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8 
 
 
 
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ 
FACULDADE CEARENSE 
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
SANDRA REGINA FREITAS DE SOUSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
UM ESTUDO DE CASO SOBRE O BULLYING: a percepção das alunas do 
curso de Serviço Social da Faculdade Cearense nos anos de 2011.1 a 2013.2. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fortaleza/2014 
 
9 
 
 
SANDRA REGINA FREITAS DE SOUSA 
 
 
 
 
UM ESTUDO DE CASO SOBRE O BULLYING: a percepção das alunas do 
curso de Serviço Social da Faculdade Cearense nos anos de 2011.1 a 2013.2. 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao curso 
de graduação em Serviço Social da 
Faculdade Cearense – FAC, como 
requisito para obtenção do título de 
bacharel. 
Orientador: Walter Barbosa 
Lacerda Filho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fortaleza/ 2014 
 
10 
 
 
SANDRA REGINA FREITAS DE SOUSA 
 
 
 
UM ESTUDO DE CASO SOBRE O BULLYING: a percepção das alunas do 
curso de Serviço Social da Faculdade Cearense nos anos de 2011.1 a 2013.2. 
 
 
 
 
Monografia apresentada como 
requisito para obtenção do título de 
bacharel em Serviço Social, outorgada pela 
Faculdade Cearense - FaC, tendo sido 
aprovada pela banca examinadora 
composta pelos professores: 
Data de Aprovação: 31/01/2014 
 
 
 
 
Banca Examinadora: 
 
 
 
 
Prof° Walter Barbosa Lacerda Filho (Orientador) 
 
 
 
Prof° Renato Ângelo de Almeida Moreira 
 
 
Prof° Jefferson Falcão Sales 
 
 
11 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a Deus a força de ter vencido os obstáculos diários nos quatro anos 
cursados, pois só ele é merecedor de toda glória, honra e louvor. 
 
À minha querida mãe, Maria de Socorro, por ter me ajudado em todos os 
momentos difíceis do meu retornar à vida escolar. 
 
 Ao meu querido marido, Sinval Vicente, que foi e é o maior incentivador e 
patrocinador, pela compreensão, apoio, paciência e colaboração. 
 
Aos meus filhos, Sinval Júnior e Sheila Priscila, e ao meu genro Marcelo 
Martina, que diversas vezes me socorreram com seus conhecimentos na correção e 
execução dos trabalhos. 
 
À minha querida sobrinha, Lucia de Oliveira que como um anjo esteve nos 
momentos mais difíceis da minha vida. 
 
Ao meu tio Nilson, que dedicou muitas horas do seu tempo me orientando. 
 
Às minhas Amigas, Aurea Gomes e Taianny Mara, que estiveram ao meu 
lado nos momentos difíceis. 
 
Aos professores, Renato Ângelo e Jefferson Sales, que, com suas poucas 
palavras, foram capazes de me mostrar o caminho a ser trilhado com confiança e 
perseverança. O meu eterno carinho. 
 
E o meu eterno agradecimento a todos os professores que fizeram parte da 
construção do meu saber. 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“É fundamental diminuir a distância entre o que se 
diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, 
a tua fala seja a tua prática." 
 
 (Paulo Freire) 
 
 
 
13 
 
RESUMO 
 
A ausência de estudos e trabalhos específicos em língua portuguesa dentro de uma 
Instituição de Ensino Superior sobre o contexto do bullying levou a elaborar o 
presente trabalho. Pesquisa qualiquantitativa, que objetivou analisar as expressões 
do bullying na formação acadêmica e a compreensão das alunas do curso de 
Serviço Social da Faculdade Cearense sobre sua ocorrência, no período de 2011.2 a 
2013.1. O estudo foi desenvolvido por meio de entrevistas e questionários 
semiestruturados, no período de 2011.2 a 2013.2, tendo como base alunos e 
docentes da Faculdade Cearense. Seu conteúdo teórico tem como base de 
fundamentação autores como: Ana Beatriz (2009); Cléo Fante (2005) e outros. 
Pode-se constatar 50% de ocorrências de bullying. Como sugestão tem-se a 
necessidade de uma política para tratar desse assunto nas Instituições de Ensino 
Superior. 
 
Palavras-Chave: Bullying. Agressores. Violência 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The absence of specific studies in Portuguese in Higher Education Institution 
on the context of bullying led to prepare this work. Qualitative and quantitative 
research to analyze the expressions of "bullying" in academic, aimed students from 
the Faculty of Social Work Ceará, in the period from 2011.2 to 2013.1. The study was 
conducted through semi-structured interviews and questionnaires based on students 
on faculty of the School of Ceará. Its theoretical content is based on the authors, 
such as: as: Ana Beatriz (2009); Cleo Fante (2005) and others. We can see that 
50% of bullying incidents, suggested the need for a policy to address this issue in 
Institutions of Higher Education. The study showed that the rate is alarming within 
higher education institutions, suggesting the need to implement a policy to address 
this problem. 
 
Keywords: Bullying. Perpetrators. Violence. 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
Lista de Abreviaturas 
 
 
ABRAPIA - Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à 
Adolescência 
FaC - Faculdade Cearense 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IES - Instituição de Ensino Superior 
ILAUD – Instituto Latino Americano das Nações Unidas 
ISER – Instituto de Estudos da Religião 
PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 
UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a 
Cultura 
 USP – Universidade de São Paulo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO..........................................................................................................08 
 
Capítulo I 
1. As relações humanas e violência psicológica no contexto da 
sociedade 
contemporânea.........................................................................................................13 
 
1.1 Bullying.................................................................................................13 
1.2 Características do bullying...................................................................17 
1.3 Os tipos de bullying..............................................................................20 
 1.3.1 Bullying doméstico...........................................................20 
 1.3.2. Bullying no ambiente de trabalho ou assédio moral.......21 
 1.3.3. Bullying virtual ou Cyberbullying......................................22 
1.4. Personagens do bullying......................................................................22 
 1.4.1. Vítima........................................................................23 
 1.4.2. Agressor...................................................................26 
 1.4.3. Espectador...............................................................28 
1.5.. Consequências do bullying...................................................................28 
1.6.. Explicando o que é vitimização.............................................................30 
1.7. Violência...............................................................................................33 
1.8. Preconceito..........................................................................................36 
 
Capítulo II 
2. O fenômeno Bullying na dinâmica interpessoal no espaço institucional 
(de uma IES) ............................................................................................................39 
 
 2.1. A instituição e a educação.......................................................40 
 2.2. Bullying e a consequência escolar............ ........................................45 
 2.3. Inteligência para entender a superação ou a acomodação...48 
 2.3.1 Os tipos de inteligência................................................50 
16 
 
 2.4. Teoria da Burocracia para a compreensão de liderança e 
organização de grupos............................................................................................52identificar 
as vítimas encontradas pela pesquisa. Da tipologia de vítimas descrita acima, 
destacam-se quatro tipos que concorrem com a descrição analisada dos sujeitos 
então pesquisados. 
 
1.7. Violência 
 
A violência é a categoria central do bullying e não se pode deixar de abordá-la, 
é o aspecto principal que determina a ocorrência e, mesmo, a repercussão desse 
fenômeno. Fante declara: 
 
Segundo alguns autores, o termo violência é complexo e polissêmico, 
isto é, apresenta diferentes sentidos, o seu significado se define a 
partir do seu contexto formador – social, econômico e cultural, de 
acordo com o sistema de valores adotados por cada sociedade e é 
levado em consideração o seu nível de tolerância para a violência. 
(FANTE, 2005 p. 154) 
 
43 
 
 Entende-se que a violência varia para cada pessoa, ou vítima, e que vai 
depender do nível sociocultural e emocional de quem a sofre. Ela pode ser 
empregada de forma física, como, por exemplo: os pais disciplinando seus filhos 
(para eles, conforme o pensamento de gerações anteriores, a utilização do castigo 
físico seria, antes de tudo, uma manifestação das prerrogativas de pai e mãe, logo, 
respaldado pelo amor destes, para o cumprimento do que se espera deles, ou seja, 
a educação dos filhos); o marido que espanca sua mulher (em geral, sob a alegativa 
de ciúmes, ainda que outras razões também concorram para o fato) representa uma 
violência que acontece através, sobretudo, de coerção. Para quem sofre não tem 
outro significado que humilhação, submissão e impotência. Sabe-se que tais 
ocorrências podem acontecer na escola, família, trabalho ou quaisquer locais onde 
exista relação interpessoal, normalmente, tomando por alvo crianças, deficientes, 
idosos e pessoas que estão ou são vulneráveis por algum motivo situacional 
(FANTE, 2005, p.154-161). 
Juridicamente, violência é uma forma de constrangimento, posto em prática 
para vencer a capacidade de resistência do indivíduo mais fraco, obrigá-lo a deixar 
de praticar algo ou levá-lo a fazer o que se deseja, mesmo contra a sua própria 
vontade. É igualmente ato de força quando exercido contra as coisas, na intenção 
de violentá-las, invadi-las ou delas se apossar. Há muitas outras definições: em 
relação à pessoa: “agressão ou violência”, em relação à propriedade que 
denominada de “esbulho”, e outras mais. Dessa forma, a violência, seja ela material 
(força física ou agressão), moral (ameaça, medo ou intimidação), é uma grave injúria 
à integridade do outro (FANTE, 2005, p.167-185) 
Pode-se sintetizar violência, reportando-se ao livro Mapa da violência: os 
jovens do Brasil, escrito pelo coordenador de desenvolvimento Social da UNESCO 
Brasil quando diz: 
 
Que os atos de violência apresentam-se hoje na consciência social não 
apenas como crimes, homicídios, roubos ou delinquência, mas nas relações 
familiares e nos diversos aspectos da vida social. Portanto o autor não se 
refere à violência apenas quanto a sua manifestação física. Mas também 
quanto às situações de humilhação, exclusão, ameaças, desrespeitos, 
indiferenças, omissão para com o outro. Violência, hoje está estritamente 
ligada aos conceitos de alteridade, expressando-se nas formas e 
mecanismos pelos quais a sociedade convive com diferentes (JACOBO, 
2006, p.68). 
 
 
44 
 
A violência é todo ato que acarreta a ruptura de uma conexão social pelo uso 
da força. Contesta-se, assim, a chance da relação social que se instala pela 
comunicação, pelo compartilhamento da palavra, pela comunicação e, pois, até pelo 
conflito. Mas a própria noção de violência tem diversa significação, pois há um limite 
entre o reconhecimento ou não da sua prática quanto de seus efeitos, que é definido 
pelos sujeitos em momentos históricos e culturais diferentes. Ao escolher analisar as 
atitudes que estão relacionadas ao efeito danoso a quem sofre estas, manifestadas 
através dos atos mais sutis e, talvez, rotineiros na sala de aula, evidenciam-se, pois, 
a intolerância e o preconceito, trazendo à tona a violência simbólica presente na 
relação pedagógica quanto no espaço institucional que lhe é correlato, questão que 
foi objeto de reflexão de Bourdieu (STIVAL e FORTUNATO, 2001). 
 Cléo Fante define agressividade como um comportamento repetitivo e 
persistente, que viola o direito do outro ora tornado vítima. O termo agressividade é 
utilizado para expressar ataque ou provocação, denotando, com isso, o que é 
próprio da violência. Ela classifica a violência em grau e forma, sendo assim 
distinguida: 1) grau: complexa; frequente; direta; indireta, implícita, velada, explícita; 
e identificada; 2) forma: física, sexual, verbal, psicológica (FANTE, 2005 p.154). 
No livro de Silva (2010), não se define violência de maneira denotativa, 
preferindo manter a mesma definição de bullying, como: insultos, ofensas, 
xingamentos, fazer gozações, colocar apelidos pejorativos, bater, chutar, espancar, 
empurrar, ferir, beliscar, roubar ou destruir os pertences da vítima, irritar, humilhar e 
ridicularizar, excluir, isolar, ignorar, desprezar, ou fazer pouco caso, além de outros 
como sexual e virtual, isso em relação a crianças e adolescentes (SILVA, 2010, 
p.21-25). 
De acordo com a presente revisão bibliográfica, o agressor dá provas da 
necessidade de reproduzir contra outrem os maus-tratos sofridos em casa ou na 
escola, de forma a demonstrar autoridade, fazer-se notar ou, apenas, reproduzir a 
maneira privilegiada que conhece para lidar com a insegurança pessoal, sentida 
diante de iguais, buscando, com isso, reconhecimento, autoafirmação e satisfação 
ou compensação pessoal. 
A ordem do consumo, entronizada na sociedade contemporânea como a 
panaceia do indivíduo, tem levado o educando ao caminho da intolerância, que se 
expressa pela não aceitação das diferenças, provocando o surgimento, dentre 
45 
 
outras ocorrências, do bullying, marcados pelos diversos tipos de preconceitos 
(SILVA, 2000) 
 Silva (2010) aborda o preconceito como elemento central do bullying, 
mostrando, a partir dos papeis reconhecidos no mesmo, a dinâmica que cada 
personagem assume no fenômeno: 1) agressor; 2) vítima; 3) espectador. Pode-se 
destacar das palavras da autora que cada um dos personagens carrega sua parcela 
de não aceitação com as diferenças (logicamente, alheias) (SILVA, 2010). 
 
1.8. Preconceito 
 
O preconceito é uma das categorias que concorrem para a explicação da 
ocorrência do fenômeno bullying, o que se deixa assinalar pelos depoimentos dos 
sujeitos então pesquisados. Para caracterizá-lo, dispõem-se de diversas teorias e 
autores, diferentes como: PAINE (1964), SANTOS (1999), SILVA e ASSIS (1983) e 
dicionário Aurélio. 
 A definição do prefixo PRE indica antecedência, ou seja, algo que vem à 
priori. O conceito é síntese de uma ideia, é juízo que se faz de algo, é algo 
concebido. Resumindo, o Preconceito é opinião ou conceito idealizado 
antecipadamente. Assim, percebe-se o perigo em sua admissão, de se fazer um 
juízo incorreto sobre algo posterior (ou, no mínimo, a decidir-se futuramente). (Ver 
verbete “Preconceito” in: Dicionário Aurélio (online). 
Considera-se mensurado algo que foi submetido ao conhecimento do juiz, ou 
então, de pessoa ponderada, prudente ou sensata. Diante disto, ressalta-se que 
pode tratar-se de ignorante todo que procede preconceituosamente, já que aquele 
que inadequadamente ajuíza sobre algo se arrisca, em geral, incorrer em 
preconceito. Geralmente, teme-se o que não se conhece. Neste caso, pode-se 
entender o medo como um dos grandes agentes causador do preconceito. Para 
vencer o preconceito, é primordial estudar, examinar, analisar e observar 
minuciosamente todo o contexto da questão (SILVA E SALLES, 2010, p.118). 
Os indivíduos identificados ao preconceito, em geral, procuram achar nos 
sujeitos marcados por certas diferenças as razões para justificar a sua atitudede 
insensatez, de estranhamento ou, mesmo, de violência, se assim não condiz com o 
padrão da maioria (que, por sua vez, ele próprio pensa que representa), nomeado 
ora de anormal, portanto, podendo ser alvo de discriminação. As formas 
46 
 
discriminatórias mais comuns na sociedade estão baseadas e ancoradas nas 
categorias: sexo, cor da pele, religião, aparência física e classe social. Do ponto de 
vista da compreensão de senso comum, o que não está dentro do padrão dominante 
é diferente e, por isso, discriminado. Subentende-se da ideia de que o diferente não 
merece respeito por atentar contra a identidade dessa mesma maioria. O convívio 
em sociedade, por toda a história humana, a demandar a superação de conflitos, 
muitas vezes mortais, invoca como aspecto, hoje, a defender o próprio pacto 
civilizatório humano um comportamento positivo sem discriminação que obstrua a 
plena realização dos indivíduos como pessoa (SILVA, 2000). 
O preconceituoso tem sua atitude baseada no que recebeu de educação, 
aqui, em sentido amplo, envolvendo não só a escola, como, ainda, família, trabalho 
e o meio social e cultural em que se insere, moldando suas crenças, ideias e valores 
que tendem para determinada predisposição comportamental, em geral, alinhado ao 
entendimento de senso comum. Assim, compreende-se que o preconceito é 
produzido em decorrência de conceito homogeneizado coletivamente e cristalizado 
historicamente, a traduzir o ódio, a raiva ou a repulsa que se instalam à revelia das 
explicações racionais. Por tanto, é necessário entender o preconceito como uma 
construção social e cultural, reiterando posições ideológicas (PAINE, 1964, p.15). 
Ademais, as características físicas, crenças, educação, círculo social, etc. 
associado ao eu está o civilizado e ao outro o selvagem. Não o reconhecendo, 
repudia-o, discrimina-o e odeia-o. O outro é um intruso e deve ser combatido, 
neutralizado para não destruir a ordem estabelecida pelo eu social que está em 
consonância com o estereótipo; a sociedade do eu o excluí para evitar o 
desconhecido e daí se proteger. Nesse sentido, o preconceituoso acredita que a 
ordem só pode ser mantida com a eliminação das diferenças, resiste a qualquer 
mudança e teme o novo (PAINE, 1964, p.28). 
É inegável a necessidade de avaliar o preconceito como uma das fontes da 
violência. Tanto a afirmação e a manipulação da diferença como a sua negação ou 
dissimulação são formas de não reconhecimento da falta de respeito ou das 
diferenças à sua existência, o que cria novos padrões de violência. Situações que 
envolvem discriminação, menosprezo, humilhação, desqualificação, exclusão e 
intimidação nas relações de gênero, no âmbito de trabalho e nas posições de poder, 
constituem formas produtoras e reprodutoras do preconceito e, consequentemente, 
uma forma de violência. O preconceito pressupõe uma relação interpessoal, quando 
47 
 
alguém se relaciona com o outro, o diferente, a partir da negação ou desvalorização 
da identidade do outro e da supervalorização ou afirmação da própria identificação 
(SILVA e ASSIS, 1983, p.58). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
Capitulo II 
 
2. O fenômeno Bullying na dinâmica interpessoal no espaço institucional (de 
uma IES) 
 
Quanto à discussão da dinâmica interpessoal no espaço social e institucional 
do bullying, apresenta-se o capítulo dividido em função dos diferentes ambientes 
sociais e noções teóricas por ele implicados (família, escola, consequências no 
âmbito escolar, teorias da liderança, caracterização das inteligências e dinâmica dos 
grupos), ainda que se reconheça que nem todos destes aspectos possuam o 
mesmo impacto na definição do fenômeno em questão, mas que, todavia, revelam 
conexão direta com os diversos fatores e variantes do fenômeno bullying. 
Conviver com a diversidade de pessoas, pensamentos, educação, religião, 
entre outras, é um desafio peculiar a todo ser humano. Todo sujeito precisa ser 
senão ensinado, ao menos, estimulado a viver de forma respeitosa a toda 
pluralidade, e, para isso, depende de alguém ou de uma instituição que o inspire 
também a fazer. E os primeiros ensinamentos começam em uma coletividade, que, 
no caso, é necessariamente a família. E é nessa coletividade que se deve aprender 
a respeitar as particularidades, a individualidade de cada pessoa, entendendo que 
cada um tem seu jeito peculiar de ser (BAIERL, 2004, p. 193). 
As pessoas educadas a partir de tal perspectiva e, pois, equilibradas passam 
a ter relacionamentos mais duradouros e sólidos. Têm uma maior facilidade para 
compreender o próximo como um ser diferente e, quando se aceita o outro, como 
um ser distinto, que tem atitudes, experiência, gosto e tem sentimentos que são 
diferentes, mas não menos notável e sublime que os nossos. Quando se aprende a 
aceitar e conviver com o outro, como um ser dissemelhante, porém especial, ter-se-
á então uma convivência mais justa, com menos violência, igualitária e, com isso, 
pessoas potencialmente mais felizes. É verdade que relacionar-se com as 
diferenças é uma verdadeira batalha, mas deve ser encarado como uma 
necessidade para a convivência humana, pois, respeitando o próximo, estar-se-á 
dando acesso para que as peculiaridades individuais sejam respeitadas. Ao 
compreender e entender o outro se abre uma janela para que o próximo também 
possa compreender quem com ele está em contato (PLEKHANOV, 2011, 51-67). 
49 
 
E com isso, passa-se à segunda forma de coletividade, a Escola, que deverá 
instruir, contribuir e propiciar um aprendizado para se obter uma boa convivência e 
aceitação das diferenças. Levando esse aprendizado para as diversas e futuras 
convivências, evitam-se, com efeito, preconceitos e injustas discriminações nestes 
espaços sociais ao trânsito entre família e escola. 
 
2.1. Instituição e a Educação 
 
É na escola que a cidadania dispõe de um espaço privilegiado para a sua 
consequente construção, estimulada através da harmonia da convivência, a garantir, 
sempre que possível, o bom relacionamento e, assim, aprendendo-se a respeitar os 
direitos dos semelhantes e evitar as manifestações de violência que, em geral, 
assolam as instituições do tempo que ora se vive. Nos dias atuais, as escolas nem 
sempre cumprem com o compromisso de promover a consciência do respeito mútuo 
a transformar as vidas de seu público no sentido da afirmação de uma cultura do 
diálogo com toda a diversidade circundante. Com tal propósito, devem-se destacar 
os diversos problemas ligados à violência nas instituições, seja alimentando-a, seja 
encobrindo-a as causas ou, mesmo, o seu reconhecimento. Não é algo novo, mas 
sua caracterização sofreu modificações com o advento da globalização, com a 
velocidade das informações através da “Internet” que aproximou os alunos das 
mudanças sociais do globo, e, assim, condicionando-as à realidade própria do 
presente. (RESENDE, 1995). Nesse contexto, nunca é demasiado evocar a nossa 
Constituição Federal de 1988 para demarcar o que se consuma com a Educação: 
 
 A Educação é para conscientizar, emancipar e garantir qualidade de 
ensino e acesso a cidadania e a democracia, tem sido proposta tanto 
pela Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996), quanto pela 
Constituição Federal do Brasil (1988). Conforme a Lei Federal nº 
9.394/96 (LDB), art. 2o: “a educação” ... Tem por finalidade o pleno 
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da 
cidadania e sua qualificação para o trabalho. A Constituição Federal 
(1988), no Cap. III, Seção I art. 205, estabelece que: “A educação... 
será promovida... visando o.... preparo para o exercício da cidadania 
e sua qualificação para a vida (BRASIL,1988). 
 
 
Segundo Guimarães (1996), as instituições de ensino, enquanto promotora de 
uma educação bancária, acabam por promoveruma homogeneização a ser exercida 
50 
 
através do processo de execução disciplinar, ou seja, de atividades que controlam o 
tempo, o espaço, o movimento, toda a coordenação motora dos educandos, dos 
educadores e de todos os funcionários, impondo um controle total de submissão e 
docilidade. “Assim como a escola tem esse poder de controle que não admite as 
diferenças, ela também é revestida por formas de se opor, não se submetem às 
intransigências das normas do vir- a ser” (GUIMARÃES 1996, p. 78-79). 
Segundo Julio Aquino: 
 
Compreender essa situação implica aceitar a escola como um lugar 
que se expressa numa extrema tensão entre forças que se opõe. O 
professor imagina que a garantia do seu lugar se dá pela 
manutenção da ordem, mas a diversidade dos elementos que 
compõem a sala de aula impede a tranquilidade da permanência 
nesse lugar. Ao mesmo tempo em que a ordem é necessária, o 
professor desempenha um papel violento e ambíguo, pois se, de um 
lado, ele tem a função de estabelecer os limites da realidade, das 
obrigações e das normas, de outro, ele desencadeia novos 
dispositivos para que o aluno, ao se diferenciar dele, tenha 
autonomia sobre o seu próprio aprendizado e sobre sua própria vida. 
(AQUINO, 1996- p.102) 
 
A escola, como espaço ambivalentemente de disciplina e violência, é 
atravessada por um movimento de duas mãos: de um lado, pelas ações que tendem 
a confirmação das leis e das normas deliberadas pelos órgãos responsáveis, e, de 
outro, pela dinâmica dos grupos internos que institui rupturas, interação e consente 
na troca de ideias, sentimentos e palavras numa aliança provisória e conflituosa. A 
instituição educacional não pode ser comparada apenas como um local de 
opressão, dos conflitos, das violências que acontecem na sociedade. É de vital 
importância argumentar que as escolas produzem sua própria disciplina e violência. 
É preciso aprender com o ir e vir desses fenômenos e seus modos exclusivos de 
manifestação. Não é nosso objetivo valorizar esteticamente a violência, nem 
defender uma escola sem regras, mas sinalizar a existência de uma lógica interna e 
aos fatos que ofereça uma pista para achar-se solução pedagógica de negociação 
com os conflitos (RESENDE, 1995, p.38-46) 
As escolas mais sensíveis e atentas às mudanças globais na 
contemporaneidade estão buscando iniciar métodos de reforma e de inovação que 
poderão dar conta dos novos desafios. É necessário modificar as organizações 
escolares, os conteúdos educacionais, os processos de estudo e de ensino, mas, 
51 
 
especialmente, o entendimento da educação bancária e ir além das fronteiras que 
usualmente confinam essas instituições. “Até bem pouco tempo, o aprendizado do 
conteúdo programático era o único valor que importava e interessava na avaliação 
escolar” (SILVA, 2010, p.63-64). Elas devem destacar-se como um ambiente no qual 
as relações interpessoais são fundamentais para o crescimento do estudante, 
contribuindo para educá-lo por meio de estímulos que ultrapassem as avaliações 
acadêmicas tradicionais (testes e provas). Essas transformações devem trazer 
mudanças e definições dos lugares, proporcionando confiança e segurança a todos 
envolvidos no contexto educacional (SILVA, 2010, p.63-67). 
 Fante cita que, em tempos não tão remotos, a autoridade era exercida pelo 
controle da instituição em geral, impondo nos alunos um enorme grau de submissão 
e permitindo o emprego de rígidos instrumentos de repressão, incluindo o castigo 
físico. Atualmente, essa perspectiva foi se transformando devido à falta de 
fiscalização e compromisso com a educação, sendo justificada por diversos fatores, 
como: falta de funcionário; falta de política salarial eficiente; inviabilização da 
progressão continuada, falta de infraestrutura adequada aos esportes, atividades 
extraclasses e de lazer; falta de segurança; e ainda por falta de investimento por 
parte do governa em uma educação de qualidade e mudanças no programa de 
ensino (FANTE, 2005, p.169-186). 
 Essa transformação também acarreta consequências danosas. 
Ainda que sempre tenha existido nas escolas do mundo todo, não tinha essa 
dimensão catastrófica na vida de milhares de estudantes como se vê na 
contemporaneidade. “O fenômeno apresenta não somente a intransigência e as 
diferenças como também disseminam os mais diversos preconceitos e covardia nas 
relações interpessoais dentro e fora dos muros escolares” (SILVA, 2010, p. 63-65). 
As instituições públicas e privadas de ensino superior diferem em suas 
instalações: uma proporciona o bem estar dos seus clientes, enquanto que a outra 
cumpre os programas escolares em um âmbito precário; docentes bem pagos para 
cumprir o cronograma, enquanto outros, às vezes, têm seus salários retidos por 
meses; os dois têm o objetivo de ensinar e preparar seu alunos para um futuro 
acadêmico, em geral, um com qualidade e o outro com dificuldade. Mas a violência 
verbal e/ou física se faz presente em ambas. Uma tem o conhecimento e tenta 
combater com os seus poucos recursos e despreparo, enquanto que a outra diz não 
52 
 
ter ocorrência em suas instalações e, ainda, tem pouco preparo para combatê-lo 
(OLIVEIRA e MARTINS, 2007, p. 32- 44). 
Com o crescimento da violência nas instituições, a partir dos fatos e 
pesquisas que repercutem a questão em nosso tempo, muitos docentes mostram-se 
perdidos quanto ao procedimento a ser tomados frente a esse fenômeno. Com isso, 
alguns tomam atitudes de indiferença e de desconhecimento, é uma forma de livrar 
a si e a instituição da responsabilidade e das consequências desse fenômeno 
(OLIVEIRA e MARTINS, 2007). 
 O Bullying se caracteriza como um fenômeno que normalmente faz de algum 
colega de sala uma vítima, acontecendo em todos os níveis de ensino, incluindo, e a 
destacar aqui, o nível superior. 
A escritora Amaro (1997), em seu livro “Serviço Social na Escola”, concebe 
que a escola deve ser um equipamento social fundamental para garantir a 
educação, e que ela vem enfrentando desafios diários para articular o trabalho e o 
conhecimento na conexão da escola com a vida cotidiana e social dos alunos, ou 
seja, sua realidade diária e as necessidades sociais. Neste sentido, se torna 
imprescindível que a escola passe a buscar conhecer a realidade social dos seus 
alunos e possa fazer a mediação entre o âmbito escolar e o familiar. Com esse 
diagnóstico social, o profissional mediador terá uma compreensão da realidade 
vivida pelos personagens investigados e uma melhor compreensão do porquê do 
crescimento da violência na instituição de ensino em questão. 
Ademais, é no âmbito escolar, na cotidianidade dos alunos e de seus 
familiares, que se concretizam as diversas expressões da questão social, como 
famílias em vulnerabilidade socioeconômica por causa do desemprego, evasão 
escolar infantojuvenil para trabalhar, fome, problemas de saúde, moradia 
inadequada, drogas, pais negligentes, violência doméstica, pobreza, desigualdade 
social, entre outras. Neste estado de coisas, fazem-se oportunas as palavras de 
Iamamoto: “As demandas que surgem é o produto da questão social que demonstra 
a necessidade da inserção do profissional do Serviço Social, que se coloca neste 
espaço com o objetivo de ajudar, receber e atacar estas demandas” (IAMAMOTO, 
1998). Essas características estão presentes na vida dos alunos no ensino básico 
até o médio, e também, superior. 
 Encontra-se nas instituições de ensino dificuldades ao proceder com a 
violência, pois ela mantem-se “fechada como uma concha” em relação a esse 
53 
 
fenômeno bullying. Para a autora, a escassez de conversa com a população torna a 
escola uma “autista”, por falta de compreensão, diálogo e de entendimento entre as 
pessoas: “deduzo que seria importante se a instituição pudesse enxergar o real com 
olhos bem abertos, exercendo mais democracia, dialogando com os estudantes e 
juntosbuscassem enfrentar essa violência e achar soluções para os problemas que 
pertence a ambos” (ABRAMOVAY, 2005- p. 19). 
Em virtude dos agravos físico-emocionais sofridos pelos personagens 
envolvidos, o bullying passou a ser cogitado como um problema de saúde pública, 
segundo afirma Fante (2005), portanto, tratando-se de um objeto de políticas 
públicas. O bullying, por ser uma das manifestações da questão social, delimita o 
padrão de sociabilidade da sociedade contemporânea e apresenta-se sob a 
caracterização de demanda para o Serviço Social, já que o objeto de intervenção do 
assistente social é a questão social. Dessa forma, Iamamoto (2010) traz que: 
 
 
[...] o conhecimento das condições de vida dos sujeitos permite ao 
assistente social dispor de um conjunto de informações que, 
iluminadas por uma perspectiva teórica crítica, possibilitam 
apreender e revelar as novas faces e os novos meandros da questão 
social, que desafiam a cada momento o desempenho profissional 
(IAMAMOTO, 2010, p. 272). 
 
 
 Sendo a questão social como o “conjunto das expressões de desigualdade 
da sociedade capitalista madura”. (Iamamoto, 2010, p.27). Mota (2008) reflete sobre 
os riscos da simplificação conceitual: Em virtude da raízes da questão social 
submergir nas relações sociais vigentes e dominantes na sociedade capitalista, o 
uso da sentença como menção das diversas manifestações da desigualdade perfaz 
por iludir seu significado histórico, uma vez que os sintomas fenomênicos da 
pobreza encera por ser separados das suas determinações (MOTA, 2008). 
 O debate do Serviço Social na Educação não é recente, repara que “aos 
anos iniciais da profissão em sua atuação marcadamente voltada para o exercício 
do controle social sobre a família proletária em relação aos processos de 
socialização e educação da classe trabalhadora” (MARTINS, 2012, p. 37), 
 Tendo a Educação, como uma política social, que expressa as lutas de 
classes. Para Almeida (2005): 
 
54 
 
[...] a política de educação pode ser concebida também como 
expressão da própria questão social na medida em que representa o 
resultado das lutas sociais travadas pelo reconhecimento da 
educação pública como direito social (MARTINS, 2012, p. 35). 
 
 
Assim sendo, percebe-se que a “Educação é uma das áreas complicada, difícil e 
importantes da vida social” (MARTINS, 2012, p. 34). A função do Serviço Social 
Escolar junto à política de Educação não se mistura ao dos educadores. O trabalho 
dos assistentes sociais nessa política, “tem se dado no sentido de fortalecer as 
redes de sociabilidade e de acesso aos serviços sociais e dos processos 
socioinstitucionais” (MARTINS, 2012, p. 06). A escola representa uma luta política 
para o Serviço Social. 
Diante do relato citados, o assistente social tem o dever no âmbito escolar de 
exercer uma prática direcionada para a garantia e exercício da cidadania, facilitando 
a integração da comunidade escolar no enfrentamento desse fenômeno bullying no 
seu cotidiano. 
 A violência vista como um fenômeno social nas instituições de ensino é 
reproduzida e produzida na escola, não desconexada da realidade. Dentro dessa 
visão, para combater o bullying escolar, faz-se que o público infantojuvenil deve se 
desenvolver e crescer sabendo respeitar, a conviver com a necessária articulação 
entre a família, pois a família é o alicerce do indivíduo, é nesta instituição que passa-
se a compreender o espaço do outro (COUTINHO, RIBEIRO e BARRETO, 2012, p. 
89). 
Entretanto, a relevância deste trabalho indica a importante contribuição do 
assistente social no enfrentamento do bullying institucional, fomentando a discussão 
e o debate do tema, promovendo o respeito entre os membros da sociedade em 
questão e almejando a edificação de uma nova realidade, norteada por uma visão 
emancipatória. 
 
2.2. Bullying e consequências no âmbito escolar 
Os alunos como sujeitos de uma rejeição ao ensino e a formas de 
aprendizagem de uma instituição tendem apresentar uma execução insatisfatória do 
que é objeto da relação ensino-aprendizagem, desenvolvendo problemas 
emocionais, físicos e, pois, sentimentos de incapacidade com relação à vida. O 
entrosamento e a aceitação por parte dos colegas é fundamental para a saúde do 
55 
 
infantojuvenil desenvolver, aperfeiçoando sua aptidão de reação diante das 
circunstâncias então vividas e, logo, das habilidades sociais por estas pressupostas 
(LOPES NETO, 2005). 
O docente também pode ser um refém da violência na instituição de ensino, 
sobrando apenas desconforto, descontentamento, e desimportância diante das 
consequências da violência do cotidiano, na proporção em que igualmente são 
vítimas da violência. Dessa maneira, a instituição não é uma mera reprodutora das 
experiências de violência, de conflitos e de opressão, mas também reproduz sua 
violência e sua indisciplina (AQUINO, 2002). Na pesquisa, conforme se verifica no 
capítulo seguinte, não foi encontrada nenhuma amostra dessa ocorrência com 
docente. 
Instituições e seus gestores devem ser orientados para identificar o bullying e 
saber diferenciar o que é brincadeira de insulto, atitude própria e necessária ao 
amadurecimento das crianças. Mas, quando se tem em vista a amostra da presente 
pesquisa, é um subterfúgio utilizado pelas mulheres, como disfarce do seu lado 
violento, e, ainda, tentando justificar a ocorrência, quando então percebida, como 
normal à vida do grupo (SIMMONS, 2004). 
 Outro problema indicado pelos diversos autores é que a grande maioria das 
instituições insiste em não identificar a existência e consequências do bullying no 
ambiente escolar, tanto faz ser nas escolas públicas ou privadas, deduz-se, em 
virtude do imperativo mercadológico de nosso tempo, que seja por medo de 
manchar o nome da instituição ou sofrer algum tipo de coerção que afaste os 
estudantes/clientes. 
 Para que esse mal acabe, faz-se necessário denunciar o ocorrido, contudo a 
prevenção ainda é o meio mais eficaz quando feito em conjunto com todos os 
interessados. O âmbito educacional torna-se para o assistente social, na atualidade, 
não apenas um campo de trabalho, mas, sim, um elemento determinado do seu 
trabalho em diversas áreas de atuação que precisa ser descoberto (ALMEIDA, 2000, 
p.74). 
Sabe-se que é no cotidiano dos alunos, no interior da escola e de suas 
famílias que se representam as diferentes expressões da questão social, como 
desemprego, subemprego, trabalho infanto-juvenil, baixa renda, fome, desnutrição, 
problemas de saúde, habitações inadequadas, drogas, pais negligentes, famílias 
multiproblemáticas, violência doméstica, pobreza, desigualdade social, exclusão 
56 
 
social, disputas por trabalho, etc. As demandas emergentes e resultantes da 
questão social é que justificam a inserção do profissional do Serviço Social, que se 
insere neste espaço com o objetivo de receber e encaminhar estas demandas. 
Neste sentido, Iamamoto (1998) afirma: 
 
O desafio é redescobrir alternativas e possibilidades para o trabalho 
profissional no cenário atual; traçar horizontes para a formulação de 
propostas que façam frente à questão social e que sejam solidárias 
com o modo de vida daqueles que a vivenciam, não só como vítimas, 
mas como sujeitos que lutam pela preservação e conquista da sua 
vida, da sua humanidade. Essa discussão é parte dos rumos 
perseguidos pelo trabalho profissional contemporâneo (IAMAMOTO, 
1998, p.75). 
 
 
As consequências do bullying podem ser graves e irreversíveis. Para Antunes 
e Zuim (2008), independentemente do potencial intelectual, alunos com distúrbios de 
comportamento ou emocionais tendem ao fracasso escolar. O fracasso escolar cria 
dificuldades tanto para a escola como para a vida pessoal do aluno, conduzindo-o à 
evasão escolar. A identificação e o atendimento precoce das crianças com distúrbios 
são necessários, visto que os problemas decomportamento parecem seguir uma 
progressão caso não ocorra um diagnóstico e uma intervenção eficaz. Sem 
intervenção os problemas tendem a persistir e a se manifestar na vida adulta. 
(ANTUNES e ZUIM, 2008). 
Os atos de bullying, em sua maioria, ocorrem na ausência de um adulto, em 
se tratando de infantojuvenil, se for adulto ele acontece normalmente na frente de 
amigos e professores. Como uma boa parte das vítimas não reage ou não fala sobre 
a agressão sofrida, esses fatos só favorecem a impunidade e a perpetuação desse 
tipo de comportamento. A vítima de bullying pode vir a desenvolver sintomas e sinais 
clínicos decorrente do estresse sofrido, fazendo-se necessário, nos acontecimentos 
em que se notou mudança de personalidade, intensa agressividade e distúrbios de 
conduta por longo período, uma avaliação psiquiátrica e/ou psicológica (LOPES e 
NETO, 2005). 
 A partir do momento que tem total conhecimento do bullying, essa instituição 
poderá preparar seus funcionários a identificar e combater este problema, evitando 
assim, evasão dos alunos e o comprometimento do aprendizado dos mesmo. 
57 
 
Nos anos 1990, os Estados Unidos enfrentaram uma epidemia de tiroteios em 
algumas escolas, como os massacres de Columbine, cometido por Harris e Klebold. 
Em seus diários, estavam as confirmações de terem sido vítimas de bullying e 
usaram a violência como instrumento de vingança, pela a falha e a falta de 
entendimento por parte dos amigos e da administração escolar. Mataram 13 
pessoas e a si mesmos (Noticia Terra, 2006)6. Outro caso bem conhecido foi de um 
aluno do ensino médio chamado Curtis Taylor, numa escola secundária em Iowa, 
Estados Unidos. Ele foi vítima de bullying por três anos, recebeu diversos apelidos, 
foi diversas vezes espancado num vestiário, entre outras agressões. Seu sofrimento 
teve fim com o suicídio em 21 de março de 1993 (GARCIA, 2010). 
No Brasil, ocorreu o massacre de Realengo no Rio de Janeiro. Wellington 
Menezes de Oliveira, o assassino que perpetrou o massacre, teria sido vítima de 
bullying nos anos em que estudou na escola municipal Tasso da Silveira, matou 12 
colegas de escola e se suicidou ao se deparar com a polícia (AZEVEDO, 2011). 
Nos jornais e noticiários diários, pode-se perceber o crescimento da violência 
nas escolas do nosso país. Segundo os diversos autores consultados, ela é 
atribuída a precariedade das instituições, a má formação e remuneração dos 
profissionais, o que favorece o crescimento da violência escolar. Os professores são 
sobrecarregados com turmas numerosas, o que, não lhes permitem perceber a 
existência de problema entre os alunos. O mesmo acontece no curso de graduação 
tomado como objeto de pesquisa. As turmas são numerosas, os/as professores 
ensinam diversas turmas e disciplinas diferentes, não lhes dando condições de 
perceberem se há algum aluno enfrentando uma situação difícil de relacionamento 
ou qualquer outro motivo. Conforme o capítulo final explicita, provavelmente, esse 
seja uns dos motivos de não haver relato na instituição da existência do “bullying” na 
graduação. 
 
2.3. Inteligência para entender a superação ou a acomodação 
 
O motivo de abordar-se o tema inteligência é para evidenciar que qualquer 
pessoa tem a capacidade de superar problemas, de traçar metas e alcançá-las, 
 
6
 Massacres de Columbine, cometido por Harris e Klebold e matéria do Terra Notícias, matéria sem 
autor, pode ser encontradas no site: http://www.terra.com.br/portal/noticia/ massacres de Columbine, 
cometido por Harris e Klebold/ 2006. 
58 
 
enfrentar desafios, ou também, não ser capaz de controlar seus sentimentos, 
passando a não contar com a devida e necessária autoconfiança, incapaz de tentar 
a superação dos problemas (BERGAMINI, 2009). Na pesquisa as alunas que 
tentaram a superação através do desenvolvimento da inteligência, tiveram muitas 
dificuldades para seguir em frente. 
 Goleman (1999), em seu livro, defende que o conceito da inteligência 
emocional é responsável pelo sucesso ou insucesso das pessoas. Ela é decisiva na 
vida social e na maioria da situação que envolve os relacionamentos entre as 
pessoas. Ele destaca que pessoas que são compreensivas, gentis, afáveis têm 
grande probabilidade de obter sucesso. Essa inteligência está relacionada a aptidão, 
tais como, despertar a si mesmo e, a insistência mediante as frustrações; controlar 
impulsos que direciona as emoções para condições apropriadas; “praticar 
gratificação prorrogada; estimular as pessoas, auxiliando-as a liberarem seus 
talentos, e conseguir seu engajamento a objetivos de interesses comuns” 
(GOLEMAN, 2001). 
 A Inteligência Emocional e Inteligência Intrapessoal, para ele, têm cinco 
características: 1) Autoconhecimento Emocional – tem a percepção de reconhecer 
um sentimento no momento de sua ocorrência. 2) Controle Emocional - sabe lidar 
com seus próprios sentimentos, manejando-os na hora necessária ou precisa. 3) 
Automotivação – direcionar as emoções para atingir um objetivo, é fundamental na 
motivação de perseverar na busca. 4) Sabe distinguir as emoções em outras 
pessoas. 5) Aptidão em desenvolver relacionamentos interpessoais. É a habilidade, 
voltada para si mesmo. Tem a capacidade de formar um modelo verdadeiro e 
preciso de si mesmo e usá-lo de forma efetiva e construtiva (GOLEMAN, 2001). 
 A Inteligência Interpessoal: é a facilidade de compreender os outros: suas 
motivações como trabalham em grupo, são assim classificadas: 1) Organização de 
Grupos: é a habilidade fundamental da liderança, que exige iniciativa e organização 
de um grupo, afirmação e aceitação da liderança, na cooperação espontânea. 2) 
Negociação de Soluções: o papel do mediador, prevenindo e resolvendo conflitos. 
3) Empatia - Sintonia Pessoal: é a capacidade de, identificando e entendendo os 
desejos e sentimentos das pessoas, responder (reagir) de forma apropriada de 
forma a canalizá-los ao interesse comum. 4) Sensibilidade Social: é a habilidade de 
revelar e identificar sentimentos e motivar as pessoas (BERGAMINI, 2009). 
59 
 
 Segundo Gardner, todos nascem com o potencial das várias inteligências. A 
partir das relações com o ambiente, aspectos culturais, algumas são mais 
desenvolvidas ao passo que deixamos de aprimorar outras. 
 
2.3.1. Os tipos de inteligência 
 
 O escritor Antunes (2005) explica que a inteligência é a habilidade de solucionar 
problemas ou desenvolver produtos apreciados em um ambiente comunitário e 
cultural. Assim, ele sugere uma nova visão da inteligência, caracterizando-a em sete 
competências que se interpenetram, pois sempre envolvemos mais de uma 
habilidade na solução de problemas. Para o presente trabalho só duas apresentam 
maior relevância. Elas se integram em: 1) Inteligência Interpessoal: capacidade de 
entender os outros; é a maneira de conviver e aceitar o outro. 2) Inteligência 
Intrapessoal: capacidade de se relacionar consigo mesmo, autoconhecimento. 
Capacidade de controlar e direcionar suas emoções e sentimentos a favor de seus 
objetivos. É a inteligência da autoestima (ANTUNES, 2005, p.22-31). 
 Antunes compreende que todos possuem as várias inteligências, visíveis 
quando passam a se relacionar com o ambiente, desenvolvem facilmente os 
aspectos culturais e emocionais na vida diária. As emoções são importantes para a 
sobrevivência: as emoções foram desenvolvidas para servir como um sistema 
interno de orientação. Elas servem de alerta para as necessidades humanas 
naturais que não são encontradas. Exemplo: quando se está só, a necessidade 
natural, enquanto sujeito humano, é encontrar outras pessoas. Quando se está 
receoso, tem-se, pois, a necessidade por segurança. Quando se é rejeitado, busca-
se, a todo custo, por aceitação (Ibid., 2005, p.13-14). 
A importância da inteligência para o desenvolvimento trabalho consisteem 
melhor evidenciar o que se deixa flagrar com as entrevistas então realizadas. Os 
sujeitos consultados colocam-se, em geral, em sua narrativa, como tendo pouca 
inteligência, ou, ainda, que ficou muito tempo sem estudar e que não tem a mesma 
capacidade para acompanhar a turma, entre outras colocações. O autor Vitor 
caracteriza sete formas de inteligência e pode-se perceber que ninguém é 
desprovido de inteligência. Tem-se que exercitá-la e desenvolvê-la através da 
interação cultural ou pessoal. É através da emoção que nossas necessidades são 
supridas. No caso das vítimas de bullying ou de violência, esta necessidade fica 
60 
 
cada vez mais ociosa, descontrolando o sistema interno de orientação da vítima, 
fazendo com que a mesma, desenvolva um estado de carência que não vai ser 
suprido, e assim comprometendo sua inteligência e aprendizado (Ibid., p.32 -36). 
As vítimas ficam privadas de emoções e, consequentemente, de decisão, 
porque seu estado emocional está avariado e seu cérebro fica impossibilitado de 
realizar as conexão necessária para realizar as tarefa e a tomada de decisão é uma 
atitude distante do seu cérebro que parece ficar paralisado diante da violência que 
vem sofrendo. Mas toda regra tem exceção, encontra-se pessoas que enfrentam 
esse fenômeno e, mesmo com as sequelas, seguem em frente (Ibid., p. 13). 
Ajuste de limites: Quando se é incomodado por alguém, as emoções devem 
alertar ao próprio indivíduo. Se se passa a confiar no alerta que as emoções e 
sensações emitem, pode-se ajustar os limites necessários para manter a saúde 
física e mental (Ibid., p.40). 
A Comunicação: as emoções ajudam-nos na comunicação com os outros, se 
o estado emocional, estiver em plena ordem de funcionamento, ela será transmitida 
pela expressão facial que revela muito de uma pessoa, deixando transparecer seu 
estado emocional de alegria, tristeza, surpresa, felicidade, medo etc. (ANTUNES, 
2005, p. 42-43). 
E é através dessas expressões que o agressor e expectado do bullying 
fragilizam sua vítima. Eles fazem uso do olhar, trocado com o expectador e 
direcionado para a vítima; usam o sorriso e o olhar para mostra a vítima que é dela 
que estão falando ou criticando. 
Também tem a capacidade para escutar e entender os problemas dos outros. 
Ela é muito importante para o ser humano. Com ela é que todas as pessoas 
passaram a interagir. Se não há interação, as pessoas ficam isoladas. 
Antunes explica que: 
 
 A Inteligência emocional nada mais é do que um estágio avançado 
na evolução do pensamento humano, onde a capacidade de sentir, 
entender, controlar e modificar o estado emocional próprio ou de 
outra pessoa seja dada de forma organizada. A Psicóloga Mariana 
Rodrigues dá uma dica importante, que vale salientar, ela diz que é 
bom Investir em atividades que possam lhe trazer maior equilíbrio 
emocional onde seja valorizado cada vez mais por toda e qualquer 
empresa, mesmo que estas atitudes venham disfarçadas com outros 
nomes e descrições, como “uma equipe com iniciativa” e “um líder 
que alcance resultados e que gerencie crises e processo de 
mudança”. Estamos falando de pessoas com a capacidade de 
61 
 
melhorar os relacionamentos dentro do ambiente de trabalho, o que, 
por sua vez, irá gerar melhores resultados (ANTUNES, 2005, p. 17-
20) 
 
 
 É através da inteligência que se destaca os grandes líderes da humanidade. 
Eles fazem uso dessa capacidade intelectual para controlar, manipular e comandar 
multidões. Faz-se necessário saber como se constitui a liderança, só assim ter-se-á 
respaldo para compreender a força que o líder exerce sobre os que o segue, e os 
que não querem segui-lo, usando a inteligência. 
 
2.4. Teoria da Burocracia para a compreensão de liderança e organização de 
grupos. 
 
Essa categoria vai ser explorada na intenção de explicar como é formada a 
liderança dentro do pequeno grupo 
 A Teoria da Burocracia gestou-se se incorporando à Administração ao redor 
dos anos 40, em função, principalmente, do conflito entre as teorias clássicas e das 
relações humanas. A burocracia é uma forma de organização humana que se baseia 
na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos pretendidos, a fim de 
garantir a máxima eficiência possível no alcance desses objetivos. Weber se 
preocupou mais com a organização formal. (WEBER apud MAXIMINIANO, 2000). 
Segundo esta teoria, a organização é vista como uma unidade social grande e 
complexa, onde se integram muitos grupos sociais e sua ênfase está na análise das 
organizações. Esta caracteriza o homem organizacional. Chiavenato (2004) afirma 
que a burocracia surgiu como uma resposta criativa a uma era radicalmente nova e 
constitui durante muito tempo a organização ideal para os valores e as necessidades 
da era vitoriana que se caracteriza pela permanência, estabilidade e quase ausência 
de mudança. 
O princípio da hierarquia: os cargos obedecem a uma hierarquia de 
importância e essa hierarquia é conhecida pelos elementos que os diferenciam. 
Esses elementos são o poder do mando e o valor da remuneração atribuído ao 
cargo. Hierarquia: o sistema está organizado em pirâmide, sendo as funções 
subalternas controladas pelas funções de chefia, de forma a permitir a coesão do 
funcionamento do sistema (MAXIMINIANO, 2000). 
62 
 
Maximiano refere-se ao livro de Weber que define a Burocracia como um tipo 
de poder suficiente para a funcionalidade eficaz das estruturas organizacionais, ou 
seja, a organização é eficiente por excelência e para atingir essa eficiência a 
burocracia precisa detalhar antecipadamente e nos mínimos detalhes como os 
objetivos deverão ser efetuados. A característica principal está na racionalidade do 
ponto de vista das atividades desempenhadas na organização. Na Burocracia, a 
liderança se dá através de regras impessoais e escritas numa estrutura hierárquica. 
(Idem). 
Os líderes dos grupos em uma sala de aula não passam por uma hierarquia 
votada pelos demais, para elegê-lo. Isso acontece pelo fato de ser uma pessoa 
extrovertida, com um domínio da oratória, disposição para assumir a 
responsabilidade de elaborar os trabalhos e executá-los sozinho se for necessário, 
capacidade de organização e comando. 
Há uma divisão sistemática do trabalho, estabelecendo as atribuições de cada 
participante. Cada participante passa a ter o seu cargo específico, as suas funções 
específicas e a sua específica esfera de competência e de responsabilidade. Cada 
um saber qual a sua tarefa, qual é a sua capacidade de comando sobre os outros e, 
sobretudo, quais são os limites de sua tarefa, direito e poder, para não ultrapassar 
esses limites, não interferir na competência alheia nem prejudicar a estrutura 
existente (CHIAVENATO, 2000). 
 Assim, as incumbências administrativas são altamente diferenciadas e 
especializadas e as atividades são distribuídas de acordo com os objetivos a serem 
atingidos. Existem chefes não burocráticos: indicam e nomeiam os subordinados, 
estabelecem as regras, resolvem os objetivos que deverão ser atingidos. 
Geralmente são eleitos ou herdam sua posição, como, por exemplo, os presidentes, 
os diretores e os reis. Esses chefes (não burocráticos) da organização 
desempenham o importante papel de estimular a ligação emocional e mesmo 
irracional dos participantes com a racionalidade. A identificação com uma pessoa, 
um líder ou um chefe influi psicologicamente, reforçando o compromisso com a 
organização (CHIAVENATO, 2000). 
Bergamini (2009), a afirmar que “As pessoas precisam umas das outras”. Há 
ocasião que as pessoas precisam umas das outras, mesmo que saibam como fazer 
as coisas sozinhas, o que reforça a Teoria da Burocracia. Tanto a teoria como Shutz 
concordam que é necessário para um bom relacionamento a interação da equipe, a 
63 
 
divisão das tarefas e o cumprimento de sua função. As pessoas devem interagir de 
maneira maisprodutiva possível para que os objetivos sejam alcançados. 
O grupo de estudo exerce a mesma finalidade que qualquer grupo 
empresarial, atingir um objetivo. Todos deveriam exercer sua função e o conjunto 
alcançar o êxito juntos. Mas nesse grupo o funcionamento não segue o padrão 
normal e burocrático. O líder que não foi eleito assume o posto e passa a coordenar 
os demais. 
 O líder burocrático necessita de algumas características tais como: 
personalidade bastante flexível, com alta resistência à frustração e capacidade de 
adiar as recompensas e um permanente desejo de realização. Um líder deve-se 
aculturar e se enriquecer de conhecimentos científicos que o permitam 
transformarem a liderança da arbitrariedade na liderança da consciência e da 
ciência. Os processos motivacionais e de liderança requerem comprometimento com 
a equipe. 
 
2.5. Liderança como uma relação funcional entre líder e subordinados. 
 
Liderança como um fenômeno de influência interpessoal. É um 
relacionamento em que o líder busca produzir intencionalmente o comportamento 
que deseja no liderado. Ela é como um sistema que diminui a incerteza de um 
grupo. Os componentes do grupo elege como líder uma pessoa capacitada a dar 
orientações na hora de escolher as melhores soluções para poder ajudar a empresa 
a atingir sua meta, reduzindo a incerteza do grupo, assim os funcionários passam a 
ter uma pessoa para ter apoio. Sendo assim o líder é um tomador de decisão, ou 
aquele que ajuda o grupo a decidir pela melhor decisão, e assim sendo, a liderança 
é um bloco de ações que direciona o grupo a caminhar em direção aos seus 
objetivos (Chiavenato, 2004, p.122-124). 
É o líder na sala de aula, que direciona e impulsiona a equipe a traçar metas, 
ter confiança no resultado esperado e, é o apoio que a equipe tem na hora de 
resolver os problemas. 
A liderança é uma incumbência que supre a necessidade em determinadas 
situações e consiste em uma relação entre o indivíduo e o grupo. Ela como um 
auxiliador do líder, dos seguidores e de variáveis da situação. Conforme endosso de 
Chiavenato: liderança é o processo de exercer influência sobre pessoas ou grupos 
64 
 
nos esforços para realização de objetivos em uma determinada situação. A liderança 
existe para auxiliar a necessidades existentes em determinada situação, ou seja, da 
conjugação de características pessoais do líder, dos subordinados e da situação que 
os envolve. Trata-se de uma abordagem situacional. O líder é a pessoa que sabe 
ligar e unir todas essas características (Ibid., p.145). 
O líder dos grupos na sala de aula, também tem a função de exercer 
influência nos demais componente do grupo, com o objetivo de alcançarem o 
mesmo propósito. 
O ensinamento das relações humanas catalogou a liderança em três 
tipologias, a saber: Teoria dos traços de personalidade (1): o líder possui alguns 
traços particulares de personalidade que o diferencia das demais pessoas, este 
apresenta características marcantes de personalidade através das quais consegue 
influenciar as demais pessoas. Em suma, um líder deve evidenciar atributos como 
confiança, ousadia flexibilidade e ter visão do futuro para que possa ter a mínima 
condição de sucesso. (Ibid., p.93 -98). Esses traços são muito fortes nas líderes dos 
grupos pesquisados, o único traço que não foi encontrado nelas foi a flexibilidade. 
A segunda é a teoria sobre os estilos de liderança (2): Se estuda a liderança 
em função da conduta do líder em relação aos seus subordinados. Aqui a teoria visa 
àquilo que o líder faz, ou seja, o seu estilo de comportamento para liderar. Nesta 
encontramos três estilos de liderança: autocracia, liberal e democrática. Na 
autocracia, o líder determina as ordens onde a ênfase se dá no líder (Chiavenato, 
2004, p.100-102). Pode-se encaixar a líder do grupo de estudo nessa característica 
de liderança. 
A segunda é a liberal: onde o líder se exime e o grupo passa a tomar as 
decisões dando ênfase nos subordinados e a democrática o líder e seus 
subordinados tomam a decisão juntos ênfase no líder e subordinados. (Ibid., p.103-
104). Esse estilo de liderança não foi encontrado no grupo pesquisado, 
E, por fim, a teoria situacionais da liderança (3): O líder deve se adequar de 
acordo com a situação. Ele, na prática deve utiliza os três processos de liderança, 
de acordo com a situação, com as pessoas e com a tarefa a ser executada. O líder 
determina cumprir ordens, como pede a opinião dos subordinados antes de tomar 
uma decisão, como sugere a maneira de realizar certas tarefas: ele utiliza a 
liderança autocrática, democrática e liberal. O desafio da liderança é saber quando 
aplicar qual modo, quem vai executar e em que condição e atividades (Ibid., p. 125). 
65 
 
Neste contexto, a liderança está voltada para as pessoas buscando de forma 
respeitosa, amigável e confiante atingir os objetivos da organização em uma 
empresa (Ibid., p.61). 
 
2.6 Explicando os grupos 
 
Os grupos de estudo são formados geralmente no primeiro semestre. 
Normalmente uma sala de aula tem de 5 a 7 grupos. No decorrer dos semestres, 
esses grupos vão se desfazendo devido a uma série de problemas que surgem na 
relação interpessoal entre os componentes. Pouquíssimos grupos chegaram ao final 
com a mesma formação inicial. 
O líder do grupo de estudo, na maioria das vezes, são alunas com raciocínio 
rápido; dominam bem a oratória e a escrita; são prestativas, na maioria das vezes 
tiram notas acima de oito, centralistas, inteligentes, perfeccionista; conversam com 
todos alunos da turma informalmente e gosta de criticar as alunas da sala. Elas não 
são eleitas por uma hierarquia (descrito na burocracia no 2° capitulo), vão 
conquistando as companheiras com sua criatividade e disponibilidade em fazer a 
parte mais difícil do trabalho. Com as colegas conquistadas, ela passa a determinar 
o que cada uma irá fazer nos trabalhos, mas quando o trabalho fica pronto, só é 
encontrada a ideia da líder, que se justifica dizendo que melhorou a ideia de todas, 
para deixar o trabalho perfeito. Sempre feliz em apoiar a companheira que tirou nota 
abaixo da média na prova individual, apoia alunas do grupo com média baixa e as 
consola dizendo que a nota do grupo foi boa e que ela vai superar. Essa hierarquia 
funciona muito bem, até que alguém se coloque contra ela e comece a questioná-la. 
O intuito de sua agressão é subjugar outras pessoas, assegurar por meio da 
degradação e da humilhação que será alcançada uma pseudo vitória. 
A disputa de forças entre a vítima e a líder é uma relação desarmônica de 
poder, onde um grupo de mulheres com ações repetitivas provocam desequilíbrio 
emocional da aluna ponto fundamental, que torna viável o amedrontamento da 
vítima e o sucesso do agressor. 
As vítimas são diversas, encontram-se no grupo destas alunas que passaram 
muitos anos sem estudar por diversos motivos e estão retornando porque os filhos 
casaram e não querem ficar em casa sozinhas; passando por aquelas que desejam 
trocar de profissão, conseguir independência financeira, etc. São pessoas inseguras, 
66 
 
dependentes, com criatividade e raciocínio lento por causa do longo período sem 
exercitar a mente. Encontram-se também, as alunas que vieram do interior do 
Estado. São alunas esforçadas, algumas com pouco recurso financeiro e com vícios 
de linguagem ou forte sotaque. Sofrem discriminação sem disfarce, a maioria dos 
grupos se fecha para não deixá-las entrar. As alunas possuem a ideia que todas as 
pessoas que vem do interior não tem inteligência, tem pouco conhecimento e não 
tem capacidade de acompanhá-las. 
Assim como, a diversidade sexual também não tem boa aceitação. As alunas 
com características masculinizadas e as lésbicas são totalmente evitadas, servem 
de gozação e brincadeiras, são forçadas a abandonar o grupo, não procuram saber 
se a aluna tem capacidade ounão de ajudá-las, apenas não as querem por perto, 
dizem que não querem “manchar sua reputação”. E, finalmente, as vítimas que são 
adeptas do espiritismo kardecista, candomblé, entre outros. Passam pelos mesmos 
problemas já citados, além de levarem o estigma de sempre estarem pensando em 
fazer o mau para os inimigos. 
 
2.7. Comparação de pesquisas sobre o bullying no Brasil e no mundo 
 
Os resultados apresentados mostram que 50% das alunas pesquisadas, na 
Faculdade Cearense durante os anos de 2011 a 2013, com um universo de 100 
alunas do curso de Serviço Social e 25 docentes, foram vítimas de bullying na sua 
formação acadêmica, demonstrando a comprovação da existência desse fenômeno 
no âmbito da instituição de ensino superior- IES. Por falta de literatura que aborde o 
fenômeno bullying em uma IES, para que se possa fazer comparações, utilizar-se-á 
pesquisas de outros países e do Brasil em escolas públicas e privadas para se fazer 
uma discursão metodológica. 
 O professor Dan Olwens, da Universidade de Bergen, Norueguês foi o 
pioneiro em estudar o bullying e as medidas para combatê-lo. Seus estudos 
iniciaram nos anos 70, estudando vítimas e agressores na escola, estudo esse que 
despertou muito pouco interesse das instituições educacionais de seu país. Nos 
anos 80, contudo, com o suicídio de três jovens entre 10 e l4 anos, esse problema 
passou a ser prioritário. “Sua pesquisa teve uma amostra de 84.000 estudantes, de 
300 a 400 professores e 1000 pais, nas diferentes faixas etárias, para conferir as 
particularidades e extensão do fenômeno bullying”, bem como para analisar as 
67 
 
intervenções realizadas. Tendo o apoio do governo da Noruega implantou um 
programa de combate ao bullying nas escolas que reduziu em 50% sua ocorrência 
(ZOEGA e ROSIM, 2009, p.13). 
 Pesquisa realizada em 2010, na Universidade da Califórnia, publicada no 
American Sociological Review. Ouviram 3.722 alunos, dos últimos anos do ensino 
fundamental, (equivalente ao primeiro grau) de três condados no Estado da Carolina 
do Norte, nos Estados Unidos”. Teve como resultado que a violência agia como um 
mecanismo de competição para fortalecer e popularizar o universo dos estudantes. 
Segundo a mesma, a intenção não é humilhar apenas os nerds ou os diferentes, 
esses não seriam as únicas vítimas de bullying. O pesquisador concluiu que essa 
violência é uma forma de competição social (R7 Notícias, 2011) 
Durante o Congresso Ibero-Americano de Abril, 2004, apresentou-se uma 
pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação 
e a Cultura (UNESCO) sobre a manifestação da violência nas escolas brasileiras 
chamada “Vitimização na Escola”. A UNESCO ajudou a pesquisadora Míriam 
Abramovay a fundar um observatório de violência nas escolas brasileiras. E entre 
2003 e 2004, ela apresenta nova pesquisa denominada “Cotidiano das Escolas: 
Entre Violências”, que indicava uma visão afirmativa da escola, por parte dos alunos, 
apesar que, quase 90% foram vítimas de alguma forma de violência. Portanto, na 
relação aluno-professor, a mesma constatou semelhança: 10% de péssimo e 47% 
de bom. Na pesquisa, o medo dos professores em relação às ameaças sofridas é o 
principal aspecto (ZOEGA e ROSIM, 2009, p.15). 
 Esta pesquisa entrevistou cerca de 1400 pessoas (o total de entrevistado não 
condiz com a soma dos alunos e adultos. Portanto, foi transcrito tal qual está na 
pesquisa) dados trazidos da pesquisa, 1069 questionários foram respondidos por 
alunos e outros 1927 por adultos de 113 escolas de São Paulo, Porto Alegre, Belém, 
Rio de Janeiro e Distrito Federal. No livro Violência nas Escolas, Miriam Abramovay 
(2007) afirma que “com a pesquisa, pode-se observar que a violência está presente 
nas escolas, ela se materializa nas relações através de ameaças.” É a violência da 
briga, do insulto, do bater, que abre caminho para que outros tipos de violências 
mais graves entrem nas escolas (ZOEGA e ROSIM, 2009, p.15). 
O IBGE realizou em 2010 uma pesquisa que indicou Brasília como a capital 
do bullying. De acordo com esse estudo, 35,6% dos estudantes entrevistados 
falaram ser vítimas de agressão com certa constância. Belo Horizonte, em segundo 
68 
 
lugar com 35,3%, e Curitiba, em terceiro lugar com 35,2 %, essas, capitais juntas 
com Brasília, tiveram maior índice de estudantes que afirmaram ter sido vitimizadas 
alguma vez. O bullying infere comportamentos com níveis de violência diversificados 
que podem ser chateações hostis ou inoportunas até atos agressivos, de forma 
verbal ou não, repetida e intencional, sem motivação aparente, cometido por um ou 
mais estudantes em função a outros, causando de angústia, exclusão, dor, humilha 
discriminação e humilhação. 
O público-alvo da pesquisa foram os estudantes do 9º ano do ensino 
fundamental (antiga 8ª série) de escolas públicas ou privadas das capitais dos 
estados e do Distrito Federal. O registro de seleção da amostra foi estabelecido por 
6.780 escolas (G1 Brasil, 2010). 
 A pesquisa traz o percentual de estudantes que sofreram bullying pelas 
capitais Brasileiras. Distrito Federal, 35,6%, Belo Horizonte, 35,3%; Curitiba, 35,2%; 
Vitória, 33,3%; Porto Alegre, 32,6%; João Pessoa, 32,2%; São Paulo 31,6%; Campo 
Grande, 31,4%; Goiânia, 31,2%; Teresina e Rio Branco, 30,8%. (G1 Brasil, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
69 
 
Capitulo III 
 
3. Entre sujeitos, relatos e fatos instados à dinâmica interpessoal da Faculdade 
Cearense: averiguando o sentido e a pertinência do fenômeno bullying no 
curso de Serviço Social. 
 
A Faculdade Cearense, fundada no ano de 2002, com sede em Fortaleza, têm 
como missão contribuir para o desenvolvimento do país, especialmente do Estado 
do Ceará, por meio da qualidade do ensino ministrado com base na qualificação do 
seu corpo docente, nas condições de trabalho e na infraestrutura física, material e 
econômica oferecidas à comunidade acadêmica. 
Em sua trajetória, a instituição tem conquistado cada vez mais a respeitabilidade 
da sociedade cearense, implantando um novo conceito de desenvolvimento local e 
regional, através da oferta de cursos de graduação, pós-graduação e extensão 
universitária. 
 
Figura 01- Prédio da Faculdade Cearense 
 
 
Fonte: Imagem tirara pela autora. 
70 
 
A FaC oferece à comunidade acadêmica uma infraestrutura física e de 
serviços adequada para o bom desempenho das suas atividades. Integram esse 
espaço, com sede na Avenida João Pessoa, número 3884, além das áreas 
destinadas à gestão acadêmica: Salas de aula climatizadas; Biblioteca e Salas de 
estudo; Auditório; Laboratórios de informática; Cantinas, Internet e Reprografia. 
Estas instalações estão equipadas de acordo com a finalidade e as 
características de cada ambiente, contemplando ainda os requisitos necessários 
para o uso por pessoas portadoras de necessidades especiais. 
A Faculdade Cearense fez-se universo em que se realizou a pesquisa de 
campo, devido, antes de tudo, ser uma IES, o que pressupõe, portanto, a 
convivência interpessoal de estudantes, professores e funcionários diversos da 
instituição, condição necessária para se observar ou não o fenômeno ora tomado 
como objeto de pesquisa. Outro aspecto a ser considerado é o fato da própria 
pesquisadora se fazer aluna da referida instituição, favorecendo assim a observação 
das relações interpessoais que nela tomam palco, a discutir, pois, a pertinência ou 
não do fenômeno bullying em seu espaço. Além do mais, a escolha por tal recorte 
da realidade foi potencializada em razão do reconhecimento de que parte 
considerável das relações entre os estudantes se mostra, no mínimo, problemática, 
quando se flagra, por exemplo, fatos como: 1) o isolamento de aluna do grupo de 
sua turma; 2) convivência conflituosa no interior de pequenos grupos e em torno da 
relação líder e liderados; 3) a disputa e a concorrênciapor distinguir-se das demais, 
não importando muitas vezes sequer o respeito à pessoa da(s) colega(s) de sala de 
aula, nas tarefas acadêmicas. Em virtude de tudo isso, despertou-se uma 
curiosidade na pesquisadora em compreender o porquê dessa relação conflituosa 
acontecer entre mulheres adultas, já que, pois, está-se falando de estudantes 
universitárias, a chamar mais a atenção por se tratar de um curso de Serviço Social, 
que prepara alunos e alunas para atender e buscar proteger, em geral, os diferentes, 
os excluídos, os mais fracos da sociedade, lutando por seus direitos. 
 
3.1 MATERIAIS E MÉTODOS 
 
 A pesquisa sobre a possível ocorrência do fenômeno bullying teve início no 
segundo semestre de 2011. Deu-se na Faculdade Cearense, localizada no bairro 
71 
 
Damas, na capital de Fortaleza. A Faculdade oferece o curso de Serviço Social, 
perfazendo oito (8) semestres letivos, nos turnos da manhã e da noite. 
A pesquisa bibliográfica serviu de alicerce na investigação teórica que 
possibilitou uma discussão sobre as ideias, fundamentos, inferências e conclusões 
de autores selecionados pelo assunto em questão. Os universos pesquisados foram 
625 pessoas entre alunas e professoras do curso de serviço social da Faculdade 
Cearense, nos anos de 2011.2 a 2013.2. A amostra compreende um total de 100 
alunas e 25 docentes que serão trabalhados em dois grupos distintos; 1) alunas de 
ambos os turnos; 2) docentes. 
Entre os instrumentos de coletas de dados para a pesquisa, traz-se a 
entrevista, que, para Minayo, se deixa assim caracterizar: 
 
 
A entrevista, tomada no sentido amplo de comunicação verbal, e no 
sentido restrito de coletas de informações sobre determinado tema 
científico, é a estratégia mais usada no processo de trabalho de 
campo. Entrevista é acima de tudo uma conversa a dois, ou entre 
vários interlocutores, realizada por iniciativa do entrevistador 
(MINAYO, 1993, p.64). 
 
 
As entrevistas tiveram início com as alunas que se reconheciam vítimas de 
bullying. As mesmas foram de forma espontânea, após as alunas tomarem 
conhecimento do tema bullying na graduação, do trabalho que iria ser pesquisado, e 
pediram para relatar seu infortúnio. Algumas depoentes estavam pensando em 
deixar a faculdade e queria deixar seu depoimento registrado. Mesmo sem ter sido 
iniciado a disciplina que orientaria a pesquisa. Dispondo de um gravador, caderno de 
anotação e caneta, deu-se início a coleta de dados. Antes de iniciar as gravações 
com as alunas que se sentiam vítimas, foi explicado sobre o Termo de 
Consentimento e a autorização pelas alunas entrevistadas. Explicou-se que o 
trabalho preservaria o nome das entrevistadas, e utilizaria a codificação de aluna1, 
aluna 2, sucessivamente. 
Segundo Bastos (2008), o questionário forma um instrumento de perguntas 
ordenadas, que devem ser respondidas por escrito. Enquanto Gil (1991), amplia o 
conceito, dizendo que é uma técnica de investigação composta de um número de 
72 
 
questões que são apresentadas as pessoas, que tem por objetivo o conhecimento 
de opiniões, situações vivenciadas, interesses e sentimentos. 
 Devido às dezenas de alunas terem relatado ser vítimas do bullying, o 
objetivo do questionário era colher informações das alunas que foram apontadas 
como agressoras e expectadoras. Para alcançar o objetivo desejado, o questionário 
foi distribuído nas salas de aula, porém, os questionários das supostas opressoras 
foram marcados para diferenciar das demais. 
Durante as entrevistas as alunas depoentes como vítimas mencionaram os 
nomes de suas agressoras. Daí foram aplicados questionários com as alunas da 
mostra e os questionários das agressoras foram marcados com X pela pesquisadora 
para coleta da pesquisa. Como também foram aplicados questionários com as 
professoras com o objetivo de confirmar a existência desse fenômeno na sala de 
aula. 
 Ao longo da sondagem das opiniões, no caso, as perguntas foram 
elaboradas mediante o questionário semiestruturado, para a apreensão dos dados a 
serem analisados e perfazendo o trabalho de campo. 
Após a leitura dos autores referenciados e os instrumentos utilizados na 
pesquisa, despertaram no pesquisador um novo olhar, o de observador. Passou a 
observar tudo o que acontecia ao redor dos entrevistados dentro e fora da sala de 
aula, como, por exemplo: jeito de olhar, maneira com sentava, os gestos, as 
expressões do rosto diante das pessoas que foram apontadas como agressoras, 
comportamento na apresentação dos trabalhos, modo de falar, participação nas 
comemorações em sala de aula, etc. O pesquisador não interagiu no contexto 
observado manteve-se sempre a distância. 
 
3.2 RESULTADOS 
 
 O perfil socioeconômico das alunas participantes foi levantado mediante as 
entrevistas e questionários, esses dados foram consolidados através de uma 
planilha constando das seguintes variáveis: Estado civil, ocupação e dependentes, 
conforme Tabela 1. 2 e 3. 
 
 
 
73 
 
Tabela 1- Características do Perfil das alunas do Curso de Serviço Social 
 
73%
27%
Ocupação
Trabalha
Não Trabalha
 
 Fonte: elaborado pela pesquisadora 
 
 
Tabela 02- Dependentes 
 
 
Fonte: elaborado pela pesquisadora 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
74 
 
Tabela 03- Estado civil das alunas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: elaborado pela pesquisadora 
 
 
Em relação ao sexo das alunas, são 100% de mulheres, que teve por escolha 
devido à amostragem masculina ser mínima no turno da manhã. E também, mostrar 
que a violência está muito presente no universo feminino camuflado em 
“brincadeiras”. 
Quanto ao estado civil das alunas ficou dividido em 65% casadas, 7% 
mantém um relacionamento estável (colocação feito pelas entrevistadas) e 28% 
solteiras. O percentual com filhos é 48%, e com neto é 12%. A vida dessas 
estudantes é dividida entre faculdade, filhos, netos, marido e, 73% delas se dividem 
também com o trabalho. O que lhes sobra pouco tempo para dedicar-se ao estudo. 
Todas são brasileiras com idades que variam entre vinte e um a cinquenta e seis 
anos. 
 
 
 
 
 
 
 
75 
 
Tabela 04- Conhecimento sobre Bullying 
 
Fonte: elaborado pela pesquisadora 
 
 
As alunas que não se colocaram como vítimas, mas foram apontadas como 
supostas agressoras, foi perguntado: o que você acha das pessoas que se diziam 
vítimas de bullying na graduação. Praticamente 80% das respostas deste universo 
responderam que as pessoas que sofrem qualquer tipo de rejeição, humilhação ou 
indiferença são pessoas inconvenientes, que se acham sábias, não se encaixam 
com a maioria da turma ou do grupo, estão sempre querendo aparecer, vem do 
interior falando errado e se sente a “última bolacha do pacote”, tem algumas que são 
desorientadas, deveriam estar em casa ou se aposentando, outras pensam que vão 
desfilar. E 20% deste universo descreveram que as vítimas são pessoas que não 
tem uma personalidade formada ou sem maturidade para enfrentarem uma 
graduação. De alguma forma buscam chamar a atenção para si. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
76 
 
Tabela 05- Informações sobre Bullying 
 
Fonte: elaborado pela pesquisadora 
 
Tabela 06- local de ocorrência do Bullying 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: elaborado pela pesquisadora 
 
Conforme apresentado na tabela acima 50% relataram que foram vítimas de 
Bullying. Caso a resposta fosse positiva, se a ocorrência foi na sala de aula ou em 
outro local. A ocorrência do total de alunas que sofreram bullying: 97% relataram 
ter sofrido na sala de aula e 3% durante o intervalo e eventos do curso. 
 
77 
 
Tabela 07- Tipologia de Vítimas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: elaborado pela pesquisadora 
 
Os grupos de vítimas encontrados na análise são caracterizados pela 
vitimização. O primeiro, com um percentual de 31% das vítimas relataram que 
voltaram a estudar depois de terem de ficarum longo tempo afastadas da escola. 
Os motivos são diversos como: criar os filhos, trabalhar para ajudar no orçamento 
familiar, falta de tempo para cuidar de seus interesses, etc. Ao retornarem os 
estudos se sentiam inseguras, achando que não sabiam mais nada, e que sua 
inteligente estava “enferrujada”, por esse motivo, deixaram que as amigas de grupo 
tomassem as decisões para a elaboração e divisão dos trabalhos. As alunas desse 
grupo faziam parte do primeiro semestre do turno da manhã e noite. 
 A partir do momento que começaram a adquirir confiança e conhecimento, 
sentiram que sabiam mais do que tinham imaginado, e que não era justo continuar 
dependendo das amigas para tomar decisões por elas. Decidiram que iriam da sua 
contribuição no desenvolvimento dos trabalhos. Não foi uma boa ideia! Começaram 
a incomodar a líder do grupo e a amiga mais íntima, que na divisão dos trabalhos 
deixavam as partes delas ricas em conteúdo, enquanto o restante do grupo só 
apresentava uma pequena fatia desse conteúdo, necessário para tirar nota mediana. 
Esse grupo encontrava-se no segundo, terceiro e quarto semestre, também dos dois 
turnos. 
78 
 
O segundo tipo é a Vítima falsa, com 6% de ocorrência. São, em geral, alunas 
que passam o semestre com diversos infortúnios, tais como: o pai no hospital; filho 
que se separou e está fazendo uso de narcóticos; o marido que tem uma amante; 
sempre adoecem nos períodos de prova e trabalho e assim por diante. Usam os 
problemas e a fragilidade para se isentarem do compromisso, para ser aprovada, 
recorre a todos os meios, não tem vergonha em se humilhar diante de um professor 
que anulou sua prova por ter sido copiada do material dado em sala. São tantos os 
problemas que ninguém aguenta ficar perto delas por muito tempo. As alunas deste 
grupo, geralmente não passavam do quarto semestre. Entravam-nas do primeiro ao 
quarto semestre. Apenas uma chegou ao quinto e desistiu. 
As vítimas por proximidade espacial com 50%. A vítima por proximidade 
espacial é a que mais identifica as vítimas da graduação. Devido à convivência 
durante vários semestre no mesmo espaço, e a aproximação para execução dos 
trabalhos em equipes. As supostas vítimas relataram que nos primeiro e segundo 
semestres, os grupos estão em formação, as alunas se conhecendo e formando 
laços de afinidade ou não. 
Nessa fase os membros da equipe trocam informações pessoais, e a aluna 
que não se preserva, expõe sua fraqueza, seus medos e anseios numa situação de 
grupo, conversando sobre assuntos pessoais, acabam assim, fornecendo 
informações pessoais possibilitando ao eventual agressor conhecer suas fraquezas, 
tornando-a uma presa fácil. Para conquistar um espaço na equipe e se sentir segura, 
aceita as decisões tomada, geralmente, pela líder sem questionar. Isso acontece nos 
primeiros três semestres. A partir do quarto semestre essa aluna começa a ficar 
incomodada com suas notas que não passam da média, e começa a se esforçar 
para tirar notas superiores às anteriores e tenta se igualar a líder e demais 
componentes que tem notas acima de oito. Quando esse objetivo é alcançado, essa 
aluna passa a incomodar a líder, que começa a se sentiu ameaçada, e a mesma 
reage usando das informações fornecidas pela própria vítima e começa a 
desestrutura-la. Passa a fazer “brincadeiras de mau gosto”, a evitar sua presença 
na equipe, nos intervalos e eventos da Faculdade, não permite que ela saiba ou faça 
parte das decisões tomada, só comunica depois de tudo pronto. E por fim, sabota os 
trabalhos e a apresentação dessa vítima atingindo seu objetivo. Na categoria 
vitimização, encontra-se diversos tipos de vítimas, deu-se destaque a estas por ter 
um grande número de alunas com essas características. 
79 
 
Vítima sem valor com 3%. Essas vítimas deixaram claro que não ligam para o 
que os outros pensavam delas. Estão na instituição apenas pelo diploma. Se fosse 
preciso "colar" para alcançarem a média, colariam sem problema; se tivesse que 
ajudar a tirar alguém do grupo, “nem piscariam”. Além disso, algumas faziam uso de 
um vocabulário de baixo calão, o que não condiz com o curso; demonstram falta de 
ética em relação às companheiras e os trabalhos, por fim, se classificam como 
“barraqueiras com prazer”. Com essas características, este grupo de alunas é 
discriminado e eliminado da maioria dos grupos. Sentindo-se sem espaço, mudam 
de turma, logo após de turno e mesmo assim, não conseguem fazer uma amizade. 
Estão sempre falando mal das pessoas e reclamando de tudo. Normalmente só 
chegam até o quarto semestre. 
 Outro grupo de vítimas, com 10% de incidência, narrou episódios que, pelo 
fato de terem vindo do interior, foram rejeitadas por diferentes grupos. Existe uma 
concepção formada entre as alunas da capital, quem vem do interior, pelo fato de 
estudar em grupo municipal, não são inteligentes e não tem conhecimento para 
fazer parte da equipe. Além de essas pessoas terem um vício de linguagem 
considerado errado na capital. Por esses motivos, essas alunas não conseguem um 
espaço nas equipes, sendo necessária a intervenção das professoras para encaixá-
las em uma equipe. Das alunas que relataram seus infortúnios, apenas duas 
continuaram os estudos, após mudarem de sala ou de turno, mas relataram que não 
foi fácil romper esse estigma na nova turma. 
 O segundo grupo pesquisado está relacionado ao perfil das vinte e cinco 
professoras que participaram da pesquisa, respondendo ao questionário aplicado, 
verificou-se que a faixa etária varia de 25 a 50 anos, 40% são casadas e 24% tem 
filhos. 
No primeiro momento, quando o tema foi apresentado, houve uma rejeição 
por parte de algumas professoras (cinco negaram-se a participar da pesquisa e de 
responderem o questionário) ficando um total de 25. As docentes tiveram a 
oportunidade de falar da sua percepção em relação ao bullying, e percebeu-se que 
assim como as discentes, lhes faltavam conhecimento teórico. Buscou-se entender 
qual o posicionamento dessas docentes diante desse fenômeno que ocorre durante 
sua permanecia em sala de aula. Perguntou-lhes: em sua opinião, existe bullying na 
graduação? Se existe, chegou a presenciar algum fato? Já vitimou algum aluno? 
 
80 
 
Tabela 08- Informação dos Professores sobre conhecimento do Bullying 
 
 
Fonte: elaborado pela pesquisadora 
 
 
Na tabela acima, 20% dos professores relataram não acreditam existir 
bullying na graduação. Acreditam que os alunos são pessoas adultas com 
conhecimento do certo e errado; são maduros o suficiente para não se envolverem 
com atitudes infantis. Não acreditam que existam pessoas que não saibam se 
defender destas atitudes, e se existir, devem procurar ajuda, pois devem ter algum 
"problema". Deixaram claro que o assunto é tratado com certo exagero, estão 
sobrevalorizando um assunto antigo que se tivessem dado a devida atenção quando 
surgiu, hoje seria algo banal. 
O segundo item revela que 40% presenciaram alunas que não conseguiam 
fazer parte de grupos de estudos sem que elas intervissem; declaram ter ouvido de 
alunas relatos das dificuldades que enfrentavam nos primeiros semestres do curso 
(dificuldade em compreender o conteúdo dado, interpretar textos complexos, entre 
outros) e por esse motivo, eram rejeitadas pelos grupos. Percebiam na hora das 
apresentações dos trabalhos (seminários), algumas alunas que riam o tempo todo e 
trocavam olhares com as companheiras (ocorria de forma repetitiva na apresentação 
de algumas alunas), quando não ficavam entrando e saindo da sala mostrando a 
falta de interesse em ouvir o que as colegas estavam transmitindo, não intervém, 
pois, estão lidando com adultos que sabem se defender. Percebem que algumas 
81 
 
alunas normalmente estão sozinhas, na sala de aula ou no intervalo, como nunca 
perceberam nada de errado, não buscaram saber o motivo da solidão. 
Os 32% dos docentes2.5. Liderança como uma relação funcional entre líder e 
subordinados..........................................................................................................54 
 2.6. Explicando os grupos..................................................................56 
2.7. Comparação de pesquisas sobre o bullying no Brasil e no mundo....57 
 
Capítulo III 
3. Entre sujeitos, relatos e fatos instados à dinâmica interpessoal numa 
IES: averiguando o sentido e a pertinência do fenômeno bullying num curso de 
ensino superior ..................................................................................................... 60 
3.1 Materiais e Métodos ..................................................................................61 
3.2 Resultados.................................................................................................63 
3.3 Análise do discurso....................................................................................72 
 
CONSIDERAÇÕES 
FINAIS.......................................................................................................................75 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................79 
APÊNDICE.....................................................................................................87 
ANEXOS........................................................................................................88 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A presente pesquisa refere-se à investigação de práticas conhecidas como 
bullying. Este fenômeno tem sua origem na palavra inglesa bully, que, segundo 
Fante, “significa valentão, brigão”. Mesmo não tendo uma tradução em um só termo 
para o português, passou a ser entendido como ameaça, violência, intimidação, 
humilhação e maltrato, conservando, pois, a palavra inglesa. É denominado de 
violência proposital, verbal, psicológica e física, com várias repetições, por um ou 
mais alunos contra um ou mais colegas (FANTE, 2005). 
É uma das muitas violências que mais cresce no Brasil e no mundo, afirma 
Fante (2005), educadora e autora de vários livros. Segundo a autora, o bullying pode 
ocorrer em qualquer tessitura social: no trabalho, instituição escolar, famílias e 
comunidades. Até o que é considerado como simples apelido pode afetar emocional 
e fisicamente o alvo da ofensa, provocando queda do rendimento escolar, podendo 
até levar ao isolamento. Assim, todas as vítimas que passam por brincadeiras 
difamatórias, humilhações segregadora, desprezo, entre outras, podem apresentar 
doenças psicológicas, emocionais e sofrer de algum tipo de transtorno que influencie 
traços de caráter e personalidade (FANTE, 2005). 
Esse fenômeno ora de escala mundial é tão antigo quanto à própria escola. 
Apesar de os educadores terem consciência do problema existente entre agressor e 
vítima, poucos esforços foram despendidos para o seu estudo sistemático até o 
princípio da década de 1970, o que, em geral, perpassa até a atualidade. Foi então 
nessa época que surgiu, primeiramente na Suécia, um grande interesse de toda a 
sociedade pelos problemas desencadeados entre agressor e vítima, figurantes 
desse fenômeno, que logo se estendeu por todos os outros países escandinavos 
(FANTE, 2005). 
 No final de 1982, foi notificado num jornal norueguês o suicídio de três 
crianças no norte da Noruega, com idades de 10 a 14 anos, ato que, com toda a 
probabilidade, foi motivado principalmente pela situação de violência a que eram 
submetidas pelos seus companheiros de escola. E depois desse fato, vários outros 
países, como EUA, Inglaterra, Espanha, Finlândia, entre outros, passaram a discutir 
o problema, comprovando que o bullying está nas escolas de todo o mundo (FANTE, 
2005). 
18 
 
No Brasil, o bullying é muito comentado, divulgado e estudado por diversas 
áreas da educação. Porém, são poucos os órgãos que fornecem indicadores para 
que se possa ter e fazer uma comparação global deste fenômeno. 
Fante (2005) e Ana Beatriz Silva (2010) explicam, em seus respectivos livros, 
que os personagens envolvidos na prática do bullying podem ser categorizados em: 
agressor, vítima e expectador. O(s) agressor(es) ou Bullies são os que cometem a 
violência; a vítima geralmente é a mais fraca ou as que sofrem as agressões, os 
expectadores podem ser ativos participando indiretamente ou passivos que ficam 
indiferente ao fato ocorrido. 
Os diversos autores pesquisados comentam que as relações entre pessoas 
que agem e pensam de formas diferentes podem despertar atos deliberados de 
ofensa, insulto e exclusão. Pelo senso comum essas atitudes fazem-se conhecidas 
como brincadeiras de crianças, mas a partir do instante que passam a ofender, 
humilhar e prejudicar, deixam de ser brincadeiras e começou a ser nomeada de 
bullying. 
Segundo Fante (2005), os estudos realizados por Dan Olweus nomearam 
essas práticas recorrentes de bullying, que passaria a definir essas situações 
conflitantes nas escolas. De acordo com Melo (2010), esse tipo de “brincadeira de 
mau gosto” denominado bullying não surgiu na modernidade, ele sempre existiu nas 
escolas, mas não tinha esta conotação usada na atualidade. 
 Em decorrência da minha vivência como graduanda tive a oportunidade de 
presenciar colegas, na sala de aula, passar por constrangimento e brincadeiras de 
mau gosto, excluídas de grupo de estudo e, não raro, se humilhando para entrar em 
outros grupos, chegando ao ponto de professoras terem que intervir e colocá-las 
contra a vontade da equipe escolhida. O que, consequentemente, põe em questão a 
necessidade de pesquisar a existência ou não do bullying no contexto da formação 
acadêmica e, entender o porquê dessa ocorrência entre as alunas, aqui 
representada pelo curso de Serviço Social da Faculdade Cearense, escolhido este 
não pelo desejo de tomar a instituição como réu de um julgamento, mas, antes de 
tudo, pela conveniência em fazer-me estudante da instituição, além de que tal 
oportunidade conspira em favor de uma maior consciência sobre os personagens 
envolvidos no fenômeno, beneficiando a todos em geral. 
19 
 
O interesse desse trabalho é fazer com que o bullying, em uma graduação, 
não apenas na Faculdade Cearense pesquisada, mas em todas as outras em voltas 
com o problema, seja conhecido e combatido. 
 Sabendo-se que no Brasil não tem lei federal específica para o combate ao 
bullying. E que em alguns Estados dispõe de iniciativas para inibir e reduzir essa 
violência, como a do então prefeito Gilberto Kassab, da cidade de São Paulo, 
sancionou uma lei, em 2009, que delibera que as “escolas públicas da educação 
básica do município deverão incluir em seu projeto pedagógico medidas de 
conscientização, prevenção e combate ao bullying escolar”. A lei defende a 
promoção de medidas preventivas na luta contra o fenômeno, com a habilitação dos 
docentes e a orientação dos discentes e das vítimas, “visando à recuperação da 
autoestima” (G1 Educação, 2011). 
A abordagem metodológica pode ser caracterizada como pesquisa de campo 
de natureza de estudo de caso com perguntas previamente formuladas, para a 
explicação da realidade com a análise crítica do objeto a ser pesquisado. Havendo 
uma contextualização do problema junto à problemática da violência, analisando a 
práxis humana, junto à participação de docentes e discentes da Faculdade 
Cearense. (NOVACK, 2006) Optando-se, entre as diversas metodologias, pela 
abordagem qualitativa / quantitativa de pesquisa, a exigir, previamente, uma revisão 
bibliográfica, percorrendo autores como Fante (2005), Silva (2010), Braga (2009), 
Chalita (2008) e fontes como ABRAPIA (2003), UNESCO (2002) entre outros. 
A pesquisa estruturou-se em torno dos instrumentos e recursos 
disponibilizados pela metodologia quantiqualitativa, tornando-se, pois, a estratégia 
utilizada para analisar o objetodizem nunca ter percebido atitudes que poderiam 
classificar de bullying, apesar de que em seus relatos tinham fatos descritos que 
poderiam ser caracterizados como ocorrência do fenômeno, por exemplo: grupos 
que se opunham a receber alunas que tem raciocínio lento, falta de respeito na 
apresentação de alunas com dificuldade de se expressarem, brincadeiras com a 
dicção, roupas e jeito de ser, etc. Porém, eles alegaram que são atitudes 
corriqueiras não acham que essas características do bullying. Acreditam que o 
bullying existe, mas não é fácil de ser identificado, porque ele se apresenta de forma 
camuflada e não é comum entre pessoas adultas que têm maturidade e um grau 
mais elevado de intelectualidade e inteligência para se deixar vitimar. 
E, por fim, 8% dos professores relataram ter conhecimento da existência do 
fenômeno, explicaram sua ocorrência e duas relataram que foram agressoras. 
Narraram que não perceberam que estavam agindo de forma agressiva, usavam de 
sua autoridade para pedir que algumas alunas se retirassem da sala, dificultavam as 
informações referentes a provas e trabalhos, chamaram a atenção de algumas 
alunas de forma alta e ríspida para que todos na sala pudessem ouvir, foi necessário 
alguém chamar-lhes a atenção, para se darem conta do que estavam fazendo. E 
outra diz que nunca ninguém chamou sua atenção quanto sua atitude para com 
algumas alunas. Mas parando para responder o questionário, pensaram e 
analisaram seu comportamento, desta forma percebeu que às vezes antipatizava 
com alguma aluna, e essa antipatia afasta da pessoa e muitas vezes a fez ser mal 
educada ou grosseira com a mesma. Ficando incomodada quando a aluna pergunta 
várias vezes a mesma coisa, ou respondia com voz de impaciência ou, mesmo, não 
respondia. 
 
 
3.3. Análise do discurso 
 
A análise dessa pesquisa revelou que o bullying existe, sua manifestação 
acontece dentro da sala de aula, não na sua totalidade, e sim, no interior dos 
pequenos grupos de estudos formados durante os semestres. Sua manifestação 
raramente ultrapassa a sala de aula. Nesses pequenos grupos sempre se levanta 
82 
 
uma aluna com inteligência e capacidade de liderança (explicado no segundo 
capitulo). Ela tem um poder de persuasão entres os membros da equipe. Essa 
persuasão acontece porque a maioria das alunas trabalha, são mães e algumas 
avós. A uma tripla jornada de trabalho (família, trabalho e faculdade) o que dificulta o 
desenvolvimento dos trabalhos e leituras do material apresentado. 
A ocorrência do bullying passa a acontecer quando as alunas que inicialmente 
aceitam tudo pacificamente, não questionam, não usam seu conhecimento por achar 
que não tem inteligência para competir com as demais companheiras de equipe. E 
se subordinam na intenção de fazer amizade e se manter na equipe. Essa 
ocorrência tem diversos motivos para acontecer, mais o principal motivo é a disputa 
por notas. As alunas tem a necessidade de tirarem notas máximas, porque na 
cadeira de estágio a que tiver melhor nota, poderá escolher o melhor locais de 
estágios. Por esse motivo, a aluna que se sente prejudicada na equipe com os 
trabalhos sem conteúdo, sua apresentação é preparada pela líder que sempre 
mantem a maior fatia do trabalho a ser apresentado. Sabendo dessa condição para 
o estágio, passa a reagir e superar sua imparcialidade, submissão e passa a 
desenvolver sua inteligência. 
Essa nova atitude não é aceita pele líder e suas aliadas, começa a sentir-se 
ameaçada, passa a ser pressionada para uma divisão correta do conteúdo dos 
trabalhos, deixa de ser a única criativa do grupo, tem sua zona de conforto 
ameaçada. E começa uma guerra silenciosa entre essas mulheres, como explicou 
Simmons, elas estão acostumadas a esconderem seus sentimentos de 
agressividade. De forma sutil, entre risadinhas, olhares, sabotagem, desprezo e 
humilhação vão minando a confiança, a segurança e a capacidade de superação 
dessa aluna. 
Como as equipes já estão formadas e não tem como mudar no meio do 
semestre, a vítima por proximidade espacial se vê obrigada a permanecer no grupo. 
As demais companheiras a mantém, porém, espalham na sala de aula um monte de 
calúnias sobre a vítima, e passam por boazinhas, por manter uma pessoa cheia de 
defeitos na equipe. 
As vítimas relataram que não perceberam quando começou a violência 
psicológica. Quando se deram conta, já não havia amizade, era só exclusão, 
humilhação e solidão, mesmo estando na equipe. Algumas vítimas disseram que 
conversaram com professoras sobre o problema, no entanto só ouviram para se 
83 
 
afastarem do problema. Falar do ocorrido para alguém era se expor ao ridículo. 
Levar a nível de gestão, era temer ser confrontada com o agressor e ser mais 
ridicularizada do que já estava. A maioria não suportava a situação, mas não tinha 
coragem de sair dela, pois na sala de aula ninguém as queria nas outras equipes. 
 A situação ficava tão insuportável que a maioria preferia abandonar o curso, 
a tomar uma atitude de mudar de sala o de turno. Das alunas entrevistadas apenas 
quinze concluíram o curso, após mudarem de sala ou de turno, mas relataram que 
sentiram dificuldades em se relacionar na nova sala. Evitavam muita aproximação, 
estavam sempre sozinhas, apesar da sala ter em média trinta alunas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
84 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Em vista dos argumentos reconstituídos e desenvolvidos, além de 
confrontados com a realidade investigada, expostos ao longo de todo o presente 
trabalho, percebeu-se a grande relevância do fenômeno que não se pode 
reconhecer como novo, pois, ele sempre esteve presente nas instituições de ensino, 
mas só passou a ser estudado quando a sua repercussão deixou o âmbito escolar e 
virou caso de polícia, e, com isso, passou a interessar a todos e conhecido, mais 
particularmente, por bullying. 
Ele é uma prática intencional, repetitiva e intencional que vem tomando 
proporções alarmantes, não só entre o infantojuvenil, mas entre adultos nos cursos 
de ensino superior. Em se tratando da presente pesquisa, constata-se o fenômeno 
entre alunas do curso de Serviço Social. O bullying apresenta-se, com relação aos 
adultos, na forma de violência psicológica, intencional e repetitiva, com o objetivo de 
subjugar e humilhar o outro. Sua causa pode ser diversas como; inveja, disputa de 
forças de poder ou de notas, religião, sexualidade e regionalidade. 
O bullying no âmbito de uma IES, para os agressores e espectadores, é visto 
como um mito. Não passa de uma criação imaginária das pessoas que, de alguma 
forma, tentam chamar a atenção dos que estão ao seu redor. Entretanto, para a 
vítima ele é um fato. Se materializado na violência psicológica por ela sofrido, que 
aparece em forma de humilhação, desprezo, rejeição entre outras formas de 
denegrir a vítima. 
 O segundo capítulo dedicou-se a caracterizar como o fenômeno em questão 
se materializa nas instituições escolares, sejam elas públicas ou privadas. Sua 
ocorrência não está vinculada somente às escolas, podendo acontecer em outros 
lugares e que, pois, recebe outros nomes como: no trabalho, é assédio moral; na 
família, é violência doméstica; nos meios de comunicação eletrônica, é 
Cyberbullying, entre outros. Os principais envolvidos são os agressores (líder), as 
vítimas, as testemunhas (geralmente componente da equipe e algumas vezes 
demais alunas da sala de aula), acontece dentro de uma instituição de ensino 
normalmente dentro da sala de aula. 
Cada personagem carrega um percentual de culpa na ocorrência dessa 
violência. As vítimas se apresentam para a equipe como uma pessoa insegurança, 
submissa e dependente. Ao conseguir sua superação intelectual, não sabe 
85 
 
compartilhar com as companheiras esta conquista, e, de maneira imposta, passa a 
se comportar de forma contrária do queera até o semestre anterior e, se mostra 
decidida, autoritária e independente. Mudança que não é bem aceita pelas 
companheiras que se sentem enganadas. A opressora/líder, que sempre conduziu a 
equipe e tem sua zona de conforto claramente definida, passa a ficar incomodada 
com a nova atitude da companheira e, com isso, passa a usar de sua força de 
persuasão com as demais colegas para enfraquecer a nova líder que está surgindo. 
Assim, dá início a guerra de forças dentro do grupo de estudo, podendo se estender 
ou não para o restante da turma. E as expectadoras são pessoas individualistas que 
acima de tudo está o seu conforto, não importando se vai prejudicar alguém com sua 
falsa parcialidade. Em uma sala de aula, geralmente, existem ente 5 a 7 grupos e 
pouquíssimos chegam ao fim do curso com a mesma formação que iniciaram. 
Em virtude dos fatos acima mencionados, o terceiro capítulo constitui-se na 
realização de uma pesquisa a tomar como objeto a ocorrência ou não do fenômeno 
bullying dentro de uma instituição de ensino superior. 
O grupo das professoras faz-se atuante, particularmente, na dinâmica 
interpessoal então investigada, caracterizado, pois, como expectadoras neutras. 
Uma parte deles trata-se dos professores que, mesmo testemunhando algum 
episódio, ocorrido em sala de aula, de natureza ofensiva entre alunas, não manifesta 
qualquer interferência no sentido de combater o agravo então ocorrido. Pelos 
aspectos analisados, pode-se dizer que estes docentes, em sua maioria, não têm o 
adequado conhecimento para identificar a ocorrência do bullying, quando ele 
acontece em sua sala de aula. A minoria das professoras que possuem 
conhecimento dessa ocorrência e, pois, de episódios por elas presenciadas não têm 
noção de como ajudar, não estão preparadas para intervir, não sabem como se 
posicionar na condução deste fato, e a única coisa que podem fazer e, em geral, 
fazem é aconselhar a vítima a manter distância do problema. Sua participação nesta 
ocorrência está na omissão do fato, na falta de comunicado à coordenação, na falta 
de encaminhamento dessa aluna ao psicólogo da instituição que está melhor 
capacitado para orientá-la. 
Pode-se dizer que a escola/instituição deve ser precisamente o lugar onde a 
tolerância e o convívio com as diferenças devem ser estimuladas e trabalhadas na 
formação de estudantes de forma geral. Tal trabalho continuará contraditório se 
todos os envolvidos (educadores, gestores e estudantes) deixarem predominar 
86 
 
dentro de si os costumes viciados, os preconceitos enraizados e a mentalidade 
doentia que são cultivadas no dia-a-dia pelos estudantes com a precária formação 
humana para a educação (aqui, em sentido mais amplo possível). 
Diante dos dados colhidos e analisados e, sobretudo, da experiência 
adquirida acompanhando alunas e professoras do curso de serviço social, pode-se 
dizer que é um curso preparatório para a compreensão das desigualdades e suas 
consequências, tendo como objetivo orientar os alunos a serem criativos e 
propositivos na elaboração de formas de enfrentá-la na vida profissional. 
Sugere-se que a instituição de ensino e docentes, em fase de organização de 
ementa ou plano de aula, planeje a utilização dos grupos de estudo, de forma a não 
deixá-los fixos durante todo o semestre, e que as provas parciais façam uso destes 
grupos constituídos nas salas de aula, de forma que possam colocar em prática o 
aprendizado de convivência com as diferenças. E que, também, todos possam se 
mobilizar com relação ao fenômeno, que é muito preocupante sua ocorrência em 
qualquer instituição. E também capacitar os professores no esclarecimento deste 
fenômeno. Além disso, é fundamental oferecer o suporte necessário para que as 
denúncias possam tomar o lugar do medo, e, assim, os professores, os 
alunos/vítimas e os expectadores saibam a quem recorrer quanto a uma denúncia. 
O presente trabalho tem por finalidade esclarecer aos discentes e docentes 
que a violência, seja ela física ou psicológica, existe em qualquer lugar onde há 
relação interpessoal. E não seria diferente em uma IES. Entretanto, cabe reconhecer 
que, dentre as diversas instituições humanas existentes, uma IES, em tese, 
apresenta-se como aquela que melhor se posiciona, em função da qualificação 
daqueles que a compõem, para o enfrentamento do fenômeno bullying. 
Construir o trabalho foi bastante prazeroso desde o princípio, ou seja, da 
escolha do tema, que teve início no quarto semestre, até sua finalização na forma de 
monografia. O fenômeno sempre foi de grande interesse pessoal e isso propiciou 
para que o caminho percorrido fosse bastante proveitoso. 
Espera-se que o mesmo contribua para a formação acadêmica de diversos 
alunos que se inclinem ao estudo do tema, da mesma forma que contribuiu para a 
minha. Com o conhecimento deste fenômeno, manifestado grande parte por mães, 
que, possivelmente, repassam estes valores para os filhos, ainda que 
involuntariamente, pode oportunizar uma conscientização sobre o fenômeno e, 
consequentemente, promover uma mudança de atitudes, o que provavelmente 
87 
 
diminuiria a violência desde os infanto-juvenis. Assim como se espera que a 
exposição deste fenômeno, aqui abordado, possa despertar interesse no 
aprofundamento do conhecimento desse tema em relação aos adultos e ampliar a 
pesquisa para outros cursos e instituições. Na graduação de ensino superior, a 
ocorrência das agressões acontece de forma psicológica e é, por sua vez, a forma 
mais comum de sua ocorrência, por acontecer de forma discreta, sutil e quase 
imperceptível, como se demonstra por parte significativa dos depoimentos colhidos 
em pesquisa. Colidindo a caracterização dos autores pesquisados quando se 
referem a tríade agressor- vítima – espectador no infantojuvenil, fazendo uma 
comparação com os relatos registrados em pesquisa, pode-se dizer que a agressora 
tende a evitar ser comprometida pelo evento da violência psicológica, no presente 
caso, na graduação. Ele não deseja ser visto como o valentão ou dominador, mas da 
mesma forma que os adolescentes, ela quer marcar seu território de forma tácita. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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APÊNDICE 
96 
 
 
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 
 
 Título da Pesquisa. Um Estudo de caso sobre o bullying na percepção das alunas 
do curso de Serviço da Faculdade Cearense nos anos de 2011.1 a 2013.2. 
Pesquisador. Sandra Regina Freitas de Sousa 
Orientador: Prof. Walter Barbosa Lacerda Filho 
 O Sr. (Sra.) está sendo convidado(a) a participar desta pesquisa que tem 
como finalidade analisar a Tal pesquisa é requisito para a conclusão do curso de 
Bacharelado em Serviço Social pela Faculdade Cearense. 
 Ao participar deste estudo, o Sr. (Sra.) permitirá que o pesquisador utilize 
suas informações para a realização desta pesquisa. Entretanto, os dados obtidos 
serão mantidos em sigilo, somente o pesquisador e sua orientadora terão 
conhecimento dos dados. O participante tem a liberdade de desistir a qualquer 
momento do estudo caso julgue necessário, sem qualquer prejuízo. A qualquer 
momento poderá pedir maiores esclarecimentos sobre a pesquisa através do 
telefone do pesquisador. 
 O maior benefício para o participante será a sua contribuição pessoal para o 
desenvolvimento de um estudo científico de grande importância, onde o pesquisador 
se compromete a divulgar os resultados obtidos. O Sr. (Sra.) não terá nenhum tipo 
de despesa para participar desta pesquisa, bem como nada será pago por sua 
participação. 
Após estes esclarecimentos, solicito o seu consentimento de forma livre para 
participar desta pesquisa. 
 Tendo em vista os esclarecimentos apresentados, eu, de forma livre e 
esclarecida, manifesto meu consentimento em participar da pesquisa Um Estudo de 
caso sobre o bullying na percepção das alunas do curso de Serviço da Faculdade 
Cearense nos anos de 2011.1 A 2013.2 
 ____________________________________________ 
Assinatura do participante 
 
 _____________________________________ 
Assinatura do pesquisador 
ANEXOS 
97 
 
 
Anexo-01 
QUESTIONÁRIO- ALUNAS 
 
 Prezada: afirmo que as respostas dadas serão utilizadas apenas para fins 
acadêmicos, sendo constituintes da monografia em Serviço Social em processo. 
Garanto que sua identidade será preservada por meio do anonimato, conforme os 
princípios éticos em pesquisa. 
 Nº: ____ Data: ___/___/___ 
 
1- DADOS PESSOAIS 
 
Semestre: 
Estado civil: 
Tem filhos: 
Trabalha: 
 Idade: 
 
 
INFORMAÇÃO SOBRE CONHECIMENTO DO "BULLYING" 
 
 
1) Qual sua percepção quanto ao bullying? 
2) Na sua opinião, existe bullying na graduação? 
3) Já sofreu bullying? 
4) Se sofreu, foi em que local? 
 
 
 
 
 
 
 
Anexo-02 
98 
 
 
QUESTIONÁRIO/PROFESSORAS 
 
 Prezada: afirmo que as respostas dadas serão utilizadas apenas para fins 
acadêmicos, sendo constituintes da monografia em Serviço Social em processo. 
Garanto que sua identidade será preservada por meio do anonimato, conforme os 
princípios éticos em pesquisa. 
 
 
Entrevista nº: ____ Data: ___/___/___ Duração:______ Gravação: ____ 
 
DADOS PESSOAIS 
 
1) Estado civil: 
2) Trabalha 
3) Idade: 
4) Naturalidade: 
 
Informação sobre conhecimento do "bullying" 
 
1) Na sua opinião, existe bullying na graduação? 
2) Se existir, chegou a presenciar algum fato? 
3) Já vitimou algum aluno? 
 4) O você faz para ajuda a vítima?de estudo, estando necessariamente ligada ao 
quadro teórico proposto pela pesquisa, segundo Gondim (1999). Para Minayo 
(1993), a pesquisa é o fenômeno de aproximação sucessiva da realidade, efetuando 
uma combinação particular entre teorias e dados colhidos à realidade. A pesquisa 
qualitativa irá responder a questões muito particulares sobre o modo como os 
fenômenos encontram, enfim, o próprio sentido. Segundo Minayo (1993), melhor 
esclarecendo o caráter qualitativo que se impõe à pesquisa em mira, este se 
preocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Nesse sentido, 
a pesquisa qualitativa permitirá uma melhor compreensão da participação das 
alunas e professores, na definição ou não do fenômeno tornado objeto de pesquisa, 
a exigir a caracterização bem como a interpretação de suas questões particulares. A 
20 
 
pesquisa quantitativa irá se configurar com a aplicação do instrumento do 
questionário em relação à amostra então definida a ser inquirida, o que suscita, 
consequentemente, à tabulação e à tradução dos números, em dados equivalentes 
a opiniões e informações para serem classificadas e analisadas, considerando as 
especificidades estatísticas, a uma mais adequada interpretação dos mesmos. 
O presente estudo teve por objetivo analisar as expressões do bullying no 
curso de Serviço social, bem como a compreensão das respectivas alunas do curso 
então tomado por universo amostral de pesquisa sobre sua ocorrência. O universo 
pesquisado foi de 625 alunas e professoras. Foram aplicados 50 entrevistas com as 
alunas que se identificaram como vítima do bullying e 25 professoras. Aplicou-se 
questionários em 20% do universo pesquisado (a amostra). Foi marcando com um X 
os questionários das alunas apontadas como supostas agressoras de violência 
psicológicas para colher informações compreender sua posição perante as alunas 
que se dizem vítimas do bullying. Os sujeitos pesquisados foram as 100 alunas e 25 
professoras do curso de Serviço Social, do primeiro ao oitavo semestre, nos anos de 
2011.1 a 2013.2, tendo como campo de pesquisa o curso de Serviço Social da 
Faculdade Cearense, Instituição de Ensino Superior – IES. 
O presente trabalho está dividido em três capítulos. O primeiro discorre sobre 
relações humanas e a violência psicológica no contexto da sociedade 
contemporânea, dividido em categorias e aspectos que explicam o conceito quanto a 
dinâmica do fenômeno bullying, discorrendo, pois, desde a história do bullying, os 
envolvidos, os locais e, até, suas consequências. Dar-se destaque para o tópico da 
vitimização que fara a caracterização das vítimas encontradas pela pesquisa. 
O segundo trata o fenômeno bullying na dinâmica interpessoal no espaço 
institucional de uma Instituição de Ensino Superior –IES, dedicando-se a descrever a 
tipologia das vítimas, dos envolvidos (se de forma direta ou indireta no fenômeno 
bullying), além de descrever o atual contexto da educação moderna e o modo como 
a instituição se faz envolvida neste contexto. São explanadas as consequências 
ocasionadas pelo bullying no curso de Serviço social, tanto em quem o pratica, 
quanto na vítima. Destacam-se quatros tópicos (Inteligência para entender a 
superação ou a acomodação; Teoria da burocracia para a compreensão de 
liderança e organização de grupo; liderança como relação funcional entre líderes e 
subordinados explicando os grupos) que serão relevantes para explicar como se 
organiza os grupos na sala de aula, como os lideres exercem influência sobre os 
21 
 
liderados, a inteligência como superação e organização de grupo. Isso porque pela 
pesquisa o bullying acontece dentro da sala de aula, mas não como um todo, ela é 
dividida em pequenos grupos, nesses pequenos grupos se levanta um líder (o 
agressor) que influencia os demais membros da equipe (não são todos) que passa a 
vitimizar um dos membros. 
 No terceiro capítulo, desenvolve-se todo o percurso metodológico da 
pesquisa, bem como a análise dos dados nela contida, como a discussão da relação 
interpessoal entre eventuais vítimas e agressores, e, ainda, uma breve avaliação 
sobre o entendimento quanto ao bullying pelo corpo docente da instituição 
pesquisada. 
 O Serviço Social é uma profissão que tem um sentido educativo de 
transformar consciências, de favorecer novos discursos, de orientar as relações 
grupais e interpessoais. Assim, a mediação do assistente social é uma ação 
transmissora de informações, que trabalha com a consciência, e com a linguagem 
que é o esteio por excelência em que se dá a relação social (MARTINELLI, 1998). 
 Pensando na importância social do tema, toma-se a ousadia em 
abordá-lo mesmo sendo tão pouco explorado no âmbito de uma IES, e também pela 
dificuldade em encontrar materiais para a fundamentação de dados pesquisados 
(Google Acadêmico, Scielo, bibliotecas, portal da CAPES) Trabalhos que 
enfocassem as prováveis contribuições do assistente social no enfrentamento do 
fenômeno bullying. Ainda assim, confrontou-se as dificuldades com a esperança de 
que este trabalho possa contribuir com os/as assistentes sociais e instituições de 
ensinos no enfrentamento, mediação e na diminuição deste problema social que 
atinge desde crianças, adolescentes e adultos (que, no presente caso, compõem a 
amostra pesquisada) no Brasil e no mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
CAPÍTULO I 
 As relações humanas e violência psicológica no contexto da sociedade 
contemporânea 
 
 Quanto à discussão do fenômeno bullying, optou-se por apresentá-lo em 
função dos vários aspectos por ele implicados (conceito de bullying, caracterização 
do bullying, tipos de bullying, personagens do bullying, consequências do bullying, 
vitimização, violência e preconceito), a justificar, pois, as diferentes seções que dão 
corpo ao presente capítulo, ainda que se reconheça que nem todos têm o mesmo 
peso na definição do fenômeno em questão, mas que, todavia, revelam conexão 
direta com os elementos definidores do fenômeno bullying. Dá-se destaque para a 
vitimização que irá caracterizar os tipos de vítimas encontrados pela pesquisa. 
 
1.1 Bullying 
 
No cotidiano das instituições de ensino, públicas ou privadas, flagram-se 
variadas formas de violência, que, pois, tipificam o nosso tempo e que, muitas vezes, 
ficam ocultadas. Neste sentido, alunos vivem situações humilhantes, como apelidos, 
ameaças, humilhações, gozações, brincadeiras de mau gosto, fofocas, provocação, 
chantagens e agressões físicas. Quando isto acontece, a vítima, em geral, procura 
isolar-se, dando ocasião à depressão, preferindo manter o silêncio, tentando evitar o 
próximo ataque ou com medo da próxima manifestação do agressor. Estas 
características fazem parte do universo institucional tanto infanto-juvenil como 
acadêmico. Com efeito, é de grande importância que o fenômeno bullying seja 
estudado e compreendido por docentes e discentes para que estes adquiriram 
conhecimento e juntos discutam uma forma mais eficaz de combatê-lo. 
Faz-se necessário estudar historicamente o fenômeno para poder entendê-lo 
em suas manifestações. Segundo Fante, os estudos referentes ao bullying tiveram 
início nos anos 1970 com professor Olweus na Universidade de Bergen – Noruega, 
enquanto no restante da Europa o início foi bem mais tarde, na década de 1990. Ela 
relata o histórico do bullying em seu livro “Fenômeno Bullying”, trazendo o relato do 
professor Dan Olweus que firmou os critérios para a percepção do fenômeno que 
tem características específicas, buscando diferenciá-lo de outras formas de 
violência, específicas, agora, ao processo de amadurecimento do indivíduo. O 
23 
 
professor desenvolveu diversos estudos e pesquisas que culminaram com um livro 
“Bullying at School”, que veio a favorecer diversos países, inclusive o Brasil, no 
entendimento do fenômeno em mira (FANTE, 2005). 
 A AssociaçãoBrasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e 
Adolescência (ABRAPIA) realizou um estudo em 2002 e uma pesquisa em 2003, no 
município do Rio de Janeiro, revelando que, nas escolas brasileiras, o bullying 
apresenta índices superiores aos países europeus. O IBOPE, junto com ABRAPIA, 
no Rio de Janeiro, consultou 5428 alunos da 5° a 8° série de 11 escolas do Rio de 
Janeiro, sendo 09 municipais e 02 particulares. A idade dos entrevistados manteve-
se no intervalo de 13 a 17 anos. 28,03% dos entrevistados admitiram ter sido alvo de 
bullying no período da pesquisa, acontecendo, conforme os relatos colhidos na 
pesquisa, várias vezes por semana, cuja repetição dos atos de bullying é reportada 
por 15% dos alunos consultados. Os tipos de bullying mais frequentes foram os 
apelidos, com 54,2%, agressão, com 16,1%, difamação, com 11,8%, ameaças, com 
8,5%, pegar pertences com 4,7% (ABRAPIA, 2003. p.44). 
Rachel Simmons (2004), professora norte-americana e, inclusive, vítima de 
bullying em sua infância, dedicou-se a pesquisar sobre o fenômeno, e deparou-se 
com a escassez de informação sobre o assunto, e a total ausência de textos, livros 
ou estudos relacionados a pré-adolescentes (infantojuvenil de 7 a 15). 
 Depois de muitas pesquisas, Simmons (2002), docente e pesquisadora da 
Universidade de Oxford, publicou, em 2002, o livro “Garotas fora do Jogo: a cultura 
oculta da agressão nas meninas”. Neste livro, a autora defende que a criação 
influencia nas atitudes agressivas das meninas. Como primeira coordenada para o 
entendimento da questão, as palavras da autora esclarecem: 
 
“Isso é uma das coisas mais importante que eu tentei transmitir no 
livro. A razão pela qual a raiva das meninas parece ser diferente é 
porque há muitas regras contra isso. Elas crescem aprendendo a 
serem gentis o tempo todo, a sorrir e a fazer amizade com pessoas. 
Quando se cresce aprendendo isso, é preciso esconder os 
verdadeiros sentimentos que surgem na hora da raiva. As meninas 
têm os mesmos sentimentos dos meninos, sim, mas precisam 
esconder isso por causa das proibições. O que sobra, na hora de 
colocar tudo isso para fora, é fazer comentários, disfarçar, fingir que 
não estão com raiva quando, na verdade, estão. Elas têm que usar 
os relacionamentos para ferir os outros, ao invés de usar métodos 
mais convencionais, geralmente associados aos garotos” 
(SIMMONS, 2004, p.32). 
 
24 
 
 
Tomando-se o ponto de vista de Simmons como apoio teórico, tem-se uma 
primeira explicação: na infância, as meninas são reprimidas com regras e 
imposições quanto à demonstração dos sentimentos de violência, raiva, ódio, os 
quais não devem, em geral, ser tornados públicos. Isso traz à tona a amostra da 
presente pesquisa, que é exclusivamente feminino e no âmbito de uma instituição de 
ensino superior. Distinguindo-se, porém, que, no caso de Simmons, tratou das 
meninas entre a infância e a adolescência na escola, e o trabalho ora em 
desenvolvimento abordou mulheres adultas no espaço de uma IES, devido a 
amostra masculina ser muito pequena no turno da manhã, e por se tratar de 
violência entre mulheres em um curso que as prepara para lidarem com as 
diferenças. É nesse universo adulto e feminino que, diferente das meninas, estas 
mulheres, já familiarizadas em disfarçar seus sentimentos violentos, conforme se faz 
supor pelas próprias palavras de Simmons, tornam as agressões, dentro da IES 
pesquisada, de natureza eminentemente psicológica, sendo, portanto, mais sutis, o 
que dificulta o seu reconhecimento. 
De acordo com as palavras acima de Simmons, é uma violência que se 
disfarça em brincadeiras que humilham e inibem os sentimentos das companheiras 
de sala de aula entre olhares e sorrisos “inocentes”. 
A diferença das meninas, é que agora elas, como pressuposto a todo adulto, 
têm consciência das atitudes que estão tomando, podem falar, gritar e liberar sua 
raiva latente. Porém, continuam reproduzindo este comportamento construído num 
conceito estereotipado do universo feminino, mascarando seus verdadeiros 
sentimentos, não demonstrando as fragilidades de sua personalidade e de seu 
caráter violento. Amplamente cobradas pela sociedade, elas utilizam desses 
subterfúgios para liberar seus verdadeiros sentimentos e, ainda, permanecendo com 
suas reputações intactas em conformidade com o estereótipo esperado delas 
(DÓRIAS, 1962, p.34). 
Devido à falta de literatura específica para caracterizar as vítimas do bullying 
em uma graduação do ensino superior, determinou-se inicialmente que Fante, Silva 
e Simmons comporiam o embasamento teórico da presente pesquisa. 
O termo bullying, tomado em empréstimo para o trabalho, decorre de sua 
conotação e aplicação em um âmbito educacional. Serve-se, provisoriamente, do 
25 
 
termo pela conveniência e analogia que, até certo ponto, se dá entre a escola e uma 
IES. 
 Não dispondo até o momento de melhor termo que pudesse caracterizar a 
violência psicológica e silenciosa sofrida por dezenas de alunas no contexto 
acadêmico, em um curso de presença majoritária de mulheres, adotou-se o termo 
bullying para sua observação e, pois, discursão. As características usadas pelas 
autoras estão relacionadas ao público infantojuvenil, apesar de que muitas delas 
também são encontradas nas referidas vítimas pesquisadas. Por se tratar de 
pessoas adultas, fez-se necessário pesquisar as vítimas sob a perspectiva do atual 
direito, e encontrando-se, mais precisamente, no código penal os tipos de 
vitimização, consequentemente, tornou-se uma fonte que subsidiou e ajudou a 
definir as vítimas pesquisadas. (Ver vitimização). 
 E com a descrição acima se percebe que o bullying é um ato tipificado como 
ilícito e que se manifesta de forma silenciosa e perversa. Quando ele mostra a 
“cara”, é porque o estrago produzido não tem mais como ficar oculto, porém, esse 
delito não é ainda encarado enquanto tal, porque O Brasil não possui nenhuma lei 
especifica para combatê-lo, mas, pode-se ver no tipo de vítimas caracterizada na 
vitimização, que pode sim fazer uso da lei e processar o agressor definindo o tipo de 
agressão em que a vítimas se enquadra. Nesse sentido, ter-se-ia tão-somente um 
primeiro esforço de compor uma legislação específica sobre o tema, conforme as 
informações então disponíveis ao portal de notícias G1: 
 
Um projeto de lei sugere que as ações de combate ao bullying sejam 
detalhadas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação. O projeto 
aguarda votação na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do 
Senado. A proposta, de autoria do senador Gim Argello (PTB-DF), 
quer incluir entre as incumbências dos estabelecimentos de ensino a 
promoção de ambiente escolar seguro e a adoção de estratégias de 
prevenção e combate a intimidações e agressões. (G1 Educação, 
2011)1 
 
Percebem-se atitudes no combate ao bullying por parte de alguns estados e 
municípios que criaram leis educativas para escolas públicas e privadas, como, por 
exemplo, no Rio Grande do Sul (G1 Educação, 2011). 
 
1
 País não tem lei federal específica para o combate ao bullying, é uma matéria do G1 Educação sem 
autoria, pode ser encontrada no site: http://g1.globo.com/educacao/noticia/2011/03/paisnao-tem-
leifederal-especifica-para-o-combate-ao-bullying.html 
26 
 
Foi aprovada, no Rio de Janeiro, uma lei ao ano de 2011 que prever 
penalidade das escolas que não denunciarem o agressor do bullying (G1 Educação, 
2011). 
 
 
1.2. Caracterização do Bullying 
 
O vocábulo bullying de língua inglesa, sem tradução literal para o português, foi 
acolhido por diversos países, é aproveitado para nomear os atos de violência física2 
ou psicológica, repetidos e de maneira intencional, exercido por um indivíduo ou por 
um grupo. Com o intuito de amedrontar ou acometer outro indivíduo incapaz de 
defender-se, entretanto, subsistem os autores/alvose as vítimas/agressoras que, em 
certos momentos, cometem agressões, em outros serem vítimas. (FANTE, 2005). 
 Silva defende que o “termo bullying pode ser adotado para explicar todo tipo 
de comportamento agressivo, cruel, proposital e sistemático inerente as relações 
interpessoais”. (SILVA, 2010, p.28). O que se circunscreve desde a provocação, as 
risadinhas com intenção maldosa, fofocas, os apelidos ofensivos, até as formas de 
violência físicas. 
Distingue-se, conforme a autora, por estes atos cinco modalidade de bullying: 
1) físico, 2) verbal (falar mal, apelidar etc.), 3) psicológico (ameaçar, intimidar e 
perseguir; etc.); 4) moral (caluniar, difamar e discriminar, etc.) e 5) material (subtrair 
ou danificar os pertences da eventual vítima) (SILVA, 2010). 
É comum as vítimas apresentarem alguns sintomas como isolamento, 
mudança de humor, perda de atenção, queda do rendimento escolar, pânico 
associado a escola, estresse, sentimento de negatividade, rejeição, pessimismo e 
até, ideias suicidas (MELO, 2010, p.128). Sintomas estes descritos pelos autores 
que tomaram o fenômeno bullying, como objeto de estudo e, ainda, observado na 
maioria dos relatos colhidos pela pesquisa. 
Pode-se dizer que, hoje, o bullying é universalmente conhecido, concorrendo 
então em diversas concepções e definições para ele. 
Para Fante (2005): bullying é um aglomerado de atitudes violentas, intencionais 
e repetitivas que acontecem sem motivação aparente, cometido por um ou mais 
 
2
 Na pesquisa não teve relatos de agressão física no âmbito acadêmico, por esse motivo os relatos citados 
pelos autores não serão levado em conta nesse trabalho. 
27 
 
alunos contra outro, que causa dor física ou emocional (sofrimento), apelido, 
injustiça, insultos, intimidações, gozações que magoam, difamações injustas, 
atuação de grupos hostilizadores, infernizando, ridicularizando e excluindo a vítima, 
“além de danos físicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do 
comportamento bullying” (FANTE, 2005, p.33-34) 
 A agressividade no comportamento, conforme os achados da autoras citadas 
do agressor, seria uma imitação de um comportamento ambicioso, que busca atingir 
seus objetivos a qualquer preço, indiferentemente se isto infringe as normas morais, 
ou mesmo inibem os direitos dos outros. Esse tipo de comportamento é sempre 
negativo, e as vítimas destas pessoas acabam por se sentirem magoadas, feridas e 
passam a evita-las. 
Pode-se definir bullying, como sendo diversas formas de atitudes com caráter 
agressivo, intencional e recorrente, que ocorrem sem motivo aparente, expressas 
por um ou mais alunos contra uma pessoa, causando angústia e dor, executadas no 
centro de uma relação desarmônica de poder. No entanto, as ações repetidas entre 
os estudantes e o desequilíbrio de poder são as particularidades fundamentais, que 
tornam viável o amedrontamento da vítima (ABRAPIA, 2003) 
 Confrontando-se as definições de Fante, Silva, Simmons e ABRAPIA sobre o 
bullying, evidencia-se a concordância dos termos das quatro fontes então 
consultadas. O que favorece, pois, a sua descrição sem maiores divergências. 
 As circunstâncias de bullying dão ocasião às formas: Psicológica – é ofender, 
zoar, colocar apelidos, gozar, dominar, perseguir, intimidar, assediar, ignorar, 
tiranizar, infligir sofrimento, amedrontar, “sacanear”, humilhar, aterrorizar, 
discriminar, excluir e isolar. Na física: agredir, chutar, quebrar objetos pessoais, 
bater, empurrar, ferir, roubar, entre outros. Silva ressalta que soco, agressões, chute, 
ameaças, insultos, ostracismo, sexualização, ofensas raciais, étnicas ou de gêneros 
são também aspectos observados para caracterizar o bullying (SILVA, 2010. p.45). 
Fante e Pedra, explicam que o fenômeno é uma pandemia psicossocial que 
acarreta consequências graves. O que, aparentemente, pode parecer como algo 
inofensivo, o ato de se colocar um simples apelido inocente pode sob outro ângulo 
tornar objeto de atitudes de agressão emocional e física para outras pessoas, 
mudando o centro da agressão e o ponto de vista de agressor para vítima. As 
vítimas que sofrem humilhações difamatórias, racistas ou segregadora geralmente 
apresentam queda do rendimento escolar, “somatiza este sofrimento em doenças 
28 
 
psicossomáticas e passam a apresentar algum tipo de trauma que modifica traços 
de sua personalidade” (FANTE e PEDRA, 2008, p.33). Observa-se, também, uma 
transformação no comportamento. As vítimas costumam se isolar, passam a agir 
com agressividade ou passividade, inventando sempre um motivo para não ir à 
escola. (FANTE e PEDRA, 2008). 
Esta característica de simular problemas para fugir da perseguição dos 
colegas não existe apenas no infanto-juvenil. Identificou-se na pesquisa que as 
alunas da graduação que relataram ser vítimas do bullying possuem um histórico de 
somatização de doenças (descrito no terceiro capitulo), sendo que algumas alunas 
com o tempo e o agravamento do bullying passam a apresentar alguma “doença 
psicossomática”, e justificam suas faltas com atestados, assim minimizam o tempo 
de contato com seus eventuais agressores. 
 Silva expõe, em seu trabalho de mestrado, que as simples “brincadeirinhas 
de mau-gosto”, assim chamadas antes da palavra inglesa, para caracterizar a 
violência, em geral, em um ambiente escolar, bullying, podem tomar forma em 
diversas situações. Desde simples problemas de aprendizagem até graves 
perturbações de comportamentos, responsáveis pelo crescente índice do fenômeno 
entre os estudantes (SILVA, 2006). 
 
Segundo Okada, em seu artigo “Falta preparo nas escolas”, explica: 
 
 
ela não quer dizer que todas as escolas não estão preparadas, nos 
contatos que teve, observou que os docentes gozam de um total 
despreparo para lidar com o bullying. Ela sentencia, em um outro 
artigo, concordando com Nelson P. Silva, professor da Unesp 
(Universidade Estadual Paulista) e especialista em bullying, que as 
escolas “não estão preparados para lidar com a indisciplina". Ele 
alerta que a saída não está apenas no âmbito educacional: "tem que 
lembrar que o problema superou a escola” (OKADA, 2011). 
 
 
 Se este problema acontece dentro de uma Instituição de Ensino Superior- 
IES, ele não é um problema, simplesmente, ele não existe, é desconhecido dentro 
de diferentes setores da Faculdade Cearense. Primeiro porque a vítima não 
denuncia, não quer expor sua fraqueza diante de outras pessoas. Segundo que a 
própria instituição não tem nenhuma forma de combater esse fenômeno. E por fim, a 
instituição evita qualquer exposição que possa manchar seu nome. Assim, prevalece 
a omissão de todos os envolvidos. 
29 
 
O reconhecimento da existência pelas partes envolvidas (docentes, discentes, 
e a IES como um todo) faz-se obstruído pela falta de comprovação dessa violência 
em um ambiente que todos são considerados adultos e, ainda, por entender-se que 
o bullying é uma característica apenas infantojuvenil. Se o bullying está presente em 
diversas áreas da vida pessoal, profissional e até mesmo familiar porque não 
existiria em uma graduação de IES? 
 
1.3. Os tipos de Bullying. 
 
 Embora tenha se propagado e notabilizado no ambiente escolar, o bullying 
está presente, de uma forma ou de outra, em nossas vidas, e em algum momento da 
vida qualquer um pode se tornar uma vítima. Ela aparece na relação entre pares, em 
que, mesmo não havendo formalmente uma hierarquia entre os membros de um 
determinado grupo, instala-se, por via informal, uma hierarquia onde um é superior 
ao restante do grupo, dando origem, pois, a um uso abusivo deste poder no grupo. 
Está presente na convivência entre patrão e empregado, de colegas que desejam 
atacar o outro, tornando-o assim inferiorizado. Para Fante, o bullying pode ser 
encontrado em vários contextos: “nas famílias, nas escolas, noscondomínios 
residenciais, nos clubes, nas igrejas, locais de trabalho, enfim, onde tiver mais de 
duas pessoas reunidas e a relação interpessoal se fazendo presente” (FANTE, 2005, 
p.30). 
Torna-se relevante abordar outros tipos de bullying, mesmo que nem todos os 
tipos tenham sido abordados na pesquisa, para uma compreensão de todas as suas 
variações, e saber que, em certo sentido, são resultantes de uma cultura de 
dominação gestada pela sociedade que ora se vive. 
 
1.3.1. O Bullying doméstico 
 
 Tem sua ocorrência no seio familiar. A pessoa que detém o poder familiar 
pode exercê-lo de forma a aniquilar psicologicamente os demais membros da 
família. São os casos de abuso de poder de um cônjuge sobre o outro, dos pais 
contra os filhos. Pode ser feito uso da pressão psicológica, física ou financeira. De 
acordo com Fante, “a criança reproduz na escola como em um círculo vicioso as 
formas de dominação que lhes são tão familiares” (FANTE E PEDRA, 2008, p.34). 
30 
 
 Trazendo para a pesquisa, obtém-se, com isso, um importante apoio para a 
observação: as mulheres que em sua vida diária conviveram ou convivem com 
marido, pai, ou qualquer pessoa que a tenha coagido de alguma forma, pode 
reproduzir esta mesma conduta de forma a obter qualquer coisa do seu interesse 
através de atitudes coercitivas psicologicamente. 
 
1.3.2. Bullying no ambiente de trabalho ou assédio moral 
 
Mais conhecido como assédio moral, acontece no ambiente de trabalho, 
consiste em situações em que um ou mais funcionários são subjugados, 
reiteradamente, por ações negativas, como humilhação, discriminação e maus-tratos 
no ambiente de trabalho, sem condições de defesa, constituindo-se em afronta à 
dignidade. Também é conhecido na Europa como mobbing3, termo usado para 
definir relação onde tem abuso de poder em ambiente de trabalho. (SILVA, 2010). 
 No Brasil, o assunto ganhou força com a publicação de Barreto (2006), a 
autora deu ênfase em dizer que a maioria desconhece as consequências deixadas 
pelo assédio moral. Cabe ressaltar que, como o bullying ele se manifesta de força 
sutil e silenciosa, é difícil ser identificado. (BARRETO, 2006) 
 No programa Globo Repórter do dia 18.10.2013, foi levado ao ar o programa 
com o tema bullying e perseguição. Uma das entrevistadas, identificada por Talita, 
fez o relato de como passou a ser perseguida por alguns “amigos de trabalho” 
devido a um problema que surgiu em sua pele, e essa perseguição psicológica 
durou mais de um ano. Após ter superado o problema, configurado como transtorno 
emocional, alcançou uma condição de vida relativamente normal. No entanto, a 
moça ainda sofre a cada vez que volta a pensar no ocorrido, a sua voz fica 
embargada e as lagrimas escorrem volumosamente pelo seu rosto. Essa matéria 
vem mostrar que não importa o nome dado ao constrangimento sofrido: bullying, 
assédio moral, bullying doméstico, etc. Todos deixam feridas abertas ou cicatrizes 
profundas4 (Globo Repórter 2013). 
 
3
 Mobbing é uma violência moral ou psíquica no trabalho: atos, atitudes ou comportamentos de 
violência moral ou psíquica em situação de trabalho, repetidos ao longo do tempo de maneira 
sistemática ou habitual, que levam à degradação das condições de trabalho idôneo, comprometendo 
a saúde ou o profissionalismo ou ainda a dignidade do trabalho. 
4
Bullying: Globo Repórter fala sobre casos de perseguição e discriminação. Disponível em: 
http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-reporter/v/globo-reporter-bullying-18102013/2898970/ 
31 
 
Como descrito o termo bullying comumente usados para fazer referências a 
violência psicológica ou física em diversos ambientes, no momento em que se 
modifica o ambiente sua denominação muda. 
 
1.3.3. Bullying virtual ou Cyberbullying 
 
Nos dias atuais a tecnologia está sendo usada de forma errônea, ou, no 
mínimo, problemática entre uma parte considerável dos estudantes. Eles passaram 
a utilizar os meios eletrônicos com a intenção coercitiva de constranger, maltratar e 
humilhar o próximo. Oportunizam-se então as palavras de Silva: 
 
O Cyberbullying é uma extensão do bullying escolar, sendo virtual. 
(...) ele começa na sala de aula e expande-se até a redes sociais (...) 
através dos recursos oferecidos como: E-mail, MSN, Orkut, Youtube, 
Skype, Facebook... valendo-se do anonimato. (SILVA, 2010, p.125-
128). 
 
O Cyberbullying: 
 
 
“Na sua prática utilizam-se as modernas ferramentas da internet e de 
outras tecnologia de informação e comunicação moveis ou fixas, com 
o intuito de maltratar, humilhar e constranger. É uma forma de ataque 
perversa, que extrapola os muros das escolas, ganhando dimensões 
incalculáveis; A diferença está nos métodos e ferramentas utilizados 
pelo praticante. O bullying ocorre no mundo real em quanto o 
cyberbullying ocorre no mundo virtual. Geralmente, nas demais 
formas de maus tratos, a vítima conhece seu agressor, sejam os 
ataques diretos ou indiretos. No cyberbullying, os agressores se 
movimentam pelo “anonimato”, valendo-se de nomes falsos, apelidos 
ou fazendo-se passar por outra” (FANTE e PEDRA 2008, p.65): 
 
 
 Cyberbullying é um conjunto de comportamentos agressivos, intencionais e 
repetitivos, a partir de mensagens instantâneas, em um espaço virtual ilimitado, 
dificultando a defesa, ou seja, é um fenômeno que transfere para a internet as 
agressões típicas que estudantes mais frágeis ou mais visados sofrem dentro dos 
muros da escola. 
 
1.4. Personagens do bullying 
 
32 
 
1.4.1 As Vítimas segundo os autores pesquisados 
 
Segundo Fante (2005), são três as vítimas do bullying e se caracterizam por: 
1) vítimas provocadoras: provocam e atraem reações agressivas de forma tal que 
não conseguem lidar com as consequências. Elas possuem “gênio ruim”, brigam e 
respondem quando são atacadas ou insultadas, nunca de maneira eficaz, 
normalmente são inquietas, hiperativas, dispersivas, e ofensoras, de forma geral são 
tolas, imaturas, de costumes irritantes. 2) são as vítimas agressoras: reproduzem os 
maus-tratos sofridos anteriormente, os alunos que possuem um histórico de 
sofrimento na escola em anos anteriores, e tende a buscar indivíduos mais frágeis 
para transforma-los em bodes expiatórios, na tentativa de transferir os maus-tratos 
sofridos. (FANTE, 2005, p.71). 
 Esta tendência tem sido evidenciada entre as vítimas, fazendo com que o 
bullying se transforme em uma dinâmica expansiva, cujo resultado incide no 
aumento do número de vítimas. E, por fim, 3) a vítima típica: é aquela que serve de 
bode expiatório para grupo. A vítima típica é um indivíduo (ou grupo de indivíduo), 
geralmente pouco sociável, que sofre repetidamente as consequências dos 
comportamentos agressivos de outros e que não dispõe de recursos, status ou 
habilidade para reagir ou fazer cessar estas condutas prejudiciais (FANTE, 2005, 
p.72). 
 Suas características mais comuns são: aspecto físico mais frágil, medo de 
que lhe causem danos, são fisicamente ineficazes no esporte, em competições e 
brigas; baixa estima, tem alguma deficiência física, passividade, submissão, 
insegurança, timidez e dificuldade de aprendizado. Em muitos casos, relacionam-se 
melhor com pessoas adultas do que com seus companheiros. Sentem dificuldade 
para impor e explanar seus pensamentos ao grupo, tanto fisicamente como 
verbalmente, e tem uma conduta habitual não agressiva, motivo pela qual parece, 
para ao agressor que ela não irá revidar caso atacada, tornando-se uma aparente 
“presa fácil” para o seu abuso (FANTE, 2005, p. 93) 
O perfil das vítimas para Fante e Silva é semelhante na maioria dos casos: as 
vítimas, em geral, não reagem às provocações e não possuem coragem para pedir 
auxílio aos docentes ou amigos. Possuem vergonha e medo de falar para os 
colegas, os que não fazem parte do grupo e que não estão envolvidos nas“brincadeiras”, também apresentam aspecto frágil, inseguro, choram com facilidade, 
33 
 
são tímidos, pacíficos, altamente submissos, com autoestima muito baixa, têm 
dificuldades no aprendizado, são ansiosos e se isolam do restante da turma. 
Também, “Pode ser inquieta, hiperativa, dispersiva, imatura, ofensora e tola, com 
modos irritantes e na maioria das vezes, é o autor das tensões no local em que se 
encontra.” (FANTE, 2005, p.72). Essas são características das vítimas infantojuvenil. 
A ABRAPIA também contribui na caracterização das vítimas do bullying: 
 
Os alvos são pessoas ou grupos que são prejudicados ou que sofrem 
as consequências dos comportamentos de outros e que não dispõem 
de recursos, status ou habilidades para reagir ou fazer cessar os atos 
danosos contra si. São, geralmente, pouco sociáveis. Um forte 
sentimento de insegurança os impede de solicitar ajuda. São 
pessoas sem esperança quanto às possibilidades de se adequarem 
ao grupo. Possuem uma baixa autoestima, tem poucos amigos, são 
passivos, quietos e não reagem efetivamente aos atos de 
agressividade sofridos. Muitos passam a ter baixo desempenho 
escolar, resistem ou recusam-se a ir à escola, chegando a simular 
doenças. Trocam de colégio com frequência, ou abandonam os 
estudos. Há jovens que estrema depressão acabam tentando ou 
cometendo o suicídio (ABRAPIA, 2003- p.12) 
 
 
 Fante explica que a agressão pode ter diversos motivos como o preconceito 
que envolve as relações humana, por raça, cor, fragilidade, deficiência, timidez, 
dificuldade intelectual, magreza, nanismo, sexualidade etc. (FANTE, 2005). 
Para compreender o motivo desta ocorrência, é necessário reconhecer que, 
em uma a sala de aula, os grupos, em geral, são formados por afinidade, onde se 
encontram diferentes pessoas, muito embora reunidas por um objetivo comum, a 
defender interesses, não raro, contraditórios entre si. 
Pode-se afirmar que relacionamento é uma troca, dar e receber ao mesmo 
tempo, é aceitar e fazer-se aceito, é abrir-se para o novo, é entender-se com e pelo 
outro. Esta aceitação se faz pela habilidade de saber ouvir e falar ao outro. É 
colocar-se no lugar do próximo. Todo ser humano tem necessidade de se sentir 
querido, valoroso, aceito, desejado, legitimado e importante para isso é necessário 
saber se relacionar. Precisa de tal maneira dessa aceitação que praticamente se 
vive em função disso. E é nessa troca com o próximo que se pode ou não se sentir 
aceito. Por isto, uma boa relação interpessoal é fundamental para garantir bons 
relacionamentos. E quando estes se quebram por algum motivo, aparecem os 
conflitos e muitas pessoas descobrem não estarem preparadas para viverem com 
34 
 
esses laços quebrados, tentando, de alguma forma, mantê-los sem perceberem que 
as consequências são duras, cruéis e destrutivas, conforme a caracterização da 
dissolução de um relacionamento que se encontra em Dória (1962). 
 Weinten (2002) destaca três aspectos para o entendimento da dinâmica 
emocional: 1) o cognitivo: pensamentos, crenças e expectativas que determinam o 
tipo de intensidade da resposta emocional. Para a maioria das pessoas, brincadeira 
de mau gosto é encarada com certa naturalidade e superação. Mas para as vítimas 
do bullying, ou qualquer outro tipo de violência que envolve o emocional, elas são 
destrutivas, chegando a provocar doenças físicas e emocionais. 2) Fisiológico: 
mudanças físicas internas no organismo, resultantes de alerta emocional. Quando 
estamos emocionalmente alerta por causa do medo, raiva, por exemplo, o coração 
acelera, as pupilas dilatam e a respiração se altera. E por fim, 3) Comportamental: 
são sinais externos das emoções que estão sendo vivenciadas. Expressão facial, 
postura corporal, gestos e tom da voz variam de acordo com a raiva, alegria, a 
tristeza e outras emoções (WEINTEN, 2002, p. 232-233). 
Segundo Dória, a afetividade está ligada a inclinações. Prazer, dor, emoções, 
sentimento de paixão. A vida humana que se desenvolve afetivamente começa pela 
problemática do prazer e da dor, forças vitais, irredutíveis um a outra. Ainda se pode 
incluir o estado psicológico violento capaz de provocar um rompimento brusco do 
equilíbrio fisiológico e psicológico, causando profundas desordens somáticas e 
psíquicas. O adulto deverá ser, portanto, menos cíclico, isto é, ter menos pico de 
depressão emotiva; ser mais constante emocionalmente, enquanto maduro deverá 
também mobilizar emoções, sempre que possível, em congruência com as 
circunstâncias vividas. Nesse sentido, dispõem-se as palavras de Dória: 
 
 Não necessariamente a maturidade emocional acompanha a idade 
cronológica. Há adultos que se fixaram na face infantil do 
desenvolvimento da maturidade, isso é, sentem extrema necessidade 
de sempre serem o centro de atenção dos demais. Outro adulto, 
portanto, podem também ter fixado sua maturidade emocional na 
face adolescente. Seus estado emocional é bipolar, isto é, trazem 
grande alterações de entusiasmos e prazer e de grande depressão e 
de dor (DÓRIA, 1962, p.15). 
 
 
 Amadurecimento emocional não é fácil de ser atingido, uma vez que ele 
pressupõe que as pessoas aprendam e capitalizem a partir de suas experiências 
35 
 
vividas, e, assim, possam evoluir à medida que o tempo passa e novas experiências 
são continuamente incorporadas às demais (SIMMONS, 2004, p.25). 
 
1.4.2. Os Agressores 
 
 Silva relata que não é apenas no ambiente escolar que o agressor pode ser 
reconhecido. No ambiente doméstico, em que se reconstitui a dinâmica psicológica 
dos personagens circunscritos pelo bullying, “os pais manipulam os sentimentos e a 
vidas dos filhos para satisfazerem seu ego” (SILVA, 2010, p.28). 
 Para Fante, o agressor ou bullie é garoto (a) valentão que intimida os mais 
fracos, vitimando-os. Ele procura apresentar-se mais forte que seus colegas e suas 
vítimas. Tem prazer em subjugar, de se impor e dominar mediante demonstração de 
poder e ameaças para conseguir o que quer (FANTE, 2005). 
De acordo com Chalita, o agressor necessita de uma plateia para exibir-se, 
caso contrário, não teria como agir e manifestar o seu poder. Eles, normalmente, 
andam em grupos, para ser apoiados e ter com quem dividir a responsabilidade de 
suas ações, além de manter a continuidade do fenômeno. Esses seguidores do 
bullie também são devem ser caracterizados como agressores (CHALITA, 2008). 
 Fante propõe como causas para o comportamento abusivo: a carência 
afetiva, a falta de limites e a afirmação desmedida de poder e de autoridade dos pais 
sobre os filhos, através de práticas que, em geral, conjugam maus-tratos físicos e 
chantagens emocionais violentas (FANTE, 2005). 
 Percebe-se que as atitudes de dominação, de superioridade não se limitam 
ao ambiente familiar, estendem-se a todo o ambiente em redor, no presente 
contexto, privilegiadamente, ao espaço da escola e sala de aula. 
 Diferentes autores, na área de Educação, Psicologia, Direito, entre outras, 
descrevem que o agressor, na maioria das vezes, é um líder a reproduzir em 
sociedade a violência e manipulação aprendida em casa, infligindo a outros os maus 
tratos sofridos, de forma a demonstrar seu poder de dominação, se fazer notar para 
ganhar a confiança e o respeito dos amigos ou dos outros alunos. Para Bergamini, 
essa é a maneira privilegiada que o agressor conhece para lidar com sua 
insegurança, buscando, dessa maneira, reconhecimento, autoafirmação e satisfação 
pessoal. É preciso que o líder do pequeno grupo, para a prevenção do que hoje se 
conhece como bullying, estabeleça uma sistemática de troca praticamente contínua 
36 
 
entre eles, para que não haja a necessidade de coerção ou dominação do grupo 
(BERGAMINI, 2009). 
Destacando-se agora uma notícia referente ao fenômeno numa IES, conhece-
se melhor como os personagens do mesmo encarnam-se concretamente, a partir da 
seguintemanchete “Faculdade afasta suposta agressora de aluna vítima de 
bullying”: 
 
A universitária suspeita de ter agredido a colega de sala Ana Cláudia 
Karen Lauer, 20, em Ribeirão, na última sexta-feira, foi afastada 
ontem pela faculdade. Vítima de bullying depõe sobre agressão em 
Ribeirão Preto. Após ataque, estudante não quer voltar à faculdade 
em SP. Estudante é espancada após dizer que era vítima de bullying. 
A estudante foi suspensa, segundo o Centro Universitário Barão de 
Mauá, temporariamente, até a comissão de sindicância apurar o fato 
-o prazo é de 30 dias. Ontem, Ana Cláudia prestou depoimento na 
DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Ribeirão. Ela reafirmou a 
versão de que foi agredida na última sexta-feira depois de ter 
denunciado à coordenação do curso que sofria bullying. A agressão 
ocorreu após as aulas, por volta das 12h30, em frente ao Centro 
Universitário Barão de Mauá. De acordo com Ana Cláudia, uma aluna 
discutiu com ela na saída da instituição de ensino e outras duas a 
abordaram quando ela pegava sua moto, do lado de fora. Uma delas 
pegou um capacete, ainda de acordo com a versão de Ana Cláudia, 
e bateu na estudante. A jovem teve lesão no rosto e, após exame, 
constatou-se que não houve fratura no nariz. Ela aguarda o resultado 
de um exame para saber se dois dentes foram abalados. A partir 
desse laudo, segundo a delegada da DDM, Lúcia Bocardo Batista 
Pinto, será possível definir se a lesão foi grave (pena de 1 a 5 anos 
de prisão) ou leve (3 meses a um ano). Ana Cláudia foi à delegacia 
acompanhada do pai, o comerciante Paulo Lauer, 57, que disse que 
a filha tem tomado remédios. 'Ela está indo a uma psicóloga e 
tomando antidepressivo. Mexeu muito com toda família. A jovem 
afirmou que não volta para a Barão de Mauá’. A agressora e outras 
pessoas envolvidas devem ser ouvidas ainda nesta semana. Folha 
de São Paulo (SOTRATTI, 2011). 
 
 
Por fim, Fante caracteriza os agressores em: 1) Agressor Inteligente: tem 
muita facilidade em se relacionar, e ganhar a simpatia dentro do grupo; é perspicaz, 
manipulador e envolve os outros para que cumpram as suas ordens. 2) Agressor 
pouco Inteligente: apresenta comportamento antissocial; agride e intimida 
diretamente, aparenta reflexo de autoestima e confiança em si mesmo. 3) Agressor 
vítima: replica para um outro mais fraco do que ele, as agressões sofrida em casa 
ou na escola. Eles apresentam, em geral, ausência de empatia com o infortúnio dos 
37 
 
outros. Seu comportamento pode gerar sérias consequências destruidoras para si 
mesmo e para a vítima (FANTE, 2005, p.73) 
 
1.4.3. Os Espectadores 
 
Neste fenômeno, encontra-se também o expectador que, para Fante, são os 
alunos que não sofrem o bullying e nem o praticam. São a grande maioria dos 
alunos que com medo de se envolverem, preferem o silêncio e a omissão, evitando, 
assim, se transformarem em uma possível vítima. (FANTE, 2005). 
Para Ana Beatriz Silva, os expectadores estão divididos em três grupos: 1) 
expectadores passivos, que não concordam e repelem esse tipo de atitude, são 
fracos psicologicamente para enfrentar o agressor, e recebem ameaças veladas, e 
não pretendem tornar-se uma possível vítima preferindo a passividade. 2) os 
expectadores ativos que não participam ativamente contra a vítima, mas dão “apoio 
moral” ao agressor, se divertem com a situação; 3) e o expectador neutro, que não 
demonstra sensibilidade pelas vítimas, normalmente são vítimas de violência em seu 
meio sociocultural, e se mantém neutro e omisso (SILVA, 2010, p.51) 
 Lopes e Neto relatam que uma boa parte das testemunhas sente antipatia pelos 
agressores, mas o medo de serem vítimas os impedem de agirem. Assim, sua 
omissão aumenta e fortalece o comportamento dos agressores, proporcionando o 
silêncio das testemunhas, onde ninguém quer se envolver, o que encobre os casos 
de violência. Aspecto importante para o entendimento de como acontece e se 
perpetua o fenômeno em questão. (LOPES e NETO, 2005). 
 
1.5. Consequências do Bullying 
 
 Pela caracterização traçada deste fenômeno, constata-se que, quando há a 
ocorrência do bullying, atitudes devem ser tomadas para que a violência seja 
interrompida, porém, em muitos casos, as instituições de ensino mostram-se 
incapazes tanto de reconhecer quanto entender o problema, desta maneira o 
fenômeno passa, em geral, sem uma adequada compreensão (RESENDE, 1965) 
 Pode-se citar que o bullying está muito presente no cotidiano das instituições, 
acarretando danos às vítimas, promovendo uma série de prejuízos à saúde e vida 
38 
 
das vítimas, desde depressão até bloqueio intelectual etc. (SILVA, 2010). Ele deixa 
permanecerão ali. São poucas as vítimas que conseguem uma total superação. 
Nesse contexto, o Globo Repórter apresentou um programa, no dia 18 de 
novembro de 2013, sobre casos de perseguição e discriminação. Mostrou 
depoimentos de vítimas com idades e em ambientes diferentes, os expectadores 
neutros que apoiaram a vítimas e a ajudaram a superar a violência sofrida; mostrou-
se uma vítima (mencionada no assédio moral) que superou um problema sério que 
teve na pele, Só foi possível superar a violência psicológica com apoio dos amigos. 
Mas toda superação não apaga as cicatrizes da violência, uma minoria consegue 
falar do ocorrido sem evidenciar profunda dor (GLOBO REPÓRTER, 2011) 
O bullying tem por consequência desenvolver ou intensificar a insegurança e 
a dificuldade em manter um relacionamento, favorecendo uma apatia ou inibição, 
deixando a vítima indefesa, retraída aos ataques do agressor. Possivelmente, esta 
vítima, em sua vida adulta, carregará uma carga de inferioridade ou negativismo, 
podendo, com efeito, voltar a ser o alvo de gozações entre colegas. Desenvolve, em 
geral, como conceito de si mesmo: que não é útil, ninguém sente sua falta, é 
descartável. Pode desenvolver neuroses, como diversos tipos de fobia inclusive a 
social, depressão (FANTE, 2005, p.78). Aspecto particularmente sensível, tendo em 
conta a amostra de sujeitos pesquisados. 
 Silva diz que não há conquista ou sucesso material ou profissional que 
elimine o infortúnio vivenciado por uma vítima de violência ocasionada pelo bullying, 
pois deixa uma cicatriz dessa triste experiência, e a “marca tende a ser mais intensa 
quanto mais cedo ela ocorre (infância) e por quanto mais tempo ela persiste” (SILVA, 
2006, p.92) 
 
 A Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, traz: 
 
A dignidade da pessoa humana, previsto no artigo 1º da nossa Carta 
Política, e garantir a dignidade da pessoa humana é assegurar ao ser 
humano direitos básicos e elementares, para que o sujeito não 
apenas tenha condições de sobreviver, mas sim de ter uma vida 
digna, ou seja, que possa viver em condições satisfatórias, em paz, 
com qualidade (BRASIL, 1988). 
 
 
A Constituição existe para garantir os direitos a todos os brasileiros enquanto 
cidadãos. Porém, o bullying viola o direito à educação, lazer e vida com paz. O que a 
39 
 
prática do bullying produz contradiz, portanto, a Constituição, que está a garantir os 
direitos humanos então violados pela violência inerente ao fenômeno em discussão. 
Mas as vítimas do bullying se ressentem de uma lei específica que as 
protejam com termos próprios ao universo de sua existência. 
Tem-se a educação, conforme a unanimidade dos discursos, como o maior 
fator do desenvolvimento de um país, deduzindo-se daí que o combate ao bullying, 
que afasta diversos estudantes do âmbito educacional, contribuirá com a 
escolaridade da população como um todo (SILVA, 2010). 
 
1.6. Explicando o que é vitimização 
 
 Faz-se necessário trazer essa categoria para com sua explicação 
caracterizar os tipos de vítimas encontrados no analise da pesquisa. Para a 
discussão do assunto, foi necessário recorrer ao Direito e à Psicologia que, 
solidariamente, explicam, tendo em consideraçãoo código penal, o que é ser uma 
vítima. A vitimologia estuda a personalidade das vítimas de crimes ou delitos, ou a 
vitimização (aquele que foi feito vítima). O estudo sobre a vitimização faz relação 
entre agressores e vítimas, e a ligação entre a vítimas com os diversos personagens 
do contexto social (UNESCO apud DIJK, 1997). 
 Mendelsohn e Von Henting estudaram o comportamento das vítimas, e 
hipotetizaram que as mesmas anseiam inconsciente por serem vitimizadas, 
desenvolvendo condutas e hábitos que as tornavam fragilizadas. Afirmam que a 
maioria das vítimas favorece para sua violência, incitando e promovendo o agressor 
a cometer o ato ofensivo que é a violência. Essa teoria foi muito criticada na década 
de oitenta pelas feministas que não aceitavam a ideia de que alguém deseje ser 
vítima( UNESCO apud RUA, 2002). 
 Os estudos da vitimização buscam avaliar os crimes ou violências sofridos 
por indivíduo ou população que não fazem denúncia (violência doméstica, sexual, 
assédio, moral, etc.). Zanetic (2002) adianta duas primeiras razões para tanto: uma é 
a dificuldade no procedimento e nas características das informações, pelos agentes 
responsáveis, e a outra é pela ausência de denúncia (ZANETIC, 2002). 
Tendo-se a escola como foco de avaliação, a ausência de informação torna-
se um sério problema. No Brasil, não há fonte oficial de registros de delitos e 
40 
 
violências ocorridos dentro das instituições escolares, e os poucos dados existentes 
são feitos através de associações ou ONG’s (ABRAMOVAY, 2003). 
No que se refere à violência no âmbito institucional, a confiança nela 
depositada, enquanto instituição, a se mostrar capaz de mediar os conflitos e de 
tomar as medidas necessárias para a sua consequente solução, pode alterar a 
propensão da pessoa que está sendo vítima em denunciar seus infortúnios e, pois, a 
perseguir as soluções para seu caso (ABRAMOVAY, 2006) 
Embora não possa ser considerada uma pesquisa sobre vitimização 
propriamente dita, os dados da Pnad (IBGE, 1988) se constituíram na primeira fonte 
de informação sobre o assunto no Brasil. A partir dos anos 90, outras instituições 
passaram a aprofundar a investigação nesse tema, dentre elas o ILANUD, o ISER, o 
SEARD, a USP, dentre outros. Atualmente já foram realizados, aproximadamente, 
dez estudos de vitimização no país (IBGE, 1988). 
A palavra vítima tem sua gênese no latim victima ou victimae, do qual o seu 
significado é “animal ou pessoa sacrificado ou que se destina a um sacrifício”. Com o 
decorrer dos séculos, essa conotação de vítima passou por transformação, desde 
uma expressão religiosa até uma designação de “estado” condição em que uma 
pessoa encontra-se (KOOGAN, 1994). 
Num contexto geral vítimas são: 
 
 Pessoa que, individual ou coletivamente, tenha sofrido danos, 
inclusive lesões físicas ou mentais, sofrimento emocional, perda 
financeira ou diminuição substancial de seus direitos fundamentais, 
como consequências de ações ou omissões que violem a legislação 
penal vigente, nos Estados – Membros, incluída a que prescreve o 
abuso de poder. Diferentemente de vitimização, processo 
vitimizatório, ou vitimação são termos neológicos, oriundos de 
“vítima”, e significam ação ou efeito de alguém vem a ser vítima de 
sua própria conduta ou da conduta de terceiro, ou fato da natureza. 
(Resolução 40/34 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 
29.11.85) 
 
 
 No artigo jurídico de Branco5, vítima é “qualquer pessoa que sofra infaustos 
resultados, seja de seus próprios atos, seja dos atos de outrem, seja de influxos 
 
 
5
 A análise da vítimas na consecução dos crimes. Disponível em: 
http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=4400. 
41 
 
nocivos ou deletérios, seja de fatores criminógenos, ou seja do acaso”. Vitimização: 
é o processo que leva uma pessoa a se tornar vítima; e fator vitimógeno: é qualquer 
influxo, endógeno ou exógeno, capaz de levar o homem a cair em desgraça. (Ver 
site). 
 Para Fante (2005) e Silva (2010), a vitimização também está ligada ao 
fenômeno bullying que é uma violência que acontece dentro do âmbito educacional 
a pressupor vítimas com sua ocorrência. As autoras, coincidindo em suas 
formulações, caracterizam três tipos de vítimas: 1) Vítimas típica: vista como bode 
expiatório para o grupo. Apresenta dificuldade de socialização, sua conduta habitual 
é pacifica, no que se refere ao infantojuvenil entra preconceito, discriminação e 
negação das diferenças; com os adultos, normalmente, se materializa pela disputa 
do poder, dominação dos seus iguais. 2) Vítima provocadora: seu comportamento 
provocador atrai agressões que, na maioria das vezes, não sabe lidar com elas; e, 
mormente, causa tensão no ambiente em que se encontra, sendo alvo para o 
bullying. 3) Vítima agressora: é a que reproduz os maus tratos sofridos em uma 
pessoa mais fraca, é uma forma de compensação pelo seu sofrimento, esse 
comportamento é o disseminador da conduta bullying. 
O advogado Feres, sintetiza o conjunto da classificação dos tipos de vítimas 
disperso em diferentes estudiosos da matéria. Segundo Nagib, reconstituindo, 
dentre outros, a tipologia de Benjamin Mendelsohn, tem-se os seguintes tipos de 
vítima: 1) Vítima inocente ou vítima ideal, é a pessoa estranha a ação do seu 
agressor, é completamente neutra a ação ocorrida. 2) Vítima de culpabilidade menor 
ou por ignorância. Ocorre quando a vítima se posiciona de maneira impropria que 
provoca indignação no próximo que o agride. 3) Vítima voluntária ou culpada. Ambos 
podem ser o criminoso ou a vítima. Exemplo: Um duelo, quem não mata, morre. 4) 
Vítima mais culpada que o agressor. Enquadram-se os homens que bebe para dar 
uma de valentão ou mexer com a mulher do próximo, incitam o outro a cometer o 
crime. 5) Vítima unicamente culpada com suas classificação: Vítima infratora; Vítima 
Simuladora e Vítima imaginária (FERES, 2006). 
Feres também evoca a tipologia que classificou as vítimas em: 1) Vítima 
isolada. A vítima prefere a solidão, não consegue se relacionar com outras pessoas, 
se colocando em situações de risco. 2) Vítima por proximidade espacial. Subdivide-
se em: a) “Vítima por proximidade espacial, que se torna vítima pelo fato de estar em 
proximidade excessiva do autor do delito em um determinado local”. b) Vítima por 
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proximidade familiar; c) Vítima por proximidade profissional. 3) Vítima agressiva. É a 
pessoa que é considerada “pavio curto”, normalmente perde a compostura ao 
primeiro sinal de contrariedade, nunca aceita que está errada e a culpa é sempre do 
outro. 4) Vítima sem valor. “Trata-se da vítima que em decorrência de seus atos não 
recomendáveis praticados perante a sociedade, acaba sendo indesejada ou 
repudiada no meio social em que vive”. 5) Vítima pelo estado emocional. 6) Vítima 
por mudança da fase de existência. “O indivíduo passa por várias fases em sua vida, 
sendo que ao mudar para certa fase de sua existência, poderá se tornar vítima em 
consequência de alguma mudança comportamental relacionada com alguma das 
fases”. 7) Vítima Depressiva. “Ao atingir um determinado nível, a depressão poderá 
ocasionar a vitimização do indivíduo, pois poderá levar a pessoa à sua 
autodestruição”. No caso das vítimas do bullying, elas não são depressivas, a 
depressão é uma consequência dos atos sofridos por elas. 8) Vítima falsa. “São 
denominadas de falsas vítimas as pessoas que, por sua livre e espontânea vontade 
se autovitimam para que possam se valer de benefícios” (FERES, 2006) 
As autoras Fante (2005) e Ana Beatriz Silva (2010) trazem em seus livros as 
características e os tipos de vítimas que estão relacionados aos alunos 
infantojuvenil. Sentindo-se a necessidade de caracterizar esses alunos, buscou-se 
no direito, que trabalha com a vitimização, características que pudessem

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