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O SURGIMENTO DA ROUPA E O ATO DE SE COBRIR 
1 - Indumentária na pré-história 
A pré-história é o extenso período que antecede o aparecimento da escrita e do uso dos metais. 
A primeira descoberta cultural importante do homem foi a invenção da arte. Na pintura, na 
gravura, na escultura foram expressos pensamentos por meio de símbolos. As mais antigas 
obras primas da arte surgiram há milhares de anos na era da pedra lascada, no Paleolítico, em 
cavernas no centro da Europa. 
O período posterior chamado Neolítico, foi relativamente curto em relação a toda pré-história, ele 
começou de fato na mesopotâmia e estendeu-se lentamente, em suas evoluções por meio da 
navegação, ao Egito e à Anatólia, chegando ao sul da Europa. 
Os grupos pré-históricos eram nômades e se deslocavam de acordo com a necessidade de obter 
alimentos. Durante o período neolítico essa situação sofreu mudanças, desenvolveram-se as 
primeiras formas de agricultura e consequentemente o grupo humano passou a se fixar por mais 
tempo em uma mesma região, mas ainda utilizavam-se de abrigos naturais ou fabricados com 
fibras vegetais ao mesmo tempo em que passaram a construir monumentos de pedras colossais, 
que serviam de câmaras mortuárias ou de templos. Raras as construções que serviam de 
habitação. Essas pedras pesavam mais de três toneladas, fato que requeria o trabalho de muitos 
homens e o conhecimento da alavanca. 
As roupas do homem da pré-história eram feitas de pele de animais e era necessário trabalhar 
a pele para que ela ficasse viável de ser usada e não prejudicasse os movimentos dos homens 
que iam à caça. Era necessário tentar dar-lhes forma e torná-las maleáveis, uma vez que secas 
também ficavam muito duras e de difícil trato. 
Ambas as técnicas não eram eficientes e com o tempo foram evoluindo. O primeiro passo foi o 
uso de óleos de animais que mantinham as peles maleáveis por mais tempo, pois demoravam 
mais para secar. Até que finalmente se descobriu as técnicas de curtimento, quando se passou 
a usar o ácido tânico (tanino) contido na casca de determinadas árvores (carvalho e salgueiro) 
para tornar as peles permanentemente maleáveis e também impermeáveis. Essas peles eram 
presas ao corpo com as próprias garras dos animais, usando-se nervos, tendões e até fios da 
crina ou do rabo do cavalo. Neste período, as peles que eram colocadas no ombro do homem 
primitivo impediam-lhe os movimentos. 
Ainda no período da pré-história, se tem início a fabricação de tecidos, mesmo que ainda de 
forma artesanal e primitiva. 
Com o tempo os avanços e aprimoramentos foram surgindo tornando possível a produção de 
peças como saiotes adornados com franjas, conchas, sementes, pedras coloridas, garras e 
dentes de animais. E foi a partir das necessidades físicas humanas que as diferentes formas do 
vestuário evoluíram. 
2 - O período paleolítico superior e o neolítico: em busca da forma. 
2.1 Localização temporal do paleolítico superior e neolítico. A historiografia propõe que a pré-
história seja dividida em três períodos: 
Paleolítico Inferior (cerca de 500.000 a. c.) 
Paleolítico Superior (aproximadamente 30.000 a. c.) 
Neolítico (aproximadamente 10.000 a. c. a 1.000 a.C.) 
2.2 Paleolítico Superior (ou Pedra Lascada): características socioculturais e artísticas 
- Pinturas encontradas nas cavernas de Niaux, Font- de-Gaume e Lacaux (França) e 
Altamira (Espanha) 
- Primeiras expressões extremamente simples: traços nas paredes ou "mãos em 
negativo". 
- Principal característica: Naturalismo (Pintavam do modo como viam) 
- Primeiras manifestações estão impregnadas de magia e ligadas à religião. 
- Pinturas rupestres seriam manifestações de caçadores, o pintor-caçador acreditava 
ter poder sobre o animal desde que? possuísse? sua imagem. 
- Capacidade de interpretação da natureza: imagens que representam animais temidos 
estão carregadas de traços que revelam força e movimento enquanto que animais 
como a rena e o cavalo revelam beleza e fragilidade. 
- As esculturas e pinturas produzidas no Paleolítico Superior retratavam figuras 
femininas, como as Vênus encontradas na França, Itália e Rússia. 
2.3 Neolítico (ou Idade da Pedra Polida): características socioculturais e artísticas 
- Descoberta do Fogo 
- Regime de comunidades primitivas 
- Descoberta da agricultura (de subsistência) permitiu o sedentarismo e daí a 
domesticação de animais (Rev. Neolítica) 
- Desenvolvimento de técnicas para construção de utensílios (armas, vasos etc.) 
- Surgimento da cerâmica: usada para revestir os utensílios e impermeabilizá-los 
- Aumento da densidade populacional e existência de uma organização social para 
controle das atividades comunitárias. 
- Técnica de tecer e construção das primeiras moradas
 
3 - Mesopotâmia 
Mesopotâmia é a denominação dada a um grande planalto localizado no Oriente Médio, 
delimitado entre os vales do Tigre e Eufrates. Seu nome significa entre dois rios, e corresponde 
ao atual território do Iraque. 
Vários povos habitaram essa região entre os séculos V e I a.C.. Sua permanência foi 
ajudada pelas cheias constantes dos rios, que tornavam as terras ao redor férteis, 
proporcionando a agricultura, além disso, desfrutavam de água para o consumo, pesca e uma 
via de transporte muito útil. 
Essa região, chamada de Crescente fértil, está situada numa área aonde a maior parte 
das terras é muito árida para qualquer cultivo. Uma espécie de oásis no deserto. 
Todo esse contexto, fez desse local um terreno ideal para migrações e alvo de disputas, 
causando o fim e aparecimento de novos povos decorrentes das invasões, entre eles: os 
Sumérios, os Babilônios e Assírios. 
A Mesopotâmia é considerada um dos berços da humanidade, pois aí que surgiram as 
primeiras civilizações. A partir do século III a.C., cidades como Ur, Uruk, Nipur, Kish, Lagash se 
desenvolvem e a atividade comercial entre elas se torna mais intensa. 
Elas são parte integrante da civilização sumeriana, tida como a primeira do espaço 
mesopotâmico. Seu crescimento foi acompanhado por um desenvolvimento de um complexo 
sistema hidráulico, que evitava inundações nas cheias e garantia o armazenamento de água, o 
que criou uma ferramenta de irrigação avançada para as plantações. 
Com grande autonomia, os mesopotâmicos não se caracterizavam pela construção de 
uma unidade política. Predominavam os pequenos Estados, que tinham seu centro político, 
formando as Cidades-Estado. Cada uma controlava seu próprio território, com burocracias e 
governos independentes. 
Sempre monárquicos, os governos tinham o poder real de origem divina, num misto de 
religião e política. Devido à algumas limitações de vestígios arqueológicos, uma das fontes de 
pesquisa para o estudo da região, vem de documentos não encontrados nessa área e de trechos 
da Bíblia. 
Pequena cronologia da região: 
•De 6.000 a.C. à 5.000 a.C. -> Primeiras ocupações, início da agricultura, desenvolvimento de 
técnicas para a fixação no local. 
•De 3.500 a.C. à 3.000 a.C. -> Surgem as primeiras cidades, início da civilização Sumeriana e a 
criação do primeiro sistema de escrita e numérico 
•2.000 a.C. -> Consolidação da civilização Assíria 
•De 1.900 a.C. à 1.200 a.C. -> Primeiro Império Babilônico e a criação do Código de Hamurabi 
•1.200 a.C. -> Dominação Assíria sobre a Babilônica 
•1.100 a.C. -> Segundo Império Babilônico 
3.1 - Religião 
Os povos mesopotâmicos eram politeístas (acreditavam em vários deuses), que 
poderiam praticar tanto o bem quanto o mal. Geralmente atribuídos à elementos da natureza 
(chuva, vento, água, Sol, Lua) eram representados com uma imagem semelhante a dos seres 
humanos. 
O líder político-religioso recebia o nome de Patesi. 
Cada cidade possuía seus próprios deuses, porém existiam algumas divindades aceitas 
por todas. 
O centro religioso era o Templo, que era a casa dos deuses na cidade. Nele, só podiam 
entrar os sacerdotes, que eram responsáveis pelo seu cuidado e trabalhavam como 
intermediários entre os deusese os humanos. Sua função era fazer com que eles atendessem 
as necessidades da comunidade. 
Os deuses, através dos sacerdotes, emprestavam aos camponeses animais, sementes, 
materiais e o arrendamento dos campos, como pagamento a esse empréstimo, os trabalhadores 
faziam uma oferenda. Com a necessidade de controlar os empréstimos e pagamentos, 
necessários para o controle de riquezas do templo, iniciou-se o sistema de contagem e escrita, 
chamada Cuneiforme. 
3.2 - Escrita 
A escrita cuneiforme foi criada pelos sumérios, porém foram usadas por muitos povos 
da mesopotâmia como os sírios, hebreus, persas e mais tarde os babilônicos e assírios. 
A designação dada a esse tipo de escrita é porque ela é feita com o auxílio de objetos 
em forma de cunha. Os primeiros registros foram gravados em tábuas de argila, em sequências 
verticais de escrita com um estilete feito de cana que gravava traços verticais, horizontais e 
oblíquos. 
Para registar o escrito a tábua poderia ser queimada, porém para as tarefas do dia a dia 
não era necessário. Grande parte dos registros encontrados foram queimados em ataques 
incendiários de exércitos inimigos. 
3.3 - Sumérios 
Os sumerianos se estabeleceram ao norte do Golfo Pérsico, e acredita-se que eram de 
uma etnia próxima aos dos egípcios. 
Suas cidades eram construídas sobre vastos terraços artificiais. O ponto alto dessa 
civilização foi o reinado de 
Ur-Nammur, que construiu os famosos Zigurates. 
Eles eram uma forma de templo, construídos em forma de pirâmides, porém mais baixas. 
Tinham vários andares, de 2 a 7, sendo que quanto mais elevado, menor a área construída. 
Eram decorados com adornos envidraçados coloridos, e o acesso ao templo (localizado 
no topo) era feito por uma série de rampas espiraladas que iam da base ao cume. Eram usados 
para armazenamento e tinha a finalidade religiosa também. 
O mais famoso Zigurate é o Marduque ou Torre de Babel, situado na Babilônia. 
3.3.1 - Indumentária dos Sumérios (antes de 2000 a. C.) 
Intensa utilização de peles dos animais, em especial a lã. 
Kaunakés: uma forma primitiva de tanga, enrolada na cintura com a pele de carneiro. 
Faziam tufos torcidos com a lã da pele, dispostos simetricamente em babados. 
Mais tarde a tanga transformou-se em saia, e os tufos se resumiram a uma franja. 
Principais Características: 
-franjas;
 
-muitas saias,
 
-mantos e capas;
 
-xales de lã de tamanhos variados;
 
-xale longo enrolado sobre o corpo com um ombro descoberto;
 
-mulheres com trajes longos, cobrindo o colo;
 
-uso dos véus;
 
-crânio raspado, barba frisada, arrumada ou cabelos longos frisados.
 
-torso nu;
 
-andavam descalços. 
Nas mais antigas representações, os sumérios vestiam basicamente pele e peleterias 
(couro com pelagem) enrolados na cintura numa espécie de “saia”. As pelagens eram com fios 
longos, em especial, pele de carneiro. Essas peleterias eram costuradas umas as outras em 
forma de listras horizontais ou onduladas, sobre essas saias e mantos, formando uma 
indumentária completa. 
Durante o II e III milênios, o termo KAUNAKE se aplica a esse tipo de roupa, designando 
não um tecido, mas uma forma. Desse período até 400 a.C., as peleterias foram substituídas por 
tecidos que imitavam o efeito da lã de cabra. 
O nome kaunake permanece, porém, designando esse novo têxtil que se assemelha a 
pele de carneiro ou cabra, com fios longos e pelagem externa, que aparecem de maneira regular, 
frequentemente feitas em carreiras, parecendo babados. 
Seu uso era feito tanto por homens quanto por mulheres, diferenciado apenas na forma 
disposta no corpo. 
Além dele, outro material utilizado, um tecido com ou sem franjas, que poderia ser liso 
ou ornamentado, com padrões geométricos como quadriculados ou losangos. 
Por volta de 500 a.C., foram encontrados vestígios de um outro material, bem mais fino, 
que possuía o aspecto de uma malha. Isso representava uma grande evolução têxtil. 
As peças feitas retangularmente sobre o tear vertical, também se apresentavam mais 
maleáveis e eram usadas sem nenhuma transformação, sendo meramente enroladas de 
diversas maneiras. Um saiote caindo até o meio das pernas constitui uma das representações 
mais antigas da “forma primitiva” do traje sumeriano. Essa peça, poderia apresentar várias 
camadas de kaunakes, franzidos na cintura, que eram mantidos apertados em torno dos quadris, 
utilizando um cinto, que era amarrado na parte de trás com um nó. 
O longo xale de lã representa também uma das mais antigas peças do vestuário 
sumeriano, é possível que no início do III milênio, os homens do povo tenham o enrolado na 
cintura. 
Ele passa a ser usado como saiote, e sua extremidade puxada sobre o ombro esquerdo. 
Algumas vezes usados por homens, essa estrutura constituía basicamente o vestuário das 
mulheres, que seguravam o tecido no ombro por meio de uma fíbula (alfinete) no qual poderia 
ser pendurado um fio de pérolas ou um pingente representando o selo da sua família. Tanto o 
xale solto, o saiote com o peitoral coberto, eram contemporâneos, assim como o vestido inteiro 
feito em kaunakes com decote arredondado, mangas até o antebraço. 
Alguns monumentos apresentam representações de tecidos quadriculados ou cobertos 
de pequenos círculos aplicados e marcados no centro por um ponto em cruz, talvez lantejoulas 
ou contas de ouro, de lápis-lazúli, ágata ou coralina, costuradas sobre a roupa. 
As franjas e bordados surgem aproximadamente no séc. XXVII a.C. e foram usados até 
330 a.C. 
Não há grandes descobertas de tecidos em escavações, porque ao contrário do Egito, o 
clima não era tão favorável e os mortos eram sepultados nus (com exceção da família real). A 
nudez em vida não era bem vista, mas no caso da morte e dos sacerdotes (em suas 
representações), era permitido, afim de não sacralizar a vestimenta nem correr o risco de 
desagradar as divindades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A INDUMENTÁRIA NA ANTIGUIDADE: EGÍPCIA, GREGA, ROMANA E BIZANTINA. 
 
1- Indumentária Egípcia 
A civilização egípcia é datada do ano 4000 A.C e se desenvolveu no Nordeste da África, 
numa região predominantemente desértica, no fértil vale do rio Nilo, que beneficiando-se do seu 
regime de cheias, graças a um eficiente sistema natural para transportar e depositar em suas 
margens uma série de nutrientes, conseguiu transformar a aridez do deserto em terras cultiváveis 
altamente produtivas. Através do Nilo, os egípcios tinham possibilidade também de transportar 
mercadorias, pessoas, podiam consumir água, pescar e ainda cultivar hortaliças. 
Segundo o historiador grego Heródoto, "O Egito é uma dádiva do Nilo". 
Em 1525 a. C. foram dominados pelos persas/ gregos/ macedônios/ romanos/ árabes/ 
turcos/ ingleses. Somente no século XX conseguiram recuperar sua autonomia politica. 
 
Sobre os egípcios: 
• Politeístas - deuses antropozoomorfos; acreditavam na vida após a morte; 
• Culto aos mortos; 
• Técnicas de mumificação. 
• Atividades agrícolas (trigo, cevada, linho, algodão, papiro, etc.); 
• Criação de animais, pesca, artesanato, produção de tecidos, vidros e navios. 
• Conhecimentos sobre Medicina, Matemática, Astronomia, Escultura, Pintura. 
• Escrita egípcia - permitiu a divulgação de ideias e comunicação, sendo de extrema 
importância para este povo. 
 
 
 
Indumentária dos Egípcios: 
No Antigo Egito símbolos de vaidade, beleza e ostentação, sempre foram características 
marcantes de seu povo. Mesmo os menos afortunados gostavam de usar uma série de adereços 
por eles criados para marcar suas relações sociais e do dia-a-dia. Acessórios ricamente 
ornamentados são uma das características principais do Egito Antigo. 
A roupa era basicamente saiotes plissados amarrados ao corpo, feitos de linho. 
Os faraós, além do saiote curto, usavam para cobrir todo o corpo com uma capa de pele 
de leopardo curtida, que incluía as quatro patas e a calda do animal. As próprias garras do bicho 
eram usadas como presilha. 
A principal cor usadaé branco, pela dificuldade de tingimento do tecido, cores como 
vermelho, tinham tintas extraídas da flor do açafrão, enquanto que o azul era obtido do índigo. 
Bordas coloridas e bordadas são vistas posteriormente, com faixas coloridas mais largas 
colocadas em ambos os lados de uma série de riscos mais finos foi uma combinação muito 
popular. 
 
• Uso generalizado do linho branco. 
• Drapeados, transparências. 
• Mudanças mínimas em um período de mais ou menos 3000 anos/ estaticidade. 
• Chanti = traje característico masculino. Espécie de tanga presa por um cinto, para os 
faraós era pregueado e engomado, às vezes bordado. 
• Túnicas com mangas, que provavelmente eram costuradas nas laterais. 
• Kalasíris = túnica longa usada por homens e mulheres - era semitransparente deixando 
ver por baixo o Chanti masculino. Feita por um pedaço de pano retangular, às vezes 
tecido numa só peça, presa aos ombros por alças e quando usado por mulheres produzia 
um efeito ajustado sob os seios. 
• Haik real = Túnica usada por cima de efeito plissado, transparente. 
Peitoral = larga gola adornada de jóias. 
• Claft = pedaço de tecido amarrado sobre a cabeça com as laterais soltas. 
• A fibra animal era considerada impura. 
• Padrões de higiene – banhos regulares, raspavam o corpo e a cabeça. 
 
• Uso de perucas, barba de cerâmica, cones aromáticos, diversas coroas. 
• Ampla joalheria e muita maquiagem. 
• Sandálias para os dois sexos/também andavam descalços. 
• A nudez em público demonstrava baixa condição social, com exceção das crianças. 
 
 
 
2 – Indumentária Grega 
 
Sobre os gregos: 
A civilização grega surgiu em 2000 a.C. e perdurou até e 100 a.C., entre os mares Egeu, 
Jônico e Mediterrâneo, contendo um litoral muito recortado e inúmeras ilhas. 
Quando se fala em Grécia, se fala em filosofia, em arte, em democracia, em um apurado 
padrão estético. 
No período de apogeu de sua cultura, teve como centro de sua organização política as 
Cidades-Estados. São povos de crença politeísta. 
 
Indumentária dos Gregos: 
A indumentária grega se destacou pelos seus elaborados e marcantes drapeados. Não 
havia um caráter erótico ligado às roupas, mas sim uma grande preocupação estética. A peça 
mais característica de sua indumentária era uma túnica composta de retângulos de tecidos de 
vários tamanhos, drapeados sobre o corpo sem um corte ou costuras. Era apenas "enrolado" 
sobre o corpo, com algumas variações, presa sobre os ombros e embaixo dos braços, sendo 
uma das laterais fechada e a outra aberta, pendendo em cascata. No ombro era preso por 
broches (Fíbula) e alfinetes e na cintura por cintos e cordões. 
Os homens e mulheres usavam o que era chamado de chiton, os homens até os joelhos 
e as mulheres até os tornozelos. 
O chiton dório era feito em geral de lã e o jônio de linho. O linho era o tecido mais usado, 
seguido pela lã, e o primeiro permitia maior variedade de dobras e às vezes usava-se um pouco 
maior que a distância dos ombros aos pés para permitir puxar o tecido sob o cinto formando uma 
"blusa". 
Com o passar do tempo, esta peça evoluiu de um único retângulo para duas partes 
costuradas, por vezes com manga. Em complementação à ela os gregos usavam mantos. Para 
os homens havia a uma capa curta, feita de lã grossa que era a capa militar; e outra, roupa civil, 
mais ampla e usada em dias frios. O manto das mulheres era bem comprido, chegando aos pés. 
Ao contrário do que se pensa os trajes gregos eram coloridos, exceto os usados pelos 
pobres. Alguns membros das classes inferiores tingiam suas roupas com um tom de marrom 
escuro-avermelhado, prática rejeitada pela maioria das autoridades, mas os membros das 
classes superiores tinham maior liberdade, podiam usar vermelho, roxo, amarelo e verde. O 
único lugar em que era obrigatório usar branco era o teatro, que por ser considerado sagrado, 
exigia um tom de pureza. 
Os pés estavam quase sempre descalços, mas quando havia calçados, eram as 
sandálias presas por tiras nos pés e pernas. 
As peças que merecem destaque na indumentária grega são: o Himation, o Peplos e o 
Chiton. 
 
2.1 – Himation 
O himation era um capote extenso, sempre octogonal, diferente da toga romana, que 
tinha algumas formas diferentes. Parece ter tido uma variedade de significados culturais, 
dependendo da sua proporção e de como era usado. Geralmente, quando usado por mulheres, 
era um traje de modéstia decorosa, mas ele foi visto também como instrumento de provocação. 
O himation era tipicamente drapeado indo sobre o ombro esquerdo, sob o braço direito, 
atrás e através do corpo, depois carregado pelo braço esquerdo e então atirado novamente para 
trás sobre o ombro esquerdo. 
 
 
 
 
 
2.2 – Peplos 
O peplos eram feitos de dois pedaços retangulares de pano parcialmente costurados 
juntos em ambos os lados; as seções abertas no topo eram então dobradas para baixo na frente 
e nas costas. 
A mulher puxava seu traje sobre a cabeça e o amarrava nos ombros, com dois grandes 
alfinetes, formando um vestido sem mangas. Os alfinetes eram originalmente alfinetes abertos 
com cabeças decorativas, mas depois foram substituídos por grampos ou broches. 
 
 
2.3 - Chiton 
O chiton era similar ao peplos. O tecido de lã foi substituído por tecidos mais leves, como 
o fino linho ou ocasionalmente a seda, refletindo a influência da Ásia Menor; e eles podiam ser 
brilhantemente coloridos. 
O chiton media cerca de 3 metros de largura, e se media exatamente do ombro ao 
tornozelo, sem material extra. A enorme largura requeria de oito a dez grampos prendendo-o em 
cima. 
 
 
 
3 – Indumentária Romana 
 
Sobre os romanos: 
• Suas origens remontam ao século VII a.C. quando os Latinos ocuparam as terras férteis 
nas proximidades do rio Tibre. 
• Tornou-se um dos maiores impérios da antiguidade. Até nos dias atuais herdamos uma 
série de características culturais. 
• O direito romano, até hoje está presente na cultura ocidental, assim como o latim, que 
deu origem a língua portuguesa, francesa, italiana e espanhola. 
• A cultura romana foi influenciada pela cultura grega. 
 
Indumentária dos Romanos: 
A civilização romana é considerada a mais rica da Antiguidade e, naturalmente, suas 
vestimentas são elementos que ajudam a reforçar essa condição. A indumentária era muito 
normatizada e quem infringisse suas regras era punido. Por exemplo um senador romano que 
não fosse vestido com a toga corretamente ao senado poderia ser preso. 
No início da história romana existiu uma forte influência do povo etrusco que habitaram 
primeiramente a península itálica até o 1o milênio a.C. 
Os trajes etruscos se pareciam com os cretenses, com o uso da túnica-veste costurada 
e um tipo de toga, que era feita com um semi-círculo de pano, às vezes esta "toga" era retangular 
e formava uma espécie de capa. Estes trajes etruscos desapareceram após o domínio romano 
sobre a região, e somente a toga permaneceu tornando-se uma característica marcante no traje 
romano. A toga era essencialmente usada pelas classes superiores, pois exigia habilidade para 
drapejar em volta do corpo e impedia atividades mais vigorosas. 
Os etruscos calçavam uma espécie de bota alta, amarrada e com a ponta virada para 
cima, obviamente uma influência da Ásia Menor. 
A toga é o traje mais comumente associado à antiga Roma, considerada símbolo do 
poder do Império e da cultura, foi usada por homens e mulheres dos tempos mais remotos até 
o século II a.C., quando passou a ser reservada aos cidadãos. 
As mulheres usavam uma veste longa e justa, sem cinto, que poderia ter uma meia 
manga ou uma abertura nas costas, fechada por fitas e sobre esta veste usava-se uma capa 
longa e retangular. 
Os senadores eram conhecidos por suas togas brancas. 
Os meninos romanos livres usavam uma toga com uma orla roxa até atingirem a 
puberdade, a qual em uma cerimônia era substituída pela toga virilis branca. 
Durante períodos de luto ou cerimônias religiosas usava-se uma togade cor escura. 
Por volta de 100 d.C a toga começou a diminuir de tamanho. 
Por baixo da toga, no período da República, os homens usavam um saiote simples de 
linho que durante o Império foi substituído por uma túnica costurada, equivalente ao quiton 
grego. Esta túnica era feita com dois pedaços de pano costurados e era vestida pela cabeça e 
presa por um cinto, seu comprimento era até o joelho, mas, em ocasiões especiais chegava até 
o chão. 
Trabalhadores e soldados usavam somente a túnica, sem a toga por cima. Quando esta 
túnica possuía mangas era chamada de dalmática e quando era totalmente bordada era 
chamada palmata. 
Os romanos com suas rígidas tradições não aprovavam as calças curtas nem as 
compridas adotadas pelas tribos bárbaras, mas acabaram sendo aceitas principalmente pelos 
soldados. No início os romanos usavam barbas, mas a partir do século 2 a.C começaram a 
raspá-la, tornando-se este costume universal. Os cabelos eram curtos, mas os mais elegantes 
os anelavam, formando cachos com pinças quentes. 
As roupas femininas eram muito semelhantes às masculinas, exceto pelo uso de um 
corpete macio conhecido como strophium. A túnica era mais comprida do que a masculina e 
chegava até os pés. Podia ser feita de lã, linho ou algodão e as romanas ricas usavam a seda. 
Os trajes romanos eram coloridos: vermelhos, amarelo e azul eram as cores preferidas, 
além de que costumavam ornamentá-los com uma franja dourada ou com bordados ricamente 
elaborados. Sobre a túnica usava-se a stola parecida com a toga, a qual era usada em público. 
Era comum cobrir a cabeça em público, mas os penteados eram muito importantes para 
as romanas, e se tornaram muito elaborados na época de Messalina, requerendo os serviços 
de uma ornatrix, que passava horas arrumando os cachos das senhoras em mechas e num 
coque conhecido como tutulus. Os cabelos louros eram uma moda e mulheres de cabelos 
escuros faziam descolorações, também era comum o uso de perucas e apliques. 
Os luxos das jóias era também apreciado, homens e mulheres as usavam. Técnicas 
como esmaltagem e damasquinagem foram trazidas do oriente, e as mulheres usavam brincos, 
colares, pulseiras, tornozeleiras, anéis e tiaras para os cabelos em ouro, pedras preciosas, 
marfim e até camafeus. 
Os romanos usavam sandálias, a princípio muito simples, feitas com uma peça de couro 
não tingida, e presa por tiras. Eram usadas pela maioria dos cidadãos romanos, mas não pelos 
escravos. Dentro de casa usava-se chinelos, que podiam ter variadas cores e até pedras 
preciosas como os usados por Nero. Nos dias chuvosos usava-se coturnos e botas fechadas, 
uma influência gaulesa. 
 
 
 
4 – Indumentária Bizantina 
 
 
A arte passou a ser utilizada a serviço de Deus e do imperador, para propaganda da fé 
e exaltação da pessoa sagrada do governante. O mosaico foi a característica mais marcante do 
império. 
Na indumentária, era nítida a diferença em luxo e ostentação em relação ao Império 
Bizantino. A justificativa poderia ser meramente econômica, visto que a Europa ocidental não 
estava em plena expansão econômica quanto a Europa Oriental. A grande diferença entre mais 
e menos favorecidos estava nos tecidos utilizados e ornamentos empregados, uma vez que os 
cortes eram praticamente os mesmos. A seda era nobre, mas também eram usados lã. 
Os camponeses ficavam com os trajes mais discretos e sóbrios. A túnica foi muito usada 
por homens, sendo a dos mais ricos na altura da panturrilha e dos menos ricos na altura dos 
joelhos e era presa ao corpo por um cinto. Por cima dela usavam uma capa semicircular atada 
ao ombro por um broche e era forrada de pele para dias frios. Usavam os calções por baixo das 
túnicas que eram amarrados por tiras de tecido na perna, quando compridos. Ainda estavam 
presentes capas com capuzes e placas metálicas cobrindo túnicas para dar proteção nas 
batalhas. 
Já as mulheres usavam túnicas com ou sem mangas vestidas pela 
cabeça, presas ao ombro por broches e atadas à cintura por um cinto. Sobre os ombros usavam 
um lenço, e também usavam um manto longo que podia chegar ao comprimento da própria 
túnica. 
Para ambos os sexos os cabelos eram longos e para as mulheres em geral presos. 
Os calçados eram de couro para ambos e possuíam tiras que eram cruzadas e 
amarradas nas pernas. 
 
Principais características: 
• o vestuário bizantino reflete as diversas fases; 
• drapejados da indumentária antiga; 
• materiais luxuosos (bordados...); 
• cores orientais; 
• túnica, a peça básica por mil anos; 
• trajes feminino e masculino tinham quase nenhuma diferença; 
• trajes variavam de acordo com a hierarquia, desde nenhuma (classe baixa) à 
extremamente ornamentada (classe alta); 
• barras das mangas, bainha e abertura do pescoço decorados, com bordados de rubis e 
pedras preciosas; 
• tecidos brocados (na maioria pintados à mão) e adornos de todos os tipos: colares, 
gargantilha, maniakis (faixa de tecido bordada a ouro e enfeitada com pérolas e pedras); 
• Tecidos suntuosos; 
• técnica superior de tecelagem; 
• sedas; 
• tapeçaria ou bordado com técnicas variadas (algumas da Pérsia ou China); 
• temas decorativos orientais, helênicos e cristãos; 
• cores muito importantes: púrpura - vermelho escuro, roxo-escuro e amarelo. 
 
4.1 – Traje Imperial: 
• varia conforme o século; 
• trajes formais; 
• oscilando entre a moda romana e oriental; 
• quase sempre túnicas tecidas a ouro com padrão de cores variadas com capa 
semicircular presa com broche (clâmide) no ombro direito; 
• rei-sacerdote - roupa tinha um ar eclesiástico com pouca praticidade e funcionalidade; 
• formas amplas, flutuantes; 
• homens: usam a túnica mais curta (paragaudion); 
• mulheres: usam a túnica comprida e redes enfeitadas com miçangas e brincos. 
 
4.2 – Traje cotidiano: 
• bata ou túnica levantada por pregas nas laterais para facilitar a caminhada; 
• calça comprida ou meiões colantes e ornamentados, os braies; 
• sapatos; 
• barretes de origem persa (as tocas). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A INDUMENTÁRIA NA IDADE MÉDIA: O ESTILO GÓTICO E SUA INFLUÊNCIA SOBRE O 
VESTUÁRIO MEDIEVAL. 
 
1 – Indumentária Gótica 
 
Precisamos entender as mudanças significativas no vestuário a partir dos séculos XIV a 
XV, que foram: 
A primeira característica marcante é que as roupas passaram a ter menos preocupação 
utilitária e mais apelo ornamental e estético. 
Outro item importante foi a diferenciação das roupas masculinas das femininas 
(bifurcação), e embora pareça contraditório à realidade moderna, o homem tinha nesta época 
um visual bem mais exuberante que a mulher. 
 
Principais características: 
• Desenvolveu-se na Europa, no período da Baixa Idade Média, especialmente na França, 
no florescer do Renascimento do Século XII; 
• Considerada uma era de transformações políticas, sociais, culturais e econômicas que 
ocorreu na Europa Ocidental; 
• É conhecido como Arte Francesa, quando se contrapõe aos valores renascentistas, ou 
seja, em seu declínio; 
• Arte das Catedrais; 
• Surge o Realismo nas obras de artes e esculturas; 
• A silhueta que predominou foi verticalizada e magra, um reflexo da vista na arquitetura; 
• As mangas cresceram muito e ficaram muito amplas na altura dos punhos; 
• Eram usados também pelas mulheres, chapéus em forma de cone ou chifres, afunilados 
no topo, onde caia um véu e foi difundido o uso da Barbette, banda de tecido que 
passava sobre o queixo e era presa no alto da cabeça sob os penteados. 
 
Um aspecto interessante foi um início de diferenciação da indumentária de homens e 
mulheres: as masculinas encurtaram e as femininas permaneceram compridas, tocando o chão. 
Os homens usaram meias coloridas, às vezes uma perna diferente da outra. Usaram os 
calções longos, e o encurtamento da túnica deu origem ao Gibão. Com o tempo os calções foram 
encurtando deixando as pernas cobertas pelas meias que ficaram bastante aparentes. 
Os sapatos de bico pontudo ficaram comunse quanto maior o grau de 
nobreza, maior o bico. 
Neste período a aristocracia fabricava suas roupas em alfaiates. 
 
 
O RENASCIMENTO, O ANTROPOCENTRISMO E O NASCIMENTO DA ERA DA MODA 
 
1 – Renascimento 
 
A Europa emergiu das dificuldades da Idade Média em um florescimento cultural 
extraordinário: o Renascimento. Esse movimento teve suas raízes no início do século XIV e 
alcançou seu apogeu no século XV, continuando até o XVI. O renascimento começou com o 
interesse pelas formas da escultura e da arquitetura clássicas, especialmente na Itália, 
convertendo-se num amplo movimento cultural e intelectual, conforme a sociedade se tornava 
cada vez mais moderna e próspera. 
Os humanistas redescobriram os antigos escritos greco-romanos sobre ciência, política, 
matemática, filosofia e arte que foram unindo as ideias do cristianismo contemporâneo. 
O Renascimento foi difundido pela Europa, mas os principais centros encontram-se nos 
estados ricos da Itália, em particular Florença, Roma e Veneza e na região dos Flandres, que se 
tornou um importante centro de comércio e artes. Antuérpia, Bruxelas e Gent eram as cidades 
portuárias mais movimentadas e prósperos centros têxteis. 
Usando lã importada da Inglaterra como matéria-prima, os tecelões flamengos criaram 
os tecidos mais luxuosos do continente. 
Na Itália, famílias importantes usavam roupas magníficas e empenhavam suas mentes 
em atividades intelectuais com pessoas de ideias semelhantes, além de investirem sua riqueza 
pessoal em obras de arte para coleções públicas e privadas. Uma das famílias mais importantes 
foram os Médici, financiando os maiores artistas do período. 
A literatura floresceu em toda a Europa, a Itália foi o berço, pensadores como Petrarca, 
Maquiavel, Ariosto e Bandello foram responsáveis pela nova forma de pensamento da época. 
Na Espanha, Miguel de Cervantes satirizou o antigo conceito de cavalaria romântica em sua obra 
Don Quixote. 
A mais importante invenção da época foi a imprensa. Criada em 1452 por Gutenberg, 
ela aumentou a difusão do conhecimento e expandiu o pensamento dominado pelos teólogos 
católicos para uma variedade progressista de ideias diversas. Houve um aumento na velocidade 
de comunicação. Os livros passam a ser escritos em seu próprio idioma, uma vez que a 
burguesia (que podia comprar os livros) exigia isso. Assim, floresceu o comércio de todo tipo de 
livros, desde almanaques e romances, até assuntos como etiqueta e vestuário. 
No Renascimento floresceram os comércios, as comunicações, as invenções e as 
descobertas. Em 1492, Cristóvão Colombo chega às Américas, e introduz na Europa, diversos 
produtos exóticos: milho, batatas, tabaco, ouro, prata, aves com penas de cores vivas, dentre 
outros. 
A partir do final do século XV, exploradores portugueses, como Vasco da Gama e Fernão 
de Magalhães, viajaram cada vez mais para o leste, chegando, primeiro, à China e depois no 
Japão em 1517. Eles retornaram para a Europa com diversos objetos luxuosos, como leques 
dobráveis que rapidamente fizeram sucesso. 
Durante o Alto Renascimento (1484-1520) aconteceram grandes avanços culturais, 
artísticos e científicos. As ideias médicas modernas começaram a ter maior aceitação. 
Roma começa a substituir Florença como centro artístico italiano. O Papa Júlio II (1503-
1513) começou a atrair os melhores artistas para a cidade. Michelangelo pintou o teto da Capela 
Sistina e Rafael, afrescos em todo palácio do Vaticano. Na época de Leão X (1513-1521), Roma 
era a sede cultural e artística italiana. Toda a Europa observava a Itália. Inglaterra e França 
abraçavam os ideais de arte, arquitetura e moda. 
O rei da França, Francisco I, tornou-se o último patrono do pintor e pensador Leonardo 
da Vinci. Ele lhe ofereceu um auxílio anual e, em 1516, instalou-o no Château Cloux, onde viveu 
até sua morte em 1519. Da Vinci é considerado o gênio mais versátil do Renascimento, seus 
cadernos de anotações refletem um enorme conhecimento e antecipação de uma variedade de 
temas, como biologia, anatomia, mecânica e aeronáutica. 
Em 1517, um frade agostiniano alemão chamado Martin Lutero atacou a corrupção 
prevalecente no seio da Igreja Católica, publicando uma lista de queixas. A imprensa ajudou a 
divulgar as ideias reformistas de Lutero e a Reforma resultante espalhou-se pela Europa, 
terminando, finalmente, na divisão entre o norte e o sul. Inicialmente, na Inglaterra, Henrique VIII 
defendeu a Igreja Católica, mas quando o papa se recusou a lhe conceder o divórcio de sua 
primeira mulher, o soberano rompeu com Roma, declarando-se Chefe Supremo da Igreja da 
Inglaterra. Novamente, a Europa estava prestes a se lançar em conflitos políticos. 
Durante esse período a arte se renova, ideais até então esquecidos reaparecem com 
uma enorme força. 
A redescoberta da arte e da literatura Greco-Romana, o estudo científico do corpo 
humano e do mundo natural, na tentativa de reproduzir com realismo as formas da natureza, o 
questionamento dos valores da Igreja, o avanço das ciências foram fatores que auxiliaram nessa 
mudança. 
 
2 - O papel da mulher 
 
O Renascimento anunciou uma época em que as mulheres desfrutavam de uma 
liberdade sem precedentes, mulheres como Elizabeth I (1533-1603), eram tão instruídas quanto 
os homens em diversos assuntos. Além dela, destacam-se Isabel de Castilha, e Alessandra 
Macingni Strozzi. 
Durante seu reinado de 45 anos, Elizabeth demonstrou ser uma monarca extremamente 
inteligente. Seu país prosperou e floresceu do ponto de vista cultural, Shakespeare é um bom 
exemplo desse desenvolvimento. Sua maior vitória foi salvar a Inglaterra protestante da 
dominação da Espanha católica, numa enorme guerra conta Filipe II. 
“Sei que tenho apenas o corpo frágil e delicado de uma mulher, mas tenho o coração e 
o estômago de um rei”, declarou às suas tropas antes da batalha em 1558. 
Apesar de exemplos inspiradores, o ideal feminino durante o Renascimento tinha pouco 
a ver com a capacidade intelectual, perspicácia política ou poder, a cortesã tornou-se a imagem 
da mulher ideal. Muitas amantes da realeza foram responsáveis por mudanças significativas. 
 
3 - A Indumentária no período da renascença (séc. XV e XVI) 
 
A medida que as pessoas ficavam mais conscientes, a indumentária e, em particular, os 
trajes elegantes adquiriram uma importância cada vez maior durante o Renascimento. A moda, 
antes um mero passatempo dos ricos, também se tornou uma preocupação da próspera classe 
burguesa. 
Durante a Idade Média, as roupas se diferenciavam de um país a outro, mas o 
Renascimento teve um aspecto unificador sobre a moda. À medida que as comunicações e os 
transportes se tornavam mais rápidos e sofisticados, a difusão de artigos de luxo se tornou 
regular e as pessoas começaram a desejar tais mercadorias. 
Confeccionado por alfaiates, os trajes combinavam com as exigências do cliente e era 
comum que este visitasse o profissional várias vezes por causa de uma única peça. Em Londres, 
por exemplo, a área da London Bridge abrigou os primeiros armarinhos. A loja do alfaiate, os 
ateliês e sua casa se localizavam em um lugar só. Alfaiates ambulantes atendiam os moradores 
do interior, que não tinham acesso aos centros urbanos. 
As roupas eram consideradas um investimento e gastava-se muito tempo com a sua 
confecção e conserto. Os cortesãos necessitavam de um extenso guarda-roupa e 
frequentemente vendiam suas roupas para lojas de segunda mão na tentativa de recuperar parte 
de seus gastos. 
Em termos de influência no vestuário e inovação, dois dos principais centros eram 
Florença e a corte de Carlos, o Temerário, em Flandres. Um dos estilos mais influentes e 
duradouros que surgiram nessa região foi resultado da derrota de Carlos, em 1477, quando os 
suíços atacaram suas tropas, celebraram a vitória cortando tendas, estandartes exagerados e 
roupas luxuosas que pertenciam ao exército de Borgonha e atando esses trapos rasgados às 
suas próprias roupas. A partir desse momento, tornou-sepopular um estilo conhecido como 
talhado ou golpeado, na qual as costuras são deixadas abertas ou fendas são criadas 
deliberadamente em uma peça de roupa para deixar o forro visível, as vezes puxado, e deixado 
aparente na peça. Esse tipo de acabamento era usado por ambos os sexos, mas era mais 
popular no vestuário masculino. Esse motivo era chamado de Landsknecht. 
 
3.1 - Elementos da indumentária do Renascimento 
 
Rufo - foi outro elemento da indumentária que se desenvolveu no Renascimento. 
Dominante nas roupas masculinas e femininas, era originalmente um efeito obtido ao puxar a 
borda da Chemise para perto do pescoço com um cordão, de modo a fazer aparecer um babado, 
mas acabou se tornando um elemento independente do vestuário. 
O rufo era confeccionado a partir de uma faixa ou tira de linho, com no máximo, 5,8 
metros de comprimento. Ele podia aumentar até proporções muito elaboradas, graças a 
introdução do amido, que chegou à Inglaterra em 1560. O amido coloria o rufo branco, 
acrescentando uma tonalidade azul ou amarela. Suportes como estruturas de arame cobertas 
com seda presas com alfinetes por baixo do rufo, eram usadas para mantê-lo no lugar. Os 
babados de um rufo transformaram-se em pregas, que eram abertas e pressionadas na forma 
de oito. 
Mais tarde, os rufos passaram a ser confeccionados em gaze e, alguns casos, tinham 
bordas de renda e podiam ser alinhavados à gola alta do corpete de um vestido ou usados para 
decorar a chemise masculina. 
Mangas removíveis ou duplas - homens e mulheres da classe média usavam roupas 
com mangas removíveis ou duplas. Primeiro, havia uma manga justa que era presa ao vestido e 
então uma manga mais ampla era fixada ao corpete do vestido ou ao gibão masculino. 
Essas mangas eram um método econômico de mudar o estilo de uma peça de vestuário. 
A prática foi favorecida, sobretudo, pelas mulheres italianas, que com dois vestidos e dez pares 
de mangas obtinham um vestuário mais versátil. 
Amarração ou trança - a costura era uma outra característica dominante da indumentária 
renascentista. Os pontos pareciam laços e eram usados para prender os calções à cintura do 
gibão ou uma manga à cava do gibão ou do vestido. Esse processo era conhecido como 
amarração ou trança. Embora fossem meramente funcionais, os pontos nos trajes mais ricos, 
eram usados com motivos decorativos nas pontas, permitindo à roupa ser ainda mais enfeitada 
e extravagante. 
Leques e lenços - eram acessórios fundamentais na época. As viagens de descoberta, 
os tornaram extremamente populares. Elizabeth I foi uma grande adepta da moda, em alguns de 
seus exemplares, esse acessório tinha o status de joia. 
Os Lenços eram usados por homens e mulheres para diferentes finalidades, desde 
assoar o nariz até como adorno. Podiam ser utilizados na cabeça e ao redor do pescoço, mas 
algumas pessoas simplesmente os levavam na palma da mão ou os apertavam no meio para 
que revelassem suas bordas delicadas. O lenço era considerado uma peça de luxo que os pobres 
estavam proibidos de usar por lei. Henrique VIII instituiu leis que estabeleciam como eles seriam 
decorados. A maioria era feito de linho ou seda e, como o passar do tempo, se tornaram cada 
vez mais ornamentados. 
Os estilos do vestuário permaneceram mais ou menos constantes durante o século VX. 
No início do século XVI, surgiram diversas mudanças e os novos estilos foram representados 
em pinturas de diferentes artistas, como Michelangelo e Rafael. De acordo com a teoria de 
Leonardo da Vinci de que o círculo é a forma perfeita, a aparência dos homens e, em especial 
das mulheres se tornou mais arredondada e as roupas ganham uma estética mais sensual. 
Mangas e saias se tornaram mais amplas e os trajes eram feitos de tecidos grossos, luxuosos e 
macios, como veludo, brocado e adamascado. Bordados e ornamentos costumavam ser usados 
para enriquecer as peças de roupa e a beleza do corpo humano começou a ser aceita e 
ressaltada. 
 
3.2 - Vestuário Feminino 
 
No início do século XV, as mulheres usam uma versão macia e ampla do Houppelande, 
traje longo e amplo com mangas compridas e gola alta. 
Em meados do século, as roupas se tornaram mais amplas, e a base do vestuário 
feminino era um conjunto de roupas de baixo em linho branco com mangas longas sobre as quais 
era usado um vestido de cintura alta em cor contrastante. 
No fim do século, os vestidos apresentavam uma linha de cintura em V, um corpete, que 
ocupava o espaço na frente do vestido e mangas com fendas nos ombros, cotovelos e nas costas 
até o punho para que o tecido da roupa de baixo fossem revelados. No século XVI, as roupas de 
baixo eram as peças mais importantes do vestuário feminino. 
A invenção feminina mais comentada no renascimento foi a armação denominada 
Farthingale ou Verdugado, que sustentava a saia e foi usada pela primeira vez na corte 
espanhola em 1468. No entanto, à medida que as diferentes nacionalidades adotavam essa 
moda, esse tipo de armação começou a ter maior largura. Em 1530, um tipo mais largo de 
anquinha surgiu na França, onde era conhecido como bourrelet. 
Essa armação trazia movimento para a saia da mulher, que era ainda mais acentuado 
se ela usasse sapatos de salto alto. Essa estrutura era feita de ramos de salgueiro ou barbatanas 
de baleia costuradas ao tecido. Existiam três formatos principais: a anquinha estreita, a armação 
em forma de barril, popular entre as mulheres francesas, e a armação acampanada. 
Embora as roupas femininas fossem pesadas, a silhueta desejada era bem definida. O 
vestuário enfatiza ombros largos, uma cintura longa e fina e quadris largos. 
O torso da mulher era modelado ajustado pela basquine. Feita de tecido rígido, essa 
roupa de baixo parecida com um corpete, se ajustando ao corpo e gradualmente o modelava 
como um funil, suprimindo as formas naturais e arredondadas do busto e forçando-o para cima. 
Possuía geralmente o decote redondo ou quadrado. Essa silhueta complementava o efeito 
volumoso da anquinha na parte de baixo. A armação de barbatana de baleia era uma alternativa 
que também dava à mulher a aparência de um busto reto e o efeito era reforçado pelo corpete 
triangular engomado, que descia abaixo da linha da cintura e fazia uma curva sobre a saia. 
Além do corpete rígido e da saia armada, a principal peça feminina dessa época era a 
Beca, que caía em pregas a partir dos ombros, deixando uma abertura na frente através da qual 
o vestido podia ser visto. 
As mangas eram bufantes e terminavam acima do cotovelo para revelar a manga de 
baixo. Às vezes usavam-se mangas longas caídas, presas à manga superior. Outras roupas 
mencionadas em registros da época eram uma mistura de jaqueta e um vestido solto usado 
como agasalho; a cassock, porém com mangas abertas e soltas. Nas viagens, usavam-se as 
capas longas e pregueadas, similares a sobretudos, com um decote arredondado e estreito e 
fendado nos braços mostrando o vestido da mulher. 
A salvaguarda era uma sobre-saia de tecido liso usada tanto como agasalho quanto para 
proteger o vestido. 
Inicialmente as saias arrastavam no chão, mas pouco tempo depois, as pernas 
começaram a aparecer por baixo delas, levando a um interesse por meias e calções que 
vestissem perfeitamente. Elas começaram sendo feitas de algodão, mas aos poucos, à medida 
que foi aceito, passou a ser confeccionado em tecidos mais finos como brocados. Nem todas as 
mulheres adotam essa moda, não se popularizou na Inglaterra e na Alemanha. 
Elizabeth I tornou-se célebre por usar roupas extravagantes. Embora não fosse uma 
mulher de grande beleza, era considera detentora de um grande estilo. Ela usava um rufo Tudor, 
dragonas, peruca adornadas com joias, corpete justo e anquinhas. Tanto a fronte quanto as 
sobrancelhas costumavam ser depiladas. Elizabeth gostava muito de moda e, quando morreu, 
seu guarda roupa pessoal incluía em torno de três mil vestidos e acessórios de cabeça. 
Na época a indumentária feminina podia ser divida por estilos:Tudor, espanhol, alemão, 
francês e italiano. 
 
3.3 - Vestuário Masculino 
 
O uso das cores, uma característica do vestuário masculino durante a Idade Média, 
continuou em alta durante o Renascimento. O hábito de usar roupas com detalhes de tecidos de 
cores vivas, assim como listras, quadrados ou triângulos acrescentavam um elemento de 
exibicionismo aos trajes masculinos. As pessoas costumavam vestir seus servos com uniformes 
da mesma cor e algumas eram para atividades específicas, por exemplo, a ferrugem, usado para 
trabalhos rurais. 
A silhueta das roupas masculinas dessa época acentuava o físico do homem. Para tornar 
os ombros e tórax mais largos, eles enchiam os casacos com feno e marcavam a cintura. 
As meias substituíram as calças justas e a área do gancho se tornou uma região 
importante do corpo com a introdução do codpiece e de outras ornamentações como fitas. 
Sapatos de bicos finos foram substituídos por calçados em bico de pato, largos e 
arredondados na frente. 
Os modelos da moda masculina foram no século XVI: Henrique VIII, da Inglaterra; 
Francisco I, da França; e Carlos V, da Espanha e Holanda. 
Os três rivalizavam em relação a suntuosidade do Vestuário: Carlos, por exemplo, usava 
um gibão de brocado prateado e uma veste dourada forrada com pele. Porém, o posto de líder 
é atribuído a Henrique VIII, sempre se apresentando de modo pomposo. Suas roupas eram feitas 
de ricos brocados, bordados e incrustados com joias. Os homens europeus usavam livros para 
terem ideia de como assumir um aspecto elegante. O livro “O Cortesão”, tornou-se um manual 
dos nobres. Em meio às características ideais de comportamento cortesão, haviam conselhos 
sobre o que vestir nas diversas atividades sociais. 
O vestuário diário apresentava sinais de crescente modernidade, e era constituído por 
alguns elementos indispensáveis: 
Camisa- A camisa masculina de linho branco se tornou o símbolo de riqueza durante o 
Renascimento em toda a Europa, substituindo a chemise. Vestir uma camisa limpa e recém 
passada, confeccionada em linho branco, seda ou tafetá, distinguia um fidalgo de um camponês. 
O corte da camisa era amplo, o decote, em geral era baixo e, com o passar do tempo, uma 
pequena gola e um babado, bordado em preto, vermelho, azul ou dourado, apareceu no pescoço. 
Depois ela evolui até o rufo. 
Gibão - Até o século XVI, era a principal peça usada na parte superior do corpo, por 
baixo de uma jaqueta masculina, que, finalmente, foi substituída pelo colete denominado gilet. 
Para adquirir sua forma característica, essa peça de vestuário era engomada e também 
costumava ser acolchoada para que tivesse maior volume, pois acreditava-se que reforçaria, 
desse modo, a masculinidade. No século XVII, o acolchoado desapareceu. A maior parte dos 
gibões tinha uma linha da cintura terminada em ponta. As mangas eram amarradas para que o 
cotovelo, a parte de trás do braço e as amarrações fossem exibidas. 
Jaleca - Equivalente ao paletó moderno, a jaleca podia apresentar gola baixa ou alta. 
Independentemente do estilo, costumava ser deixava aberta para exibir o gibão, a camisa e o 
codpiece. Originalmente, as mangas eram removíveis, porém, em meados do século XVI, foram 
eliminadas e a jaleca passou a ter acabamento de ombreiras ou efeitos de tecido semelhante a 
asas nos ombros. 
Codpiece - Triângulo de tecido para proteção, colocado na frente da calça para enfatizar 
a virilha, e era amarrada ao gibão. 
Calções - Pernas torneadas eram consideradas sinal de masculinidade, mas as meias 
longas não eram um estilo adotado universalmente. Por causa dos custos altos para sua 
produção, elas somente eram usadas por pessoas bem ricas. 
Base do guarda-roupa suntuoso, um traje masculino elegante dependia da escolha 
dessas peças. Os calções denominados strunk hose iam da cintura até pouco acima do joelho, 
ajustados no quadril e acolchoados. Ele era confeccionado em diversas formas, porém, em 
meados do século XVI, localizava-se, em geral, na cintura. Por baixo dos calções e até a altura 
dos joelhos também eram usadas meias ajustadas denominadas canions. Um modelo muito 
popular no norte da Europa, o plunder hose, calções bufantes ajustados nos joelhos, 
confeccionados em tecidos acolchoados e que também eram forrados e engomados. Calções 
bufantes (slops, gascoynes, ougalliga, skins) também eram muito populares na Inglaterra. 
Meias - Quando foram inventadas as máquinas de tricotar meias, elas passaram de 
roupas frouxas e cortadas em peças de tecido para um objeto confortável, que se ajustava melhor 
às formas do corpo. As meias de malha traziam baguete ou nesga ornamental. As ligas, tiras 
finas de tecido eram presas ao redor da perna, acima do joelho, mantinham as meias no lugar. 
O Zipone, túnica abotoada que ia até o joelho, era vestido por cima do gibão e o traje era 
finalizado com uma sobretúnica, uma capa chamada zornea, com mangas amplas, que era presa 
ao redor da cintura com um cinto. 
Trajes ricamente bordados não eram só para mulheres. Os homens também adornavam 
suas roupas com joias e pedras preciosas. Os mantos poderiam ter símbolos costurados e 
também eram usadas correntes de ouro cravejados com pedras preciosas. Os homens também 
usavam chapéus elegantes, decorados com uma pena ou pedras. 
 
3.4 – Calçados 
 
Durante o Renascimento, os calçados eram confeccionados com diversos materiais, 
como couro, tecido e seda. As mulheres ricas, cortesãs e prostitutas usavam um calçado 
denominado Chapimou Chopine. Semelhantes a um par de pernas de pau, esses sapatos 
deixavam as mulheres mais altas, mas afetavam a forma de andar. Esse problema foi 
solucionado com a redução da sola do sapato, surgindo assim, o sapato de salto alto. Eles eram 
itens caros e as pantufas, plataformas de madeira presas à sola do sapato por meio de pedaços 
de tecido, eram usadas para protegê-los do tempo ruim, elevando-os acima do chão. 
A altura do salto, o formato do cabedal e da biqueira mudaram com o passar do tempo, 
de acordo com a moda da época. Nos anos de 1580, as tiras dos calçados evoluíram e eles 
passaram a ser amarrados ao pé com a ajuda de uma fita ou um laço. 
 
 
 
 
 
O BARROCO E A CORTE DO REI SOL: A AFIRMAÇÃO DA MODA E DO GOSTO FRANCÊS 
NO CENÁRIO EUROPEU 
 
1 – A corte do Rei Sol 
No Século XVII passaremos a ter a França, e não mais a Espanha, como no período 
anterior, influenciando a moda nos demais países da Europa. A figura máxima é a do rei, 
segundo os príncipios absolutistas. 
A moda tende a seguir o poder, e durante os últimos dois séculos ou menos a Espanha 
tinha desfrutado de sua Idade de Ouro, acumulando um vasto império global que alimentou 
uma economia doméstica em expansão. Assim como os exploradores e os exércitos da 
Espanha, a moda espanhola conquistava o mundo, e estilo espanhol foi aprovada nos tribunais 
em toda a Europa. 
Os aristocratas franceses importaram suas modas da Espanha, compraram tapeçarias 
em Bruxelas, rendas e espelhos em Veneza, e seda em Milão. Eles não tinham muita escolha 
pois a França simplesmente não estava produzindo bens de luxo de qualidade comparável, e 
ela não tinha a influência política, econômica ou cultural para ditar a moda para outros países. 
Isso até o reluzente Rei Sol, Luís XIV entrar em cena com suas perucas e salto alto. Luís XIV 
resolveu mudar isso, e, ao longo do seu longo reinado, conseguiu de forma brilhante. 
Luxo era o novo ideal do rei: Os móveis, tecidos, roupas e indústria de jóias que ele 
estabeleceu não só assegurava o emprego de seus súditos, mas fez da França a líder mundial 
em gosto e tecnologia, dando origem a um valioso mercado interno de luxo e de exportação 
extremamente lucrativa. 
Luís XIV, rei da França, também chamado de "Rei Sol" pode ser considerado como o 
inventor do luxo, pois nos deixou um legado de símbolos de status e sofisticação, durante seu 
reinado,tais como: 
• Os diamantes; 
• O champagne; 
• Sapatos de salto-alto; 
• A gastronomia; 
• Os precessores de butiques,grifes e salões de cabelereiros, assim como dos primeiros 
criadores de alta-costura; 
• Os perfumes. 
Para Luís XIV ostentar o luxo era uma forma de poder. A França soube utilizar muito 
bem esse poder de sedução para influenciar outros países. As criações da corte francesa eram 
desejadas e disseminadas por toda a Europa. 
A figura de seu primeiro-ministro Jean-Baptiste Colbert foi responsável pela criação de 
um dos primeiros jornais de moda, o Mercure Galant, que trazia informações das roupas 
francesas e ainda instituiu o conceito de rotatividade de coleções por estação, que é mantido até 
hoje. 
O reinado de Luís XIV transformou cerca de um terço dos habitantes de Paris em 
assalariados no comércio de vestuário e têxteis, e Jean-Baptiste Colbert organizou esses 
trabalhadores em guildas profissionais altamente especializadas e estritamente regulamentadas, 
garantindo o controle da qualidade ajudando-os a competir contra as importações estrangeiras 
enquanto efetivamente impedindo-os de competir uns com os outros. 
Nada que pudesse ser fabricado na França foi autorizado a importação. Foi um plano de 
estímulo econômico imbatível. É daí que surgiu o famoso estilo de móveis Luís XIV. 
Como Luís XIV travou uma série interminável de guerras dispendiosas por toda a Europa, a 
indústria de bens de luxo francesa reabastecia seu caixa de guerra e melhorava a reputação do 
rei em casa e no exterior. O rei transformou Versalhes em uma vitrine para o melhor da cultura 
e da indústria francesa, e não apenas moda, mas a arte, música, teatro, jardinagem, paisagem 
e culinária. 
O rei foi acusado de tentar controlar seus nobres, forçando-os a falência para seguir a 
moda francesa, mas, na verdade, muitas vezes ele financiou estas despesas, acreditando que o 
luxo era necessário não só para a saúde econômica do país, mas para o prestígio e a própria 
sobrevivência da monarquia. A França logo se tornou o poder político e econômico dominante 
na Europa, e a moda francesa começou a eclipsar a moda espanhola da Itália para a Holanda. 
 
Luís XIV acreditava que o luxo era necessário não só para a saúde econômica da França, mas 
para o prestígio e a própria sobrevivência da monarquia. O próprio rei era o árbitro final do estilo. 
Como um ator num teatro, Luís XIV se auto proclamou Rei Sol em suas performances teatrais 
como Apollo e seu amor pelo dramático e esplendor infundido em seu guarda-roupa também 
fora do palco. 
A moda que ele introduziu era colorida, volumosa e ornamental, a completa antítese do 
estilo espanhol. Seu alto retrato idealizado aparecia nas gravuras de moda e suas escolhas de 
sapatos, tecidos e roupas também. 
Uma das inovações mais eficazes e de longo alcance de Jean-Baptiste Colbert era de 
que novos têxteis fossem lançados sazonalmente, duas vezes por ano, incentivando as pessoas 
a comprar mais deles, em uma programação previsível. Gravuras de moda foram muitas vezes 
rotuladas para o inverno ou para o verão, com adereços como chapéus de sol, lenços, e tecidos 
coloridos para o verão; para o inverno, havia peles, capas, e abafadores para homens e mulheres 
igualmente. Sedas leves foram reservados para o verão; veludo e cetim para o inverno. 
Devido ao clima francês mutável, sempre houve um certo ritmo sazonal para o comércio de 
produtos têxteis, mas agora tornou-se formalizado e inescapável. Independentemente do tempo. 
Outros países tomaram nota dos bons resultados econômicos e começaram a impor 
horários sazonais semelhantes para seus próprios tecelões. Não só foi a indústria da moda 
enriquecida pela constante atualização de guarda-roupas, mas os franceses tendiam a se cansar 
se uma tendência durasse muito tempo. 
O padrão exuberante de vida e o programa intrincado de etiqueta que o Rei Sol introduziu 
continuou a definir a monarquia francesa até a Revolução Francesa de 1789. O nome de Luís 
XIV continua a ser sinônimo com o antigo regime que a Revolução desmantelou: O absolutismo 
político, luxo incomparável, glória militar, e esquemas artísticos e arquitetônicos grandiosos. Mas, 
enquanto muitas de suas inovações e reformas não sobreviveram à selvageria da Revolução, a 
moda e a indústria têxtil fundada pelo rei ainda está forte, trazendo fama e fortuna para a França. 
Na altamente regulamentada e especializada indústria da alta costura, flores artificiais, 
bordados, brocados, botões e plissados continuam a ser feitos à mão usando as habilidades 
tradicionais e técnicas transmitidas a partir do século XVII. Mais importante ainda, o legado de 
Luís XIV é evidente na atitude moderna da França em direção a moda; não é uma indústria frívola 
ou trivial, mas uma indústria totalmente séria, inseparável da saúde econômica do país e da 
identidade nacional, em que o Rei Sol Luís XIV a transformou na terra do luxo e glamour. 
A Vestimenta masculina estava assim definida: 
• O Rhinegrave, uma espécie de calção-saia; 
• Colete justo; 
• Perucas compridas; 
• Sapatos com salto pequeno; 
• Os justaucorps. 
A Vestimenta feminina era composta basicamente por: 
• Vestido com corpete em "V" e saia ampla; 
• O manteau; 
• Penteado fontange; 
• Sapatos altos. 
Tanto na vestimenta feminina como masculina deste período veremos uma utilização 
excessiva de laços, fitas, amarrações, rendas e babados. 
 
1.1 - Os Corsets 
Os Corsets se popularizaram muito durante os séculos XVI e XVII. 
Eram peças utilizadas para definir a silhueta e valorizar a cintura feminina. Os materiais eram 
diversos. Podiam ser de ferro, madeira, couro, mas principalmente de ossos 
de baleia ou barbatanas. 
Estes de material mais rígido como o ferro e madeira eram mais incômodos e 
desconfortáveis. No final do século XVII os corsets tornaram-se mais elaborados, com saias 
volumosas, auxiliados pelo uso dos paniers, crinolinas e petticoats, deixando a a cintura cada 
vez mais delineada. 
Além de delinear a cintura os corsets também eram usados com a intenção de "levantar 
os seios para seduzir", um visual indispensável a qualquer mulher da época, porém vale salientar 
que foram usados tanto por mulheres quanto por homens e inclusive crianças, de famílias ricas 
da Europa 
 
1.2 - Rufos 
O rufo é um elemento do vestuário que se popularizou entre a segunda metade do século 
XVI e a primeira metade do século XVII. São peças que hoje causam certa estranheza, mas que 
para a época, estavam associados á estética da rigidez. 
A idéia do rufo era a de ser uma grande gola que tornasse o visual empertigado e 
austero, impedindo de certa forma que se tivesse uma postura mais relaxada. Hábitos simples, 
como comer de talheres, pentear-se ou maquiar-se, por exemplo tornavam-se tarefas 
extremamente complicada, em função do tamanho de alguns rufos. 
Entre suas principais características estão: 
• Os primeiros eram confeccionados de tecido engomado e plissado (mesmo da chemise); 
• Alguns modelos femininos surgiram como adaptação da gola dos vestidos, em tecidos 
rendados e leves; 
• Os mais luxuosos vieram em tecidos mais nobres e leves, com aplicações, rendas e 
bordados. 
Durante a segunda metade do século XVII os rufos passaram a ser substituídos por uma 
espécie de gola flexível, ampla e caída muitas vezes sobre o colo e/ou ombros. 
2 – O Barroco e o Rococó 
As novas concepções de pensamento, advindas do Iluminismo, e as correntes artísticas 
do Barroco e Rococó, marcam fundamentalmente o Século XVIII. O retrato do momento é o de 
uma aristocracia ociosa, que levava uma vida extremamente luxuosa. 
O Barroco apresenta uma continuidade com a época renascentista, o século XVII é 
vulgarmente caracterizado como o período da revolução cientifica e da inovação, mas também 
por uma constante busca pela verdade escondida, pelo conhecimento dos segredos da natureza, 
surgem-nos então nomes como: Descartes, Galileu, Newton, grandes senhores no campo do 
intelecto que nos proporcionaram uma visão da realidade, da natureza, como a compreendemos 
hoje em dia. 
No campo das artes, oBarroco partiu da Itália expandindo-se mais tarde por todo o 
mundo ocidental e pela Europa, os nomes que mais contribuíram para a difusão deste estilo, 
concentrado nos efeitos de luz e sombra, buscando acima de tudo retratar a emoção humana, 
foram: Velázquez, Rubens, Rembrandt, Caravaggio entre outros. 
O estilo artístico, iniciou na Itália no final do século XVI até meados do século XVIII, e 
seguiu em países católicos com estilo absolutismo e contra refoma. Observa-se pela riqueza de 
detalhes e informações na arquitetura, arte e vestimenta, pela exuberância e esplendor. Com 
contrastes fortes e muita dramaticidade e com uma tendência ao decorativo, valorizam as cores, 
as sombras e a luz. As imagens, não são centralizadas e parecem de forma dinâmica, 
valorizando o movimento. 
A arte barroca estendeu-se por todo o século XVII e pelas primeiras décadas do XVIII. A 
sua difusão abrangeu quase toda a Europa e a América Latina. Estes são, porém, seus limites 
máximos. O aparecimento das formas barrocas dá-se em épocas diferentes em cada país. Outro 
tanto se pode dizer do seu declínio. Tais formas, no entanto, embora nascendo claramente de 
um fundo comum, diferem muitíssimo de nação para nação. E não só: vulgaríssimas em alguns 
países, em outros são muito raras. 
As razões destas diferenças, não são só geográficas, como também históricas. O 
barroco nasceu e desenvolveu-se, nos princípios do século XVII, na Roma dos papas. Mais do 
que um estilo definido, era uma tendência comum a todos as artes: um gosto, resumindo. 
Em seguida, espalhou-se a partir de Roma pelo resto da Europa e pelos países sob sua 
influência. É compreensível que suas formas características vão surgindo nas várias nações com 
um atraso tanto maior quanto se distanciavam da Itália. A isto, se junta um segundo fator, onde 
quer que o clima cultural, religioso e político fosse semelhante ao italiano, o barroco era bem 
acolhido e espalhava-se rapidamente, ao passo que era recusado nos locais em que as 
condições históricas eram diferentes. 
A arte barroca conseguiu se casar à técnica avançada e o grande porte da Renascença 
com a emoção, a intensidade e a dramaticidades do Maneirismo, fazendo do estilo barroco o 
mais suntuoso e ornamentado na história da arte. 
Embora o termo Barroco seja às vezes usado no sentido negativo de super elaboração 
e ostentação, o século XVII não só produziu gênios excepcionais, como Rembrandt e Velásquez, 
mas também expandiu o papel da arte para a vida cotidiana. 
Artistas chamados de barrocos acorreram à Roma, vindos de toda a Europa, para 
estudar as obras primas da antiguidade clássica e da Alta Renascença. Voltando à terra de 
origem, acrescentaram às suas obras as particularidades culturais de cada região. 
Enquanto os estilos abrangiam desde o realismo italiano ao exagero francês, o elemento 
comum era a sensibilidade e o absoluto domínio da luz para obter o máximo impacto emocional. 
As obras barrocas romperam o equilíbrio entre o sentimento e a razão ou entre a arte e 
a ciência, que os artistas renascentistas procuraram realizar de forma muito consciente; na arte 
barroca predominam as emoções e não o racionalismo da arte renascentista. 
É uma época de conflitos espirituais e religiosos. O estilo barroco traduz a tentativa 
angustiante de conciliar forças antagônicas: Bem e Mal, Deus e Diabo, Céu e Terra, Pureza e 
Pecado, Alegria e Tristeza, Paganismo e Cristianismo, Espírito e Matéria. 
Suas características gerais são: 
• Emocional sobre o racional; seu propósito é impressionar os sentidos do observador, 
baseando-se no princípio segundo o qual a fé deveria ser atingida através dos sentidos 
e da emoção e não apenas pelo raciocínio; 
• Busca de efeitos decorativos e visuais, através de curvas, contracurvas, colunas 
retorcidas; 
• Entrelaçamento entre a arquitetura e escultura; 
• Violentos contrastes de luz e sombra; 
• Pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a impressão de ver o céu, tal a 
aparência de profundidade conseguida. 
2.1 - Indumentária 
No período Barroco, houveram duas grandes influências para o vestuário tanto feminina 
quanto masculina. No vestuário feminino, a rainha Elizabeth, foi uma grande influência, já no 
vestuário masculino, quem foi uma grande influência foi o rei Luís XIV. 
A imagem da rainha Maria Antonieta, da França, é extremamente associada a esse 
período também, devido à sua contribuição para mudanças no comportamento e no estilo da 
época, com suas extravagâncias. Pode ser considerada a maior mecenas cultural da época. 
E é em função dela que surge a primeira figura de um costureiro ou criador. Rose Bertin 
era responsável pela criação de seus vestidos e adereços. Há também aqui a imagem muito 
forte do que viria a ser o precessor de um cabelereiro. 
O vestuário do período Barroco se distingue pelas formas largas, ornamentações 
elaboradas, peças de brocado de seda, rendas e a utilização de cores mais escuras. 
O estilo de vestuário Barroco foi, basicamente, a estética entre o Renascimento e o 
Rococó. O Barroco é considerado a evolução natural da moda Renascentista. Ainda há a 
presença do rufo, que aos poucos vai perdendo volume, virando apenas uma gola rendada. As 
mulheres passam a usar muitas roupas volumosas e pesadas e os homens passam a valorizar 
mais o corpo e ser ainda mais enfeitados. 
 
2.1.2 - Vestuário Feminino 
O vestuário feminino deixou de ter aquela simplicidade do Renascimento, optando por 
tecidos nobres e vestidos com muito volume. De um modo geral se copiava o que era lançado 
na Corte de Versalhes: 
• Vestidos amplos, volumosos e pregueados, alguns em forma de saco, com tecidos 
nobres e bordados; 
• O rufo (gola usada pela rainha Elizabeth para demostrar poder) ainda era presente no 
vestuário, mas muitas vezes com tecidos rendados; 
• Corpetes mais folgados, a cintura desceu, marcada pelos corpetes em silhueta V; 
• As mangas eram bufantes e cheias, porém mais curtas, mostrando o punho da mulher; 
• As anáguas agora faziam parte do vestuário, com o intuito de aumentar ainda mais o 
volume, panniers e as farthingales na armação das saias; 
• Penteados exuberantes e altíssimos, com enchimentos e elementos decorativos; 
• Maquiagem empoada e mosquettes; 
• Chápeus enormes e com muitas plumas de animais nobres. 
 
2.1.3 - Vestuário Masculino 
O rei da França, Luís XIV, foi considerado criador da primeira escola de moda do mundo. 
Quando o rei estava ficando careca, adotou as perucas. Por ser baixinho adotou aos sapatos de 
salto mais altos que os femininos. Quando Luís subiu ao trono em 1643, a capital da moda do 
mundo não era Paris, mas Madrid. O visual masculino tinha a seguinte estrutura: 
• Casaco largo decorado com bordados e fitas (justaucorps) ajustado na cintura; 
• A parte da frente do casaco era aberta e permitia ver um colete bordado que se 
alongava até ao joelho; 
• A camisa tinha punhos de renda e um colarinho; 
• Calções extremamente justos, as calças iam até o joelho e eram usadas em 
combinação com meias de seda, frequentemente brancas; 
• Lenços originados das golas da chemise, muito volumosos, no pescoço; 
• Maquiagem empoada com mosquetes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A REVOLUÇÃO FRANCESA, O PERÍODO NAPOLEÔNICO E AS TRANSFORMAÇÕES NO 
VESTUÁRIO DA ÉPOCA. 
 
1 - A Revolução Francesa e a Moda (de 1789 a 1794) 
 
Pode afirmar-se que todo o processo que antecedeu a Revolução Francesa já continha 
em si questões relacionadas com a indumentária, pois nos Estados Gerais foi estabelecido que 
a indumentária dizia respeito a qual classe, ou poder aquisitivo cada pessoa pertencia, o que 
não era do agrado dos que se viam descriminados. 
Tal humilhação não seria esquecida e levaria, no período subsequente à Revolução, à 
abolição dos trajes oficiais pelos conhecidos sans-cullottes, o que trouxe consequências a vários 
níveis para a Moda. A substituição dos calções característicos da indumentária aristocrata desde 
os temposde Louis XII, conhecidas como culotes, pelas calças de alçapão que eram usadas 
sobretudo pelos marinheiros, não ocorreu de imediato, ao contrário do que geralmente se supõe. 
Além das já referidas calças, os homens compunham o seu vestuário com uma 
carmanhola, uma variante da véstia, que descia um pouco abaixo da cintura e que era usada 
sem casaca, a qual estava associada ao operariado, o que não impediu que alguns dos mais 
importantes revolucionários a usassem. 
O “Traje à Francesa” destinado à Corte, havia desaparecido, ficando comum os fraques, 
fraques-redingotes e redingotes. 
Com o passar do tempo, após os primeiros momentos da Revolução Francesa, perdeu-
se a necessidade de marcar uma posição contra o Antigo Regime através do traje, e foi 
exatamente entre os revolucionários que alguns homens começaram a se destacar pelo cuidado 
com a aparência, aparecendo os primeiros elegantes pós-Revolução. Assim, os que eram 
designados por “Peraltas” começavam a usar vestes de arranjo particularmente elaborados, 
contrariando o desleixo dos sans-cullottes. 
No traje feminino as mudanças foram também significativas, embora não se possa falar 
de imediato de novas modas. Com a extinção da Corte desapareceram todos os trajes 
destinados às grandes cerimónias monárquicas, como o Robe à la française para as mulheres, 
um vestido com uma armação pesada, extremamente espartilhado e decorado. Outro exemplo 
são os vestidos elaborados conhecidos como Polonaises. Assim, dos vestidos usados no tempo 
de Louis XVI, subsistiu por algum tempo o mais simples: o vestido à inglesa, cuja saia já não 
apresentava extensões laterais, mas antes uma pequena almofada guarnecida de crina de 
cavalo que realçava o quadril, tal modelo só desapareceu no final do século XIX. 
Foi neste período que se generalizou o uso dos lenços postos como xale. Houve várias 
tentativas de se fazer uma reforma total do traje, até para estabelecer uma diferença, uma 
superioridade moral que se evidenciava de forma estética, entre a França, país liberto, e os 
outros países que segundo os revolucionários continuavam a viver em regimes arcaicos. 
Não era só a moda que mudava neste período, o próprio sistema de produção de 
indumentária se modificava, sendo extintos todo o esquema de aprendizagem bem como as 
corporações ligadas ao comércio. 
No período anterior ao Diretório observa-se a existência de tentativas de regeneração 
das desigualdades vestimentares, afinal a Revolução provocou alterações exuberantes na 
indumentária. 
No período subsequente houve uma simplificação do traje, o que trouxe a visibilidade 
das diferenciações sociais através do vestuário, podendo afirmar que, a partir de uma certa 
altura, a antiga organização sociológica da roupa começa a ser substituída por um novo sistema. 
 
2 - A Moda no período do Diretório (de 1795 a 1799) 
 
O Diretório começou em 26 de outubro de 1795 e acabou em 9 de novembro de 1799. 
Na moda a aparência muda para pior, já que se perdeu toda a elegância que antecede esse 
período. 
Durante esse período ocorreu o mais frio Inverno do século XIX, período este que a moda 
foi influenciada pela popularidade que a Antiguidade Clássica tinha no meio artístico e que vinha 
já desde o tempo de Louis XVI, tendo dado origem ao neoclassicismo, lançando assim a moda 
dos vestidos-túnica, sem mangas, executados em tecidos ligeiros, como a musselina ou a gaze, 
usados com as pernas nuas e com sandálias abertas. 
Como abafo, em tempos de Diretório, apenas era aceite um xale de caxemira cujos 
primeiros exemplares haviam sido trazidos para França pelos participantes na expedição ao 
Egito. Não é de estranhar assim, que os rigores do inverno parisiense foram desastrosos para 
muitas mulheres que seguiam a moda. 
O traje neoclássico, com a cintura alta, tinha a virtude de excluir o uso do espartilho, o 
que, se por um lado libertava o corpo de um terrível incômodo, por outro, fazia com que o 
vestuário deixasse de ter uma função relacionada com a proteção da nudez, ou seja, deixava de 
servir em termos de resposta ao pudor, o que foi visto à época como profundamente indecente. 
Mesmo em tempos bem posteriores alguns historiadores do traje fizeram críticas sobre a 
imoralidade dos trajes femininos da época do Diretório. 
Nos penteados para ambos os sexos a referência passou a ser, uma vez mais, a 
Antiguidade Clássica, o que levava os cabeleireiros a decorar os seus salões com bustos gregos 
e romanos, que os inspiravam para as suas criações, ou neste caso réplicas, havendo penteados 
à “Titus” ou à “Brutus”. 
 
3 - O Consulado 
 
O período do Diretório sucedeu o Consulado, tendo como cônsules Napoleão, Sieyès e 
Roger Ducos. Neste período foi tomada uma das medidas que viria a ter uma importante projeção 
no futuro e que marca o fim da moda do Diretório. Trata-se da proibição da importação para a 
França da musseline inglesa. O próprio Napoleão tomou literalmente este assunto nas suas 
mãos. 
No lugar do xale, como abafo feminino, surgia uma pequena jaqueta muito curta, de 
mangas compridas, uma espécie de bolero, chamada de spencer. Terá sido criado por Lord 
Spencer que, sendo particularmente crítico da moda do seu tempo, tomou a decisão de cortar 
as abas da sua casaca, fato que é possível datar da última década do século XVIII. O exemplo 
foi seguido e se tornou moda na indumentária masculina, passando depois à roupa feminina. 
Três mulheres dominavam a sociedade: Madame Bonaparte, Madame de Stäel e 
Madame Récamier, sendo que esta última era a mais destacada. Casada com um banqueiro, a 
sua beleza tornava-a notada, mas também a sua elegância era memorável, sendo o salão de 
Juliette Récamier o mais famoso de Paris na época do Consulado. 
 
4 - A moda imperial (1804-1820) 
 
Napoleão foi nomeado imperador em 2 de dezembro de 1804, abdicou em 4 de abril de 
1814 e regressou ao poder entre 20 de março de 1815 e 22 de junho do mesmo ano. A moda 
imperial continuou em voga até cerca de 1820. 
Um dos desejos de Napoleão era exatamente fazer reviver os hábitos da corte francesa 
do tempo do Antigo Regime. Tal fato não seria meramente fútil, mas implicava em uma estratégia 
política. 
Graças à Revolução um importante grupo de pessoas estavam inseridas no mais alto 
nível social, cujos mecanismos e modo de funcionamento tendencialmente se desconhecia. 
Assim, consciente de tal fato, Napoleão recorreu a personalidades que tinham estado 
implicadas na monarquia para a compreensão das regras e etiquetas da corte. A sua irmã, a 
grande-duquesa Elisa, obrigada a viver em Corte, solicitou o apoio de Madame de Genlis, antiga 
preceptora dos filhos do duque d’Orleans, quem redigiu uma série de cartas de etiqueta 
apropriada, onde a Corte de Louis XV deveria servir de modelo. Essas cartas haviam indicações 
bem claras relativas a toda a existência, desde a postura do corpo, a utilização da voz, bem como 
aos tipos de traje apropriados a cada ocasião, numa obra de carácter pedagógico bem marcado. 
Esta obra se mostrou, no entanto antiquada para a época. 
Se a expedição ao Egito tinha colocado em voga os coloridos xales de caxemira, 
começava também a sentir-se todo um gosto pelas coisas exóticas do Oriente, fonte de 
inspiração para pintores como Ingres, mas também das mulheres mais atentas às questões da 
moda, em cujo guarda-roupa começava a surgir roupa colorida, deixando prenunciar uma nova 
época e uma nova estética: o Romantismo. 
Em relação ao consumo dos xales, seu sucesso era tão importante que, mesmo com o 
bloqueio continental, se desenvolveu um significativo contrabando, ao mesmo tempo que 
algumas manufaturas têxteis começaram a produzir imitações destinadas a suprir a falta das 
importações. 
A mais importante novidade ao nível da indumentária, no tempo do Império, foi o 
regresso do traje de corte, nomeadamente a Grand parure. Napoleão foi o primeiro responsável 
pela formalização da indumentária, pelo que não é de estranhar que, logo no ano da subida ao 
trono imperial,tenha sido tornado obrigatório o uso do manteau de cour. 
Efetivamente, o desejo do Imperador de fazer reviver as festas de corte do Antigo 
Regime obrigava à utilização de trajes específicos. No caso masculino, embora tenham sido 
criados conjuntos especificamente para o efeito, nomeadamente os que Napoleão viria a usar, 
da autoria de Percier e Fontaine, no geral a indumentária inspirava-se nos uniformes militares da 
época. Já no caso feminino, em termos formais, o traje de corte derivava dos vestidos usados 
na época do Diretório. 
O traje de grande gala era composto por um vestido ricamente bordado a ouro e prata, 
com cauda que arrancava da cintura, acompanhado de um pesado manto de corte, também 
bordado a ouro, preso por uma joia. 
No Império não houve uma grande evolução do vestuário, sendo a alteração mais 
importante, a tendência de a cintura dos vestidos baixar. A grande diferença estava efetivamente 
nos materiais utilizados na confecção da indumentária. Um nome que pode ser associado a 
moda imperial é o de Louis-Hippolyte Leroy, o seu sucesso derivava da sua capacidade de criar 
vestidos baseados na Antiguidade, nomeados de túnicas “à grega”. Foi o criador de grande parte 
da indumentária que a imperatriz Josefina usava e sem dúvida um dos responsáveis pelo êxito 
das festas imperiais. A sua carreira teve duração por cerca de trinta anos. 
Quanto ao vestuário masculino, sob influência da Inglaterra, fica vigente o uso das 
casacas à francesa. Tal traje trouxe uma nova forma de elegância, divulgado por George Brian 
Brummell, o primeiro a defender o estilo dos dândis. 
Após o casamento de Napoleão com a Arquiduquesa de Áustria, Marie-Louise, a corte 
começou a perder o brilho, não por influência desta imperatriz, mas antes devido às dificuldades 
de todos os níveis que a França começava a sentir, nomeadamente de carácter econômico, 
passando a ser limitadas as encomendas de indumentária de luxo. 
 
5 – Dandismo 
 
Foi no século XIX, que o vestuário passou a significar dissidência. A figura crucial nesta 
transformação foi o dândi. O dandismo estabeleceu padrões mais rígidos de masculinidade ao 
introduzir um traje novo, moderno e urbano. Também, apontava para o vestuário como forma de 
revolta. 
O vestuário masculino do século XIX era uma adaptação do traje de campo e esportivo 
do séc. XVIII. Foi o dândi que o transformou em estilo dominante, impondo uma estética que se 
opunha ao exagero de rendas, brocados e pó-de-arroz dos aristocratas pré-Revolução Francesa. 
Para Beau Brummel, seu criador, o novo estilo significava nada de perfumes. O papel do dândi 
implicava numa preocupação com o eu e a apresentação pessoal, em que a imagem era tudo. 
Muitas vezes não tinha profissão, nome de família (SNOB: sem nobreza) e, 
aparentemente nenhum meio de sustento econômico, mas acabou por criar o arquétipo do novo 
homem urbano. A sua dedicação a um ideal de vestuário que santificava a sutileza, inaugurou 
uma época que punha o tecido, o corte e a queda do traje à frente do adorno, opunha o clássico 
retilíneo à cor e ostentação do rebuscado traje barroco e rococó. 
Tipo narcisista, não abandonou a busca da beleza, apenas modificou o tipo apreciado, 
criando um novo erotismo masculino, com calças muito apertadas e o rosto sem pintura. O novo 
estilo tornou-se possível pelo uso da lã e do algodão em vez das sedas finas e cetins da velha 
aristocracia. Os alfaiates ingleses foram os primeiros a aperfeiçoar as novas técnicas de costura 
para tais tecidos. Vem dai a tradição de alfaiataria como corte inglês para traje masculino. 
Executar uma toalete dândi exigia horas de dedicação diária, não mais para pintar e 
emperucar, mas para limpar, escovar, lavar e fazer a barba, para engraxar as botas até a 
perfeição e para dar um nó exímio na gravata, que portava sempre um aspecto de indiferença. 
Inventaram o estilo Cool. Seu traje era simultaneamente uma revolta e um chic clássico. Era um 
homem do passado e do futuro. 
Símbolo ambulante de erotismo, o dandismo foi adulterado e vulgarizou-se, no final do 
século XIX, ao ser diretamente associado à homossexualidade. Lorde Byron, seu maior 
divulgador, é considerado o responsável pela substituição das ceroulas pelas calças e fala-se 
que foi o primeiro a usar calças de jeans, que eram muito largas, brancas durante o dia e escuras 
para noite. O traje era complementado por um casaco preto de lã, um colete com abotoamento 
alto e uma gravata muito estreita de tafetá. Byron é tido como a primeira estrela pop da cultura 
inglesa. 
 
No século XIX, Baudelaire, fascinado pelo dandismo, vestia-se de preto para protestar 
contra a vulgaridade do vestuário nos círculos boêmios franceses, encarava o dandismo como 
uma procura da perfeição, uma forma de espiritualidade e, também como uma reação social a 
aquela época transitória, quando a democracia ainda não estava toda poderosa, apesar da 
aristocracia estar parcialmente destronada e desvalorizada. 
Assim como Balzac, Baudelaire considerava o dândi um rebelde desencantado que 
tentava criar uma nova aristocracia do gênio, ou pelo menos do talento, soberbo, sem calor e 
cheio de melancolia. 
Wilson (1989) fala do dandismo como um movimento que para além da moda, se 
expressava como movimento de contracultura, tão contraditório quanto a sociedade que lhe deu 
origem, porque este período transitório do capitalismo é permanente, condenado a constantes 
mudanças, vomita repetidamente rebeldes ambíguos, cuja rebeldia nunca é uma revolução, pelo 
contrário apenas uma afirmação do eu e acima de tudo anti-burguês. 
O estilo que o dândi inventou introduziu através do vestuário convencional masculino, a 
antimoda e também o estilo de oposição. 
A antimoda é a elegância que nunca chama atenção, a simplicidade que Chanel 
reinterpretou para as mulheres no século XX. É a tentativa de encontrar um estilo sem época, de 
eliminar por completo o elemento de mudança na moda. 
O dandismo também continha os germes do estilo de moda de oposição que tem por 
finalidade expressar a dissidência ou as ideias diferentes de um dado grupo, ou das opiniões 
hostis à maioria conformista. 
Ao introduzirem o cabelo cortado à escovinha no início do séc. XIX, sem pó-de-arroz 
para ambos os sexos e gravatas largas com nó desleixado, um ar de beleza desmazelado 
sugeria uma mente ilustrada acima do vestuário. 
O desmazelo tem sido usado para sugerir uma profissão de artista ou intelectual, e vigora 
até nossos dias, como vimos com os jeans, comprados muitas vezes já surrados e rasgados 
como foi o caso da geração de 68. 
O dândi, como herói romântico apareceu em muitos romances ingleses do século XIX. 
No período da Regência, e através do dandismo se iniciou o uso das roupas pretas no traje 
masculino, porque o preto era uma cor apropriada para um ser maligno que o herói moderno 
tinha de ser e, para esse século, em luto por si próprio. O romance mais famoso deste estilo foi 
Pelham de Edward Lytton, publicado em 1828. 
John Harvey (2001) em sua obra Homens de Preto, fala sobre o sentido de relacionar o 
uso do vestuário preto com o seu uso antigo, mais habitual, o luto, apesar de considerar estranha 
a relação entre o luto e a revolta. 
Apesar de o preto não ter sido sempre a cor do luto, a especial ênfase no ritual do luto 
durante o século XIX, expressava tanto a seriedade profunda da sensibilidade evangélica 
vitoriana, como a histeria generalizada dessa cultura. O exagero do luto de uma viúva 
demonstrava a riqueza do defunto patriarca. O luto profundo tinha a ver tanto com a reputação 
sexual como com as posses e propriedades de uma viúva, que em bom estado de amparo 
financeiro não precisaria de segundas núpcias. 
O luto foi um negócio lucrativo no século XIX. Todas os magazines tinham seu 
departamento apropriado, onde as roupas podiam ser ajustadas na medida do cliente com muita 
rapidez. O luto só deixou de ser exigido após o período de penúria da Primeira Guerra. Hoje em 
dia, quase que desapareceu, na medidaem que a cultura contemporânea fugiu da própria ideia 
da morte. 
Desde a Grécia antiga e, ainda confirmado pela cultura cristã, o preto fala da ausência 
de vida. Ligado à velhice, é elegante. Nos jovens, dá um aspecto assombroso e comovedor. É 
uma cor própria para o ambiente urbano. 
O preto dândi era a cor da sobriedade burguesa. Foi subvertida, pervertida, tornou-se 
perigosa depois de ter sido erotizada pelo fascismo como uma completa filosofia da dominação, 
da crueldade e da irracionalidade. 
Neste período os Estados Unidos também tinham sua boêmia ambientada em 
Greenwich Village, que era uma transplantação do submundo original dos homens de letras de 
Londres e Paris, um mundo de jovens jornalistas, escritores por encomenda, de artistas e 
desenhistas, cuja arte se dedicava ao efêmero, aos esboços e vinhetas da cena social corrente. 
Os boêmios viviam à volta da Lower Broadway, nos anos de 1850, 60 e 70; por volta de 
1900, tinham chegado a Greenwich Village, que era um centro de ebulição social, política e de 
estilos de vida experimentais das duas primeiras décadas do século XX. Lá, a sofisticação era o 
padrão erguido contra tudo o que era burguês. 
Era a primeira cultura de juventude; nela as roupas que se vestiam tinham grande papel 
na participação do indivíduo de um grupo dentro de um grupo maior. Na Inglaterra, artistas e 
escritoras, com Virgínia Woolf, criavam o “vestuário estético” e, para fugir dos chifons 
eduardianos, recorriam ao mercado de roupas antigas e exóticas como moda de oposição que 
durou até fins dos anos 50 do século XX, como estilo alternativo de Chelsea, usado pelas 
estudantes de belas artes. Colecionavam saias grandes, com muitas cores, sandálias 
franciscanas e discos de Jazz. 
 
6 - Napoleão e a Revolução Industrial 
 
A medida da obrigatoriedade da utilização do traje de corte tornou Napoleão um dos 
grandes responsáveis pelo desenvolvimento da indústria da seda de Lyon. 
Efetivamente, um aspecto que não é frequentemente tratado quando se estuda a moda 
no tempo do Império é a chegada da Revolução Industrial, que antes de qualquer outra área foi 
aplicada exatamente à produção têxtil e à confecção de roupa. 
Lyon era antes da Revolução Francesa um importante centro de produção de seda, onde 
subsistiam na cidade entre dois e três mil teares, mas as perseguições à nobreza, a sua saída 
do país ou a sua ruína levou a produção têxtil para muito perto de uma situação de falência. 
Ao subir ao trono, Napoleão logo compreendeu que precisava de finanças fortes e as 
suas primeiras medidas foram exatamente no sentido de acabar com o peso da importação de 
tecidos ingleses e desenvolver a produção têxtil na França. Tal foi feito por várias vias, quer 
direta, quer indiretamente. Indiretamente, o Imperador desenvolveu consumos de seda que a 
sua corte se viu obrigada a seguir. Diretamente através de legislação que favorecia aquela 
produção. 
Para aumentar a dignidade da corte, em 1811, foi tornado obrigatório o uso da seda, 
quer por homens, quer por mulheres em todas as cerimônias, havendo ainda a obrigatoriedade 
de todos quantos tivessem responsabilidades oficiais, tanto em território francês, quanto em 
territórios dependentes do Império, usarem tecidos de Lyon. Havia até referência a que a sua 
renovação deveria ser o mais frequente possível. Assim, as sedas de Lyon conheceram de novo 
um período extremamente próspero que não terminou com o fim do Império. 
Em termos de moda, os tecidos ganhavam características novas que os afastavam dos 
tecidos usados na decoração das casas. Foi nesta altura que Jacquard desenvolveu o tear 
mecânico. 
Joseph-Marie Jacquard, nascido em 1752, filho de um mestre-tecelão, desde os vinte 
anos fabricava sedas. Não contente com o manuseamento e desempenho dos teares manuais, 
desenvolveu um tear que não tinha aquelas limitações observadas por ele, e fosse muito mais 
eficaz. O seu tear mecânico foi exposto pela primeira vez, em 1801, em Lyon, e a compreensão 
por parte de Napoleão do verdadeiro alcance deste feito foi tanta que viria a receber, por decreto 
imperial, uma pensão anual. 
O sucesso do tear de Jacquard foi enorme: a partir de 1808 vários destes teares 
começaram a substituir os anteriormente usados na fabricação da seda. A invenção de Jacquard 
não se aplicava apenas à seda, de tal forma que em 1805 estavam já registadas em território 
francês 250 máquinas de fiar algodão. 
Paralelamente, algumas manufaturas, nomeadamente em Jouy, começaram a usar rolos 
de cobre para a impressão das cores, começando assim a mecanizar-se a estampagem dos 
tecidos a partir de 1802. 
No período imediatamente subsequente a ambas as revoluções deu-se o 
desaparecimento da moda associada aos regimes anteriormente vigentes, geralmente moda 
hierática e formal. 
A vigência do processo revolucionário, correspondeu a um período de simplificação e 
até mesmo de abandalhamento, nomeadamente com o abandono, por alguns dos interventores 
que detinham importantes responsabilidades na condução da Nação, do uso da gravata. 
Mas, enquanto decorria o período revolucionário, de entre os que conduziam este 
processo, houve alguns que começaram a destacar-se pela sua elegância, quer à direita, quer à 
esquerda. 
Posteriormente houve uma retomada da formalidade na indumentária, tanto na França, 
que aconteceu no período do Diretório, quanto em Portugal, que ocorre nos primeiros governos 
constitucionais. 
A moda deste período, em ambos os casos, espelha de alguma forma na tentativa de 
recuperação econômica dos países, que estavam perto da ruína devido ao período 
revolucionário, com tentativas de contenção de despesa por parte do Poder, mas nem sempre 
compreendidas ou aceites pelos que queriam seguir a moda. Por fim, ao terminar o ciclo, um 
período de um novo riquismo ostensivo e ostensório que correspondeu no caso francês ao 
Império, e no português ao chamado “Cavaquismo”. 
A época da Revolução Francesa e a queda do Império Napoleônico trouxe feitios 
importantes para todas as áreas do saber, desde a ciência política e militar, às artes decorativas 
e, no caso em apreço, no vestuário e na moda. Foi possível observar um importante 
desenvolvimento na moda, podendo considerar que o vestuário atual deriva de alguns 
desenvolvimentos do traje no período que segue à Revolução. Mais do que fazer um inventário 
de formas e tecidos é importante identificar uma evolução do consumo, e que este mesmo 
modelo, não por coincidência, mas por similitude de situações, seria inconscientemente seguido 
pela moda portuguesa nos tempos que se seguiram à Revolução de 1974. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A INDUSTRIALIZAÇÃO DA MODA 
 
A evolução histórica da indústria do vestuário, nasceu como elemento significativo da 
constituição da Revolução Industrial na Inglaterra. O aspecto mais discutido pelo pensamento 
culto do séc. XIX foi a condição do trabalho dentro da indústria. A indústria têxtil deu o arranque 
da Revolução e, não houve literatura e pensamento teórico que escondesse a forte exploração 
trabalhista das mulheres neste setor. Incomodava àqueles contemporâneos que, enquanto as 
mulheres da sociedade burguesa se vestiam com roupas luxuosas, as operárias das indústrias 
têxteis eram exploradas, recebendo baixos salários, trabalhando em condições de grande 
insalubridade e excesso de carga horária. 
Em poucos anos, a indústria inglesa do algodão dominava o mundo, tendo destruído as 
indústrias de algodão indígenas do subcontinente indiano, e devorado a matéria-prima na qual 
se baseava, o que implicou condições de vida e de trabalho duras pra mulheres e crianças 
daquela colônia. 
A partir do século XVIII o tecido de algodão passou a ser usado não somente para forros 
ou artigos domésticos, mas também para as roupas da alta sociedade. A partir daí as técnicas 
de estamparia do algodão foram mecanizadas, aumentando a venda ea procura do produto. 
A industrialização da lã também começou a se estabelecer definitivamente na Inglaterra, 
deixando de ser uma tecelagem de domínio familiar e artesanal, passando a ser usada inclusive 
pela alta sociedade, pois anteriormente era um tecido usado somente pelas classes mais baixas. 
Quanto à tecelagem da seda, que foi sempre considerada mais luxuosa do que a lã e o 
algodão foram entre os séculos XVII e XVIII que a Inglaterra passou a ser importante produtor 
de tecidos dessa fibra. Esta indústria incluía na sua mão de obra homens e mulheres dos mais 
diferentes níveis sociais, tais como os ricos mestres tecelões, as mulheres e crianças 
trabalhadoras mais exploradas. A seda sempre foi um tecido raro, difícil de ser produzido por 
exigir uma mão-de-obra muito qualificada. 
Na cadeia produtiva têxtil as fibras mais conhecidas encontram-se na natureza: a seda, 
a lã, os pelos e as crinas de origem animal; e os caules que permitem a extração de fibras de 
origem vegetal. As fibras químicas abrangem as fibras sintéticas, derivadas de produtos 
petroquímicos, e as artificiais derivadas da celulose. 
Enquanto as fibras naturais necessitavam de um trabalho intensivo ou de grandes 
espaços, e por vezes de ambos, a produção dos tecidos sintéticos não necessitava nem de um 
tipo especial de clima, nem de uma força de trabalho abundante. 
A manufatura das roupas, nas sociedades industriais do século XIX, desenvolveu-se de 
duas maneiras diferentes. Havia uma procura de costureiras por encomenda, de costuras 
delicadas e sob medida, que só podiam ser feitas à mão, e ao mesmo tempo, começava a 
produção em massa do vestuário industrializado padronizado, tanto nos modelos como nas 
medidas. 
O aparecimento das fabricas de roupas reforçou a divisão entre as empresas que 
usavam maquinário e recrutavam mão de obra semiqualificada, e os velhos artesãos. No 
comércio tradicional dos alfaiates, cada peça de roupa era feita separadamente por um só 
trabalhador; isto era conhecido como método da peça única. 
Os alfaiates haviam estado entre os primeiros artesãos independentes e tinham 
estabelecido as suas corporações nas cidades medievais. Eram organizações de patrões, que 
trabalhavam normalmente com as suas famílias, um ou dois trabalhadores experientes, 
contratados por dia, e alguns aprendizes. 
No século XVII, surgiu a loja de alfaiate. Os alfaiates eram comerciantes estabelecidos 
que tinham capital suficiente para alugarem uma loja numa zona chique das cidades, para terem 
estoque de tecidos caros e oferecer crédito ilimitado às pessoas da sociedade que formavam 
sua clientela. O comércio era sazonal e os trabalhadores das alfaiatarias eram contratados e 
despedidos conforme as necessidades. 
Na Inglaterra e nos Estados Unidos, dois grupos de trabalhadores vieram juntar-se às 
fileiras dos trabalhadores temporários e semiqualificados. No final do século XIX usaram trabalho 
dos emigrantes, especialmente judeus. No início do século XIX as mulheres passaram de 
simples operária a aprendizes de alfaiates em número cada vez maior. Os trabalhadores Judeus, 
em muitos casos, já eram reconhecidos como alfaiates qualificados. 
Foi durante o período entre 1898 e 1910, que a indústria do vestuário feito em massa 
arrancou de fato, tanto na Inglaterra como na América. A expansão das fabricas de confecção, 
no entanto não causou a falência das lojas de alfaiates ou o desaparecimento das costureiras a 
dias. Pelo contrário, este sistema aumentou o trabalho a domicílio. 
 
Na virada do século XIX para o XX, os grupos feministas lutavam para acabar com a 
exploração salarial do trabalho da mulher e da criança, e obtiveram sucesso. A Primeira Guerra 
mundial fortaleceu o movimento dos Trade Boards e melhorou as condições de trabalho. 
Em 1909 houve uma greve histórica na indústria das roupas onde 20 mil trabalhadores 
deixaram seus trabalhos. Apesar da maioria dos grevistas ser constituída por homens, foi a maior 
greve feminina da América. E esta greve levou a um acordo histórico que foi assinado pelos 
patrões, e a partir daí as roupas femininas começaram a ser criadas também visando às 
necessidades de uso para o trabalho da mulher, isto, é, começaram a se fazer roupas funcionais. 
Nos EUA havia um grande campo para roupas feitas em massa. As grandes distâncias 
geraram a possibilidade de se reproduzir e vender roupas em grande quantidade, tanto de 
modelos quanto de tamanhos e, para os diferentes centros. 
Entre os anos 20 e 30, houve mudanças importantes na indústria das roupas, a indústria 
de roupa conseguiu traduzir as medidas masculinas de pessoais para um padrão de roupa feita 
em fábrica. A moda da classe média também se desenvolveu em estilos próprios diferentes e 
com boa qualidade. 
Nos anos 40 a produção de roupa barata e atraente estava cada vez mais ligada ao 
desenvolvimento de métodos de fabricação modernos que envolviam rapidez, estilo, qualidade 
e preço. 
Durante a década de 50, com o fim do período de guerras mundiais, houve uma melhoria 
nas condições de vida e com isso, o crescimento de uma sociedade consumidora. Outro fator 
que contribuiu enormemente para o desenvolvimento da industrialização de roupas foi o 
surgimento do mercado voltado aos jovens estudantes. 
Na metade da década de 60, quase metade das roupas industrializadas era destinada à 
faixa etária de 15 a 19 anos de idade. Esta mudança nos hábitos de consumo da juventude foi 
um fenômeno de moda e ocorreu inicialmente na Inglaterra, o que fez com que o desenho de 
moda inglês para o mercado de massas começasse a liderar o resto do mundo. 
O crescimento do mercado de moda se deu tanto para atender exigências das faixas 
etárias como pela globalização, que estabeleceu um padrão de elegância a nível global. Tal 
crescimento exigiu grandes reformulações nas estruturas de trabalho e um grande 
aprimoramento no maquinário. A modernização de todos os processos industriais continuou 
introduzindo o planejamento computadorizado das provisões, o desenvolveu do corte a laser e 
o desenvolvimento, pelos japoneses, de máquinas que bordam até em tecidos muito delicados, 
e hoje, até a alfaiataria de fábrica por encomenda utiliza agora pontos feitos à máquina que 
imitam os aspectos do ponto feito à mão. 
Cabe ressaltar que, tanto o setor têxtil quanto o de confecções não são geradores da 
sua própria tecnologia, o que significa que os seus respectivos avanços tecnológicos são 
incorporados pela utilização de bens de capital. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A BELLE ÉPOQUE, ART NOUVEAU E O SURGIMENTO DA ALTA COSTURA FRANCESA 
 
1 – A Art Nouveau e a Belle Époque 
A La Belle Époque, ou Bela Época, representou o período de 1890 até 1914, tendo como 
marco de seu fim o estourar da Primeira Guerra Mundial. No campo artístico houve 
grande mudança de valores. Neste momento a referência passou a ser a natureza, com suas 
linhas curvas e formas orgânicas. O estilo foi batizado de Art Nouveau e representou 
grande singularidade no período. 
Como sempre se viu acontecer, a novidade teve seus reflexos na área da moda e a 
mulher vai incorporar todos os novos detalhes curvos. A cintura feminina se tornou mais fina e 
atingiu a menor circunferência já vista em toda a história. O ideal de beleza do período apontava 
para uma estreiteza de apenas 40cm e para atingir tal objetivo, algumas mulheres chegavam a 
remover suas costelas flutuantes para que conseguissem afinar ainda mais a cintura com o 
auxílio do espartilho. 
Deste modo, o que teve início ainda na Era Vitoriana se acentuou na Belle Époque, 
período que foi caracterizado pela cintura ampulheta das mulheres, ombros com volume, cintura 
muito fina e volume nos quadris. A indumentária feminina marcou uma demasiada cobertura 
corporal, quando apenas o rosto e as mãos se deixavam aparecer, quando ela não estivesse de 
luvas. As golas eram muito altas e cobriam o pescoço e os detalhes como laços, babados, fitas 
e rendas estavam em profusão. 
Com opassar do tempo e o aproximar do século XX, as anquinhas desapareceram. 
O que se viu foi uma saia em formato de sino, bastante apertada quase impedindo o 
caminhar das mulheres. Usavam chapéus com flores, sobre os coques fofos e a bota era 
indispensável. 
Ainda no final da Era Vitoriana o hábito de práticas esportivas, em especial da 
equitação, mas também o tênis, a peteca, o arco e flecha entraram em voga e se 
consagraram na Belle Époque. Este hábito ligado o esporte trouxe para o guarda roupa feminino 
a veste de duas peças, com ar masculino. A assimilação foi grande e em breve o Tailleur (casaco 
e saia do mesmo tecido) foi adotado para o dia-a-dia das cidades. 
O banho de mar também se tornou um hábito. A roupa para tal atividade ainda não 
tinha nenhuma relação com as de hoje, uma vez que eram de malha, em geral de fios de lã, 
cobriam o tronco e atingiam a altura dos joelhos. Ainda faziam parte da composição meias e 
sapatos e muitas vezes uma capa por cima de tudo com intuito de proteção. 
A moda infantil, pela primeira vez na história, começa a deixar de ser cópia da roupa dos 
adultos. Por influência dos banhos de mar, surge a moda marinheiro, que ao longo de todo o 
século XX vai ser relida. Worth continua sendo um nome de destaque na Alta Costura, mas 
entram novos no cenário, como Jacques Doucet e John Redfern. 
Para o homem, as linhas do período anterior permanecem, mantendo a proposta 
de praticidade e funcionalidade. O traje masculino era composto de sobrecasaca e cartola, mas 
o terno era facilmente visto. As calças masculinas eram retas e com vinco na frente, os 
cabelos eram curtos e o uso do bigode era bastante popular na época. 
Principais características da Belle e Époque: 
• Influência do Art Noveau, das formas curvilíneas; 
• Cinturas extremamente afuniladas (cerca de 40 cm de circunferência) – Ampulheta; 
• Saias sem anquinhas, porém volumosas, muito ajustadas e em formato de sino; 
• Chápeus com flores sobre coques; 
• Botas de cano curto; 
• Prática de esportes - Hipismo e Tênis; 
• Banhos de mar com malhas de lã, meias, sapatos e capa; 
• Alta-Costura em evidência com novos nomes: Jacques Doucet, John Redfern e Paul 
Poiret 
2 - A Era Vitoriana (1837 - 1860) 
 
Após um período em que a imagem é suavizada e simplificada, temos novamente na 
história uma época de excessos e grandes volumes. É o período Vitoriano, que tem este nome 
em função da rainha Vitória, monarca da Inglaterra neste período. 
O início da segunda metade do século XIX foi marcado por Napoleão III (França) e pela 
rainha Vitória (Inglaterra). A burguesia estava com grande prestígio graças ao processo da 
Revolução Industrial que estava caminhando bem e permitindo o trabalho com negócios e 
comércio e a acumulação de capital dentro da sociedade de consumo vigente. O reinado da 
rainha Vitória é marcado pela instalação moral e puritanismo, a rainha era uma figura solene. Em 
1840 casa-se com Albert, e este se torna o Príncipe Consorte. 
Esta época é tida como o apogeu das atitudes vitorianas, período pudico com um código 
moral estrito. Isto dura, aproximadamente, até 1890, quando o espirituoso estilo de vida festeiro 
e expansivo do príncipe de Gales, Edward, ecoava na sociedade da época. Em 1861 morre o 
príncipe Albert e a rainha mergulha em profunda tristeza, não tirando o luto até o fim de sua vida 
(1902). A morte do príncipe Albert marca o início da segunda fase da era vitoriana. As roupas e 
as mulheres começam a mudar, os decotes sobem e as cores escurecem. A moda vitoriana do 
luto extremo e elaborado vestiu de preto os britânicos e os americanos por bastante tempo e 
contribuiu para tornar esta cor mais aceita e digna para as mulheres. Mesmo as crianças usavam 
o preto por um ano após a morte de um parente próximo. Uma viúva mantinha o luto por dois 
anos, podendo optar como a rainha Vitória por usá-lo permanentemente. 
A Era Vitoriana, que durou aproximadamente de 1850 a 1890, foi uma época próspera e 
os reflexos na moda foram evidentes. 
O ideal de beleza do início da era vitoriana exigia às mulheres uma constituição pequena 
e esguia, olhos grandes e escuros, boca pequenina, ombros caídos e cabelos cacheados. 
A mulher deveria ser algo entre as crianças e os anjos: frágeis, tímidas, inocentes e 
sensíveis. A fraqueza e a inanidade eram consideradas qualidades desejáveis em uma mulher, 
era elegante ser pálida e desmaiar facilmente. Saúde de ferro e vigor eram características 
vulgares das classes baixas, reservadas às criadas e operárias. 
Os vestidos femininos eram dotados de profundos decotes que deixavam o colo em 
evidência. Ombros e braços também ficavam aparentes e os tecidos eram muito luxuosos como 
a seda, o tafetá, o brocado, a crepe, a mousseline, dentre outros. 
Por volta de 1870/1890, o volume passa a ser apenas uma espécie de almofadinha na 
parte traseira das saias: surge o Bustle. Eram feitos de crina de cavalo no início e em seguida 
de arcos de metal unidos por uma dobradiça que permitia que ela se abrisse ou se fechasse 
quando a mulher sentava. O volume se concentrou, então, só no traseiro feminino. Os espartilhos 
eram indispensáveis e os detalhes cresciam cada vez mais, com o uso das rendas em especial 
e também de laços e babados. Usavam leques, sapatos de salto alto, sombrinhas, caudas nos 
vestidos e pequenos chapéus para o dia. 
Já a moda masculina era prática, tendo como adereço o relógio de bolso com a corrente 
por cima do colete. 
O ideal feminino que passa a ser seguido é: 
• A crinolina, com muitas anáguas, gerando vestidos extremamente volumosos; 
• O espartilho, evoluído do corset, agora mais ajustado à cintura, chegando inclusive a 
deformá-la; 
• As mangas extremamente justas e compridas, enfatizando os ombros caídos; 
• Cabelos cacheados; 
• Xales e chapéu grandes decorados eram os acessórios preferidos; 
• Maquiagem pálida com boca e olhos extremamente marcados. 
À mulher vitoriana foi dada a condição de ser frágil, puro, tímida, inocente e sensível. 
Qualquer característica que fosse de encontro a essas características era considerado vulgar. 
Por isso as roupas eram criadas para evidenciar esse perfil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O ORIENTALISMO DE PAUL POIRET 
 
1 – Anos 1910 
Durante a década de 1910, exatamente entre 1914 e 1918, a Primeira Guerra Mundial 
transformou a Europa e o mundo. A ausência dos homens para o trabalho cotidiano, já que 
estavam lutando na guerra, levou a mulher a ocupar uma posição diferenciada: as mulheres 
passaram a aturar em espaços até então considerados masculinos. 
Laver (1989) afirma que a primeira guerra mundial "abafou a moda". Há, portanto, pouca 
coisa para se registrar neste período. Na Inglaterra, houve a tentativa de se criar um "vestido 
nacional padrão, uma roupa prática, com fivelas de metal no lugar de colchetes e destinada, para 
citar uma pessoa da época, a servir de "vestido para sair, vestido de casa, vestido para descanso, 
vestido para o chá, vestido de jantar, vestido de noite e camisola". Em 1919, quando a moda 
voltou ao seu normal "a saia ampla que atravessara a guerra foi substituída pela linha barril. O 
efeito era completamente tubular. 
2 – Paul Poiret 
 
No início do século XX a Europa vivia uma intensa transformação de valores e consumo, 
ninguém mais do que Paul Poiret soube enxergar o que esta nova época desejava em matéria 
de vestimenta. 
Com apenas 24 anos, abriu sua própria Maison. Inspirado pelos Balés Russos e pela 
atmosfera Oriental, realizou roupas que mudaram a silhueta feminina e a História da Moda. Em 
1906, um vestido marcou a nova silhueta, não mais apertada, espremida pelo espartilho. Poiret 
ficou conhecido por liberar as mulheres desse incômodo acessório. Para a mulher que precisava 
usar todos os dias o apertado espartilho, foi uma revolução. Agora ao invés de espartilhos, a 
mulher poderia usar ligas e soutiens. 
Foi o primeiro estilista a abraçar o estilo Art Deco e disseminá-lo com o seu conhecimento 
em corte e costura,e seu lado criativo, ele conseguiu passar o espírito da época em peças 
revolucionárias. 
Suas fontes de inspirações eram inúmeras, desde o estilo Western e folk, até a 
arte avant-garde e culturas antigas. Mas foi a simplicidade das roupas orientais que o levou a 
fazer as maiores mudanças na roupa moderna. 
Desejava revigorar a moda do seu tempo, ou seja, não havia nenhuma preocupação com 
a saúde, mas sim com a estética da silhueta feminina. Para o costureiro a beleza da mulher 
deveria ser vista de forma natural e como suporte bastaria usar o soutien e uma cinta. O soutien 
moderno e a calcinha (caçelons) confeccionada de seda e algodão menos volumosa são 
criações peças de suas criações. 
Em 1908 os móveis executivos foram modernizados e eram a última moda em Paris, 
com isso, Poiret criou uma coleção inspirada nos vestidos da linha Império. Estes vestidos de 
cintura alta, sem volumes, foram uma revolução, pois ao mesmo tempo que libertava as mulheres 
do espartilho, marcaram a passagem de uma roupa volumosa para a silhueta mais fina que seria 
usada na próxima década. Estes vestidos que misturavam bordados, motivos folks com florais 
estilizados e formas geométricas lançaram um novo estilo nas ilustrações de moda. 
Um ano depois o Ballet Russo invade Paris e deixa o público estasiado com o figurino 
de Léon Bakst. Com uma estética oriental, muitas cores e movimento, o figurino abre as portas 
para novas experimentações dos artistas da Art Deco. 
Paul Poiret não ficou de fora e criou o estilo "sultão", que vinha do vestido oriental, mas 
com outros acessórios moderníssimos: calças amplas presas aos tornozelos usadas debaixo 
dos vestidos, mantos e turbantes cortados em luxuosos e exóticos tecidos. 
Para promover estas novas peças, Poiret organizou festas oníricas com tema oriental 
para que as pessoas pudessem usar as roupas. 
Esta nova modelagem, usando técnicas de cortes orientais, levou Poiret a deixar de lado 
os vestidos pesados e volumosos da Art Nouveau, passando para a linearidade da Art Deco. 
Revolucionou com a criação da Minaret, que era uma túnica em forma de abajur, a saia 
funil, que exigia da mulher passos curtíssimos, o trotteur (tailler de corte masculino) e para fazer 
uso dele, foi necessário subir a barra da saia até o calcanhar, fato que escandalizou que 
provocou espanto nas pessoas conservadoras da época. As calças odalisca e culote são 
precursoras das pantalonas e de outros modelos de calças atuais. Observando que de início 
estes trajes não eram aceitos por todas as mulheres, mas sim por atrizes e mulheres mais 
ousadas. 
“Libertei os seios e aprisionei as pernas”. 
Paul Poiret 
 
Poiret desbancou a moda ostentativa predominante desde século XVI, disse certa vez 
para a revista Vogue (1913): 
 
“Vestir uma mulher não é cobri-la com 
ornamentos, mas sim sublinhar o significado de 
seu corpo e realçá-lo, envolver a natureza em um 
contorno capaz de acentuar sua graça”. 
Paul Poiret (QUEIROZ, 1998, p.14). 
 
Também trabalhou junto ao departamento de moda do Wiener Werkstatte, em Viena 
onde fabricavam tecidos coloridos que eram usados por estilistas e arquitetos. Este trabalho em 
conjunto era para criar ambientes de viver mais harmoniosos. Esta parceria irá durar até o final 
da carreira de Poiret. 
Em Paris, Poiret funda o Atilier Martine, onde empregava garotas jovens para criarem 
bordados naive. Estas peças eram vendidas como papel de parede, tecidos e cortinas. Ele 
também lançou a primeira loja de perfume e maquiagem relacionada a marca de roupas, uma 
galeria de arte, e uma oficina de impressão, onde contratou o pintou Raoul Dufy para desenhar 
as estampas. 
Tudo isso faz com que Poiret possa ser considerado o primeiro designer do século, 
estampando com a sua marca todos os seus projetos e conseguindo vender tudo, desde 
acessórios, perfumes, roupas a peças de decoração de interiores. Sua maison, que 
comercializava todos os seus produtos, tinha uma decoração extravagante, considerada 
vanguardista, assim como a maioria de suas criações, de suas festas e de sua vida da qual pôde 
conduzir até ser convocado para a Primeira Guerra Mundial, anunciando o fim de sua fantástica 
carreira. 
Paul Poiret era o centro das atenções, transformou-se em um dos mais famosos 
costureiros, até que a guerra explode em 1914, em que teve que se afastar para servir o exército. 
Foi uma de suas piores fases. Por constar em seus documentos a profissão de alfaiate, teve que 
arrumar os uniformes dos soldados, tarefa nada fácil para ele que não sabia costurar. Desenhou 
fardas mais práticas e com menos tecidos. Passou a ser chefe de produção, mas o 
temperamento genioso o colocava em constantes dificuldades. 
Após a guerra retornou ao seu atelier, mas percebeu com muita frustração que a moda 
seguia o espírito do momento, suas roupas já eram consideras ultrapassadas. Poiret organizou 
festas no intuito de resgatar seu prestígio, mas foi em vão. 
Com essa interrupção ele não volta a trabalhar com tanto prestígio como antes, suas 
peças são criticadas por serem muito teatrais, e suas clientes vão aos poucos sendo atraídas 
pela simplicidade de uma nova moda. 
Poiret caiu em ruína com a esposa e com os clientes, que o abandonaram. Na volta da 
guerra, as mulheres já não se reconheciam tanto nos seus trajes. Acreditando poder recuperar 
sua clientela com algumas de suas festas, ele organiza algumas delas com extravagantes 
convites e importantes presenças. Porém, as dívidas acabam só aumentando. 
Perto de sua morte em 1944, a silhueta reta e solta que permeia suas criações estava 
prestes a ser substituída pelo novo look acinturado de Dior. 
Ele vende sua grande coleção de quadros adquiridos diretamente de Matisse, Picasso e 
Van Dongen, escreve algumas obras e, depois de fechada sua maison, passa a pintar quadros 
que ganham uma retrospectiva organizada pelo amigo Jean Cocteau em 1944. No entanto, 
Poiret se vê impedido de assistir a seu último sucesso, morrendo alguns dias antes da abertura 
da exposição, à beira da miséria e abandonado pela mulher Denise. 
Nos anos 20, Poiret parece ter perdido seu toque inovador e chegou até a pensar em 
reintroduzir o sufocante espartilho em suas roupas. Reagindo contra a nova moda que dava à 
mulher um jeito de menino, em 1922 ele apresentou vestidos inspirados nas últimas décadas do 
século 19. Seus assistentes e suas clientes começaram a debandar para outras maisons e, 
endividado, ele teve de vender suas empresas. 
Em 1930 ele publicou ´En Habillant l´Époque´, sua biografia, que no ano seguinte foi 
lançada nos Estados Unidos com o título ´King of Fashion´. Mas sua vida, a essa altura, não 
tinha nada de realeza. Sem dinheiro, ele teve de desenhar uma pequena coleção para a 
Printemps, loja francesa de departamentos, e foi morar num hotel. Em 1934, amigos passaram 
a cuidar dele, que foi atingido pelo mal de Parkinson. Mesmo assim, começou a pintar e, também 
graças a amigos, chegou a mostrar seus quadros numa exposição. Muito debilitado e sem 
recursos, em 1943 ele foi morar na casa de sua irmã, onde morreu um ano depois. 
Na comemoração do seu centenário, foi contemplado com uma belíssima exposição no 
Metropolitan Museum, em NY, ́ Poiret: King of Fashion´ e com um lindo editorial na revista Vogue, 
onde Natalia Vodianova veste maravilhosos vestidos inspirados em seus looks. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OS ANOS 1920 E OS PRINCIPAIS NOMES: CHANEL, VIONNET, LANVIN E SCHIAPARELLI 
1 – Os anos 20 
Os anos 20 foram de fato, revolucionários, anos de inovação, não sendo à toa chamados 
de "anos loucos". As mudanças foram tantas e tão significativas que a palavra "novo" está 
sempre presente nesta década. 
Depois da Primeira Guerra Mundial, o funcionalismo torna-se presente no cotidiano e 
dominou a moda. Era uma espécie de utilitarismo associado a simplificação. 
O comportamento da mulher, devido as mudanças acontecidas permanece.Ela 
continuou a trabalhar fora de casa, a ganhar seu dinheiro e a consumir. 
A diversidade fazia parte da vida das pessoas e uma atividade importante foi a dança, o 
que contribuiu muito para a moda. Ritmos novos como o jazz, foxtrote, e o Charleston 
necessitavam de roupas adaptadas. As bainhas das saias e dos vestidos subiram. Em 1925, a 
mulher mostrou de fato as pernas com o cumprimento logo abaixo dos joelhos. É a primeira vez 
que esse comportamento acontece desde a Pré-história. 
Com as pernas à mostra, as meias passaram a ser imprescindíveis, sendo de seda 
natural tornaram-se claras para dar a ideia de cor da pele. 
A silhueta tubular e curta passou a ser o marco da década sendo influenciada pelo estilo 
artístico do art déco. A mulher se apropria deste estilo, negando toda e qualquer referência 
curvilínea. A silhueta tubular das roupas, fossem justas ou amplas passaram a ter sua cintura 
deslocada para a altura dos quadris (chamada de cintura baixa ou baixo quadril). As mangas, 
quando compridas, criando dois outros tubos, achatadores de seios (para não evidenciar os seus 
volumes), ficando mais parecido com o corpo masculino. 
A androgenia foi marcante neste período, com isso houve um certo desaparecimento de 
diferenciação social por meio das roupas, uma vez que esse aspecto sempre fez parte da 
indumentária. 
Os preços das roupas diminuem em razão da quantidade de tecidos usados e até a alta-
costura sente essa diminuição. 
As formas das roupas no meio da década ganham assimetria nos comprimentos distintos 
entre a frente e as costas, além de franjas. 
As roupas de baixo eram anáguas ou combinação, os já mencionados achatadores de 
seios, e no final da década aparecem os sutiãs. 
As roupas de banho também se modificam, encurtando-se, deixando boa parte da coxa 
à mostra. Confeccionadas em malha de lã, ganham ornamentação geométrica. 
Um aspecto importante passa a ser a maquiagem, afinal as mulheres se assemelhavam 
aos homens, com isso, o ato de se maquiarem ajudava nesta diferenciação. Muitas vezes era 
pesada, dando ênfase nos olhos escuros, assim como a boca, onde em seu centro acentuava o 
batom, chamadas de boquinha de coração. 
Os cabelos tornaram-se bem curtos, à altura do queixo, um reflexo da emancipação 
feminina, com o chamado corte à la garçonne, ou seja, à maneira dos meninos. O chapéu, 
acessório importantíssimo, tinha formato de sino, chamado de chapéu cloche. 
Os sapatos eram de presilhas nas laterais, cuja as alcinhas passavam por cima do peito 
dos pés, o salto da época era chamado de carretel. 
A moda masculina ganhou uma novidade, o uso do smocking para ocasiões mais 
formais, o tecido príncipe-de-gales, sapatos bicolores, e também as famosas calças esportivas 
de golfe chamadas knickerbockers, eram fofas e curtas, logo abaixo dos joelhos presas por uma 
espécie de cós e usadas com meias xadrezadas. Também os sweters e pullovers aparecem com 
frequência. 
Nos anos 20, o cinema aparece como forte influenciador de tendências e 
comportamento. Os costureiros importantes na década foram: Gabrielle Chanel, Madame 
Paquin, Jean Patou, Madeleine Vionnet, Jeanne Lanvin, Lucien Lelong, e Elsa Schiaparelli, que 
começam aparecer e se impor com suas modas. 
 
2 - Art Déco 
Em 1925 na cidade de Paris acontece a Exposição de Artes Decorativas e Industriais 
onde oficializou o estilo Déco que se expandiu por todo o mundo ocidental. Teve forte influência 
na moda com os nomes: Paul Poiret e Sonia Delaunay. 
Esta exposição deu ênfase a individualidade e ao artesanato refinado. Muito embora os 
movimentos artísticos da época estivessem ligados à filosofia e a política, o Art Déco foi um estilo 
de caráter decorativo, visto na época como ultramoderno e de alto luxo, destinado a burguesia 
do pós-guerra. Era comum o uso de materiais caros como o marfim, a jade e a laca. A partir da 
exposição Art Déco no Metropolitan Museum de Nova York em 1934, o estilo passou a valorizar 
a produção industrial, com materiais e formas aptas de serem produzidas em massa. Dessa 
forma o estilo Art Déco foi popularizado e de fácil acesso a população por meio da publicidade, 
dos objetos de uso domésticos, das joias e bijuterias, da moda e do mobiliário. 
O Art Déco chegou ao Brasil ainda no final da década de 1920, ressaltando-se acima de 
tudo, na arquitetura com a intenção de torna-la mais limpa e funcional. É possível encontrar 
inúmeras construções neste estilo no Brasil como: o Cristo Redentor que é a maior estátua Art 
Déco do mundo; e a Torre do Relógio da Central do Brasil. Além desses é possível citar o Teatro 
Carlos Gomes no Rio de Janeiro, Estádio do Pacaembu em São Paulo, Biblioteca Mario de 
Andrade, também em São Paulo, Estação Ferroviária de Goiânia. Victor Brecheret, um dos 
principais escultores do Modernismo no Brasil, foi um artista que mais recebeu influências do 
estilo Art Déco, bem como o pintor Vicente do Rego Monteiro. 
 
2.1 - Características principais: 
• Linhas circulares ou retas estilizadas; 
• Uso de formas geométricas; 
• Design abstrato; 
• Formas femininas e animais são as mais trabalhadas; 
• Influências do construtivismo, futurismo e cubismo; 
• Presença marcante na Arquitetura. 
3 – Gabrielle Coco Chanel 
Gabrielle Coco Chanel, nascida em Saumur, França, em 19 de agosto de 1883. Chegou 
a Paris aos 16 anos. Mais tarde, em 1910, com a ajuda de amigos e do próprio Balsan, seu 
companheiro, conseguiu abrir sua primeira loja, onde vendia chapéus. 
Em 1925, Chanel iniciou uma estreita amizade com o duque de Westminster, que a 
situou no mais alto escalão da aristocracia parisiense. Amiga também do compositor Stravinski, 
o qual se apaixonou por ela, o coreógrafo Diaghilev, a bailarina Isadora Duncan, os artistas 
Jean Cocteau, Picasso, Salvador Dalí e outros igualmente célebres, Chanel esteve sempre 
ligada às principais correntes artísticas da primeira metade do século XX. 
Em 1916, ela introduziu na alta-costura o jérsei de malha, os trajes de tecidos xadrez e 
a moda escocesa, com blusas de malha fina, as calças boca-de-sino, as jaquetas curtas e os 
casacos cruzados na frente e acinturados em estilo militar. O nascimento do chamado "pretinho 
básico" data de 1926, quando uma ilustração na revista Vogue mostrava o vestido desenhado 
por Chanel - o primeiro entre vários que iria produzir ao longo de sua carreira. Seus modelos 
simples, ao alcance da mulher de bom gosto e de poucos recursos, foram muito imitados e 
confeccionados em mais categorias de preços do que qualquer outra criação da alta-costura. Foi 
ela também quem introduziu as falsas joias ao mundo da moda. Chanel sempre gostou de usar 
muitos acessórios, como colares de correntes ou pérolas de várias voltas. 
Em 1939, no início da Segunda Guerra, a estilista decidiu fechar suas lojas. Ela 
acreditava que não era uma época para a moda. Mudou-se para o hotel Ritz e conheceu o 
alemão Hans Dincklage, espião nazista, de quem tornou-se amante. Em 1945, foi para a Suíça, 
voltando a Paris somente em 1954, ano em que também retornou ao mundo da moda. Sua nova 
coleção não agradou aos parisienses, mas foi muito aplaudida pelos americanos, que se 
tornaram seus maiores compradores. 
"Com estilo e elegância, Gabrielle "Coco" Chanel revolucionou a década de 1920, 
libertando a mulher dos trajes desconfortáveis e rígidos do final do século 19. Um verdadeiro 
mito, Chanel reproduziu sua própria imagem, a mulher do século 20, independente, bem-
sucedida, com personalidade e estilo.” (Almanaque da Folha de São Paulo) 
 
"Eu criei um estilo para um mundo inteiro. 
Vê-se em todas as lojas "estilo Chanel". Não há 
nada que se assemelhe. Sou escrava do meu 
estilo. Um estilo não sai da moda; Chanel não sai 
da moda." 
Coco Chanel 
 
A bolsa com alças de corrente dourada, o colar de pérolas, o tailleur e o vestido preto 
são os símbolos de elegância e status que marcaram para sempre a história da moda. Mas foi o 
seu perfume, o Chanel n° 5, tido como o mais vendido no mundo, que atornou milionária. O 
perfume foi criado em 1921 por Ernest Beaux a pedido de Gabrielle Chanel, que sugeriu: "Um 
perfume de mulher com cheiro de mulher". Dentro de um frasco art déco, foi incorporado à 
coleção permanente do Museu de Arte Moderna de Nova York em 1959, o Chanel nº 5 foi o 
primeiro perfume sintético a levar o nome de um estilista. 
 
4 - Madeleine Vionnet 
A francesa Madeleine Vionnet nasceu na comuna francesa de Chilleurs-aux-Bois, em 22 
de junho de 1876. É a responsável pela criação da maison de alta-costura, que veio a ser 
conhecida como a “arquiteta entre as costureiras”, devido ao seu refinado talento para a costura. 
Madeleine teve a oportunidade de adquirir algumas habilidades ao trabalhar com Kate 
Reilly em Londres. Reilly foi uma estilista fornecedora de vestuário para a família real britânica. 
Ao retornar à França, a jovem estilista passou a aprender com outros grandes nomes da moda, 
tais como Callot Soeurs e Jacques Doucet. 
Sua marca Vionnet foi fundada em Paris, em 1912, mas teve de ser fechada apenas dois 
anos depois, devido ao início da Primeira Guerra Mundial. Nos anos 1920, a Vionnet veio a se 
tornar um grande sucesso, o que possibilitou a abertura das novas instalações na Avenue 
Montaigne, conhecida na época como “templo da moda”. Essa boutique foi o resultado de uma 
colaboração magnífica entre o arquiteto Ferdinand Chanut, o decorador George de Feure e o 
escultor René Lalique. Posteriormente, em 1924, a grife passou a funcionar também em Nova 
York. 
Ao longo de 27 anos, Madeleine desenvolveu diversos conceitos e estratégias criativas 
e comerciais que ainda nos dias de hoje ajudam a moldar o mercado da moda. A estilista e 
empresária foi uma verdadeira visionária no mundo da alta-costura, impressionando e 
influenciando demais profissionais da área com sua abordagem totalmente inovadora, suas 
habilidades de indumentária e a perfeita harmonia entre experimentação e elegância. 
Quanto às suas principais criações, temos o viés de corte, o qual ela protegeu por meio 
de patentes. Ela foi também a responsável por inserir a moda de tecidos drapeados, trabalhando 
com materiais como crepe, gabardine e cetim. 
Madeleine ficou marcada por trabalhar com manequins de 80 centímetros de altura, com 
metade do tamanho de um corpo feminino médio. A estilista foi um dos principais nomes do 
século XX a trabalhar de forma a modernizar as roupas femininas, libertando as mulheres de 
espartilhos e priorizando a personalidade de suas clientes, seu bem-estar e os seus desejos. 
A arte grega foi uma das principais inspirações utilizadas por Madeleine para criar peças 
de vestuário, moldando-as de forma a mantê-las agarradas à forma do corpo ao mesmo tempo 
em que possuía uma fluidez de movimentos. Para ela, os vestidos deveriam assumir a 
personalidade da pessoa que os usava. 
A estilista tinha 63 anos quando, em 1939, teve novamente de fechar a sua empresa, 
em função da eclosão da Segunda Guerra Mundial. Madeleine Vionnet veio a falecer em Paris, 
em 2 de março de 1975, com 98 anos. 
 
5 - Jeanne Lanvin 
Jeanne Lanvin foi uma das estilistas mais influentes do século 20, com criações que 
marcaram definitivamente suas primeiras décadas. Nascida na região da Bretanha francesa, foi 
aprendiz de costureira e, mais tarde, chapeleira, profissão com a qual iniciou sua carreira em 
Paris, em 1890, abrindo seu negócio. Duas décadas mais tarde, as clientes que compravam seus 
chapéus encantaram-se com as roupas que Jeanne fazia para sua irmã mais nova e para sua 
filha, passando a lhe encomendar peças combinadas para mães e filhas, o que deu origem à sua 
casa de alta costura. 
Em 1910, o orientalismo, que exercia grande influência em toda a Europa, fez com que 
Jeanne Lanvin passasse a apresentar roupas bastante exóticas, feitas em tecidos preciosos 
como veludos e cetins. Às vésperas da 1ª Guerra Mundial, ela criou os chamados robes de style, 
com cintura marcada e saias fartamente rodadas, que estiveram em moda, com pequenas 
modificações, até o início dos anos 20. 
Seus vestidos tinham, sempre, uma concepção romântica. Eram inspirados em formas 
vitorianas suavizadas e generosamente adornados com bordados, e uma severidade muitas 
vezes atenuada por babados. Tudo o que ela criava transformava-se em sucesso: seus vestidos 
chemisiers, um bolero inspirado nos costumes bretões, vestidos bordados com miçangas – 
especiais para dançar -, vestidos esportivos de jérsei de lã xadrez com fios dourados e prateados, 
além de pijamas para festas e capinhas. Seu trabalho era facilmente identificável pelo uso de 
bordado e pelo fino acabamento. O uso frequente de um determinado tom de azul fez com que 
aquela cor ficasse conhecida como ‘o azul Lanvin’. 
Depois da morte de madame Lanvin, a direção da casa passou a Antonio Castillo, que 
desde sua primeira coleção, apresentada em 1951, seguiu sempre de perto o estilo da 
fundadora. Quando Castillo deixou a Maison, em 1962, para abrir seu próprio negócio, foi 
sucedido por Jules François Crahay, que vinha do ateliê de Nina Ricci. O estilista brasileiro 
Ocimar Versolato também atuou na casa Lanvin, na segunda metade da década de 90, como 
diretor. 
6 - Elsa Schiaparelli 
Elsa Schiaparelli nasceu em Roma, na Itália, em 1890. Neta do famoso astrônomo, que 
descobriu os canais do planeta Marte, Giovanni Schiaparelli, sua família possuía uma boa 
situação financeira, o que permitiu que ela fosse estudar na Suíça e em Londres, onde conheceu 
aquele que veio a ser seu marido, o filósofo e jogador, Willy de Kerlor, em 1913. 
O casal se mudou para Nova York, nos EUA, país onde nasceu sua filha Gogo, que viria mais 
tarde a lhe dar uma neta, a atriz Marisa Berenson. Seu casamento não durou muito tempo e 
Schiaparelli, com uma filha pequena para cuidar, não conseguiu sobreviver sozinha na América 
e voltou para a França, em 1922. Nessa época, ela desenhava e já começava a vender seus 
primeiros tricôs. Encorajada pelo estilista e amigo Paul Poiret, abriu sua primeira butique em 
1927, e em 1929 apresentou sua primeira coleção, que foi um verdadeiro sucesso. 
Elsa Schiaparelli sempre esteve ligada aos artistas de sua época. Era amiga de muitos, 
como Marcel Duchamp, Picabia, Man Ray, Stieglitz, Jean Cocteau, Christian Bérard e Salvador 
Dalí. Ela acreditava que a moda não podia estar desvinculada da evolução das artes plásticas 
contemporâneas, sobretudo a pintura. Com o seu progressivo sucesso, Schiaparelli se tornou a 
maior rival da famosa estilista Coco Chanel. Seus estilos eram totalmente opostos: enquanto 
Chanel criava roupas funcionais para a mulher moderna, Shiap fazia modelos surrealistas, 
exóticos. 
Schiaparelli e Salvador Dalí chegaram a trabalhar muitas vezes juntos, o que resultou 
em várias criações bastante particulares, como o famoso chapéu em forma de sapato, a bolsa-
telefone, o tailleur-escrivaninha com bolsos em forma de gaveta, o vestido de seda pintado com 
moscas, entre outros. Foi no surrealismo que ela encontrou a sua fonte básica de inspiração. 
Todas as coleções lançadas por Schiaparelli se inspiravam em fantasia e partiam de um 
ou dois temas dominantes. Uma de suas preferidas era a coleção de circo, com cavalos, 
elefantes ou acrobatas no trapézio, bordados em muitas peças, como os boleros, com botões de 
cabeça de palhaço e o chapéu em forma de sorvete. Sempre utilizando bordados e cores fortes, 
Elsa criou a coleção de astrologia, na qual se destacava uma luxuosa capa com enormes signos 
do zodíaco bordados em ouro, assim como o motivo "Phoebus", um sol radiante sobre um tecido 
rosa-choque. Ela passeou por muitos outros temas em suas coleções, como a música, o fundo 
do mar e a "Commedia dell'Arte", na qual também apareciam as capas, desta vez com losangos 
de veludo. 
Além de suas criações sempre impactantes, ela inovou nos materiais utilizados em suas 
roupas, como o zíper, o crepe de seda e o celofane. Todos esses novos materiais, como a fibra 
sintética, possibilitaram que Elsa executassetodos os seus sonhos surrealistas. Schiap buscava 
o efeito teatral através das cores vivas, não muito usadas naquela época. 
Ela conseguiu criar um tom de rosa tão forte, que chegava a ser dramático. Ela o batizou 
de "shocking", o seu rosa-choque. A cor foi usada por ela em muitas criações, desde chapéus 
até longas capas bordadas. "Shocking" também foi o nome dado àquele que viria a ser o seu 
perfume mais conhecido, lançado em 1938. O frasco tinha a forma do corpo da então famosa 
atriz de cinema Mae West, que personificava a ousadia do estilo Schiap. 
Apesar de ter tido clientes como as atrizes Greta Garbo, Joan Crawford e Carole 
Lombard, ela não fez muitos figurinos para o cinema. Seu maior sucesso foi em 1937, com o 
filme "Every Day's a Holiday", com Mae West. Também criou os figurinos dos filmes "Artists and 
Models" e "Moulin Rouge", com Zsa Zsa Gabor, em 1952. 
Em 1939, quando explodiu a Segunda Guerra Mundial na Europa, Schiaparelli decidiu 
fechar sua maison. Ela preferiu colaborar com os esforços antinazistas nos Estados Unidos. 
Quando a guerra chegou ao fim, ela retornou a Paris, em 1945. Sua maison sobrevivera aos 
anos de conflito e logo foi reaberta. Nessa época, passaram por seu ateliê alguns estilistas 
famosos, como Hubert Givenchy e Pierre Cardin. 
Em 1946, Salvador Dalí desenhou o frasco de um novo perfume, o "Roi-Soleil". A 
assinatura de Schiaparelli ainda produziu uma linha de malas e frasqueiras e uma coleção de 
prêt-à-porter, que foi vendida nos Estados Unidos. 
A moda e a arte sempre caminharam juntas para Elsa Schiaparelli, uma italiana de alma 
francesa, que não criava apenas vestidos, chapéus e acessórios, mas verdadeiras obras de luxo 
e excentricidade. Suas roupas eram feitas para impressionar, para destacar a mulher que as 
usava. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A INFLUÊNCIA DO CINEMA AMERICANO NA MODA 
 
1 - Anos 30 
Após uma década de euforia, a alegria dos "anos loucos" chegou ao fim com a crise de 
1929. A queda da Bolsa de Valores de Nova York provocou uma crise econômica mundial sem 
precedentes, e paradoxalmente à crise econômica, a moda refletiu um momento de grande 
sofisticação, luxo e esplendor. Em geral, os períodos de crises não são caracterizados por 
ousadias na forma de se vestir, diferente do que ocorreu. 
O cinema cada vez mais posicionado, refletia no comportamento de moda, foi o grande 
referencial de disseminação dos novos costumes. Hollywood com suas atrizes ditavam a moda 
feminina com Marlene Dietrich, Jean Harlow, Mae West influenciando a nova década. 
Como é um comportamento comum a contestação do modelo vigente, a moda não 
poderia ser diferente, o momento dos anos 30 negou todo o padrão andrógeno e a praticidade 
anterior para focar na volta da feminilidade. 
Assim como o corpo feminino voltou a ser valorizado, os seios também voltaram a ter 
forma. A mulher então recorreu ao sutiã e a um tipo de cinta ou espartilho flexível. As formas 
eram marcadas, porém naturais. Seguindo a linha clássica, tudo o que era simples e harmonioso 
passou a ser valorizado, sempre de forma natural. 
Os vestidos começaram a ter suas bainhas crescidas novamente, onde prevaleceu o 
comprimento de 25 cm de altura do chão, eram justos e retos, além de possuírem uma pequena 
capa ou um bolero. Para a noite, os longos voltaram a fazer parte do guarda-roupa feminino. Em 
tempos de crise, materiais mais baratos passaram a ser usados em vestidos de noite, como o 
algodão e a casimira. Apesar da recessão, o aspecto era sofisticado e elegante. 
A cintura volta ao seu lugar, era marcada, mas sem exagero. O uso de tecidos sintéticos 
foi significante, mas o uso de tecidos naturais continua. O cetim teve destaque especial, toques 
sedosos, brilhos e silhueta marcada foram a ordem da década. 
Os vestidos podiam ser justos e retos, mas a grandes novidades foram os cortes godê, 
evasê e, principalmente o viés introduzido por Madeleine Vionnet que dava a roupa um ar 
romântico e forma sensual. 
Em evidência agora era a valorização das costas, o corte enviesado e os decotes 
profundos nas costas dos vestidos de noite marcaram os anos 30, que elegeram as costas 
femininas como o novo foco de atenção. Alguns pesquisadores acreditam que foi a evolução dos 
trajes de banho a grande inspiração para tais roupas decotadas. 
A moda dos anos 30 descobriu o esporte, a vida ao ar livre e os banhos de sol, sendo 
assim, os trajes esportivos também estavam na moda, e a prática de esporte como tênis, a 
patinação e o ciclismo influenciaram bastante. 
O banho de mar era importante, mas o que se tornou vital foi o banho de sol, a pele 
bronzeada se tornou um hábito saudável. 
Alguns modelos novos de roupas surgiram no vestuário feminino com a popularização 
da prática de esportes, como o short, que surgiu a partir do uso da bicicleta. Seguindo as 
exigências das atividades esportivas, os saiotes de praia diminuíram, as cavas aumentaram e 
os decotes chegaram até a cintura, assim como alguns modelos de vestidos de noite. 
Os estilistas também criaram pareôs estampados, maiôs e suéteres. Um acessório que 
se tornou moda nos anos 30 foram os óculos escuros. Eles eram muito usados pelos astros do 
cinema e da música. 
A mulher dessa época devia ser magra, bronzeada e esportiva, o modelo de beleza da 
atriz Greta Garbo. Seu visual sofisticado, com sobrancelhas e pálpebras marcadas com lápis e 
pó de arroz bem claro, foi também muito imitado pelas mulheres. 
A calça tipo pantalona que Chanel já havia proposto nos anos 20 agora era usada como 
saída de praia. 
Os cabelos desse momento eram curtos, mas nem tanto como na década anterior, mas 
com um grande detalhe, as ondulações. Os chapéus de abas largas permaneciam, mas os curtos 
caídos sobre a testa ornados com flores também eram muito usados. 
Nos dias frios, os mantôs eram indispensáveis, assim como o uso das peles. 
As bolsas eram pequenas e os sapatos scarpins de aspecto mais pesados e as sandálias 
estavam nos pés das mulheres, assim com o as sandálias usadas com plataformas eram com 
solados mais grossos. 
Na moda masculina praticamente não houve mudança, variações de largura de calças, 
dos paletós e colarinhos. Um aspecto marcante da moda masculina foi o chapéu canotier 
(canoeira em francês), no Brasil chapéu palheta. 
Na alta-costura, os nomes femininos que se sobrepuseram aos masculinos foram de 
Chanel, que continuava sendo sucesso; Madeleine Vionnet, que usava a técnica da moulage 
inspirada nas esculturas da Grécia antiga; Madame Grès, quem usava os efeitos drapeados; 
Jeanne Lanvin; e Nina Ricci, que abriu seu ateliê impondo um estilo clássico, sofisticado e 
elegante. Mas a grande inovação foi de Elsa Schiaparelli, italiana radicada em Paris, que com 
sua genialidade, introduziu na moda uma série de ousadias em suas criações, inspiradas nos 
conceitos surrealistas da arte, obtendo Salvador Dalí e Jean Cocteau como grandes inspirações. 
Suas criações foram marcadas pela irreverência e excentricidade, tanto em roupas como nos 
acessórios. Outro destaque é Mainbocher, o primeiro estilista americano a fazer sucesso em 
Paris. Seus modelos, em geral, eram sérios e elegantes, inspirados no corte enviesado de 
Vionnet. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A 2ª GUERRA MUNDIAL E O PERÍODO DE RACIONAMENTO | O TEATRO DA MODA 
 
1 – Anos 40 
 
A Primeira Guerra Mundial foi um confronto devastador para a Europa, que não se 
recuperou da crise econômica que tomou conta das nações envolvidas. A política de expansão 
territorial, o Imperialismo, era visto como a saída para o desenvolvimento econômico. A Segunda 
Guerra Mundial também foi marcada pela disputa imperialista, caracterizando-se como uma 
continuação do primeiro conflito. 
O fato da Segunda Guerra ter sido a única solução possível para a crise econômica 
marca uma diferença importante em relação à Primeira Guerra, na qual a questão principal eraa redistribuição do mundo entre as potências imperialistas, e não a anexação de um motor 
artificial(a economia armamentista e, posteriormente, a economia de guerra) à máquina 
capitalista enguiçada, que se transformará, doravante, numa peça essencial para o 
funcionamento da economia capitalista mundial. 
A segunda Guerra Mundial já havia começado na Europa. A cidade de Paris, ocupada 
pelos alemães em junho do mesmo ano, já não contava com todos os grandes nomes da alta-
costura e suas maisons. Muitos estilistas se mudaram, fecharam suas casas ou mesmo as 
levaram para outros países. 
A Alemanha ainda tentou destruir a indústria francesa de costura, levando as maisons 
parisienses para Berlim e Viena, mas não teve êxito. Apesar das regras de racionamento, 
impostas pelo governo, que também limitava a quantidade de tecidos que se podia comprar e 
utilizar na fabricação das roupas, a moda sobreviveu à guerra. 
A silhueta do final dos anos 30, em estilo militar, perdurou até o final dos conflitos. A 
mulher francesa era magra e as suas roupas e sapatos ficaram mais pesados e sérios. 
A escassez de tecidos fez com que as mulheres tivessem que reformar suas roupas e 
utilizar materiais alternativos na época, como a viscose, o raiom e as fibras sintéticas. 
O corte era reto e masculino, ainda em estilo militar. As jaquetas e abrigos tinham ombros 
acolchoados angulosos e cinturões. Os tecidos eram pesados e resistentes, como o "tweed", 
muito usado na época. 
As saias eram mais curtas, com pregas finas ou franzidas. As calças compridas se 
tornaram práticas e os vestidos, que imitavam uma saia com casaco, eram populares. 
O náilon e a seda estavam em falta, fazendo com que as meias finas desaparecessem 
do mercado. Elas foram trocadas pelas meias soquetes ou pelas pernas nuas, muitas vezes com 
uma pintura falsa na parte de trás, imitando as costuras. 
Os cabelos das mulheres estavam mais longos que os dos anos 30. Os lenços também 
foram muitos usados nessa época. 
A maquiagem era improvisada com elementos caseiros. Alguns fabricantes apenas 
recarregavam as embalagens de batom, já que o metal estava sendo utilizado na indústria bélica. 
A simplicidade a que a mulher estava submetida talvez tenha despertado seu interesse 
pelos chapéus, que eram muito criativos. Nesse período surgiram muitos modelos e adornos. 
Alguns eram grandes, com flores e véus; e outros, menores, de feltro, em estilo militar. 
Durante a guerra, a alta-costura ficou restrita às mulheres dos comandantes alemães, 
dos embaixadores em exercício e aquelas que de alguma forma podiam frequentar os salões 
das grandes maisons. 
Durante a guerra, o chamado "ready-to-wear" (pronto para usar), que é a forma de 
produzir roupas de qualidade em grande escala, realmente se desenvolveu. Através dos 
catálogos de venda por correspondência com os últimos modelos. 
 
2 - A Guerra e a Moda 
 
Havia a necessidade de novos materiais para a produção de roupas, paraquedas, 
calçados, enfim tudo que substituísse os materiais escassos durante a guerra. Com o passar do 
tempo, mesmo antes da segunda guerra, já haviam sido realizadas pesquisas de novos 
materiais, que foram surgindo e substituindo outros. Em 1935 houve o surgimento do náilon, a 
partir daí o nascimento das meias calças, já na década de 1940. 
Tal inovação foi utilizada na moda em 1935 com a criação do náilon, jersey de seda, 
crepe de seda e etc... A escassez de tecidos fez com que as mulheres tivessem de reformar 
suas roupas e utilizar materiais alternativos na época, como a viscose, o raiom e as fibras 
sintéticas. Mesmo depois da guerra, essas habilidades continuaram sendo muito importantes 
para a consumidora média que queria estar na moda, mas não tinha recursos para isso. 
O náilon e a seda estavam em falta, fazendo com que as meias finas desaparecessem 
do mercado. Elas foram trocadas pelas meias soquetes ou pelas pernas nuas, muitas vezes com 
uma pintura falsa na parte de trás, imitando as costuras. 
Para criar um tecido parecido com a seda, recorreu-se aos cetins, jérseis, crepes de 
todos os tipos, sarja marroquina ou musselina, tecidos de corda, veludos foscos ou brilhantes e 
ou com relevo e bordados. Estes tecidos eram direcionados para confeccionar blusas ou 
vestidos. Sem falar das misturas de fibras sintéticas com a seda, das quais resultaram tecidos 
com o avesso acetinado que permitiam combinações com outros tecidos de excelente caimento, 
beleza e conforto. Tudo isto com muita dificuldade de abastecimento para as maisons. Foi a 
partir de 1941 que a moda passou a utilizar de forma mais ampla os materiais alternativos. 
 
3 - A Invenção do Zíper 
 
Em 1905, Judson (criador do zíper) já havia instalado uma fábrica com máquinas 
capazes de produzir fechos, mas o resultado ainda estava longe da perfeição. Ele passou por 
várias tentativas até chegar, em 1914, com a ajuda do sueco Gideon Sundback, a um fecho 
realmente prático, que deslizava sem problemas e não se abria, semelhante aos usados hoje 
em dia. O novo fecho foi usado primeiro em cintos porta-moedas e bolsas de tabaco. Até que, 
em 1917, alguns membros da marinha americana passaram a usar jaquetas impermeáveis com 
fechos. 
Em 1919, eles já eram usados maciçamente pelas forças armadas, em roupas e 
equipamentos. Em 1920, o zíper estava realmente na moda e podia ser encontrado em todos os 
tipos de roupas, sapatos e bolsas. 
Mas foi, em 1923, ano em que a empresa B. F. Goodrich produziu uma bota de borracha 
com o novo fecho, que o acessório se tornou popular. 
O nome zíper foi adotado também nessa época. Durante os anos 30, Elsa Schiaparelli 
foi a primeira estilista a usar fechos aparentes, como um enfeite, em suas criações. Desde então, 
por várias vezes, o zíper entrou e saiu da moda, tendo sido usado por estilistas e designers. 
 
4 - As Formas Femininas 
 
Os anos 30 redescobriram as formas do corpo da mulher através de uma elegância 
refinada, sem grandes ousadias. As saias ficaram longas e os cabelos começaram a crescer. Os 
vestidos eram justos e retos, além de possuírem uma pequena capa ou um bolero, também 
bastante usado na época. Em tempos de crise, materiais mais baratos passaram a ser utilizados 
em vestidos de noite, como o algodão e a casimira. 
O corte enviesado e os decotes profundos nas costas dos vestidos de noite marcaram 
os anos 30, que elegeram as costas femininas como o novo foco de atenção. Alguns 
pesquisadores acreditam que foi a evolução dos trajes de banho a grande inspiração para tais 
roupas decotadas. A mulher dessa época devia ser magra, bronzeada e esportiva, o modelo de 
beleza da atriz Greta Garbo. Seu visual sofisticado, com sobrancelhas e pálpebras marcadas 
com lápis e pó de arroz bem claro, foi também muito imitado pelas mulheres. 
Aliás, o cinema foi o grande referencial de disseminação dos novos costumes, através 
das estrelas de Hollywood como Katharine Hepburn e Marlene Dietrich. 
O surgimento de novos materiais, como a baquelita, uma espécie de plástico maleável, 
aliada ao novo conceito de modernidade, relacionada à aerodinâmica, fez surgir um novo design 
aplicado a vários objetos e eletrodomésticos. A baquelita também foi amplamente utilizada para 
a fabricação de joias leves, inspiradas em temas do momento. 
No final dos anos 30, com a aproximação da Segunda Guerra Mundial, as roupas 
apresentavam uma linha militar, assim como algumas peças se preparavam para dias difíceis, 
como as saias, que vinham com uma abertura lateral, para facilitar o uso de bicicletas. Muitos 
estilistas fecharam suas maisons ou se mudaram da França para outros países. A guerra viria 
transformar a forma de se vestir e o comportamento de uma época. 
 
5 - Moda no Período de Guerra 
 
Em 1940, a Segunda Guerra Mundial já havia começado na Europa. A cidade de Paris, 
ocupada pelos alemães em junho do mesmo ano, já não contava com todos os grandes nomes 
da alta-costura e suas maisons. Muitos estilistas se mudaram, fecharam suas casas ou mesmoas levaram para outros países. A Alemanha ainda tentou destruir a indústria francesa de costura, 
levando as maisons parisienses para Berlim e Viena, mas não teve êxito. O estilista francês 
Lucien Lelong, então presidente da câmara sindical, teve um papel importante nesse período ao 
preparar um relatório defendendo a permanência das maisons no país. Durante a guerra, 92 
ateliês continuaram abertos em Paris. 
Apesar das regras de racionamento impostas pelo governo, que também limitavam a 
quantidade de tecidos que se podia comprar e utilizar na fabricação das roupas, a moda 
sobreviveu à guerra. 
A silhueta do final dos anos 30, em estilo militar, perdurou até o final do conflito. A mulher 
francesa era magra e as suas roupas e sapatos ficaram mais pesados e sérios. 
Na Grã-Bretanha, o "Fashion Group of Great Britain", comandado por Molyneux, criou 
32 peças de vestuário para serem produzidas em massa. A intenção era criar roupas mais 
atraentes, apesar das restrições. 
O corte era reto e masculino, ainda em estilo militar. As jaquetas e abrigos tinham ombros 
acolchoados angulosos e cinturões. Os tecidos eram pesados e resistentes, como o "tweed", 
muito ousado na época. As saias eram mais curtas, com pregas finas ou franzidas. As calças 
compridas se tornaram práticas e os vestidos, que imitavam uma saia com casaco, eram 
populares. 
Os cabelos das mulheres estavam mais longos que os dos anos 30. Com a dificuldade 
em encontrar cabeleireiros, os grampos eram usados para prendê-los e formar cachos. Os 
lenços também foram muitos usados nessa época. A maquiagem era improvisada com 
elementos caseiros. Alguns fabricantes apenas recarregavam as embalagens de batom, já que 
o metal estava sendo utilizado na indústria bélica. 
A simplicidade a que a mulher estava submetida talvez tenha despertado seu interesse 
pelos chapéus, que eram muito criativos. Nesse período surgiram muitos modelos e adornos, 
alguns eram grandes, com flores e véus; e outros, menores, de feltro, em estilo militar. 
Durante a guerra, a alta-costura ficou restrita às mulheres dos comandantes alemães, 
dos embaixadores em exercício e àquelas que de alguma forma podiam frequentar os salões 
das grandes maisons. 
Alguns estilistas abriram novos ateliês em Paris durante a guerra, como: Jacques Fath 
(1912-1954) - que se tornaria muito popular nos Estados Unidos após a guerra; Nina Ricci (1883-
1970) e Marcel Rochas (1902-1955), um dos primeiros a colocar bolsos em saias; Alex Grès 
(1903-1993) chegou a ter seu ateliê fechado logo após a inauguração, em 1941, pelos alemães, 
por ter apresentado vestidos nas cores da bandeira francesa. Sua marca era a habilidade em 
drapear o jérsei de seda, com acabamento primoroso. A época inovou com o suéter, por falta de 
aquecimento nos espaços públicos. 
Outro estilista importante foi o inglês Charles James (1906-1978), que no período de 
1940 a 1947, em Nova York, criou seus mais belos modelos. Chegou a antecipar, o que viria a 
ser o "New Look", de Christian Dior. 
Durante a guerra, o chamado "ready-to-wear" (pronto para usar), que é a forma de 
produzir roupas de qualidade em grande escala, realmente se desenvolveu. Através dos 
catálogos de venda por correspondência com os últimos modelos, os pedidos podiam ser feitos 
de qualquer lugar e entregues em 24 horas pelos fabricantes. 
Sem dúvida, o isolamento de Paris fez com que os americanos se sentissem mais livres 
para inventar sua própria moda. Nesse contexto, foram criados os conjuntos, cujas peças podiam 
ser combinadas entre si, permitindo que as mulheres pudessem misturar as peças e criar novos 
modelos. A partir daí um grupo de mulheres lançou os fundamentos do "sportswear' americano. 
Com isso, o "ready-to-wear", depois chamado de "prêt-à-porter" pelos franceses, que até então 
havia sido uma espécie de estepe para tempos difíceis, se transformou numa forma prática, 
moderna e elegante de se vestir. 
Com a falta de materiais em quase todos os setores e em todos os países envolvidos 
nos conflitos, novos materiais foram desenvolvidos e utilizados para a produção de objetos e 
móveis, como os potes flexíveis e duráveis, de polietileno, que ficaram conhecidos como 
Tupperware. 
Com a libertação de Paris, em 1944, a alegria invadiu as ruas, assim como os ritmos do 
jazz e as meias de náilon americanas, trazidas pelos soldados, que levaram de volta para suas 
mulheres o perfume Chanel nº 5. 
Em 1945, foi criada uma exposição de moda, com a intenção de angariar fundos e 
confirmar a força e o talento da costura parisiense. Como não havia material suficiente para a 
produção de modelos luxuosos, a solução foi vestir pequenas bonecas, moldadas com fio de 
ferro e cabeças de gesso, com trajes criados por todos os grandes nomes da alta-costura 
francesa. 
Importantes artistas, como Christian Bérard e Jean Cocteau participaram da produção 
da exposição, composta por 13 cenários e 237 bonecas, devidamente vestidas, da roupa esporte 
ao vestido de baile, com todos os acessórios, lingeries, chapéus, peles e sapatos, tudo feito 
manualmente, idênticos, em acabamento e luxo, aos de tamanho natural. 
No dia 27 de março de 1945, "Le Théatre de la Mode" (O Teatro da Moda) encantou 
seus convidados em Paris. Mais de 200 mil franceses visitaram a exposição, que seguiu para 
vários países, como Espanha, Inglaterra, Áustria e Estados Unidos, sempre com muito sucesso. 
No pós-guerra, o curso natural da moda seria a simplicidade e a praticidade, características da 
moda lançada por Chanel anteriormente. 
Entretanto, o francês Christian Dior, em sua primeira coleção, apresentada em 1947, 
surpreendeu a todos com suas saias rodadas e compridas, cintura fina, ombros e seios naturais, 
luvas e sapatos de saltos altos. O sucesso imediato do seu "New Look", como a coleção ficou 
conhecida, indica que as mulheres ansiavam pela volta do luxo e da sofisticação perdidos. Dior 
estava imortalizado com o seu "New Look" jovem e alegre. Era a visão da mulher extremamente 
feminina, que iria ser o padrão dos anos 50. 
 
6 - Estilistas da Época 
 
6.1 - Cristóbal Balenciaga Esagari 
Balenciaga, nasceu em Guetaria, região basca da Espanha, no dia 21 de janeiro de 1895. 
Em 1915, abriu sua primeira casa de costura em San Sebastian, cidade próxima à sua. Seu 
sucesso não demorou a chegar e, em pouco tempo, se transferiu para Madri. Em 1936, decidiu 
se mudar para Paris e, em agosto do ano seguinte, apresentou sua primeira coleção. 
 A experiência adquirida em alfaiataria permitia que o espanhol não só desenhasse seus 
modelos, mas também os cortasse, armasse e costurasse, o que não é comum aos estilistas, 
que em geral apenas desenham suas criações. A perfeição nas proporções conseguida por 
Balenciaga em seus modelos aproximava sua arte da arquitetura. 
Considerado o grande mestre da alta-costura, seu estilo elegante e severo, às vezes 
dramático, tornaram inconfundíveis suas criações. 
Em 1939, lançou o corte de manga com a aplicação de um recorte quadrado e uma linha 
de ombros caídos, com cintura estreita e quadris arredondados. No ano seguinte, apresentou o 
seu primeiro vestidinho preto, com busto ajustado e quadris marcados por drapeados, além de 
abrigos impermeáveis em tecidos sintéticos. Em 1942, as jaquetas largas e as saias evasês 
compunham a chamada "linha tonneau". O primeiro paletó-saco e os redingotes com mangas-
quimono surgiram em 1946. Balenciaga era considerado purista e classicista. Seu estilo ainda é 
lembrado pelos grandes botões e pela grande gola afastada do pescoço. 
 
6.2 - Elsa Schiaparelli 
 
6.3 - Edith Head 
Edith Claire Posener, nasceu em 1897, na cidade de San Bernardino, Califórnia. Nunca 
foi bonita, era baixinha e míope, mas foi aluna brilhante e se formou em história da arte e literatura 
francesa na Universidade da Califórnia, em 1919. Em Los Angeles, tornou-se professora de 
francês de uma escola para garotas em Hollywood e, em 1923, casou-se com Charles Head, um 
jovem atormentado e alcoólatra. Aprisionadanuma existência medíocre, Edith teve de arranjar 
trabalho extra para sustentar a si e ao marido. Um belo dia, viu o anúncio no classificado de uma 
vaga no departamento de figurino da Paramount. Procuravam por um artista que saiba desenhar 
roupas e costurar. Edith nunca tinha desenhado nada nem viria a desenhar, e não sabia costurar, 
mas o salário era tentador. Com a ousadia e a cara-de-pau que se tornaram sua marca 
registrada, Edith apanhou croquis feitos por suas alunas, montou um portfolio e se apresentou 
como candidata ao emprego. 
Logo tratou de criar um look muito pessoal que carregou pelo resto da vida. Passou a 
usar óculos de lentes redondas e escuras, o penteado que copiou da exótica estrela asiática 
Anna May Wong (cabelos muito pretos atados num coque e franja reta), tailleurs bem cortados 
e de cores sóbrias, colar de pérolas. 
Howard Greer, o figurinista-chefe do estúdio, ficou impressionado com os desenhos e 
contratou-a no ato. A fraude durou uma semana, mas então Edith já havia conquistado o patrão 
com seu raciocínio rápido, senso de observação e disciplina de soldado. Quando Greer deixou 
a Paramount, no início dos anos 30, Edith tornou-se chefe do departamento e permaneceu no 
cargo até 1967. Sua fama de guru fashion começou com um simples traje de praia: o mini 
sarongue usado por Dorothy Lamour no filme The Jungle Princess (1936) virou um sucesso, foi 
copiado pelas lojas de departamentos dos EUA e Dorothy se tornou a eterna garota do sarongue. 
À medida que sua fama crescia em Hollywood, cresciam também as histórias envolvendo 
seu nome. Hoje, Edith Heard é reconhecida e lembrada no desenho animado Os Incríveis, no 
papel da estilista Edna Moda. 
 
6.4 - Gilbert Adrian 
Durante as primeiras décadas do século 20, foi das mãos deste figurinista norte-
americano, de teatro e cinema que saíram roupas e acessórios femininos que marcaram a época. 
Gilbert Adrian, que estudou na School of Fine and Applied Arts de Nova York, começou sua 
carreira criando figurinos para espetáculos da Broadway, seguindo depois para Hollywood, para 
fazer roupas para o então super astro Rodolfo Valentino, entre os anos de 1926 e 1928. Mas foi 
vestindo estrelas famosas da época que seu prestígio cresceu e consolidou-se. 
Um chapéu de aba caída, criado para Greta Garbo no filme "A Woman of Affairs" (1928), 
tornou-se moda que durou pelo menos uma década. Em 1930, no filme Romance, um outro 
chapéu, também usado por Garbo, foi um grande sucesso: o modelo, que ficou conhecido como 
chapéu Eugenia, era feito com plumas de avestruz, que caíam sobre o rosto, encobrindo-o 
parcialmente. Ainda para a mesma estrela, no filme "As You Desire Me", dois anos depois, Gilbert 
criou um chapéu tipo pillbox que atravessou décadas sem perder o prestígio. No mesmo ano, 
para a atriz Hedy Lamarr, inventou uma rede para os cabelos, que se tornou célebre no filme "I 
Take This Woman". Mas nenhum desses sucessos pôde ser comparado ao conseguido por um 
vestido de organdi branco, desenhado para Joan Crawford no filme Letty Linton, de 1932: o 
modelo, devidamente feito em série e colocado à venda na loja de departamentos Macy’s, de 
Nova York, vendeu nada menos do que 500 mil cópias. Joan Crawford, na verdade, deveu a 
Adrian o estilo que adotou ao longo da vida, roupas com ombros largos que disfarçavam o 
tamanho dos quadris, um estilo que também foi copiado por mulheres do mundo inteiro. Do 
mesmo modo, a estrela Jean Harlow ganhou dele o estilo de roupas sinuosas, que contornavam 
seu corpo, realçando-o. 
Durante muitos anos, Gilbert continuou a fazer figurinos especiais para filmes, passando 
à história da moda como um criador arrojado, tanto nas padronagens quanto no corte sinuoso 
de suas criações. 
 
6.5 - Salvatore Ferragamo 
Em 1935, um dos principais criadores de sapatos, o italiano Salvatore Ferragamo, lançou 
sua marca, que viria se transformar em um dos impérios do luxo italiano. 
Com a crise na Europa, Ferragamo começou a usar materiais mais baratos, como o 
cânhamo, a palha e os primeiros materiais sintéticos. Sua principal invenção foi a palmilha 
compensada. Um dos nomes mais importantes do século 20 no design de calçados, Salvatore 
Ferragamo, nascido em Bonito, localidade próxima a Nápoles, no sul da Itália, desde adolescente 
exercia seu ofício. Com 16 anos, passou a trabalhar com seus irmãos na Califórnia, Estados 
Unidos, onde faziam sapatos à mão para as produções cinematográficas da American Film 
Company. Atores e atrizes, que assim conheceram o trabalho de artesão de Ferragamo, logo se 
tornaram seus clientes particulares. 
Nos anos 20, as mulheres adotaram uma de suas criações, as sandálias com tiras que 
eram amarradas nos tornozelos, lembrando os calçados usados pelos romanos na Antiguidade. 
De 1923 a 1927, Ferragamo morou em Hollywood, trabalhando para as companhias de 
cinema Universal, Warner Bros. e Metro-Goldwin-Mayer. Quando voltou para a Itália, escolheu 
a cidade de Florença para abrir uma oficina de calçados com 60 operários, dando início à primeira 
produção em larga escala de sapatos feitos à mão. 
Sua criatividade não tinha limites, seja no que dizia respeito à forma de um calçado, seja 
quanto aos materiais empregados para fazê-lo, de sua oficina saíram os primeiros modelos de 
salto anabela e sola tipo plataforma, ainda nos anos 30. 
Além do couro, ele usava renda e ráfia, entre outras novidades. Em 1947, sempre à 
frente do estilo de sua época, e muito tempo antes da chegada do material plástico ao mundo 
dos calçados, Ferragamo criou o que ficou conhecido na época como "o sapato invisível", feito 
em náilon e com salto em camurça preta. Segundo se sabe, até 1957 o estilista havia criado 
mais de 20 mil modelos de calçados, com registro de 350 patentes. 
 
6.6 - Jeanne Lanvin 
 
6.7 - Mainbocher 
Outro destaque é Mainbocher, o primeiro estilista americano a fazer sucesso em Paris. 
Seus modelos, em geral, eram sérios e elegantes, inspirados no corte enviesado de Vionnet. 
 
6.8 - Lucien Lelong 
O estilista francês Lucien Lelong, então presidente da câmara sindical, teve um papel 
importante nesse período ao preparar um relatório defendendo a permanência das maisons no 
país. Durante a guerra, 92 ateliês continuaram abertos em Paris. 
 
6.9 - Hubert James Taffin de Givenchy 
Nasceu em Beauvais, na França, em 1927. Muito cedo ele já demonstrava seu interesse 
pela moda. Aos dez anos, ao visitar uma exposição de figurinos dos mais famosos estilistas 
franceses, se identificou imediatamente com o universo luxuoso da alta-costura. 
Ao contrário do que sua família desejava, Givenchy não se tornou advogado, tendo 
cursado a Escola de Belas Artes, em Paris. Chegou a trabalhar com nomes importantes da 
costura parisiense, como Jacques Fath, Robert Piguet e Lucien Lelong. Trabalhou também com 
Christian Dior e Elsa Schiaparelli, antes de abrir sua própria maison, em 1952, no número 8, da 
rua Alfred de Vigny, na Monceau Plain, em Paris. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O NEW LOOK DE CHRISTIAN DIOR 
 
Criado em 1947 por Christian Dior, o New Look revolucionou o mundo e marcou a 
despedida da silhueta sóbria e austera dos tempos de guerra. Surgido no final da década de 40, 
esse visual ditou os padrões, o estilo e as silhuetas dos anos 50 com muita feminilidade. 
O New Look (novo visual) revolucionou a moda no período Pós-Guerra e consagrou Dior 
como um dos estilistas mais importantes da história. 
A mulher do New Look tinha cintura bem marcada, afinada por cintas e espartilhos. Seu 
busto era natural e as saias amplas e rodadas, com comprimento sempre 40 cm acima do chão. 
Saudoso da Belle Époque, Christian Dior fazia referência à moda dos anos 1860. Por 
isso sua estética exaltava a feminilidade extrema e o resgate dos valores tradicionais. Sua moda 
era pouco prática: as roupas de baixo apertavam o corpo com corsets, anáguas e cintas cheias 
de barbatanas. Tules, crinolinas e estofamentos sobre os quadrisajudavam a desenhar a 
silhueta curvilínea. 
Quem cunhou o nome do estilo foi a editora de moda norte-americana Carmel Snow. Ao 
assistir o primeiro desfile do estilista, ela exclamou “wow, this is a new look!” (uau, isso é um 
novo visual). 
De acordo com Valerie Mendes e Amy de la Haye no livro A Moda do Século, a rejeição 
total da estética vigente no período de recessão foi acolhida com clamor pela crítica da moda. 
No entanto, a extravagância do visual gerou protestos, apontado como uma tentativa de coibir a 
liberdade feminina. Além disso, o excesso de tecido (cada peça usava entre 10 m a 25 m de 
tecido) também foi alvo de críticas acirradas. 
Levou mais de um ano para que o New Look saísse das vanguardas da moda e 
dominasse os mercados de massa. Apesar de ser uma estética completamente elitista e nada 
prática para os postos de trabalho que as mulheres assumiram durante a guerra, o estilo foi um 
sucesso sem precedentes. Dior dominou o mundo da moda e seu New Look teve forte influência 
na moda dos anos 50. 
A silhueta do New Look é feminina, bem desenhada e extremamente elegante. Cinturas 
são evidenciadas por shapes em A, H e Y nas saias rodadas, obrigatoriamente a 40 cm do chão. 
Essas características ficam evidentes no Taileur Bar, que virou símbolo do New Look. 
Note como o casaco de seda bege bem acinturado evidencia os ombros arredondados, os seios 
de volume natural e a cintura de 45,5 cm, afinada com o uso de espartilho. 
A longa saia, quase na altura dos tornozelos, leva 7,5 metros de crepe de lã plissado. 
Luvas, salto alto e chapéu complementam o visual impecavelmente glamouroso. Foi essa a 
imagem que definiu o padrão de estilo dos anos 50. 
Durante a Segunda Guerra Mundial, a recessão limitou o uso dos tecidos e obrigou as 
mulheres a assumirem postos de trabalho. Naquela época, a moda refletia isso em muita 
austeridade, peças utilitárias e shapes muito simples. Então, enquanto todos previam 
simplicidade, Christian Dior surpreendeu o mundo com seu saudosismo luxuoso. 
Suas saias amplas, rodadas e compridas contrastavam com as cinturas diminutas e os 
ombros e seios naturais. As luvas, chapéus e sapatos de salto finalizavam os looks com maestria, 
pedindo que as mulheres voltassem para casa. Era praticamente impossível trabalhar usando o 
figurino do New Look e esse era exatamente o objetivo. Dior queria que as mulheres 
abandonassem seus postos de trabalho e resgatassem os valores tradicionais. 
A construção das peças era complexa: metros e mais metros de tecidos bem cortados e 
costurados com minuciosidade. Suas camadas exteriores dependiam de estruturas internas para 
elaborar a forma. Em tempos de pret-a-porter, Christian Dior mostrou a sofisticação da alta 
costura. Seus trajes eram produzidos sob medida (e de maneira impecável) por uma grande 
força de trabalho. 
Apesar da polêmica do lançamento, o estilista conseguiu compreender em cheio o 
desejo mais profundo das mulheres. Elas estavam cansadas da simplicidade estética. Após 
décadas de guerra, racionamento, mortes e tristeza, era hora de celebrar a volta para casa. 
 
“Nós saímos de uma época de guerra, de uniformes, de 
mulheres-soldados, de ombros quadrados e estruturas de 
boxeador. Eu desenho mulheres-flores, de ombros doces, bustos 
suaves, cinturas marcadas e saias que explodem em volumes e 
camadas. Quero construir meus vestidos, moldá-los sobre as 
curvas do corpo. A própria mulher definirá o contorno e o estilo.” 
Christian Dior 
O READY-TO-WEAR AMERICANO E O SURGIMENTO DO PRÊT-À-PORTER FRANCÊS 
 
1 - Anos Dourados 
 
Nos anos 50, depois do baby bom, nascimento de muitos bebês com a decorrência da 
volta dos homens da guerra, a mulher se torna mais caseira. Surge o mito rainha do lar: mulher 
e mãe que também precisava se portar de maneira elegante e atraente, sempre usando roupas 
românticas como: saias rodadas mídis, sutiãs de enchimento, ombros suaves, luvas, chapéus e 
a famosa cintura de vespa. Esse shape se tornou o ícone da década. Apesar dos anos 50 serem 
considerados pomposos, a mulher americana adotou um visual bem mais casual. 
Nesta década, a mulher ganha o direito de votar e conduzir seu próprio carro. 
Com o fim dos anos de guerra e do racionamento de tecidos, a mulher dos anos 50 se 
tornou mais feminina e glamorosa. Metros e metros de tecido eram gastos para confeccionar um 
vestido, bem amplo e na altura dos tornozelos. A cintura era bem marcada e os sapatos eram de 
saltos altos, além das luvas e outros acessórios luxuosos, como peles e joias. 
Apesar de tudo indicar que a moda seguiria o caminho da simplicidade e praticidade, 
acompanhando todas as mudanças provocadas pela guerra, nunca uma tendência foi tão 
rapidamente aceita pelas mulheres como o "New Look", de Christian Dior, o que indica que a 
mulher ansiava pela volta da feminilidade, do luxo e da sofisticação. 
Com o fim da escassez dos cosméticos do pós-guerra, a beleza se tornaria um tema de 
grande importância. A maquiagem estava na moda e valorizava o olhar, o que levou a uma 
infinidade de lançamentos de produtos para os olhos, um verdadeiro arsenal composto por 
sombras, rímel, lápis para os olhos e sobrancelhas, além do indispensável delineador. A 
maquiagem realçava a intensidade dos lábios e a palidez da pele, que devia ser perfeita. 
Era também o auge das loções alisadoras e fixadoras e das tintas para cabelos, que 
passaram a fazer parte da vida de muitas mulheres a partir dai. Os cabelos também ficaram um 
pouco mais curtos, com mechas caindo no rosto e as franjas davam um ar de menina, e os 
penteados podiam ser coques ou rabos-de-cavalo. 
Durante os anos 50, a alta-costura viveu o seu apogeu. Nomes importantes da criação 
de moda transformaram essa época na mais glamourosa e sofisticada de todas. 
Nos anos 50 também foi criado o salto-agulha, o salto-choque, encurvado para dentro, 
além do bico chato e quadrado, entre muitos outros. 
Ao lado do sucesso da alta-costura parisiense, os Estados Unidos estavam avançando 
na direção do ready-to-wear e da confecção. Na França, Jacques Fath foi um dos primeiros a se 
voltar ao prêt-à-porter, ainda em 1948, mas era inevitável que os outros estilistas começassem 
a acompanhar essa nova tendência à medida que a alta costura começava a perder terreno, já 
no final dos anos 50. 
Ao som do rock and roll, a nova música que surgiu nos anos 50, a juventude norte-
americana buscava sua própria moda. Surge Elvis Presley, e no cinema ídolos como Marlon 
Brando e James Dean, sendo este o responsável por introduzir a t-shirt no vestuário dos jovens. 
Assim, apareceu a moda colegial, que teve origem no sportswear. As moças agora 
usavam, além das saias rodadas, calças cigarrete até os tornozelos, sapatos baixos, suéter e 
jeans. 
O cinema lançou a moda do garoto rebelde, que usava blusão de couro, jeans e camiseta 
branca, um símbolo da juventude. 
Ao final dos anos 50, a confecção se apresentava como a grande oportunidade de 
democratização da moda, que começou a fazer parte da vida cotidiana. 
A televisão influenciou muito a moda americana e, era comum as mulheres copiarem 
roupas de atrizes e cantoras para os bailes e coquetéis. No Brasil a televisão foi inaugurada em 
setembro de 1950. 
O cinema apresentava atrizes e atores glamorosos como: Doris Day e Elizabeth Taylor. 
Em 1953, Marilyn Moroe explode como grande símbolo sexual. No Brasil despontam as atrizes 
do teatro rebolado. 
Progressos tecnológicos são importantes: invenções nos eletrodomésticos, melhores 
condições de habitações, desenvolvimento das comunicações e o gosto pelo novo. 
As indústrias têxteis renovam-se, principalmente, graças aos materiais sintéticos. O 
náilon é usado também nos maiôs cada vez menores, nos biquínis, nas meias masculinas e 
femininas. A helanca aparece também nos trajes de banho, sendo usada no enchimento do 
busto. 
Os vestidos de coquetel são aqueles que poderiam ser usados em qualquer evento 
informal, como o famoso pretinho básico. Tecidos confeccionadosem seda, lã e algodão para o 
dia e tafetá, faille e o cetim para noite. Para a noite, as luvas eram usadas em cores e tamanhos 
bem variados. As estampas eram floridas e as cores em tons pastel eram as preferidas. 
Os acessórios eram fundamentais, joias eram também usadas nos broches e 
abotoaduras. As bolsas se tornaram maiores e mais arredondadas que na década anterior. As 
novidades dos sapatos ficam por conta do bicolor criado por Chanel e dos saltos criados por 
Roger Vivier. Já o sapato Oxford vira febre entre os jovens. 
 
2 - Os primeiros passos do prêt-à-porter. 
 
Fora da capital da moda, Paris, iniciava-se uma grande revolução jovem. Os 
adolescentes queriam uma moda própria, um look popular sem a menor sofisticação: a 
inspiração vem do sportswear (moda esportiva da América). 
Surgem as calças cigarrette, muito justas e que iam até os tornozelos. Sapatos tipo 
sapatilhas, o jeans e os suéters. Chanel lança a camisa com abotoaduras antecipando o look 
unissex, e paletós sem gola em forma de cardigã que podiam ser usados por mulheres e homens. 
Os paletós e suéters desenhados pelos italianos inspiravam calças mais largas para os homens. 
Na Inglaterra tem a origem da moda Beatnik, inspirada em roupas de astros da música 
pop e de gangues de rua. Foi na década de 50, mais precisamente em 1958 que Mary Quant 
abriu sua loja Bazzar, em Londres, começando a desenhar roupas inovadoras e jovens. 
Muitas peças de roupas americanas começaram a chegar na Europa com um estilo 
informal, inovador e versátil. Estilistas italianos, como Emílio Pucci, ficaram famosos no campo 
do sportswear. Pucci criou calças compridas variadas, como a Capri, que eram razoavelmente 
folgadas, mas se afunilavam até a canela; conjuntos informais e estampas, em geral de 
padronagem abstrata, com misturas de cores ousadas que começavam a fazer sucesso na 
Europa e nas Américas. 
Para homens usava-se as calças mais largas copiadas dos italianos. 
O exagero e o luxo não conseguiram impedir que a moda se democratizasse, e Paris 
começou a se render ao prêt-à-porter. 
Como explicam Yvonne Deslandres e Florence Muller: Foi nos anos 50 que Lemopereur 
e Weill, que trabalhavam na indústria da confecção, tiveram a ocasião de observar os meios de 
produção e difusão do ready-to-wear (pronto para usar) americano, depois de uma viagem aos 
Estados Unidos. Diante do sucesso deste empreendimento, eles tiveram a ideia de imita-lo e 
criaram assim, o prêt-à-porter. Dessa maneira, abrem-se novas portas, e a moda deixa de ser 
ditada somente pela alta-costura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OS CRIADORES E A VANGUARDA DA DÉCADA DE 1960 
 
1 - A moda e os modos 
 
Os anos 60 foram marcados por vários acontecimentos que contribuíram para a estética 
da década, e com isso, a juventude teve forte manifestação. Foi o período da conquista espacial 
onde no início da década os soviéticos voaram para o espaço e, no final, os americanos pisaram 
na lua. A guerra do Vietnã e os conflitos raciais nos USA também contribuíram, e muito, para 
essa nova estética. 
A participação dos Estados Unidos na guerra foi extremamente contestada pelos jovens 
americanos. Em 1968, esses jovens, em passeata por Washington contra a guerra, colocaram 
flores nos canos das armas dos policiais norte americanos. Ali nascia o movimento Flower Power 
(poder da flor) um dos slogans do movimento Hippie, além do mundialmente conhecido Peace 
and love (paz e amor) e make love not war (faça amor não faça a guerra). 
Em meados de agosto de 1969, um grande show realizado em uma fazenda próxima a 
Nova Iorque, em Woodstock, em um final de semana chuvoso lançou nomes como Jimi Hendrix 
e Janes Joplin, foi a grande popularização do movimento e difusão hippie, o que mudou a atitude 
dos jovens na década de 70. 
Revoluções estudantis ocorreram por todo o mundo. A ordem do período era a 
jovialidade e, na moda, os adolescentes eram a geração baby-boom da década anterior. 
A alta-costura continuava sofisticada e os Estados Unidos, assim como a Inglaterra 
manifestavam-se numa moda contestadora. De Paris houve a influência de estilistas como: 
André Courrège, Pierre Cardin, Yves Saint-Laurent e Paco Rabanne. O prêt-à-porter está 
definido e aceito por todos os lugares, e as novidades ganhavam força assim que lançadas. 
A imagem dos jovens na época era de total rebeldia, com jaquetas de couro, topetes, 
jeans e suas lambretas. As moças comportadas já abandonavam suas saias rodadas e 
abusavam de calças cigarretes. A intenção era a liberdade total. 
A transformação da moda foi radical, era o fim da moda única, o vestuário cada vez mais 
estava ligado ao comportamento pessoal. As roupas não tinham mais aquele ar de “mais velha” 
tinha cara de uma nova juventude, um novo modo de vida. 
Surgem as butiques de diversas categorias, adaptando o que era lançado pela alta-
costura. Não tinham grandes indústrias na retaguarda, eram pequenas confecções caseiras e, 
por isso, eram mais baratas que as lojas famosas e chiques da Sétima Avenida em Nova Iorque. 
As grandes lojas de departamentos já tinham contratos com confecções organizadas que 
produziam em grande escala. 
Na Inglaterra, a influência de moda veio com Mary Quant, modelo e mais tarde estilista, 
que difundiu a minissaia e a meia-calça com o próprio uso e com sua loja Bazzar instalada em 
Kings Road. De Londres também veio a moda jovem com a Butique Biba. 
A grande estrela da época, com certeza, foi à minissaia, e para complementar o visual 
as linhas retas, botas brancas e cores muito chamativas tornavam o look perfeito. Os tecidos 
apresentavam muitas variedades, tanto nas estampas quanto nas fibras. 
O jeans passa a ser a grande afirmação da moda jovem, em vários modelos tradicionais 
e intervenções feitas, se tornou unissex; e o smoking também estava sendo usados pelas 
mulheres, para os homens os paletós faziam sucesso. 
A moda dos anos 60 explorava a juventude, foi influenciada pela rebeldia e liberdade 
pessoal dos mais jovens. O futurismo foi uma das características mais marcantes da década, 
onde podem ser usadas cores como prata e branco. Tecido prata brilhante e até CDs antigos 
presos um ao outro com fio de nylon, uma solução simples, barata e que tem um belo efeito 
visual e ainda lembra as roupas de metal de Pacco Rabanne, grande estilista que marcou essa 
década. 
OsBeatles também ditaram moda com seus terninhos, cabelos tijelinha e modelos 
coloridos. 
Com o movimento Hippie, no final da década, a associação com a filosofia oriental hindu, 
contribuiu para a moda ter características indianas. Também, surge calças e jaquetas jeans com 
patchwork (retalhos), bordados, adereços de meta, aplicações artesanais, pequenos espelhos, 
estampas florais e psicodélicas, calças boca de sino ou pata de elefante, batas e túnicas. Cabelos 
longos e despenteados, além de adornado com flores naturais. O aspecto de psicodelismo 
mediante matérias novas como o plástico e o acrílico fizeram presentes nas artes e na moda. 
No que diz respeito aos tecidos, estavam em moda especialmente os de fibras sintéticas, 
o que facilita a intensidade das cores. 
A moda tem forte influência dos estilos artísticos da Pop Art e Op Art. 
De um modo geral, a moda da década de 60 era de um aspecto ingênuo em que Twiggy, 
uma grande modelo e formadora de opinião, difundiu uma aparência de menina com cabelos 
curtos e olhos maquiados com aspecto de olho de boneca com rímel ou cílios postiços. 
A moda masculina sofre grande transformação. Deixou de ser usar o costume e gravata 
para aderir aos casacos e jaquetas com zíper, golas altas, tecidos também sintéticos, calças 
mais estreitas, botas, camisas coloridas ou estampadas. 
A barba já não era feita todos os dias, e os executivos, no verão, ostentavam roupas 
esportivas e blusões. A camisa Lacoste, que anteriormente era usada só para a prática de jogar 
tênis, é vestida por homens de todas as idades. 
Na metade da década, surgiu a moda unissex, ou seja, parao sexo masculino e feminino. 
Isso dava a ideia do modo coletivo, comunitário, um ideal jovem que resultou numa espécie de 
uniformização da moda para ambos os sexos. 
 
2 - Movimentos Pop Art e Op Art 
 
Os movimentos da Pop Art e Op Art muito contribuíram com o desenvolvimento da 
estamparia na década de 60. A Pop Art privilegiava rostos famosos, produtos de consumo 
popular, histórias em quadrinhos, em interpretações de trabalhos de Andy Warhol. É um 
movimento artístico que se caracteriza pela utilização de cores vivas e a alteração do formato 
das coisas. Muitas vezes, as obras são representadas de forma repetida e seguida com cores 
diferentes. Surgiu nos Estados Unidos, no final da década de 50, e foi a maneira a fazer uma 
crítica direta e irônica da sociedade consumista que se formava naquela época. 
O termo Op Art surgiu pela primeira vez na Time Magazine em Outubro de 1964, embora 
já se produzissem a alguns anos trabalhos que hoje podem ser descritos como Op Art. Sugeriu-
se que trabalhos de Victor Vasarely (1930), tais como Zebra (1938), que é inteiramente composto 
por listas diagonais em preto e branco, curvadas de tal modo que dão a impressão tridimensional 
de uma zebra sentada, devem ser consideradas as primeiras obras de Op Art. Suas 
características são: 
• Explorar a falibilidade do olho pelo uso de ilusões de óticas; 
• Defender para a arte menos expressão e mais visualização; 
• Quando as obras são observadas, dão a impressão de movimento, clarões ou 
vibração, ou por vezes parecem inchar ou deformar-se; 
• Oposição de estruturas idênticas que interagem umas com as outras, produzindo 
o efeito ótico; 
• Observador participante; 
• Busca nos efeitos ópticos sua constante alteração; 
• As cores têm a finalidade de passar ilusões ópticas ao observador. 
 
3 - Os estilistas 
 
André Courrège, um dos mais importantes com seus minivestidos e minissaias, dando à 
moda o aspecto de dinamismo e modernidade exigidos neste período; Pierre Cardin também 
revolucionou com seus cortes e formas impecáveis em seus looks espaciais de muita inspiração 
nos aspectos de futuro, em que macacões de malha, calças justas e o uso do zíper passavam a 
ideia do que seria o futuro; Yves Saint-Laurent, que havia lançado em 1958 a linha trapézio, 
agora, nos anos de 1960 abriu a própria Maison com ideias inovadoras, especialmente o tubinho 
com desenhos do pintor Mondrian e, no fim da década, lançou para as mulheres o conjunto de 
calça comprida e paletó; Paco Rabanne, nome de extrema importância, foi mais inusitado ainda 
ao trocar os tecidos por metais, a linha e agulha por ferramentas e arame, sendo chamado 
carinhosamente por Chanel de “o metalúrgico”. 
Na moda, a grande vedete dos anos 60 do século XX foi, sem dúvida, a minissaia. A 
inglesa Mary Quant divide com o francês André Courrèges sua criação. Entretanto, nas palavras 
da própria Mary Quant: "A ideia da minissaia não é minha, nem de Courrèges. Foi a rua que a 
inventou". 
Não há dúvidas de que passou a existir, a partir de meados da década, uma grande 
influência da moda das ruas nos trabalhos dos estilistas. Mesmo as ideias inovadoras de Yves 
Saint Laurent, com a criação de japonas e sahariennes (estilo safári), foram atualizações das 
tendências que já eram usadas nas ruas de Londres ou Paris. 
O sucesso de Quant abriu caminho para outros jovens estilistas, como Ossie Clark, Jean 
Muir e Zandra Rhodes. 
Na América, Bill Blass, Anne Klein e Oscar de la Renta, entre outros, tinham seu próprio 
estilo, variando do psicodélico, que se inspirava em elementos da Art Nouveau, do oriente, do 
Egito antigo ou até mesmo nas viagens que as drogas proporcionavam, ou geométrico e o 
romântico. 
Em 1965, na França, André Courrèges operou uma verdadeira revolução na moda, com 
sua coleção de roupas de linhas retas, minissaias, botas brancas e sua visão de futuro, em suas 
"moon girls", de roupas espaciais, metálicas e fluorescentes. Enquanto isso, Saint Laurent criou 
vestidos tubinho inspirados nos quadros neoplasticistas de Mondrian, e o italiano Pucci virou 
mania com suas estampas psicodélicas. Paco Rabanne, em meio às suas experimentações, 
usou alumínio como matéria-prima. 
Os tecidos apresentavam muita variedade, tanto nas estampas quanto nas fibras, com 
a popularização das malhas sintéticas no mercado, além de todas as naturais, sempre muito 
usadas. 
As mudanças no vestuário também alcançaram a lingerie, com a generalização do uso 
da calcinha e da meia-calça, que davam conforto e segurança, tanto para usar a minissaia, 
quanto para dançar o twist e o rock. 
O unissex ganhou força com o jeans e as camisas sem gola. Pela primeira vez, a mulher 
ousava ao se vestir com roupas tradicionalmente masculinas, como o exemplo do smoking, 
lançado para mulheres por Yves Saint Laurent em 1966. 
A alta-costura cada vez mais perdia terreno e, entre 1966 e 1967, o número de maisons 
inscritas na Câmara Sindical dos costureiros parisienses caiu de 39 para 17. Consciente dessa 
realidade, Saint Laurent saiu na frente e inaugurou uma nova estrutura com as butiques de prêt-
à-porter de luxo, que se multiplicariam pelo mundo também através das franquias. Com isso, a 
confecção ganhava cada vez mais terreno e necessitava de criatividade para suprir o desejo por 
novidades. O importante passaria a ser o estilo e o costureiro passou a ser chamado de estilista. 
Nessa época, Londres havia se tornado o centro das atenções, a viagem dos sonhos de 
qualquer jovem, a cidade da moda. Afinal, estava lá o grande fenômeno musical de todos os 
tempos, os Beatles, e as inglesinhas emancipadas, que circulavam pelas lojas excêntricas da 
Carnaby Street, que mais tarde foram para a famosa King's Road e o bairro de Chelsea, sempre 
com muita música e atitude jovens. 
Nesse contexto, a modelo Jean Shrimpton era a personificação das chamadas "chelsea 
girls". Sua aparência era adolescente, sempre de minissaia, com seus cabelos longos com franja 
e olhos maquiados. Catherine Deneuve também encarnava o estilo das "chelsea girls", assim 
como sua irmã, a também atriz Françoise Dorléac. Por outro lado, Brigitte Bardot encarnava o 
estilo sexy, com cabelos compridos, soltos, rebeldes, ou com coque no alto da cabeça, estilo 
muito imitado pelas mulheres. 
Entretanto, os anos 60 sempre serão lembrados pelo estilo da modelo e atriz Twiggy, 
muito magra, com seus cabelos curtíssimos e cílios inferiores pintados com delineador. A 
maquiagem era essencial e feita especialmente para o público jovem. O foco estava nos olhos, 
sempre muito marcados. Os batons eram clarinhos ou mesmo brancos e os produtos preferidos 
deviam ser práticos e fáceis de usar. Nessa área, Mary Quant inovou ao criar novos modelos de 
embalagens, com caixas e estojos pretos, que vinham com lápis, pó, batom e pincel. Ela usou 
nomes divertidos para seus produtos, como o "Come Clean Cleanser", sempre com o logotipo 
de margarida, sua marca registrada. 
As perucas também estavam na moda e nunca venderam tanto. Mais baratas e em 
diversas tonalidades e modelos, elas eram produzidas com uma nova fibra sintética, o kanekalon. 
O estilo da "swinging London" culminou com a Biba, uma butique independente, frequentada por 
personalidades da época. Seu ar romântico retrô, aliado ao estilo camponês, florido e ingênuo 
de Laura Ashley, estavam em sintonia com o início do fenômeno hippie do final dos anos 60. 
 
3 – O movimento Hippie 
 
Uma conjuntura sócio-econômica-cultural impulsiona o aparecimento de uma série 
de explosões de expressões juvenis a partir de meados da década de 60 e início da década de 
70. 
Movimentos como o psicodelismo, o feminismo, uma certa revitalização da volta à 
natureza, festivais de música que se transformam em verdadeiros acontecimentos de liberação, 
vertigem, a proposição de uma nova forma de relação, em que se privilegia o amor livre, 
movimentos estudantis e as comunidades hippies, entre outros. Uma sensação de instabilidade 
e a consequente necessidade de escapismo,promovem, na grande maioria dos jovens, 
a necessidade de uma vida mais saudável, simples e natural. 
Neste contexto, em maio de 1968 acontece o Woodstock, em que marcos 
representativos de tentativas juvenis que, embora distintos, têm em comum o anseio de propor 
uma transformação radical da sociedade e promover o surgimento de uma "nova era". 
Movidos por sonhos, verdadeiras utopias, os jovens agregaram em torno de si e de seus 
ideais uma força gigantesca que foi capaz, de fato, de fissurar a estrutura até então vigente, 
reivindicando uma inteira reversão do modo de ser da sociedade. Se essa fissura não foi 
suficientemente capaz de ruir o complexo já instalado, pelo menos conseguiu impor algumas 
importantes transformações. 
A pretensão era por fim à opressão vivenciada nas sociedades ocidentais, através de 
uma negação ao império da razão científica, à repressão sexual, ao capitalismo, às guerras. Em 
oposição a essas estruturas, se instauraria o amor livre, o misticismo, o neo-tribalismo e a paz, 
ou seja, um outro modo de vida. 
Esse contingente de jovens, batizado de filhos das flores (flower children), revigorou os 
trabalhos manuais, como o artesanato, a agricultura, além de cultuar a ingestão de substâncias 
que expandiam a mente e, sobretudo, compor e escutar música. Grande parte de protagonistas 
desses movimentos eram representantes do movimento hippie, sem contar os personagens de 
um certo ativismo estudantil de esquerda, cujo projeto era também a transformação do mundo. 
Uma das tentativas de definição do surgimento e localização do movimento hippie, 
aponta o estado do Colorado. Teria sido um grupo de professores e estudantes de arquitetura, 
psicologia e ciências sociais que, numa ruptura frontal com o sistema de ensino que eles 
chamavam de esclerosado e decadente, teria fundado a primeira comunidade hippie de que se 
tem conhecimento. A comunidade foi batizada de Drop City e tinha como meta fomentar a 
criatividade de seus membros através do contato direto com a natureza, bem como buscavam 
eliminar todos os padrões hierárquicos de chefia ou de governo e toda forma de trabalho 
organizado. 
Neste mesmo período, coincidentemente ou não, a utilização de droga entre os jovens 
crescia significativamente: alucinógenos como o LSD e a maconha, assim devemos entender o 
movimento hippie a partir de três elementos: a droga, a música e aquilo que seriam as posturas 
ético-sociais, integradas por roupas, maneira de ser e de participar socialmente. 
Para alguns autores esse período seria caracterizado como Contracultura, no seio do 
qual tomava forma uma nova mentalidade, constituindo-se como um momento de intensa 
transição sócio-cultural. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O SURGIMENTO E A CONSOLIDAÇÃO DAS TENDÊNCIAS DA MODA NOS ANOS DE 
1970. 
 
A década de 70 foi uma das mais ricas na história da moda, e foi caracterizada por 
hippies e românticos. Ela contou com vários movimentos culturais, muitos com a intenção de 
chocar, enquanto outros pretendiam um estilo de vida mais livre ou mais romântico, inspirado no 
passado. 
Para os homens, a roupa deixa de ser formal e ganha um toque colorido e psicodélico. 
Próxima ao corpo tem lapelas largas nos casacos e calças boca- de - sino. As camisas ganham 
estampas florais inspiradas em ídolos do rock psicodélico. Suas cores predominantes eram tons 
naturais, metalizados, coloridos, violetas e bordôs. 
Esta década transformou a roupa masculina, deixando-as mais coloridas e estilizadas. 
Para as mulheres, passou a ser romântica e despojada: com cabelos desalinhados, saias longas 
ou curtíssimas com inspiração indiana, batas e estampas florais ou multicoloridas. Além disso, o 
unissex entra na moda com suas bocas-de-sino e sapatos plataforma. 
A silhueta nos anos 70 era romântica, sonhadora e natural. Flores, liberdade e 
orientalismo eram suas marcas registradas. 
Uma das mais fortes lembranças da década de 70 são os sapatos plataforma, reeditados 
com adornos e saltos que pretendiam alcançar os céus. Essa foi uma tendência válida tanto para 
a moda masculina como feminina, deixando claro que essa dualidade já era vista sob um novo 
prisma: o unissex. 
 
2 - O movimento Punk 
É importante caracterizar o período de surgimento do movimento Punk, demonstrar suas 
origens e enfatizar sua transformação parcial de um movimento contracultural para um produto 
da indústria cultural e de moda. 
Depois de declarar uma das mais radicais transformações na música popular, o próprio 
punk foi transformado em argumento de consumo. O visual desleixado, as roupas rasgadas e 
sujas usadas pelos primeiros punks ganharam a sua versão para butiques luxuosas. Bandas 
recém formadas e que tinham feito apenas algumas apresentações eram contratadas 
pelas gravadoras, ansiosas por descobrirem os "novos" Sex Pistols. 
Toda a contestação e ideário punk foram, na maioria dos casos, deixados de lado para 
dar um espaço cada vez maior aos "produtos culturais" que pudessem ser transformados em 
bens de consumo. Essa absorção pela indústria cultural, que transformou o punk em algo 
aceitável para as massas, causava estranheza aos próprios punks, pelo menos naqueles que 
tinham um comprometimento maior com o movimento. 
O movimento foi um dos fenômenos de moda mais interessantes na década de 1970, 
caracterizado pela "passagem da moda marginal para a alta moda". Já que o normal seria 
acontecer o inverso. 
As roupas punks surgiram como um traje vandalizado, as pernas das calças eram cheias 
de correntes e usavam-se alfinetes de gancho nas orelhas e até no nariz. Os cabelos eram 
eriçados e tingidos de vermelho, verde, amarelo e azul ou descoloridos com as raízes pretas. O 
punk, como expressão de violência numa época de alto índice de desemprego para a juventude, 
influenciou o mundo da música. 
Zandra Rhodes fez uma coleção punk na década de 1970, e a bijuteria punk se tornou 
muito popular. Os cabelos da moda se tornaram cada vez mais despenteados, mas eram 
cortados curtos e eriçados, às vezes com cores fortes ou com listras de cores primárias. O motivo 
para essa nova tendência adolescente se encontra tanto no mundo da moda quanto no culto 
punk. 
A moda também estava desiludida e incerta quanto ao seu destino, particularmente na 
Inglaterra. A maioria dos estilistas jovens do início da década de 1970 criaram sua linha própria 
e continuaram a segui-la, e, devido à situação econômica, os estilistas que acabavam de sair 
das escolas de moda não podiam se estabelecer. 
4 – A era disco e a moda 
Em sua conjuntura social, política e cultural, os anos 1970 revelaram aspectos bastante 
peculiares, até então não apresentados na década anterior. A Era disco soube ilustrar muito 
bem esse momento de transição, entre uma sociedade marcada por resquícios do engajamento 
político e outra impregnada pela cultura do consumo. Essa fase é marcada pelos 
desdobramentos, onde a razão social coletiva perde força dando margem a um novo momento 
de experimentação, especialmente focado na realidade norte-americana. 
A moda dos anos 70 é marcada por roupas mais justas e o uso excessivo de tecidos 
coloridos e brilhantes. A minissaia, vinda dos anos 60, vira hit no mundo da moda e passa a ser 
um artigo indispensável para a juventude dessa época. As calças pantalonas (ou boca-de-sino), 
as bolsas masculinas em estilo capanga, camisa de gola rolê, sapatos plataformas e os tecidos 
sintéticos ou naturais compõem o figurino básico de grande parte das mulheres e homens dos 
anos 1970. 
O visual básico da época consistia em uma maquiagem em cores frias (verde, 
azul, roxo) que ressaltava os olhos, deixando-os bem marcados com o uso de cílios postiços. 
O corte de cabelo para os homens podia encostar na gola da camisa e a preferência era 
pelo uso de barba e bigode. Já no cabelo das mulheres dominava o uso de franjas, corte 
em camadas, pontas bem arrebitadas e o uso do laquê era indispensável. 
Os anos 70 são a década unissex por excelência,o termo foi então cunhado e aplicado 
com toda a empolgação das coisas novas. A questão que flertava com o tempo era a da 
androginia. 
A tatuagem não era uma prática comum, mas as pinturas no corpo e rostos estavam na 
moda, pois elas se referiam ao visual de androginia, denominado como glam, que marca a 
primeira metade da década de 1970. 
O cantor inglês David Bowie é a referência mundial nesse estilo que virou febre entre 
os jovens da época, e é responsável por influenciar o estilo disco da segunda metade dos anos 
1970. 
O estilo glam exigia cetim, lantejoulas, palidez, olhos bem marcados e certa disposição 
para fazer as sobrancelhas desaparecerem, e os mais empolgados chegavam a raspá-las 
inteiramente, mas a maioria mandava mesmo uma água oxigenada nelas. 
Os estilos musicais foram ecléticos e diferenciados. O rock’n’roll começa a ganhar 
novas fragmentações, como: rock latino, jazz rock, rock religioso; e duas importantes vertentes 
do rock começam a se delinear: a primeira consiste no rock progressivo, com harmonias e 
melodias mais complexas; já a segunda se refere ao movimento musical punk rock, originário 
na Inglaterra, caracterizado por músicas de batidas mais rápidas, inclinado à ideias anarquistas. 
O estilo musical glam, ou glitter rock, também ganha boa visibilidade nos primeiros cinco 
anos da década de 70 nos Estados Unidos. Além disso, outro ritmo musical de grande 
popularidade nos anos 1970 foi o estilo disco. O termo é derivado da abreviação da palavra 
discotheque e, no início, era associado a clubes noturnos frequentados por grupos sociais 
excluídos, como homossexuais, negros e latinos. 
Somente quando os meios de comunicação (rádio e televisão) começaram a dar 
visibilidade ao movimento disco é que ele passa a ser disseminado no território norte-
americano e em outros países europeus. Esse fenômeno aconteceu ainda nos primeiros anos 
da década de 1970 e foi responsável tanto pela proliferação de casas noturnas específicas para 
esse gênero, como pela mudança de status de um estilo marginalizado para um estilo 
frequentado pela alta sociedade americana. 
Famosos clubes de dança, como o Studio 54 da cidade de Nova Iorque, reuniram ricos 
e celebridades para viver o glamour das festas do estilo disco. A trilha sonora era embalada por 
músicas que se baseavam na mistura de ritmos do funk, soul e rhythm-and-blues, juntamente 
com o uso de instrumentos eletrônicos como os sintetizadores. A partir de 1975, as gravadoras 
perceberam que as pistas de dança eram um bom local para o lançamento de novos produtos 
da indústria fonográfica. As músicas eram rearranjadas, editadas e gravadas pelos disc-jóqueis 
(dj’s) em formatos exclusivos para serem tocadas nas boates. Nesse processo, discotecas 
viraram testes de laboratórios para as novas músicas dançantes; cópias de gravações 
antecedentes eram entregues aos Dj’s antes delas serem distribuídas comercialmente para 
testes de audiência respondidos nas pistas de dança. 
Acompanhar o ritmo acelerado das pistas de dança era fundamental nos anos 1970. O 
culto ao movimento do corpo foi super valorizado e a dança era um forte elemento 
de representação sobre como as pessoas agiam, se comportavam e interpretavam os 
fatos dessa época. 
Novos ideais sociais foram adotados com a união entre a música e a moda, e para isso, 
é necessário observar as manifestações sociais e movimentos criados a partir dessas duas 
representações artísticas que tanto revelam o indivíduo, o espaço e o tempo. Analisa-se a 
importância e influência da moda e da música na construção da subjetividade do indivíduo assim 
como na construção de grupos e tribos sociais e culturais. Assim, são conceituadas moda e 
música, citando as suas principais semelhanças e lógicas enquanto sistemas, assim como os 
principais movimentos históricos em que ambas enunciam a mesma estética de comportamento. 
Observa-se que a moda está presente no figurino dos ícones da música, que por sua 
vez, inspiram e influenciam a criação dos estilistas, assim como cada vez mais a moda vende e 
se apropria das tendências e ideias criadas pela música. Almeja-se assim contribuir com essa 
área de estudo na formação de estudiosos de moda, música e afins, considerando que pouco 
foi pesquisado sobre esse assunto tão importante devido ao seu rico caráter cultural e 
interdisciplinar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PAUPERISMO E OS ESTILISTAS JAPONESES | A MODA E OS ESTILISTAS 
INTERNACIONAIS NOS ANOS 1980. 
 
1 - O Pauperismo na moda e sua relação com os estilistas japoneses 
 
A partir de 1980, surge um novo fenômeno: a moda se torna sua própria censora, e os 
primeiros a serem questionados foram seus códigos. Em 1981, os japoneses Rei Kawakubo e 
Yohji Yamamoto chegam a Paris e apresentam suas primeiras coleções com trajes negros, 
destruídos, com aparência de não acabados. Suas coleções primavera-verão de 1983 de prêt-
à-porter feminino escandalizaram os espectadores de tal forma que a imprensa as chamou de 
“duas coleções chocantes”, de uma ruptura absoluta com a visão ocidental. 
Um dos muitos movimentos que aconteceram na moda dos anos 80, tem-se em 
destaque o pauperismo, nome pelo qual foi batizada essa moda conceitual de estilistas 
japoneses como Kenzo, Issey Miyake, Yohji Yamamoto e Rei Kawakubo, caracterizava-se por 
uma desconstrução das roupas através de sobreposições, assimetrias e buracos. 
Alguns anos mais tarde, em 1986, Yohji Yamamoto teria desejado ele mesmo deixar em 
estado de choque a alta-costura francesa. A mudança embreada pelos criadores japoneses foi 
recuperada um tempo depois por jovens designers, a exemplo de Martin Margiela. Na 
inauguração de sua maison, em 1988, os trajes desconstruídos, como nós os chamamos hoje, 
assinatura do costureiro belga, apareceram como um eco do choque japonês. 
 
“Eu não imaginava que ela produziria tantos efeitos, nem 
que ela pudesse fazer escola.” 
Yohji Yamamoto (1986) 
 
Além da parte técnica, transgride-se também o sistema de apresentação da alta-costura. 
Distanciando-se cada vez mais dos desfiles codificados que ainda eram comuns na maison 
Christian Dior nos anos 1970, os jovens costureiros trazem um novo ritmo: a música é 
contemporânea, os modelos andam rápido, o desfile é encurtado. Mas é sobretudo com Thierry 
Mugler que se tem a transgressão mais profunda deste sistema: em 1984, o desfile que ele 
apresenta é efetivamente um espetáculo, com ingressos colocados à venda. Mugler inventa o 
desfile aberto e rompe com a tradição da alta-costura parisiense. 
Na paleta de cores, muito preto e tons de cinza. É um vestuário caracterizado por 
silhuetas completamente surpreendentes e por efeitos espaciais, que coloca em primeiro plano 
materiais invulgares e vive em função do corpo, deixando para segundo plano o sexo de quem 
o veste. Foi o inicio de uma revolução do conceito ocidental de corpo e de vestuário. 
Com o pauperismo, a moda encontrou uma forma de fazer a transição dos anos 80 para 
os anos 90, onde encontra o estilo largado do grunge, que tanta gente já tinha falado por aí que 
era o hit do momento. Pauperismo vira homeless chic e grunge vira neogrunge – com todas as 
implicações que advêm dessa mudança. 
Todos sabem que a moda é cíclica e vive de fazer releituras, o que uma vez chocou e 
causou repulsa pode no futuro ser considerado bonito e agradável. Já tivemos a releitura do 
movimento hippie, com o hippie chic, do movimento punk, que acabou sendo apelidado pelos 
mais puristas de punk de boutique, e de outros tantos estilos que surgiram das ruas. Agora é a 
vez do grunge ser diluído e adaptado para o gosto fashion, numa releitura que pouco dialoga 
com as origens do movimento. 
A moda de rua, ou antimoda, surge como contestação, como algo fora dos padrões 
vigentes. Ela não segue os moldes das passarelas, muito pelo contrário, ela serve de inspiração 
para os estilistas. 
O “politicamente correto” é uma das manifestaçõesdesta “tirania da opinião”. Antes de 
se tornar uma simples expressão do senso comum, o politicamente correto, nascido nos anos 
1980, era um movimento contestatório que promovia o direito à diferença e ao reconhecimento 
das minorias sociais nos Estados Unidos. Seus valores originais foram revirados e, no lugar de 
criar uma maior tolerância, a doutrina foi recuperada com o objetivo de estigmatizar na esfera 
pública os comportamentos julgados inaceitáveis. As consequências deste movimento de 
pensamento invadiram o campo da moda e fizeram-na refém dele. 
 
2 – Estilistas japoneses 
 
2.1 – Kenzo – o mais europeu dos estilistas japoneses 
Kenzo Takada nasceu em fevereiro de 1939 em Himeji, no Japão. Com o pós-guerra, 
teve uma infância, segundo o próprio, muito negra: “Um breu total. Minha juventude se resumiu 
a estudar para os vestibulares e ir ao cinema.” Ele tinha 2 irmãs mais velhas e nessa época era 
comum que elas aprendessem prendas domésticas, elas se especializaram em corte e costura 
e começaram a circular revistas de moda pela casa. Não demorou pra Kenzo se interessar pelo 
assunto. 
O estilista chegou a começar uma faculdade em Kobe, perto de Himeji, mas acabou 
indo pra hoje tradicional Bunka, a escola de moda mais famosa do Japão. Lá, ele ganhou o 
prêmio SOEN em 1960 com um look que hoje ele reconhece que tinha grande influência de 
Pierre Cardin, e assim começou a ganhar projeção. Conseguiu um bom emprego, comprou um 
apartamento em 1964 e, com as Olimpíadas no Japão, teve que ceder o terreno para 
construções em troca de um bom dinheiro. Com o capital ele foi para Paris de navio. 
Foi a 1ª vez que Kenzo saiu do Japão e também foi uma viagem que se tornou muito 
importante para sua imagem de marca, hoje conhecida por ter um lado étnico muito forte. 
Durante esse 1 mês ele conheceu Hong Kong, Saigon, Sri Lanka, Mombaim, Barcelona, dentre 
outros países, e tudo isso acabou aparecendo em suas coleções autorais depois. 
Chegando em Paris, fez aulas de língua francesa e depois de um tempo decidiu tentar 
mostrar um croqui na Louis Féraud. A mulher dele o atendeu e comprou 5 croquis. Isso bastou 
pra Kenzo ficar estimulado, e acabou conseguindo um emprego na área de moda. 
Por volta de 1969, percebeu que sua turma do Bunka começou a abrir pequenas 
butiques próprias. Ele decidiu que também era sua hora e conseguiu um espaço dentro 
da Galerie Vivienne. Pra inauguração da batizada Jungle Jap, convidou jornalistas e em 1970, 
fez-se a história: era seu 1º desfile, e um vestido com estampa típica japonesa dessa coleção 
foi parar 2 meses depois na capa da “Elle” francesa. 
O estilista hoje possui uma grande importância por caus da própria estrutura do desfile. 
Foi ele que começou a chamar modelos publicitárias no lugar das manequins de alta-costura, 
colocou música e deixou um clima mais descontraído, com modelos sorrindo, conversando, 
pulando, rodopiando e até fumando, totalmente fora do convencional. 
A partir de 1973, Kenzo fez um desfile coletivo com Dorothée Bis e Chantal Thomass. 
Esse foi o embrião da semana de prêt-à-porter. A partir de 1975, o trio se uniu a Yves Saint 
Laurent, Dior, Ungaro, Givenchy, Sonia Rykiel e Chloé (na época com Karl Lagerfeld) e 
a Semana de Moda de Paris começou a existir como é hoje, com o calendário de desfiles 
organizado e unido em alguns dias. 
Até 75, ele seguiu pesquisando o quimono e outros elementos da cultura do seu país 
natal, e a partir daí também começou a usar os outros países pelos quais tinha passado, como 
a China. 
Nos anos 80, Kenzo começou a se lançar no mercado de fragrâncias. Hoje em dia, 
muita gente conhece seu nome por causa desse negócio: são pelo menos 
12 perfumes lançados, entre masculinos e femininos. 
Desde 1993 a marca Kenzo, incluindo os perfumes, é do grupo LVMH. Desde 1999 o 
estilista se afastou da grife e hoje ele se dedica à pintura e tentou lançar uma linha 
de homewear. 
 
2.2 – Rei Kawakubo – a beleza do invulgar 
 
Rei Kawakubo nasceu em Tóquio, Japão. Estudou literatura, arte e filosofia na 
Universidade de Keio, sua cidade natal. Depois de formada, passou a trabalhar em uma 
indústria têxtil, a Asahi Kasei. 
Começou a trabalhar como estilista freelancer em 1967 após não encontrar uma roupa 
para um editorial. Após alguns anos, em 1969, começou a vender roupas para lojas de 
departamento em Tóquio sob o nome Comme Des Garçons. 
Sua estréia na semana de moda em Paris veio em 1981, onde chocou os críticos e o 
mundo com uma coleção sendo quase toda preta, volumosa, desconstruída e 
assimétrica. Sendo chamada de e “Hiroshima chic” e “pós-atômico”. 
Rei se destacou por sua inteligência e personalidade vanguardista, oferecendo roupas 
para mulheres que fossem confortáveis e com boa mobilidade. Suas roupas diferentes e muitas 
vezes bizarras sempre trazem uma coisa: curiosidade. 
 
“Curiosidade é ser interessado e aberto, inesperado, 
pesquisar, procurar por algo novo. [...] Ao nos convidar a repensar 
a moda como um lugar de constante recriação e hibridismo, ela 
definiu a estética de nosso tempo.” 
Rei Kawakubo 
 
A marca Comme des Garçons caiu no gosto de celebridades 
como Rihanna, Drake, Pharell, Lady Gaga e entre outras. 
Conhecida por seus modelos criativos que não seguem tendências e regras, a marca 
japonesa é considerada uma das mais expressivas e criativas do mundo da moda. Fundada em 
Tóquio, a estilista usa e abusa de referências, proporções que remetem ao abstrato. 
Fazendo grande sucesso desde seu lançamento nos anos 70, a marca fez inúmeras 
parcerias ao longo dos anos com inúmeras marcas de diferentes setores no mercado da moda. 
Fez parcerias com a Nike, Gucci, Adidas, Supreme, a brasileira Melissa, Converse, entre 
outras. 
Tais parcerias, sempre de muito sucesso, trouxeram mais visibilidade ainda para a 
marca e mostra que a Comme Des Garçons não se fixa em apenas um segmento, sendo uma 
marca para todos aqueles que gostam do diferente e saem de suas zonas de conforto. 
A marca além de suas roupas emblemáticas, aposta em diferentes produtos. Lançou 
em 1998 o seu primeiro perfume, chamado “Anti-perfume’ Odeur 53”. O perfume contém 53 
notas que não eram usadas comumente, como oxigênio, metal, roupas secando ao vento, 
carbono mineral, dunas de areia, esmalte, celulose, ar puro das montanhas, borracha queimada 
e pedra incandescente. 
Desde então, expandiu seus produtos, lançando linhas de moda praia, moda íntima, 
jóias, acessórios como bolsas, capinhas de celular, além de novos perfumes. 
A Comme Des Garçons cativou e continua a cativar o mundo com suas 
criações criativas, ousadas, que brincam com volumes, texturas e desafiam os padrões. 
Conquistou clientes fiéis que não tem medo de ousar, de sairem de suas zonas de 
conforto e tem curiosidade com o novo. 
Hoje, a marca de Rei possui mais de duzentos pontos de venda no mundo, investindo 
sempre em roupas sobrepostas, assimétricas e costuras inacabadas, fugindo do tradicional. Ao 
seu lado, representando o estilo inusitado japonês está, Yamamoto, que chegou a integrar o 
grupo Comme de Garçon. 
 
2.3 – Issey Miyake – artista de moda 
 
Nasceu em Hiroshima, Japão, em 1938. Licenciou-se em Design Gráfico em Tóquio, 
depois partiu para Paris, onde estudou costura e trabalhou para Laroche e Givenchy. Fez o 
diploma da Chambre Syndicale de La Haute Couture de Paris, em 1966. Em 1968 mudou-se 
para Nova Iorque para trabalhar com Geoffrey Beene, onde foi influenciado pela moda das ruas 
e a combinação de diferentes roupas e estilos. Em 1970 regressa a Tóquio onde cria o Miyake 
Design Studio. 
Um dos pioneiros do sucesso do Design japonês é o estilista Issey Miyake. Estreou-se 
no mundo da moda na década de 80, mas até hoje as suas coleções têm óptima aceitação. 
Além de moda, também fez pôsters, relógios, lâmpadas, etc. 
Ficou conhecido por contestar, questionar e estar sempre à procura de novos caminhos 
para as vestimentas. 
Este estilista e designer japonês define-se como “designer de roupa” e não como“criador de moda”. Explorou diversas formas de confeccionar peças de vestuário. 
O seu objetivo era criar algo que permitisse uma maior individualidade, comodidade e, 
sobretudo, liberdade. Animado por uma enorme curiosidade, Miyake desejou redefinir a ligação 
existente entre o vestuário e o corpo, confeccionando roupas a partir de técnicas em que 
tradição (japonesa, frequentemente) e tecnologia de ponta coexistissem. 
 
“A curiosidade e a felicidade são a base do meu trabalho. 
O desenho nunca é algo de estático; aliás, só é materializável 
depois de um intercâmbio de ideias, de estética e sensibilidade. 
[...] Não é por expressar o meu ego ou a minha personalidade, mas 
sim por e para dar uma resposta às interrogações de uma época, 
à sua forma de vida.” 
Issey Miyake 
 
Apresenta a sua primeira coleção em 1973. O local escolhido foi, excepcionalmente, 
Nova Iorque. Todas as suas outras coleções seriam apresentadas em Paris, a sua cidade de 
adopção. 
O estilo Miyake parte de duas ideias fundamentais: “criar partindo de uma peça de tecido” 
e “explorar a relação existente entre o corpo humano e a roupa que o “encobre”. 
O seu enfoque no desenho sempre se baseou no perfeito equilíbrio entre tradição e 
inovação: o artesanal e a última novidade em matéria de tecnologia. 
Nos anos 1980, investiu nas técnicas dos plissados, realizando modelos que remetiam 
ao universo das gaiolas e lanternas orientais, esculturas e às formas da Antiguidade. Seus 
vestidos de linha plissada são sua marca registrada. Miyake nasceu em 1938 em Hiroshima, no 
Japão, e formou-se em artes gráficas. 
Trabalhou com Hubert Givenchy, em Paris, e mostrou sua primeira coleção em Nova 
York em 1972. 
Em 1998, Issey Miyake volta a fazer incursões sobre algo que o apaixona — a 
investigação e a exploração —, dedicando-se a um projeto denominado A-POC (A Piece of 
Cloth), ao qual se associou Dai Fujiwara. 
Miyake desafia a forma tradicional da execução de um objeto. Considera que o futuro da 
confecção reside no A-POC: uma viagem criativa que começa com fios, que se converterão em 
tecido… e em textura e que acabará por assumir a forma de uma peça de roupa, resultado de 
um processo único. A roupa criada por Issey, época após época, é algo de único que só fica 
completa quando cobre o corpo de uma pessoa... 
Para comemorar os 20 anos das famosas pregas foi lançado o livro Pleats Please 
(Plissados por favor) — Issey Miyake pela editora Taschen. A publicação reúne a biografia das 
pregas icônicas do estilista, descrevendo a história e o conceito da técnica, apresentando sua 
trajetória da confecção à divulgação ao público. O livro Pleats Please, com mais de 500 páginas, 
também traz imagens, fotografias e textos diversos. 
Atualmente Miyake dedica-se à investigação na Fundação Issey Miyake, pesquisa novos 
materiais e novas técnicas de vestuário e embalagens. Entregou as suas coleções a talentosos 
designers que continuam o trabalho deixado por Issey, embora este ainda tenha presença sutil 
nas suas linhas. 
O império Issey Miyake tornou-se uma multinacional multimilionária que vende vestuário, 
perfumes, entre muitos outros, combinando o oriental com elementos ocidentais, um império 
comercial. As suas lojas estão espalhadas pelas principais capitais do mundo. 
O objetivo desta fundação consiste não só em preservar os arquivos, mas também apoiar 
e patrocinar novos talentos. Desde 2007, a fundação também se ocupa do 21_21 DESIGN 
SIGHT, materializando o sonho de Issey: criar um espaço/museu no Japão dedicado a todas as 
formas de Design. 
 
2.4 – Yohji Yamamoto – poesia encenada a preto 
 
Nascido em 1943, este mestre japonês da arte de cortar e grande arquiteto do vestuário 
põe em questão a estrutura e a postura do traje em cada uma de suas coleções. Distancia-se 
do estilo sexy da mulher fatal. Propõe uma mulher casta, reservada, exibindo uma neutralidade 
de fachada. A mulher, segundo Yamamoto, somente se revela pouco a pouco. 
O estilista diz que suas roupas são “atemporais” e sem uma característica nacional 
típica definida, apesar dos críticos continuarem a chamá-las de “japonesas”. É difícil mesmo 
rotular essas roupas, já que nelas se encontram características que pode-se chamar de 
“opostas”, mas que formam um design único. Essa roupa passa a impressão de velha e nova 
ao mesmo tempo, tradicional e vanguardista e com algo que sim, nos remete ao Japão, mas 
talvez seja preciso um olhar mais atento para se dar conta. 
A roupa tradicional japonesa se mostra bem diferente do que tem sido usado no 
ocidente desde os primórdios da idade média: enquanto a roupa europeia se ajusta e marca o 
corpo, as roupas japonesas dão mais espaço entre tecido e pele. 
Yohji sintetiza as transformações sofridas pelo Japão desde os primórdios da sua 
história política e social. Apesar de tantas mudanças, o país ainda apresenta um isolamento em 
termos de preservação da família e religião tradicional. Principalmente tendo como influência a 
roupa que vem desde a restauração Meiji passando por nossa era contemporânea, o estilista 
também vai além e mostra o futuro em suas peças: seu estilo é único e sua roupa sempre está 
à frente de seu tempo. Tempo que talvez não exista, o que confirma as palavras do próprio 
quando diz que suas peças são atemporais. Mesmo novas, elas trazem uma sensação de uso 
prévio e história, porém também são futuristas, pois não se encaixam em nosso tempo e em 
nenhum tempo passado. 
Dessa forma, sua marca vai além da moda e não segue tendências, se é que é possível. 
A prova disso é que a mesma roupa de 1981 não se mostra antiga perto de uma de 2013. Um 
leigo não saberia dizer qual veio antes e qual veio depois se não conhecer o trabalho do estilista. 
Apesar de sua roupa ser tão avançada, a influência japonesa é evidente quando se estuda a 
indumentária do país: como já foi dito, o espaço entre o tecido e a pele de quem veste, as formas 
soltas dadas às peças, além de técnicas de tingimento tipicamente japonesas 
como yuzen e shibori. Muitas peças e seus looks com várias camadas de tecido também 
remetem ao Japão feudal. 
Quando se conhece melhor as peças de Yamamoto, também fica evidente seu interesse 
pelos materiais, maior do que o da própria forma dada à roupa; o primeiro deve dizer como o 
segundo deve ser. Como o próprio estilista disse: “O tecido é tudo. Ocasionalmente digo aos 
meus modelistas: Apenas ouça o material. O que ele vai dizer? Apenas espere. Provavelmente 
o material te ensinará algo.”. 
A silhueta, as camadas de tecido, materiais e técnicas de tingimento que nos remetem 
ao Japão tradicional, trazem também uma severidade e melancolia as quais podem ser 
associadas, segundo o estilista, à Tóquio destruída depois de bombardeada durante a Segunda 
Guerra, onde ele nasceu e afirma que talvez essa seja sua raiz. 
A estética revolucionária que Yohji passou a apresentar em seus desfiles para o mundo, 
desde 1981, era desagradável, mas trouxe um mistério e uma nova sensualidade, muito 
diferente do que se via na época. Uma mulher andrógina, de camisas e calças largas, mas que 
transmitia sua sensualidade por estar tão confortável em si mesma. 
 
“Acredito que ajustar as roupas de forma apertada em um 
corpo feminino é para o divertimento do homem…não me parece 
nobre. Também não é educado mostrar muito às outras pessoas.” 
Yohji Yamamoto 
 
Ainda assim, havia a própria característica andrógina e destruída, mas ao mesmo tempo 
elegante que se manteve fiel a Yohji. Mesmo essa estética tendo sido engolida pela moda, a 
marca Yohji Yamamoto sempre esteve além de seu tempo. 
Toda a vanguarda e tradicionalismo de Yamamoto se relaciona com a tradicional cultura 
japonesa de valorizar e firmar suas raízes com a sede de avanço para o futuro. 
3 - A moda nos anos 80 
Os anos 80 foram caracterizados pelo exagero e pela ostentação. Foi nesta época que 
o jeans alcançou o seu ápice, ganhando status. E os shoppings tornaram- se o paraíso dos 
consumistas. Nesta época não bastavaser bem-sucedido e bem- vestido, mas sim ter um corpo 
bonito e saudável. 
Influenciando as roupas, o espírito esportivo levou o moletom e a calça fuseaux para fora 
das academias e consagrou o tênis como calçado para toda hora. Ele também fez ressurgir a 
moda de calçados baixos, como os mocassins, tanto multicoloridos como clássico. 
A cartela de cores era vibrante, prezando por tons fortes e fluorescentes, com jogos de 
tons e contrastes. 
A modelagem era ampla. As mulheres, que nesse momento ingressaram maciçamente 
no mercado de trabalho à procura por cargos de chefia, adotaram o visual masculino. Cintura 
alta e ombros marcados por ombreiras era a silhueta de toda a década, ao lado de pregas e 
drapeados para a noite ou dia. A moda masculina seguiu o mesmo estilo, com ternos folgados e 
calças largas. Para os acessórios, tamanho era sinônimo de atualidade. 
A música se consagrou como formadora de opinião e estilo, levando ao estrelato 
cantoras como Madonna, que influenciou a sociedade com seu estilo livre e despudorado. O 
Punk, New Age e Break também merecem destaque. 
Os anos 80 foi marcado por várias influências e muitos contrastes. Os opostos passam 
a conviver juntos em harmonia e a moda no centro de tudo. 
A moda vive seu grande momento, não era a sociedade de consumo e sim, a moda 
celebrada como sociedade do espetáculo. 
Inicia a febre da música disco. Surgem as tribos urbanas, além de várias identidades, 
inúmeros grupos, múltiplas opções, mas todos mantendo fidelidade as suas convicções e suas 
estéticas. 
Os punks continuaram firmes nas suas convicções, tinham toda aquela energia voltada 
para a provocação, a ironia e o deboche. Na Inglaterra, os problemas econômicos e sociais 
serviram de base de sustentação para que o punk assumisse uma vertente bem mais crítica e 
agressiva. Nas terras da rainha, surgiu a banda Sex Pistols como uma eficiente representação 
dessa nova situação que o punk assumiu. A banda vai se tornar não apenas a grande divulgadora 
do estilo, mas uma das maiores bandas da história do rock, sedimentando o punk como um 
movimento cultural e estético que vai influenciar a contemporaneidade. 
Na sequência surgiram os góticos, que, no Brasil, eram denominados de darks (escuro, 
em inglês), trazendo à moda um aspecto de romantismo associado a aspectos religiosos e à 
questão existencial. As maquiagens góticas, em sua grande parte fazem alusão a vampiros, 
desenhos ou demônios e são mais usadas em sua essência em festas góticas ou encontros. 
Um visual Dark é basicamente composto de batom vermelho, olhos bem pretos e 
esfumados e um delineado com grandes marcações. E o melhor deste look é que pode ser usado 
de forma permanente ou somente por uma noite ou ocasião. Os homens também aderem à 
maquiagem Dark ou gótica, entretanto normalmente não utilizam os batons. Os adeptos desta 
tribo se manifestavam visualmente em preto total nas suas roupas, independente da estação do 
ano. Aspectos de palidez, cabelos negros, além da maquiagem identificaram os góticos. 
Nesta mesma década, teve-se também reflexo na moda vinda do mercado financeiro, 
este em pleno desenvolvimento. Foi a moda dos yuppies (Young Urban Profissional Persons, ou 
jovens profissionais urbanos). Esses jovens profissionais, que estavam muito bem posicionados 
financeiramente falando, tinham uma identidade particular ao se vestirem de maneira correta e 
arrumadinha, todavia, privilegiando o que era chique e sofisticado naquele momento. 
Roupas de linho ou crepe passaram a ser as queridinhas pelos dois sexos, e estar 
sempre bem-vestido era indispensável, deixando claro em seus visuais uma excessiva 
preocupação de gastos em roupas e acessórios para refletir a boa condição econômica dos 
adeptos. 
O grande referencial dos Yuppies veio da Itália, o estilista Giorgio Armani era símbolo de 
elegância e refinamento, principalmente na moda masculina. 
Paradoxalmente a tudo isso, surge também uma grande tendência: as academias de 
ginástica. O culto ao corpo, a pele bronzeada, uma vida mais saudável faz da moda esportiva 
uma grande referência da década. Roupas justas ao corpo e normalmente coloridas trazem um 
astral alegre. 
Surge a segunda pele, peça denominada assim por ter um tecido muito fino. Polainas, 
lenços enrolados sobre a testa, uso excessivo da lycra, além de collant com cava bem alta 
passaram a fazer parte do dia-a-dia. 
O disco glitter, ou seja, a música disco reinava nas grandes metrópoles, a discoteca do 
final dos anos 70 ainda reinava absoluta. 
Vale ressaltar, que em todas essas manifestações dessas diferentes linguagens, a moda 
era desenhada para ambos os sexos, com pequenas peculiaridades, não distinguiam o que era 
masculino do que pertencia ao feminino. 
No final dos anos 80 e início dos anos 90, a alta-costura francesa passa por uma grande 
crise e reestruturação financeira. Grandes grupos assumem o controle de várias maisons, e 
muito funcionários e diretores criativos de qualidade são dispensados de suas funções. 
As maisons de Yves Saint Lauren e Pierre Cardin continuam sólidas, mas outros 
criadores desistiram de manter suas casas de alta-costura, como Courrèges, Jean Patou e 
Lanvin. 
Aqueles que sobreviveram à crise criaram linhas paralelas de prêt-à-porter de luxo, com 
altos preços. Além disso, dedicaram-se a outros mercados, como acessórios, perfumes e linhas 
de cosméticos. Todos esses novos segmentos garantem o faturamento e manutenção das casas 
de alta-costura. Outras expandem nas linhas de cama e banho, além da decoração de interiores. 
O prêt-à-porter passa a ser o grande responsável pela propagação de moda e gerador 
financeiro, e as inovações tecnológicas ajudaram a produção em massa ter boa qualidade e 
preços mais acessíveis. 
Também, o prêt-à-porter conquistou um mercado de US$50 bilhões na Europa e na Ásia, 
o que atraiu os estilistas americanos. Filiais na Inglaterra e Japão foram abertas. Muitos 
europeus, asiáticos e latino-americanos viajam para Nova Iorque para comprar roupas mais 
baratas e distribuí-las em seus países. O look americano cada vez chama mais atenção no 
mundo da moda. Destacam-se Ralf Lauren, Calvin Klein, Bill Blass, Donna Karan e Michael Kors. 
Enquanto os desfiles de alta-costura apresentam roupas de uso quase impossível, os 
estilistas do prêt-à-porter realizam uma moda prática, simplificada e com personalidade. 
A década de 80 se caracterizou pela febre dos shoppings, onde se instalaram lojas e, 
muitas delas, dedicadas aos jovens com roupas esportivas, para surfar e andar de skate. Lojas 
de departamentos também fazem parte da história da moda do período. 
O jeans permanece em alta e recebe tratamento especial nas butiques. Ao algodão 
mistura-se a lycra e os modelos são justinhos. Para acompanhar, os collants, hoje conhecidos 
como bodies. Os joggings eram usados em todas as ocasiões, assim como outras roupas 
esportivas de moletom, lycra, jérsei, náilon, tactel e neoprene. Começa-se a usar leggings e 
bermudas de ciclistas. 
Com isso, muda-se o hábito de sair para comprar, especialmente a roupa. A vitrine passa 
a ser um diferencial, a vizinhança com muitos concorrentes aumenta a necessidade de sempre 
estar atualizada e de ser diferente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O DESCONSTRUTIVISMO E OS ESTILISTAS DA ESCOLA BELGA | A MODA NA DÉCADA 
DE 1990. 
 
1 - O Desconstrutivismo na moda 
 
O desconstrutivismo surge como uma estratégia originária do filósofo do século XX, 
Jacques Derrida, a qual tem como base desierarquizar o formato dos conceitos. O mesmo tem 
sua origem na literatura, mas seus conceitos foram traduzidos a diversas áreas, como cinema, 
arquitetura e design. 
No âmbito da moda, a prática desconstrutivista surgiu na década de 1980, influenciada 
pelo minimalismo na sua própria forma de arte e cultura, por meio do trabalho de estilistas como 
Martin Margiela, Yohji Yamamoto, Rei Kawakubo – à frente da marca Comme des Garçons–, 
Issey Miyake e, no Brasil, Jum Nakao com o icônico desfile “A Costura do Invisível” em 2004. 
O desconstrutivismo foi uma desconstrução para um novo construir, uma espécie de 
evolução da reciclagem em voga no final dos anos 80; do ponto de vista comercial e popular, 
esse conceito se transformou em bainha e overlock aparente. 
A moda desconstrutivista consiste num movimento que buscou transformar a moda 
tradicional como era conhecida até então, apropriando-se das características da desconstrução 
proposta por Derrida, a fim de questionar convenções do sistema da moda, principalmente 
acerca da relação corpo x roupa. 
Segundo Fogg (2013), na moda a desconstrução surge com o objetivo de deixar à mostra 
certas partes da peça que normalmente estão ao lado avesso, como pences, alinhavos, forros. 
Isto parte do conceito do jogo literário da desconstrução, bem como a inversão, deslocamento e 
dissolução de estruturas e conceitos. Utiliza-se técnicas advindas da reciclagem, com o uso de 
materiais inusitados e reaproveitamento de peças e objetos de diferentes segmentos e, com 
finalidades distintas daquelas na qual serão utilizadas, ao invés do uso de componentes 
habituais, 
“O mais importante elemento da moda desconstrutivista é chamar atenção para a 
construção de uma peça” (FOGG, 2013, p. 498). 
Outros elementos, como a decomposição e a desintegração, são citados pelo autor como 
características para a desconstrução na moda. Dessa forma, a moda procura se apropriar do 
desconstrutivismo para mostrar o processo pelo qual a peça passou até chegar ao resultado 
final, como é visto nas passarelas, mostrando não apenas a peça pronta, mas sim o processo 
produtivo por trás da construção dela, “o ato de brincar com as convenções que regem a 
produção e o consumo da moda e de subvertê-las é outra expressão generalizada do 
desconstrutivismo” (FOGG, 2013, p. 501). 
A moda possui convenções, costumes e conceitos binários, a desconstrução surge a fim 
de descosturá-los e confrontar certas relações. 
Como movimento, a moda desconstrutivista chegou a ser descrita como pós-
punk, grunge, ou até anti-moda durante a década de 1980. Porém, logo se percebeu que ela não 
consiste apenas na destruição de uma peça, mas sim em uma análise mais profunda e intelectual 
sobre as relações entre a roupa e o corpo, por meio do pensamento crítico e da condição 
moderna. 
A moda italiana ganhou muita importância, principalmente com Gianni Versace que 
tornou ícone de moda mundial com seus dourados, suas estampas arrojadas e muita 
sensualidade. Moschino, com sua irreverência e bom humor fez uma moda que ganha muita 
atenção. 
Já a moda norte americana se mantém básica e prática, tendo uma visão comercial onde 
a qualidade em alta escala se mantém competitiva, inclusive seus lançamentos antecipam a dos 
europeus. 
As casas de luxo se rejuvenescem contratando nomes novos e importantes para se 
tornarem seus diretores criativos, contratavam novos talentos e com isso, as casas de alta-
costura ganham nova posição de prestigio. 
A década é de antagonismos convivendo juntos: oriental x ocidental; masculino X 
feminino; sintético X natural; exótico x belo; caro x barato. 
Mas a imagem passa a ser mais importante que o próprio produto. Vender um conceito 
era o mais importante. A moda se torna ainda mais sinal de prestígio e status social. 
 
 
 
2 - Estilistas da Escola Belga 
 
No fim dos anos 80 surge a revolução Belga. Conhecidos como os seis da Antuérpia, 
Walter Van Beirendonck, Dirk Bikkembergs, Marina Yee, Dirk Van Saene, Ann Demeulemeester 
e Dries Van Noten, traziam consigo uma atitude inteiramente nova, decidida e perfeccionista. E 
apesar da mesma formação na Academia Real da Antuérpia, seus estilos eram individuais e se 
mantiveram distintos e variados. 
A Bélgica é um importante berço de estilistas que revolucionam a moda internacional 
com uma rebeldia minimalista, desconstruída e precisa. 
Esses designers foram chamados de “Antwerp Six” e mais tarde “6 +” com a junção de 
Margiela. Se graduaram no Departamento de Moda da Academia da Artuérpia em 1980, 1981 e 
1982, sendo considerados uma força revolucionária. 
Foram esses designers que colocaram a Bélgica no mapa da moda. Começaram a 
desfilar primeiramente em Londres, e mais tarde na França, onde apresentavam seu estilo 
modernista e a frente de seu tempo. 
De acordo com Jones (2005, p. 47) “os estilistas belgas lembram os japoneses do ponto 
de vista de sua afinidade com uma abordagem pós-moderna e conceitual das roupas e da 
preferência pelo preto.” 
Não somente os designers citados acima formam os expoentes belgas da moda. Hoje 
nomes como Raf Simons e Kris Van Assche, ambos formados na Academia Real da Antuérpia, 
dirigem a criação da Dior e Dior Homme, respectivamente. Também, pode-se citar Veronique 
Branquinho, Haider Ackerman e Peter Piloto, como uma nova geração de designers oriundos da 
escola belga e que se consagram no mundo da moda. 
 
2.1 – Martin Margiela 
 
Nascido em 1959, estudou na Academia Real da Antuérpia e fez parte da primeira 
geração que colocou a cidade no mapa da moda. Foi assistente de Jean Paul Gaultier e 
apresentou sua primeira coleção em Paris em 1988. Coleção esta marcada pelo 
desconstrutivismo. 
É considerado um dos estilistas mais influentes e iconoclastas dos últimos tempos. Ao 
contrário da maioria dos designers, Martin Margiela, criou um culto pela impersonalidade, o que 
podia ser visto em seu comportamento recluso, ou até mesmo em suas criações, sempre com 
os rostos cobertos, e até mesmo na etiqueta de suas peças que vêm em branco. 
Outra característica marcante de Margiela pode ser apresentada pelo efeito de 
inacabado. As linhas e marcações, que comumente ficam dentro da peça, o designer acaba 
expondo em muitas de suas coleções. 
Sem dúvida Margiela provoca questionamentos. Ao desconstruir a moda de tal maneira, 
ele acaba questionando a própria, bem como a arte, o mercado, e outros tantos alicerces que 
fazem desse fenômeno o que ele é hoje. O designer caminha no sentido contrário das grandes 
grifes, e é ouvido. A Maison que subverteu a moda e continua no processo incessante de 
reapresentação da mesma, se firmou como expoente da moda contemporânea. Margiela abre 
caminho para outros tantos designers, que assim como ele, são inquietos. 
 
2.2 – Walter Van Beirendonck 
 
Walter Van Beirendonck é hoje coordenador do curso de moda da Academia Real da 
Antuérpia, Walter apresentou criações irreverentes, e por vezes excêntricas. Ele já foi 
fotografado vestido de dragão e com um sapo em sua cabeça raspada. No entanto, suas 
criações, com toda certeza, se sobressaem diante a esses fatos. 
Como designer, incorporou desenhos gráficos marcantes na moda masculina, 
mensagens diretas e cores berrantes. O que, rotineiramente, é difícil de ser visto, principalmente 
no que diz respeito a parcela masculina da moda. 
Nas últimas coleções do designer pode-se perceber o rumo a alfaiataria, sempre 
mantendo uma relação íntima com a arte, apresenta peças muito bem acabadas. 
 
2.3 – Raf Simons 
 
Raf Simons nasceu em 1968 e possui um talento incontestável, tanto que mesmo com 
sua estética contemporânea, assumiu a direção criativa da Dior, uma das grifes mais tradicionais 
do mundo da moda. 
Raf cursou design industrial em Genk, na Bélgica, mas sempre teve gosto pela moda. 
Fato que o levou a fazer um estágio com Walter Van Beirendonck. Mas foi somente mais tarde, 
quando conheceu Linda Loppa, diretora do departamento de moda da Academia Real da 
Antuérpia que decidiu mudar de carreira. 
Simons apresentou em suas coleções uma relação interessante do vestuário masculino, 
entre suas referências clássicas e a cultura jovem e rebelde. A música gótica, Kraftwerk, e 
arquitetura Bauhaus também serviram de influencia. Raf imprimiu seu estilo na moda 
contemporânea. 
 
3 – A moda nos anos 90 
 
Nos anos 90 vários fatores se alteram e transformam a forma de viver de várias 
sociedades. A Guerradeclarada pelos Estados unidos ao Golfo assistida pela televisão do 
mundo inteiro, as economias do mercado americano e asiático crescendo de forma vertiginosa, 
a AIDS se alastrando rapidamente, contribuem para essas mudanças. A informática avança 
rapidamente e integra o mundo de forma espantosa criando a chamada aldeia global. 
Até a metade da década de 90, o exagero dos anos anteriores ainda influenciava a moda. 
Foram lançados, por exemplo, os jeans coloridos e as blusas segunda-pele, que colocavam a 
lingerie em evidência. Isso alavancou a moda íntima, que criou peças para serem usadas à 
mostra, com novos materiais e cores. 
Pode-se destacar como tendência da década, as jardineiras e salopettes; tubinhos, 
calças fuseaux com blusas de liganete, assim como camisas com personalidades e personagens 
de desenhos animados; parkas; e vestidos justinhos. 
A calça baggye e semi-baggy tornaram-se febre. O jeans colorido, jaquetas, shorts ou 
jardineira continuam a ser a peça chave do vestuário informal. T-shirts, as blusas baby look e 
segunda pele seguiram pelo mesmo caminho. 
A roupa de trabalho ganha mais flexibilidade, no entanto, para secretárias, executivas e 
mulheres com cargos de destaque, se mantinha blazer, saia e blusa, assim como os conjuntos 
de calça comprida, vestidos de malha justa com cinto, saias mídi e vestidos com estampado 
floral, já no final da década, o blazer podia ser substituído pelo cardigã. No final da década, os 
saltos engrossaram, voltaram as plataformas, sapatos bicolores. As meias de cor foram muito 
usadas, principalmente meias finas escuras. 
No campo da moda temos a indústria do high-tech (de alta tecnologia). A indumentária 
ocidental caracteriza-se pela multiplicidade de tendências. A simplicidade das roupas e o 
interesse pela praticidade se acentuam. A sensualidade é realçada e as formas aerodinâmicas 
das roupas esportivas se impõem. Chega ao fim a ditatura dos estilos. Nesta década os objetivos 
da moda era ser prática, leve, versátil e colorida. 
Apesar da economia americana apresentar um ótimo período, os americanos passam a 
ser mais comedidos nos gastos e as grandes lojas de departamentos se preocupam com a classe 
média promovendo liquidações diminuindo os preços. As roupas de passarela vão para as lojas 
com preços acessíveis. 
Agora não são mais as atrizes que divulgam a moda e, sim, as estrelas da música, como 
Madonna. A dance music facilitou os movimentos com uma roupa folgada e larga, e também 
tiveram tops e bustiês. A televisão passa a ser a grande influenciadora dos jovens que copiam a 
moda dos ídolos do funk e do rap, com bonés virados para trás e muitos cordões dourados. Na 
cultura jovem, o grunge foi a grande influência, assim como os skatistas. 
Essa é uma década marcada pela diversidade de estilos que convivem 
harmoniosamente. A moda seguiu cada uma dessas tendências, produzindo peças para cada 
tipo de consumidor e para todas as ocasiões. Entretanto, vale à pena ressaltar o grunge, que 
impulsionado pelo rock, influenciou a moda e o comportamento dos adolescentes com seu estilo 
despojado de calças/ bermudões largos e camisas xadrez da região de Seattle, berço destes 
músicos. A camisa xadrez, aliás, foi uma verdadeira tendência presente mesmo nos armários 
dos rapazes mais tradicionais, os mauricinhos. 
Numa outra esfera, os clubbers vieram para colorir. Vestiam-se com cores, modelagens 
modernas, tecidos metalizados e calçados futuristas. Também nos Estados Unidos vêm vários 
modelos de roupas retrôs usadas de forma inovadora. Outras criações são roupas de strech, 
cotton, lycra e novas fibras sintéticas. 
Limpando os excessos visuais, a década de 90 apresenta o minimalismo, influenciado 
pelo japonismo criado por Yohji Yamamoto e Comme des Garçons. Tons escuros e pastel 
imperaram, aliados a modelagens mais soltas. As cores, mesmo em menor intensidade, 
continuaram presentes durante toda a década. 
A preocupação ecológica ganhou status e fez com que países e populações se 
atentassem a ser conscientes. As propagandas passaram a agregar esses valores a seus 
produtos, de forma a atingir os consumidores que buscavam muito mais do que preços e 
novidades. 
Campanhas de combate as peles e couros se intensificam e começam a ser substituídas 
por produtos sintéticos. O grupo Greenpeace faz campanhas e jogam spray em casacos, sapatos 
e bolsas de pele animal no mundo inteiro. Também, as indústrias de cosméticos foram 
pressionadas a não fazer testes em animais vivos. 
Com isso, houve uma grande revolução com a produção das fibras sintéticas e semi-
sintéticas. Eram resistentes, versáteis e baratas, assim não dependiam dos recursos da 
natureza. O grande destaque é a microfibra, que é maleável, durável, dispensa o ferro de passar 
e pode ser reproduzida em várias cores, tem maciez e bom caimento. A gama de tecidos é 
extensa, e muitos são usados na área de roupas de lazer. 
Tecidos ricos foram revalorizados à noite, enquanto de dia preferiu-se o linho, as malhas, 
alguns tipos de crepe e as microfibras. 
Já na indumentária masculina, o terno continua sendo a indumentária oficial, mas 
ganhou formas e cortes com pequenas alterações. Nos anos 90 predominaram os paletós de 
três botões com ombros menos volumosos. Mas as gravatas ganharam estampas originais 
(florais e super coloridas) podiam ter rabiscos abstratos, desenhos geométricos e outros motivos 
animados. Os coletes também tiveram destaque e muitas vezes, a noite era uma peça para 
descontrair o visual. As calças esporte fino tinham pregas junto a cintura, já as camisas tinham 
no xadrez um forte aliado. 
A moda descontraída ganhou o estilo destroy (destruidor), com camisas rasgadas em 
pontos estratégicos, tecidos coloridos, calças ou bermudas em jeans coloridos e descosturados 
na boca. 
Nesta década, as expressões mauricinho e patricinhas, principalmente no Brasil 
determinavam as pessoas que tinham um estilo mais arrumadinho. 
Na segunda metade da década, há um revival de décadas passadas, a moda passou a 
buscar referências nas décadas anteriores, fazendo releituras dos anos 60 (cores claras, tiaras) 
e em seguida dos 70 (plataformas, tamancos e modelos fechados, geralmente 
desproporcionais), tudo mesclado a modismos dos anos correntes. O culto ao vintage, a 
popularização de bandas de estilo folk, que resgatou o uso dos xadrezes e os tecidos 
tecnológicos. 
O comportamento social sofreu mudanças. Numa super valorização do corpo masculino, 
surgiu a estética gay sobre a moda masculina. Disfarçada com a expressão “metrossexualidade”, 
o grande ícone foi o jogador de futebol David Beckham. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A MODA E OS CRIADORES CONTEMPORÂNEOS. 
 
1 – Anos 2000 
 
A seqüência de releituras que começou no final dos anos 90 não foi interrompida. O ano 
2000 e 2001 trouxeram os anos 80, com pitadas dos anos 50 para as vitrines de todo o mundo. 
Sem mais décadas anteriores para buscar referências, a moda encontra-se em um beco sem 
saída. 
A busca pelo novo é uma tendência da atualidade, e é justamente por isso que a todo o 
momento são realizados concursos de moda, visando descobrir novos talentos. Para criadores 
não poderia haver melhor oportunidade para mostrar sua capacidade. 
Com um consumidor que deseja novidades, mesmo lojistas de diversos tamanhos 
encontram mais espaço para criar. 
O escândalo na moda do século XX nunca deixou de ganhar visibilidade. Provavelmente, 
é também graças a esta nova visibilidade que o escândalo passou a ter uma maior dimensão na 
moda: a anorexia, por exemplo, é, dentre os debates ligados à área, um dos mais ativos na 
esfera pública, assim como o racismo na seleção de modelos e a objetificação dos corpos das 
mulheres. 
O escândalo parece necessário aos criadores contemporâneos. Diante da multiplicação 
dos cenários da moda, o escândalo é utilizado por eles para se diferenciarem uns dos outros. Ao 
lado dos desfiles que chamam atenção, coleções são desenhadas e produzidas para serem 
vendidas. 
Noentanto, sempre será necessário lidar com a força de transgressão do imaginário dos 
criadores e as flutuações morais da sociedade. Os criadores sempre encontrarão novas formas 
de serem escandalosos. 
A moda certamente dá suporte ao vestuário, mas ela não é somente a roupa visível, ela 
é composta também por elementos invisíveis que a ela são incorporados, de acordo com valores 
culturais e religiosos, que, inclusive, podem limitá-la. 
O excesso vivenciado pelo consumo e pela moda fazem parte da era contemporânea 
que supervaloriza a informação e a imagem. Verdades são manipuladas em meios de 
comunicação instantâneos, como a internet, construindo realidades através de imagens. 
Estamos vivenciando a era do “hiperconsumo”, uma fase da história da humanidade 
industrializada e consumista que seria regida por valores de extremo individualismo e 
hedonismo. Neste contexto, as pessoas passam a possuir um desejo profundo de consumir 
impulsionadas por uma busca de bem estar, conforto e sensações de prazer, os quais se 
estenderiam também para o universo das relações pessoais, da saúde, dos esportes, da 
gastronomia, e da moda. 
O “novo“ consumidor se sente estimulado pela busca de sensações através do consumo 
e não em manter-se fiel a uma única marca ou produto, gerando um mercado altamente produtor 
de novidades e com muita rotatividade. Assim, a lógica cíclica de sedução da moda teria atingido 
todas as esferas do consumo. 
Vivemos hoje grandes paradoxos como as relações hiperconsumo x ecologia, hiper-
realidade x hedonismo exacerbado. A constatação concreta dos danos causados ao planeta por 
poucos séculos de industrialização gera uma urgência ecológica que decai sobre os ombros dos 
consumidores, assim o hiperconsumo precisar tornar-se “consumo-consciente”. 
É comum o uso do termo “fast fashion” para designar as condições aceleradas em que 
o sistema da moda funciona na contemporaneidade. Hoje em dia, uma coleção acaba assim que 
a modelo pisa na passarela. A reprodução em tempo real das imagens traz facilidade de acesso 
à indústria das cópias e piratarias, enfraquecendo o valor de autenticidade de um produto. 
Na moda contemporânea não é possível identificar um único estilo, encaixar pessoas em 
rótulos ou tribos apenas pelo que estão usando, cada um apropria-se das ofertas disponíveis, 
que são muitas, de forma bastante pessoal e mutante. 
“A moda contemporânea estimula a metamorfose e a descoberta de imagens pessoais 
que podem se modificar na próxima estação, no dia seguinte ou logo mais à noite.” (MESQUITA. 
2004, p.42). 
Em sua origem e desenvolvimento histórico, o trabalho do estilista contou com um 
glamour, sendo assimilado a uma condição de artista, de grande criador que poderia imprimir a 
força de sua personalidade em suas criações. Diante da sociedade atual, o tempo de criação e 
desenvolvimento de uma coleção de moda também passa a ser reduzido. Além disso, a 
permanência de uma idéia, de uma criação, condicionada pela sua reprodução e sobrevivência 
nos meios de comunicação, torna-se uma espécie de destruição criativa. 
Além da condição de efemeridade levada a extremos e vivenciada também nos 
processos criativos, a moda contemporânea aponta para o uso de novas tecnologias, que reúne 
experimentos em moda que utilizam novos materiais e tecnologias de forma a demonstrar como 
a tecnologia pode ser incorporada no dia-a-dia do vestuário. 
Outra importante questão a ser considerada na contemporaneidade é a produção 
ecológica de produtos de moda. Tecidos naturais, fibras de origem reciclada, tingimentos não 
agressores, reaproveitamento de matérias-primas, valorização de materiais locais e uso de mão 
de obra de terceiro setor encontram-se como questões latentes entre as marcas e indústrias 
têxteis. 
É muito difícil imaginar como a moda conseguirá ser sustentável. Muito além do “eco-
fashion”, do uso de materiais ecologicamente corretos e uso racionalizado de recursos, está a 
cultura do hiperconsumo efetivando cada vez mais o consumo acelerado. A desaceleração dos 
ciclos de consumo em moda talvez possa se dar a partir de propostas isoladas de criadores 
como o lançamento de coleções em intervalos de tempo maiores e no uso de materiais mais 
duradouros. Porém, a moda não está desvinculada do contexto social e cultural, assumindo não 
somente o papel de reflexo, como também de “radar” social do hiperconsumo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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