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Caderno de introdução a filosofia

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Caderno de introdução a filosofia 
O surgimento da Filosofia: onde, quando e por que surgiu a Filosofia?
A filosofia grega teve origem na Grécia Antiga, mais precisamente em Mileto, no séc. VI a.C. Esta promoveu uma mudança gradual no pensamento que existia naquela época. Isto se deve a uma série de aspectos históricos que contribuíram para o desenvolvimento de uma reflexão mais racional sobre a realidade: a redescoberta da escrita; a criação da moeda; a lei escrita; o desenvolvimento da pólis e a consolidação da democracia (política) (ARANHA, 2003, p. 24-25).
Tese de surgimento da filosofia no Egito pelo menos 2052 a.c.
A Filosofia surgiu para tentar superar a fé cega presente nas narrativas míticas e para racionalizar e explicar os mitos que eram tão presentes na antiguidade e os substituir.
O ser humano busca outras explicações mais racionais e lógicas para determinados eventos que antes eram explicados por mitos e tradições. 
A busca dos filósofos na Antiguidade era superar o pensamento mítico, fundamentado num conjunto de crenças e costumes por outro pautado na observação, análise e argumentação lógicas (CHAUÍ, 1999, p. 31).
Os primeiros que vão realizar essa superação são os pré-socráticos, buscar um primeiro elemento, orientando-se na lógica e o primeiro a questionar foi Tales de Mileto, filósofos da physis.
Senso comum, mito e filosofia
O Senso Comum, o Mito e a Filosofia são áreas do conhecimento que possuem objetos e métodos diferentes.
O Senso Comum pode ser entendido como um modo de pensar sem fundamentos racionais, técnicos e científicos, pré-conceitos, alguns empíricos, tradições; 
o Mito pode ser definido como uma narrativa de caráter simbólico que busca explicar os acontecimentos do mundo e sua realidade, bem como a origem do mundo e do homem para dar respostas as suas inquietações, fantasia para explicar a realidade; 
a Filosofia, por sua vez, pode ser conceituada como uma análise racional da existência humana em busca da compreensão do ser.
A Reflexão Filosófica possui três características: é RADICAL, pois busca a raiz do problema, o fundamento daquilo que reflete; é rigorosa e sistemática, pois se pressupõe uma análise argumentativa; é de conjunto na totalidade, pois analisa as variáveis ao objeto de reflexão.
A etimologia da palavra Filosofia
A palavra filosofia possui origem grega; é composta pelos vocábulos: philo (“amizade”, “amor fraterno”, “respeito entre os iguais”) e sophia (“sabedoria”, “sábio”).
Ao filósofo Pitágoras é atribuída a criação da palavra filosofia; para ele, o filósofo é o “amigo do saber”, amante da sabedoria e atribuía o saber aos deuses.
Outros conceitos e concepções de Filosofia
Não há uma única definição da Filosofia, mas sim várias (CHAUÍ. 1999). Vejamos algumas das possíveis definições:
Filosofia como uma visão de mundo de um povo, de uma civilização ou de uma cultura.
A Filosofia como sabedoria de vida.
A Filosofia como um esforço racional para conceber o universo como uma totalidade ordenada e dotada de sentido.
A Filosofia como sinônimo de questionamento, indagação, reflexão, crítica.
A Filosofia como criadora de conceitos.
A Filosofia como um saber complexo.
Os principais períodos da Filosofia
De modo geral, a Filosofia pode ser historicamente dividida em quatro períodos históricos: 
1. Filosofia Antiga
a. Pré-socráticos – Concepção cosmológica, buscando explicar o surgimento das coisas 
b. Sofistas – Construir argumentos e defender ideias, sem, contudo, se preocupar com o conteúdo; 
c. Socráticos – Ética, política, justiça e teoria do conhecimento. 
d. Pós-socráticos – Platão e Aristóteles;
2. Filosofia Medieval – 
a. Primeiro momento Fé e razão, Fé nega a razão;
b. Segundo momento a fé busca a razão para justificar a primeira 
3. Filosofia Moderna 
a. Negação da verdade revelada como conhecimento verdadeiro
b. Olhar o ser humano no centro das discursões 
c. Teoria do conhecimento, conhecimento empírico e o conhecimento realista, ética e política 
4. Filosofia Contemporânea.
a. Diversidade e multiplicidade de enfoque 
b. Atualização de um contexto sociocultural diversificado 
Em cada um destes, são considerados diferentes aspectos: na Antiguidade, por exemplo, temas como a origem do mundo, a formação do ser humano e seu papel na sociedade foram explorados por diferentes pensadores; na Idade Média, as relações entre fé e razão foram o eixo do pensamento filosófico.
A História da Filosofia e a leitura de textos clássicos
O exercício do filosofar exige três posturas: 
o aprofundamento (compreensão e Interpretação), 
a crítica e a reconstrução dos conceitos. 
Para isto duas metodologias de estudo são fundamentais: a da História da Filosofia e a da leitura dos textos clássicos.
Estudar a Filosofia por meio de seu desenvolvimento histórico é de fundamental importância. Ela nos ensina a estabelecer distâncias e aproximações entre os diversos pensamentos e correntes filosóficas a fim de manter viva a identidade de cada uma delas e respeitar sua diversidade.
Estabelecer diálogos entre autores distintos, preservando suas: 
1. Identidades
2. Singularidades 
3. diversidades
A leitura dos textos clássicos permite o amadurecimento e o aprofundamento do pensamento que se procura expressar. As duas metodologias complementares são, portanto, complementares.
Estudar História da filosofia no ato de filosofar, leitura do texto possibilita: 
1. Aprofundamento
2. Amadurecimento
3. Argumentos 
A Filosofia é um tipo do conhecimento complexo, pois além de ter conteúdos próprios, seu processo de reflexão interage com outras áreas do saber.
Cinco ferramentas Didática:
1. Provocação
2. Problematização
3. Aprofundamento 
4. Apropriação
5. Ressignificação 
Para que isto aconteça, duas ferramentas de transposição didática são fundamentais: a contextualização e a interdisciplinaridade. A primeira permite o detalhamento e o aprofundamento do conteúdo filosófico, e a segunda permite a ampliação deste conteúdo.
A RESPONSABILIDADE SOCIAL DO PROFESSOR
Com base no pluralismo presente em várias instâncias da sociedade atual é deveras importante salientar a postura ética e responsável do professor de Filosofia em sua atuação profissional.
Esta se traduz em atitudes como:
Não permitir que o ensino de Filosofia seja influenciado por interesses de ideologias particulares;
Respeito à diversidade e à pluralidade de correntes e ideias filosóficas.
Como Kant afirmava, não é possível ensinar Filosofia, mas apenas a filosofar.
A função social da Filosofia e os Novos mercados de trabalho
Diversos filósofos salientam que a Filosofia é um tipo de conhecimento complexo e que deveria ser utilizada de modo responsável, em benefício do ser humano e da sociedade.
Nesta perspectiva, o mercado de trabalho para o profissional de filosofia é amplo. São áreas de atuação:
Professor da Educação Básica e Ensino Superior;
Área de Gestão;
Jornalismo;
Consultoria.
O que é ser um filósofo? O que faz um filósofo?
Da mesma forma que definir Filosofia é uma questão complexa, é igualmente difícil definir o que é ser um filósofo e o que é o seu fazer.
Em linhas gerais ele é uma pessoa crítica, reflexiva, questionadora, formuladora de conceitos. Porém, para além dos conceitos, sabemos que o papel do Filósofo é de extrema relevância na atual sociedade, na qual a fragmentação e o pragmatismo ganharam espaço.
Ética, Filosofia Política e Estética
A Ética, a Filosofia Política e a Estética são áreas da Filosofia que se dedicam ao estudo direto do comportamento e da expressão humana.
A Ética analisa a conduta, os costumes e seus desdobramentos.
A Filosofia Política, aborda a natureza, a origem e a finalidade da política.
A Estética estuda a questão da arte e a manifestação da beleza.
Para conhecer melhor os objetos de estudo da Ética, Filosofia Política e Estética
Filosofia Oriental, no Brasil e para crianças
Estas áreas do conhecimento se dedicam ao estudo de questões específicas.
A Filosofia Oriental estuda a toda tradição proveniente da Ásia e Oriente Médio.
A Filosofia no Brasil buscacompreender as influências europeias e as tentativas de elaboração de um pensamento próprio.
Quanto à Filosofia para crianças, esta tem por objetivo refletir sobre a importância da Filosofia para o pleno desenvolvimento da criança.
Para conhecer melhor o que os campos específicos da Filosofia Oriental, do Brasil e para crianças estudam
Metafísica
A Metafísica é considerada por muitos filósofos como a ciência primeira, por buscar refletir questões fundamentais como:
O ser:
A substância;
A matéria e a forma;
Universal e particular;
Identidade e diferença.
Para conhecer melhor o objeto de estudo da Metafísica
Lógica e Teoria do Conhecimento
Estas duas áreas da Filosofia buscam maior esclarecimento sobre o processo do conhecer.
A Lógica procura entender o que é raciocínio, bem como a forma como este é estruturado.
A Teoria do Conhecimento, por sua vez, procura refletir sobre a validade do conhecimento.
Para conhecer melhor a Lógica e a Teoria do Conhecimento
Filosofia da Ciência, Filosofia da Linguagem e Filosofia da Mente
Estas três áreas possuem objetos de estudo específicos:
Filosofia da Ciência busca compreender as bases conceituais e os métodos nos quais as ciências se pressupõem;
A Filosofia da Linguagem se preocupa com a natureza e a sua função;
A Filosofia da Mente estuda os fenômenos psicológicos e os eventos mentais.
Idade moderna na filosofia 
Podemos afirmar que a ciência, como a conhecemos hoje, nasceu com a modernidade. Da mesma forma, ainda hoje somos influenciados pela racionalidade em oposição à subjetividade, herdadas desse período. Se o racionalismo cartesiano, naquele momento, foi revolucionário porque rompeu com uma tradição milenar, hoje serve à manutenção de um status quo. Da mesma forma, o iluminismo, ao propor a elevação do sujeito por meio da razão, fez com que mais tarde ficássemos apenas com os aspectos individualistas daquilo que propunha. O empirismo também, de certa forma, será o responsável mais tarde pelo nascimento do Positivismo e supervalorização da ciência. Revisitar algumas dessas ideias é a possibilidade de compreendermos nosso momento e podermos criticá-lo radicalmente.
Costuma-se dizer que a modernidade nasceu com Descartes. Porém, para chegar até esse ponto, muitos acontecimentos anteriores contribuíram. Rapidamente podemos lembrar alguns fatos históricos: as Cruzadas, o renascimento comercial e urbano, o nascimento da burguesia, a criação das primeiras universidades a partir do século XII, a crise do sistema feudal e o fortalecimento do poder dos reis, o renascimento cultural, a reforma protestante, as grandes navegações, dentre outros. Todos esses acontecimentos promoveram uma mudança na mentalidade dos europeus, em seus costumes. As verdades tidas como absolutas e eternas passaram a ser questionadas. Apenas para citar uma delas: a de que a Terra era uma superfície plana, um dogma pelo qual Galileu Galilei foi levado a julgamento pelo Tribunal do Santo Ofício e teve que renunciar às suas conclusões (que a Terra gira ao redor do Sol, que está imóvel), reafirmando as “verdades” de Roma
Tema 02: Meditações cartesianas
Se, para boa parte dos filósofos medievais, a certeza era um porto seguro em seus esquemas filosóficos, Descartes faz o oposto: parte da dúvida. Retoma o princípio que os gregos de certa forma apresentavam com o tó thaumazein. Retoma o espanto original diante das certezas.
São seis as meditações escritas por Descartes. Por meio delas, havia um objetivo que, segundo ele, tanto o senso comum quanto a filosofia sem a influência religiosa ainda não tinham conseguido: provar a existência de Deus e a imortalidade da alma.
Como afirmamos anteriormente, seu ponto de partida é a dúvida. Porém, nesse processo de duvidar de tudo, uma coisa ele não pode questionar e, portanto, uma certeza se estabelece: que, para pensar, é preciso existir. Se ele, para duvidar, pensa, então ele existe. Essa é a primeira certeza, da qual não resta dúvida.
Para compreendermos a importância da dúvida metódica cartesiana, é importante compreendermos seu contexto histórico-filosófico, bem como o período filosófico-epistemológico anterior a ele. 
Durante a Idade Média, na Europa, acreditava-se que o conhecimento era revelado por Deus, por meio do Espírito Santo, aos padres doutores da Igreja Católica. E somente eles detinham a verdade. Qualquer outra pessoa que se pusesse a contrapor essas verdades era acusada de heresia e poderia ser julgada e condenada pela Inquisição. 
Pois bem, Descartes, no século XVII, inaugura uma nova atitude com relação às verdades: a dúvida. Porém, não a dúvida da descrença, mas a dúvida como ponto de partida para buscar o conhecimento, orientado por um método adequado, para chegar ao que ele mesmo chamava de ideias claras e distintas.
Também consiste o método na realização de quatro tarefas básicas:
· Evidenciar descobrir quais são as conclusões possíveis e nunca aceitar nada como verdadeiro à primeira vista
· fazer vários experimentos e dividir o problema em quantas partes for possível
· analisar os resultados e pensar de forma ordenada
· pegar as conclusões ( que devem estar de acordo com o passo 1 ) e, se possível, mixá-las para chegar a apenas 1 conclusão através da lógica, prestando atenção nos detalhes
Hume e Locke
Em oposição ao racionalismo cartesiano, dois filósofos ingleses desenvolveram um pensamento que retoma a epistemologia aristotélica sobre a origem do conhecimento: 
Para David Hume existem as ideias e as impressões. Essas são resultados dos sentidos. As ideias são cópias das impressões. Hume também afirma que, por meio da experiência, relacionamos causa e efeito, levando-nos a acreditar na repetição de um fato.
Ideias inatas – 
Ideias adventistas ou experienciais – 
Ideias fictícias – mitos 
John Locke. 
Locke critica a doutrina das ideias inatas de Descartes, pois, segundo ele, a alma humana é como uma tabula rasa: quando nascemos, não há nada inscrito nela. E somente conforme vamos vivemos, de acordo com as experiências que vamos realizando, é que vamos registrando alguma coisa nela, por meio dos nossos sentidos.
Diferentemente de Descartes, para Locke as ideias são formadas na mente, a partir de um processo de reflexão resultante da experiência.
Revolução copernicana de Kant
No século XVIII, Kant fará o que denominou de revolução copernicana do conhecimento. Isto porque, segundo ele, a filosofia, assim como as visões astronômicas da Terra e do Sol, tinha uma visão equivocada sobre o objeto. No caso da relação da Terra com o Sol, acreditava-se que este girava ao redor daquela, quando, na realidade era ao contrário. Da mesma forma, em Filosofia, principalmente na Metafísica, admitia-se que o conhecimento devia regular-se pelo objeto quando, em verdade, deveria ser ao contrário: o objeto é que deveria regular-se pelo conhecimento.
Com essa revolução, Kant pretendia superar tanto os empiristas quanto os idealistas. Para ele, ambos tinham uma parcela da verdade: os empiristas, quando afirmavam que a matéria do conhecimento vem de fora e é captado (a posteriori) pela experiência; e os idealistas, quando diziam que nossa mente não era uma folha de papel em branco, pois já tem a forma (a priori) do conhecimento.
Liberdade de cátedra 
O homem como um fim e não como meio
Maioridade – liberdade do uso da ração 
BACON
Idulos: 
Tribo – barreiras do grupo
Caverna – presos em nosso mundo
Foro – mercado – Ideias, mercadorias e intercmabio
Teatro – Ideias mentirosas 
Marx e a diferença em relação a Hegel
Hegel é o primeiro filósofo a afirmar que a razão e a verdade são históricas. Isto é, que mudam ao longo da história. Afirma isso recuperando a ideia de movimento anunciada ainda na Grécia Antiga, por Heráclito, para quem tudo é movimento; a realidade é mudança. Porém, para Hegel, esse movimento acontece a partir da Ideia, que cria a Natureza, que é alienada. Do conflito entre Ideia e Natureza surge o Espírito, que é a ideia que tem consciência de si mesma. Esse é o princípio da dialética hegeliana.
Ao analisar esse processo de pensamento,Marx afirma que Hegel havia posto o mundo de cabeça para baixo. Isso porque, para ele, o movimento da História não surgiria a partir da Ideia, mas a partir da própria realidade material. Ou seja, para Marx e Engels não são as ideias que movem o mundo e a vida dos seres humanos, mas certos seres humanos que, sob determinadas condições históricas, agem e produzem sua própria história (protestos e lutas sindicais).
Podemos explicar os acontecimentos sob diferentes perspectivas históricas: 
· a dos heróis, das grandes ideias (helenismo, humanismo, cristianismo, budismo, islamismo, dentre outros), 
· intervenção divina (teísta ou politeísta), 
· obra do acaso. 
Até o século XIX, pelo menos, essas eram as perspectivas que dominavam as explicações dos acontecimentos históricos segundo os interesses de quem contava e a quem serviam.
Marx apresenta uma nova perspectiva de explicação dos acontecimentos históricos: a partir dos fatos materiais e da luta de classes, isto é, das determinantes econômicas, políticas, culturais, ideológicas, dentre outras. Ou seja, dos próprios seres humanos, que são determinados e vivem sob certas relações, que também são determinadas pelos mesmos fatos materiais. Assim, a história não é um destino que se cumpre ou obra do acaso, mas algo que se constrói a partir das condições materiais de cada época.
Dois conceitos fundamentais para compreender o pensamento de Marx e Engels são ideologia e alienação. Tais conceitos estão interligados e são utilizados pelas classes dominantes como forma de manutenção dos sistemas de dominação. Por meio deles, os indivíduos que vivem situações de opressão passam a acreditar que aquilo que vivem é natural ou é a vontade de alguma ordem superior, da qual não se tem como fugir.
O conceito de ideologia, para Marx, significa um conjunto de ideias que a classe dominante impõe às dominadas, para mantê-las na condição que lhe interessa. Assim, as classes dominadas passam a ter uma visão distorcida da realidade, uma ilusão. Tal visão tem por objetivo mascarar os conflitos e as divergências de interesses entre ambos. Assim, por exemplo, numa empresa, costuma-se chamar os funcionários de “colaboradores”. Esta é uma forma de mascarar as relações de exploração inerentes a tais relações de trabalho.
De como filosofar com o martelo de Nietzsche
Filosofar com o martelo é o subtítulo de O crepúsculo dos ídolos, penúltima obra de Nietzsche. Nele o autor se propõe a escrever uma obra que cumpra dois papeis: ser uma introdução ao seu pensamento e destruir tudo aquilo que ele considerava equívocos do passado. O título da obra faz referência a uma ópera de Wagner – Crepúsculo dos Deuses – com a qual tivera no início uma amizade e que, mais tarde, se transforma em inimizade.
A ideia do martelo é simbólica a partir da função prática da ferramenta: demolir paredes antigas e arcaicas, construções, muros, obstáculos para, em seu lugar, construir o novo. Assim, para construirmos um pensamento novo, faz-se necessário demolir os pensamentos que estão obsoletos e que são obstáculos e empecilhos a que o novo apareça. Da mesma forma, se aquilo que pensávamos anteriormente também se tornar obsoleto, da mesma forma precisará ser destruído para permitir que o novo possa emergir.
A fábula do lobo e do cordeiro e a crítica da moral cristã
Nietzsche considerava que a moral cristã havia transformado as pessoas em ovelhas dóceis, incapazes de reagir quando sofriam qualquer processo de injustiça, na medida em que elas eram levadas a acreditar que quem sofre é que é bom. E, por outro lado, quem faz sofrer é que é mau. Ora, se você quer ser salvo, precisa ser bom, portanto, precisa sofrer. Essa lógica acabava por levar as pessoas à passividade. Fazendo-as acreditar que precisavam ser fracas. Assim, segundo Nietzsche, a moral cristã é uma moral dos fracos.
Em contraposição, ele defende uma moral dos fortes. Isto é, o sujeito bom não é aquele que abaixa a cabeça e se submete, mas aquele que é capaz de reagir, que vai além de suas condições. Para o fraco, aquele que é forte, corajoso, destemido é ruim, é mau, portanto, precisa ser negado. E o nega porque não consegue igualar-se a ele. O conceito de “moral dos fortes” foi interpretado equivocadamente por alguns.
Existencialismo
Tendemos a relacionar o existencialismo a Sartre e a Simone de Beauvoir como fundadores dessa corrente de pensamento. Porém, suas raízes devem ser buscadas em Soren Kierkegaard, filósofo dinamarquês do século XIX, que rebateu o determinismo aristotélico, afirmando a liberdade humana diante das coisas, o que o deixaria à mercê de suas próprias escolhas e atitudes. Isto não significa uma situação confortável, uma vez que, se nossa vida fosse predeterminada, caberia a nós apenas cumprir aquilo que nos foi predefinido.
Após um período de otimismo no início do século XX, a Europa vive a Primeira Grande Guerra, a Revolução Soviética, a crise econômica e social da década de 1920, a ascensão de regimes nazifascistas, a Segunda Grande Guerra e o holocausto. Milhões de pessoas morrem em quatro décadas. Esses acontecimentos se refletem na filosofia e levam Sartre, dentre outros filósofos, a questionar o que estaria acontecendo com a racionalidade.
Simone de Beauvoir
Quando se fala de existencialismo, muito pouco se dedica a falar de Simone de Beauvoir. A nossa tradição filosófica ainda é por demais masculina. Algumas pessoas levaram a sério demais o pedido de Sócrates de retirar as mulheres da sala, quando ele ia se despedir de seus discípulos antes de tomar cicuta.
De família tradicional, mas decadente, Beauvoir teve uma excelente formação acadêmica escolar. Mesmo que no início não fosse uma feminista declarada, sua obra O Segundo Sexo se tornou um clássico do movimento feminista. Dela, uma frase tem provocado acalorados debates: “Não se nasce mulher: torna-se mulher”. Em 1929 conhece Sartre, com quem mantém um relacionamento e uma parceria até o fim da vida dele, em 1980. Suas obras falam dos problemas das relações entre homens e mulheres, do comprometimento com o seu tempo, da necessidade que o intelectual tem da militância política e de suas inquietações diante da morte e da velhice.
Relação entre essência e existência
O problema da relação entre essência e existência, Sartre discute em O Existencialismo é um Humanismo. Aqui tomaremos uma pequena parte na qual ele retoma uma citação de Dostoiévski: “Se Deus não existe, então tudo é permitido”. Para os moralistas, essa afirmação seria tomada como um completo permissivismo.
No entanto, Sartre toma-a para discutir a relação entre essência e existência, no sentido de que, se não existe um ser que nos cria, que é anterior a nós, definindo a nossa essência, podemos ser qualquer coisa, ou seja, “tudo é permitido”. Ao contrário, se tivermos um ser que nos concebeu, só poderemos ser aquilo que nos foi preconcebido, predeterminado.
Assim, para o existencialismo, não existe uma essência anterior a minha existência, senão que primeiro existe o nada, possibilidade absoluta. E somente a partir do momento em que vou existindo é que se vai constituindo a minha essência. Desta forma, é a existência que determina a essência.
Foucault e a Microfísica do Poder
Na obra Microfísica do Poder, Foucault busca compreender como se estabelecem as relações de poder não no nível da macroesfera, mas na da microesfera de poder. Não na do Estado com seus cidadãos a partir de leis que o controlem a partir da territorialidade, por exemplo, mas nas relações de poder que se estabelecem no dia a dia das pessoas, nos seus costumes e comportamentos, inclusive na forma de o indivíduo pensar. Todo esse sistema de vigilância e controle tem por fim indicar ao indivíduo como ele tem que se comportar.
A compreensão da dimensão desse poder fica mais fácil de ser compreendida quando a leitura dessa obra é acompanhada de outra: Vigiar e Punir. Nela podemos perceber que as instituições como escola, família, fábrica, dentre outras, cumprem o papel de normatizadoras; e que, por meio de exames e sanções, fazem com queos indivíduos se adaptem aos poucos ao que a sociedade deseja para eles, em corpos e mentes.
Por que, em vez de torturar e executar os corpos, os sistemas jurídicos optaram por aprisioná-los? Essa é uma das perguntas, talvez a central, que Foucault busca responder na obra Vigiar e Punir. Desta obra, falaremos apenas sobre os corpos dóceis, que estão presentes na terceira parte, Capítulo I. Nesse capítulo, Foucault começa dizendo que, até o início do século XVII, era preciso reconhecer de longe quem poderia e quem não poderia ser um bom soldado. A partir de então, isto não mais seria necessário: “o soldado tornou-se algo que se fabrica; de uma massa informe, de um corpo inapto, fez-se a máquina de que se precisa” (FOUCAULT, 2005). Ou seja, o corpo do indivíduo passa a ser visto como algo que pode ser moldado de acordo com os interesses a que se deseja. Lembrando Aristóteles, o corpo é a causa material, e quem age sobre ele é a causa eficiente. A causa formal e a final são definidas pela eficiente.

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