacional; e) Ter conhecimentos básicos de primeiros socorros. 1. Fundamentos No século XVII alguns pesquisadores começaram a observar o aparecimento de doenças e fizeram relações com as condições de trabalho, dando início a estudos que criaram a especialização da medicina do trabalho, também conhecida como medicina ocupacional. E, a cada dia que passa, cresce o in- teresse dos governos dos países em regulamentar e controlar as empresas quanto aos fatores agressivos que atingem o trabalhador em seu ambiente profissional. No Brasil, em 22 de dezembro de 1977, foi estabelecida a Lei nº 6.514, sobre Segurança e Medicina do Trabalho, que objetiva respeitar os princípios éticos, morais e técnicos do trabalhador e baseia-se no princípio de que “todos os trabalhadores devem ter o controle de sua saúde de acordo com os riscos a que estão expostos”. A regulamentação desta lei é de responsabilidade do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, por meio da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho – SSST, sendo monitorada pelas Superintendências Regionais do Trabalho – DRT, existentes em cada estado brasileiro. 2. Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO constitui um conjunto de iniciativas da empresa no campo da saúde de seus funcioná- rios, onde é articulado com os demais padrões e normas que visam a proteger 8 a saúde do trabalhador em sua relação com a atividade que desenvolve na empresa, tendo um caráter preventivo e de diagnóstico precoce dos danos à saúde relacionados ao trabalho. As ações do PCMSO funcionam por meio da realização de exames médicos ocupacionais, de exames complementares e de atividades educativas e pre- ventivas. Tudo isso é realizado a partir dos levantamentos feitos pelo Progra- ma de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, que traz informações sobre as condições de trabalho da empresa e os riscos a que cada empregado está exposto ou poderá vir a estar. O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, também obrigatório por lei, antecipa, reconhece, avalia e controla os riscos ambientais existentes no am- biente de trabalho e que possam causar danos à saúde do trabalhador. 2.1 Exames Médicos Ocupacionais Trata-se de um procedimento clínico pelo qual o médico realiza uma avalia- ção das condições de saúde do paciente. No caso do exame médico ocupacio- nal, além das condições de saúde do trabalhador, o médico também relaciona o estado de saúde do examinado com as suas condições de trabalho, pois, em muitos casos, determinadas situações ocupacionais são responsáveis por al- terações específicas de saúde. 2.2 Exame Médico Admissional Esse exame é realizado antes da entrada do trabalhador na empresa. Ele visa a avaliar as condições clínicas físicas e mentais do profissional e se elas po- dem ser afetadas pelos riscos existentes no ambiente de trabalho. 2.3 Exame Médico Periódico Esse exame é realizado, no mínimo, em tempos preestabelecidos, de acordo com os parâmetros legais. Esses parâmetros são determinados em função dos riscos a que o trabalhador está exposto ou, então, em função de sua idade, caso ele não esteja exposto a um risco específico. 2.4 Exame Médico de Retorno ao Trabalho Esse exame é realizado independentemente do motivo do afastamento. Por- tanto, o trabalhador deverá realizar esse tipo de exame no primeiro dia da volta ao trabalho, quando o afastamento for superior a trinta dias, exceto no caso de férias. 2.5 Exame Médico de Mudança de Função Esse exame é realizado antes da data da mudança, entendendo-se por mu- dança de função toda e qualquer alteração de atividade, posto de trabalho ou de setor. 9 2.6 Exame Médico Demissional Esse exame é realizado até a data da homologação de demissão do empre- gado. Qualquer um dos exames médicos ocupacionais pode determinar se o trabalhador é apto ou não para desenvolver uma determinada atividade. Por exemplo: se ele tem uma hérnia, não estará apto para um trabalho que requeira levantamento de peso, mas poderá trabalhar na área administrativa. A determinação de que um trabalhador é apto ou inapto deve ser revertida a qualquer momento, sempre que o estado clínico evidenciado por ele justifi- car essa alteração. Ao concluir qualquer um desses exames médicos ocupacionais, o médico do trabalho deve emitir um documento chamado Atestado de Saúde Ocupacio- nal – ASO, que contém a indicação dos procedimentos médicos a que o tra- balhador foi submetido. É ainda no ASO que o médico define se o trabalhador está apto ou não para a função específica que ele exerce, vai exercer ou já exerceu, podendo anexar pareceres de médicos especialistas para funda- mentar a sua decisão. O ASO é emitido em duas vias, sendo a segunda entregue, obrigatoriamente, ao trabalhador, que tem o direito de conhecer o significado de seu conteúdo. 2.7 Exames Médicos Complementares Esses exames são realizados, visando a ampliar a possibilidade de o médico realizar uma avaliação precoce do estado de saúde do empregado e, assim, monitorar, preventivamente, o possível aparecimento de patologias que pos- sam ser correlacionadas com o trabalho. Alguns riscos exigem exames complementares específicos, cujos resultados devem ser analisados pelo médico do trabalho, a fim de saber se estão dentro dos limites de normalidade. Dentre esses exames complementares, podemos citar: • Audiometria, “para casos de ruído”; • Radiografia e a espirometria, “em caso de poeiras”; • Exames de sangue e as dosagens toxicológicas, “que são específicas para casos de exposição a produtos químicos”. Quando um exame médico acusa uma doença profissional ou quando acon- tece um acidente do trabalho, a empresa é obrigada a comunicar o ocorrido por escrito, usando um documento chamado Comunicado de Acidente do Trabalho – CAT, independentemente de o empregado ter se afastado ou não de sua atividade. Se houver afastamento superior a 15 dias, o empregado deve ser encaminha- do à Previdência Social para avaliação de incapacidade e definição da condu- ta previdenciária em relação ao trabalho. 10 3. Ergonomia e DORT 3.1 Ergonomia no Espaço de Trabalho Hoje um dos fatores mais importantes são as condições de trabalho, que en- volvem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do pos- to de trabalho e à própria organização do trabalho. Trabalhadores que ficam em pé: a bancada de trabalho deve estar no nível da estatura do colaborador, de modo que o mesmo não precise curvar-se para executar o trabalho. Os objetos e ferramentas devem estar facilmente ao seu alcance também. Os comandos dos equipamentos devem estar posicionados em nível mais baixo que os ombros. Trabalhadores sentados: mesa, cadeira e painéis devem proporcionar ao co- laborador condições de boa postura, visualização e operação. Caso o trabalho necessite da utilização dos pés, os pedais e demais comandos para aciona- mento com os pés devem ter posicionamento e dimensões que possibilitem fácil alcance e ângulos adequados para o corpo. O ideal é que o colaborador possa alternar o trabalho em pé com o trabalho sentado ou, quando isto não for possível, a empresa deve disponibilizar as- sentos para descanso em locais em que possam ser utilizados pelo mesmo durante as pausas. Atenção! A jornada de trabalho do colaborador não pode ser excessiva, para se evitar a fadiga. No entanto, na maioria das vezes,em cada tipo de trabalho predominam os fatores ergonômicos negativos, que trazem sérios riscos para a saúde do trabalhador, tais como posição viciosa do corpo ou postura inadequada de trabalho, má organização e ritmos inadequados de trabalho, atividades repe- titivas por longa jornada de trabalho etc. São esses fatores ergonômicos negativos que muitas vezes causam os Dis- túrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, ou simplesmente DORT. 3.2 Característica do DORT A sigla LER, que significa Lesões por Esforços Repetitivos, foi adotada em 1993 para se referir aos distúrbios ocupacionais funcionais ou orgânicos produzi- dos pela fadiga neuromuscular, devido a exercícios estáticos ou repetitivos dos músculos. 11 Mas, a partir de 1998, por meio da Ordem de Serviço nº 606, o INSS passou a adotar a sigla DORT para se referir aos distúrbios decorrentes de sobrecarga funcional do sistema de músculos e ligamentos dos membros superiores vin- culados ao trabalho. Atualmente, dá-se preferência ao uso da sigla DORT, pois ela abrange não só as lesões por esforço repetitivo, mas também outros problemas osteomuscu- lares que têm o trabalho como origem. É importante destacar que os DORT vêm crescendo consideravelmente no Brasil, e o que mais concorre para isso são as más condições de trabalho e as desinformações técnicas do trabalhador. Além disso, há ainda outros aspectos que também contribuem para esse cres- cimento. De um modo geral, considera-se que os médicos não fazem o diagnóstico correto. É preciso destacar que cabe ao médico do trabalho e, em instância superior, ao médico perito do INSS estabelecer a relação do distúrbio com o trabalho. O médico especialista deve limitar-se a identificar, claramente, o que está acon- tecendo com o trabalhador, evitando vincular seu diagnóstico às situações de trabalho. Não há política de reabilitação, e, nesse aspecto, é preciso coordenar três variáveis distintas. 3.3 Sinais e Sintomas de DORT A dor está presente em todos os pacientes de DORT. Quase sempre ela é de- sencadeada ou agravada pelo movimento repetitivo, podendo ser aliviada nas fases iniciais por meio do repouso. Há três padrões de dor, segundo Sikorski: • Musculotendinosa – é a dor mais comum, localizada sobre os músculos ou tendões, que tem caráter difuso e é agravada por contração muscular. • Nevrálgica – localiza-se na distribuição dos nervos periféricos ou raízes nervosas, podendo ser acompanhada de parestesia e de entorpecimento. • Articular – localiza-se em uma ou mais articulações. Além da dor, os pacientes queixam-se de parestesia, edema ou inchaço sub- jetivo, rigidez matinal e alterações subjetivas de temperatura. Também são verificados casos de limitação dos movimentos pela dor, com repercussão direta sobre o trabalho, devido à diminuição da produtividade e com sinto- mas gerais, como ansiedade, irritabilidade, alteração do humor, distúrbios do sono, fadiga crônica e cefaleia causada pela tensão. 12 4. Higiene Ocupacional e Primeiros Socorros 4.1 Higiene Ocupacional Os idealistas lutam pela saúde dos trabalhadores, porém ignoram a extensão dos conhecimentos necessários para assegurá-la e protegê-la, e não parecem preocupados com a escassez, ou até com falta, de higienistas ocupacionais, adequadamente formados e competentes. Nas organizações, poucas vezes incluem o desenvolvimento da higiene ocu- pacional entre suas prioridades. Por exemplo, se um produto químico tóxico for eliminado de um processo de trabalho, ou utilizado com rigoroso con- trole, não afetará nem a saúde dos trabalhadores nem o meio ambiente e os recursos naturais. Portanto, a boa prática da higiene ocupacional contribui para um desenvolvimento econômico, social e sustentável. O crescimento global poderia contribuir para melhores padrões de vida no mundo, desde que as políticas de comércio levassem em consideração ques- tões sociais, tais como direitos humanos, saúde dos trabalhadores, proteção ambiental e desenvolvimento sustentável. Os muitos avanços tecnológicos podem ser utilizados para a melhora das condições de trabalho e para a proteção ambiental em âmbito mundial, que são as tecnologias limpas e seguras, que podem e devem ser cada vez mais desenvolvidas, utilizadas e compartilhadas universalmente. A tecnologia de informação pode dar uma contribuição imensa para inter- câmbios de conhecimentos e experiências quanto à ocorrência de riscos ocu- pacionais, como também para sua prevenção e controle. Infelizmente, as re- gras da globalização são, com frequência, ditadas pelos mercados financeiros, e a perspectiva de lucro se sobrepõe às preocupações quanto às dimensões sociais. Por exemplo, acontece que, conforme as normas referentes à saúde e ao meio ambiente se tornam mais rigorosas e seu cumprimento, mais dispen- dioso em certos países, processos de trabalho poluidores e com muitos riscos são transferidos para outros lugares. Porém, se a prática correta da higiene ocupacional fosse acompanhada como qualquer outro processo de trabalho, para onde quer que fosse transferido, muitos dos aspectos negativos da glo- balização poderiam ser eliminados. A Higiene Ocupacional como ciência praticada profissionalmente foi reco- nhecida oficialmente no Brasil em agosto de 2014, graças à sua inclusão na Classificação Brasileira de Ocupações – CBO. O fato de, até agora, não exis- tirem diretrizes oficiais quanto à formação de higienistas ocupacionais, tem permitido que pessoas não qualificadas sejam responsáveis pelo bem ines- timável que é a saúde de nossos trabalhadores. Portanto, é essencial que, ao lado desse reconhecimento oficial, sejam adotadas diretrizes adequadas para o desenvolvimento da Higiene Ocupacional. 13 No Brasil, a Norma Regulamentadora NR9 do Ministério do Trabalho e Em- prego, que requer que os locais de trabalho tenham um Programa de Preven- ção de Riscos Ambientais – PPRA, existe há muito tempo, exigindo compe- tências de uma especialidade que oficialmente não existe. O resultado desastroso dessa situação paradoxal tem sido o desvirtuamento do PPRA que, em vez de um programa abrangente, eficaz e sustentável de prevenção, em muitos casos, se resume a um simples laudo, enumerando problemas sem dar soluções; também ocorre que riscos importantes não são sequer mencionados. A falta de profissionais competentes tem contribuído para essa situação. Esse é apenas um exemplo, pois outras normas também exigem, para sua correta aplicação, conhecimentos de higiene ocupacional. A formação adequada em higiene ocupacional constitui um aspecto de fun- damental importância. Por meio de formação e experiência, os higienistas ocupacionais devem ser capazes de realizar uma série de tarefas, principal- mente: • Antecipar os fatores de risco para a saúde e o meio ambiente que podem estar associados aos diferentes tipos de trabalho e atuar para preveni- los já nas etapas de planejamento e projeto de processos (incluindo equipamentos, matérias-primas, produtos químicos, etc.) e locais de trabalho; • Identificar os agentes e fatores de risco (produtos químicos e poeiras, agentes físicos e biológicos, fatores ergonômicos e psicossociais) que podem estar presentes em locais de trabalho, determinar as condições de exposição e entender seus possíveis efeitos na saúde e bem-estar dos trabalhadores; • Avaliar a exposição dos trabalhadores a agentes e fatores de risco, por meio de métodos qualitativos e/ou quantitativos e interpretar os resultados obtidos, com vistas a eliminar a exposição, ou reduzi-la a níveis aceitáveis; • Projetar e/ou recomendar medidas de prevenção e controle de riscos, eficientes e econômicas, e integrá-las a programas bem gerenciados e sustentáveis; • Identificar os agentes que podem ter impacto sobre o meio ambiente e contribuir para a proteção ambiental; • Realizar a prevenção primária de riscos, particularmente na fonte (tecnologias limpas, substituição de materiais tóxicos, práticas de trabalho seguras);• Incentivar a participação dos trabalhadores. 14 Em vista da multiplicidade de fatores ocupacionais de risco químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e psicossociais e das possibilidades para sua preven- ção e controle, esse campo requer formação especializada. Além disso, é im- portante a abordagem multidisciplinar, envolvendo várias ciências e profis- sões, incluindo a Medicina do Trabalho, a Higiene Ocupacional, a Engenharia de Segurança, a Ergonomia e a Psicologia do Trabalho. Portanto, higienistas ocupacionais devem trabalhar bem integrados em equi- pes multidisciplinares de saúde e segurança ocupacionais. 4.2 Primeiros Socorros A recuperação de uma vítima de um acidente depende da rapidez com que ela recebe os primeiros atendimentos. Para tanto, é necessário conhecer um pouco sobre esses procedimentos. Lembramos que o socorro final deve sem- pre ser prestado por equipe médica especializada e que os primeiros socorros são apenas procedimentos para manter a vítima estável até a chegada dos especialistas. Os primeiros socorros ou socorro básico de urgência são as medidas iniciais e imediatas dedicadas à vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, treinada, para garantir a vida, proporcionar bem-estar e evi- tar agravamento das lesões existentes. ► 4.2.1 Ferimentos Leves Podemos considerar como um ferimento leve o rompimento da pele, poden- do atingir camadas mais profundas do organismo, órgãos, vasos sanguíneos e outras áreas. Procedimentos Gerais • Lave bem as mãos. Sempre use luvas; • Limpe o ferimento com bastante água corrente e sabão; • Não tente retirar farpas, cacos de vidro ou partículas de metal do ferimento, a menos que saiam facilmente durante a limpeza; • Não toque no ferimento com os dedos nem com lenços usados ou outros materiais sujos; • Proteja o ferimento com gaze esterilizada ou pano limpo, sem apertar. 15 1 - Lave as mãos. 3 - Controle o sangramento aplicando pressão direta sobre o ferimento, com um pano limpo ou toalha. 5 - Coloque um curativo sobre o corte. 2 - Lave a área afetada com água limpa para remover a sujeira e os resíduos da ferida e da área ao redor. 4 - Aplique uma fina camada de unguento tópico antimicrobiano sobre a área afetada. 6 - Troque o curativo algumas vezes por dia, especialmente se ele ficar molhado ou sujo. Figura 1 – Procedimento para ferimento leve. ► 4.2.2 Queimaduras Queimaduras são lesões causadas no organismo por algum tipo de agente físico e podem ser classificadas em três tipos, sendo eles: térmica, elétrica e química. 16 Queimadura de primeiro grau (ou queimadura considerada relativamente simples) é aquela que atinge a camada superficial da pele, causando uma ver- melhidão e uma ardência no local. Normalmente, são causadas por exposição prolongada ao sol ou contato rápido com alguma chama, ou objeto aquecido. Já a queimadura de segundo grau caracteriza-se por afetar uma região se- cundária da pele, entre a derme (superfície exterior da pele) e a epiderme (camada interior da pele), e nota-se o aparecimento de uma ou mais bolhas na área afetada. As bolhas são o resultado de uma espécie de deslocamento da camada entre a derme e a epiderme causada pela mudança drástica de temperatura na região. Procedimentos Gerais • Trate como se fosse um ferimento leve; • Lave e mantenha a área queimada sob água corrente para resfriamento; • Não coloque pomadas, creme dental, etc. PRIMEIRO GRAU Vermelhidão SEGUNDO GRAU Bolhas TERCEIRO GRAU Necrose Epiderme Derme Hipoderme Músculo Figura 2 – Tipos de queimaduras. 4.2.2.1 Queimaduras Profundas As queimaduras profundas, chamadas de terceiro grau, caracterizam-se por atingir uma área profunda da pele, podendo incluir até o tecido ósseo, e cos- 17 tuma apresentar uma necrose no local afetado. É o tipo de queimadura mais profundo e mais grave. Procedimentos Gerais • Não fure as bolhas; • Não arranque, nem solte roupas coladas à queimadura; • Quando necessário, recorte as roupas em volta da ferida; • Ofereça líquidos, quando o acidentado estiver consciente; • Encaminhe a vítima para atendimento médico; • Quanto maior a área da pele queimada, mais grave é o caso. 4.2.2.2 Queimaduras por Agentes Químicos Ácidos fortes podem causar queimaduras graves. As queimaduras químicas são causadas por ácidos e bases e também são conhecidas como queimadu- ras cáusticas. Queimaduras causadas por substância químicas podem ocorrer na escola, no trabalho, em casa ou em qualquer lugar onde são manuseados materiais químicos. Procedimentos Gerais • Lave a área atingida com bastante água; • Aplique jatos de água enquanto retira as roupas do acidentado; • Proceda como nas queimaduras superficiais, prevenindo o choque e a dor. 4.2.2.3 Queimaduras nos Olhos Queimaduras nos olhos podem ser produzidas por substâncias irritantes – ácidos, álcalis, água quente, vapor, cinzas quentes, pó explosivo, metal fundi- do, chama direta, etc. Procedimentos Gerais • Lave os olhos da vítima durante vários minutos, se possível, com soro fisiológico; • Tampe o olho atingido com gaze ou pano limpo; • Leve a vítima ao médico o mais rápido possível. ► 4.2.3 Hemorragia Hemorragia é todo derramamento de sangue do organismo humano para fora dos vasos sanguíneos. O sangue tem uma função vital e fundamental no organismo, além de transportar os nutrientes e o oxigênio para as células. Também leva o gás carbônico e outros resíduos e substâncias para os órgãos excretores do corpo. 18 Procedimentos Gerais • Não perca tempo! Pare a hemorragia; • Não esqueça de usar luvas; • Use uma compressa limpa e seca: gaze, pano e/ou lenço limpo; • Pressione com firmeza; • Use atadura, tira de pano, gravata ou outro recurso que tenha à mão para amarrar a compressa e mantê-la bem firme no lugar; • Caso não disponha de compressa, feche a ferida com o dedo ou com a mão, evitando uma hemorragia intensa; • Aperte fortemente com o dedo ou com a mão de encontro ao osso nos pontos onde a veia ou a artéria é mais fácil de ser encontrada; • Quando o ferimento for nos braços ou nas pernas e sem fratura, a hemorragia será controlada mais facilmente se a parte ferida ficar elevada; • Em caso de hemorragia intensa em braços e pernas, aplique um torniquete; • Os torniquetes são usados para controlar a hemorragia, quando o acidentado teve braços ou pernas mutilados, esmagados ou dilacerados. Arterial Venoso Capilar Figura 3 – Tipos de hemorragias. 4.2.3.1 Suspeitas de Hemorragia Interna A hemorragia interna é resultante de um ferimento profundo com lesão de órgãos internos. O sangue não aparece, mas a pessoa apresenta pulso fraco, pele fria, suores abundantes e palidez intensa. Procedimentos Gerais • Mantenha a vítima deitada (a cabeça mais baixa que o corpo). Quando houver suspeita de fratura do crânio ou de derrame cerebral, a cabeça deve ser mantida elevada; • Aplique compressas frias ou saco de gelo no ponto atingido; • Conduza a vítima o mais rapidamente possível ao socorro médico. 19 4.2.3.2 Hemorragia Nasal A hemorragia nasal é uma enfermidade muito comum na população. As cau- sas desse problema são diversas, sendo extremamente útil tentar relacionar o motivo com o quadro de sangramento. Porém, muitas vezes não sabemos como nos portar diante dessa situação. A hemorragia nasal, ou como também conhecida epistaxe, é o nome dado a qualquer sangramento que ocorre pelo nariz. Procedimentos Gerais • Ponha o paciente sentado, com a cabeça voltada para frente. Aperte-lhe a narina durante 10 minutos; • Caso a hemorragia não ceda, coloque um tampão de gaze dentro da narina e um pano ou toalha fria sobre o nariz. Se possível, use um saco de gelo; • Se a hemorragia continuar, o socorro médico é necessário. Comprima o nariz. Utilizando o polegar e o dedo indicador, comprima a ponta do nariz, bloqueando totalmente as narinas. Lave o nariz e descanse. Depois que a hemorragia for contida, limpe o local em volta donariz utilizando água quente e descanse para evitar sangramentos futuros. Refresque o paciente. Diminuir a temperatura corporal de alguém sofrendo com sangramentos nasais reduz a quantidade de sangue que chega ao nariz. Seja cuidadoso com o nariz. Como as hemorragias no local são causadas, na maior parte dos casos, por ações da própria pessoa, existem alguns métodos preventivos que podem ajudar a evitar que isso ocorra novamente. Não cutuque a parte interna do nariz, pois é muito fácil lesionar os vasos sanguíneos lá presentes, devido à grande sensibilidade. Figura 4 – Posição e procedimento corretos para cessar o sangramento nasal. 20 ► 4.2.4 Fratura Fratura é o rompimento total ou parcial de qualquer osso. Existem dois tipos de fratura: • Fechada: o osso se quebrou, mas a pele não foi perfurada; • Exposta: o osso está quebrado e a pele rompida. Procedimentos Gerais Imobilizar a região fraturada com tábuas, ataduras ou lençóis, conforme mos- tra a figura a seguir. Em caso de fratura exposta, em que o osso perfura a pele, cobrir o ferimento, de preferência com gaze esterilizada ou um pano limpo. Tipoia Figura 5 – Imobilização de braço fraturado. ► 4.2.5 Contusões e Distensões São lesões provocadas por pancada ou torção sem ferimento externo. Quan- do o local da contusão fica arroxeado, é sinal de que houve hemorragia ou derrame por baixo da pele. O acidentado sente dor, e o local fica inchado. Figura 6 – Exemplo de região anterior da perna com contusão. 21 Procedimentos Gerais • Imobilize e deixe a parte afetada em repouso; • A partir do segundo dia, use compressas de água quente para apressar a cura; • Se a contusão for grave, consulte um médico. ► 4.2.6 Entorse É a torção de uma junta ou articulação, com ruptura parcial ou total dos liga- mentos. Romper Romper Romper Inversão Eversão Entorse de tornozelo alta Figura 7 – Tipos de entorses. 22 Procedimentos Gerais • Imobilize a parte afetada; • Aplique gelo e compressas frias. ► 4.2.7 Luxação É o deslocamento de um ou mais ossos da posição normal que ocupa na arti- culação. A pessoa apresenta dor, deformação e inchaço no local. Toda vez que os ossos de uma articulação ou junta saírem do seu lugar, proceda como no caso de fraturas fechadas. Normal Luxação Anterior Luxação Posterior Figura 8 – Exemplo de luxação no ombro. Procedimentos Gerais • Imobilize como nos casos de fratura; • Não faça massagens no local lesado; • Procure auxílio médico. Tabela 1 – Características das entorses, distensões e luxações Entorse Estiramento/Distensão Luxação Dor com o movimento Dor e queimação imediata Dor e deformidade Dor a palpação Pouco inchaço Incapacidade de movimentar-se Inchaço e vermelhão ► 4.2.8 Desmaio É a perda temporária e repentina da consciência, provocada em geral por emoções súbitas, fadiga, fome, nervosismo. 23 Procedimentos Gerais • Deite a pessoa de costas, coloque a cabeça de lado e levante suas pernas; • Afrouxe-lhe as roupas; • Mantenha o ambiente arejado. Figura 9 – Procedimento para restabelecer uma vítima de desmaio. ► 4.2.9 Estado de Choque É o estado de depressão de vários órgãos do organismo devido a uma falha circulatória, podendo levar à morte. Procedimentos Gerais • Controle ou evite a causa do estado de choque; • Conserve a vítima deitada; • Afrouxe-lhe as roupas; • Retire da boca secreções, dentaduras ou qualquer outro objeto. 24 Figura 10 – Procedimento para restabelecer uma vítima de choque. ► 4.2.10 Choque Elétrico Choque elétrico é a passagem de corrente elétrica pelo corpo, quando em contato com material eletrificado. Procedimentos Gerais • Interrompa imediatamente o contato da vítima com a corrente elétrica; • Para isso, utilize material não-condutor bem seco (pedaço de pau, cabo de vassoura, borracha e/ou pano grosso), ou desligue a eletricidade; • Certifique-se de estar pisando em chão seco, se não estiver usando botas de borracha. Figura 11 – Procedimentos de primeiros socorros a uma vítima de choque elétrico. 25 ► 4.2.11 Convulsão É a perda súbita de consciência, acompanhada de contrações musculares bruscas e involuntárias, conhecida popularmente como “ataque”. Procedimentos Gerais • Coloque a vítima deitada de costas; • Proteja-lhe a cabeça e vire-a para o lado; • Introduza um pedaço de pano ou lenço limpos entre os dentes para evitar mordeduras na língua; • Afaste qualquer objeto para que não se machuque; • Afrouxe-lhe as roupas e deixe-a debater-se livremente. Marque o tempo de duração da convulsão Não segure seus braços ou pernas Ligue para emergência Afrouxe as vestimentas Coloque-o de lado Proteja a cabeça e tire os óculos Não coloque nada na boca Procure por identificação de alerta médico Figura 12 – Procedimentos de primeiros socorros a uma vítima em convulsão. ► 4.2.12 Parada Cardiorrespiratória A Parada cardiorrespiratória – PCR é o momento em que cessam os batimen- tos cardíacos e a pessoa para de respirar. Com isso, a circulação sanguínea sofre uma parada e o indivíduo perde a consciência dentro de dez a quinze segundos. A parada cardíaca pode também ocorrer sozinha, sem parada res- piratória. 26 Em cerca de três minutos da parada cardiorrespiratória, começa a haver le- são cerebral e, após cerca de dez minutos, as chances de ressuscitação são praticamente nulas. Quanto aos sintomas, há ausência de pulsação e de movimentos respirató- rios, além de dilatação das pupilas. Nos poucos segundos de consciência, o paciente sentirá dores no peito, falta de ar, palpitação, suores frios, tonteira, visão turva, etc. Procedimentos Gerais – Respiração Boca a Boca • Feche as narinas da vítima com o polegar e o indicador para não deixar saída de ar. Sopre até encher de ar o peito do paciente; • Faça massagem cardíaca. Figura 13 – Procedimento de respiração boca a boca. ► 4.2.13 Lesões na Coluna A vítima com lesão na coluna geralmente apresenta insensibilidade e dificul- dades em movimentar os membros. Procedimentos Gerais • Não toque e não deixe ninguém tocar na vítima; • Não vire a pessoa com suspeita de fratura de coluna; • Observe atentamente a respiração e o pulso. Esteja pronto para iniciar as manobras de ressuscitação. Figura 14 – Transporte de vítima com possível lesão na coluna. 27 ► 4.2.14 Envenenamento e Intoxicação São reações causadas no organismo por ingestão ou contato com substâncias prejudiciais que, dependendo da quantidade e da forma como foram intro- duzidas no organismo, podem trazer consequências temporárias ou perma- nentes. Em geral, as intoxicações e envenenamentos são causados por acidentes do- mésticos ou de trabalho, ingestão excessiva de álcool ou alimentos fora de condições de consumo ou mesmo tentativas de suicídios. Classificar os sintomas de alguém que sofre intoxicação e envenenamento é um tanto complexo, uma vez que varia de acordo com o tipo de substância com a qual a vítima teve contato; entretanto, há alguns tipos de sintomas no- táveis na maioria dos casos, que são: • Náuseas e/ou vômitos; • Palidez; • Semiconsciência, ou inconsciência; • Suor excessivo e frio; • Estado de choque. Procedimentos Gerais • Transporte rapidamente a vítima para um pronto-socorro; • Tome as medidas de primeiros socorros específicas para cada caso. ► 4.2.15 Ingestão de Produtos Químicos Intoxicação é a introdução de uma substância tóxica no organismo. As into- xicações podem ocorrer por medicamentos e por substâncias químicas. Exis- tem vários tipos de intoxicação, mas os acidentes em geral ocorrem com a ingestão de excesso de medicamentos ou por substâncias químicas.= Procedimentos Gerais • Não provoque vômitos; • Não deixe a vítima caminhar; • Não dê álcool à vítima; • Não dê azeite ou óleo; • Procure um médico com urgência. 28 Exercícios Propostos 1. De acordo com o previsto na Portaria que trata sobre a NR9, o PPRA deve ser efetivado mediante a elaboração, implementação, acompanhamento e avaliação por parte do ServiçoEspecializado em Engenharia de Segu- rança e em Medicina do Trabalho – SESMT, ou por pessoa ou equipe de pessoas. Selecione a alternativa referente ao programa que deve ser articulado junto com o PPRA: ( ) a) Manual de Programa de Gestão – MPG ( ) b) Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO ( ) c) Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA ( ) d) Programa de Controle do Trabalhador – PCT ( ) e) Programa de Controle Sustentável – PCS 2. O PCMSO determina a necessidade de realizações de campanhas de pre- venção ou palestras de orientação sobre determinados assuntos. Assina- le a alternativa que lista exclusivamente outros tipos de prevenção deter- minados pelo Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional: ( ) a) exames admissional, clínicos e anuais ( ) b) exames médicos, laboratoriais e periodicidade ( ) c) exames demissionais, e laborais e mensais ( ) d) exames médicos, clínicos e semestrais ( ) e) exames anuais, laboratoriais e médicos 3. Identifique a alternativa que represente as duas situações: “Trabalhadores que ficam em pé: a bancada de trabalho deve estar no nível da es- tatura do empregado, de modo que o mesmo não precise curvar-se para executar o trabalho. Os objetos e ferramentas devem estar de fácil alcance ao empregado. Os comandos dos equipamentos devem estar posicionados em nível mais baixo que os ombros.” “Trabalhadores sentados: a mesa e os painéis devem proporcionar ao empregado condições de boa postura, visualização e operação.” ( ) a) planejamento estratégico ( ) b) ergonomia ( ) c) Recursos Humanos ( ) d) medicina alternativa ( ) e) medicina ocupacional 29 4. O tratamento aplicado ao acidentado ou portador de mal súbito, antes da chegada do médico, ocorre por uma pessoa que está habilitada a praticar todos os conhecimentos básicos e treinamentos técnicos, para que seja realizado, antes que o serviço de emergência chegue. Selecione alternativa correta que indica qual atitude a pessoa deverá tomar nesses tipos de casos: ( ) a) prestar os primeiros socorros ( ) b) abandonar o local ( ) c) isolar a área ( ) d) combater o incêndio ( ) e) ligar para o serviço de atendimento médico 5. Segundo a NR7, a avaliação clínica como parte integrante dos exames médicos deverá obedecer aos prazos e à periodicidade para trabalhado- res expostos a riscos ou a situações de trabalho que impliquem o desen- cadeamento ou o agravamento de doença ocupacional, ou, ainda, para aqueles que sejam portadores de doenças crônicas. Os exames deverão ser repetidos no exame médico periódico e deverão observar os seguin- tes intervalos mínimos de tempo: ( ) a) de 6 em 6 meses, se notificados pelo agente de inspeção do trabalho ( ) b) anualmente ou a intervalos menores, a critério do médico encarregado ( ) c) anualmente ou a intervalos maiores, a critério do médico encarregado ( ) d) a cada 18 meses, a critério do médico encarregado ( ) e) a cada 2 anos, se sugeridos pelo médico agente da inspeção do trabalho
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