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Lauane Ferreira | módulo 128 | atm 26 Embriologia do Sistema Digestivo Introdução O intestino primitivo forma-se durante a 4ª semana quando ocorre a incorporação da parte dorsal do saco vitelino ao embrião durante o seu dobramento. O intestino primitivo forma praticamente todo o TGI e órgãos anexos e acompanha todo o comprimento do embrião. Lembrete: As extremidades são revestidas por membranas, a orofaríngea e a anal, e ao passar das semanas essas membranas são rompidas originando o estomodeu (cavidade oral) e o proctodeu (região anal) O endoderma do intestino primitivo dá origem à maior parte do epitélio e glândulas do trato digestivo. Dessa forma, o TGI é forrado por uma mucosa secretora originada desse endoderma, as exceções são as extremidades. → Epitélio da extremidade cranial - deriva do ectoderma (camada mais externa) do estomodeu. → Epitélio da extremidade caudal - deriva do ectoderma (camada mais externa) do proctodeu. # O canal anal será dividido em 2 regiões, uma de origem endodérmica e outra ectodérmica. O mesênquima esplâncnico será responsável por dar origem ao tecido muscular e conjuntivo de todo TGI. Intestino Primitivo É dividido em 3 partes: intestino anterior, intestino médio e intestino posterior. Essa divisão foi feita baseada na vascularização. ❖ Intestino Anterior Derivados: Faringe primitiva; Sistema respiratório inferior; Esôfago; Estômago; Duodeno (porção proximal); Fígado; Sistema biliar e Pâncreas. Suprimento: O tronco celíaco supre todos os derivados do intestino anterior exceto a faringe, o sistema respiratório e parte do esôfago. ➔ Formação do esôfago: O esôfago na verdade já está praticamente formado, uma vez que quando ocorre a incorporação já se forma um sistema tubular, então não há muitas mudanças para ocorrer. O esôfago desenvolve-se caudal à faringe primitiva e paralelo a ele vai estar brotando o divertículo traqueal → divisão da traqueia e do esôfago pelo septo traqueoesofágico. O esôfago é obstruído pela intensa proliferação epitelial e é recanalizado ao final da 8ª semana quando ocorre a apoptose das células centrais que mantinham o lúmen fechado → isso ocorre também no intestino. Epitélio e glândulas são originados a partir do endoderma | Músculo estriado (terço superior) é originado dos 4º e 6º arcos faríngeos | Músculo liso é originado do mesênquima circundante. Inervado pelo nervo vago. Lauane Ferreira | módulo 128 | atm 26 Más-formações: 1 - Atresia esofágica (perda de função do esôfago quando ele fica com o fundo cego → decorrente de uma má- formação no septo traqueoesofágico) 2 - Estenose esofágica (estreitamento da luz do esôfago → decorrente de uma falha no processo de recanalização) ➔ Formação do estômago Estrutura tubular simples que sofre uma ligeira dilatação na metade da 4ª semana orientada no plano médio do embrião → Essa dilatação se dará em 2 sentidos (vai crescendo dorsoventralmente) Durante as próximas 2 semanas, a face dorsal cresce mais rápido que a face ventral o que leva à formação da curvatura maior do estômago (em nós essa curvatura será à esquerda devido ao giro mostrado abaixo) O estômago gira 90º em sentido horário ao redor do eixo longitudinal: Borda ventral (pequena curvatura) se move para direita | Borda dorsal (grande curvatura) se move para esquerda | Região cranial se move um pouco para esquerda e ligeiramente para baixo | Região caudal se move um pouco para direita e para cima. Após a rotação: o estômago assume posição final com seu maior eixo quase transversal ao maior eixo do corpo. Se “deita” praticamente. Consequência da rotação para a inervação: Com a rotação, os nervos são levados juntos então → Vago esquerdo vai inervar a parede anterior do estômago | Vago direito vai inervar a parede posterior do estômago. Mesentérios do estômago: Todo o TGI está fixo nas paredes dorsal e ventral por mesentérios (membranas). Essas membranas são formadas junto ao desenvolvimento do TGI. O estômago é suspenso da parede dorsal da cavidade abdominal pelo mesogástrio dorsal primitivo Com a rotação do estômago, a grande curvatura que irá para a esquerda leva o mesogástrio dorsal para esquerda junto com ele → Formação da bolsa omental (pequeno saco peritoneal) Com o aumento do estômago, a bolsa se expande sobre os intestinos em desenvolvimento formando o grande omento O mesogástrio ventral adere estômago e duodeno ao fígado e à parede abdominal ventral. Lauane Ferreira | módulo 128 | atm 26 Má-formação: 1 - Estenose pilórica hipertrófica congênita (hipertrofia no piloro que é o esfíncter da saída do estomago, o que faz com que ele fique totalmente fechado dificultando a saída do conteúdo. Sintomas são vômitos intensos/explosivos/projetados de conteúdo gástrico devido ao acúmulo de leite nesse estomago) ➔ Formação do duodeno Marca o final do intestino anterior e início do intestino médio. O tubo se alonga formando uma alça em forma de “C” e com a rotação do estômago a alça gira para a direita. Suprimento: Suprido por ramos das artérias do tronco celíaco e mesentérica superior. Más-formações: 1 - Estenose duodenal (mesma coisa que o esôfago, a intensa proliferação epitelial irá fazer com que o lumen do duodeno até a oitava semana fique obliterado. Na oitava semana há a apoptose das células, o que faz com que o lúmen fique aberto e normal, mas se houver falha nesse processo de recanalização, ocasionará na estenose) 2 - Atresia duodenal (quando não ocorre a recanalização, consequentemente, não haverá abertura e ele perderá função. Normalmente ocorre distalmente à saída do ducto biliar → sinais clínicos serão de vômito intenso de conteúdo gástrico + bile) Lauane Ferreira | módulo 128 | atm 26 ➔ Formação do fígado e do aparelho biliar Fígado, vesícula biliar e ducto biliar surgem como um crescimento ventral na porção caudal do intestino anterior, início da 4ª semana = Divertículo hepático (é o brotamento que surge a partir do duodeno) O divertículo hepático prolifera e se divide em 2 partes: Porção cranial é maior – forma o primórdio do fígado | Porção caudal é menor – forma a vesícula biliar. Endoderma em proliferação diferencia-se nos hepatócitos (células hepáticas) Tecidos fibroso, hematopoiético e células de Kupffer (macrófagos hepáticos) derivam do mesênquima adjacente, principalmente do septo transverso → esse septo (separa a cavidade torácica da abdominal) contribui para a formação do diafragma O fígado cresce rapidamente da 5ª a 10ª semana e preenche grande parte da cavidade abdominal superior e na 9ª semana o fígado tem 10% do peso total do feto. - Hematopoese: tem início na 6ª semana (antes era a vesícula umbilical que tinha essa função). - Formação da bile: tem início na 12ª semana. → Formação do pâncreas Brotos pancreáticos (1 dorsal e 1 ventral): surgem na porção caudal do intestino anterior. Maior parte do pâncreas deriva do broto pancreático dorsal, que cresce rapidamente entre as camadas do mesogástrio dorsal. O broto ventral se desenvolve próximo a entrada do ducto biliar no duodeno e cresce entre as camadas do mesogástrio ventral. Rotação do duodeno: carrega o broto pancreático ventral junto com o ducto biliar → Fusão dos brotos pancreáticos e seus ductos se anastomosam. Broto ventral participará da formação da cabeça do pâncreas e o broto dorsal forma o corpo do pâncreas. Secreção de insulina: 10ª semana. Lauane Ferreira | módulo 128 | atm 26 Má-formação: 1 - Pâncreas anular (RARO; Resulta do crescimento de um broto pancreático ventral bífido. Quando giram formam um anel pancreático ao redor do duodeno, uma vez que ele é bifurcado e fica uma parte de cada lado do duodeno → Sintomas de obstrução intestinal parcial ou completa, pois aperta o duodeno) ❖ Intestino Médio Derivados: Intestino delgado (Jejuno e íleo); Ceco; Apêndice; Cólonascendente e 2/3 anteriores do cólon transverso. Suprimento: Todos são supridos pela artéria mesentérica superior Intestino médio se alonga formando uma alça ventral em forma de “U” que se projeta para o cordão umbilical = Herniação umbilical fisiológica → isso ocorre porque não tem espaço na cavidade abdominal já que o fígado ocupa praticamente todo ele. A porção cranial da alça cresce rapidamente formando as alças do intestino delgado. A porção caudal irá dar origem ao intestino grosso. Lauane Ferreira | módulo 128 | atm 26 Na seta da imagem ao lado consegue-se ver a herniação e as alças intestinais. Rotação da alça do intestino médio: Com a alça ainda no cordão umbilical, ocorre uma rotação de 90º no sentido anti-horário ao redor do eixo da artéria mesentérica superior. Isso leva a porção cranial (int. delgado) para a direita e a porção caudal (int. grosso) para a esquerda. Retração das alças intestinais: Com o aumento da cavidade abdominal, os intestinos retornam ao abdome → Décima semana O intestino delgado retorna primeiro ocupando a parte central do abdome. Intestino grosso sofre uma rotação adicional de 180º em sentido anti-horário vindo a ocupar o lado direito. Má-formação Onfalocele congênita (Persistência da herniação intestinal na parte proximal do cordão umbilical decorrente de uma falha na fusão das paredes abdominais na região do anel umbilical → conteúdo fica do lado de fora sendo o intestino o mais comum 1/5.000 ou então os órgãos abdominais como o fígado e o pâncreas 1/10.000) • 50% dos casos associados a anormalidades cromossômicas. • Cavidade abdominal fica proporcionalmente pequena pela falta de estímulo para seu crescimento. Lauane Ferreira | módulo 128 | atm 26 Figura 1: Onfalocele Figura 2: Gastrosquise ❖ Intestino Posterior Derivados: Terço distal do cólon transverso; Cólon descendente; Cólon sigmóide.; Reto e porção superior do canal anal; Epitélio da bexiga; Maior parte da uretra. Suprimento: Todos são supridos pela artéria mesentérica inferior Cloaca (região bem distal do intestino posterior) é dividida em uma parte dorsal e uma ventral por um crescimento mesenquimal que é o septo urorretal Parte Dorsal – forma o reto e a porção cranial do canal anal (2/3). Parte Ventral – forma o seio urogenital. Canal anal possui 2 origens → endodérmica (2/3 superiores) ectodérmica (1/3 inferior) Junção dos epitélios (ectoderma com endoderma) forma uma linha visível macroscopicamente = linha pectínea (não há sensibilidade dolorosa → importância clínica como carcinomas que não serão detectados de forma precoce) A mudança do epitélio anal de colunar para pavimentoso forma uma linha visível histologicamente = linha branca (possui sensibilidade dolorosa, tátil, pressão...) Hérnia umbilical: não é uma mal formação. É muito comum ao nascimento, pois a região do umbigo às vezes não está bem fechada e quando a criança tosse/espirra/chora, o conteúdo intestinal pode empurrar a pele do umbigo o que forma uma pequena hérnia. Isso é bem comum. Gastrosquise: é uma falha na fusão dos músculos da parede abdominal lateralmente. Haverá então uma abertura por onde as vísceras sairão e não haverá pele recobrindo. É mais comum que a onfalocele.
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