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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Argentina em crise
20 fatos sobre a decadência do país
Ebook produzido
por Brasil Paralelo
Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Argentum......................................................................................................
A primeira universidade ............................................................................
Independência da Argentina .....................................................................
O primeiro país a reconhecer a Independência do Brasil ......................
Um país de italianos? ..................................................................................
O tango na voz de Gardel ............................................................................
Uma convenção nazista na Argentina ......................................................
A sexta maior potência do planeta ...........................................................
Buenos Aires ou Paris? ................................................................................
A União Cívica Radical ................................................................................ 
O golpe do GOU ............................................................................................ 
Peronismo .................................................................................................... 
Massacre de Ezeiza ......................................................................................
Ditadura Militar ..........................................................................................
Malvinas .......................................................................................................
Maradona e as Copas do Mundo ................................................................
O colapso econômico de 2001 ...................................................................
5 presidentes em 12 dias ............................................................................
Aprovação do casamento gay ....................................................................
Legalização do aborto .................................................................................
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Argentum
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Um Rei Branco,
em um trono de prata, 
vivendo no interior
da “Sierra de la Plata”.
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Argentum
Em 1516, Juan Díaz de Solís desembarcou no leste do Rio da 
Prata e foi morto por índios guaranis. Aleixo Garcia, um dos 
sobreviventes, navegou para a costa da Ilha de Santa Catarina e 
tornou-se amigo dos índios tupis-guaranis, com quem conse-
guiu uma enorme quantidade de prata.
Para procurar a fonte da riqueza, ele cruzou a maior parte da 
América do Sul antes de chegar ao altiplano andino, suposta casa 
do Rei Branco, senhor da prata. Retornando para a costa brasilei-
ra, Garcia foi morto pelo povo payaguá.
Alguns dos tupis-guaranis escaparam e mostraram a prata 
que tinham, engrandecendo a lenda da região.
Anos depois, a terra passa a ser conhecida de argêntea. No 
latim, a prata é argentum, donde deriva o nome Argentina.
Fato 01
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
A primeira alusão ao nome Argentina está em um poema de 
Martín del Barco Centenera, chamado La Argentina, de 1602.
Don Pedro de Guadix, como diremos,
después de haber de Roma malvenido,
cuando hubo disensión en los supremos,
el gobierno argen�no hubo pedido.
Empero algún tanto ahora descansemos, 
que no le dejaremos por olvido, 
pues su hambre rabiosa y grande ruina
ayuda a lamentar a la Argen�na.
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Ut portet nomen meum
A primeira
Universidade
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
A primeira universidade
Em 1599, os Jesuítas estabeleceram-se em Córdoba e funda-
ram um noviciado por volta de 1608. O Colégio Máximo, funda-
do por eles em 1613, foi a origem da Universidade Nacional de 
Córdoba.
É a mais antiga universidade do país e a quarta da América. 
Por causa dela, Córdoba passou a ser caracterizada como “La 
Docta”. Por mais de dois séculos foi a única universidade do país. 
O trabalho dos jesuítas foi interrompido em 1767, quando 
Carlos III ordenou que fossem expulsos da Espanha e da 
América. Exilados, a propriedade da universidade passou para o 
Estado Nacional.
Assim terminou a missão jesuítica de levar o nome do 
Senhor na Argentina, lema que permaneceu na universidade. 
Fato 02
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
15 años de lucha
Independência
da Argentina
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Independência da Argentina
O território da atual Argentina fazia parte do Vice-Reinado 
do Rio da Prata, governado pela Espanha. Em 25 de maio de 
1810, ocorreu a Revolução de Maio e os argentinos proclamaram 
sua independência, mas o processo não foi pací�co.
Por 15 anos eles lutaram. Em 9 de julho de 1816, os congres-
sistas proclamaram-se as Províncias Unidas do Rio da Prata, 
independentes em relação à coroa espanhola.
A Guerra de Independência terminou em 1825 quando a 
Espanha se rendeu. Até esta data, a Nação Argentina não estava 
consolidada. Eram as Províncias Unidas da América do Sul, mas 
no ano seguinte, foi sancionada a Constituição da República 
Argentina.
Fato 03
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Quando a Constituição Argentina de 1853 foi escrita, Buenos 
Aires não a aceitou e separou-se, existindo como Estado autôno-
mo, com uma administração diferente.
Com uma emenda à Constituição, Buenos Aires uniu-se 
novamente à Argentina em 1860. Em 8 de outubro deste mesmo 
ano, Santiago Derqui, presidente, decretou o nome o�cial de 
República Argentina. 
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
O mútuo reconhecimento
dos países irmãos
O primeiro país
a reconhecer a
independência
do Brasil 
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
O primeiro país a reconhecer
a independência do Brasil 
Por profunda coincidência histórica, do mesmo modo por 
que do Rio de Janeiro partiu o reconhecimento o�cial da 
Independência da Argentina, Buenos Aires teve a primazia do 
reconhecimento da independência do Brasil em 25 de junho de 
1823.
Isso aconteceu antes mesmo dos Estados Unidos da América 
ou de qualquer outro país europeu.
O ministro de Governo e de Relações Exteriores, Bernardino 
Rivadavia, assinou a carta credencial de Valentín Gómez, dirigi-
da ao chanceler brasileiro, José Bonifácio. Catalogada nos arqui-
vos históricos argentinos, assim se inicia:
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Nº 251
Al Ministro de Estado y Relaciones Exteriroes del Brasil, celebrando la 
independencia de su nación, y le anuncia el envío de la missión Velen�n 
Gómez a fin de tratar defini�vamente la evacuación de la Banda 
Oriental.
Buenos Aires, 25 de junio de 1823
Il.mo e Ex.mo Señor,
El Ministro de Gobierno y Relaciones Exteriores en el estado de Buenos 
Aires �ene el honor de dirigirse a S. E. el Excelen�simo Señor Ministro 
de Estado y Relaciones Exteriores del Gabinete del Brasil, haciéndole 
presente para que se digne elevarlo al conocimento de su Gobierno.
Que su Gobierno ha celebrado con la más plena sa�sfacción la 
Independencia del Brasil, y el establecimento de un Gobierno que 
sa�sface sus necesidades, y más justos votos.
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Os argentinos são italianos falantes
de espanhol e que se acham franceses
Um país
de italianos?
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Um país de italianos?
Estima-se que entre 1870 e 1970, quase três milhões de italia-
nos migraram para a Argentina. Ficaramconhecidos como ítalo-
argentinos.
Considerando o total de imigrantes que esse país recebeu, o 
número chega a seis milhões até o �nal do século XX. Juan 
Bautista Alberdi foi um político liberal que in�uenciou a redação 
da Constituição Argentina de 1853. Foi ele quem cunhou a frase 
“gobernar es poblar” (governar é povoar). 
Em 1869, 12% da população argentina era composta de imi-
grantes; em 1914, eram 30%, sendo 60% apenas em Buenos Aires.
Depois do Uruguai, a Argentina é o país com maior ancestrali-
dade europeia. Porém, seus matizes e a miscigenação de seu povo 
também contam com o sangue indígena e africano.
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
A história da Argentina
expressa em uma dança
O tango na
voz de Gardel
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
O tango na voz de Gardel
Em 1917, Carlos Gardel cantou “Mi Noche Triste” no Teatro 
Empire, em Buenos Aires. Pela primeira vez, Gardel cantou um 
tango em público. No tango ele encontrou seu sucesso, e a 
Argentina, por sua vez, sua mais conhecida expressão cultural. 
No �nal do século XIX, um enorme �uxo de imigrantes 
homens saiu da Europa para tentar uma vida nova na América 
Latina. Desembarcaram em um país em que o número de mulhe-
res era muito menor do que o de homens. 
Nesta época, Buenos Aires possuía mais de 200 casas de 
prostituição e se tornou o destino dos recém chegados. Filas se 
formavam nas ruas… Faziam-se na frente dos prostíbulos ence-
nações musicais, combinando ritmos variados como a polca 
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
européia, a milonga espanhola e a havaneira cubana. No encon-
tro de culturas, surgiu um ritmo que marcou a história da 
Argentina.
O Tango é a expressão artística da identidade nacional; é a 
representação de um povo marcado por seus sentimentos, 
dramas e histórias. Era uma dança apenas instrumental, mas 
teve, na popularização do ritmo e na voz de cantores como 
Gardel, suas molas propulsoras.
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
O maior evento nazista
da América do Sul
Uma
convenção
nazista na
Argentina
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Uma convenção nazista
na Argentina
Em 1938, em Buenos Aires, aconteceu o maior evento nazis-
ta da América do Sul. No estádio Luna Park, mais de 20 mil parti-
dários do nazismo alemão comemoraram o “Day of Unity”.
Esta comemoração remete ao dia em que Hitler anexou a 
Áustria à Alemanha. O vice-cônsul americano W.F. Busser 
presenciou o evento e relatou que todos os rituais executados 
nos cerimoniais alemães foram cumpridos. Seguiu-se à risca o 
vestuário e cantou-se o hino do partido nazista.
Soma-se a esta curiosidade a descoberta de um “museu 
nazista” na casa de um colecionador, em Buenos Aires: o acervo 
contava com 75 objetos raros. Além dessa descoberta, uma lista 
com os nomes de 12 mil simpatizantes locais do nazismo foi 
encontrada no porão de um velho edifício em Buenos Aires.
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
A Argentina foi rota de desvio do dinheiro alemão e também 
um dos principais locais de fuga dos nazistas após a derrota na 
Segunda Guerra Mundial. O tema rendeu um �lme na Net�ix: 
Operação �nal. Ele se baseia na fuga de Eichmann, um dos 
principais organizadores do holocausto, para a Argentina. 
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Riche comme un argentine
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A sexta
maior potência
do planeta
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
A sexta maior potência
do planeta
Segundo o economista Angus Maddison, prêmio Nobel, em 
1896 a Argentina alcançou o maior PIB per capita do planeta. Em 
1928, foi a sexta maior potência do mundo.
Em Buenos Aires, foi inaugurado o primeiro metrô da 
América Latina em 1913. Em média, um argentino era 29% mais 
rico que um francês, 14% mais rico que um alemão, 3 vezes mais 
rico que um japonês e 5 vezes mais rico que um brasileiro.
O país havia se tornado o destino de investimentos estrange-
iros de todos os tipos. Entretanto, 100 anos depois, a realidade se 
torna tal, que um terço da população experimenta a pobreza. Tal 
efeito levou à cunhagem da expressão “Paradoxo Argentino”.
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
O economista, prêmio Nobel, Simon Kuznets resumiu a 
situação dizendo que há quatro tipos de países no mundo: os 
desenvolvidos, os subdesenvolvidos, o Japão e a Argentina. Ficou 
na memória o tempo em que se dizia “rico como um argentino”.
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Paris na América do Sul
Buenos Aires
ou Paris?
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Buenos Aires ou Paris?
Em um bairro como o Recoleta, Buenos Aires, é possível 
sentir-se no Quartier ou no Marais, em Paris, a�nal, ele foi o 
exemplo de dos argentinos no início do arquitetura e urbanismo
século XX.
O Palácio de las Aguas Corrientes demonstra bem o peso da 
arquitetura europeia. Suas peças de terracota vieram da 
Inglaterra, o projeto é inglês, o desenho norueguês, a estrutura 
de ferro é belga, o diretor da obra era sueco e a construção foi 
feita por um italiano.
O Teatro Cólon, por sua vez, representa o ápice do estilo 
francês na América do Sul. Em muitos casos, quando os argenti-
nos não se inspiram na arquitetura europeia, literalmente a 
copiam.
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Buenos Aires destaca-se entre as 20 cidades mais lindas do 
mundo. Considerando sua conurbação que inclui vários distri-
tos anexos, a população se soma a aproximadamente 13 milhões 
de pessoas.
Além de toda esta beleza, Buenos Aires é a cidade com o 
maior número de livrarias por habitantes no mundo. São 25 
livrarias para cada 100 mil habitantes. Por comparação, São 
Paulo, no Brasil, possui 3,5 livrarias para cada 100 mil habitan-
tes.
Juan Pablo Marciani, gerente da El Ateneo Gran Splendid, 
uma das livrarias mais visitadas, disse: “Os livros nos represen-
tam tanto quanto o tango”.
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Uma ligação com
a Internacional Comunista
A União
Cívica Radical
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 A União Cívica Radical
A União Cívica Radical é um partido político socialista argen-
tino. Sua fundação data de 26 de junho de 1891 por Leandro N. 
Além, representante das aspirações da classe média emergente 
contra o republicanismo oligárquico.
O herdeiro político de Além foi , que foi Hipólito Yrigoyen
presidente da Argentina em duas ocasiões e representava o 
radicalismo. Foi com Yrigoyen que se abriu a etapa da política 
econômica em que o Estado passava a intervir cada vez mais 
decisivamente na economia do país.
A UCR, oposta ao peronismo e também combatente do con-
servadorismo, integrou-se à Internacional Comunista. Na 
ocasião do , V Congresso Mundial da Internacional Comunista
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
cuja intenção era espalhar o socialismo pelo mundo, a sede do 
Secretariado para a América do Sul se situava em Buenos Aires.
O radicalismo argentino foi um longo período que se esten-
deu de 1890 a 1966, repleto de revoluções e ainda na atualidade 
seus efeitos podem ser notados. 
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Obsessão para evitar o
caos do comunismo
O Golpe do GOU
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
O Golpe do GOU
A Argentina passou por um golpe em 4 de junho de 1943, 
responsável pela ascensão do Grupo de O�ciais Unidos (GOU). 
Formado por militares católicos, combatiam qualquer forma de 
agitação política, principalmente se fossem organizadas por 
grupos comunistas e sindicalistas.
Eles derrocaram Ramón Castillo do poder, parte de um regime 
conhecido como década infame,originado do golpe militar de 
1930.
Os três generais que ocuparam o poder após a revolução de 43 
foram Arturo Rawson, Pedro Pablo Ramírez e Edelmiro Farrell.
Esse golpe terminou com eleições democráticas em 24 de 
fevereiro de 1946. O resultado foi a eleição de Juan Domingo 
Perón, apoiado pelos socialistas e pelos sindicalistas revolucio-
nários.
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O populismo argênteo
Peronismo
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Peronismo
O peronismo é o nome genérico dado ao Movimento 
Nacional Justicialista. O líder e criador do movimento foi Juan 
Domingo Perón, militar e estadista argentino. Foi presidente 
eleito em 1946, 1951 e 1973.
O centro do peronismo era a causa dos trabalhadores. 
Semelhante a Getúlio Vargas, Perón é o símbolo do populismo 
autoritário na Argentina. Seu governo expandiu o poder dos 
sindicatos de trabalhadores, opondo-se à classe rica e usando 
tanto quanto podia o dinheiro estatal para o bem estar social.
Sua forma socialista de governar se assemelhava ao fascis-
mo: nacionalismo, populismo, intervencionismo, demagogia e 
autoritarismo. Soma-se a isso os ataques às liberdades civis e a 
perseguição aos opositores do seu governo.
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Um dos maiores legados do peronismo para a Argentina foi a 
falta de liberdade econômica
Enfermo, Perón morreu em 1º de julho de 1974. Após sua 
morte, sua mulher assumiu a presidência, mas foi derrubada 
pelos militares em 1976.
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Divergência peronista
até a morte
Massacre
de Ezeiza
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Massacre de Ezeiza
Em 20 de junho de 1973, tragédias marcaram a terra da prata.
Quando Juan Domingo Perón retornou a Buenos Aires após 
quase 18 anos exilado em Madri, os peronistas de direita e de 
esquerda digladiaram-se para �car ao lado do líder. 
Isto aconteceu próximo ao aeroporto de Ezeiza. A cena pare-
cia bíblica, com a multidão à espera do Messias.
Para simbolizar os 18 anos em que Perón esteve exilado, 18 
mil pombas adestradas voaram pelos céus da cidade para repre-
sentar a liberdade. Com o tiroteio, resultado da disputa para 
impressionar Perón, as pombas não voaram ordenadamente, 
nem a orquestra tocou o que planejara.
Fato 13
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Estima-se cerca de 13 a 25 mortos, além de mais de 300 
feridos. Foi o marco de uma década de violência política. Do dia 
20 em diante, cresceram as perseguições, os desmandos e a 
violência.
Três anos depois, o golpe militar conquistou o poder. 
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Anos de chumbo
Ditadura Militar
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Ditadura Militar
As três armas das Forças Armadas (Exército, Marinha e 
Aeronáutica) formaram uma junta para fazer vigorar o chamado 
“Processo de Reorganização Nacional". Em 24 de março de 1976, 
María Estela Martínez Perón foi deposta.
O primeiro indicado ao poder foi o general Jorge Rafael 
Videla. Este foi o início do regime militar que desencadeou a 
desindustrialização, aumentou a dívida externa, centralizou o 
poder nas mãos dos militares e aplicou o Terrorismo de Estado.
Alegando guerra contra a subversão e contra o populismo, 
quatro juntas militares sucessivas permaneceram no poder até 
1983. Estima-se que neste período o número de mortos tenha 
chegado a 30 mil pessoas.
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O que os
kelpers querem?
Malvinas
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Malvinas
A Argentina não teve con�itos apenas internamente, pois 
também lutou contra a Inglaterra pela soberania das Ilhas 
Malvinas/Falklands. Entre os dias 2 de abril e 14 de junho de 
1982, guerrearam argentinos e ingleses.
O Reino Unido reivindicou o arquipélago, mas a Argentina o 
reivindicara como parte integral e indispensável do seu territó-
rio, acusando os ingleses de ocupação ilegal. O Reino Unido 
venceu e o saldo de mortos foi de 649 soldados argentinos, 255 
britânicos e 3 civis.
Essa derrota acelerou a queda do regime militar que estava 
no poder na Argentina. 
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Até hoje, não há consenso sobre quem, de fato, descobriu as 
Ilhas Malvinas. A Argentina ainda não desistiu da soberania 
sobre as ilhas; os kelpers, entretanto, habitantes das Malvinas, 
preferem dizer “sim” ao Reino Unido.
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O dia em que um jogo de
futebol passou pelas mãos de Deus
Maradona e as
Copas do Mundo
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Maradona e as Copas do Mundo
No dia 16 de junho de 1986, dois dos países mais apaixonados 
pelo futebol se enfrentaram nas Quartas de Final da Copa do 
Mundo. Na cidade do México, o Estádio Azteca recebeu um públi-
co histórico de 114 mil pessoas para assistir ao jogo entre 
Argentina e Inglaterra. 
O duelo entre os dois países havia começado quatro anos 
antes, na Guerra das Ilhas Malvinas. Os próprios jogadores a�r-
maram que vencer a Inglaterra era mais importante do que 
ganhar o campeonato. Era uma forma de vingança para toda a 
nação argentina.
Aos 6 minutos, Diego Armando Maradona marcou o primei-
ro gol do jogo, de mão, no lance que �cou conhecido como “La 
Mano de Dios” “Se houve mão . Após a partida, Dieguíto a�rmou:
na bola, foi a mão de Deus”.
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Naquela mesma partida, outro lance histórico: Maradona 
arrancou com a bola do meio campo, driblou meio time da 
Inglaterra e marcou “o gol do século”, como viria a ser chamado, 
em 2002: o gol mais bonito da história das copas.
A “intervenção divina” nos pés e mãos de Maradona classi�-
cou a Argentina para a próxima fase, e aquele torneio consagra-
ria a seleção de 1986 como bicampeã mundial.
O ocorrido naquela tarde de junho de 1986 marcou não só a 
história do futebol, mas também um país passional que vê no 
esporte e na �gura dos ídolos, como Maradona, uma representa-
ção dos seus ideais de honra, cultura e nacionalidade.
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O maior calote da história
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Colapso
Econômico
de 2001
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Colapso Econômico de 2001
1º de dezembro de 2001: São anunciadas as restrições a 
saques bancários e transferências para o exterior;
3 de dezembro de 2001: O Corralito entra em vigor e as contas 
bancárias são congeladas por 1 ano, sendo permitido o saque de 
apenas 250 pesos por semana. A retirada de dólares foi total-
mente proibida; 
5 de dezembro de 2001: O FMI anuncia o �m dos emprésti-
mos para a Argentina;
18 e 19 de dezembro de 2001: Supermercados, bancos e 
empresas estrangeiras são saqueadas na grande Buenos Aires;
20 de dezembro de 2001: Manifestantes se concentram na 
Plaza de Mayo, embora estivesse a Argentina em estado de sítio. 
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O mesmo cenário se repete em outras áreas do país. No �m do 
dia, 34 pessoas morreram;
23 de dezembro de 2001: A moratória da dívida argentina é 
anunciada: foi a maior da história, deixando de pagar 102 
bilhões de dólares;
Em junho de 2002 a in�ação chegou a 40%;
Os pobres estavam sem dinheiro, a classe média estava com o 
dinheiro preso no banco e o peso argentino estava desvalorizado. 
Inúmeras empresas faliram e a qualidade de vida despencou. 
Cerca 30 a 40 mil pessoas passaram a revirar as ruas de Buenos 
Aires.
A pobreza (50,5%), a indigência (27,5%) e o desemprego 
(21,5%) atingiram os maiores níveis do país.
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Eu renuncio
5 presidentesem 12 dias
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5 presidentes em 12 dias
No contexto do colapso econômico que a Argentina sofreu no 
�m de 2001 e início de 2002, em apenas 12 dias o cargo de 
presidente foi ocupado por 5 pessoas diferentes.
20 de dezembro de 2001: Fernando de la Rúa renunciou ao 
cargo, faltando dois anos para o �m do mandato, diante da 
violência social que começava no país; 
21 de dezembro de 2001: Ramón Puerta foi empossado como 
presidente temporário;
22 de dezembro de 2001: Adolfo Rodríguez Saá assumiu o 
cargo por 60 dias;
30 de dezembro de 2001: Adolfo Rodríguez renunciou ao 
cargo após uma semana;
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
31 de dezembro de 2001: Eduardo Camaño assumiu como 
presidente interino;
1º de janeiro de 2002: A Assembléia Legislativa escolheu 
Eduardo Duhalde como o novo presidente do país. Governou a 
partir de 2 de janeiro e foi até 2003, cumprindo o mandato 
de la Rúa.
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Gay friendly
Aprovação do
casamento Gay
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Aprovação do casamento Gay
Em 15 de julho de 2010, com 33 votos favoráveis dos senado-
res, a Argentina foi o primeiro país latino-americano a aprovar o 
casamento gay. Foram 27 votos contra a proposta de lei e 3 abs-
tenções.
Para consagrar por meio da lei os casamentos entre homosse-
xuais, alterou-se a fórmula do código civil: constava marido e 
mulher apenas; o termo novo passou a ser , preven-contraentes
do os mesmos direitos que possuem os casais heterossexuais: 
adoção, herança e benefícios sociais.
Para incentivar o turismo gay-friendly no México, a 
Secretaria de Turismo da cidade do México ofereceu uma lua-de-
mel gratuita na cidade e uma viagem para Cancún ao primeiro 
casal gay que se casasse na Argentina.
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Houve mobilizações não só de apoio, mas também de repú-
dio. Manifestantes católicos, na Praça do Congresso, portavam 
cartazes com os dizeres: “Queremos papai e mamãe, viva a famí-
lia, unidos pela família argentina”.
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Às “mulheres e pessoas com
outras identidades de gênero
com capacidade de gestar”
Aborto
Legalizado
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Aborto legalizado
No dia 30 de dezembro de 2020, a lei que legaliza o aborto na 
Argentina foi aprovada pelo Senado.
Em decorrência disso, o aborto até a 14ª semana de gestação 
passou a fazer parte do Programa Médico Obrigatório (PMO) do 
sistema de saúde público. Para abortar neste caso, já não é neces-
sária uma justi�cativa, devendo o hospital atender à solicitação 
em até 10 dias. 
No texto do Art. 4º - b, consta que a partir da 15ª semana de 
gestação o aborto continua a ser crime, exceto em caso de estu-
pro ou “perigo à vida ou à saúde integral da mulher”. Na prática, 
interpretações garantem o aborto em qualquer fase da gestação.
A autoria do projeto foi do próprio presidente Alberto 
Fernandez junto de três de seus ministros. Ginés Gonzáles 
Fato 20
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Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
García, o Ministro da Saúde, disse ao vivo em um debate na TV 
Deputados para toda a nação:
“A vida não começa nunca. Não há duas vidas, mas apenas 
uma. Não é uma vida. Trata-se apenas de um fenômeno.”
“Se não fosse assim, estaríamos diante do maior genocídio já 
realizado na história, praticado por muito mais da metade do 
mundo civilizado.”
60
Conclusão
Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
A história da Argentina é complexa e merece mais detalhes. 
O passado e o presente deste país vizinho pode guiar nosso 
olhar sobre a nossa própria história. 
Nos dias 22, 23 e 24 de fevereiro, não perca a nova trilogia da 
Brasil Paralelo:
A Queda da Argentina
Argentina em crise 20 fatos sobre a decadência do país
Argentina em crise
20 fatos sobre a decadência do país
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por Brasil Paralelo
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