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Curso sobre Violência e Criminalidade

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CursoViolência, criminalidade e prevenção – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 22/06/2009 
 Página 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Violência, Criminalidade e Prevenção 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Créditos 
 
Bernadete Cordeiro - Consultora Pedagógica da SENASP 
 
Cristina GrossVila Nova - Coordenadora Geral da Equipe de Ações de Prevenção da Senasp 
 
George Felipe de Lima Dantas - Professor Doutor - Coordenador do Núcleo de Estudo e 
Pesquisa em Segurança Pública e Defesa Social (NUSP) 
 
Nelson Gonçalves de Souza - PMDF 
 
Ticiana Nascimento Egg - Membro da equipe de Ações de Prevenção da SenaspAlberi Espínula 
CursoViolência, criminalidade e prevenção – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 22/06/2009 
 Página 2 
 
 
A finalidade deste curso é apresentar aos participantes elementos que permitam compreender o 
fenômeno da violência e da criminalidade e como ele se manifesta na sociedade em geral. 
 
Além da compreensão do fenômeno da violência e da criminalidade, este curso tem como 
proposta abordar as estratégias policiais utilizadas no combate na prevenção à violência - as que 
funcionam e que não funcionam , de acordo com estudos realizados - para que os participantes 
adquiram mais subsídios para analisar suas realidades e compreender seu papel neste contexto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Módulo 1 - Violência e criminalidade: uma visão geral 
 
Observe a charge e reflita sobre as questões colocadas, antes de começar o estudo deste módulo. 
 
 
 
Jornal do Brasil 07/09/2005 
 
Violência e criminalidade são palavras que, infelizmente, estão cada vez mais presentes no 
cotidiano e que muitas vezes se traduzem em ansiedade, medo e insegurança. 
 
Apresentar informações que o auxiliem a compreender o contexto e os fatores que concorrem 
para o aumento dos índices de violência e criminalidade é o propósito desse módulo. 
 
 
 
 
CursoViolência, criminalidade e prevenção – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 22/06/2009 
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Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de: 
 
Compreender o cenário atual sobre a violência e a criminalidade; 
 
Identificar os fatores relacionados à violência; 
 
Refletir sobre a influência da mídia na percepção da violência pelo cidadão; 
 
Reconhecer a contribuição dos campos de conhecimento para a ampliação conceitual e para 
formulação de políticas públicas; 
 
Analisar a relação existente entre violência e vulnerabilidade social, por meio de um estudo de 
texto. 
 
 
 
O conteúdo deste módulo está dividido em 3 aulas: 
 
Aula 1 - O crime e a violência no Brasil: um breve contexto 
 
Aula 2 - Fatores relacionados à violência 
 
Aula 3 - A violência como objeto de estudo 
 
 
Aula 1 - O crime e a violência no Brasil: um breve contexto 
 
O Brasil, nos últimos anos, passou a estar associado, tanto no âmbito interno quanto 
internacionalmente, ao fenômeno do crime e da violência. Tal situação fica pautada pelos 
conteúdos da mídia nacional e estrangeira, onde são regularmente veiculadas, matérias que 
mostram rebeliões de presos, conflitos entre a polícia e movimentos sociais, seqüestros, dentre 
outros. 
 
As estatísticas da violência e da criminalidade também mostram que a situação merece ser 
analisada de forma séria e responsável, para que as políticas públicas possam ser efetivas. 
 
Comentário 
 
Análise da incidência das ocorrências registradas pelas polícias civis no Brasil 2001/2003 
 
Análise da incidência das ocorrências registradas pelas polícias civis no Brasil 2001/2003 A 
análise dos índices de criminalidade violenta mostra que os crimes violentos contra o patrimônio, 
além de apresentarem as maiores taxas entre 2001 e 2003, também foram os que mais 
aumentaram neste período. Os delitos de trânsito apresentam valores de taxa também 
significativos, porém encontram uma estabilidade na sua incidência no período. Por fim, 
destacam-se o crescimento significativo dos delitos envolvendo drogas no período, mesmo com 
taxas de incidência relativamente baixas. Destaca-se ainda, a estabilidade na incidência dos 
crimes letais e intencionais entre 2001 e 2003 e a queda ocorrida nos crimes não letais a pessoa 
também neste período no Brasil. 
Ministério da Justiça – SENASP 
CursoViolência, criminalidade e prevenção – Módulo 1 
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Cabe ressaltar que a violência, nos níveis registrados atualmente não surgiu repentinamente, mas 
sim de forma lenta e gradual, impulsionada por uma série de fatores. Para que você possa 
compreender melhor este cenário, analise: 
 
Mapa de ocorrência no Brasil 2004 - 2005 e no mapa de homicídios, elaborados pelo 
Ministério da Justiça/ Secretaria Nacional de Segurança Pública - Senasp. 
(http://www.mj.gov.br/data/Pages/MJCF2BAE97ITEMIDC5C3828943404A54BF47608963F43
DA7PTBRIE.htm) 
 
As estatísticas sobre drogas apreendidas apresentadas pelo Departamento de Polícia Federal – 
DPF. 
(http://www.dpf.gov.br) 
 
 
 
 
Aula 2 - Fatores relacionados à violência 
 
A violência é um fenômeno complexo, que não tem uma causa única, mas sim uma 
multiplicidade de fatores. 
 
Medidas e ações de enfrentamento da violência representam um verdadeiro desafio para o 
mundo contemporâneo, pois a violência produz impactos adversos multidimensionais, incluindo 
aspectos de ordem econômica, política e social. 
 
Sendo assim, faz-se necessário que qualquer medida ou ação que venha a ser planejada 
possa considerar: 
 
Os fatores que promovem a violência, os chamados fatores de risco; 
 
Os fatores que inibem sua manifestação, os chamados fatores de proteção e a relação existente 
entre eles; e 
 
O grau de incidência e efeitos negativos de crimes e violência. 
 
 
 
 
 
Souza e Gouveia em artigo publicado no Dhnet, com base no trabalho Jean-Claude Chesnais, 
cientista francês e especialista em violência urbana, enumeram seis causas como fatores que 
contribuem para o aumento da violência no Brasil: 
 
1 - Fatores sócio-econômicos - oriundos das desigualdades sociais, da falta de oportunidade e de 
aspectos relacionados a ampliação da vulnerabilidade social. 
 
CursoViolência, criminalidade e prevenção – Módulo 1 
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2 - Fatores institucionais - relacionados à insuficiência do Estado, crise do modelo familiar, 
recuo do poder da Igreja. 
 
3 - Fatores culturais - problemas de origem histórica, conflitos étnicos e de desordem moral. 
 
4 - Demografia urbana - crescimento das taxas de natalidade e, principalmente, a expansão 
urbana súbita e desordenada, o que favoreceu o aparecimento de grandes aglomerados urbanos. 
 
5 - O poder da mídia - ênfase em notícias sobre crimes violentos que acabam por influenciar a 
percepção do cidadão sobre o fenômeno. 
 
6 - A globalização mundial - a diminuição e contestação a noção de fronteira e a capilaridade 
do crime organizado (narcotráfico, posse e uso de armas de fogo, guerra entre gangues). 
 
 
 
 
Um entendimento mais abrangente acerca da violência deve ir além dos fatores visíveis 
expressos muitas vezes em forma de “violência direta”, quando um ou mais indivíduos praticam 
ações interpessoais violentas uns contra os outros. 
 
Existem formas ocultas da violência, muitas vezes difíceis de serem claramente detectadas, 
determinadas e definidas. É exatamente pelo fato da violência poder existir de forma oculta que 
se faz necessário estabelecer tipologias de tal fenômeno, da mesma forma que em medicina é 
necessária uma taxonomia consubstanciada pela patologia, enquanto pré-requisito básico do 
entendimento do fenômeno da doença e conseqüente articulação das atividades de controle da 
saúde (epidemiologia). Assim, os diversos tipos de enfermidades podem ter suas causas 
identificadas,sejam elas diretamente reconhecíveis ou não. 
 
 
 
 
Variáveis tipológicas da violência 
 
A violência pode ser caracterizada de acordo com diferentes variáveis: 
 
Quanto ao tipo de vítima: crianças, mulheres, idosos, deficientes físicos etc. 
 
Quanto ao tipo de agente: gangues, jovens, narcotraficantes, multidões, policiais etc. 
 
Quanto à natureza da ação violenta empreendida: física, psicológica, sexual etc. 
 
Quanto à motivação, no caso da ação ser instrumental para algum propósito último: 
violência política, econômica, social, étnica, racial etc. 
 
Quanto ao tipo geral de local de ocorrência da violência: urbana ou rural. 
 
Quanto à relação entre a vítima e o agente da violência: violência familiar, violência entre 
conhecidos, violência entre desconhecidos etc. 
 
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A Influência da mídia 
 
A violência que vira notícia chega até as casas pessoas assumindo, diferentes conotações. Uma 
delas seria referente aos chamados crimes violentos (roubos e furtos, homicídios, lesões 
corporais e estupros). Outra refere-se ao vandalismo, entendido como a destruição proposital de 
patrimônio, quer seja ele público ou privado. 
 
A expressão também é utilizada para se referir: 
 
As perturbações da ordem pública, de ocorrência típica em locais de realização de grandes 
eventos, caso dos estádios onde são realizados jogos de futebol; 
 
A discriminação a grupos demográficos como alvo, como por exemplo grupos de orientação 
sexual diferenciada (homossexuais, travestis etc); e 
 
As ações delitivas praticadas entre grupos de jovens, as chamadas gangues. 
 
Em sua opinião, a mídia ao noticiar a violência influencia a opinião das pessoas sobre a 
questão? 
 
O Guia para Prevenção do Crime e da Violência, desenvolvido em 2005, pelo Ministério da 
Justiça com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD / Brasil, 
utiliza dados de uma pesquisa de Khan (2001), comparando a ênfase dada pela mídia aos crimes 
violentos e as estatísticas dos registros de ocorrência, para ressaltar a influência da mídia na 
percepção do cidadão sobre a violência e a criminalidade. 
 
Seja como for, pode-se afirmar que a imprensa terá sempre muita dificuldade de produzir 
um discurso equilibrado e racional sobre o crime e a violência porque os eventos mais 
graves, mesmo que sejam raros, tendem a adquirir sempre um peso desproporcional na 
cobertura jornalística induzindo as pessoas a um erro de percepção a respeito da incidência 
dos crimes violentos. 
 
(Ministério da Justiça, Guia de Prevenção do Crime e da violência, 2005, p.13) 
 
 
 
 
Aula 3 - A violência como objeto de estudo 
 
Mesmo que a mídia favoreça uma imagem distorcida da violência, o fenômeno existe e para 
melhor compreendê-lo é necessário analisar as contribuições de alguns campos de conhecimento 
que utilizam a violência como objeto de estudo. Dentre eles: a biologia, epidemiologia, a ciência 
política, criminologia, economia, etiologia, psicologia, sociologia, bem como atualmente, da 
neurociência. 
 
Os estudos destas áreas têm favorecido para que a violência seja entendida como um fenômeno 
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multidisciplinar, modificando o foco das políticas públicas e de enfrentamento do problema, ou 
seja, intensificando ações preventivas ao invés de repressivas, valorizando o investimento em 
ações educativas ao invés de punitivas. 
 
Considerando o que você estudou até aqui, reflita sobre o conceito de violência, crime e 
prevenção. Guarde-os para comparar com os conceitos apresentados a seguir. 
 
 
 
 
 
Ampliação e re-significação conceitual 
 
Os estudos dos diversos campos de conhecimento contribuem também para ampliação a re-
significação conceitual da questão. Assim, destacam-se os conceitos de crime, violência e 
prevenção, que orientaram o documento Guia da Prevenção, já ressaltado anteriormente e que 
será estudado por você no módulo 4. 
 
Crime - Transgressão imputável da lei penal, por dolo ou culpa, ação ou omissão.(Houaiss) 
 
Violência - Uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra outra pessoa 
ou contra si próprio ou contra outro grupo de pessoas, que resulte ou tenha grande possibilidade 
em resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento, ou privação 
(Organização mundial da saúde -OMS). 
 
Prevenção do Crime e da Violência - Resultado de políticas, programas e/ou ações de redução 
do crime e da violência e/ou seu impacto sobre os indivíduos e a sociedade, atuando sobre os 
fatores de risco e os fatores de proteção que afetam a incidência do crime e da violência e seu 
impacto sobre os indivíduos, famílias, grupos e comunidades, e sobre a vulnerabilidade e a 
resiliência dos indivíduos, famílias, grupos e comunidades diante do crime e da violência. 
 
 
 
 
 
 
Conclusão 
 
Neste módulo você estudou sobre os fatores relacionados à violência e a contribuição dos 
campos de estudo para a compreensão e ampliação conceitual da questão. 
 
Refletiu também sobre a influência da mídia na percepção do cidadão sobre a violência. 
 
No próximo módulo você estudará que além do dano social, apresentado no texto sobre 
Violência e Vulnerabilidade social, a violência tem um custo econômico. 
 
 
 
 
 
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Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão do 
conteúdo. 
 
O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas páginas 
anteriores. 
 
1. Leia o texto Violência e Vulnerabilidade Social (Ver anexo 1) e elabore um quadro com os 
conceitos trabalhados no texto: violência, vulnerabilidade social, violência física, violência 
simbólica, dentre outros que você julgar importante para o seu estudo. 
 
Volte à charge apresentada no início módulo, leia a sua resposta, se julgar necessário, e re-
elabore ampliando com o que você aprendeu. 
 
Este é o final do módulo 1 
 
Violência e criminalidade: uma visão geral 
 
Além das telas apresentadas, o material complementar está disponível para acesso e 
impressão. 
 
 
 
 
Anexos: 
 
Anexo 1 
 
ABRAMOVAY, Miriam e PINHEIRO, Leonardo Castro. “Violência e Vulnerabilidade 
Social”. In: FRAERMAN, Alicia (Ed.). Inclusión Social y Desarrollo: Presente y futuro 
de La Comunidad IberoAmericana. Madri: Comunica. 2003. 
 
Violência e Vulnerabilidade social 
 
Miriam Abramovay1 
Leonardo Castro Pinheiro2 
 
A violência e a vulnerabilidade social são fenômenos que vem se acentuando no mundo 
contemporâneo. Entender a relação entre eles é o principal desafio dos governos e da sociedade 
civil para este século. É conveniente destacar que os jovens de classes populares, se comparados 
a outros extratos da sociedade são uns dos grupos mais atingidos por esses fenômenos. Visto que 
vários estudos3 demonstram que a precariedade dos serviços públicos e das condições de vida, a 
falta de oportunidades de emprego e lazer e as restritas perspectivas de mobilidade social, como 
potenciais motivadores de ações violentas. Assim, tendo em vista a situação em que vivem os 
jovens de camadas populares, as esferas convencionais de sociabilidade já não oferecem 
respostas suficientes para preencher as expectativas desses jovens. Nos vazios deixados por elas 
constitui-se uma outra esfera ou dimensão de sociabilidade cuja marca principal é a transgressão. 
 
Neste sentido, o presente artigo visa discutir a relação entre a violência (sofrida e praticada por 
jovens) e a condição de vulnerabilidade social que eles se encontram. A vulnerabilidade social é 
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tratada aqui como o resultado negativo da relação entre a disponibilidade de recursos (materiais 
ou simbólicos) dos atores e o acesso à estrutura de oportunidades sociais, econômicas, culturais 
que provêem do Estado, do mercado e da sociedade civil. 
 
Para este fim o artigo foi dividido em duas partes além desta introdução, conclusão e 
bibliografia. A primeira parte analisa, a partir de estudos recentes, os conceitos de violência e 
vulnerabilidade social e procura correlacioná-los com vista a desenvolver um campo de 
referência para o estudo de políticas públicas. Já a segunda parte analisa o conceito de capital 
social e advoga seu uso em projetos que tenham com o objetivo quebrar o ciclo perverso da 
violência e vulnerabilidade social entre os jovens de camadas populares e relacionando-os 
empiricamente a algumas iniciativas bem-sucedidas de organismos internacionais como a 
UNESCO Brasil e organizações não-governamentais. 
 
 
 
 
1 Miriam Abramovay é professora e pesquisadora da Universidade Católica de Brasília (UCB) 
2 Pesquisador- UNESCO 
3 Desde 1997, a UNESCO-Brasil iniciou uma série de pesquisas centradas nos temas de juventude, violência e 
cidadania. Alguns dos livros que resultaram dessas pesquisas são os seguintes: Juventude, Violência e Cidadania nas 
Cidades da Periferia de Brasília (1998); Gangues, Galeras, Chegados e Rappers – Juventude, Violência e Cidadania 
nas Cidades da Periferia de Brasília (1999); Cultivando Vidas, Desarmando Violências – Experiências em 
Educação, Cultura, Lazer, Esporte e Cidadania com Jovens em Situação de Pobreza (2001), Juventude, Violência e 
Vulnerabilidade Social na América Latina: Desafios para Políticas Públicas (2002) e Escolas Inovadoras: 
Experiências Bem-Sucedidas em Escolas Públicas (2003). 
Violência e Vulnerabilidade Social. 
 
A violência é um fenômeno social que preocupa a sociedade e os governos na esfera pública e 
privada. Seu conceito esta em constante mutação visto que não é fácil defini-lo, pois não existe 
um conceito absoluto. Enquanto um conceito mais restrito, pode deixar de fora parte das vítimas, 
uma definição muito ampla recorre no perigo de deixar de fora parte das vítimas e de não levar 
em conta as micro violências do cotidiano. Em sentido estrito refere-se à violência física como a 
intervenção de um individuo ou grupo contra a integridade de outro(s) individuo(s) ou grupo(s) e 
também contra si mesmo. Tal definição abarca desde os suicídios, espaçamentos de vários tipos, 
roubos, assaltos e homicídios até a violência no transito (camuflada sobre o nome de 
“acidentes”) e todas as diversas formas de agressão sexual, ou seja a violência que se encontra no 
código civil ou segundo Chesnais (1981) a “ violência dura”. Já a violência simbólica refere-se 
ao abuso do poder baseado no consentimento que se estabelece e se impõe mediante o uso de 
símbolos de autoridade, como a violência verbal e também a violência institucional 
marginalização, discriminação e práticas de assujeitamento utilizadas por instituições diversas 
que instrumentalizam estratégias de poder). 
 
No Brasil a violência está intimamente ligada à condição de vulnerabilidade social de certos 
extratos populacionais, como por exemplo os jovens. Atualmente, esses atores sofrem riscos de 
exclusão social sem precedentes devido a um conjunto de desequilíbrios provenientes do 
mercado, Estado e sociedade que tendem a concentrar a pobreza entre os membros deste grupo e 
distanciá-los do “curso central” do sistema social. (Vignoli, 2001). 
 
Outro aspecto perverso da vulnerabilidade é a escassa disponibilidade de recursos materiais ou 
simbólicos a indivíduos ou grupos excluídos da sociedade. O não acesso a determinados insumos 
(educação, trabalho, saúde, lazer e cultura) diminui as chances de aquisição e aperfeiçoamento 
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desses recursos que são fundamentais para que os jovens aproveitem as oportunidades oferecidas 
pelo Estado, mercado e sociedade para ascender socialmente. 
 
Marilena Chauí (1999) define a violência de forma multifacetada: seria tudo o que vale da força 
para ir contra a natureza de um ator social, ou seja, todo o ato de força contra a espontaneidade, a 
vontade e a liberdade de alguém e todo o ato de transgressão contra o que a sociedade considera 
justo e direito. 
 
Para Santos (1986:53), as noções de solidariedade social, consciência coletiva, crime e anomia 
fornecem um ponto de partida para o estudo da violência. Segundo Durkheim in Santos, a 
violência seria definida como, “um estado de fratura nas relações de solidariedade social e em 
relação às normas sociais e jurídicas vigentes em dada sociedade”. 
 
Santos (1986:68) ainda destaca a interferência no mundo atual dos conflitos relacionais que 
agregam às relações de dominação. A violência nesta perspectiva poderia ainda ser explicada, 
como “um ato de excesso, qualitativamente distinto, que se verifica no exercício de cada relação 
de poder presente nas relações sociais de produção social”. 
 
Devido à generalização do fenômeno da violência não existem grupos sociais protegidos, 
diferentemente de outros momentos históricos, ainda que alguns tenham mais condições de 
buscar proteção institucional e individual. Isto é, a violência não mais se restringe a 
determinados nichos sociais, raciais, econômicos e/ou geográficos, ela tornou-se um fenômeno 
sem voz e rosto que invade o cotidiano. 
A situação de vulnerabilidade aliada às turbulentas condições socioeconômicas ocasiona uma 
grande tensão entre os jovens que agravam diretamente os processos de integração social e, em 
algumas situações, fomenta o aumento da violência e da criminalidade. 
 
Ressalta-se que a violência embora, em muitos casos, associada à pobreza, não é sua 
conseqüência direta, mas sim da forma como as desigualdades sociais, a negação do direito ao 
acesso a bens e equipamentos como os de lazer, esporte e cultura operam nas especificidades da 
cada grupo social desencadeando comportamentos violentos. 
 
Assumindo que os recursos à disposição do Estado e do mercado são insuficientes para, 
sozinhos, promoverem a superação da vulnerabilidade e de suas conseqüências, em particular a 
violência, advoga-se o fortalecimento do capital social intergrupal, através do aumento da 
participação e valorização das formas de organização e expressão do jovem, como estratégia de 
ação para envolver a sociedade e seus recursos na busca de soluções para o problema como 
descreveremos na próxima seção. 
 
Capital social como instrumento de combate ao binômio violência/vulnerabilidade social 
 
Experiências que priorizam a participação dos jovens como antagonistas do seu processo de 
desenvolvimento vêem demonstrando ser alternativas eficientes para superar a vulnerabilidade 
desses atores, tirando-os do ambiente de incerteza e insegurança (Castro et al, 2001). Captar e 
disseminar a expressão dos jovens, concretizando suas potencialidades juvenis e permitindo que 
eles contribuam para a problematização de seu cotidiano é de fundamental importância para o 
sucesso desses programas. Além disso, a valorização das formas de expressão tipicamente 
juvenis, tais como o rap e o grafite, colabora para que, tanto os próprios jovens quanto o resto da 
sociedade, reconheçam esses atores como capazes de contribuir e construir soluções pacíficas 
para os conflitos sociais. 
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Através da pesquisa Cultivando Vidas, Desarmando Violências, a UNESCO, acompanhou por 
meio de uma complexa engenharia de pesquisas e avaliações, programas realizados por governos 
locais, ONGs, e outras entidades da sociedadecivil em 10 estados brasileiros, que 
desenvolveram atividades que colaboram no combate a violência e na construção de uma cultura 
pela paz, recorrendo ‘a arte, educação para cidadania, esporte e entretenimento com e para 
jovens em comunidades sujeitas a vulnerabilidades sócioeconomicoculturais. 
 
A intenção era dar reconhecimento social às iniciativas e identificar os caminhos alternativos que 
foram percorridos por diversas instituições para o incremento do capital social e 
desenvolvimento dos jovens. A pesquisa demonstrou que através do estimulo ao capital social 
intergrupal, expresso por meio dos programas das referidas intituições buscava-se construir 
espaços alternativos de estimulo a criatividade, ‘a participação, ‘a auto-estima, ‘a formação 
artístico e cultural, e promoviam a formação em temas como cidadania, oferecendo alternativas 
de ocupação do tempo e contribuindo para uma massa critica ‘à cultura e praticas de violência. 
 
Em muitas dessas experiências resgatavam-se sentidos de direitos humanos, facilitando meios de 
expressão e de verbalização, pelos jovens, dos sentimentos de indignação, protesto e afirmação 
positiva de suas identidades. Além disso, utilizando o poder agregador do lúdico, seja na forma 
de arte, esporte ou cultura, e investia-se em outra forma de sociabilidade entre os jovens e entre 
gerações , evitando o isolamento social dos jovens e estigmas sociais contra culturas juvenis. 
 
Experiências tais quais as descritas no livro Cultivando Vidas e outros vários estudos (ver entre 
outros Coleman, 1990; Narayan, 1997; Collier, 1998; Glaeser, Sacerdote e Scheinkman, 1996; 
Rubio, 1997), demonstram que a diminuição da vulnerabilidade social e o combate as suas 
conseqüências, em especial a violência, passam pela promoção e fortalecimento do capital social 
intergrupal. 
 
Mas o que vem a ser capital social? 
 
Com seu livro Comunidade e Democracia: A Experiência da Itália Moderna e em outros artigos 
recentes a respeito do desaparecimento da cultura cívica na América, Robert Putnam (1993 e 
1995) inspirou a literatura acadêmica sobre capital social. O capital social pode ser entendido 
como um tipo particular de recurso que esta disponível a indivíduos ou organizações e que 
facilita a realização de ações coletivas. Os componentes do capital social incluem (1) o contexto 
onde se operam as obrigações, expectativas e confiança entre os atores, (2) a qualidade aos 
canais de informações disponíveis e (3) a existência de normas e sansões que visem disciplinar 
as relações entre os atores. Apesar de não serem as únicas fontes, as redes de engajamento 
públicas, como: associações comunitárias, clubes de esporte, associações culturais e outros tipos 
de organizações voluntárias ou não; são geralmente caracterizadas como importantes locais para 
a geração de capital social. Diferentemente do capital físico ou humano, o capital social não é de 
propriedade de indivíduos ou instituições. Surge das relações entre atores e serve para facilitar as 
atividades de cooperação entre eles. 
 
O conceito de capital social nos convida a explorar a infra-estrutura da sociedade civil e sugere 
que com sua análise se possa encontrar explicações do porque algumas localidades ou 
instituições apresentam maior vitalidade e eficiência no combate a exclusão social e a violência 
do que outras. O capital social não é um conceito homogêneo, mas uma composição de vários 
elementos sociais que promovem (contextualizam) a ação individual e coletiva. As pesquisas 
desenvolvidas a respeito vêm utilizando indicadores de capital social baseados na participação 
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em organizações sociais, atitudes cívicas, cooperação e sentido de confiança entre os membros 
da comunidade. 
 
Existem dois argumentos principais que defendem os efeitos positivos do capital social sobre a 
redução da violência (crime). Ambos, segundo os autores, estão ligados ao entendimento de 
relações simpáticas (sympathetic) entre os membros da comunidade: 
 
• o capital social reduz os custos das transações sociais, colaborando para soluções 
pacíficas dos conflitos. 
• comunidade com fortes laços entre seus membros são melhores equipadas para 
superar o problema de ação coletiva do tipo free-rider4. 
 
Por outro lado, acredita-se que, em certos contextos, fortes interações sociais permitem aos 
indivíduos envolvidos em atividades criminais trocarem com mais facilidade informações e 
know-how para a diminuição dos custos do crime. Essas interações sociais podem facilitar a 
influência de marginais sobre outros membros da comunidade, desenvolvendo a propensão ao 
crime e violência. De acordo com Glaeser, Sacerdote e Scheinkman (1996), essa interação social 
perversa pode ser a causa fundamental para a inércia das taxas de crime, observadas nas cidades 
dos EUA. 
 
Nesse texto, denomina-se o primeiro tipo de capital social de capital social positivo; e o segundo 
tipo, de capital social negativo. 
No livro Gangues, Galeras, Chegados e Rappers discute-se a formação de capital social negativo 
para a contribuição no aumento da presença desses grupos no Distrito Federal. 
 
Considerando a hipótese da existência de gangues, propõe-se a conhecer quem são os jovens que 
delas fazem parte e sua representação/percepção sobre temas tais como violência, família, 
trabalho, educação, consumo, drogas, cidadania, futuro .A relevância do trabalho baseia-se em 
números que demonstram a altíssima incidência da violência entre a juventude, principalmente 
nos grandes centros urbanos. 
 
Em linhas gerais, as teorias que explicam as possíveis causas da emergência da violência e 
criminalidade entre a juventude apresentam três grandes grupos de hipóteses: o que se ancora na 
explicação individual, enfatizando a culpa no indivíduo, por conta da personalidade e de fatores 
biossociais; o que atribui a causa a fatores estruturais, em decorrência do atual modelo 
econômico global, que exclui grandes contingentes populacionais e o que atribui o problema à 
crise e falência das instituições e normas da sociedade moderna. 
 
A formação de gangues/galeras se dá, em sua maioria, nos espaços onde a sociedade não tem 
respostas efetivas, por parte do poder público, para as suas demandas e necessidades. 
 
Esse não cumprimento de suas atribuições força o Estado a aceitar um novo tipo de “ordem” 
imposta, de maneira geral, pelo crime e pela violência. Por conta desses fatores, entre outros, 
adverte-se que não existe apenas uma crise de ideais ou de expectativas de futuro, mas também 
uma adaptação ativa a novos modelos e identidades. 
 
Os resultados do estudo mostra, de modo geral, como as gangues e galeras são caracterizadas de 
forma negativa, já que implicariam na adoção de atitudes criminosas, tais como pichação, 
assaltos, furtos, vandalismo. Por outro lado, os grupos de rappers são retratados de forma 
positiva, já que estariam, na sua maioria, mais afinados com a denúncia e o protesto – 
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principalmente através da música – sobre a situação de vida de seus membros. Seriam, portanto, 
uma espécie de alternativa às gangues. Numa distinção entre o capital social positivo e o capital 
social negativo. 
 
Em outra perspectiva, Narayan (1999) estende a formulação de Lederman e relaciona a 
abrangência do capital social com a eficiência das ações do Estado (funcionalidade de governo) 
para explicar os efeitos do capital social no combate a vulnerabilidade em geral, e a pobreza em 
específico. Para o autor, a combinação entre o capital social e a ação do Estado pode gerar: bem 
estar social e econômico, a permanência da situação de exclusão, o conflito ou ações coletivas de 
superação dos problemas, dependendo da abrangência do capital sociale da eficiência da ação 
estatal (Narayan, 1999: 14). 
 
O bem estar social e econômico é obtido em cenários ideais, onde a boa funcionalidade do 
governo, complementada pela existência de fortes relações sociais intergrupais, consegue 
produzir resultados econômicos e sociais positivos para os problemas apresentados. 
 
Em países, regiões ou comunidades com uma boa funcionalidade de governo com clivagens 
sociais, onde um grupo exerce domínio sobre a estrutura política, a existência de capital social 
positivo favorece a consolidação da situação de exclusão dos grupos não dominantes. 
 
 
4 Para saber mais consulte OLSON, Mancur. A Lógica da Ação Coletiva: Os Benefícios Públicos e uma Teoria dos 
Grupos Sociais. São Paulo: Iedusp. (1999). 
Por ventura, se os grupos não-dominantes conseguirem organizarem um capital social que 
transpasse suas identidades, sua ação pode alterar o status quo e a distribuição de poder entre os 
grupos, alcançando a situação de bem estar social e econômico. 
 
De outra forma, Narayan (1999) explica que na situação de mau funcionamento estatal a 
sociedade com capital social predominantemente do tipo negativo estaria mais disposto a 
debandar-se para o conflito, violência, guerra civil. Para o autor, com o mau funcionamento da 
força estatal, os grupos sociais passam a substituir as funções do aparato público, no entanto, 
uma vez que o capital social e do tipo negativo, os benefícios gerados por essa substituição são 
concentrados no grupo dominante, que exclui os demais pelo uso da força ou pela ameaça do 
uso. 
Em sociedades onde os recursos estatais não conseguem atender demandas da população mas 
onde é predominante o capital social negativo, as interações sociais extra-estatais tornam-se 
gradualmente substitutas das funções estatais, formando a base para estratégias e ações de 
superação dos problemas daquelas sociedades. Associações de moradores, cooperativas de 
produtores, associações de pais e mestres, organizações não governamentais de proteção a 
minorias independentes ou com pouco contato com agencias governamentais passam a suprir 
demandas não atendidas pelo Estado. 
 
Iniciativas como o Programa Abrindo Espaços da UNESCO apresentam-se como propostas 
geradores de capital social positivo, capazes de promover a inclusão social, acesso a espaços 
alternativos, protegidos, equipamentos e bens de arte-educação e entretenimento, bem como de 
convivência para a juventude e a comunidade em geral. A preocupação com a qualidade da 
programação dos fins de semana nas escolas é outra marca peculiar e transcende tais momentos, 
pois se investe na construção de uma cultura de paz, cuidando de pilares de tal cultura, como 
valores, ética, estética e educação baseada nos direitos humanos e de cidadania. Seu principal 
objetivo é colaborar para a reversão desituaçôes de vulnerabilidade social. 
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Outro fator importante é a expectativa de que o Programa Abrindo Espaços possa contribuir, 
cada vez mais, para que o espaço escolar se torne um local de acesso a todos os membros da 
comunidade, independente de estes estarem formalmente a ele vinculados, promovendo um tipo 
de interação capaz de atrair não apenas os jovens regularmente matriculados, mas - e sobretudo - 
aqueles que ainda não estão. Além disso, acredita-se na possibilidade de se propiciar uma nova 
via, mais informal, de aproximação entre a família e a escola, a comunidade e a escola e a 
juventude e a escola. 
O Programa se baseia em vários componentes interligados, sendo a abertura das escolas, um 
produto cuja elaboração e re-elaboração passa pelo acionamento de pesquisas de avaliação em 
distintos momentos de implantação e desenvolvimento do Programa; o concurso de especialistas 
em temas da agenda das atividades que se realizam nos fins de semana; na capacitação dos 
animadores que acionam tais atividades; na produção de material artístico-pedagogico e na 
participação de jovens, comunidade e escolas 
 
Conclusão 
 
Em suma, a literatura analisada sobre capital social e sua relação com a pobreza, com a exclusão 
e com a violência (apenas para citar alguns casos específicos), sugere que intervenções que 
objetivam a melhoria das economias nacionais precisam levar em consideração a organização 
social, facilitando ou incentivando a promoção de interações entre grupos que fortaleçam o 
capital social abrangente para que a sociedade participe da formulação, implementação e 
avaliação das estratégias de desenvolvimento. 
 
Referências Bibliográficas 
 
ABRAMOVAY, Miriam e RUA, Maria das Graças. Violências nas Escolas. Brasília, UNESCO, 
2002. 
 
ABRAMOVAY, Miriam; WAISELFISZ, Júlio Jacobo; ANDRADE, Carla Coelho & RUA, 
Maria das Graças. Gangues, Galeras, Chegados e Rappers: Juventude, Violência e Cidadania nas 
Cidades da Periferia de Brasília. Rio de Janeiro: Garamond, 1999. 
 
ABRAMOVAY, Miriam (Coord.). Escolas de Paz. Brasília: UNESCO, Governo do Estado do 
Rio de Janeiro/ Secretaria de Estado de Educação, Universidade do Rio de Janeiro, 2001. 
 
ABRAMOVAY, Miriam (Coord.). Juventude, violência e vulnerabilidade social na América 
Latina: desafios para políticas públicas. Brasília: UNESCO, BID, 2002. 
 
CASTRO, Mary Garcia (Coord.). Cultivando vida, desarmando violências: experiências em 
educação, cultura, lazer, esporte e cidadania com jovens em situações de pobreza. Brasília: 
UNESCO, Brasil Telecom, Fundação Kellog, Banco Interamericano de Desenvolvimento, 2001. 
 
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CHAUÍ, Marilena. “Um ideologia perversa: Explicações para a violência impedem que a 
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Mais!, p5-3), 1999. 
 
COLEMAN, J. Foundations of social theory. Cambridge, Mass.: Harvard University 
Press.(1990) 
 
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COLLIER, P. “Social Capital and Poverty”. Development Economics Research Group, World 
Bank, Washington, DC.(1998) 
 
GLASER, E.; SACERDOTE, B., e SCHEINKMAN Crime and social interactions” Quartely 
Journal of Economics n 111, pp. 507-548.(1996) 
 
LEDERMAN, D., LOAYZA, N., e MENENDEZ, A.M., . “Violence crime: Does social capital 
matter?” Office of the Chief Economist, Latin America and Caribbean Region, World Bank, 
Washington, DC.(2000) 
 
NARAYAN, D. Cents and sociability: household income and social capital in rural Tanzânia. 
Policy Research Working Paper nº 1796. Washington D.C: World Bank.(1997) 
 
NARAYAN, D. Bonds and Brigdes: Social Capital and Poverty. Artigo não publicado. The 
World Bank Poverty Group. World Bank : Washington DC.(1999) 
 
PUTNAM, Robert. Comunidade e Democracia: A Experiência da Itália Moderna.. Rio de 
Janeiro: FGV Editora. 1993. 
 
PUTNAM, Robert. ‘Bowling alone: America’s declining social capital’ in Journal of 
Democracy, Nº 6 (Vol. 1), Pp.65–78, 1995. 
 
RUBIO, M. Perverse social capital : Some evidence from Colombia, Journal of Economic Issues 
n 31 pp. 805-816.(1997) 
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Módulo 2 – Os custos da violência e as políticas públicas 
 
O relatório da Organização Mundial da Saúde, lançado dia 8 de julho de 2005, em Viena, 
ressalta que além de devastar vida(s), a violência impõe custos econômicos imensos para as 
sociedades no mundo inteiro. Segundo o relatório algumas gastam mais de 4% de seu Produto 
Interno Bruto. 
 
Você 
saberia dizer: 
Quais os aspectos estão 
relacionados a este custo? 
Qual a relação entre os custos 
econômicos e os custos sociais 
e a formulação de políticas 
na área de Segurança 
Pública? 
 
 
Estas questõesorientarão o estudo deste módulo. 
 
 
 
 
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de: 
 
Analisar dados e informações que possibilitem identificar os custos econômicos e sociais 
relacionados a violência; 
 
Estabelecer uma correlação entre custos econômicos e sociais com os impactos na qualidade de 
vida da população e com o desenvolvimento do país; e 
 
Reconhecer que a identificação dos custos sociais e econômicos das violência contribuem para a 
formulação de políticas públicas eficientes, eficazes e efetivas. 
 
 
 
O conteúdo deste módulo está dividido em 3 aulas: 
 
Aula 1 - Um pouco sobre a questão antes de começar 
 
Aula 2 - Custos econômicos 
 
Aula 3 - Custos sociais da violência e da criminalidade 
 
 
 
 
 
 
 
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Aula 1 - Um pouco sobre a questão antes de começar 
 
Medir os custos da violência. Este era, até pouco tempo atrás, um enorme desafio, pois além 
destes custos não representarem um aspecto patente, eram pouco considerados e eram difíceis de 
mapeá-los. 
 
Hoje, além de instrumentos de pesquisas e ferramentas tecnológicas que auxiliam na 
representação dos dados e informações relacionados à medida da violência, se torna 
imprescindível o levantamento, a coleta e análise dos mesmos, para que além de eficientes e 
eficazes, as políticas públicas na área de segurança possam ser efetivas. 
 
As cifras da incidência da violência e do efeito negativo do crime representam uma série de 
danos para a sociedade brasileira com impactos nas áreas sociais e econômicas, 
interferindo, conseqüentemente, na melhoria da qualidade de vida da população e no 
desenvolvimento econômico e político do país. 
 
 
 
 
Na próxima aula, você poderá observar os principais custos econômicos e sociais da violência 
e criminalidade no Brasil, analisados pela Senasp, com base em relatórios de pesquisas dos 
seguintes institutos: 
 
ILANUD - Instituto Latino Americano das Nações Unidades (1999) - Pesquisador responsável: 
Túlio Kahn; 
ISER - Instituto Superior de Estudos da Religião (1995) - Pesquisador responsável: Leandro 
Piquet; e 
CRISP - Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (1999) - Pesquisador 
responsável: Cláudio Beato 
 
Comentário 
Os termos eficiência, eficácia e efetividade são critérios fundamentais para a avaliação de 
custo/benefício de uma ação de melhoria e consequentemente são utilizados na avaliação de 
políticas públicas. 
 
Eficiência – Indica a otimização dos recursos para obtenção de resultados. 
Eficácia – Aponta a contribuição dos resultados obtidos com a ação de melhoria. 
Efetividade – É grau de relação existente entre os resultados alcançados e os originalmente 
propostos. As políticas públicas da área de segurança precisam ser efetivas, não bastando apenas 
responder à aplicação de recursos, mas gerar resultados em benefícios de todos. 
 
 
 
 
Aula 2 - Custos econômicos 
 
Custos diretos 
 
Os custos econômicos considerados diretos, envolvem bens e serviços públicos e privados 
gastos no tratamento dos efeitos da violência e prevenção da criminalidade. 
 
Considerando o PIB municipal das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, os 
institutos de pesquisa – ILANUR, ISER e CRISP apontam os seguintes índices com relação ao 
gasto com a violência. 
 
Cidade Ano Custo 
Rio de Janeiro 
São Paulo 
Belo Horizonte 
1995 
1999 
1999 
51 bilhões 
310 bilhões 
21 bilhões 
 
Em 1999, em São Paulo, foram gastos pelo poder público no combate à criminalidade 4,2 
bilhões e deixaram de ser produzidos 470 milhões. 
 
 
 
Além destas cifras refletirem nos impostos pagos pelos cidadãos, outros aspectos contribuem 
para que esta conta tenha um número ainda maior, como mostra o gráfico a seguir: 
 
 
 
Segurança privada (400.000 vigias) 
 
Seguros de automóveis 
 
Veículos furtados e roubados 
 
Outros 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
60% do gasto da sociedade civil 
se direciona ao custeio da 
segurança privada. 
 
 
 
Fonte: ILANUD 
 
 
 
 
 
 
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Custos indiretos 
 
Os custos econômicos considerados indiretos referem-se a perda de investimentos, bens e 
serviços que deixam de ser captados e produzidos em função da existência da criminalidade e do 
envolvimento das pessoas (agressores e vítimas) nestas atividades. 
 
O elevado grau de letalidade da violência no Brasil implica em uma perda significativa de 
produção resultante da morte. No Rio de Janeiro, segundo o ISER, em 1995, o custo de 
produção perdida resultante da morte, por vítima, era de R$ 53.278,00 para o sexo masculino e 
de R$ 9.116,00 por vítima do sexo feminino. 
 
 
 
 
Aula 3 - Custos sociais da violência e da criminalidade 
 
São definidos como custos sociais os efeitos não econômicos da violência e da criminalidade. Os 
custos sociais podem ser avaliados a partir da incidência dos seguintes fatores: 
 
Doenças resultantes da violência (doenças mentais e incapacidade física); 
Mortes resultantes de homicídios e suicídios; 
Alcoolismo e dependência de drogas e entorpecentes; e 
Desordens depressivas. 
 
Os impactos da violência e da criminalidade trazem danos sociais e políticos que podem ser 
mensurados a partir da: 
 
Erosão de capital social; 
Transmissão de violência entre gerações; 
Redução da qualidade de vida; e 
Comprometimento do processo democrático. 
 
 
 
 
Comentário 
 
Os resultados de pesquisas de vitimização apontam que a incidência da criminalidade influencia 
e reduz a relação entre pessoas. Por serem vítimas de delitos ou conhecerem pessoas que foram 
vítimas, as pessoas passam a se relacionar menos com as outras pessoas buscando reduzir o risco 
a que poderiam estar submetidas. Resultando na redução da: 
 
Freqüência com que os vizinhos se visitam, conversam ou trocam gentilezas; 
Capacidade de formação de uma identidade de grupo entre os vizinhos; 
Vigilância informal dentro das comunidades; e 
Sensação de segurança das pessoas em relação ao lugar onde residem. 
 
Mudança de hábitos 
 
A violência também influencia na redução da qualidade de vida das pessoas, traduzindo uma 
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sensação de insegurança e provocando mudanças de hábitos e rotinas com o objetivo de reduzir a 
incidência de riscos. 
Assim, as pessoas: 
 
Deixam de ir a locais que gostam ou limitam os horários e locais onde transitam; 
Evitam o uso de meio de transportes coletivos; 
Investem na proteção de suas residências; e 
Compram armas e, muitas vezes, passam a andar armadas. 
 
Comentário 
 
Uma pesquisa realizada pelo CRISP na cidade de Belo Horizonte, no ano de 2002, relacionada a 
mensurar os custos sociais dos impactos da violência e do crime apontou os seguintes dados: 
 
10% da população possui arma de fogo; 
85 entre cada 100 pessoas consideram inseguro sair de casa a noite; 
Cerca de metade das pessoas também consideram inseguro ficar em casa a noite; 
80% das pessoas tomam medidas de precaução ao sair de casa; e 
04 entre 10 pessoas mudam o caminho seguido entre a residência e o trabalho como medida de 
precaução contra a violência. 
 
Aspectos Políticos 
 
As pesquisas realizadas apontam ainda para fatores relacionados ao aspecto político. Segundo 
as pesquisas a incidência da criminalidade contribui para uma pauta fragmentada e 
reativa das instituições responsáveis pela formulação de políticas de Segurança Pública, o 
que acarreta: 
 
Ausência de gestão; 
 
Sobreposição de ações realizadas pelas esferasfederais e estaduais; 
 
Falta de uma orientação e foco comum para políticas públicas estaduais; e 
 
Atraso e morosidade do processo democrático. 
 
Conclusão 
 
Neste módulo você estudou sobre os custos econômicos e sociais relacionados aos índices de 
violência e aos efeitos da criminalidade, tendo por base dados analisados pelo Ministério de 
Justiça a partir de pesquisas realizadas pelo ILANUD, CRISP e ISER. 
 
Os dados apresentados pelas pesquisas apontam que além dos custos diretos e indiretos 
relacionados aos aspectos econômicos, como por exemplo, o gasto com a Segurança Pública pelo 
setores públicos e privados; os índices de violência e os efeitos da criminalidade afetam a 
qualidade de vida da população e interferem no desenvolvimento democrático do país. 
 
A identificação dos custos econômicos e sociais auxiliará na formulação de políticas públicas 
mais eficientes, eficazes e efetivas para área de Segurança Pública. 
 
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Todos os dados apresentados podem ser consultados no site do Ministério da Justiça/ SENASP. 
 
(http://www.mj.gov.br/data/Pages/MJ1C5BF609PTBRNN.htm) 
 
 
Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão do 
conteúdo. 
 
O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas páginas 
anteriores. 
 
1. Por que é importante medir a incidência da violência e o efeito da criminalidade? 
 
2. Qual a diferença entre custos econômicos diretos e custos indiretos? Dê exemplos. 
 
3. Quais são os fatores que contribuem para avaliação da incidência dos custos sociais? 
 
4. Marque(V) para as sentenças verdadeiras e (F) para as falsas: 
 
( ) O levantamento, a coleta e análise dos custos econômicos e sociais relacionados à violência 
e a criminalidade contribuem para eficiência, eficácia e efetividade das políticas públicas na área 
de segurança. 
 
( ) Custos sociais são os efeitos oriundos da violência e da criminalidade que incidem sobre a 
economia. 
 
( ) Segundo as pesquisas a incidência da criminalidade contribui para uma pauta fragmentada e 
reativa das instituições responsáveis pela formulação de políticas de segurança pública. 
 
Este é o final do módulo 2 
 
Respostas: 
 
1. Porque as cifras da incidência da violência e do efeito negativo do crime representam uma 
série de danos para a sociedade brasileira com impactos nas áreas sociais e econômicas, 
interferindo, conseqüentemente, na melhoria da qualidade de vida da população e no 
desenvolvimento econômico e político do país. 
 
2. Os custos econômicos diretos envolvem bens e serviços públicos e privados gastos no 
tratamento dos efeitos da violência e prevenção da criminalidade. Exemplo: custos com 
encarceramento. Os custos econômicos indiretos referem-se a perda de investimentos, bens e 
serviços que deixam de ser captados e produzidos em função da existência da criminalidade e do 
envolvimento das pessoas (agressores e vítimas) nestas atividades. Exemplo: Baixa na procura 
de turistas. 
 
3. Doenças resultantes da violência (doenças mentais e incapacidade física). Mortes resultantes 
de homicídios e suicídios. Alcoolismo e dependência de drogas e entorpecentes. Desordens 
depressivas. 
 
4. V, F e V. 
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Módulo 3 – Prevenção e controle da violência e da criminalidade 
 
Neste módulo você estudará e discutirá sobre vários aspectos envolvidos no controle e na 
prevenção da criminalidade, a partir de recomendações feitas pelo Banco Interamericano de 
desenvolvimento – BID. 
 
Não existem soluções prontas para a prevenção da violência, porém existem várias alternativas, 
com diversas abordagens teóricas. Mas, qual é a melhor abordagem, a prevenção ou o controle 
da violência? Você verá ainda quais instituições ou locais devem ser objeto de programas e ações 
de prevenção contra a violência. Por fim, estudará sobre as ações que podem ser eficazes no 
controle da criminalidade e como pode se dar o controle de fatores de risco, como as drogas e 
gangues juvenis. 
 
 
 
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de: 
 
Identificar as diferenças e similaridades entre prevenção e controle da criminalidade; 
 
Compreender qual o fundamento das estratégias de prevenção; 
 
Refletir a respeito de ambientes institucionais que podem ser objeto de ações, projetos e 
programas de prevenção da violência; e 
 
Refletir a respeito das ações dos policiais no controle da violência e da criminalidade. 
 
 
 
 
O conteúdo deste módulo está dividido em 5 aulas: 
 
Aula 1 - Prevenção e controle: propostas de ação; 
 
Aula 2 - Prevenção da violência e da criminalidade; 
 
Aula 3 - Ambientes institucionais e ações de prevenção recomendadas; 
 
Aula 4 - Controle da violência e da criminalidade; e 
 
Aula 5 - Controle de fatores de risco importantes: drogas e gangues juvenis. 
 
 
 
 
Aula 1 - Prevenção e controle: propostas de ação 
 
Como fenômeno multidisciplinar a violência recebe contribuições de diversos campos de 
conhecimento, o que vem contribuindo para uma melhor compreensão dos fatores de risco e a 
necessidade de que os fatores de proteção envolvam diferentes forças governamentais e sociais. 
 
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Não há, entretanto, soluções previamente estabelecidas para a prevenção da violência. Há 
sim, uma boa quantidade de propostas de ação com diferentes abordagens teóricas que 
podem ser divididas em dois grandes grupos: 
 
Os que propugnam pela prevenção da violência; e 
 
Os que defendem a abordagem do controle da violência. 
 
Ao primeiro caso, o da prevenção, a epidemiologia e o enfoque de saúde pública têm 
proporcionado metodologias antes vistas como aplicáveis apenas ao campo da saúde 
propriamente dito. Ao segundo, o do controle, a criminologia e os estudos jurídicos têm 
oferecido considerável suporte de conhecimento. 
 
A busca de soluções para a questão dos crimes violentos tem colocado a prevenção e o controle 
em posições opostas. A prevenção, por exemplo, busca a solução na correção de distorções 
sociais, tais como a diminuição da pobreza, a melhoria da educação e da melhor distribuição de 
renda. Essas são conhecidas como “soluções brandas”. Por outro lado, as “soluções duras” para 
os crimes violentos, propostas pelos defensores das medidas de controle, apontam o 
estabelecimento de maior quantidade e disponibilidade de recursos policiais, bem como no 
aumento das prisões e disponibilidade de vagas no sistema prisional, como o caminho a ser 
seguido. 
 
É preciso ter em conta, entretanto, que ambos, prevenção e controle, fazem parte de um 
contínuo em que o castigo efetivo, classificado como uma “solução dura” por natureza, 
pode ser um eficaz fator dissuasório do crime e, portanto, um mecanismo de prevenção 
contra alguns tipos de conduta violenta. Assim, de acordo com especialistas na matéria, as 
ações de prevenção não devem ser definidas de acordo com as soluções que produzem e 
sim, pelos seus efeitos observáveis nas condutas futuras. 
 
 
 
 
Aula 2 - Prevenção da violência e da criminalidade 
 
Quando se trata de prevenção da violência e da criminalidade, por onde se deve começar? O BID 
tem a proposta para um caminho. 
 
Chama-se de monitoração ou vigilância epidemiológica a coleta, análise e interpretação 
sistemática de dados para sua utilização no planejamento, execução e avaliação de políticas 
públicas e de programas contra a violência e a criminalidade. Segundo a visão do Banco 
Interamericano de Desenvolvimento, ela se compõe de quatro etapas: 
 
1. Definição do problema e coleta de dados confiáveis. 
 
2. Identificação das causas e fatoresde risco. 
 
3. Desenvolvimento e testes das intervenções. 
 
4. Análise e avaliação da efetividade das ações preventivas contra a violência. 
 
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Nesse sentido, a epidemiologia se configura em uma ferramenta bastante útil na construção de 
sistemas de informação acessíveis, em todos os níveis da ação governamental, que podem 
reduzir o sub-registro das mortes e lesões violentas e ajudam a identificar os fatores de risco 
associados a estes eventos (Lozano, 1997). 
 
 
 
 
Prevenção: Custo e Efetividade 
 
Segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), dados de estudos realizados em 
países industrializados indicam que ações de prevenção tendem a ser mais eficientes que 
ações de controle. 
 
Conforme o BID, nos Estados Unidos da América (EUA), estima-se que para cada dólar 
investido em prevenção poderiam ser economizados cerca de 6 a 7 dólares investidos em 
programas de controle. 
 
Apesar disso, o que se observa é que a maioria dos investimentos dos governos se destinam a 
combater o crime uma vez já ocorrido e ao tratamento das vítimas desses crimes. 
 
 
 
 
Estratégias de prevenção 
 
Uma das regras mais importantes da prevenção é que quanto mais cedo se atuar na vida de um 
indivíduo evitando o desenvolvimento de condutas violentas, mais efetiva será a ação 
preventiva. Em decorrência, as estratégias de prevenção devem estar orientadas previamente à 
redução dos fatores de risco de violência e/ou criminalidade ou ao aumento dos fatores de 
proteção contra a violência e/ou a criminalidade. 
 
O BID utiliza-se de sistema de classificação de estratégias de prevenção da violência e da 
criminalidade, agrupando-as em ações que objetivam: 
 
 
Estratégias de prevenção 
 
Prevenção estrutural 
Prevenção proximal ou imediata 
Prevenção social 
Prevenção situacional 
Prevenção pontual e integral 
Prevenção primária, secundária e terciária 
Alberi Espínula 
 
 
Modificar fatores estruturais ou proximais; 
Modificar fatores sociais ou situacionais; 
Modificar fatores específicos de risco e/ou proteção (programas pontuais) ou modificar um 
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conjunto de fatores (programas integrais); 
Alcançar toda a população (prevenção primária), grupos de alto risco (prevenção secundária), 
agentes violentos e/ou suas vítimas (prevenção terciária). 
 
Veja nas páginas seguintes de que se constitui cada uma destas estratégias. 
 
 
 
Prevenção estrutural 
 
Redução da pobreza e da desigualdade, por exemplo, são duas medidas estruturais de longo 
prazo que, ao alterar as relações e incentivos do mercado de trabalho, bem como o acesso a este, 
tendem a reduzir a privação e a frustração e, por conseqüência, a probabilidade de condutas 
violentas e/ou criminosas futuras. 
 
É fundamental o aumento das oportunidades econômicas para os jovens em situação de pobreza 
que se constituem, na maioria, nas vítimas e nos agentes da violência social e da criminalidade, 
assim como também é importante a atenção e desenvolvimento de medidas destinadas à 
prevenção da violência doméstica a qual tem sido fator responsável por significativa redução das 
oportunidades de trabalho e diminuição da produtividade das mulheres. 
 
Prevenção proximal ou imediata 
 
São ações de prevenção imediatas, aquelas dirigidas a alterar o curso de eventos contingentes 
que produzem ou instigam a violência e/ou a criminalidade. Dentre eles estão, por exemplo, o 
fácil acesso a armas de fogo, álcool e drogas. 
 
 
 
Prevenção social 
 
Esse tipo de prevenção tem por base o desenvolvimento social. Atua sobre grupos de alto 
risco aumentado a probabilidade de que deixem de ser vítimas ou agentes da violência e/ou 
criminalidade. As atividades de prevenção nesse campo englobam uma ampla gama de ações dos 
mais diferentes matizes. Aqui podem ser incluídas, por exemplo, atenção pré e pós natal a mães 
em situação de pobreza ou alto risco; programas educacionais infantis; programas de incentivo 
ao término dos estudos secundários para jovens pobres e/ou em situação de risco; programas de 
treinamentos em resolução pacífica de conflitos para grupos e comunidades em situação de risco. 
 
Prevenção situacional 
 
A prevenção situacional reduz as probabilidades de alguém ser vítima potencial da violência 
e/ou do crime, através da redução das oportunidades, tornando a possibilidade de ocorrência 
do crime mais difícil, mais arriscada e menos vantajosa ou lucrativa para o criminoso. Dentre as 
ações de prevenção situacional encontram-se a implantação de obstáculos físicos, controles de 
acesso a instalações ou locais, sistemas de vigilância e monitoramento que inibam a execução de 
atos criminosos e de vandalismo. 
 
 
 
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Prevenção pontual e integral 
 
Conforme apontam especialistas do BID e da OMS, ainda que não seja uma distinção normal, é 
útil falar de prevenção localizada sobre um ou em um grupo reduzido de fatores de risco de 
violência e/ou criminalidade como, por exemplo, o controle de armas de fogo ou os programas 
de desenvolvimento infantil dirigidos a grupos de alto risco ou, em prevenção integral que atua 
sobre um conjunto amplo de fatores de risco. Segundo aquelas organizações, existe consenso na 
literatura especializada de que a violência e a criminalidade, por terem multicausalidades, devem 
ser atacadas através de conjuntos de medidas tanto no âmbito da prevenção quanto do controle. 
Todavia se sabe que, em decorrência dessa complexidade, programas que requerem alto grau de 
coordenação interinstitucional são mais difíceis de serem implantados. 
 
Infelizmente, ainda não existem dados que permitam avaliar concretamente os benefícios de 
programas pontuais versus programas integrais. Tais avaliações deveriam ser consideradas como 
elementos importantes no processo de definição e projeto de programas de prevenção de forma a 
permitir uma correta verificação dos resultados obtidos. 
 
 
 
 
Prevenção primária, secundária e terciária 
 
As intervenções para prevenção da violência podem, ainda, ser classificadas, tanto segundo o 
BID quanto a OMS, em três diferentes níveis: primário, secundário e terciário. Veja: 
 
Prevenção Primária - São as intervenções que buscam prevenir a violência e/ou a criminalidade 
antes que ocorram. Está voltada para a redução dos fatores de risco e o aumento dos fatores de 
proteção para toda a população ou para grupos específicos dela. 
 
Prevenção Secundária - Configura-se em ações que objetivam dar respostas mais imediatas à 
violência e à criminalidade. Esse tipo de prevenção está focado em grupos de alto risco de 
desenvolvimento de condutas violentas e/ou criminais, como por exemplo, os jovens em situação 
de desigualdade econômica e social. 
 
Prevenção Terciária - São as intervenções centradas em programas e projetos de longo prazo 
realizados posteriormente às condutas violentas e/ou criminosas, como a reabilitação e 
reinserção social e as ações destinadas à redução dos traumas decorrentes da violência e da 
criminalidade. Nesse nível, as ações estão dirigidas aos indivíduos que tenham manifestado ou 
tenham sido vítimas de condutas violentas e/ou criminosas, na tentativa de evitar que voltem a 
reincidir no comportamento ou serem vítimas da violência e/ou criminalidade, respectivamente. 
 
 
 
 
Aula 3 - Ambientes institucionais e ações de prevenção 
recomendadas 
 
A seguir você estudará sobre quais são os ambientes institucionais e as ações adequadas para 
cada um deles no que diz respeito à prevenção da violência e da criminalidade. Os ambientes 
indicados pelo BID são: 
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Educação 
Saúde 
Desenvolvimento urbano 
Justiça 
Polícia 
Sociedade civil 
Serviços sociais 
Meios de comunicação 
 
Leia com atenção nas próximas páginas, o texto a que trata das propostas para cada um destes 
“ambientes”. 
 
 
 
 
Segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) diversos ambientes (instituições ou 
locais) devem ser objeto de programas, projetos e ações de prevenção contra a violência e/a 
criminalidade. Cada um deles deve receber atenção e ações específicas e adequadas às suas 
peculiaridades. Cabe aos governos em todos os seus níveis de ação (federal, estadual e 
municipal) a identificação de ações e a criação de foros e planos de ação que sejam capazes de 
produzir resultados efetivos na prevenção da violência e do crime. Em continuação são 
identificados, conforme recomendações do BID, os ambientes institucionais e as ações 
adequadas (não exaustivas) a cada um deles. 
 
Educação 
 
Educação - Programas educacionais que desenvolvem habilidades para a resolução pacífica de 
conflitos. 
 
Programas de estudo e textos escolares que exaltem a convivência pacífica. 
 
Intervenções ao nível cognitivo (controle da raiva, raciocínio moral e desenvolvimento de 
empatia social). 
 
Melhoria do ambiente escolar (manejo de alunos nas aulas, políticas e regras escolares, 
segurança escolar, redução da intimidação). 
 
Programas educacionais técnicos que reduzam a taxa de deserção escolar e aumentem a 
probabilidade de entrada no mercado de trabalho. 
 
Maior cooperação com instituições de saúde, serviço social e polícia. 
 
Programas de treinamento de mediação entre companheiros. 
 
Saúde 
 
Melhoria do acesso aos serviços de saúde preventiva e de reprodução humana. 
 
Melhoria na identificação das vítimas em locais de assistências médica (postos de saúde e 
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hospitais). 
 
Melhoria da qualidade dos registros de vítimas da violência. 
 
Visitas a casas de mães grávidas em situação de pobreza. 
 
Informações sobre prevenção contra a violência para as mulheres que utilizam os serviços 
médicos (especialmente os serviços de saúde da reprodução humana). 
 
Programas de incentivo para a melhoria da saúde de crianças e mães. 
 
Programa para redução do abuso de drogas e álcool. 
 
Programas de educação sobre os perigos do estilo de vida violento. 
 
Justiça 
 
Centros alternativos, descentralizados para a solução de conflitos. 
 
Incorporação de atividades de prevenção contra a violência e criminalidade nos projetos de 
reforma judiciária. 
 
Leis e normas que limitem a venda de álcool durante determinados períodos do dia. 
 
Acordos nacionais e internacionais para controlar a disponibilidade de armas. 
 
Reformas no sistema judiciário para reduzir os níveis de impunidade na sociedade. 
 
Treinamento dos diversos atores do sistema judiciário sobre temas relacionados à criminalidade 
e a violência. 
 
Polícia 
 
Polícia comunitária orientada para a solução de problemas. 
 
Capacitação policial, incluindo capacitação sobre assuntos de violência doméstica e direitos 
humanos. 
 
Maior cooperação com outras instituições do sistema de segurança pública, instituições 
governamentais e não governamentais. 
 
Programas voluntários para a coleta de armas que se encontram nas mãos da sociedade civil. 
 
Maior índice de casos solucionados, processados e apenados para reduzir os níveis de 
impunidade. 
 
Ações afirmativas no recrutamento de policiais. 
 
Melhor coleta de dados, manutenção de registros produção de informação e relatórios. 
 
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Serviços Sociais 
 
Programas de educação e treinamento para casais sobre resolução não violenta de conflitos. 
 
Capacitação de pessoas em habilidades sociais. 
 
Serviços de creches de boa qualidade e confiáveis. 
 
Programas de tutoria para adolescentes de alto risco e Programas de educação e treinamentos 
para pais (incluindo o estabelecimento de limites, mediação e solução não violenta de conflitos). 
 
Serviços comunitários integrados (por exemplo, centros de recreação). 
 
Meios de Comunicação 
 
Campanhas para mudar a percepção social sobre a violência. 
 
Redução da programação violenta, especialmente aquela voltada para crianças. 
 
Treinamento de jornalistas no que se refere a reportagens sensacionalistas sobre crimes e 
violência. 
 
Programas de capacitação dos meios de comunicação. 
 
Desenvolvimento Urbano 
 
Incorporação de temas sobre segurança em programas habitacionais, de melhoramento de bairros 
(iluminação pública das ruas, configuração de espaços, parques, etc.). 
 
Infra-estrutura para esporte e recreação, bem como espaços de convivência pacífica. 
 
Infra-estrutura para organizações comunitárias, tais como clubes de vizinhança, conselhos 
comunitários diversos, etc. 
 
Sociedade Civil 
 
Capacitação de organizações não-governamentais (ONG) para cooperar e monitorar os esforços 
de reforma da polícia. 
 
Apoiar o setor privado nas iniciativas de prevenção contra a violência e a criminalidade. 
 
Subsidiar as ONGs no desenvolvimento de programas de assistência nas etapas iniciais do 
desenvolvimento infantil. 
 
Subsidiar e apoiar programas e projetos para jovens em alto risco. 
 
Maior envolvimento da igreja e outros grupos da comunidade na mudança da percepção a 
respeito da violência e da criminalidade. 
 
 
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Outras Recomendações 
 
Cobertura universal de cuidados pré e pós-natal. 
 
Programas de cuidado e desenvolvimento infantil. 
 
Capacitação para a resolução não violenta de conflitos nas escolas. 
 
Acesso a trabalho produtivo e esportes para a população jovem em condições de pobreza. 
 
Incremento na produtividade e ingresso das mulheres, em especial, as que estejam em condições 
de pobreza. 
 
Campanhas contra a violência doméstica e social nos meios de comunicação. 
 
Ações que reduzam os mercados de armas e drogas, incluindo iniciativas voluntárias de 
desarmamento da sociedade. 
 
Limitações de horários na venda de bebidas alcoólicas. 
 
Polícia comunitária e fortalecimento dos vínculos entre a polícia e a comunidade. 
 
Profissionalização e fortalecimento da polícia preventiva. 
 
Reforma judiciária para aumentar e melhorar o acesso à justiça e a efetividade do processo 
judicial. 
 
Ações preventivas contra o crime ao nível comunitário, incluindo desenho arquitetônico, 
iluminação e monitoramento. 
 
Ações que reduzam a pobreza e a desigualdade. 
 
 
 
 
A prevenção como forma de se contrapor à violência e à criminalidade ainda é um tema recente 
que traz, entretanto, uma proposta interessante de uma sociedade melhor. Mesmo nos países 
industrializados, onde os programas de prevenção já se encontram mais à frente que nos países 
em desenvolvimento, ainda se sabe pouco a respeito da eficiência e efetividade desses 
programas. 
 
Além disso, naqueles países, parece haver uma maior preocupação em prevenir o crime do que a 
violência, permitindo a existência de vácuos importantes na prevenção de violências que, em 
alguns países, sequer é considerado como conduta criminal, como é o caso da violência 
doméstica (no Brasil há condutas criminais especificamente relacionadas com a violência 
doméstica), a qual se conforma como um importante fator de risco para o crime violento. 
 
Na América Latina e Caribe, pouco se tem feito na área de prevenção da violência e da 
criminalidade, assim como se sabe muito pouco sobre os custos e efetividade das ações que 
eventualmente tenham sido implementadas.Isso se conforma como o grande desafio na gestão 
pública dos programas de prevenção e redução da violência e da criminalidade: saber exatamente 
o que funciona e o que não funciona. 
 
 
 
 
Aula 4 - Controle da violência e da criminalidade 
 
Para muitas pessoas parece existir uma grande diferença entre prevenção e controle e, por isso, 
seria sensato fazer uma distinção clara entre as duas. Todavia, ao examinar o mundo real, 
percebe-se que é difícil, em muitos casos, distinguir se uma ação é de prevenção ou de controle. 
Por exemplo: 
 
Ensinar técnicas de resolução não-violenta de conflitos é considerada uma ação preventiva por 
excelência. Entretanto, seria correto classificar tal ação como preventiva se os indivíduos que 
recebem tal treinamento já tivessem condutas violentas? 
 
Aumentar a probabilidade de que a polícia autue o autor de um crime é considerado uma ação de 
controle da violência e do crime. Seria correto classificar tal ação como de controle se ela tende a 
dissuadir outros criminosos potenciais? 
 
 
 
 
O que se percebe com tais exemplos é que as ações destinadas a reduzir a violência e o crime são 
parte de um contínuo que vai desde a prevenção até o controle (ilustração 1). 
 
Ilustração 1 - Contínuo entre prevenção e controle da violência e da criminalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Controle da Violência. Nota Técnica. BID, 1999. 
 
As ações de prevenção focam a sociedade em geral com o objetivo de evitar a ocorrência de 
condutas violentas e/ou criminosas. A prevenção secundária busca atender a grupos de 
risco em termos de exposição à violência e/ou à criminalidade, seja como vítima ou como 
agente e, a prevenção terciária dirige-se a indivíduos que já tenham tido condutas violentas 
e/ou criminosas ou tenham sido vítimas delas. Ações de controle muitas vezes podem 
funcionar como mecanismos dissuasórios de condutas violentas ou delinqüentes e, por isso, 
também podem ser vistas como preventivas. O contrário, como já foi visto, também poderá 
ocorrer. 
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Na página seguinte serão apresentadas algumas das ações consideradas pelo BID e OMS, como 
promissoras no controle da violência e da criminalidade em diversas instâncias ou setores da 
sociedade. Tais ações são decorrências de estudos e pesquisas realizados em diversos países das 
Américas e da Europa e que demonstraram em razoáveis medidas o que funciona e o que não 
funciona em termos de controle da violência e da criminalidade. 
 
 
 
 
Ações promissoras no controle da violência e da criminalidade 
 
Ação policial 
 
Em 1999 foi publicado nos EUA uma revisão de vários estudos que visavam verificar a eficácia 
de diferentes medidas contra a violência e a criminalidade em diferentes departamentos de 
polícia e cidades daquele país ao longo de vários anos. Tal revisão concluiu que algumas 
medidas (ironicamente muito utilizadas no Brasil) não tiveram muito impacto sobre a 
criminalidade. Essas medidas são: 
 
Diminuição do tempo de resposta para as chamadas telefônicas 
 
Para aumentar a probabilidade de captura a polícia deve chegar em um período não maior do que 
três minutos após a ocorrência do crime. Pesquisas demonstram que as vítimas demoram, em 
média, mais de meia hora para reportar o crime às autoridades através de chamada telefônica. 
Portanto, chegar ao local da ocorrência cinco ou menos minutos mais rápido após a chamada 
telefônica terá pouco ou nenhum impacto. 
 
Patrulhamento aleatório 
 
Criado com o objetivo de produzir uma sensação de maior presença policial, não tem produzido 
impacto algum sobre as taxas de criminalidade. 
 
Incremento do número de prisões ou detenções “reativas” 
 
Respondendo a chamados da população ou a situações eventuais observadas sem, entretanto, 
concentrar esforços e recursos em pessoas reconhecidamente de alto risco de cometimento de 
delinqüência, ou em lugares, crimes ou períodos específicos. Particularmente em relação a 
jovens infratores, a detenção ao contrário de reduzir a probabilidade de reincidência, tende a 
aumentá-la. 
 
 
 
Há, por outro lado, evidências de que certas ações (estratégicas e táticas), desde que bem 
definidas, podem produzir resultados bastante satisfatórios no controle da violência e do 
crime. Entre elas se encontram: 
 
Patrulhamento ostensivo dirigido a lugares com altas concentrações de delitos e em certas 
horas do dia. 
 
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Polícia orientada à resolução de problemas, ou seja, voltada para a identificação e resposta às 
causas mais imediatas da criminalidade em uma determinada comunidade ou local. 
 
Polícia comunitária. 
 
Tanto nos EUA, quanto em outros países da América Latina, entre eles o Brasil, já há evidências 
de modelos de polícia comunitária que produziram e têm produzido impactos positivos na 
comunidade onde estão instalados, particularmente no que se refere à percepção de insegurança e 
à imagem da polícia por parte da população. Todavia, ainda não está claro o impacto da polícia 
comunitária na diminuição real dos índices de criminalidade. Em relação às reformas na 
organização das forças policiais na América Latina e Caribe, ainda não existem estudos 
quantitativos ou qualitativos que demonstrem o impacto de qualquer reforma que tenha sido 
empreendida. 
 
 
 
Conforme argumentam os especialistas do BID e da OMS, outra maneira de fomentar e melhorar 
os vínculos entre a polícia e a comunidade, bem como de melhorar as ações e condições de 
controle da violência e da criminalidade, é a criação dos conselhos de segurança em diferentes 
níveis (bairros, municípios, cidades, regiões, etc.), com a finalidade de formalizar o 
processo de integração entre a polícia e a comunidade. 
 
Entretanto, recomendam BID e OMS, para que tais conselhos produzam o fruto esperado, ou 
seja, um aumento da confiança que a comunidade deposita na polícia e na redução da 
criminalidade, a polícia deverá estar disposta a responder as prioridades de combate à 
criminalidade apontadas ou sugeridas pela comunidade. 
 
Qualquer que seja a proposta de melhoria das relações entre comunidade e polícia tem, 
entretanto, que enfrentar o alto nível de desconfiança na polícia que diversos estudos na América 
Latina e Caribe (no Brasil alguns estudos evidenciam esse nível) têm apontado. Tal situação 
evidencia a necessidade de capacitar e profissionalizar cada vez mais as forças policiais e 
fortalecer as instâncias de monitoramento interno e externo da atividade policial, o que deve ser 
percebido pela polícia como um fator importante para seu reconhecimento junto à sociedade. 
 
 
 
 
Ação legislativa 
 
Dentre as estratégias legislativas consideradas importantes na redução da violência e da 
criminalidade estão: o incremento na probabilidade de apenamento e prisão do criminoso e o 
endurecimento das penas; restrição de liberdade juvenil; proibições de venda de álcool e as 
proibições de porte de arma. 
 
Probabilidade de encarceramento e duração da sentença 
 
De acordo com os modelos econômicos da criminalidade, o criminoso potencial sempre calcula 
os custos e os benefícios esperados no cometimento de um crime antes de tomar a decisão de 
realizá-lo. O custo esperado é definido como o produto da probabilidade de ser preso pela 
polícia, a probabilidade de ser processado, condenado, e o custo financeiro e psicológico de ser 
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encarcerado. Nesse modelo, o aumento da possibilidade de ser

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