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O vestido de noiva e seu valor simbólico- Tradição e inovação

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O VESTIDO DE NOIVA E SEU
VALOR SIMBÓLICO: TRADIÇÃO E
INOVAÇÃO NO SÉCULO XXI
DOI: ESTE ARTIGO AINDA NÃO POSSUI DOI SOLICITAR AGORA!
PDF
ARTIGO ORIGINAL
DAGOSTIN, Isabel Lima , CARVALHO, Liliane 
DAGOSTIN, Isabel Lima. CARVALHO, Liliane. O vestido de
noiva e seu valor simbólico: Tradição e inovação no
século XXI. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do
Conhecimento. Ano 05, Ed. 12, Vol. 06, pp. 105-137. Dezembro
de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de
acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/historia/ves
tido-de-noiva
Contents [hide]
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
2. ENTRE A MODA E A TRADIÇÃO: CONTEXTUALIZANDO
HISTORICAMENTE
3. VERA WANG E A INOVAÇÃO NOS VESTIDOS DE NOIVA
COMTEMPORÂNEOS
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
RESUMO
De caráter bibliográfico e exploratório, este artigo aborda
aspectos como a tradição e a inovação, nos arranjos culturais,
sociais e ideológicos ao longo dos séculos, que permearam os
vestidos de noiva até a contemporaneidade. Busca então
Por Isabel Lima Dagostin - RC: 69755 - 22/12/2020
[1] [2]
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analisar a relação entre tradição e modernidade simbolizada no
vestido da noiva, percebendo de que forma casar em tempos
modernos, principalmente no século XXI, tornou-se um espaço
de legitimação de prestígio social. Para além dos estudos
históricos sobre o vestido de noiva, escolheu-se analisar a grife
Vera Wang como um ícone deste universo simbólico. Vestindo
nomes internacionalmente famosos e figuras da cultura pop, a
grife se sobressai pelo discurso da exclusividade e autenticidade
de suas criações. Mas pergunta-se: até que ponto, de fato,
consegue através do alinhamento entre tradição e moda criar e
inovar para construir uma nova moldura para a figura da noiva
do século XXI?
 Palavras-chave: Vestido de noiva, grife, valor simbólico.
1. INTRODUÇÃO
“Lá vem a noiva, de véu e grinalda, vestida de branco” – esta
frase de uma música popular traduz de maneira rápida o
vestuário tradicional que marcou as noivas ocidentais desde
meados do século XIX até a atualidade. Mas ao contrário desse
conceito tradicional dos vestidos de noiva, forjados como
modelo de feminilidade na Era Vitoriana, pode-se perceber que
o estilo vigente seguiu, ao longo dos séculos XX e XXI, o ritmo
da cultura, da economia e da política vivenciadas em cada
década. Moda e tradição ajudaram a condicionar, num vestido,
os sonhos, a realidade e valores estéticos de diferentes
gerações.
Os modelos tradicionais de união já não traduzem os valores
familiares que se diversificaram nas últimas décadas junto com
as lutas sociais. Assim, a famosa frase “e foram felizes para
sempre”, anunciada nas cerimônias de casamento em que o foco
das atenções invariavelmente estava na noiva como símbolo
máster do ideal familiar, perdeu seu sentido de eternidade, pois
! " # $
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foi reconfigurada pela facilidade de obter o divórcio,
resignificando o casamento, antes tido como instituição
indissolúvel. Ironicamente, ao mesmo tempo em que a
instituição é colocada em xeque, o cerimonial ganhou glamour
hollywoodiano. Neste contexto, o vestido tornou-se inclusive o
personagem principal de reality show internacional, marcando o
seu protagonismo na sociedade do espetáculo. Assim, este
artigo busca analisar a relação entre tradição e modernidade
simbolizada no vestido da noiva, percebendo de que forma casar
em tempos modernos, principalmente no século XXI, tornou-se
um espaço de legitimação de prestígio social. Para além dos
estudos históricos sobre o vestido de noiva, escolheu-se analisar
a grife Vera Wang como um ícone deste universo simbólico.
De caráter bibliográfico e exploratório, este artigo aborda
aspectos como a tradição e a inovação, nos arranjos culturais,
sociais e ideológicos ao longo dos séculos, que permearam os
vestidos de noiva até a contemporaneidade. Além disso, fez-se
um estudo sobre a grife Vera Wang e suas criações, buscando
entender como reestrutura e moderniza o vestido tradicional. A
escolha de Vera Wang se deu por seu reconhecimento
internacional neste campo onde, vestindo nomes
internacionalmente famosos e figuras da cultura pop, a grife se
sobressai pelo discurso da exclusividade e autenticidade de suas
criações. Mas pergunta-se: até que ponto, de fato, consegue
através do alinhamento entre tradição e moda criar e inovar
para construir uma nova moldura para a figura da noiva do
século XXI?
2. ENTRE A MODA E A TRADIÇÃO:
CONTEXTUALIZANDO
HISTORICAMENTE
O vestido de noiva, juntamente com o corpo feminino,
protagoniza uma simbiose que manifesta discursos e
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representações de feminilidade, prestígio e poder no meio social
contemporâneo. É possível visualizar os anseios sociais
impressos neste corpo vestido, tornando-o visível no campo dos
valores simbólicos ao longo do tempo histórico, operando as
relações entre o coletivo social e a individualidade. Segundo
Sant´Anna (2005, p.1) “o vestir é campo privilegiado da
experiência estética, permitindo na apropriação dos objetos da
vestimenta o usufruto de uma infinidade de signos que operam
a subjetividade de cada sujeito, diariamente”. É neste sentido
que a moda se promove como sistema culturalmente ativo na
sociedade contemporânea, estabelecendo paradoxos entre
tradição e inovação que se exprimem de maneira óbvia nos
vestidos de noivas.
Visando a moda como manifestação cultural, Lipovetsky (1991)
assinala que o individualismo dá uma maior importância à moda
como paródia lúdica na sociedade contemporânea. Assim, a
característica plural das sociedades ocidentais se integra aos
inúmeros formatos que os casamentos podem e são praticados,
gerando uma diversidade de variações em que os vestidos de
noiva se apresentam entrelaçados com a busca da própria
distinção entre si. Entre os valores estéticos de uma época e a
individualidade, a moda cria a inovação que individualiza ao
mesmo tempo em que a massifica, paradoxalmente
padronizando corpos e sentidos sociais (LIPOVETSKY, 1991).
Dessa forma, o corpo juntamente com o modelo é carregado de
valores simbólicos, construídos socialmente. Worsley (2010,
p.12) afirma que “o vestido de noiva é o traje mais caro,
glamoroso e especial que uma mulher irá vestir em toda a sua
vida. É também uma importante demonstração de estilo tanto
da noiva quanto do estilista”. A busca pelo poder social através
da posse dos elementos que configuram a novidade, que foi
instituída por um ato de criação e legitimada pela assinatura do
criador, é configurada pelo prestígio que se materializa no
vestido socialmente reconhecido.
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Ainda segundo Worsley (2010), tradicionalmente o vestido
branco representou honra e virgindade por parte da noiva e
suas formas tradicionalmente se associam com deusas, rainhas
e santas. Mas no século XXI tornou-se um ícone com diversas
possibilidades estéticas. Podendo ser envolvido de significados
pelo ritual sagrado do matrimônio ou apenas ser instrumento de
sedução em uma celebração sem compromisso eclesiástico, os
vestido de noiva historicamente acompanhou as lutas sociais
que reconfiguraram os papéis de gênero, mas não saiu da cena
familiar, delineando novos discursos de feminilidade, entre a
novidade e a tradição, por todas as décadas dos séculos XX e
XXI.
Vestidos de noiva, num sentido atualmente reconhecido do
termo, remontam ao século XIX. É neste século que se inicia a
construção visual e simbólica do vestido de noiva num sentido
tradicional. Até então não haviam elementos ou cores que
fossem facilmente reconhecidos no simbolismo do cerimonial,
valendo as cores vistosas e o luxo dos tecidos e acessórios como
diferencial da ocasião. A noiva, em fins do século XVIII e início
do século XIX, foi inspirada numa deusa clássica. O motivo da
cor branca não era por preceito religioso e sim porque as deusas
eram assim representadas nas estátuas antigas em mármores
brancosou róseos cujas cores originais foram lavadas pelo
tempo. O neoclassicismo e o movimento higienista, cada um
segundo suas próprias necessidades, ajudaram a instaurar o
branco como cor do luxo, da limpeza estética e social. Somente
na Era Vitoriana (reinado da Rainha Vitória na Inglaterra) a cor
passou a simbolizar a virgindade nas cerimônias religiosas de
casamento. No início do século, que se estende de 1800 até
1830, os vestidos de noiva feitos de algodão branco e bordado a
fio de prata lisa era uma grande ousadia, e escolher um branco
estrelado era ainda maior. Essa moda, assim como as suas
ideologias se originavam da França (TEIXEIRA,1996).
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O vestido era com cintura subida próximo ao busto as vezes
marcada com cetim, com um decote grande feito com tecido de
cetim ou apenas franzido, manga curta de balão, saia direita na
frente e franzida atrás formando cauda (figura 01). Na parte
inferior da saia era formado por fita de cetim ou rendado, seus
acessórios incluíam véus e leques (TEIXEIRA,1996). O modelo
seguia a moda corrente francesa e o estilo ficou conhecido como
Império. Em tempos contemporâneos é símbolo de elegância,
simplicidade e conforto, sendo constantemente revisitado por
noivas modernas que buscam o alongamento da silhueta e o
minimalismo das linhas, eliminando os excessos e mantendo
apenas o que é essencial no traje.
Figura 1: vestido neoclassicismo.
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Fonte: https://br.pinterest.com/pin/473229873316720406/. Acesso em março de 2020.
Em 1840 a Rainha Vitória se casa com o seu primo Alberto de
Saxe Coburgo-Gotha, alterando o modo de vestir das noivas ao
inaugurar um segundo romantismo, que será a imagem visual
dominante do século XIX, com armações sob a saia para dar
volume e a saia imensamente rodada por cima
(TEIXEIRA,1996). O corpo do vestido era justo terminando em
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bico na frente com decote grande arredondado e mangas curtas.
Possuía aplicação de folho de seda no corpo e nas mangas
formando florais com uma saia bem franzida, o complemento do
vestido era véu, grinalda, luvas, lenços e aplicação para os
cabelos (figura 2). Esse ainda hoje é um dos estilos mais
convencionais da composição do traje e as noivas
contemporâneas ainda usam flores como enfeites para os
cabelos, sejam estes feitos em coques, tranças ou até o mesmo
penteado ao estilo da Rainha Vitória, com tiaras ou arranjos. Da
mesma forma, a silhueta bem marcada foi revisitada ao longo
de todo o século e reforçada nos anos 1950 e 1980, tornando
ainda forte o formato em ponta do espartilho e a saia em
formato de sino.
Figura 2: vestido da Rainha Vitória.
Fonte: http://papelconvite.com.br/blog/o-incomparavel-vestido-da-noiva/vestido-da-
rainha-vitoria-em-exposicao-foto-reproducao/. Acesso em 25 de março de 2020.
Da mesmo forma que no estilo Império, o vestido romântico
seguia os ditames da moda corrente, exprimindo nos volumes
das mangas e quadris, na cintura marcada e no decote, a moda
romântica do século XIX e o reforço necessário das curvas
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femininas para os jogos de sedução dos salões movimentados
pela novidade das valsas. Segundo Teixeira (1996, p.62), “o
vestido era semelhante a vestido de baile e os decotes eram não
só permitidos como desejados, mesmo na Igreja. O formato
adapta-se à silhueta da moda, isto é, as saias são enormes com
um volume provocado pela armação interior – crinolina”. O
vestido era composto por duas peças, com o corpete muito justo
e espartilhado, além da crinolina, a aparência romântica acentua
o valor da grinalda.
A partir de 1853, com o casamento de Napoleão III com a
Imperatriz Eugênia de Montijo, a cor branca e as mantilhas de
renda reforçam o simbolismo de virgindade. A novidade estava
no uso dos cetins e das sedas moirée com efeitos de textura
marmorizada. Esse modelo de vestido se estende até 1860
desta vez armado com barba pelo interior e aberto atrás, decote
redondo bem fechado, frente e costas cortado aos panos
terminando em bico e a saia bem franzida na frente e atrás
(TEIXEIRA,1996).
Em 1870 surge a “tournure”, uma armação interior em forma de
gaiola que fazia exagerar o volume do traseiro e para onde se
devia focar o olhar: manifestação social do desejo, expressando
no traje uma grande sobrecarga ornamental (TEIXEIRA,1996).
Como é possível observar na figura 3, as revistas de moda
femininas traziam as propostas das modas correntes para os
vestidos de noiva.
Figura 3: Vestido de noiva nas revistas femininas de 1870 –
1875.
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Fonte: http://www.kajani.pl/Ryciny.html. Acesso em 20 março de 2020.
As vestes nupciais aparecem muito decoradas, utilizando grande
variedade de pequenos bouquet colocados a cintura, ao ombro e
no cabelo. As flores de laranjeira em forma de cera vêm dar
origem ao ramo de noiva (figura 4). O pequeno bouquet
colocado no peito passa para as mãos da noiva substituindo o
leque e o livrinho de oração; esse período da cultura
cosmopolita foi chamado de “belle époque” (TEIXEIRA,1996). A
silhueta da “belle époque”, de gola alta, tinha que aspirar que a
linha do pescoço fosse semelhante à da cintura e isso se dava
pelos espartilhos.
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Figura 4: As flores acompanham o traje 1890 – 1895.
Fonte: http://www.kajani.pl/images/ryciny/1882ifz-k2.JPG. Acesso em 20 março de
2020.
Na atualidade, os estilos de moda seguidos pelo século XIX são
constantemente relidos nos vestidos de casamento. Do império
de cintura alta aos espartilhos, crinolinas e armações que
salientam o traseiro, todos fazem parte do leque de opções
tradicionais dos vestidos de noiva.
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No final do século XIX e início do século XX, o estilo Belle
Époque acentuava as curvas do Art Nouveau no corpo feminino.
Os costureiros optaram por dar volume aos braços nas
chamadas “mangas presunto” e este modelo foi repetido nos
trajes de noiva como tendência para expressar o acerto na
moda, mesmo que a família fosse da classe mais modesta
(TEIXEIRA, 1996). O modelo desenha uma diagonal acentuada e
aparelhada pela renda, formando um corpo em S, e a saia tem a
forma de um sino ou de uma pétala virada para baixo, evocando
a aparência de uma flor e configurando a imagem idealizada da
mulher. Neste corpo espartilhado, o cetim e a renda deslizam
com as noivas (figura 5).
Antes da Primeira Guerra Mundial o estilo mudou para um
movimento mais geométrico, formas depuradas sendo continuas
até a década de 1930. Tudo era motivo de inspiração para
enriquecer o mercado da moda do século XX, e destacar o
impacto causado pelo exotismo do sabor oriental pela Revolução
Cultural Chinesa. As túnicas nupciais repetem os estilos
asiáticos, adaptados às texturas e aos gostos ocidentais e
europeus; com cortes retos sem destacar muito à silhueta,
decote redondo com gola alta e manga pelo cotovelo (Figura 6).
Figura 5: Vestido manga presunto.
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Fonte: https://br.pinterest.com/pin/AdhsokAR7bl66SI-oM8sEM9CXokp3u-
OH3DZpTOL2iD83sWHb3wbWz8/. Acesso em 25 de março de 2020.
Foi no contexto da Primeira Guerra Mundial que as mulheres
expandiram o acesso ao mercado de trabalho e lutaram pelo
direito ao voto e pela igualdade, dinamizando as lutas por
oportunidades que se estenderam pelo século XX. Essas
mulheres socialmente forjadas pela guerra, não queriam mais a
“linha princesa” condicionada pelo constrangimento dos
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espartilhos e da “tournure”. Inicia-se uma revolução na moda
refletindo o desejo da emancipação feminina: a tendência de
igualdade entre os sexos e o amor livre surgiram após a
mulheres substituírem a força de trabalho masculina em várias
áreas, obtendo independência econômica.
Figura 6. Vestido de 1910.
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/229472543499866473/ . Acesso em 25 de março
de 2020.
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Depois de quase 20 anos de Arte Nova, se esgotou o interesse
nas linhas orgânicas, abrindo caminho para o surgimento de
novas formas. A emancipação da mulher, a tendência de
igualdade entre os sexos e o amor livre surgiram após as
mulheres substituírem a força de trabalho masculina em várias
áreas, obtendo independência econômica. Na moda feminina
houveram mudanças radicais e passou-se a buscar uma linha
mais funcional, mudando o estilo para um movimento mais
geométrico, com formas depuradas sendo contínuas até a
década de 1930. A reação contra os exageros de curvas veio
com o “Art Déco” que se caracterizou por uma geometria
acentuada de formas aerodinâmicas, retilíneas, simétricas e
ziguezagueantes. A moda feminina aderiu com suas saias retas
e curtas e cabelos à “la garçonne” também em linha reta. As
mulheres, que haviam ocupado o lugar dos homens na Primeira
Guerra Mundial, faziam agora questão de mostrar sua
independência. (BOUCHER, 2010)
Na moda corrente e, consequentemente, nos vestidos de noiva,
os seios achatados, as cinturas baixas e as linhas geométricas,
tornaram andrógenos os corpos femininos. Segundo Nery
(2004, p.211), “a silhueta reta feminina simplificou e se
assemelhava a um tubo, os vestidos ficaram muito curtos e a
cintura baixou até os quadris e os chapéus “cloche” em forma de
penico, quase cobriam os olhos”. Os vestidos de noiva também
ficaram curtos para a grande cerimônia, no qual o joelho é
apenas aflorado pela moda, a cauda é cortada geometricamente
em retângulo e rebate no chão; os tecidos mais usados foram o
tule, o cetim e o crepe da China. A figura da mulher, um tanto
andrógena sem as tradicionais curvas, é composta por uma
maquiagem considerada audaciosa para a época, com o retoque
das sobrancelhas e a boca pintada em forma de coração (figuras
7). Este estilo característico dos “Anos Loucos” tem baixa
aceitação na contemporaneidade, não tendo significativas
releituras ao longo das últimas décadas.
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A cintura não existe e a roda do grande retângulo é apanhado
do lado esquerdo, as vezes feito aos panos com pregas. Corte
simples sem expressão por ser branco, mas que também foram
executados em outras cores e texturas, como tecido crepe ou
tafetá de seda creme. A graciosidade se dá pelas mangas que
são compridas e justas que terminam num ligeiro enviesado que
ondula. O decote era em forma de barco na frente e atrás.
Acompanhando o look para completar, véu e toucado. E a
revolução da moda da mulher nessa época era a maquiagem
com os cabelos curtos (TEIXEIRA,1996).
Figura 7: Vestido de noiva de 1920.
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Fonte: https://br.pinterest.com/pin/819303357186083125/. Acesso em 26 de março de
2020.
No contexto dos anos 1930, o militarismo reforçou a estrutura
em T nos corpos: quadris estreitos e ombros largos. Neste
contexto de crise, iniciado com a quebra da bolsa de Nova
Iorque em 1929, o luxo era ditado pelo cinema americano e
peles e tecidos luxuosos, claros e brilhantes, como seda e cetim,
se tornaram os diferenciais da época. Nos vestidos de noiva
usou-se muito o cetim cor pérola ou o veludo de seda branco, e
a principal característica é o modo como o tecido foi colocado
para ser cortado: o corte em viés tornava-o mais feminino e
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maleável acompanhando as curvas da mulher. Esse método
cortado aumenta a capacidade de se moldar e adaptar às
medidas da noiva, acompanhando uma imensa cauda
(TEIXEIRA, 1996). O corpo cortado com cintura subida
formando um bico, decote drapeado na frente e quadrado atrás,
a manga era comprida e justa com pinças no ombro, saia
cortado aos panos em viés com costura central e atrás
prolongando em cauda (Figura 8). Símbolo de elegância e
sensualidade, o que vai constituir a qualidade da noiva nessa
época é majestade, glamour e drapeados para adquirir impacto
num contexto de recessão econômica.
Na simplicidade do entre guerras, a roupa prática substituiu o
modismo. O tailleur, que compõe um casaco com uma saia ou
calça, virou um costume universal da mulher, com ombros
largos. Enquanto durou a guerra não houve grandes criações na
moda, os chapéus sofreram racionamento e foram substituídos
pelos lenços (turbantes) de cabeça virando um símbolo da época
em todas as camadas da população.
Figura 8. Vestido de noiva 1930.
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Fonte: https://br.pinterest.com/pin/610800768200195692/. Acesso em 27 de março de
2020.
No início da década de 1940 os vestidos de noiva se
expressavam na linha romântica e não era de se exibir muitos
luxos por questões financeiras que a guerra causou. As cores
eram em branco ou em tom pastel. Com a crescente moda do
tailleur, os vestidos na parte de cima passaram a imitar ternos.
A característica do traje é a divisão da silhueta em duas partes:
a saia levemente plissada cortada em viés muito fina e o corpo
em cima justo de outra textura e material (cetim) aberto na
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frente, onde desenha formas mais redondas e curvilíneas
prolongando para os lados, o decote é redondo igualmente
acompanhado de uma gola também redonda, a manga é
comprida e justa acompanhada de véu e grinalda (Figura 9).
Essa divisão é bastante original e inovadora, já que então, a
regra da noiva era o vestido inteiro (WORLEY, 2010).
Figura 9. Vestido de 1940.
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Fonte: https://br.pinterest.com/pin/830491987519810173/. Acesso em 27 de março de
2020.
Com o final da guerra o costureiro Christian Dior em 1947, para
incentivar as indústrias têxteis criou vários looks de saias. As
curvas voltam no mundo pós Segunda Guerra e voltaram a
reinar os babados e saias amplas, as cinturas de vespa e dos
bustos marcados (BOUCHER, 2010). Os anos 1950 são a década
do desejo intenso de viver e consumir. Ditado pelo american
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way of life, este contexto é definido por um modelo de família
patriarcal e retorno do feminino aos padrões tradicionais de
casamento com seus filhos baby boomers. Assim, as curvas que
foram esquecidas desde a Belle Époque voltam agora
assinalando este feminino socialmente convencionado.
Neste contexto, o new look de Dior, com os quadris largos, seios
pontudos e cintura fina, convence as noivas que começam a
gozar dos benefícios da paz e da prosperidade financeira
(TEIXEIRA, 1996). No início dos anos 1950, os vestidos de noiva
eram de cetim e seda, branco ou cor pérola; seus modelos se
caracterizaram por ter corpo justo com pences cortados na
cintura; pequeno decote, manga comprida e justa ou modelo
três quartos franzidas na parte superior; renda guipure ou renda
mecânica faziam parte do complemento do vestido. O elemento
principal eram as saias godês que, dependendo do modelo, se
prolongavam em grandes caudas.
Figura 10. Vestido de casamento de Grace Kelly com o Príncipe
Rainier III.
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Fonte: https://cinemaclassico.com/curiosidades/casamento-grace-kelly/. Acesso em 28
de março de 2020.
Seguindo as linhas do New look da época, um dos grandes
ícones em termos de vestido de noiva foi o usado por Grace
Kelly, atriz de cinema dos Estados Unidos, ao se casar com o
Príncipe Rainier III em abril de 1956. Sintetizando o espírito
romântico, que idealiza o papel da princesa para as meninas e
seu companheiro como o príncipe encantado, Kelly tornou-se
Princesa de Mônaco com o casamento. Assim, seu vestido
tornou-se a epítome do romantismo para noivas, assinalando a
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entrada em grande estilo numa nova vida.
Sendo um ícone da moda, o traje é referenciado até a
atualidade com os mesmos materiais e formato do vestido, do
toucado, do véu e dos pequenos detalhes do vestido sendo
executado em tule e renda. Seu vestido era de corpete de
renda, fixado de pérolas e ajustado na cintura; com
abotoamento frontal, decote de gola alto fechado, manga
compridajusta de renda (figura 10). A saia era plissada com
armação interior de tule; na cintura aplicação de cinto formado
da mesma seda até a altura do busto, cauda enorme na saia do
vestido acompanhado do véu e um toucado bordado com
pérolas, flores de laranjeira e renda bordada (WORSLEY, 2010).
Suas linhas são tão atuais, numa proposta de feminilidade que
ainda atende dentro da plataforma dos vestidos de noiva, que a
duquesa Kate Middleton se casou com a realeza britânica em
pleno século XXI, com um vestido que, segundo a imprensa da
época, teria sido inspirado no de Grace Kelly.
Apesar dos valores tradicionais ditados na década, despontava
ali as sementes da revolução jovem. Inspirados nas estéticas
jovens que tomaram as ruas, surge o prêt-à-porter, que significa
“pronto a vestir” e foi criada pelo estilista francês J.C. Weil, no
final de 1949, depois do fim da Segunda Guerra Mundial, foi o
auge da democratização da moda, que libertou a confecção da
imagem ruim associada ao dia-a-dia, ampliando e crescendo
esse campo de ação no mundo todo, diante da queda da alta
costura. Foi numa época em que a arte abstrata representava
uma nova expressão de liberdade interpretando quase sem
motivos figurativos. Assim, uma moda jovem começou a vigorar
querendo se diferenciar da moda usada pelas “peruas”, que
viviam o retrato do seu dia-a-dia deixado pela Segunda Guerra
Mundial. Esse conceito foi responsável pela democratização da
moda, se adequando as necessidades dos consumidores e
revolucionando a produção industrial na fabricação química em
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fibras sintéticas, poliéster e acrílicas, criando roupas em grande
escala com qualidade, praticidade e variedade de estilos e
preços. A prêt-à-porter começou a ditar novas tendências, e a
alta costura deixou de ser a única criadora e lançadora de moda.
(COSGRAVE, 2012)
A moda jovem deste período retoma as linhas geométricas e
tubolares, fizeram desaparecer a cintura e o busto, com o cinto
escorregando pelos quadris. Os vestidos ficaram mais estreitos e
curtos, calças cigarrete três quartos, suéteres, t-shirts, jeans e
paletós folgados com uma paleta de cores forte e delicadas das
mais variadas (LOUISE, 2004). Inicia-se uma estética despojada
associada a juventude, que introduzem aos anos 1960, uma
década conhecida pelo excesso do poder aquisitivo que levou à
comercialização de ídolos públicos, de James Bond aos Beatles
como jamais visto. A moda feminina era decidida pelos teens e
twees que se deu pelos vestidos mini, numa mistura de Era
Espacial com Pop Art. Existia uma diversidade de trends de
vários estilistas que encurtaram as saias mais do que fizeram os
anos 1920, e afastaram o ideal feminino da suavidade. As
tendências de estilo eram duras e geométricas e, como nem
todas as mulheres podiam adotar a minissaia, surgiram as capas
longas. Com a fabricação das fibras sintéticas, as peças
tornaram-se cada vez mais leves e resistentes (BOUCHER,
2010).
A revolução pop atingiu os vestidos de noiva, influenciados tanto
pelo traje cotidiano como pelo estilo gipsy soft. A principal
característica dos vestidos de noiva era a utilização do cetim
branco luminoso e mangas curtas ou raglã; nas cabeças eram
usadas coroas e a sutileza dos toucados (WORSLEY, 2010).
Figura 11: Despojamento juvenil na simplicidade das linhas dos
anos 1960.
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Fonte: https://br.pinterest.com/pin/784118985101469325/. Acesso em 29 de março de
2020
O decote em forma de barco discreto, optando mais pela
simplicidade de linhas mínimas e deixando de lado o desejo de
aparato que caracterizava os anos 1950. A parte de trás do
vestido é mais comprido que forma a cauda, bem longa e
rastejante e a sua dimensão impõe majestade ao andar durante
a passagem da noiva. Para os cabelos curtos cortados de forma
geométrica, linha rebelde da época (figura 11).
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Com a diversidade de estilos jovens e as indústrias da Alta
Costura e Prêt-à-porter, a ampliação de estilos será mais intensa
do que em outras épocas, ampliando as possibilidades do
discurso de moda na estética dos vestidos de noiva. Mesmo os
vestidos mini, suprassumo da rebeldia juvenil, fizeram sua
aparição no mais convencional dos eventos familiares: as bodas
(figura 12).
Figura 12: Casamento de Sharon Tate e Roman Polanski, em
1968.
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Fonte:https://www.vogue.pt/estilo/personalidades/detalhe/so_com_o_veu.html?
utm_campaign=Echobox&utm_medium=Social&utm_source=Facebook. Acesso em 29
de março de 2020.
Uma outra linha de vestido que surgiu no final da década de
1960, foi o formato sino que formava leves e ondulados leques
na barra, tecido de tafetá seda branca ou composto por tule e
organza. O decote era pequeno as vezes com aplicação de cós
alto, conforme a moda corrente da época (TEIXEIRA, 1996).
Manga podia ser comprida ou curta, a saia com linha êvase.
Essa linha de vestido se desprendia das lantejoulas, missangas
e vidrilhos, o que era desejável para uma noiva que queria ser
discreta e luminosa (figura 13).
Figura 13: Vestido de noiva dos anos 1960 em linha evasê.
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Fonte: https://br.pinterest.com/pin/455215474829917122/. Acesso em 29 de março de
2020.
Nos anos 1970, movimentos pela paz e pela diversidade
dinamizadas por jovens e grupos socialmente minoritários, como
mulheres, negros, LGBT e imigrantes, revolucionam a
sociedade, a cultura e a moda. Contra a Guerra e o consumo
excessivo que caracterizam o american way of life, entra em
foco o étnico como inspiração, assim como a natureza para uma
vida mais simples e saudável. Surgiu uma nova atmosfera mais
calma e comportada. O étnico e a volta à natureza, com a
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preocupação com a saúde e um estilo de vida mais simples,
fizeram com que grandes costureiros olhassem para o bem-
estar do corpo, lançando tecidos de caimento suave e criando
trajes folgados superpostos, agradáveis de usar, como tecidos
de algodão fino estampado com pequenos motivos florais e
chapéus de palha. (LOUISE, 2004).
Os casamentos ainda se remetem para a necessidade de manter
condições de impecabilidade e alinhamento, mesmo na época
das grandes mudanças sociais. Assim, os anos 1970 “são
marcados, simultaneamente por diversas tipologia de vanguarda
e pelo início do revivalismo que está normalmente relacionada
com o aproximar do fim do século e, neste caso, do milênio”.
(TEIXEIRA,1996, p.152). A novidade da década reforça um neo-
romantismo que traz as rendas e as nervuras de seda
evocadoras das blusas usadas no início do século.
Figura 14: Com ou sem véu, despojamento, renda e tule
marcaram a novidade dos vestidos de noiva dos anos 1970.
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Fonte: https://comunidade.casamentos.com.br/forum/vestidos-de-noiva-de-decadas-
passadas-1900-a-1990-decada-70-1970–t616587Acesso em 01 de abril de 2020.
O corpo é justo com gola alta, mangas de punho alto, acrescido
de saia redonda e franzida, com um corte muito simples. Era a
personagem camponesa simbolizando o retorno a natureza e do
estilo de vida mais simples e livre. Os penteados eram cabelos
lisos, soltos ou cacheados; era usado cada vez menos
maquiagem, mostrando uma beleza juvenil no aspecto natural
do rosto, podendo ou não ser emoldurado por véu e coroa de
flores na cabeça (figura 14).
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A década de 1980 foi marcada pelo espirito da competição. A
moda se pautou tanto pela novidade como pela convivência dos
modelos retrô, num exagero que tornou a silhueta mutante e
quase invisível debaixo de um grande volume de tecidos. Os
vestidos em geral ganharam cortes tanto retos quanto amplos,
os cabelos cacheados e selvagens; no contraponto, boinas,
quepes e gorros deram às cabeças um formato pequeno; as
maquiagens passaram a ser mais forte para os lábios e olhos.
As mulheres muito mais informadas sobre a moda em
andamentocomeçavam a criar seu próprio estilo (BOUCHER,
2010).
Nos vestidos de noiva, a preferência foi pelos modelos
principescos (faustoso e rico), com a ideia de ser rainha por um
dia que se instalou na mentalidade burguesa. A expressão
dominante residia nas mangas desenhando duas imensas
formas arredondadas de ambos os lados do corpo (TEIXEIRA,
1996). De resto o vestido apresenta fortes indícios românticos,
com corpete que termina em ponta ao gosto oitocentista,
bordados e pérolas, tecidos luxuosos, tudo volumoso e
exagerado (figura 15). Este estilo foi reforçado pelo casamento
do príncipe Charles com a jovem Lady Diana, em junho de 1981
no Reino Unido, e que foi considerado o “casamento do século”
e televisionado para o mundo todo. A estilista foi Elizabeth
Emanuel, que criou num vestido épico com imensas mangas
bufantes e babados em muitos metros de tafetá. O vestido era
justo na frente com bordados e pérolas, decote redondo com
babados e laços; a manga de balão armada com pregas unidas
no punho com babados e aplicação de renda guipir; a saia
rodada plissada com armação interior de tule e na barra
aplicação de renda, acompanhado de uma cauda enorme de
tafetá com renda guipir nas bordas e com véu do mesmo
comprimento da cauda.
O vestido da princesa Diana marcou a década, reforçando nos
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casamentos um estilo barroco que caracterizou a década. Já os
anos 1990 abandonaram a linha retrô. A moda, o cinema, a
música e a tecnologia já anunciavam o fim de uma era e o início
de um novo século, assinalando a globalização da última década
do século passado.
Figura 15. Vestido de Noiva de Lady Daiana em 1981.
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/384354149427157473/. Acesso em 02 de março de
2020.
Assim, os vestidos de noiva continuam seguindo uma linha
romântica, porém sem o exagero nas mangas, seguiu uma nova
gama de linha de vestidos por estilistas confeccionados que
apresentam uma variedade tipológica de conjuntos com a
vantagem de serem adquiridos por preços mais acessíveis,
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conjugando o melhor preço com a melhor peça. As
possibilidades de estilo nos vestidos de noiva dos anos 1990
foram imensas. Literalmente todos os estilos anteriores foram
relidos, pois havia uma maior dinâmica de atender ao gosto
pessoal das noivas, sem seguir uma moda padronizada. Dessa
forma, muito do luxo dos anos 1980 podem ser vistos ainda
nesta década, mas a novidade do período ficou por conta do
minimalismo: as linhas simples, tecidos e cabelos lisos, tudo
compondo um visual discreto cujo maior referencial foi a
estadunidense Carolyn Bessette-Kennedy (figura 16), quando
casou com John Kennedy Junior, considerados parte da
aristocracia política americana.
A partir da última década do século XX, a assinatura dos
estilistas criadores dos vestidos de noiva passou a ganhar maior
destaque nos eventos de casamento. Ganhando identidade
própria, o vestido de noiva passa a vigorar numa relação
paradoxal de importância com a própria cerimônia, na medida
em que esta perde seu caráter religioso e eterno, tornando-se
uma celebração social de rito social e familiar de passagem.
Assim, o casamento inicia sua escalada como um dos maiores
eventos de manifestação social em que se exibe prestígio e
poder, manifestados pelo aparato do evento, pelos ambientes
escolhidos, pelo vestuário assinado, pelas exibições públicas de
expertise dos noivos, madrinhas e padrinhos.
Figura 16: Vestido de Carolyn Bessette-Kennedy em 1996.
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Fonte: https://caras.sapo.pt/famosos/2020-09-21-10-visuais-de-noiva-que-marcaram-
a-decada-de-1990/#&gid=0&pid=9. Acesso em 03 de abril de 2020.
Quando ricos e famosos, tudo será noticiado nas mídias digitais
e impressas; quando pessoas comuns, ainda assim terão
divulgação online. Plataformas como o Youtube, hoje permitem
que conheçamos casamentos do mundo todo, vendo em
detalhes desde a preparação do evento até a partida para a lua
de mel. Neste grande reality show, o figurino adequado pede a
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assinatura do costureiro para legitimar o prestígio pessoal e
familiar.
Neste contexto, diferentes estilistas, como Oscar De La Renta e
Carolina Herrera entre outros, fogem de suas linhas costumeiras
e passam a assinar vestidos de noiva para celebridades. Criando
para nomes como Victoria Beckham, Uma Thurman e o clã
Kardashian, Vera Wang desponta como grife de reconhecimento
internacional para noivas, assinando os vestidos das mais
famosas e badaladas personalidades das últimas décadas.
3. VERA WANG E A INOVAÇÃO NOS
VESTIDOS DE NOIVA
COMTEMPORÂNEOS
As pretensões culturais sempre vão depender das condições
econômicas e técnicas e da capacidade de produzir um conjunto
de fatores que determina a moda em qualquer época. Hoje
sabemos que a moda virou um grande negócio e que é preciso
que se reinvente novidades no setor para que essa fonte não se
acabe. A boutique de grife de Vera Wang, por exemplo,
sobrevive com sucesso pois vende seu talento com um
marketing inteligente, pois a explosão da mídia e das redes
sociais impôs o badalado como regra. Segundo Lipovetsky
(1991), na sociedade moderna a novidade, “tornou-se fonte de
valor mundano, marca de excelência social; é preciso seguir “o
que se faz” de novo e adotar as últimas mudanças do momento:
o presente se impôs como o eixo temporal que reage uma face
superficial, mas prestigiosa da vida das elites. (LIPOVETSKY,
1991). As tendências ditam o claro ou o escuro, o gritante ou o
delicado, o extravagante ou o discreto. Mesmo que algumas
cores continuem tendo seu valor convencional, como a branco,
cor principal para as noivas, mas o sentido simbólico mudou
com a mudança social das últimas décadas. Não mais símbolo
de pureza e inocência, o branco no vestido de noiva tornou-se
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apenas convencional e tradicional, mantendo-se presente entre
as cores usadas nos casamentos do século XXI.
Vera Ellen Wang é uma designer de moda americana, com
ascendência chinesa, que cursou a faculdade de moda e
estilismo em Paris. Seu noivado foi o que definiu o futuro de sua
carreira: Wang desejava um vestido único e, insatisfeita com a
falta de opções nos vestidos de noiva, decidiu desenhar seu
próprio vestido. Confiante na sua carreira de estilista, no ano de
1990 e com a ajuda do pai, abriu sua boutique no luxuoso hotel
Carlyle, na Madison Avenue em Nova York. Wang é conceituada
por seu jeito audacioso e único de criar peças, tornando-se
referência para tanto para noivas modernas quanto para
celebridades como Mariah Carey, Jenniffer Lopez, Sharon Stone,
Victoria Beckham, Avril Lavigne e muitas outras personalidades
famosas.
A Grife de Vera Wang se destaca pela ousadia, a riqueza de
detalhes, a elegância e o luxo. Os vestidos são feitos o que há
de mais fino e rico, sempre dando ênfase as sedas, aos tules,
brocados, pedrarias, pérolas e rendas, mantendo assim o uso de
materiais tradicionais desse tipo de traje, mas nos seus desfiles
são vistas as cores vermelho e preto, bem inovadores, além dos
delicados vestidos tradicionais de princesas, que algumas noivas
não abrem mão. Segundo diferentes publicações online, a
dramaticidade nos vestidos de noiva é uma característica
marcante das peças de Wang.
Nos tempos atuais, a tradição dos vestidos está atrelada as
significações de consumo. Segundo a própria Vera Wang (LIMA,
2019) “eu me vejo com uma verdadeira modernista. Mesmo
quando faço um vestido tradicional, dou um toque moderno. E
recorro ao passado para pesquisar. Preciso saber o que veio
antes para poder quebrar as regras”. Conhecida como a rainha
dos casamentos do tapete vermelho, Wang é a referência para
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pensar a relação entre moda e tradição em vestidos de noiva
desde que iniciou na década de 1990. Escolheu-se aqui como
referência os vestidos das famosas que usaram Vera Wang, poisestas ajudaram na maior divulgação da relação entre o
tradicional e o moderno através de sua visibilidade, aumentando
o capital simbólico da grife Vera Wang, na medida que
aumentam o capital de prestígio social. O capital simbólico seria
então,
uma dádiva atribuída àqueles que possuem legitimidade
para impor categorias do pensamento e, portanto, uma
visão de mundo. Propriedade de poucos, o capital
simbólico e o capital social são recursos conquistados à
custa de muito investimento, tempo, dinheiro e
disposição pessoal. (BOURDIEU, 2004, p.10)
A assinatura do estilista define um valor distintivo ao vestido de
noiva, conferindo o prestígio do criador à noiva que o veste. Da
mesma forma, numa espécie de transferência de aura, o
prestígio da noiva legitima o do criador. Via de mão dupla, os
prestígios de ambos se reforçam mutuamente, aumentando o
capital de prestígio social de ambos. Esse poder de distinção
pode ser exercido por um grupo que ocupa determinada posição
na estrutura social, onde a importância de exibir-se equivale a
possibilidade de acesso ao consumo. Todos que terão acesso a
celebração da boda, seja por estarem presentes ou por meios
midiáticos, identificarão o prestígio da grife pelo conhecimento
de sua importância simbólica.
Assim, para falar de moda e tradição nos vestidos de noiva,
nada melhor que as criações de Vera Wang. Optou-se por
apenas alguns dos nomes mais famosos e midiáticos que
vestiram suas obras desde a década de 1990, assinalando a
importância da grife e, desta forma, mostrando o poder de
influência que seu nome têm como modulador de tendências
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nessa área, considerando o princípio da cópia prestigiosa
(LIPOVETISKY, 1989).
Antes mesmo das mídias digitais abalarem o universo da
informação massificada, em 1993, ainda no início da grife, Vera
Wang vestiu uma das divas mais badalada do show business da
época, Mariah Carey. Apesar da década ter inovado com o
minimalismo, o mais característico do período foi a combinação
mangas bufantes, corpete bordado e saiote tipo bolo (figura 17).
Nota-se, no entanto, um equilíbrio na composição que a torna
muito mais sutil que a década de 1980.
Figura 17: Mariah Carey e Tommy Mottola, em 1993.
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Fonte: https://glamurama.uol.com.br/no-dia-do-aniversario-de-vera-wang-9-famosas-
que-se-casaram-usando-suas-criacoes/ 27 março de 2020.
A outra famosa noiva desta década foi a Spice Girl Victória
Beckham que, em 1999, casou com o famoso jogador de futebol
David Beckham. O modelo era feito de cetim e levava decote
moderno, seguindo uma linha que é mantida como proposta até
a atualidade (figura 18). Referência do mundo da moda, Victória
ajudou a cimentar, no final da década, a importância do nome
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de Vera Wang.
Figura 18: Victória Beckham, em 1999.
Fonte: https://glamurama.uol.com.br/no-dia-do-aniversario-de-vera-wang-9-famosas-
que-se-casaram-usando-suas-criacoes/ 27 março de 2020.
Outro nome com reconhecimento social, Ivanka Trump, filha do
magnata Donald Trump, casou-se em 2009 usando um vestido
feito com rendas Lyon e Chantilly e inspirado no icônico vestido
de noiva usado por Grace Kelly, que se casou em 1956. Seu
vestido tinha corpete justo e rendado na parte superior de gola
alta, com uma saia rodada de armação de tule acompanhado de
uma imensa cauda (figura 19).
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Das famosas Kardashian, a primeira a vestir Vera Wang, ainda
em 2009, foi Khloé Kardashian, quando casou com o famoso
jogador da NBA Lamar Odom. Khloé Kardashian usou 2 vestidos
de Wang na ocasião: um para a cerimônia religiosa e outro para
a festa. Segundo as notícias da época, a noiva pediu que o
vestido fosse elegante, charmoso e sensual. Um cinto na cor
lilás, uma das cores preferidas de Khloé, trouxe um toque de
modernidade, quebrando com o branco absoluto. Para fechar o
look, Khloé escolheu um véu comprido, mas não muito longo, e
usou os cabelos soltos e ondulados (figura 20). Na recepção, um
segundo vestido mais ao estilo minimalista anos 1990: leve em
cetim, com decote em V no busto e nas costas, detalhe de
pedras nas alças e um drapeado ao longo da cintura da noiva.
(figura 21)
Figura 19: Ivanka Trump e Jared Kushner, em 2009.
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Fonte: https://glamurama.uol.com.br/no-dia-do-aniversario-de-vera-wang-9-famosas-
que-se-casaram-usando-suas-criacoes/ 27 março de 2020.
Da mesma forma que a irmã Khloé, a socialite Kim Kardashian
quando casou em 2011 com o jogador Kris Humphries, vestiu 
Vera Wang. Dessa vez, 3 vestidos brancos foram usados em
todo e evento. O primeiro, usado na cerimônia, era um vestido
linha princesa tomara-que-caia de renda, deslumbrante e
sensual ao mesmo tempo (figura 22). Seu vestido possuía uma
silhueta bem marcada formando um bico na frente e saia em
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linha princesa todo estruturado em tule e com volume,
remetendo aos vestido tradicionais românticos. valorizava suas
famosas curvas. Os cabelos foram presos em um coque clássico
e um longo véu com flores bordadas em sua barra.
Para a primeira dança dos noivos, foi usado um segundo
modelo, num estilo sereia com muito volume na barra. O corpo
ajustado realçava as famosas curvas da socialite (figura 23). Por
fim, o último vestido foi usado na hora de cortar o bolo e para
aproveitar a última parte da festa. Inspirado nas clássicas
atrizes de cinema dos anos 1930, o modelo em cetim era justo
ao corpo e mais solto na base. (figura 24)
Figura 20: Khloé Kardashian, em 2009.
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Fonte https://noivasdetroia.wordpress.com/tag/khloe-kardashian-vestido-de-noiva/ 27
março de 2020.
Figura 21: Khloé Kardashian. Recepção de casamento, em 2009.
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Fonte https://noivasdetroia.wordpress.com/tag/khloe-kardashian-vestido-de-noiva/ 27
março de 2020.
Figura 22: Kim Kardashian e jogador Kris Humphries, 2011.
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Fonte: https://enfimnoivei.com/casamento-kim-kardashian/. Acesso em 18 de maio de
2020.
Figura 23: Kim Kardashian. Vestido da dança, em 2011.
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Fonte https://noivasdetroia.wordpress.com/tag/khloe-kardashian-vestido-de-noiva/ 27
março de 2020.
Figura 24: Kim Kardashian. Recepção de casamento, em 2011.
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Fonte https://noivasdetroia.wordpress.com/tag/khloe-kardashian-vestido-de-noiva/ 27
março de 2020.
Outra famosa que vestiu Wang foi Alicia Keys quando se casou
com Kasseem Dean em 2010 (figura 25). A cantora usou um
vestido marcado abaixo do seio e de um ombro só, inspirado
nas vestes das deusas gregas do início do século XIX. Com o
cabelo preso e adornado com arco poderoso de diamantes. Vera
Wang juntou detalhes ricos dando um toque de modernidade ao
estilo de época.
Figura 25. Alicia Keys e Kasseem Dean.
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Fonte: https://glamurama.uol.com.br/no-dia-do-aniversario-de-vera-wang-9-famosas-
que-se-casaram-usando-suas-criacoes/. Acesso em 19 de maio de 2020.
Figura 26: Lily Aldridge e Caleb Followill.
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Fonte: https://glamurama.uol.com.br/no-dia-do-aniversario-de-vera-wang-9-famosas-
que-se-casaram-usando-suas-criacoes/. Acesso em 19 de maio de 2020.
Também em 2011, a modelo Lily Aldridge, angel da Victoria
Secrets, casou-se com o vocalista da banda Kings of Leon, Caleb
Followill. Com um vestido Vera Wang. A angel usou um vestido
tomara que caia rendado, num estilo de uma noiva sofisticada e
minimalista. Este estilo minimalista, originário da década de
1960 e retomado nos anos 1990, mantem-se atual e ao gosto
muitas noivas de hoje.
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Para além dos vestidos de eventos reais, há ainda os filmes e
séries usando suas peças para figurino. Destacam-se os usados
por Fran Donoll, em “O Casamento dos Meus Sonhos” (2001);
pelas duas protagonistas em“Noivas em guerra” (2009); a
personagem Blair Waldorf, em “Gossip Girl” (2007 – 2012); e
Madeleine Stowe, em “Revenge” (2011). Isso citando os mais
conhecidos. Em todas as produções, renda, tule, drapeados e
babados são a marca registrada, estabelecendo a relação entre
moda e tradição que compõe o estilo não só da grife, mas da
atualidade.
Atualizando a composição visual, mas apostando em elementos
tradicionais que distinguem o vestido de noiva dos vestidos de
festa convencionais, Vera Wang consegue aliar moda e tradição.
Sua assinatura tornou-se demonstração de poder e prestígio
entre as noivas famosas, reforçando o consumo hedonista.
Como explica Lipovetsky (2007, p.96):
Durante mais de dois séculos, o moderno processo de
emancipação do indivíduo realizou-se pelo direito e pela
política, pela produção e pela ciência; a segunda
metade do século XX prolongou essa dinâmica pelo
consumo e os meios de comunicação de massa.
Destruição das práticas tradicionais, alienação e
descrença, vida à la carte, investimento excessivo nos
gozos privados: organiza-se uma nova cultura, na qual
o consumismo, os cultos do corpo e do psicologismo, as
paixões por autonomia e realização individuais fizeram
da relação consigo mesmo uma dimensão dotada de um
relevo excepcional. Narciso é sua figura emblemática.
A experiência emocional de usar um vestido assinado pela
estilista Vera Wang é uma forma válida de explicar o consumo,
principalmente para o traje de um evento importante como o
matrimônio. A grife estimula esse consumo emocional, na
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medida que cobre de prestígio e glamour um dos momentos
tradicionalmente mais emblemáticos da vida social das
mulheres. Possuir a grife é revestir-se de sentidos que
ultrapassam a história individual, permitindo que haja uma
resignificação do indivíduo a partir dos simbolismos culturais
que a marca possui e agrega. O capital simbólico da grife
legitima o poder de consagrar da qual o criador e a grife se
revestem e, com Vera Wang, moda e tradição consagram a
atualidade das noivas deste início de século.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sonho e glamour: este é o universo que permeia as noivas e
celebridades famosas na Grife de Vera Wang no desejo de
consumo dos seus vestidos. A ressignificação da cultura das
aparências das décadas anteriores é o que provoca a
comunicação estética no dia do casamento, pois a noiva idealiza
seu vestido dos sonhos e Vera Wang procura trazer a imagem
do passado diante da nova vida que se iniciará o vestido como
natural e legítimo. Através do aperfeiçoamento da modelagem e
do tecido se torna detentora de um capital simbólico com valor
agregado de desejo de consumo para além do produto.
Através de pesquisas bibliográficas, buscou-se mostrar aqui
umas das mais antigas tradições ainda em uso pela busca da
legitimidade no espaço social através da Grife. A cultura da
noiva gera segurança para buscar novas criações e decisões
estéticas do vestido de noiva que é a base da linguagem visual,
é resgatar aquilo que foi moda e aperfeiçoar o que já existiu
fazendo novas criações dos valores culturais.
Pensando nesse contexto, tive a motivação de comprovar a
hipótese confrontando as décadas passadas através de imagens
trazendo para a contemporaneidade esses arranjos sociais de
linguagem no século XXI, dinamizados pelo individualismo
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moderno e pela sociedade do consumo. A grife de Vera Wang
mostra que na contemporaneidade um vestido de noiva não é
apenas um vestido, é todo um universo que o compõe, o
justifica e nele se realiza.
REFERÊNCIAS
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 Pós-graduação.
 Orientadora. Mestrado em História.
Enviado: Novembro, 2020.
Aprovado: Dezembro, 2020.
Isabel Lima Dagostin
Pós-graduação.
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