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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇAO FÍSICA PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA – PARFOR POLO TUCURUÍ PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM RELAÇÃO AO BULLYING NAS AULAS: análise em projeto de assentamento no interior do Pará Adriel Cardoso Freitas Tucuruí – PA 2020 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇAO FÍSICA PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA – PARFOR POLO TUCURUÍ Adriel Cardoso Freitas PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM RELAÇÃO AO BULLYING NAS AULAS: análise em projeto de assentamento no interior do Pará Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao colegiado de Educação Física, da Universidade Federal do Pará (UFPA), Plano Nacional de Formação de Professores, como requisito obrigatório para obtenção de grau de Lincenciado em Educação Física. Orientador: Prof. Ms. Flavius Augusto Pinto Cunha. Tucuruí – PA 2020 Adriel Cardoso Freitas PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM RELAÇÃO AO BULLYING NAS AULAS: análise em projeto de assentamento no interior do Pará Data de aprovação: _____/_____/______ BANCA EXAMINADORA ____________________________________ Prof. Ms. Flavius Augusto Pinto Cunha Orientador (UFPA) ____________________________________ Profa: Fátima de Souza Moreira Banca avaliadora Dedicatória A Deus, qυе com sua grandiosa sabedoria e criatividade, colocou seu fôlego de vida em mіm, mе sustentou е mе dеυ coragem para questionar realidades е propor sempre υm novo mundo dе possibilidades. Com muito orgulho e satisfação que dedico esse trabalho a minha mãe, Anna Claudia Cardoso Silva, a minha avó Antônia Cardoso Silva ao meu avô Aldenor Cardoso Silva e, minha tia Raimunda Claudia Cardoso Silva. Pessoas que foram peça fundamental para a minha formação acadêmica, hoje posso dizer que estou realizado e realizei sonhos de pessoas que só me querem bem. “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade” (Raul Seixas) AGRADECIMENTOS Quero agradecer primeiramente a Deus, por ter me proporcionado forças e saúde para chegar aonde eu cheguei, por sustentar a minha fé e aumentar dia após dia minha vontade de alcançar meus objetivos. Em segundo lugar, quero agradecer a minha família pelo o apoio, pelas palavras de incentivo, pela paciência que tiveram comigo. Em seguida agradeço gradativamente aos meus amigos que de forma direita ou indireta participaram e me ajudaram dessa árdua luta. Meus agradecimentos аоs/as amigos/as Girlãndia Holanda, Cleane Amorim, Janison Pereira, Leiliane Ferreira e Regiane Frazão, companheiros dе trabalhos е irmãos nа amizade qυе fizeram parte dа minha formação е qυе vão continuar presentes еm minha vida cоm certeza. Na oportunidade, agradeço ao meu orientador, Professor Ms. Flavius Augusto Pinto Cunha pela paciência e determinação para ofertar de maneira clara e objetiva informações para a conclusão do nosso trabalho de conclusão de curso. A esta universidade, sеυ corpo docente, direção е administração qυе oportunizaram а janela qυе hoje vislumbro υm horizonte superior, eivado pеlа acendrada confiança nо mérito е ética aqui presentes. Agradeço а todos os professores pоr mе proporcionar о conhecimento nãо apenas racional, mаs а manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо processo dе formação profissional, pоr tanto qυе sе dedicaram а mim, nãо somente pоr terem mе ensinado, mаs por terem mе feito aprender. А palavra mestre, nunca fará justiça аоs professores dedicados аоs quais sеm nominar terão оs meus eternos agradecimentos. A Prof. Dr. Lilian Sales na qual de todos os professores, foi a que mais me identifiquei grande profissional e uma pessoa humilde e amiga. Obrigado mais que especial, a pessoa que me acolheu em sua residência provisória, minha querida Lucimara Alves Neves, peça fundamental para minha estadia no município no qual conclui o curso. De forma geral, quero agradecer todos que direta ou indiretamente me ajudaram. LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABRAPI - Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre Estudante. BR - Rodovia Belém a Brasília. CDC - Código de Defesa do Consumidor. GETAT - Grupo Executivo das Terras do Araguaia Tocantins. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. MST - Movimento Sem Terra. OMS - Organização Mundial da Saúde. PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais. SAVE - Programa Sevilla Antiviolência Escolar. SMS - Short Message Service (Serviço de Mensagens Curtas). LISTA DE FIGURAS Figura 01: Localização geográfica do município de Novo Repartimento..........22 Figura 01: Localização geográfica do assentamento.........................................23 Figura 02: Tempo de duração do bullying nas aulas.........................................27 Figura 03: Bullying com meninos e meninas.....................................................28 Figura 04: Motivo de Bullying com os meninos.................................................29 RESUMO O problema do bullying tem acontecido com frequência no ambiente escolar, independentemente da localidade da escola, seja na zona urbana ou na zona rural. O nosso estudo teve por objetivo verificar a percepção dos professores de educação física sobre o bullying nas aulas realizadas em algumas escolas do maior projeto de assentamento de produtores rurais da América, conhecido como Tuerê, localizado no sudeste do estado do Pará. O projeto Tuerê é uma área de difícil acesso com estradas quase intrafegáveis os alunos têm transportes escolares que nem sempre consegue chegar nas casas dos alunos, as escolas são precária de pequeno porte, os professores dos quais participaram desta pesquisa de campo não tem nível superior em educação física, a grande maioria exerce a função pelo nível de Magistério. A pesquisa se caracteriza por uma abordagem quanti-qualitativa em um corte transversal. O instrumento utilizado foi um questionário semiestruturado abordando o tema, sendo aplicado para os professores de educação física do ensino fundamental das séries finais. De acordo com as vivências dos professores nas aulas e os resultados do questionário mostraram que, o bullying de fato acontece, normalmente através de pejorativos ou por cultura, gênero e padrões físicos, fatos constantes e recorrentes. Dessa forma, concluímos que existe a necessidade de se trabalhar a consciência dessas crianças no sentido de evitar essa violência no ambiente escolar, propondo ações que estimulem a relação cooperativa e a boa convivência entre os estudantes. Palavras-chave: bullying, educação física, escola, educação. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 13 2.1. Aspectos conceituais do bullying .................................................................... 13 2.2. Aspectos negativos associados ao bullying .................................................... 14 2.3. Bullyingno ambiente escolar. ......................................................................... 17 2.4. O Bullying nas aulas de educação física ........................................................ 19 2.5. Estratégias pedagógicas contra o bullying na escola ..................................... 21 3. MÉTODOS ............................................................................................................ 23 3.1. Descrição ........................................................................................................ 23 3.2. Local ............................................................................................................... 23 3.3. Participantes ................................................................................................... 25 3.4. Procedimentos ................................................................................................ 26 3.5. Análise dos dados .......................................................................................... 26 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 27 5. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 34 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 35 ANEXOS ................................................................................................................... 38 11 1. INTRODUÇÃO No ambiente escolar, as aulas de Educação Física são consideradas atraentes e prazerosas para os alunos. No entanto, existem casos em que os alunos resistem em participar das atividades propostas. Autores acreditam que as aulas mistas são um amplo espaço para a aceitação e o desenvolvimento da pluralidade cultural das aulas de Educação Física em que se defende o direito de todos os alunos participarem das aulas, independentemente de cor, etnia, religião, gênero, idade, entre outros (CHARLES, 2010). Estudos demonstraram que a falta de interesse das meninas em participar de aulas mistas de Educação Física pode ser devido ao bullying por parte do gênero masculino. No entanto, a Educação Física faz com que a escola seja para o aluno um espaço educativo privilegiado para promover as relações interpessoais, a autoestima e a autoconfiança, valorizando-se aquilo que cada indivíduo é capaz de fazer em função de suas possibilidades e limitações pessoais (COSTA, 2008). A Educação Física é uma disciplina curricular de enriquecimento cultural, fundamental à formação da cidadania dos alunos, baseada num processo de socialização de valores morais, éticos e estéticos, que consubstancia princípios humanistas e democráticos (CHAVES, 2006). Na escola temos obrigação de repassar conhecimentos voltados para a formação de uma identidade individual e coletiva, repassando valores como a solidariedade, cooperação e união para que sejam compartilhados entre as pessoas. Por meio das aulas de Educação Física, sugestão para substituir trecho em vermelho pelo texto seguinte: utilizando os diferentes conteúdos da educação física oportunizando o convívio coletivo respeito e solidariedade entre alunos, é que se vê a possibilidade de atividades que proporcionam aos alunos o prazer de jogar juntos de uma maneira saudável, sem utilizar a competição, respeitando a individualidade de cada um. Contudo, o texto que se segue apresenta conceitos de bullying, para que assim possamos compreender e esclarecer o que ele verdadeiramente é em si, como surgiu, como chegou a ser conceitualizado, e algumas formas como costuma a ser apresentar, ou seja, como normalmente o classificamos, dependendo da maneira como é praticado sejam elas físicas, psicológica, moral, verbal, sexual, social, material ou virtual. Na sequência, abordamos sobre o bullying nas escolas, a violência e a 12 sociedade, uma vez que, a mesma sempre esteve presente em toda a nossa história, e segundo Lopes Neto (2011), “o bullying é mais observado nas relações com crianças e adolescentes, que precisam de atenção e cuidados”. Mesmo considerando que o tema bullying é recorrente na literatura, a justificativa para esse estudo é que se busca identificar essa realidade em escolas de assentamentos, necessitando mais investigações com a temática bullying nas aulas de Educação Física. Acredita-se que esse tipo de violência ainda é muito comum no ambiente escolar, em especial, nas aulas de Educação física. Nessa perspectiva, de que forma professores que atuam nessas práticas pedagógicas percebem o bullying desenvolvido durante as atividades do seu cotidiano e como isso pode ser transformado? A referida pesquisa busca fazer um levantamento acerca do bullying nas aulas de Educação Física, tendo como objetivo geral: - Analisar a percepção dos professores de Educação Física em relação ao bullying durante as aulas. Além disso, buscamos também: - Caracterizar o conhecimento dos professores acerca do bullying entre os alunos; - Identificar a compreensão dos professores quanto ao processo de interação dos alunos durante as aulas de Educação Física; - Relacionar os tipos de bullying percebidos durante as aulas de Educação Física. 13 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1. Aspectos conceituais do bullying O bullying acontece em toda parte em nossa volta, podemos vivenciar por toda parte, nas ruas, supermercados, escolas, academias e até mesmo dentro de casa. O bullying, segundo Silva (2009), é um termo de origem inglesa, que atualmente vem sendo adotado por muitos países para denominar, ou seja, nomear, ações deliberadas de maus tratos contra outra pessoa, colocando-a em situações sob tensão constantemente, seja fisicamente, psicologicamente ou as duas possibilidades de uma única vez. Fante (2005) afirma que o bullying é uma palavra de origem inglesa, que pode ser entendida como o conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimentos. O mesmo autor considera ainda que o fenômeno bullying é definido como uma conduta cruel intrínseca nas relações interpessoais, em que os mais fortes convertem os mais fracos, constituindo assim muitas vezes em objeto de diversão e prazer, através de “brincadeiras” com o objetivo de maltratar e intimidar. Como relata o mesmo autor, quando os maiores ou os mais velhos causam sofrimento e constrangimento aos menores, eles consideram ser uma brincadeira que traz felicidade para os mesmos, acreditamos na hipótese de que uma brincadeira sadia é somente quando os dois lados estão felizes e satisfeitos, caso não haja essa sintonia, não podemos considera uma brincadeira alegre. Vale ainda destacar que o primeiro a relacionar o termo para o fenômeno foi Dan Olweus, segundo Raymundo (2007), especializado no assunto ao estudar as tendências suicidas entre os adolescentes, descobrindo então que a maioria desses jovens tinha sofrido algum tipo de ameaça, e com isso, em 1988, o mesmo lançou seus primeiros critérios para detectar o problema do bullying escolar de forma específica. Segundo Lopes Neto (2011), existem elementos fundamentais que o bullying apresenta, sendo eles os atos repetitivos, os comportamentos danosos e deliberados, de modo que existe sempre uma simetria imprópria entre o agressor e sua vítima, ou seja, não consideram suas semelhanças, mas sim diferenças extremas. O bullying não é um fenômeno recente, mas sim muito mais antiga e praticada, e que segundo Hayeck (2009), há conhecimentos que a mesma já foi muito usada na 14 Antiguidade, mas que somente a partir do século XIX é que se começou a discuti-la e caracteriza-la como um fenômeno que requer atenção, compreensão eestudo. Como também algumas das práticas de violência, muito já usadas, que segundo Hayeck (2009), variam desde a torturas, psicológicas, sexuais, físicas, negligencias ou até mesmo abandonos e trabalhos infantil. Percebido como epidemia, o bullying tem sido investigado por diversas áreas do conhecimento e têm se debruçado sobre esse fenômeno em diferentes espaços, inclusive no ambiente do trabalho (PALÁCIOS; REGO, 2006). Acreditamos que o bullying passe de geração para geração, pois ele não tem faixa etária definida, podem acontecer com crianças, adolescentes e até mesmo com adultos, onde a maioria das vezes, o mais velho é o agressor e o mais novo o agredido. Já no caso dos adultos, creio que é uma falta de respeito e caráter muito grande uns para com outros, pois são pessoas amadurecidas que, de certa forma, conhecem a realidade do cotidiano, e se submetem a essa falta de ética. 2.2. Aspectos negativos associados ao bullying Atualmente pode-se dizer que há um consenso sobre a definição de bullying, o qual é caracterizado como qualquer comportamento agressivo constituído por três elementos centrais: a intenção de prejudicar a vítima; a natureza repetitiva das agressões; e o desequilíbrio de poder entre o agressor e a vítima, de acordo com o código de Defesa do Consumidor (CDC). O bullying é um fenômeno social e de grupo, no qual os comportamentos dos estudantes envolvidos, bem como dos demais membros da comunidade escolar, exercem efeitos sobre a sua gênese, manutenção e/ ou interrupção, sendo também uma estratégia coercitiva que visa alcançar e manter posições mais elevadas na hierarquia social do grupo (PRONK, 2013). Segundo Smith et al. (1999), existem vários tipos de bullying que podem definidos como: • Direto e físico – que inclui bater ou ameaçar fazê-lo, roubar ou estragar os objetos dos colegas; forçar comportamentos sexuais; obrigar os colegas a realizar tarefas servis contra a sua vontade; 15 • Direto e verbal – engloba insultar, pôr alcunhas desagradáveis; gozar ou fazer reparos racistas ou que salientam alguma deficiência ou defeito dos colegas; • Indireto ou relacional – que inclui excluir alguém do grupo de pares, espalhar boatos sobre os atributos dos colegas com vista a destruir a sua reputação, e de um modo geral, manipular a vida social dos companheiros. Diante da constante globalização e dos grandes aparatos tecnológicos, o que está em alta quando se refere à prática do bullying, segundo Barbosa (2016), são agressões virtuais denominadas de cyberbullying, que ocorrem através das ferramentas tecnológicas, são elas: redes sociais (Instagram, Facebook, Twitter), e- mail, blogs, salas de bate-papo, aplicativos de comunicação (Whatsapp, Viber, Skype, Telegram), SMS, jogos on-line. No entanto, nossa linha de investigação buscou interpretar essa ação nas aulas de educação Física. Recentemente, vários autores começaram a constatar a utilização, por parte de um grupo de indivíduos, das novas tecnologias de informação e comunicação, como o tele móvel e os recursos da Internet, para enviar mensagens e criar web sites de carácter difamatório e hostil, de forma deliberada e intencional para magoar os outros (LI, 2007). Segundo Lopes Neto (2011), esta prática pode causar nas vítimas os seguintes possíveis efeitos: • Depressão - pode aparecer como sintoma, atuando entre os quadros de transtorno de estresse pós-traumático, demência, alcoolismo, entre outros, como síndro me, que inclui não apenas alterações de humor, mas também alterações cognitivas, no sono e apetite, ou como doença que pode ser classificada de diversas formas, como, por exemplo, melancolia e depressão integrante do transtorno bipolar. • Estresse de desordem pós-traumáticos - é um distúrbio de ansiedade que ocorre em vítimas ou testemunhas de atos violentos ou de situações traumáticas, que normalmente apresentam ameaça a sua vida ou a de terceiros. • Sentimento de agressão - pode acabar fazendo com que a vítima torne- se assim um agressor e, com isso, começa a agredir outro ser mais fraco que ela, ou que, após um tempo, vire um agressor radicalista por vingança, em que cansada de apenas receber estes maus atos, a vítima começa também a praticá-lo com outras 16 pessoas, normalmente com os menores que ele, e também considerados “diferentes”, fazendo assim exatamente o que já fazem com ela, pois a mesma neste momento já não possui mais o discernimento que a distingue de seu agressor, tornando assim esta nova prática como a sua única saída ou até mesmo uma demonstração real pela que vem passando há um determinado tempo. • Dores – são as dores que normalmente não são especificadas, ou seja, que não possuem um diagnóstico, referentes a uma determinada especificação para que ocorra, mas sim algo relacionado mais ao aspecto emocional da pessoa que se encontra desregulado/afetado, como por exemplo, dores no corpo, aparecimento de manchas na pele, queixas de dores de estomago como as gastrintestinais, e outros tipos de intolerâncias, que não são possíveis de serem diagnosticadas pelo médico através de exames, uma vez que, o indivíduo está “bem de saúde”, mas tem apenas seu psicológico afetado diante das situações de bullying às quais vêm sendo submetido constantemente. • Perda de autoestima - a vítima não se valoriza mais e sucumbi então cada vez mais as provocações, considerando-se inútil, incapaz e até mesmo um peso na vida dos demais, de modo que ela começa então a acreditar no que vem dizendo a ela, que sua aparência não é boa, desejável, que é então realmente “feia”, que sua presença já não é algo importante, que seria melhor se não existisse mais. Essas cracterísticas mostram que o bullying vem sendo considerado um forte fator de interferência negativa, pois desorganiza as referências pessoais e institucionais, fazendo com que os individuos desacreditem no papel da escola enquanto local de aprendizagem e segurança (LOURENÇO et al, 2009). Assim, a escola deixa de ser considerada espaço de socialização e produção, para ocupar o espaço de um dos principais territórios de produção e reprodução de violências, indisciplinas, agressões e conflitos, nas mais variadas formas ( PINHEIRO et al, 2010; SILVA; PEREIRA 2008). Além disso, muitas crianças e adolescentes não se sentem seguros ou pertecentes a escola por encontrarem essas agressões no seu cotidiano de estudante (GLEW et al, 2008). Diante das referidas problemáticas, estudiosos querem dizer que muitos alunos deixam de frequentar a escola para não passar pelo constrangimento de sofrer o 17 bullying de seus colegas, ou até mesmo, os pais por não conseguirem entender sobre o assunto, evitam levar seus filhos a escola por medo que eles tenham problemas futuros. Da mesma forma, Idalgo (2009) afirma que muitas crianças e adolescentes são vítimas constantes de bullying, mas não apresentam denuncia por medo. Muitas vezes não voltam mais para a escola, sem dar explicações nem mesmo para a família. Como resultado, escolas em muitos países têm desenvolvido programas para promover a cooperação ente os alunos, incentivando o diálogo através do treinamento de “moderadores” que passam a intervir na resolução das disputas (uma provável espécie de mediação), dando suporte as partes, para promover a redução das consequências, geralmente caracterizadas pelo baixo aprendizado, medo da própria escola e traumas psicológicos. 2.3. Bullying no ambiente escolar A violência escolar é uma realidade que atinge uma parcela significativa de crianças e adolescentes, transformando as instituições educacionais em territórios pouco seguros, e as relações que nelas se desenvolvem vão sendo esboçadas a partir de novas configurações assinaladas muitas vezes por angústia, sofrimento e medo (SKRZYPIEC et al, 2011). Nesse cenário, o bullying temse destacado como um problema importante a ser investigado e enfrentado. A escola para os alunos e como se fosse a sua segunda casa, onde o professor seria a peça fundamental onde se mostra respeito, afeto e admiração, assim como respeitam os pais em casa. Muitas das vezes, o filho por algum motivo não gosta de ficar em casa, fica muito tempo na casa do coleguinha, às vezes passeando pela rua, e assim vai passando seu tempo. Da mesma forma é o aluno na escola, pois quando começam as agressões verbais, físicas, entre outras ações agressivas, o aluno não quer mais saber de ir à escola e, quando vai, passa a maior parte do seu tempo pelos cantos escondido. Segundo Chrispino e Santos (2011), o conflito escolar é decorrente da democratização da escola, que passou a receber indivíduos de diferentes origens, valores e culturas. No caso específico da educação física, essa disciplina possui 18 objetivos específicos, que contemplam a pluralidade e a diversidade, ou seja, de certo modo, privilegiam-se as aulas nas quais meninos e meninas participam juntos. Cabe destacar que intimidações, humilhações, ameaças, difamações, opressões, discriminações, xingamentos, chacotas e tiranias não são exclusividades do ambiente escolar. Possivelmente, o bullying que ocorre no meio social extrapola para o meio escolar. Williams (2009) verificou que existe associação entre a violência intrafamiliar e o bullying no contexto escolar. O ambiente escolar pode estar sujeito à reprodução da violência, traduzida em práticas efetivadas pelos próprios alunos, tais como agressões morais, físicas e psicológicas, e discriminações de gênero, raciais, políticas e de orientação sexual (OLIVEIRA; VOTRE, 2006; MALTA et al. 2010). Acreditamos que nosso país realmente tem muitas culturas diferentes, que possa possibilitar o alcance de vários tipos de descriminação, as pessoas seguem um padrão familiar que enquadra somente pessoas da mesma raça, aqueles que não se enquadram nesse padrão, vira fruto da agressividade desnecessária de certos indivíduos. Temos plena certeza que os bullying acontecidos nas escolas são decadência da realidade fora da escola, até porque dentro da escola todos os alunos tornam-se uma única raça, uma única família. Através dos dados do nosso estudo, afirmarmos que realmente é numerosa a quantidade de bullying na escola e principalmente nas aulas de educação física. A violência se manifesta de diversas formas no ambiente escolar, algumas afetam os professores, outras aos funcionários e, na sua maioria, aos alunos em diversas faixas etárias. O bullying é uma prática de violência, aparentemente sem motivo que, segundo Fante (2005), é um fenômeno complexo, de difícil identificação, principalmente por manifestar-se muitas vezes de maneira sutil e velada pelos envolvidos nesse fenômeno. Além disso, as vítimas do bullying, segundo as pesquisas de Ferreira e Tavares (2009), acostumadas com essa situação acabam sofrendo caladas e se recolhendo em todas as atividades, com medo de serem expostas e ridicularizadas. Já os agressores, possuem em sua personalidade, traços de desrespeito e maldade e, na maioria das vezes, essas características estão associadas a um perigoso poder de liderança adquirido por meio da força física ou de intenso assédio psicológico (SILVA, 2015). 19 2.4. O Bullying nas aulas de educação física A Educação Física é o componente curricular que tematiza as práticas corporais em suas diversas formas de codificação e significação social, entendidas como manifestações das possibilidades expressivas dos sujeitos, produzidas por diversos grupos sociais no decorrer da história (BNCC, 2018). Nesse ponto de vista, a mobilidade humano está a todo momento inserido no contexto da cultura e não se limita a um deslocamento espaço-temporal de um segmento corporal ou de um corpo. A educação física tem como função aprimorar as habilidades adquridas pelo indivíduo desde a infância, formando um homem adulto com grandes abilidade coprporais e intelectuais. É fundamental frisar que a Educação Física oferece inúmeras possibilidades de desenvolvimento físico e intelectual ao indivíduo, proporcionando um bom convívio com todos a sua volta, ajudando na maneira de comunicação com a sociedade. Esse universo compreende saberes corporais, experiências estéticas, emotivas, lúdicas e agonistas, que se inscrevem, mas não se restringem, à racionalidade típica dos saberes científicos que, comumente, orienta as práticas pedagógicas na escola (BNCC, 2018). Portanto, a Educação Física é essencial e indispensável para o ser humano em todas as fases de sua vida. Experimentar e analisar as diferentes formas de expressão que não se alicerçam apenas nessa racionalidade é uma das potencialidades desse componente na Educação Básica. Para além da vivência, a experiência efetiva das práticas corporais oportuniza aos alunos participar, de forma autônoma, em contextos de lazer e saúde. (BNCC, 2018) A educação é um instrumento fundamental para o desenvolvimento de pessoas e da sociedade, tornando a escola um órgão de formação de caráter e conceitos na formação de um indivíduo, cidadão. A Educação Física no ensino fundamental é de suma importância para a formação do aluno e, desta maneira, ela deve ser tratada com muito interesse pelos profissionais da área. Estudos de Betti e Zuliani (2002) destacam que nos tempos de rápidas transformações sociais que repercutem nas escolas, os professores necessitam se fundamentarem teoricamente a fim de se justificarem perante a escola e a sociedade no que se refere ao bullying. É importante estreitar as relações entre teoria e prática pedagógica, buscando novos modelos e métodos para que a Educação Física siga formando os alunos de 20 forma integral, sempre levando em conta a moral e a ética, onde o respeito e a consciência caminham juntos e, sempre que possível, levando em conta os conhecimentos que os alunos trazem de suas experiências de vida. As aulas de Educação Física, por sua natureza, podem criar situações de competitividade, agressividade e até discriminação. Essas características estão naturalmente presentes em diversos jogos e esportes, ferramentas muito utilizadas em aulas. Mas se tornam aspectos negativos na ausência de planejamento ou quando são inseridas em momento inoportuno. Nas aulas de Educação Física, atitudes de agressões muitas vezes banais são manifestadas, levando a discussões ofensivas em simples jogos recreacionais. Essas atitudes começam a fazer parte de um cotidiano do educando de maneira a perturbar os menos favorecidos. De acordo com Silva (2010), o papel do professor é fundamental para diagnosticar precocemente os casos de bullying, pois em geral, são eles que estão em maior contato com os alunos na sala de aula. Mas qual é o papel do profissional de Educação Física a fim de impedir que isso aconteça? O relato de alguns professores mostra que não existe uma fórmula pronta, mas a solução está no diálogo entre docentes, discentes e equipe administrativa. Esse trabalho, por mais que envolva toda a comunidade escolar, as aulas de Educação Física apresentam suas particularidades. Segundo Rodrigo, em qualquer atividade coletiva, só é possível alcançar os objetivos se todos apresentarem habilidades diferentes que, unidas, formarão uma equipe. Os professores devem incentivar os alunos a atitudes fundamentais para a vida como: cooperação, ação positiva na resolução de conflitos, estando atentos a atitudes de agressões, pois com tais atitudes acabam prejudicando o desenvolvimento daquele que está sendo vítima, essa passa a desenvolver posturas menos ativas diante dos problemas (MELLO, 2005). Sendo assim, os professores de Educação Física que estão em contato com esses casos de bullying, podem contribuir, e muito, no desenvolvimento de atividadesque estimulem a cooperação, o respeito às diferenças presente no ambiente escolar. 21 2.5. Estratégias pedagógicas contra o bullying na escola Com o incentivo do Ministério da Educação da Espanha, algumas universidades desenvolveram ações de prevenção contra o bullying. Entre elas, está o da Universidade de Sevilha, o Programa SAVE, criado em 1996 e coordenado por Rosário Ortega Ruis, cujo objetivo é desenvolver a educação de sentimentos e de valores, além de melhorar as relações interpessoais (FANTE, 2005). Nessa perspectiva, no Brasil, um dos programas mais divulgados é o da ABRAPIA, “Programa de Redução do Comportamento Agressivo entre Estudantes”, realizado entre 2002 e 2003. Este programa, que contou com o patrocínio da Petrobrás, diagnosticou e implementou ações efetivas para a redução do comportamento agressivo entre estudantes de escolas localizadas no município de Rio de Janeiro (LOPES NETO; SAAVEDRA, 2003). Vejamos o que diz a ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) no capitulo II do direito à liberdade, ao respeito e à dignidade. Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis. Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; II - opinião e expressão; III - crença e culto religioso; IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; VI - participar da vida política, na forma da lei; VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. Em 2005, a Organização Mundial da saúde - OMS, num documento denominado “Aliança na prevenção da violência - construindo um compromisso global 22 para a prevenção da violência” propõe: a tipologia de violência proposta no relatório de 2002; a abordagem de saúde pública; e o modelo ecológico, para que orientem a compreensão, a investigação e ação no âmbito da prevenção da violência (OMS, 2005). 23 3. MÉTODOS 3.1. Descrição A referente pesquisa parte do paradigma positivista, na modalidade empírica e documental. Caracterizado por uma pesquisa de campo, de cunho exploratório que utiliza uma abordagem quanti qualitativo na perspectiva transversal. Embasado em fatos teóricos. 3.2. Local Esse estudo foi realizado nas escolas do Projeto de assentamento de produtores rurais Tuerê, localizado no município de Novo Repartimento, sudeste do estado do Pará. O município de Novo Repartimento faz fronteira com os municípios de Tucuruí ao Norte; Itupiranga ao Sul; Jacundá ao Leste e Pacajá a Oeste. Foi fundado em 2005, pelo desmembramento dos municípios de Tucuruí, Jacundá e Pacajá, sendo constituído de 4 distritos: Novo Repartimento, Belo Monte do Pará, Maracajá e Vitória da Conquista. A figura 1 abaixo apresenta a localização do município de Novo Repartimento no estado do Pará. Figura 1: Localização geográfica do município de Novo Repartimento. Fonte: Google Maps, 2020. A origem do município está relacionada à tribo indígena Parakanã, à construção da Rodovia Transamazônica e à construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí. O nome Repartimento, segundo os historiadores, teve origem com os índios Parakanãs, os quais denominaram de Repartimento um rio que fazia a divisão de suas terras (IBGE, 2010). A vila de Repartimento foi à denominação dada ao local onde se 24 fixou o povo oriundo do acampamento da empresa que construiu a Rodovia Transamazônica. E o município surgiu a partir da mudança obrigatória da vila de Repartimento Velho, em decorrência da inundação da área pelas águas da represa da barragem da Usina Hidrelétrica de Tucuruí (IBGE, 2010). O povoado foi iniciado em um vilarejo, situado à margem do rio Repartimento, iniciado nos anos 70, próximo ao alojamento da Construtora Mendes Júnior, empresa responsável. Pela terraplanagem da Rodovia BR-422, que ligaria a Rodovia BR-230 ou Transamazônica à Hidrelétrica de Tucuruí (IBGE, 2010). Na sequência, na figura 2, apresentamos o mapa do assentamento que foi participante desse estudo. Figura 02: Localização geográfica do Projeto de assentamento Tuerê. Fonte: Google Maps, 2020. O assentamento Tuerê é considerado o maior assentamento da América latina, com 51.500 km². Constituído originalmente, por famílias organizadas pelo movimento dos trabalhadores rurais, Movimento dos Sem Terra (MST), pelos 25 sindicatos e pela comissão pastoral da terra. As primeiras famílias que formaram o assentamento foram sobreviventes do massacre da Curva do “S” na BR 155, em Eldorado dos Carajás, em 1996, sendo que 21 trabalhadores foram tombados pela Polícia Militar, marcando para sempre a história do local (IBGE, 2010). As famílias sobreviventes foram remanejadas pela pastoral da terra para beira do Rio Pacajá, localizado no Projeto de Assentamento Tuerê, inscrito na gleba (Parte do terreno que ainda não foi judicialmente dividida) no município de Novo Repartimento em área da União Federal, à 100 km de distância da sede do município de Novo Repartimento. As famílias permaneceram acampadas por algum tempo, até o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) do município de Tucuruí demarcar o assentamento e inserir as famílias na Relação de Beneficiários - RB. O Projeto de Assentamento Tuerê, com 151.500 ha e capacidade para atender a 3.000 famílias foram criados através da Portaria nº 628/87 de 04 de agosto de 1987, objetivando atender aos trabalhadores rurais sem terra da região, bem como as duzentos e sessenta famílias expropriadas em consequência da construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí. Em contrapartida, a Eletronorte em convênio com o ex-GETAT (Grupo Executivo das Terras do Araguaia Tocantins) fez parte da infraestrutura do Projeto de Assentamento, com abertura de 111,07 Km de estrada, construção de uma escola, um posto de saúde e um poço amazonas. Durante implantação do Projeto de Assentamento Tuerê, ocorreram sucessivas invasões sob o comando de lideranças político-partidárias. Outro fato gerador de invasões foi à existência de madeira nobre no Projeto de assentamento que atraiu vários exploradores e possibilitou assim a abertura de estradas provisórias, o que facilitou a ocupação em área não demarcada por aproximadamente 300 (trezentas) famílias, as quais em sua maioria já se encontram cadastradas. 3.3. Participantes Os voluntários para esse estudo foram Cinco professores de Educação de Física três homens e duas mulheres que atuam nas séries finais do ensino fundamental das escolas do Projeto de Assentamento citado acima. Todos os envolvidos assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 1) autorizando a participação no estudo que atende as solicitações da Resolução 26 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, Conselho que rege as normas para pesquisas com seres humanos. 3.4. Procedimentos Os professores foram submetidos à aplicação de um questionário semiestruturado acerca do bullying e suas implicações na escola, em especial, nasaulas de educação física. Esse instrumento contém 6 questões, sendo 5 objetivas e 1 discursiva abordando o tema (anexo 2). 3.5. Análise dos dados Os dados foram interpretados a partir de estatística descritiva e da análise de conteúdo abordando a categorização que, segundo Bardin (1977), classifica os elementos em categorias, impondo a investigação do que cada um deles tem em comum com os outros. Sendo que, o que for comum é justamente o argumento que lhes fará pertencer ao mesmo grupo. A categorização tem como primeiro objetivo fornecer uma simplificação dos dados brutos. Deve-se atentar para o fato de que a análise de conteúdo aponta que a categorização não introduz desvios no material, mas traz a luz do conhecimento, índices invisíveis, do observado nos dados brutos. Para Minayo (2000, p. 74), a análise de conteúdo é “compreendida muito mais como um conjunto de técnicas”. Na visão da autora, constitui-se na análise de informações sobre o comportamento humano, possibilitando uma aplicação bastante variada, e tem duas funções: verificação de hipóteses e/ou questões e descoberta do que está por trás dos conteúdos manifestados. Tais funções podem ser complementares, com aplicação tanto em pesquisas qualitativas como quantitativas. 27 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Considerando que o objetivo do nosso estudo foi analisar a percepção dos professores em relação ao bullying durante as aulas de Educação Física, a partir da aplicação do questionário, a questão 01 que tratava de como o professor compreende o aspecto conceitual do bullying, 100% dos entrevistados afirmaram que é uma forma de violência. Nessa mesma perspectiva, relataram que a violência escolar vem sendo uma das principais causas da grande insegurança entre os estudantes, pois no Brasil, apenas 33% dos estudantes relataram sentirem-se seguros, enquanto que em um grande estudo realizado no Canada, 21% dos alunos do ensino fundamental e 17% do ensino médio, também relataram sentirem-se seguros em suas escolas (CUNHA, WEBER e STEINER, 2009). Onde podemos notar que a maioria dos alunos de escolas públicas sofre com medo. Na questão 2, onde é perguntado aos professores se eles já haviam presenciado algum tipo de bullying nas suas aulas, 100% dos professores afirmaram que sim e os apelidos é a forma constante apresentada nas escolas. Segundo Olweus, (1983) em um estudo clássico sobre o tema, foi observado que os apelidos pejorativos são percentualmente os eventos de bullying mais frequentes entre jovens, correspondendo a 52% do universo total dessas ações intimidatórias. O apelido pode surgir com ou sem conhecimento da pessoa. Quando ele “pega”, ou seja, solidifica-se, passa a fazer parte do indivíduo como um rótulo colocado de fora para dentro (VEREDA, 2008). O mesmo autor revela que apelidos são os que mais prejudicam os alunos, tanto de forma direta quanto indireta, pois acabam ofendendo as pessoas, assim, muitos dos alunos se recusam a voltarem para a escola, pois ficam intimidadas. Segundo Szymansky (2008), alguns professores não atribuem o uso de apelidos como um aspecto relevante relacionado ao bullying, sendo que eles próprios afirmam que muitas vezes referem-se aos alunos dessa forma e também aceitam apelidos que os alunos lhes colocam. Alguns pais também concordam com essa postura alegando que jovens, como num ritual de passagem, colocam mesmo apelidos nos outros. Da mesma forma, introduzem-se na vida social adulta que inclui comportamentos transgressores. 28 60%20% 20% Tempo de duração do Bullying nas aulas Na 3ª questão, foi perguntado quanto tempo durava a situação de bullying entre os alunos, 60% dos professores afirmaram que, de uma semana até um mês os alunos sofriam esse tipo de constrangimento. 20% disseram que os alunos sofriam bullying de um mês a um ano. 20% afirmam que o caso não foi resolvido que continua a imprudência dentro da escola. A figura 3 mostra os valores alcançados. ➢ Uma semana até um mês. ➢ De um mês até um ano. ➢ O caso não foi resolvido. Figura 3: Tempo de duração do Bullying nas aulas de Educação Física Devemos ressaltar que para a maioria dos problemas relacionados ao bullying, a solução foi alcançada em curto prazo, ou seja, entre uma semana e um mês. Porém, existem 40% que duram mais de um mês ou nem solução é encontrada. De acordo com Szymansky (2008), vem em mente a seguinte pergunta: será mesmo que a forma agressora transparecida pelo bullying é de fato criada dentro do ambiente escola? Ou até mesmo criada durante a participação nas aulas de Educação Física? Ao meu pensar, uma das formas para acabar com o bullying é o respeito entre familiares, corpo discente e docente entre outros. Na 4ª questão foi perguntada aos professores de Educação Física quem sofre mais com o bullying, se os meninos ou as meninas. Os resultados mostraram que 40% acreditam ser os meninos que mais sofrem porque são os que mais praticam esportes nas aulas, e, 40% disseram que os dois gêneros (masculino e feminino) sofrem 29 20% 40% 40% Bullying com meninos e meninas igualmente esse desconforto, enquanto que 20% afirmam que são as meninas. Esses valores estão descritos na figura 4. ➢ Os meninos ➢ Os dois gêneros ➢ As meninas Figura 4: Bullying com meninos e meninas Na percepção dos professores, as meninas são as menos prejudicadas pelo bullying. Como na maioria das vezes, as meninas ficam pelos cantos e não participam das atividades desenvolvidas pelo professor, dessa forma, elas não teriam motivos para serem criticadas, apelidadas, ou sofrerem algum tipo de violência verbal. Porém, essas meninas não participam de nenhuma atividade física e acabam fazendo trabalhos extraclasses para compensar as atividades não realizadas nas aulas. De acordo com BANDEIRA (2009), o bullying apresenta diferentes implicações na autoestima de meninas e meninos envolvidos nos diferentes papéis para o mesmo sexo. Meninas que são vítimas/agressoras apresentam uma autoestima mais baixa do que meninos que são vítimas/agressores. Entre as meninas, baixos níveis de autoestima estão relacionados com o papel de vítima/agressor, o que não ocorre entre os meninos. O grupo de agressoras apresenta média mais alta de autoestima que o grupo de vítimas/agressoras. Em relação aos meninos, baixos níveis de autoestima estão relacionados ao papel de vítima. O grupo de testemunhas apresenta maior média de autoestima que 30 20% 80% Bullying nas aulas de Educação Física o grupo das vítimas. De certa forma acredito que está questão só pode ser notada de acordo com a observação do professor, às vezes ele foca mais nos meninos e deixa as meninas de lado, ou vice-versa. Meninos e meninas sofrem sim bullying constantemente, seja entre o mesmo gênero, ou seja, gênero oposto. Na 5ª questão foi perguntado por que os alunos sofrem bullying nas aulas de Educação Física, 80% disseram que é porque os alunos não têm um preparo físico dentro dos padrões exigidos pela sociedade, enquanto 20% afirmaram que é por estar acima do peso adequado. A figura 5 descreve os valores alcançados. ➢ Por não ter um preparo físico adequado ➢ Por estar acima do peso Figura 5: Motivo de bullying com os meninos nas aulas de Educação Física. Esta exigência da sociedade em relação à beleza é mais forte no universo feminino, enquanto que no universo masculino o desvio com relação ao padrão de beleza está vinculado à falta de tempo, em função do ritmo atribulado da vida profissional, para as mulheres, não cultivar a beleza é falta de vaidade – um qualitativo depreciativo da moral (NOVAES; VILHENA, 2003). De fato, na maioria das vezes, o bullying relacionado ao aspecto corporal acontece pelo fato de as crianças não terem o padrão físico parecidocomo o de um atleta esportivo. Muitas das vezes, vai depender da modalidade ou esporte praticado para que esses indivíduos possam desenvolver e definir o padrão físico adequado. Um dos exemplos mais práticos é a modalidade do futebol, para começar, no pensamento dos alunos, só pode jogar bola com os pés os meninos, depois eles reparam o corpo do 31 colega, e na hora de escolher os participantes do time, os gordinhos vão para o banco de reservas, assim como os mais altos também, porque são mais lentos. Com base na pesquisa, notamos que os professores têm consciência da situação do bullying nas aulas de educação física, observando que os professores entrevistados tinham vivências e visões parecidas. No entanto, a última pergunta queria saber se a Educação Física é uma das disciplinas que presenciam os principais tipos de bullying do ambiente escolar e de qual forma você acha que poderia mudar essa realidade. Para mim, não existe algo pronto para o professor de Educação Física quanto as providências necessárias a serem tomadas, a forma que eu encontrei foi chamar os discentes envolvidos e o corpo administrativo. Para assim incentiva-los a entender que o diferente é normal, ou seja, que todos os indivíduos têm peculiaridades. Logo após realizar o planejamento, com atividades igualitárias de cooperação e com equipes, fazendo com que nenhum se destaque mais que o outro e sempre corrigir o uso de apelidos ofensivos (Professor 01). Para muitos professores, “chamar a atenção” é visto como uma intervenção cabível diante do bullying, porém há várias formas de executar esta ação (CARVALHO, 2005). A forma como o professor se impõe em sala de aula pode servir de modelo educativo e, dessa maneira, transforma-se num exemplo para seus alunos. Para Neto (2004), o professor ao “adotar uma postura autoritária dará origem ao surgimento de condutas tiranas por parte de alguns alunos e outros poderão sentir medo e insegurança”. Como relata ainda o Professor 01, na maioria das vezes a forma mais fácil de resolver a questão do bullying nas aulas de educação física é pedindo a ajuda ao corpo administrativo, que com mais calma e cautela cuida do assunto, às vezes, dependendo do grau do bullying o professor resolve a situação ali mesmo, com diálogo. Então, é um tanto complicada essa questão de mudar certas atitudes dos alunos envolvidos no bullying, pois não temos uma orientação ou até mesmo material direcionado, para que possamos trabalhar de forma correta. Tudo bem, podem argumentar que o professor poderia estar buscando estratégias e ideias na internet e, as palestras, são ótima opção, porém não atende todos os problemas envolvidos, pois sabemos que em uma escola de médio porte como a que eu trabalho, onde existem diversos tipos de alunos, com diversos 32 estilos de vida, há qual pouco conhecemos, fica um tanto complicado, trabalhar sem uma orientação e materiais adequados. Então resta a nós, professores da área, encaminhar o aluno que está sofrendo o bullying e o aluno agressor para a administração da escola e tentar conscientiza-los da situação e resolver da melhor forma possível, creio que essa é a melhor opção. No entanto, volto a frisar que se tivéssemos materiais, orientação e suportes necessários, faríamos nosso trabalho com nível de excelência (Professor 02). Para Arroyo (1999, p. 25), “a escola tem que ser mais rica, tem que incorporar o saber, a cultura, o conhecimento socialmente construído”. Embora não se tenha uma educação diferenciada para a população que vive na zona rural, as escolas nesses setores possuem características diferenciadas. Os currículos das escolas básicas do campo não podem reproduzir o mesmo currículo adotado pelas escolas da zona urbana. O homem e a mulher do campo e da cidade têm outras necessidades a aprender e a dominar. Essa educação urbanista caracteriza-se como uma postura alienadora que reforça uma educação para privilegiados (ARROYO, 1999). O professor 02 destaca a falta de orientação e material para lhe dar com o bullying, e como esse trabalho de pesquisa foi desenvolvido em um projeto de assentamento, foi levantado por que essa falta de orientação e materiais é tão comum às escolas de zona rural? Provavelmente o material não chegue pelo difícil acesso a essas escolas, mas e a orientação? Ela pode sim ser desenvolvida através de cursos online, já que o mesmo afirma ter acesso à internet. O bullying vem acontecendo desde o início dos tempos, existem várias revistas e artigos relacionados a esse tema na escola. O provável é que os alunos sejam direcionados a orientação pedagógica já que muitas das vezes os professores não dominam a situação. O profissional da educação física tem que estar sempre atento em relação a esse tipo de violência, fazer com que todos se tratem com respeito e saber lidar com cada diferença (Professor 03). Conforme as ideias de Silva (2009), temos que buscar algumas formas de evitar o bullying, principalmente dentro e ao redor do ambiente escolar, pois o uso do diálogo, com muitas conversas para mostrar a vítima, principalmente, que ela não está sozinha. O professor deve saber ouvir e a se colocar numa situação como esta, criar vínculos verdadeiros para assim transmitir segurança, principalmente, às crianças 33 menores que possuem mais fragilidade e medo por estar em um local não tão conhecido como sua própria casa. É necessário incentivar a participação da família na escola, para que todos estejam presentes e caminhem juntos, evitando-se assim possíveis problemas de traumas posteriores. É possível até mesmo incentivar para uma recuperação, com orientação e responsabilidade, para que todos os envolvidos tenham conhecimentos verdadeiros. Além disso, criar regras e limites, para que os alunos estejam cientes do que eles podem ou não fazer, para conviverem melhor juntos e aproveitarem melhor as atividades propostas na escola. 34 5. CONCLUSÕES O importante nesse estudo é que reconheçamos que o bullying é uma prática que acontece no dia-a-dia das escolas, nas aulas de educação física e em outros espaços também, e que seus efeitos, tanto para quem sofre como para quem pratica, devem ser levados em consideração. Em nosso estudo, podemos concluir que o bullying de fato afeta agressivamente vários alunos nas aulas de educação física, e em especial na zona rural, no desenvolvimento da educação do campo. Entretanto, essa realidade é mundial no espaço escolar. Às vezes, os professores têm o controle da situação, mas as vezes não conseguem resolver a situação que envolve outras pessoas, não apresentando soluções positivas quanto aos atos praticados pelos agressores. Alguns professores relatam que a falta da formação continuada, ou até mesmo de orientações básicas sobre o bullying, por parte da secretaria de educação do município, promove essa deficiência no atendimento em situações dessa natureza. Destacamos que existe a necessidade de se trabalhar a consciência dessas crianças no sentido de evitar essa violência no ambiente escolar, propondo ações que estimulem a relação cooperativa e a boa convivência entre os estudantes. 35 REFERÊNCIAS • ARROYO, M. G.; FERNANDES, B. M. Educação básica e o movimento social do campo. 2. ed. Brasília: Vozes, 1999. 46 p. • BANDEIRA, C. M. Bullying: autoestima e diferenças de gênero. Dissertação de Mestrado, Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2009. • BARBOSA, A. 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Declaro, ainda, que fui satisfatoriamente esclarecido que: A) o estudo será realizado a partir do informe aqui prestado antes do início do procedimento (coleta de dados, entrevista, aplicação de questionários); B) que não haverá riscos para minha saúde e que a pesquisa segue todos os cuidados dispostos na Resolução no. 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) no que se refere a pesquisas com seres humanos; C) que posso consultar os pesquisadores responsáveis em qualquer época, pessoalmente ou por telefone, para esclarecimento de qualquer dúvida; D) que estou livre para, a qualquer momento, deixar de participar da pesquisa e que não preciso apresentar justificativas para isso; E) que todas as informações por mim fornecidas e os resultados obtidos serão mantidos em sigilo e que, este último só será utilizado para divulgação em reuniões e revistas científicas sem a minha identificação; F) que serei informadode todos os resultados obtidos, independentemente do fato de mudar meu consentimento em participar da pesquisa; G) que não terei quaisquer benefícios ou direitos financeiros sobre os eventuais resultados decorrentes da pesquisa; H) que esta pesquisa é importante para a produção de novas informações para o universo da Educação Física. ___________________, ____de _________________________de 20______. _______________________________ _______________________________ Responsável (participante) Pesquisador OBS: Este termo deve apresentar duas vias, uma destinada ao usuário ou seu representante legal e a outra ao pesquisador. 39 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇAO FÍSICA PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA – PARFOR POLO TUCURUÍ Questionário PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM RELAÇÃO AO BULLYING NAS AULAS: análise em projeto de assentamento no interior do Pará Participante nº:............ ( ) Masculino ( ) Feminino 1 – O que você entende por Bullying? a) ( ) é uma forma de violência b) ( ) algo sem importância c) ( ) não sei do que se trata d) ( ) Outro:.............................. ............................................... 2 – Que tipo de Bullying já presenciou? a) ( ) apelidos b) ( ) agressão física c) ( ) agressão verbal d) ( ) Outro:.............................. ............................................... e) 3 – Quanto tempo durou a situação? a) ( ) uma semana até um mês b) ( ) de um mês até um ano c) ( ) O caso não foi resolvido. 4 – Nas aulas de Educação Física, quem sofre mais com o Bullying as meninas ou meninos? a) ( ) meninas b) ( ) meninos c) ( ) os dois gêneros iguais d) ( ) Outro:.............................. 5 – Por que os alunos sofrem Bullying nas aulas de Educação Física? a) ( ) por estarem acima do peso b) ( ) por não ter um preparo físico padronizado c) ( ) por já é instinto da criação d) ( ) Outro:.............................. ............................................... 6 – A Educação Física é uma das disciplinas que presenciam os principais tipos de Bullying. De qual forma você acha que poderia mudar isso?................................................
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