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MATERIAL DIDÁTICO unidade 3

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Unidade 3 - Coerência textual, relações coesivas, produções 
textuais e tipos de argumento 
 
OBJETIVOS DA UNIDADE 
 Conceituar coerência textual, demonstrando sua importância para a produção de 
textos que permitam que o receptor descodifique as mensagens recebidas, encontrando 
sentidos nos textos; 
 Apresentar os diferentes tipos de coerência e sua relação com a coesão textual, 
contribuindo para a amarração das ideias no texto; 
 Evidenciar recursos que permitem as relações coesivas e coerentes nos textos; 
 Apresentar as características das tipologias textuais, diferenciando-as dos gêneros 
textuais, evidenciando os elementos que garantem a coerência nas diferentes tipologias; 
 Apresentar o conceito de argumento e os principais tipos de argumentos. 
 
TÓPICOS DE ESTUDO 
 
Coerência textual 
Muitas vezes, em contextos dialogados ou diante de textos escritos, tentamos buscar 
um sentido para a mensagem que recebemos e não conseguimos compreender aquilo que nosso 
interlocutor quis expressar. 
Você já deve ter passado por esse tipo de situação e é certo que, em alguns 
momentos, estamos frente à necessidade de acessar algo em nosso repertório, mas o item 
necessário não faz parte de nossas experiências anteriores; entretanto, em outros momentos, o 
problema está na forma como ocorreu a organização do texto e ele se apresenta incoerente para 
nós. 
A coerência de um texto está ligada à maneira como ocorre sua organização como 
um todo, à harmonia entre as partes que o compõem e às ideias que apresenta. Claramente, 
podemos perceber o início, o meio e o fim desse texto, além de ser possível observar a 
adequação da linguagem ao tipo de texto. 
 
EXPLICANDO 
Coerência: estado ou qualidade de coerente; ligação, harmonia, conexão ou nexo 
entre os fatos e as ideias (MICHAELIS, 2008, p. 192). 
Um texto incoerente não oferece condições para o interlocutor recriar em si o sentido 
que pretende veicular e isso pode acontecer porque não traz concatenação ou argumentação, 
ou não apresenta verossimilhança interna ou externa. 
A concatenação acontece com a relação ou a sequência lógica entre as ideias e a 
argumentação deve oferecer fatos, razões e provas a favor ou contra algo, permitindo ao 
interlocutor acompanhar essas informações sem estranhamento. 
A verossimilhança se prende à observação daquilo que corresponde à verdade, pode 
estar ligada a elementos específicos do texto, trazendo a verossimilhança interna, ou à 
realidade circundante, verossimilhança externa. 
Desse modo, se o interlocutor percebe que há desorganização quanto à expressão 
das ideias, e as informações e os argumentos trazidos no texto não encontram respaldo dentro 
do próprio texto ou dentro da realidade, não verá coerência nele. 
Vale ressaltar que outros elementos devem, ainda, entrar nessa questão, tais como a 
adequação ao contexto em que estão os interlocutores, a adequação em relação ao interlocutor, 
a bagagem de informações que ele adquiriu até então, a intencionalidade do emissor, o código 
utilizado e o canal escolhido para veicular a mensagem. 
Os autores Ingedore Villaça Koch e Luiz Carlos Travaglia, no livro A coerência 
textual, publicado em 2008, afirmam que “a coerência deve ser entendida como um princípio 
de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do texto numa situação de comunicação e à 
capacidade que o receptor tem para calcular o sentido desse texto”. 
Como deve ter percebido, os autores evidenciam que é preciso que o texto ofereça 
ao interlocutor as condições de revelar em si as informações recebidas. Quando isso acontece, 
uma condição é observada: a coerência. Portanto, você deve deduzir que os cuidados para isso 
cabem ao emissor do texto. 
Por outro lado, a coerência não caminha sozinha, tendo a coesão textual ao lado dela, 
cuidando para que as ideias sejam devidamente amarradas. Ela forma vínculos com 
informações fornecidas anteriormente, possibilitando a entrada de novos elementos no texto e 
garantindo a sua progressão. 
TIPOS DE COERÊNCIA 
Não imagine que está diante de uma batalha que não pode ser vencida; é certo que 
a elaboração de textos é tarefa difícil, mas os conhecimentos sobre os usos da língua, a leitura 
como um hábito e o treinamento constante da escrita, aos poucos, levam ao sucesso de uma 
expressão escrita ou oral coerente e coesa. 
Assim, com base nos estudos de Koch e Travaglia (2008), evidenciamos alguns tipos 
de coerência, para que fiquemos atentos em relação a alguns cuidados que precisamos tomar 
durante a elaboração de nossos textos. 
Os autores relacionam: 
 
 
 
Outras formas de coerência devem se apresentar nos textos, entre elas, podemos mencionar: 
 
Desse modo, percebe-se que é possível evitar a falta de coerência textual em várias 
situações, principalmente na escrita, com a leitura e a revisão constantes daquilo que é 
enunciado. Releia o que escreve sempre com a máxima atenção. 
RELAÇÃO ENTRE COERÊNCIA E COESÃO 
 
Entendemos coesão como ligação com a coerência textual. A busca de um texto 
coeso nos obriga a voltar constantemente ao que já foi enunciado, buscando estabelecer 
relações entre os termos, para que possamos avançar. Cada enunciado deve estabelecer 
relações específicas com os outros, para que a estrutura do texto se torne sólida o bastante para 
garantir a coerência. 
A coesão também deve ser observada entre as frases, ou seja, fazendo a ligação entre 
as orações do texto, entre os parágrafos que o compõem e entre suas ideias, isto é, é preciso 
pensar que o sentido do texto decorre de um mecanismo de articulação, compreendendo uma 
estrutura na qual há diversos segmentos, todos relacionados uns com os outros. Essas relações 
se estabelecem em dois planos: o do conteúdo (ideias) e o da amarração (relações linguísticas). 
Costumamos considerar basicamente dois processos de coesão que englobam os 
vários procedimentos: a coesão referencial e a coesão sequencial (KOCH; TRAVAGLIA, 
2008, p. 40-41). 
 
Diagrama 1. Ocorrência de coesão referencial e de coesão sequencial em textos. 
Relações coesivas e coerentes em diferentes situações 
Em situações discursivas dialógicas, ou seja, quando conversamos com alguém, a 
todo momento estamos realizando a coesão e não nos damos conta disso, pois procuramos 
manter nosso pensamento bem organizado para que nosso interlocutor nos compreenda. 
Quando nos deparamos com enunciados em que as frases estão soltas, sem ligação 
entre elas, dizemos que o texto não tem sentido, que não apresenta coerência nem coesão. 
Você deve perceber que o trabalho de conectar os elementos dentro de um texto é 
mais evidente que o processo de coerência entre as ideias, porque é mais perceptível. Uma 
frase enunciada sem que se estabeleça a coesão referencial, por exemplo, logo leva o outro 
participante do processo de comunicativo à admiração. É fácil perceber que algo está errado 
se estamos falando de “chuva” e retomamos o termo, num processo de coesão referencial 
anafórico, com o pronome “aquele”, logicamente, o texto perderá o sentido. 
Isso quer dizer que, elaborando um texto por escrito, precisamos fazer escolhas linha 
a linha, buscando a progressão textual, com a apresentação de novas ideias, mas sempre 
verificando se formamos elos de coesão entre as informações anteriores e as novas. 
Antônio Carlos Viana, em seu Guia de redação: escreva melhor, publicado em 
2011, dá a seguinte orientação: 
Há formas de saber se fomos ou não coerentes 
naquilo que enunciamos. Uma delas é ver se a palavra mais 
importante do texto, a palavra-chave, não desapareceu hora 
alguma. Outra é buscar um equilíbrio entre a informação dada 
e a informação nova, porque o texto precisa avançar e não ficar 
girando em torno de si mesmo, sem apontar para uma direção 
segura. Para alcançar esse fim, temos de fazer escolhas 
constantes, desde o uso das palavras até aquilo que deve ser 
dito oupermanecer subentendido. 
BUSCANDO A COESÃO E A COERÊNCIA 
Dependendo do tipo de texto que você está escrevendo, precisará verificar se o 
mecanismo selecionado realmente se presta àquela situação discursiva, pois nem sempre o que 
serve para um texto de característica argumentativa serve para um texto poético, por exemplo. 
Os recursos de coesão mais utilizados se baseiam em: uso de pronomes; apagamento 
de termos (elipse); utilização, no caso de nomes próprios, de sobrenomes no lugar dos nomes; 
exploração de perífrases, que são expressões equivalentes; uso de termos genéricos, ou seja, 
uma palavra que tem sentido mais amplo do que a que ela substitui; associações que podem 
ser feitas até mesmo por oposição de ideias; uso de termos que englobam termos anteriores; 
uso de sinônimos ou quase sinônimos; uso de paráfrase, isto é, a retomada do que foi dito 
dando uma explicação mais detalhada; uso de numerais e de advérbios; uso de pronomes 
demonstrativos; uso de pronomes possessivos; uso e diversificação de pronomes relativos. 
Ainda, é preciso verificar a coesão sequencial apresentada pela sucessão de palavras, 
de frases e de parágrafos, que ocorrem: 
 
 
Entretanto, a escolha dos recursos coesivos mais adequados deve ser feita, levando-
se em conta a articulação geral do texto. De, eventualmente, os efeitos estilísticos que se deseja 
alcançar. 
PARALELISMO SINTÁTICO 
Na frase, o paralelismo sintático corresponde à ordenação de elementos de natureza sintática 
gramatical semelhante. Em geral, somente aqueles que conhecem detalhadamente as regras da 
gramática normativa conseguem reconhecer o problema da coesão por falta de paralelismo 
sintático. Observe: 
“Operários cogitam uma nova manifestação e isolar o presidente.” 
A ocorrência de falta de paralelismo sintático acontece porque o verbo “cogitar” 
apresenta dois complementos, sendo que o núcleo do primeiro está representado pelo 
substantivo “manifestação”, enquanto o segundo aparece na forma da oração reduzida de 
infinitivo “isolar o presidente”, ou seja, os dois complementos deveriam aparecer ou na forma 
de substantivo ou na forma de oração. Assim, a frase deveria ser reformulada: 
“Operários cogitam uma nova manifestação e o isolamento do presidente.” 
Ou 
“Operários cogitam fazer uma nova manifestação e isolar o presidente.” 
PARALELISMO SEMÂNTICO 
Já o paralelismo semântico se refere ao encadeamento de ideias comparáveis, 
pertencentes ao mesmo plano de significado. Veja: 
“No próximo domingo, o Santos vai jogar contra a Espanha.” 
Nesse caso, ocorre falta de paralelismo semântico, pois “Santos” é um time de 
futebol, enquanto “Espanha” corresponde a uma seleção. Assim, deveríamos ter, por exemplo: 
“No próximo domingo, o Santos vai jogar contra o Barcelona.” 
ARMADILHAS DO TEXTO: AMBIGUIDADE E 
REDUNDÂNCIA 
O uso inadequado de elementos linguísticos também pode provocar problemas na 
coerência dos textos. Um deles é a ambiguidade, ou seja, a falta de clareza entre os enunciados 
permite que consigamos entender mais de uma informação, causando uma dupla interpretação. 
Veja a frase: 
“A aluna preparou o trabalho e o colega fez sua apresentação.” 
Nesse caso, não temos certeza se o pronome “sua” retoma o termo “aluna” ou a 
palavra “colega”. 
A ambiguidade pode ser decorrente de: 
 Uso indevido de pronomes possessivos, como no exemplo anterior; 
 Uso inadequado de pronomes relativos, como no exemplo a seguir: 
“Visitamos o apartamento e o salão cuja decoração era impressionante.” 
Não está claro se é o apartamento ou o salão que possui decoração impressionante. 
 
 
Outro problema é a redundância, ou seja, a repetição explícita de uma informação, que só deve 
ocorrer se tiver função enfática no texto, de outro modo, é usada inadequadamente e deixa a 
linguagem repetitiva e deselegante. Observe: 
“Na volta das férias, tiveram uma surpresa inesperada.” 
 
Quadro 1. Outros exemplos de redundância. 
Produção de gêneros textuais e específicos contextualizados 
A produção de textos corresponde à forma organizada de expressão de ideias, 
resultante dos processos de comunicação dos quais participamos e das informações a que 
tivemos acesso, até o momento do ato comunicativo, por meio das experiências e das trocas 
de conhecimentos com os demais interlocutores. 
Atendendo às diferentes intenções comunicativas dos usuários da língua, que podem 
ter como objetivo informar, argumentar, descrever, relatar ou orientar, temos as tipologias 
textuais que melhor atendem a esses objetivos, escolhendo entre elas. As tipologias textuais 
são as diversas maneiras de apresentação de um texto. 
Desse modo, cada tipo textual tem um determinado propósito e marcas linguísticas 
diferentes. 
 
TIPOLOGIAS TEXTUAIS 
Conforme as características que apresentam, como a estrutura, ou seja, sua 
organização como um todo, a maneira de organização das frases, os termos usados, a 
linguagem escolhida, os tempos verbais explorados e o modo de interação com o leitor, temos 
os diferentes tipos textuais. 
Alguns deles apresentam características predominantes de organização, porém 
aceitam a presença de outras tipologias em sua constituição, como em um conto, que é 
predominantemente narrativo, mas pode apresentar trechos descritivos. 
Para maior clareza, tomamos como base a organização apresentada no Quadro 2. 
 
Quadro 2. Tipologia textual: nomenclatura simplificada e adaptada. Fonte: SANTOS; RICHE; TEIXEIRA, 
2010, p. 36-7 (Adaptado). 
Você já deve ter notado que, geralmente, conseguimos perceber as principais 
características das tipologias, isso porque estamos acostumados com os principais elementos 
que caracterizam suas respectivas sequências. 
 
Assim, de acordo com as marcas linguísticas observadas, conseguimos distinguir se 
a intenção predominante do emissor do texto é descrever, narrar, expor, argumentar, ou 
influenciar e alterar o comportamento de seu interlocutor. 
 
Diagrama 2. Relação entre as tipologias textuais e as sequências textuais que as caracterizam. 
GÊNEROS TEXTUAIS 
Gêneros textuais são grupos de textos que apresentam características em comum. 
Em nossos atos comunicativos do cotidiano ou em situações dialógicas, produzimos, 
transmitimos e interpretamos informações sem a preocupação quanto ao gênero textual que 
empregamos. Entretanto, escrevendo, conforme a intenção comunicativa e a situação de 
interlocução, escolhemos o emprego de algum gênero textual. 
Os gêneros textuais orais costumam ter a espontaneidade como uma das 
características, mas também apresentam formas de organização, pois, em conversas e 
entrevistas, por exemplo, ocorrem trocas de turnos, quando cada interlocutor toma a palavra, 
e sobreposição de turnos, quando os interlocutores falam ao mesmo tempo; aparecem 
marcadores conversacionais, como expressões fáticas ou para a finalização do turno; ocorrem 
hesitações e repetições de expressões ou informações; e há digressões, que acontecem quando 
há uma fuga do tema principal do texto. 
Segundo as autoras Maria Luiza Marques Abaurre e Maria Bernadete Marques 
Abaurre, no livro Produção de texto – interlocução e gêneros, publicado em 2009: 
Os gêneros discursivos correspondem a certos padrões de composição de texto 
determinados pelo contexto em que são produzidos, pelo público a que eles se destinam, por 
sua finalidade, por seu contexto de circulação etc. São exemplos de gêneros discursivos o 
conto, a história em quadrinhos, a carta, o bilhete, a receita, o anúncio, o ensaio, o editorial, 
entre outros (p. 33). 
E como os gêneros textuais estão relacionados ao uso que os falantes fazem da 
linguagem em diferentes situações, ocorre a evolução que traz não só modificações em função 
de necessidades específicas, como o passar do tempo e o uso da tecnologia, mas também o 
aparecimento de novos gêneros. Um exemplo do nosso cotidiano é o uso frequente que 
fazemos de mensagenseletrônicas, enquanto, no passado, sem acesso à internet, as cartas e 
seu envio pelo correio eram uma forma mais comum de comunicação entre as pessoas. 
 
CURIOSIDADE 
No Brasil, as cartas chegaram com os primeiros portugueses. Assim que a esquadra 
de Pedro Álvares Cabral aportou, o escrivão Pero Vaz de Caminha enviou uma carta ao rei D. 
Manuel I, comunicando o descobrimento das novas terras. 
Os diversos gêneros textuais são definidos de acordo, basicamente, com três 
elementos. São eles: o conteúdo, o estilo e a estrutura de sua composição. Porém, inicialmente, 
precisamos decidir se temos necessidade de narrar algum acontecimento, expor ideias, 
argumentar, descrever algo ou instruir alguém, porque cada uma das necessidades gera um 
tipo textual e um gênero específico. 
Assim, com base nos tipos textuais, temos os textos narrativos, que apresentam um 
relato que se organiza em torno de acontecimentos que podem ser reais ou ficcionais, e os 
elementos narrativos, como o espaço, tempo, personagem, enredo e narrador. 
 
Quadro 3. Exemplos de textos narrativos 
 
Observe como exemplo o trecho do romance O cortiço, de Aluísio de Azevedo. 
Agostinho havia ido, segundo o costume, brincar à pedreira com outros dois rapazitos da 
estalagem; tinham, cabritando pelas arestas do precipício, subido a uma altura superior a 
duzentos metros do chão e, de repente, faltara-lhe o equilíbrio e o infeliz rolou de lá abaixo, 
partindo os ossos e atassalhando as carnes. 
Todo ele, coitadinho, era uma só massa vermelha; as canelas, quebradas no joelho, dobravam 
moles para debaixo das coxas; a cabeça, desarticulada, abrira no casco e despejava o pirão 
dos miolos; numa das mãos faltavam-lhe todos os dedos e no quadril esquerdo via-se-lhe sair 
uma ponta de osso ralado pela pedra. 
Foi um alarma no pátio quando ele chegou. 
[...] 
As mães dos outros dois rapazitos esperavam imóveis e lívidas pela volta dos filhos, e, mal 
estes chegaram à estalagem, cada uma se apoderou logo do seu e caiu-lhe em cima, a sová-
los ambos que metia medo. 
— Mira-te naquele espelho, tentação do diabo! exclamava uma delas, com o pequeno seguro 
entre as pernas a encher-lhe a bunda de chineladas. Não era aquele que devia ir, eras tu, 
peste! aquele, coitado! ao menos ajudava a mãe, ganhava dois mil-réis por mês regando as 
plantas do Comendador, e tu, coisa-ruim, só serves para me dar consumições! Toma! Toma! 
Toma! 
 
Quando estamos diante da tipologia descrição, verificamos que é a realização verbal 
da representação de um objeto, de uma pessoa ou de um lugar, indicando aspectos 
característicos. Não se trata apenas de enumerar elementos e qualidades em uma ordem ou em 
determinada sequência, mas tentar, por meio das palavras, causar uma impressão próxima 
daquilo que é descrito. Veja o exemplo abaixo, retirado de O cortiço, de Aluísio Azevedo e 
observe como a descrição enriquece a tipologia narrativa: 
 
Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando 
aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas de fazenda; era 
o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras, era a 
palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o 
açúcar gostoso, era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas 
com o seu azeite de fogo; e/a era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, e muriçoca 
doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, 
acordando-lhe as fibras, embambecidas pela saudade de terra, picando-lhe as artérias, para 
lhe cuspir dentro da sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela 
música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbam em 
torno da Rita Baiana o espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca. 
 
Grande parte dos textos que pertencem à tipologia narrativa apresentam enredo, 
como é o caso de romances e contos, por exemplo. Nesse caso, 
 
E que tal tentar elaborar um texto com essas características? É um interessante 
desafio! 
Os textos que pertencem à tipologia narração ou à tipologia descrição apresentam 
predominância de substantivos concretos, por isso são caracterizados como textos figurativos. 
Já a ocorrência da tipologia exposição traz um texto temático, isso é, tem 
predominância de substantivos abstratos, tendo o objetivo de explicar e transmitir um saber. 
Seus enunciados se baseiam em relações lógicas, envolvendo comparações, relações de causa 
e efeito, e implicações. Observe o exemplo a seguir: 
 
A lógica aristotélica foi largamente divulgada a partir do século VI, com a tradução 
do romano Boécio. Mais tarde, a escolástica, principal corrente filosófica da Idade Média, 
introduziu vários recursos para tornar o estudo da lógica mais acessível [...] (ARANHA; 
MARTINS, 2005, p.161). 
 
A tipologia argumentação também tem predominância de uso de substantivos 
abstratos, porém, além do caráter informativo, esse texto busca convencer o leitor, lançando 
mão de argumentos, a fim de fazê-lo acreditar que um determinado ponto de vista é aceitável. 
Veja o exemplo, retirado da obra Os sertões, de Euclides da Cunha: 
 
Insistamos sobre esta verdade: a guerra de Canudos foi um refluxo em nossa história. 
Tivemos, inopinadamente, ressurreta e em armas em nossa frente, uma sociedade velha, uma 
sociedade morta, galvanizada por um doido. 
 
A tipologia injunção denota clara intenção do emissor da mensagem, durante o 
processo interativo, provocar uma reação no receptor da mensagem, trabalhando com a função 
apelativa, na qual predominam ordens, convites ou orientações, dependendo dos respectivos 
contextos em que é usada. Veja o exemplo a seguir, retirado da obra A escrava Isaura, de 
Bernardo Guimarães: 
 
- Mas o que é?... fala, Malvina. 
- Não te lembras de uma promessa, que sempre me fazes, promessa sagrada, que há muito 
tempo devia ter sido cumprida? ... hoje quero absolutamente, exijo, o seu cumprimento. 
- Deveras?... mas que promessa?... não me lembro. 
- Ah! como te fazes de esquecido!... não te lembras, que me prometeste dar liberdade a... 
- Ah! já sei, já sei - atalhou Leôncio com impaciência. - Mas tratar disso aqui agora? em 
presença dela? ... que necessidade há de que nos ouça? 
- E que mal faz isso? mas seja como quiseres, - replicou a moça tomando a mão de Leôncio 
e levando-o para o interior da casa; - vamos cá para dentro. 
- Henrique, espera aí um momento, enquanto eu vou mandar preparar-nos o café. 
 
Ainda, temos que acrescentar que podemos fazer uso das diferentes tipologias 
textuais, tanto com caráter literário, quando temos a intenção de impressionar nossos 
interlocutores, carregando o texto de subjetividade e recursos de estilo, quanto com caráter não 
literário, quando optamos pela objetividade, colocando em foco a informatividade do texto. 
 
A COERÊNCIA E OS TIPOS TEXTUAIS 
 
Considerando as características de cada tipologia textual, podemos observar quando 
não ocorre a coerência de acordo com o objetivo do emissor. 
Nas narrações, as incoerências podem ser resultado da caracterização de 
determinada personagem em relação às ações que lhe são atribuídas, por exemplo, se no início 
da narração é dito que tal personagem é vegetariana e atua em defesa da vida de qualquer 
animal, não é possível dizer, em seguida, que ela está participando de um evento em uma 
churrascaria e apreciando o que é servido. 
As sequências das ações também podem fazer o texto narrativo perder a 
verossimilhança, por exemplo, se é dito que a personagem não possui um automóvel, mas, 
logo à frente, é mencionado que não se lembra de onde estacionou seu veículo. 
É preciso lembrar que há textos ficcionais cujos fatos e características aceitamos 
porque ocorre uma verossimilhança interna, como no caso das obras deMonteiro Lobato. 
Nelas, encontramos uma boneca que fala e toma todas as decisões, a Emília, mas aceitamos 
isso, pois, dentro da contextualização dessa obra, há uma concatenação de informações, 
mesmo sabendo que não há verossimilhança externa, ou seja, isso não ocorre na realidade. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
Monteiro Lobato (1882 – 1948) participou ativamente da vida cultural brasileira. 
Deixou uma extensa obra, composta de contos, crônicas, ensaios, artigos e uma série de livros 
para crianças que o transformaram no verdadeiro iniciador de nossa literatura infantil. Foi 
promotor, fazendeiro e jornalista. Foi também um ousado editor, contribuindo muito para o 
desenvolvimento de nosso mercado editorial e para a ampliação do público leitor (TUFANO, 
2012, p. 481). 
Como na tipologia descrição apresentamos uma espécie de retrato verbal de pessoas, 
animais, ambientes ou paisagens e objetos, ressaltando elementos que os caracterizam, de 
acordo com as situações escolhidas, precisamos fazer uso de imagens coerentes com as cenas 
em que as descrições estão inseridas. Por exemplo, se caracterizamos o cenário como de uma 
região na qual a neve faz parte no inverno, fica incoerente dizer que a personagem acaba de 
sair usando roupas de verão. 
No caso da tipologia argumentação ou da tipologia exposição, a coerência é 
decorrente não apenas da adequação da conclusão quanto ao que foi apresentado anteriormente 
no texto, mas também da própria organização das ideias trazidas na argumentação. 
Logicamente, com a ocorrência da tipologia da argumentação, pode haver opiniões 
divergentes quanto à tese e aos argumentos apresentados, mas eles devem ser baseados na 
realidade, estando em conformidade com o ponto de vista em evidência, e a conclusão deve 
ser uma consequência natural dessa argumentação. 
 
Interaja com a dinâmica abaixo: 
 
 
 
Tipos de argumentos 
Durante a interação social, é comum que expressemos nossa forma de pensar sobre 
um determinado assunto. Nesses momentos, argumentamos, ou seja, expressamos um 
posicionamento em relação a determinado tema e temos como objetivo principal influenciar 
nossos interlocutores, para que cada um altere seu ponto de vista, adotando o nosso. 
Para que alcancemos nossas intenções, tentando convencer o outro, não basta 
apresentar as ideias, elas precisam ser organizadas de modo encadeado, e é necessário 
apresentar um raciocínio lógico que faça sentido para o interlocutor. 
Cada receptor está mais ou menos propenso a aceitar um ou outro argumento, por 
isso cabe ao emissor da mensagem se preparar com vários recursos linguísticos, pois o que 
convence um interlocutor pode não convencer outro. 
E, partindo do princípio de que todo enunciado é carregado de intencionalidade, 
nesse caso, persuadir é evidente e, para isso, precisamos explorar diferentes recursos 
persuasivos durante o ato discursivo. 
Desse modo, é importante conhecer alguns tipos de argumentos usados para tentar 
persuadir diferentes interlocutores. 
 
ARGUMENTO POR CITAÇÃO 
 
O argumento por citação ocorre quando tomamos o enunciado de outro para embasar 
nossas ideias. Deve ser alguém renomado e que traga veracidade nas palavras, dando 
confiabilidade às nossas declarações. Exemplo: 
 
[...] Segundo Walter Benjamin, com as novas possibilidades de reprodução técnica, a obra de 
arte perde a sua “aura” religiosa de produto “autêntico” e “único”, responsável pelo 
verdadeiro ritual que constitui a apreciação artística [...] (PIGNATARI, 1993, p. 71). 
 
ARGUMENTO POR COMPROVAÇÃO 
 
A argumentação por comprovação se efetiva quando os argumentos são verossímeis 
e estão apoiados em fatos, ou seja, em dados comprováveis. Veja o fragmento do texto de 
Victor Caputo, publicado no site Exame: 
Um levantamento do Ibope Inteligência traçou um perfil do público brasileiro de internet. De 
acordo com a pesquisa, o público feminino é maioria. Entre os usuários de internet, 53% são 
do sexo feminino e 47% do sexo masculino. 
De acordo com a pesquisa, a maior parcela de usuários de internet no Brasil é da classe C (o 
Ibope usa a definição do Critério de Classificação Econômica Brasil para divisão de classes). 
Os números mostram que 52% dos usuários são da classe C, 34% são da classe B, 10% das 
classes D/E e 4% da classe A. 
 
Os argumentos apresentados no texto foram obtidos por intermédio de um órgão 
conhecido e respeitado como fonte de informações confiáveis. Além disso, o uso de numerais 
dá ao leitor a sensação de confiabilidade. 
 
ARGUMENTO POR RACIOCÍNIO LÓGICO 
 
A argumentação por raciocínio lógico apresenta argumentos que estão amparados 
por relações de causa e efeito, ou causas e consequências, e tendem a persuadir com a relação 
entre as suas ideias. Observe o exemplo a seguir: 
 
O fumo é o mais grave problema de saúde pública no Brasil. Assim como não admitimos que 
os comerciantes de maconha, crack ou heroína façam propaganda para os nossos filhos na 
TV, todas as formas de publicidade do cigarro deveriam ser proibidas terminantemente. Para 
os desobedientes, cadeia (VARELLA, 2000). 
 
 
Diagrama 3. Demonstração de que argumentos têm pesos diferentes para cada interlocutor. 
Dessa forma, procure treinar no seu cotidiano o uso desses recursos de persuasão, 
mas, para isso, procure enriquecer seu repertório, pois seu interlocutor pode apresentar 
argumentos que sejam mais consistentes que os seus. 
Agora é a hora de sintetizar tudo o que aprendemos nessa 
unidade. Vamos lá?! 
SINTETIZANDO 
Nesta unidade, observamos a importância do cuidado com a elaboração dos textos, 
sejam eles realizados oralmente ou na escrita, considerando os tipos de coerência e a coesão 
textual, para que ambas caminhem lado a lado. Vale lembrar que a coerência se refere ao 
sentido do texto, e a coesão aos processos linguísticos que garantem a amarração entre as 
palavras, as orações, as frases, os parágrafos e as ideias do texto como um todo. 
Abordamos, também, as tipologias textuais (descrição, narração, exposição, 
argumentação e injunção), a partir das quais temos os inúmeros gêneros textuais, que são 
renovados com o passar do tempo e de acordo com as necessidades dos falantes. 
Por fim, estudamos alguns tipos de argumentos usados para a persuasão do 
interlocutor, a fim de que partilhe de nossas ideias de acordo com nossos objetivos. 
Dessa forma, conhecendo melhor os recursos que nos permitem apresentar textos 
com coesão, coerência e concatenação de informações durante nossas interações sociais, 
fazemos melhor uso da língua dentro da comunidade linguística que integramos e maiores são 
nossas possibilidades de influenciar o mundo em que vivemos. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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