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RESENHA WOLKMER Ideologia, Estado e Direito.

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TEORIA GERAL DO ESTADO - UEPG
Discente: Kauanny Hubsch Gross
1º ano - turma NA
Resenha crítica do texto de WOLKMER, Antonio Carlos. “Ideologia, Estado e Direito.” – “Cap. 04. Sociedade, Estado e Direito” (p. 62-98)
O Homem que por sua vez abdicou de seu individualismo e passou a integrar o coletivismo social, compartilha de direitos e ideologias estabelecidas por um Estado que o faz em virtude de seu nome. Analisados e discutidos por inúmeros pensadores a Ideologia, o Estado e o Direito tiveram grandes alterações em seus papeis ao longo da História. Segundo Antonio Carlos, o Estado realiza a função da manutenção da ordem, do controle do bem-estar e, para a garantia da justiça plena e social, utiliza do Direito para sua legalidade. 
Wolkmer constrói sua obra intitulada “Ideologia, Estado e Direito” em duas partes. Na primeira, o autor trabalha de maneira mais ampla com a passagem do jusculturalismo para um jusnaturalismo existencial. Em contrapartida, na segunda parte de seu pensamento, o jurista utiliza de grandes pensadores como Locke, Hobbes, Rousseau, Hegel, Hans Kelsen, Antonio Gramsci e Norberto Bobbio para criticar e problematizar de maneira objetiva e democrática, questões relacionadas a concepção individualista de sociedade, a legitimidade e legalidade, a supremacia estatal e a crise de representação do Estado Moderno. 
A supremacia estatal, que tem como significado a subordinação do indivíduo ao exclusivo e absoluto poder do Estado, é analisada por Antonio como uma via de mão dupla pois, apesar do Estado possuir uma relação de superioridade para com sob o sujeito, ambos são mutualmente dependentes. Segundo Wolkmer (2003, p. 68) “o Estado não chega a ser um meio, pois é essencialmente um fim.” Embora possuam papeis distintos, o Estado e a sociedade civil precisam estar de acordo para que ambos cumpram seus fins específicos. 
Conforme descrito por Antonio Gramsci em sua teoria, a sociedade apresenta uma complexa dualidade de esferas. Para isso, o autor faz uso das expressões “superestrutura” e “bloco histórico” para denominar a hegemonia da classe dominante e distinguir as relações materiais, sendo a primeira delas a “sociedade civil” a qual tem relação com as questões internas e privadas de um conjunto de organismos dominantes; já ao contrário desta, a “sociedade política” que também é chamada de Estado, apresenta além de um conjunto de corpo social voltado para a dominação direta e para o uso da força e da coerção, um princípio de manutenção da ordem e do bem estar social. Para Wolkmer a sociedade civil apresenta maior influência ideológica, sendo a igreja, a escola e a imprensa as principais organizações ideológicas utilizadas, porém, “A força da perpetuação hegemônica da classe dominante repousa na vinculação orgânica e no desenvolvimento da sociedade civil e da sociedade política.” (WOLKMER. 2003, p.71). Ou seja, a dominação e a coerção ocorrem valendo-se órgãos dos dois lados, tanto do Estado quanto da sociedade. 
Em “Teoria pura do direito” Hans Kelsen trabalha com o pensamento de que “O Estado deve ser representado como uma pessoa diferente do Direito para que o Direito possa justificar o Estado – que cria este Direito e se lhe submete.” (KELSEN. 1979, p.384). O Estado Regulador é subordinado a ordem jurídica e realiza a legitimação de seu poder por intermédio do Direito, que estabelece limites por meio dos critérios como “paternidade”, “eficácia” e “procedimento”. Contudo, vale ressaltar que o poder, todavia fez parte das relações sociais e, segundo Wolkmer além de impulsionado pela força física dos aparatos institucionalizados, o mesmo pode ser afirmado por meio do consenso da maioria. O poder nem sempre será legitimo, o que dependerá muito da situação e dos fatores efetivos do mesmo.
Antonio se vale da tipologia da legitimidade de Max Weber para tratar das diversas faces da mesma: a tradicional, a carismática e a racional. Onde, por meio destas, conclui-se que o processo de legitimidade nunca ocorrerá da mesma forma em uma sociedade, e sim dependerá do estilo do represente do Estado.
O fenômeno da representação política conforme discorrido por Wolkmer e fundamentado nos teóricos dos séculos XVIII e XIX, tem como ponto comum a relação dos representantes e seus eleitores. Estes teóricos trataram da problemática por lados opostos, enquanto Burke e Stuart Mill afirmavam que após eleitos, os representantes não teriam a obrigação de consultar seus sufragistas, apenas deveriam administrar o Estado; já B. Constant e Sieyès defendiam que o representante eleito deverá ser fiscalizado e caso não cumpra com suas promessas poderá ter seus poderes revogados pelo povo. 
Conforme analisado por Antonio Carlos, a representação política evoluiu influenciado pelas grandes mudanças econômicas e sociopolíticas até chegar ao ponto da crise representativa vivida no século XXI. Além da crise representativa, para o autor a crise maior é a política, onde cada vez mais ocorre a perda de eficácia e confiabilidade nos partidos políticos e nos demais órgãos que integram o corpo estatal. Com isso, Wolkmer argumenta que a política, principalmente da América Latina, apresenta caráter autoritário, excludente e antidemocrático, uma vez que, a realidade nas periferias está longe de ser representativa e democrática. 
Os meios de comunicação segundo o jurista são de grande influência nos processos políticos e no sistema de representação, já que podem construir problemas até então inexistentes e mascarar as reais demandas públicas, levando o povo a dúvidas e com isso contribuindo para com os problemas de legitimidade, de eficiência e confiabilidade estatal. Para acabar com o problema da representação a mesma deverá ser combinada com a participação popular, podendo só assim corrigir os defeitos desse sistema e criar um novo, de maneira muito mais democrática e inclusiva. 
Wolkmer também afirma que, a superação destas crises só será possível por meio de uma nova democracia, muito mais participativa e com os novos sujeitos sociais, por meio de uma democracia “descentralizada” e com participação de forma efetiva e permanente todos os setores sociais, além da adoção de uma nova concepção de cidadania, configurando enfim o exercício cotidiano e prático da política.
Opinião crítica do discente
Os Estados Unidos, país com a constituição mais antiga do mundo e que conquistou sua independência com pessoas que fugiram do autoritarismo e das perseguições das monarquiais europeias, em 2016 elegeu um presidente de viés antidemocrático e xenofóbico. Michiko Kakutani afirma que “A população que se opunha à reforma tributária proposta pelos republicanos e temia que o sistema de saúde pudesse ser extinto foi completamente ignorada sempre que suas ideias não estavam de acordo com os objetivos do governo Trump ou do Congresso republicano.” (KAKUTANI. 2018, p. 25). Com isso, percebe-se que um país que foi fundado por imigrantes e lutou tanto por sua liberdade, se viu refém de um presidente que não se importava com seu povo. 
Segundo o cientista Larry Diamond, desde 2006 o número de democracias vem caindo, e a qualidade das democracias restantes também. As Fakes News -termo que ficou muito conhecido durante as eleições norte-americanas de 2016 – também tiveram grande influência nas eleições brasileiras de 2018, onde o partido vencedor (PSL) de Jair Messias Bolsonaro e o partido do então candidato Fernando Haddad (PT) foram acusados de utilizar de notícias fabricadas para prejudicar a campanha política de ambos, respectivamente. 
Sabemos que a utilização dos meios de comunicação em momentos decisivos da política brasileira não surgiu na última eleição em 2018. As manifestações contrárias e pedidos pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff em junho de 2013 e, as passeatas em favor da Java-Jato em 2014, ambos frutos das mobilizações por meio das redes socias. Entretanto, nenhum desses grandes movimentos da política brasileira foram de grande estima ao povo, que anos mais tarde ainda se encontraria em plena crise com partidos políticosdesacreditados e manchados pela corrupção. Citado por Manoel Lisboa e Samuel de Abreu Pessôa, Celso Rocha de Barros afirma que a crise democrática brasileira chegou a esse ponto “exatamente porque ela foi mais grave que as outras porque a Lava Jato explodiu o sistema partidário, a política de indignação popular não achou uma brecha no sistema político.” (BARROS. 2019, p. 329). Ou seja, apesar de parecer ‘resolver’ até então os problemas enfrentados pelo país, futuramente desencadeou inúmeros desgastes, os quais resultaram na polarização partidária, na disputa ideológica e na desunião do povo.
De qualquer modo, conforme diz Daniel Innerarity “Talvez os tempos de indignação sejam também momentos de especial desorientação e, por isso, acabamos por prestar mais atenção na corrupção do que na má política.” (INNERARITY, 2017. p. 23). A participação de maneira fiscalizadora e ativa apesar de não ser fácil, é um grande valor democrático. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostram que nas eleições de 2018 o nível de pessoas que não comparecem as urnas foi de 21,3% no segundo turno. Ainda que exista uma guerra por trás de partidos e de candidatos, a abstenção não irá solucionar esse problema, que segundo Wolkmer só será corrigido com a participação e o controle por parte dos sujeitos de todos os setores sociais.
Referências
WOLKMER, Antônio Carlos. Ideologia Estado e Direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. p. 62-98. 
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. 4. Ed. Coimbra, Arménio Amado, 1979. p. 384.
KAKUTANI, Michiko. A Morte da verdade: Notas sobre a mentira na era Trump. 1. Ed. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2018. p. 25.
LISBOA, Manoel & PESSÔA, Samuel de Abreu. Em diálogo com: Ruy Fausto, Fernando Haddad, Marcelo Coelho, Celso Rocha de Barros, Helio Gurovitz, Luiz Fernando de Paula, Elias M. Khalil Jabbour, José Luis Oreiro, Paulo Gala, Pedro Paulo Zahluth Bastos e Luiz Gonzaga Belluzzo O valor das ideias: Debate em tempos turbulentos. 1. Ed. Companhia das Letras, 2019. p. 329.
INNERARITY, Daniel. A política em tempos de indignação: A frustração popular e os riscos para a democracia. Rio de Janeiro: Leya, 2017. p. 23
ELEIÇÕES 2018: Justiça Eleitoral conclui totalização dos votos do segundo turno. Tribunal Superior Eleitoral, [S. l.], p. 1-1, 30 out. 2018. Disponível em: https://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2018/Outubro/eleicoes-2018-justica-eleitoral-conclui-totalizacao-dos-votos-do-segundo-turno. Acesso em: 17 jul. 2021.

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