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CAUSAS DE NECROSES • Hipóxia; • Agentes físicos/químicos/biológicos; • Mecanismos imunes; • Distúrbios genéticos/nutricionais; • Envelhecimento TIPOS DE NECROSES A classificação é baseada na expressão morfológica que a célula e o tecido morto adquirem. As diferentes vias de dissolução que se seguem após a morte celular são dependentes do equilíbrio entre a proteólise progressiva e a coagulação das proteínas citoplasmáticas. Essas condicionantes determinam os diferentes tipos de necrose. NECROSE DE COAGULAÇÃO É o tipo mais comum de necrose. Ocorre devido a uma hipóxia ou isquemia em qualquer tecido, exceto no cerebral (que sofre necrose por liquefação). Quase sempre a região necrótica é circundada por um halo avermelhado (hiperemia para compensar a isquemia). IMAGEM: Infarto Mesentérico Nesse tipo de necrose os tecidos apresentam maior firmeza, há pouca retração (os tecidos incham) e, nas fases iniciais do processo, os contornos celulares são nítidos. Após a desintegração celular, os restos são removidos lentamente por fagocitose a partir da periferia da área necrótica. Nesse tipo de necrose, as células mostram o citoplasma corado mais intensamente pela eosina, devido à desnaturação das proteínas estruturais e das enzimas. A área morta aparece macroscopicamente de cor amarela pálida, sem brilho, de limites imprecisos e de forma irregular. Esse tipo de necrose é observada nos infartos (necrose de coagulação isquêmica). É observada também em queimaduras e lesões produzidas por ácidos e bases fortes. IMAGEM A- Hepatócitos íntegros/ IMAGEM B- Área de necrose, no qual os hepatócitos apresentam citoplasma acidófilo e homogêneo, sem núcleos (cariólise). As setas amarelas mostram núcleos picnóticos; as setas azuis indicam hepatócitos contraídos, intensamente acidófilos, com núcleo picnótico (hepatócitos em apoptose) NECROSE DE LIQUEFAÇÃO Apresenta a área necrótica com consistência mole e, na maioria das vezes, o tecido morto encontra-se liquefeito. Essa necrose geralmente é associada à ação de microorganismos e resulta da ação de enzimas hidrolíticas poderosas, com dissolução enzimática rápida e total do tecido morto. Esse tipo de necrose é característico da destruição por isquemia do tecido cerebral, pois, por esse tecido ser rico em lipoides, água, enzimas lisossomiais e pobre em proteínas, apresenta pouca capacidade coagulativa, o que facilita seu amolecimento e liquefação. A necrose de liquefação do SNC leva à Necrose Tecidual Maria Luísa Nunes - @mlnsiqueira formação de cavidades (pseudocistos) preenchidas por restos de material liquefeito. A necrose de liquefação surge também em tecidos que, embora com níveis elevados de albumina, sofrem fusão por ação de bactérias piogênicas (relacionadas com a produção de pus) ou por ação de proteases de leucócitos. Nesses casos, o produto final da lise é pus. As células necróticas são removidas rapidamente por fagocitose. IMAGEM: cérebro com necrose liquefativa (infarto cerebral) NECROSE CASEOSA Nesse tipo de necrose, a estrutura necrosada assemelha-se ao aspecto de um queijo a apresenta-se como uma massa amorfa, esbranquiçada, sem brilho, de consistência pastosa. É resultado da agressão celular pela tuberculose e é constituída por massa eosinofílica com muitos restos nucleares fragmentados. IMAGEM: Pulmão com tuberculoma (núcleo central de necrose caseosa com uma parede envolvente de uma reação granulomatosa NECROSE GORDUROSA É a necrose que ocorre no tecido adiposo. Na maioria das vezes ocorre pela ação lítica de enzimas pancreáticas (necrose gordurosa enzimática) e é comumente encontrada como resultado de pancreatite aguda ou de tumores pancreáticos. Também pode ocorrer como consequência da agressão mecânica traumática do tecido gorduroso (necrose gordurosa traumática). A aparência macroscópica é de pingos de vela sobre o tecido adiposo, que são ácidos graxos que sofreram o processo de saponificação (sabões de cálcio). IMAGEM: Necrose gordurosa com a formação de sabões de cálcio IMAGEM: Necrose gordurosa da mama; Esteatócitos irregulares com núcleos não periféricos e material amorfo rosa interposto e células inflamatórias, incluindo células gigantes de corpo estranho respondendo a células necróticas de gordura NECROSE HEMORRÁGICA Nesse tipo de necrose nota-se no local necrótico grande quantidade de sangue. Um exemplo clássico ocorre no pulmão, quando um ramo da artéria pulmonar é obstruído. A área necrótica preserva seus contornos estruturais, denotando uma necrose do tipo Maria Luísa Nunes - @mlnsiqueira de coagulação (isquêmica). A área isquêmica é invadida por sangue, derramado dos vasos periféricos à necrose. Esse tipo de necrose também é observada na região centrolobular do fígado. NECROSE GOMOSA Tipo raro de necrose. Alguns autores a classificam como um tipo de necrose de coagulação. É encontrada na sífilis tardia e na sífilis congênita. A área necrótica apresenta-se compacta, uniforme e elástica como uma goma. O que necrosa é o tecido inflamado em resposta é o agente da sífilis. NECROSE FIBRINOIDE Pode ocorrer nas paredes dos vasos nos casos de hipertensão arterial maligna, lúpus eritematoso e poliarterite nodulosa. Apresenta alteração granular e eosinofílica da parede vascular. Nesse tipo de necrose o tecido adquire um aspecto hialino, acidofílico, semelhante à fibrina. É o substrato das denominadas colagenases, onde estão incluídas as doenças de hipersensibilidade e as da auto-agressão. IMAGEM: Necrose fibrinóide em artérias do miométrio; Caso de poliartrite nodosa (doença autoimune) NECROSE GANGRENOSA Essa necrose é considerada por muitos autores como uma evolução de uma necrose de coagulação que resulta da ação de agentes externos sobre o tecido necrosado. Patologistas a descrevem como o somatório de dois fenômenos: a isquemia e a liquefação à custa de bactérias e leucócitos. Desidratação na região atingida, em especial quando em contato com o ar, origina a gangrena seca, que costuma ocorrer nas extremidades do corpo, na maioria das vezes como consequência de lesões vasculares. Tem cor escura devido à impregnação por pigmentos da hemoglobina. IMAGEM: Gangrena seca Já a gangrena úmida ocorre quando há a invasão da região necrosada por microorganismos anaeróbios produtores de enzimas que tendem a liquefazer os tecidos mortos, sendo comum em necroses do tubo digestivo, pulmões e pele. IMAGEM: Gangrena úmida Já a gangrena gasosa é secundária à contaminação do tecido necrosado com germes do gênero Cloridium, que produzem grande quantidade de gás. EVOLUÇÃO DAS NECROSES Dependendo do tipo de tecido, do órgão acometido e da extensão da área atingida, uma área de necrose pode seguir vários caminhos. CICATRIZAÇÃO Processo pelo qual o tecido necrosado é substituído por tecido conjuntivo cicatricial. ENCISTAMENTO Ocorre quando o material necrótico não é absorvido por ser muito volumoso ou por fatores que impedem a migração de leucócitos. A reação inflamatória se desenvolve na periferia da lesão, formando uma “capsula” que encista o tecido necrosado, que vai sendo absorvido lentamente. Maria Luísa Nunes - @mlnsiqueira ELIMINAÇÃO É quando a área necrosada atinge a parede de uma estrutura canalicular que se comunica com o meio externo. O material necrosado é lançado nessa estrutura e eliminado, originando uma cavidade. Esse fenômeno é comum na tuberculose pulmonar, cujo material caseoso é eliminado e forma as cavernas tuberculosas. CALCIFICAÇÃO A calcificação do tipo distrófica costuma ocorrer em tecidos necrosados, mas existem diferentes tipos de calcificação:distrófica, metastática e de etiologia desconhecida (idiopática). CALCIFICAÇÃO DISTRÓFICA É resultante de lesões do próprio tecido e encontra-se nos tecidos com necrose, principalmente dos tipos caseosa (tuberculose), de coagulação (zonas de infarto), gordurosa (pancreatite aguda) e mais raramente no tipo liquefativa. Não depende dos níveis plasmáticos de cálcio e muitas vezes não produz sintomas clínicos, a menos que se desenvolva em pontos críticos. Sua presença é quase constante nos ateromas e seu mecanismo parece ser semelhante ao de ossificação. Esse tipo de calcificação não reflete apenas o acumulo de cálcio derivado do corpo das células mortas, mas, principalmente, uma deposição sobre o tecido necrótico do cálcio da circulação e dos fluidos intersticiais. A alteração do pH local no tecido lesado parece ser importante, fazendo o organismo depositar cálcio para neutralizá-lo. É o que ocorre na necrose gordurosa enzimática pós-pancreatite aguda, em que os ácidos graxos liberados pela ação da lipase pancreática combinam-se com o cálcio, formando sabões de cálcio. Tecidos com atividade vital diminuída também podem sofrer calcificações, como é o caso de tecidos atróficos, cicatrizes, cartilagens, etc. Cistos de qualquer natureza também se calcificam, assim como tecidos mortos por inflamação, como as secreções glandulares, principalmente as das glândulas salivares. Quando a mamografia revela microcalcificação é sinal sugestivo de câncer de mama. IMAGEM: Nódulo calcificado (de origem tuberculosa) CALCIFICAÇÃO METASTÁTICA Enquanto a calcificação distrófica ocorre nos tecidos previamente lesados e com calcemia normal, a calcificação metastática deve-se ao aumento do cálcio circulante (hipercalcemia). É encontrada, então, quando há aumento do paratormônio, excesso de vitamina D e aumento na mobilização do cálcio ósseo, como ocorre em destruições ósseas por tumores e em doenças renais crônicas que levam à retenção de fosfatos com alteração do balanço de cálcio. O cálcio circulante aumentado deposita-se em tecidos normais, acentuando-se mais nos locais onde houver tecidos lesados. A denominação “metastática” ocorre porque o cálcio é mobilizado de outras áreas. O cálcio se deposita em meios ácidos, como na parede dos alvéolos pulmonares, nas glândulas profundas do corpo e fundo gástrico e em túbulos e interstício do rim, podendo levar à insuficiência renal crônica. CALCIFICAÇÃO IDIOPÁTICA Não possui relação nem com tecidos lesados nem com hipercalcemia. Aparece na forma de calcinose localizada no tecido subcutâneo (calcinose circunscrita) e também na forma isolada no escroto (calcinose escrotal). A calcinose intersticial mostra depósitos de cálcio próximo das articulações e a miosite ossificante é lesão pseudotumoral que aparece pós traumatismo em músculos esqueléticos. IMAGEM: Calcinose escrotal Maria Luísa Nunes - @mlnsiqueira REFERÊNCIAS FRANCO, M. et al. Patologia: Processos Gerais. Ed.5, Atheneu Editora, 2010. FILHO, G. et al. Bogliolo Patologia. Ed. 8, Editora Guanabara Koogan, 2011. Maria Luísa Nunes - @mlnsiqueira
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