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RESUMO PRIMEIRA AVALIAÇÃO INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL DA PESSOA NATURAL A Pessoa é um ser dotado de personalidade. E, essa personalidade no Código Civil se dispõe de duas maneiras: 1) a Personalidade Jurídica e; 2) os Direitos da Personalidade. Abaixo, você verá e espero que leia também, uma tabela que diferenciam essas duas maneiras. PERSONALIDADE JURÍDICA DIREITOS DA PERSONALIDADE Prevista no Código Civil de 1916 e no Código Civil de 2002. Presente apenas no Código Civil de 2002 Tradicional/Clássica: Arts. 1º e 2º - Capítulo I Moderna: Arts. 11 ao 21 – Capítulo II Está ligada a possibilidade de o sujeito vir a titularizar direitos subjetivos patrimoniais, ou seja, é uma aptidão genérica para ser titular de direitos e obrigações na ordem civil. Está ligado a ideia de subjetividade. Aqui a personalidade significa um conjuntos de direitos existenciais inertes à própria condição de ser humano. A personalidade como categoria de direitos, reuniria atributos essenciais da pessoa humana, tais como: vida, a integridade física e psíquica, a imagem, a honra, a privacidade, o direito ao corpo, o direito ao nome, o direito à intimidade etc. Denomina-se PERSONALIDADE JURÍDICA OU PERSONALIDADE CIVIL Denomina-se DIREITO DA PERSONALIDADE Mas agora, presta atenção nessa pergunta: A pessoa jurídica seria titular de direitos da personalidade? É claro que toda Pessoa Jurídica (PJ) tem nome, imagem e reputação, contudo, isso não significa que esta tenha titularidade de direito da personalidade. Ah, mas lá no Art. 52, do CC existe a possibilidade de aplicação da proteção dos direitos da personalidade. Sim, é possível essa proteção, mas o mesmo artigo diz enfaticamente: no que couber. Assim, aquelas pessoas jurídicas ofendidas em sua reputação ou que tiverem seu nome utilizado indevidamente, poderão se socorrer de medidas de proteção semelhantes às previstas para a pessoa natural. É sempre bom lembrar que os famosos danos morais que as pessoas e seus futuros clientes vão pedir, são sempre oriundos da violação dos direitos da personalidade. A Súmula 227 do STJ também concede dano moral a Pessoa Jurídica, então atentem-se à isto. INÍCIO DA PERSONALIDADE O Art. 45, CC é claro no sentido de que a personalidade jurídica desta se inicia com o registro dos atos constitutivos. Já quanto a pessoa natural, sempre houve certa polêmica, com divergência entre três correntes: a natalista, da personalidade condicionada e a concepcionista. A personalidade civil inicia com o nascimento com vida (teoria natalista), porém os direitos da personalidade são protegidos desde a concepção (teoria concepcionista). Por que se faz essa distinção? O nascituro só pode adquirir direitos de cunho patrimonial a partir do nascimento com vida, mas seus direitos da personalidades já são válidos desde a concepção. Caso hipotético: João, nasceu, porém é dado como natimorto (nasceu sem vida). Este ainda tem direitos da personalidade que incluem o nome, o direito a certidão de óbito etc. (Nunca esqueçam de olhar as leis correlatas, nesse caso aqui é a Lei nº 6.015/73). CAPACIDADE A capacidade é comumente conceituada como a medida da personalidade jurídica (ou personalidade civil). Ela se divide em duas espécies: capacidade de direito e capacidade de fato. Capacidade de direito CAPACIDADE DE FATO Também chamada de capacidade de gozo Aqui, pode ser chamada também de capacidade de exercício Seria o sinônimo de personalidade jurídica (aptidão genérica para o sujeito ser titular de direitos e deveres). É a possibilidade de praticar os ato da vida civil diretamente, por si só, sem necessidade do auxílio de terceiros. Art. 1º. Toda pessoa é capaz (liga-se a capacidade de direito) de direitos e deveres na ordem civil. Arts. 3º a 5º, CC A capacidade de direito não admite graduações, expressando critério qualitativo (estático). Ou seja, a pessoa é ou não é capaz (de direito) A capacidade de fato expressa critério quantitativo. Assim, pode ser mais ou menos capaz, comportando gradação. É exatamente sobre essa capacidade de fato que incide a teoria das incapacidades. A capacidade de fato é a possibilidade de o sujeito praticar os atos da vida civil pessoalmente (por si só), ou seja, sem a necessidade da presença de terceiros para representá-lo ou assisti-lo. TEORIA DAS INCAPACIDADES Existe com a finalidade de proteger as pessoas que não têm o necessário discernimentos para a prática dos atos da vida civil. A proteção recai, principalmente, sobre o patrimônio desses sujeitos, denominados incapazes. Essa proteção, trazida pela teoria das incapacidades, manifestar-se-á basicamente de duas maneiras: Necessidade de representante ou assistente para prática de atos da vida civil: Para que um incapaz possa praticar os atos da vida civil, será importante a presença de um representante para o absolutamente incapaz ou um assistente para o relativamente incapaz. O representante manifestará a vontade própria sobre o interesse do absolutamente incapaz. Já o assistente, manifestará a sua, coadjuvando com a vontade do relativamente incapaz (vontade do assistente + vontade do relativamente incapaz) na persecução de um único interesse. No caso dos menores, os titulares do poder familiar (pais) irão assumir a condição de representantes e assistentes. Na hipótese de ausência (ou morte, por exemplo) dos pais, os tutores designados pelos juízes irão exercer o poder familiar. Já na hipótese de insanidade, o curador, nomeado no processo de interdição, assumirá o papel ou de representante (se o incapaz não tiver discernimento) ou de assistente (no caso de o incapaz com discernimentos reduzido), a depender do grau de insanidade. Invalidade dos atos praticados pelo incapaz, sem a presença do representante ou assistente: Os atos praticados pelos incapazes pessoalmente serão inválidos se não contarem com a presença de representantes ou assistentes, nos termos dos arts. 166, I (atos nulos), e 171, I (atos anuláveis) do Código Civil. Os arts. 3º a 5º, CC fixam os critérios legais para a definição das hipóteses de incapacidade, ou seja, as razões que justificariam que alguém viesse a ser considerado incapaz. Pode-se resumir de duas maneiras: a) Fator Etário (critério objetivo): São absolutamente incapazes os menores de 16 anos (art. 3º, caput, CC), e, ainda, são relativamente incapazes os maiores de 16 e menores de 18 anos (art. 4º, I, CC). São plenamente capazes os maiores de 18 anos (art. 5º, caput, CC). Quando da concretização de direitos existenciais relativos ao menor, sempre que possível a vontade deste deve ser levada em consideração, desde que demonstre discernimento para tanto. Há alguns atos que podem ser praticados pelo relativamente incapaz sem a necessidade de manifestação de vontade do assistente. São atos personalíssimos, que podem ser praticados validamente, quais sejam: ser testemunha (art. 228, I, CC), ser mandatário (art. 666, CC), fazer testamento (art. 1.860, CC). b) Fator Sanidade (critério subjetivo): Esse fator se fazia presente fortemente nos arts. 3º, II e III, e 4º, II a IV, CC até ocorrer uma substancial mudança nesse regime com o advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência, a Lei nº 13.146/2016. A nova norma alterou o sistema de incapacidades do Código Civil, partindo da premissa de que uma pessoa deficiente não deve ser considerada a princípio como incapaz. Pela lógica do Estatuto, a deficiência física, mental, intelectual ou sensorial não deve ser tida como causa de incapacidade, preservando- se dessa maneira a autonomia do indivíduo portador de tais deficiências. Assim, foram eliminadas do Código as hipóteses em que o deficiente mental era tido como incapaz. Em resumo, hoje a pessoa com deficiência poderá se enquadrar em três situações relativas à capacidade: • Regra geral:será considerada plenamente capaz; • Primeira exceção: será submetida ao regime da curatela, sendo então relativamente incapaz. • Segunda exceção: será submetida ao regime da toma de decisão apoiada, preservando-se assim sua plena capacidade. Atualmente, a única hipótese de absoluta capacidade, nos termos do artigo 3º, do CC, é a do menor de 16 anos. EMANCIPAÇÃO A emancipação é a aquisição antecipada da plena capacidade de fato, ou seja, o sujeito antes de completar a maioridade civil, acaba por alcançar a situação jurídica de plenamente capaz. A emancipação foi disciplinada pelo Código Civil em seu art. 5º, parágrafo único, e comportaria três espécies: voluntária, judicial e legal. • Emancipação voluntária (art. 5º, parágrafo único, I, CC: apresenta os seguintes requisitos: ▪ O emancipado deve ser maior de 16 anos; ▪ A vontade ser manifestada pelos pais, titulares do poder familiar. Essa manifestação deve ser feita pelos dois em conjunto ou apenas de um deles na ausência do outro; ▪ Manifestação devidamente realizada através de instrumento público; ▪ O ato é extrajudicial, não havendo necessidade de homologação pelo juiz. A emancipação voluntária é incondicionada e não admite qualquer encargo ou termo. Sendo assim, é um ato negocial, ou seja, os efeitos impostos pela lei (efeito ex legis), não podendo ser estabelecido pelas partes. A emancipação voluntária é irrevogável, contudo, poderá ser invalidado se estiver presente, por exemplo, algum vício de consentimento. A emancipação voluntária não exonerará os pais da responsabilidade civil pelos atos ilícitos praticados pelos incapazes. • Emancipação Judicial (art. 5º, parágrafo único, I, CC): essa modalidade emancipatória terá os seguintes requisitos: ▪ O emancipado ser maior de 16 anos; ▪ Sentença de emancipação (procedimento de jurisdição voluntária); ▪ Presença de menores que estão sob o pálio da tutela. Os menores que são colocados sob regime de tutela são aqueles cujos pais estão mortos, ausentes ou destituídos do poder familiar (art. 1.728 CC). ▪ Oitiva do tutor. • Emancipação Legal (art. 5º, parágrafo único, II a V, CC): O Código Civil prevê quatro hipóteses de emancipação legal: ▪ A primeira delas é o casamento. A idade núbil, segundo o art. 1.517, CC, se dá aos 16 anos. O casamento emancipa por ser um dos negócios jurídicos mais formais, impondo uma série de deveres aos cônjuges. A separação, o divórcio ou a viuvez não farão o emancipado retornar à condição de relativamente capaz; ▪ A colação de grau em curso de ensino superior, uma hipótese extremamente difícil na prática, já que o menor teria que se graduar numa universidade antes dos 18 anos; ▪ O desenvolvimento de estabelecimento civil ou comercial, ou a existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria. MORTE Juridicamente, a morte pode ser conceituada como o fim da personalidade (tanto da personalidade civil como dos direitos da personalidade). A morte, antes de ser um fato jurídico, é um fato natural que desencadeia efeitos jurídicos. A morte será considerada fato jurídico em sentido estrito. A morte pode ser entendida de duas maneiras no Código Civil: morte real e presumida. MORTE REAL MORTE PRESUMIDA Morte real é aquela em que há cadáver, sendo então constada a ocorrência da morte e suas eventuais causas por um médico. O marco legal é a morte encefálica – paralisação das atividades do tronco encefálico, comandante das funções vitais. A morte presumida poderá ocorrer de duas maneiras: sem declaração de ausência ou com declaração de ausência. Há o desaparecimento de uma pessoa natural e uma incerteza quanto a sua morte. MORTE REAL O médico diante da presença de um cadáver, atesta a morte e suas possíveis causas. O atestado deverá conter as possíveis causas da morte, que constarão da certidão de óbito. A certidão de óbito autoriza o sepultamento. MORTE PRESUMIDA A morte presumida ocorre quando uma pessoa natural desaparece, havendo incerteza quanto a sua morte ou não. A morte presumida poderá se dar com ou sem declaração de ausência. ▪ Sem declaração de ausência: ocorrerá quando o desaparecido estiver em situação de perigo de vida ou de risco de morte. Art. 7º, CC. Exemplo: desaparecimento em situações de incêndios, terremotos, inundação, acidentes de avião, sequestro, guerra (este último apenas dois anos depois); ▪ Com declaração de ausência: Arts. 22 a 39, CC, combinados com os arts. 744 e 745, CPC. Ausente é aquele que desaparece de seu domicílio sem deixar notícias ou representante constituído. No Brasil, o marco legal da morte é a ocorrência da morte encefálica, nos termos do art. 3º da Lei n. 9.434/97. Para entender o procedimento relativo aos ausentes é importante observar que a finalidade deste é proteger o ausente e seu patrimônio. O procedimento sucessório é mera consequência da declaração de ausência. O ausente não é incapaz. Se o indivíduo desaparece, mas deixa alguém que o represente (procurador), em princípio não será considerado ausente. Ultrapassado 3 anos do desaparecimento sem o indivíduo reaparecer, o mandato caduca e os herdeiros poderão solicitar a declaração de ausência juntamente com a sucessão provisória, conforme previsto no art. 26 do CC. No caso de idoso como mais de 80 anos, a lei autoriza procedimento diferente, dispensando-se a 1ª e 2ª fases. Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta com 80 anos de idade, e de que 5 datam as últimas notícias dele. A propriedade transmitida aos herdeiros do ausente, nos 10 anos seguintes à sucessão definitiva será uma propriedade resolúvel, pois se submete a uma condição resolutiva, qual seja, o reaparecimento do ausente. Nesse caso, o ausente terá direito aos bens no estado em que se encontrarem (art. 39, CC). Se o ausente reaparecer até a sucessão definitiva irá reaver os bens no estado em que se encontrarem e somente terá de indenizar por benfeitorias e frutos se ausência for voluntária. Se for involuntária, não terá de indenizar os acessórios ao possuidor. Comoriência: É a presunção de morte simultânea de duas ou mais pessoas (art. 8º do CC). Caso não seja possível averiguar qual indivíduo morreu primeiro, por exemplo, num acidente aéreo ou de trânsito, para efeito de sucessão, ambos serão considerados presumidamente mortos no mesmo momento. Só faz sentido falar em comoriência se as pessoal simultaneamente mortas forem herdeiras entre si. Caso contrário, a comoriência carece de qualquer efeito prático. DOMICÍLIO É a sede jurídica da pessoa. É o local onde o sujeito ordinariamente (com habitualidade) pratica os atos da vida civil. O domicílio terá um série de utilidades no âmbito do Direito, tais como: definir o local de competência para julgamento, o foro de abertura da sucessão, o local de pagamento das obrigações etc. DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA: O art. 75, I a III, CC regula o domicílio da União (como sendo o Distrito Federal), dos Estados (suas capitais) e dos Municípios (o lugar onde funciona a administração municipal). Para as demais pessoas jurídicas (excluídos a União, Estados, Distrito Federal e Municípios), o domicílio será via de regra o local onde funcionar sua diretoria ou a sua administração, salvo se elegerem domicílio especial nos seus atos constitutivos (estatuto ou contrato social). De toda forma, duas observações são pertinentes: i) se a pessoa jurídica tiver diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado seu domicílio para os atos nele praticados, nos termos do artigo 75, § 1º, CC; ii) se a pessoa jurídica tiver sede no estrangeiro, o domicílio desta no Brasil será o lugar onde ela vier a funcionar, conforme previsto no art. 75, §1º do Código Civil. PESSOA NATURAL:Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece sua residência com ânimo definitivo . Algumas observações são importantes em termos de domicílio da pessoa natural. 1) É possível que a pessoa natural tenha mais de uma residência? Sim, é o chamado domicílio múltiplo. Se o sujeito tiver duas residências onde viva alternadamente, qualquer delas será considerada seu domicílio. Primeiramente, há que se afirmar que residência não se confunde com moradia ou habitação. Moradia ou habitação pode ter caráter transitório, enquanto o vocábulo “residência” traz consigo a intenção de permanência, animus manendi, o que é o caráter definitivamente. O art. 70, CC utiliza-se de residência para a definição do domicílio da pessoa natural. Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. 2) Para a lei, mesmo aquele que não tem residência terá um domicílio fictício, que será o local onde esse sujeito for encontrado, conforme o art. 73, do Código Civil (ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada). Pense-se no exemplo dos ciganos e circenses. 3) Todos os locais em que a profissão for exercida serão considerados domicílios profissionais quanto às relações concernentes à profissão. (Art. 74, CC) 4) Domicílio necessário ou legal: algumas pessoas, quando inseridas em situações especiais, não terão liberdade de escolher seu domicílio, já que a lei imporá o domicílio. Todas as hipóteses de domicílio legal se encontram no artigo 76, CC. 5) Domicílio de eleição: as partes, com base na autonomia privada, poderão designar local específico, em contrato escrito, para que ali sejam cumpridas as obrigações resultantes daquele instrumento. Quando isso ocorrer, estaremos diante do domicílio de eleição. Art. 78, CC: nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar o domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. Não confunda foro de eleição com domicílio de eleição. O domicílio de eleição está ligado ao local de pagamento (art. 327, CC), e o foro de eleição se liga à modificação da competência territorial (art. 63, CPC). Um tem efeito material (domicílio de eleição); o outro, processual (foro de eleição).
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