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PETROQUÍMICA PROFESSOR FERNANDO MARQUES – Fernandão – EMENTA PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 2 Conteúdo Programático Noções de Química Orgânica (Átomo de Carbono a Aromáticos). Conceitos Ligados à Indústria do Petróleo. Conceitos Ligados a Indústria Química. Conceitos Ligados a Indústria Petroquímica Matérias-Primas da Indústria Petroquímica. Produtos Petroquímicos Básicos, Intermediários e Finais. Produção de Olefinas. Produção de Aromáticos. Meio Ambiente na Indústria do Petróleo BIBLIOGRAFIA 1. Wasserman, Adolpho, Petroquímica: Introdução/Adolpho Wasserman, Isaac Plachta, RJ, Ed. McKlauser, 1994. 2. Mano, Eloisa Biasoto; Mendes, Luis Claudio. Introdução a polímeros. 2 ed. rev. e ampl. SP: E. Blücher, 1999. 3. Wongtschowski, Pedro. Indústria Química - Riscos e Oportunidades. 2ª Edição. 4. ABIQUIM. 5. Elkind, R. Petroquímica Básica. SEDES/PETROBRÁS (Apostila). 6. Campos, Antônio C. e Leontsinis, Epaminondas. Petróleo e Derivados. São Paulo: Técnica, 1990. 7. Shreve, R. N. Indústrias de Processos Químicos. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1980. 8. Soares, A. C. R. Petróleo: Origem, Ocorrência, Exploração. 1ª Ed. Salvador, 1993. PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 3 PANORAMA DA INDÚSTRIA PETROQUÍMICA Introdução a) Tópicos Relevantes A atividade petroquímica teve início em 1919, nos Estados Unidos, a partir dos trabalhos de pesquisa desenvolvidos durante a 1ª Guerra Mundial. Durante as décadas de 1920 e 1930, ocorreu o desenvolvimento de métodos de fabricação e uso de olefinas (eteno, propeno e buteno). Durante as décadas de 1940 e 1950 a atividade petroquímica foi bastante expandida em função da 2ª Guerra Mundial e a indústria de refino de petróleo sofreu grande desenvolvimento. A década de 50 também estabelece o início da atividade petroquímica no Brasil. A Petrobras instala uma fábrica de fertilizantes, em 1958, com a manipulação de amônia (NH3) e Nitratos (NO ). Em 1957, são instaladas a Companhia Brasileira de Estireno para manipulação de estireno, e a Alba, para manipulação de metanol. A Petrobras constrói também, na cidade de Cubatão, suas unidades de eteno (1958) e propeno (1959). Em 1958 a Companhia Petroquímica Brasileira começa suas atividades de processamento de negro de fumo, e a Union Carbide do Brasil inicia sua produção de polietileno. Em 1959, são instaladas a Petrocolor Solvay para produção de polietileno, e a Rodhia, para produção de acetona. A indústria brasileira de enxofre inicia, em 1960, sua linha de atividades envolvendo derivados de enxofre. PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 4 O Pólo Petroquímico de São Paulo, o primeiro a ser implantado no país (conhecido também como pólo petroquímico do grande ABC), está localizado nos municípios de Santo André e Mauá. Não obedeceu ao planejamento logístico dos que o sucederam em que as empresas de segunda geração foram instaladas nas proximidades de centrais de matérias primas. Com o início da operação, em 1972, este é o menor dos três pólos em termos de produção de eteno. Foi viabilizado via capital privado de um grupo empresarial de SP (grupo União) com parceria do governo (Petroquisa) e capital estrangeiro (Tripartite). O capital estrangeiro foi importante para agregar tecnologia. Hoje é composto por indústrias que produzem petroquímicos para a fabricação de resinas termoplásticas, borrachas, tintas, entre outros. Sua central petroquímica possui capacidade de produção de 730 mil toneladas de eteno. Figura 1 – Pólo de São Paulo/SP Tal como já havia feito com outros setores considerados estratégicos, como à siderurgia e o petróleo, o Estado brasileiro criou um conjunto de instrumentos indutores do fortalecimento da presença nacional no desenvolvimento da petroquímica. Entre os instrumentos mais importantes, ressaltam-se: A criação, em 1967, da Petrobras Química S.A. (Petroquisa), uma holding da Petrobras para este setor; Oferta de crédito subsidiado via sistema BNDES e restrições às importações; PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 5 Práticas de preço atraentes para Nafta (principal matéria prima da indústria). *Obs.: Gasolina de Destilação Direta (DD) É a retirada líquida mais leve da destilação atmosférica do petróleo, é a chamada Nafta. A mesma é usada como a mais importante matéria- prima para a Indústria Petroquímica ou como componente da fração comercializada como gasolina automotiva. O termo Nafta é usado para fração com faixa de destilação entre 30° e 250°. É uma mistura de C4 a C12. Atualmente podemos dizer que a gasolina DD é a Nafta. A gasolina automotiva (comum) é uma formulação que contém nafta, porém, tem que possuir característica antidetonante, evitando que a explosão ocorra antes da presença da centelha. Essa propriedade é medida pela octanagem que se existe no Brasil, maior ou igual a 87 (portaria ANP 197/99). Gasolina de aviação (motores de pistão) é formulada para octanagem até 145 e ponto de congelamento de – 60º C. Há ainda a chamada gasolina aditivada que é apenas a gasolina comum aditivada com um detergente para evitar acúmulo de sujeira nos dutos e bicos dos automóveis. E a Gasolina Premium é a gasolina automotiva com octanagem maior que 91 (portaria ANP 197/99). PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 6 Os 2° e o 3° pólos localizados respectivamente em Camaçari (BA) e Triunfo (RS), também utilizaram este modelo societário engenhoso, denominado tripartite. O pólo petroquímico de Camaçari foi o primeiro complexo petroquímico planejado do país e iniciou suas operações em 1978 graças também ao modelo ao “modelo Tripartite”. É composto por indústrias que produzem petroquímicos para a fabricação de resinas termoplásticas, fertilizante, metalurgia de cobre, entre outros. A central petroquímica é responsável pela produção de 1.280 mil toneladas de eteno. Figura 2 – Pólo de Camaçari/BA Depois da Bahia, esse foi o terceiro pólo petroquímico base nafta a ser construído na década. A central de matérias –primas do pólo de Triunfo – Copesul (atual Braskem) – começou a operar em 1982. Atualmente o pólo tem capacidade produtiva de 1.240 mil toneladas de eteno. Figura 3 – Pólo de Triunfo/RS PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 7 No modelo Tripartite, o controle das empresas é compartilhado em proporções iguais pela Petroquisa, por um sócio privado nacional e por um sócio privado estrangeiro. Em ambos os casos, as empresas da área de Downstream tem o suprimento de matérias primas garantido pelas centrais Copene (BA) e Copesul (RS). Com a implantação do programa nacional de desestatização acelerada na década de 1990, o modelo vitorioso até os anos de 1980 começou a ser desmontado. Com isso a Petroquisa foi obrigada a alienar a maior parte de suas participações societárias e perdeu o papel de planejadora da política industrial do setor petroquímico nacional. b) Pontos primordiais Considera-se que um produto petroquímico é aquele que tem sua origem no petróleo ou no gás natural, totalmente ou em parte. A indústria petroquímica, que fez sua aparição mundial pela década de 1920 e experimentourápida transição desde essa época, atingindo entre as décadas de 40 e 60 os momentos culminantes de sua expansão tecnológica, terminou por se constituir em importante liderança do setor industrial, e, mesmo nos negócios internacionais. Filha direta da área energética acompanhou de forma indissolúvel seu incrível desenvolvimento, tendo como base a enorme disponibilidade de petróleo e gás natural e os seus baixos preços frente aos de outras matérias primas alternativas como o carvão e o álcool. Para melhor entendimento é necessário que se saiba de alguns pontos primordiais para o estudo da Petroquímica, tais como: A Indústria Petroquímica no Brasil: originou-se no governo militar, mais precisamente na década de 1970, quando foi construído no país o pólo petroquímico de São Paulo em 1972, posteriormente o pólo de Camaçari em 1978 e o de Triunfo em 1982; PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 8 Hidrocarbonetos: é necessária uma interação profunda com a química orgânica examinando estes compostos de hidrogênio e carbono, e, outras das chamadas funções orgânicas com suas respectivas classificações segundo estruturas comuns. Em suma, a indústria petroquímica em geral é, em seu fundamento, o encontro de talentos humanos com os compostos químicos. Matérias-Primas: estuda-se a origem de matérias fundamentais da indústria petroquímica (petróleo e gás natural), como transportes, até recuperação, a partir delas, dos hidrocarbonetos básicos de toda petroquímica. Produtos Petroquímicos: produtos de características diferentes, mas que apresentam similaridades de uso com outros, permitem dividir a petroquímica em ramos de aplicação industrial segundo essa similaridade. Os principais mercados dos petroquímicos são os plásticos, elastômeros (borracha sintética), detergente, fibras e fertilizantes. Planta ou Fábrica: de forma não discriminada é o local em que são reunidos os equipamentos e os materiais para produção de produtos petroquímicos, e pelas seções auxiliares que fornecem vapor, água, combustível, etc. É para onde se dirige toda a atenção, desde sua concepção inicial até a operação final. Através desta descrição é possível dizer realmente o que é uma indústria petroquímica. De forma didática, mas bem próxima da realidade, uma planta petroquímica para ser implantada necessita estar de acordo com algumas fases importantes para a evolução do empreendimento: Fase Preliminar – constituída pelos estudos e determinação do mercado, da localização, da capacidade da seleção, da tecnologia e do investimento; Fase de Engenharia – onde se elaboram os pacotes de engenharia básica, os desenhos de detalhamento e a fabricação dos equipamentos; PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 9 Fase de Implantação – quando se prepara o terreno, faz-se a obra civil, montam-se os equipamentos e as estruturas e o pessoal é treinado; Fase de Partida – período em que são testados os equipamentos e a operação da planta é iniciada, para colocar os produtos dentro das especificações. c) Resumo e Conclusões Nas décadas de 1920 e 1930 a indústria petroquímica concentrou-se principalmente em desenvolver os métodos de fabricação e uso das olefinas (eteno, propeno e buteno). A primeira olefina-eteno era obtida pelo craqueamento direto ou como subproduto das operações das adoções do craqueamento e da reforma catalítica, esses processos adquiriam aspectos mais químicos. O eteno era e ainda é a mais importante olefina. Embora o álcool isopropílico tenha sido efetivamente, o primeiro produto petroquímico produzido. O aspecto saliente neste período de início na petroquímica foi o lançamento industrial dos derivados do óxido de eteno, que tiveram novos usos descobertos, principalmente na indústria automobilística. O glicol etilênico era à base dos anticongelantes, enquanto os éteres glicólicos eram usados nas novas tintas que estavam sendo desenvolvidas para os automóveis. Esse desenvolvimento de derivados de eteno e de suas aplicações foi seguido pela descoberta de novos usos do propeno e do buteno, o que ocorreu na década de 1920 e 1930, até a Segunda Guerra Mundial. Enquanto a Primeira Guerra Mundial foi responsável pela criação da indústria petroquímica, a Segunda Guerra Mundial conduziu a sua expansão. Em primeiro lugar, um número maior de hidrocarbonetos foi usado como matéria prima para a indústria, em segundo lugar, suas aplicações foram aumentadas. PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 10 As técnicas de obtenção e de separação dos hidrocarbonetos foram melhoradas. Novos materiais de construção permitiram que o craqueamento fosse conduzido sobre condições mais severas, aumentando a quantidade de olefinas produzidas. Pode ser percebido que a indústria petroquímica surgiu e se desenvolveu no mundo como resultado da indústria de refino do petróleo, que atraiu o interesse e a participação da iniciativa privada no decorrer da segunda metade do século passado. As necessidades criadas pelas duas grandes guerras mundiais foram atendidas pela criatividade e pelos conhecimentos dos setores de pesquisa que ao longo de 20 anos, desde que o primeiro produto petroquímico foi fabricado, procuravam atender aos requisitos do mercado exclusivo da indústria automobilística. Nos Estados Unidos, a petroquímica, em relativo curto prazo, teve tal desenvolvimento que, em 1955, época em que se iniciava a petroquímica no Brasil, o valor da produção chegava à cifra de US$ 4 bilhões. No entanto, a matéria prima utilizada representava apenas 1% do óleo bruto processado nas refinarias americanas. Naquela época, enquanto que pela transformação do petróleo em combustíveis, por meio das operações normais de refino, se obtinha uma valorização de 150%, a transformação do petróleo em produtos petroquímicos representava, em média, uma valorização de 1100% no mercado americano. Isso permitiu que a indústria petroquímica se expandisse, principalmente na base de reinvestimentos e não de aplicação de novos capitais, suportando e empurrando para frente o progresso tecnológico do setor. Enquanto isso, no Brasil, a indústria petroquímica foi sendo implantada dimensionando-se sua capacidade por meio de extrapolação de dados históricos de importação. As refinarias que começaram a ser construídas na década de 1930, pela iniciativa privada, eram todas de pequeno porte. A primeira grande refinaria foi iniciativa estatal (Cubatão). PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 11 Afirmava Leopoldo Miguez de Mello, um dos grandes idealizadores da petroquímica brasileira, em conferência pronunciada em 1956: “Apesar dos muitos órgãos controladores, o controle no sentido do conhecimento da atualidade é absoluto falho. Ninguém sabe, órgão nenhum conhece com precisão o que é o conhecimento industrial brasileiro. Quantas mercadorias que hoje são extremamente escassas, inacessíveis ao consumidor médio, serão dentro de cinco a dez anos exportados pelo Brasil? Daí a discrepância nas estimativas do consumo futuro de qualquer utilidade num país que cresce mais do que a gente pensa e muito mais do que a gente sabe. O que nos deve amedrontar, realmente, é planejar empreendimentos que sejam pequenos para o Brasil.” O vaticínio de Leopoldo Miguez realizou-se após 20 anos! Depois de um período de indefinições políticas, a primeira central de matérias primas entrava em operação após mais de uma década de haverem as primeiras plantas petroquímicas iniciadassuas operações, fruto da iniciativa estatal e do capital estrangeiro. Mesmo assim, o Estado teve que resolver o impasse criado através da Petroquisa, a nova subsidiária da Petrobras. Medidas institucionais de fortalecimento do capital privado nacional de incentivos financeiros e econômicos, medidas protecionistas aliadas às ações conjuntas da Petroquisa, CDI, BNDES e SUDENE, conduziram à criação do segundo pólo petroquímico na Bahia. Um passo à frente foi dado pela formalização do chamado modelo empresarial tripartite, e pelo planejamento e distribuição das diversas áreas das plantas consumidoras dos produtos da central de matérias primas. Aí se constitui a primeira central de tratamento de efluentes, com sua melhoria alcançada na implantação do terceiro pólo petroquímico, onde muitos dos incentivos foram retirados, não tendo sido possível, ainda, dispensar a participação do Estado nos empreendimentos à jusante, conforme desejado em cumprimento aos planos de privatização crescentes do setor, seguindo às primeiras resoluções governamentais no início da década de 1950. No momento em que se duplica a capacidade do pólo da Bahia, e se inicia a construção do quarto pólo petroquímico no Rio de Janeiro, é possível vislumbrar a PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 12 dimensão que a petroquímica vai assumir no Brasil. No entanto, subsistem aspectos limitativos que não somente restringem a competitividade no mercado internacional (talvez um aspecto novo, com o qual não sonhavam os planejadores pioneiros da petroquímica brasileira), como inibem o setor de fortalecer maior contribuição ao restante da economia e ao processo de modernização do país. Essas limitações são: As pesquisas e o domínio tecnológico não alcançaram os níveis necessários; A disseminação de empresas monoprodutoras (isto é, fabricantes de um só produto) enfraquece o setor, não somente empresarialmente, mas também tecnologicamente; Ainda não foram estabelecidas estruturas organizacionais e capacidades gerenciais para enfrentar os desafios permanentes. Como mencionado anteriormente, os planos para a criação de um pólo no Rio de Janeiro surgiram juntamente a interesses de expansão dos pólos de Camaçari e São Paulo. O complexo petroquímico seria instalado em Itaguaí/RJ, com a finalidade de absorver o gás natural proveniente de Campos. Este teria menor participação do Estado e o modelo tripartite não deveria mais ser adotado na formação das empresas. No que se refere à tecnologia, contudo, seria mantida a política anteriormente adotada, isto é, aquisição de tecnologia estrangeira, através de joint ventures, sem maior preocupação para o processo de sua absorção. Entretanto, o projeto da instalação de um novo pólo petroquímico no Rio de Janeiro foi suspenso e adiado por alguns anos. Em meados da década de 90, o complexo petroquímico do Rio de Janeiro voltou ao noticiário, apresentando uma nova realidade em sua concepção, sendo denominado, agora, de pólo gás-químico, só que agora em Duque de Caxias/RJ. Atraído pela REDUC, o maior investimento da indústria petroquímica brasileira começou a ser erguido no dia 29 de agosto de 2000, o Pólo Gás- Químico. Um projeto que estava no papel há mais de 30 anos, e atraiu diversos sócios de peso, estabelecendo uma cadeia industrial que utiliza o gás natural da PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 13 refinaria e o transforma em polietileno, matéria-prima para a produção de produtos plásticos diversos, como por exemplo, pára-choque de automóveis, adesivos a embalagens, gabinetes de computador e outros. Este pólo é o primeiro do Brasil e o maior complexo do gênero da América Latina. Foi o maior investimento privado no estado nas últimas três décadas, gerando 400 empregos diretos e 350 indiretos. Com o custo de US$1,08 bilhão e sua implantação está trazendo empresas transformadoras de plástico para a cidade e toda a região. É o caso por exemplo da Nitriflex e da Polibrasil, dois gigantes no setor de polímeros. Figura 4 – Pólo Gás-Químico Duque de Caxias/RJ Na verdade, o chamado pólo é uma fábrica de polietileno ligada a uma unidade de pirólise de gás natural, ou seja, um sistema mais sintético que dos outros pólos existentes no Brasil onde se utiliza a nafta para a geração de vários subprodutos. As operações foram iniciadas em 2005 e a unidade de craqueamento do gás tem capacidade de produção anual de 520.000 toneladas/ano de eteno, sendo que 70% de sua produção é destinada para abastecer o mercado nacional e o restante para exportação. A mudança realmente significativa e que torna o processo distinto dos demais pólos existentes é o modelo empresarial: o projeto pertence majoritariamente à iniciativa privada, através da associação dos grupos Unipar e Suzano (66,6% do capital), mais a participação da Petroquisa (16,7%) e do BNDESpar (16,7%), que criaram uma empresa especificamente para explorar a nova atividade - a Rio Polímeros. Não há mais disputas políticas, proteção de preços e vantagens oferecidas pelos órgãos governamentais. Existe, agora, a iniciativa privada e financiadores externos, sendo necessário, portanto, um projeto PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 14 competitivo para possíveis disputas, oriundas de uma economia de caráter liberal, e capaz de atender as exigências dos financiadores. Outro grande empreendimento implantado em 2005, em Campos Elíseos (Duque de Caxias), ao custo de US$740 milhões, foi à inauguração da TermoRio, a maior termoelétrica a gás natural do Brasil. A usina produz 200 toneladas/hora de vapor apenas para estabelecer a REDUC e pode fornecer cerca de 22% da energia consumida no estado do Rio de Janeiro. Atualmente em construção, o COMPERJ, Complexo Petroquímico do RJ, por enquanto, é um megaprojeto concebido pela Petrobras, com investimentos de mais US$8bilhões e será peça principal para o pólo do Sudeste. Previsto para entrar em operação em 2014, o COMPERJ, como é conhecido, aumenta a capacidade nacional de refino de petróleo pesado além de produzir 1,3 toneladas anuais de eteno, 880 mil toneladas de propeno, além de outros derivados petroquímicos. A participação privada continua indefinida, mais as empresas petroquímicas brasileira. Figura 5 – Pólo Petroquímico do RJ/COMPERJ (em construção) PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 15 CARACTERIZAÇÃO DOS SETORES PETROQUÍMICOS 1. A Indústria do Petróleo Figura 6 – Indústria do Petróleo (a) Termo “Sete Irmãs” ou Big Oil: Standard Oil of New Jersey, Standard Oil of New York, Standard Oil of California, Gulf, Texaco, BP e Shell. Por quase 50 anos (~1918-1970), essas sete companhias atuaram como um cartel global, assumindo o controle do Mercado internacional de petróleo. A OPEP foi criada da seguinte maneira, “um cartel para confrontar o cartel”, no caso justamente as Sete Irmãs. Com a guerra árabe-israelense, 1973, a OPEP usou o petróleo como arma. Com o apoio dos EUA a Israel os países exportadores retaliaram. As Big Oil produzem cerca de 13% do petróleo mundial, ao passo que a OPEP produz cerca de 40%. O restante da produção mundial é dominado hoje por algumas petrolíferas estatais (predominantemente, Rússia e China) que não possuem um histórico de trabalho conjunto nas decisões de produção ou definição do preço. O petróleo é um recurso natural não renovável: depois que uma reserva se esgota, nenhum novo petróleo surge para ocupar seu lugar. O “petróleoconvencional” é o tipo de óleo cru o qual vimos dependendo nos últimos 150 anos. Simplificando um pouco, embora petróleo signifique “óleo de pedra”, o petróleo convencional é encontrado essencialmente sob a forma líquida, em reservatórios subterrâneos, e tudo o que é necessário para obtê-lo é uma torre tradicional, que perfura através da terra até alcançar o reservatório, extraindo o PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 16 líquido. O “petróleo não convencional” (muitas vezes chamado de “óleo fronteiriço” ou “hidrocarboneto fronteiriço”), em comparação, não é encontrado em reservatórios, mas em pequenas quantidades, profundamente integradas dentro de outras substâncias como alcatrão ou rocha. Ele deve primeiro ser removido dessas substâncias, com grande custo ambiental e financeiro, antes de poder surgir como líquido. Mais de 50% do petróleo convencional restante no mundo é encontrado em apenas cinco países: Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait e Emirados Árabes. A indústria do petróleo compreende todas as atividades que envolvem o óleo cru, gás natural e seus derivados, desde a exploração e importação ao refino, distribuição, exportação etc. No Brasil, o petróleo é encontrado em águas oceânicas profundas, o que encarece a sua extração. O maior estado produtor é o Rio de Janeiro, na Bacia de Campos, cuja contribuição é de quase 75%. A cidade-base de exploração desse mineral é Macaé. A indústria do petróleo se divide em três áreas de atuação, são elas: Upstream, Midstream e Dowstream: A fase Upstream caracteriza-se pelas atividades de busca, identificação e localização das fontes de óleo, e ainda o transporte deste óleo extraído até as refinarias, onde será processado. Resumindo, são as atividades de exploração, perfuração e produção. A fase Midstream é a que as matérias-primas (hidrocarbonetos) são transformadas em produtos prontos para uso específico (gasolina, diesel, querosene, GLP, nafta, óleo lubrificante). São as atividades de refino. Downstream é a fase logística, ou seja, o transporte dos produtos da refinaria até os locais de consumo. Resume-se no transporte, distribuição e comercialização dos derivados do petróleo. No Brasil atual, o segmento de refino, que produz matéria-prima para a indústria petroquímica, é formado por 13 refinarias, a maioria delas na Região Sudeste, onde também se concentra o mercado consumidor (mapa descritivo a seguir – http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro http://pt.wikipedia.org/wiki/Bacia_de_Campos http://pt.wikipedia.org/wiki/Maca%C3%A9 PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 17 Figura 1) e, que estão produzindo no limite de sua capacidade. São elas: Refinaria de Capuava (Recap); Refinaria de Paulínia (Replan), a maior do país, Refinaria Henrique Lage (Revap), Refinaria Presidente Bernardes (Rbpc), Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), Refinaria de Manaus (Reman), Fábrica de Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor), Refinaria Landulpho Alves (Rlam), Refinaria Gabriel Passos (Regap), Refinaria Duque de Caxias (Reduc), Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), Refinaria de Petróleo Ipiranga S.A. (Rpisa) e Refinaria de Petróleos de Manguinhos S.A. (Rpdm). Única refinaria da Bahia, a Rlam (primeira beneficiadora de petróleo estatal do país), cuja construção foi iniciada em 1949 e entrou em operação no ano seguinte (a partir de quando vem sendo ampliada e recebendo significativos investimentos), tem sua história vinculada à descoberta dos primeiros poços de petróleo brasileiros, e foi incorporada à Petrobras em 1953, quando esta foi criada, ocupando atualmente o segundo lugar no ranking do Sistema Petrobras. Está localizada numa área de 6,4 km2, no distrito de Mataripe, do município de São Francisco do Conde, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Com capacidade instalada de 307 mil barris/dia (um barril de petróleo possui 159 L), contribui com a arrecadação de R$ 750 milhões/ano de ICMS (Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços), produzindo 43 diferentes produtos, entre os quais propano, propeno, iso-butano, gás de cozinha, gasolina, nafta petroquímica, querosene, querosene de aviação, parafinas, óleos combustíveis e asfaltos. Em 1999 o seu faturamento atingiu R$ 4 bilhões. Foi à primeira refinaria a receber a certificação ISO 9002, ISO 14001 e BS 8800, que comprovam a excelência em processos e produtos, gerenciamento ambiental e gestão em saúde e segurança. Prevê investir aproximadamente R$ 630 milhões em novos projetos, ampliando a sua capacidade industrial e ingressando na produção de novos derivados, o que também vai exigir a utilização de novas tecnologias (RLAM..., 2000). Até o final da década de 1990, a Petrobras detinha monopólio tanto da produção quanto da importação da nafta, principal insumo do setor petroquímico, embora esse setor também utilize o gás natural como matéria-prima do processo, menos PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 18 poluente que a nafta. A Lei 9.478/1997, denominada de Lei do Petróleo, quebrou o monopólio da Petrobras, o que permitiu que outras empresas estrangeiras também participassem da exploração, produção, refino e transporte do petróleo. LEI Nº 9478, DE 06 DE AGOSTO DE 1997 Dispõe sobre a política energética nacional, as atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo. Seção II Das Definições Técnicas Art. 6°. Para os fins desta Lei e de sua regulamentação, ficam estabelecidas as seguintes definições: I - Petróleo: todo e qualquer hidrocarboneto líquido em seu estado natural, a exemplo do óleo cru e condensado; II - Gás Natural ou Gás: todo hidrocarboneto que permaneça em estado gasoso nas condições atmosféricas normais, extraído diretamente a partir de reservatórios petrolíferos ou galíferos, incluindo gases úmidos, secos, residuais e gases raros; III - Derivados de Petróleo: produtos decorrentes da transformação do petróleo; IV - Derivados Básicos: principais derivados de petróleo, referidos no art. 177 da Constituição Federal, a serem classificados pela Agência Nacional do Petróleo; V - Refino ou Refinação: conjunto de processos destinados a transformar o petróleo em derivados de petróleo; VI - Tratamento ou Processamento de Gás Natural: conjunto de operações destinadas a permitir o seu transporte, distribuição e utilização; VII - Transporte: movimentação de petróleo e seus derivados ou gás natural em meio ou percurso considerado de interesse geral; VIII - Transferência: movimentação de petróleo, derivados ou gás natural em meio ou percurso considerado de interesse específico e exclusivo do proprietário ou explorador das facilidades; IX - Bacia Sedimentar: depressão da crosta terrestre, onde se acumulam rochas sedimentares que podem ser portadoras de petróleo ou gás, associados ou não; X - Reservatório ou Depósito: configuração geológica dotada de propriedades específicas, armazenadora de petróleo ou gás, associados ou não; XI - Jazida: reservatório ou depósito já identificado e possível de ser posto em produção; XII - Prospecto: feição geológica mapeada como resultado de estudos geofísicos e de interpretação geológica, que justificam a perfuração de poços exploratórios para a localização de petróleo ou gás natural; XIII - Bloco: parte de uma bacia sedimentar, formada por um prisma vertical de profundidade PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 19 indeterminada, com superfície poligonal definidapelas coordenadas geográficas de seus vértices, onde são desenvolvidas atividades de exploração ou produção de petróleo e gás natural; XIV - Campo de Petróleo ou de Gás Natural: área produtora de petróleo ou gás natural, a partir de um reservatório contínuo ou de mais de um reservatório, a profundidades variáveis, abrangendo instalações e equipamentos destinados à produção; XV - Pesquisa ou Exploração: conjunto de operações ou atividades destinadas a avaliar áreas, objetivando a descoberta e a identificação de jazidas de petróleo ou gás natural; XVI - Lavra ou Produção: conjunto de operações coordenadas de extração de petróleo ou gás natural de uma jazida e de preparo para sua movimentação; XVII - Desenvolvimento: conjunto de operações e investimentos destinados a viabilizar as atividades de produção de um campo de petróleo ou gás; XVIII – Descoberta Comercial: descoberta de petróleo ou gás natural em condições que, a preços de mercado, tornem possível o retorno dos investimentos no desenvolvimento e na produção. XIX - Indústria do Petróleo: conjunto de atividades econômicas relacionadas com a exploração, desenvolvimento, produção, refino, processamento, transporte, importação e exportação de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos e seus derivados; XX - Distribuição: atividade de comercialização por atacado com a rede varejista ou com grandes consumidores de combustíveis, lubrificantes, asfaltos e gás liquefeito envasado, exercidas por empresas especializadas, na forma das leis e regulamentos aplicáveis; XXI - Revenda: atividades de venda a varejo de combustíveis, lubrificantes e gás liquefeito envasado, exercidas por postos de serviços ou revendedores, na forma das leis e regulamentos aplicáveis; XXII - Distribuição de Gás Canalizado: serviços locais de comercialização de gás canalizado, junto aos usuários finais, explorados com exclusividade pelos Estados, diretamente ou mediante concessão, nos termos do § 2º do art. 25 da Constituição Federal. XXIII - Estocagem de Gás Natural: armazenamento de gás natural em reservatórios próprios, formações naturais ou artificiais. A crise econômica mundial derrubou a arrecadação com royalties (remuneração das empresas concessionárias, aos governos federal, estadual e municipal, pela exploração do petróleo.do petróleo) e participações especiais cobrados sobre a produção de petróleo em 2009. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), União, Estados e municípios repartiram R$ 16,420 bilhões durante o ano, valor 27,5% inferior ao registrado em 2008. A queda é reflexo dos baixos preços do petróleo e da valorização do real frente ao dólar, uma vez que a produção de petróleo subiu no período. Os royalties, cobrados sobre todos os campos produtores do País, representaram R$ 7,967 bilhões da arrecadação total de 2009. Já as participações especiais, cobradas apenas PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 20 sobre projetos de grande produção, representaram R$ 8,453 bilhões. No ano passado, a arrecadação total com a produção de petróleo foi de R$ 22,649 bilhões (R$ 10,938 bilhões em royalties e R$11,711 bilhões em participações especiais). O resultado de 2008, porém, foi considerado atípico diante da disparada dos preços do petróleo durante o ano – o barril chegou a ultrapassar os US$140 em julho, pouco antes do estouro da crise. “A queda dos royalties este ano está certamente relacionada à redução no preço do petróleo. O câmbio também pode ter influência”, diz o consultor Rafael Shcetchman, do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura). Do total arrecadado em 2009, a União ficou com R$ 5,624 bilhões; os Estados, com R$ 6,610 bilhões - dos quais R$ 4,884 bilhões foram destinados ao Rio -, e municípios repartiram R$ 3,530 bilhões. Outros R$ 629 milhões foram destinados a um fundo especial para distribuição entre todos os Estados e municípios brasileiros, de acordo com critérios do Fundo de Participações dos Municípios. Figura 7 – Indústria do Petróleo (b) A estatística da ANP indica ainda que R$ 25 milhões foram pagos por determinação judicial a municípios que têm liminares reivindicando a receita. A produção nacional de petróleo ainda gerou R$ 62 milhões a proprietários de terras onde estão os poços produtores e R$ 146 milhões pela ocupação de áreas marítimas. Pela primeira vez desde 1999, a ANP não arrecadou bônus de assinatura pela concessão de áreas, uma vez que não houve leilão de blocos exploratórios http://www.atarde.com.br/economia/noticia.jsf?id=1390611 http://www.atarde.com.br/economia/noticia.jsf?id=1390611 PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 21 Figura 8 – Refinarias no Brasil/2003 Fonte: Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes, 2004. Desde 2005, a indústria do petróleo tem passado por momentos importantes e históricos, com o valor do barril subindo de US$70, em 2005, para espantosos US$140 em 2008. Porém no mesmo ano, em consequência do agravamento da crise financeira originada nos EUA, os preços do petróleo caíram vertiginosamente, estabilizando em US$80, valor que se mantém hoje, com pequenas variações. PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 22 2. A Indústria Química Figura 8 – Indústria Química Considerada como o maior segmento da indústria de transformação brasileira, a indústria química é, a base do processo de produção de inúmeras indústrias. Quase todo produto de uso diário, no mundo contemporâneo, tem componentes e/ou insumos originários da indústria química, a exemplo de alguns bens finais da agroindústria, indústria automobilística, eletroeletrônica, brinquedos, farmacêutica, alimentos, cosméticos, detergentes, tintas, têxteis etc. Essa transformação de produtos naturais, que não podem ser usados diretamente pelo homem, exige alto grau de desenvolvimento científico e tecnológico. Água do mar, petróleo, carvão, agricultura, pecuária e os mais diversos minerais são exemplos de fontes de recursos utilizados na fabricação de produtos químicos. Esses produtos químicos têm matérias-primas empregadas na formulação de medicamentos, geração de energia, produção de alimentos, purificação da água, fabricação de automóveis, computadores, roupas, utensílios domésticos, artigos de higiene e uma infinidade de itens que estão presentes no dia-a-dia. Os produtos químicos são divididos em dois grandes blocos: uso industrial e uso final, que serão vistos mais a frente. 2.1 A Indústria Química Brasileira Está entre as dez maiores do mundo, 9º lugar. É um dos setores mais dinâmicos e importantes da economia brasileira, sendo o terceiro maior setor industrial (ano base 2006/ABIQUIM). Em 2008, o setor químico respondeu por 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Nosso país é um grande importador e exportador de produtos químicos (vide Figura do Ranking da Indústria Química Mundial). Segundo o Guia PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 23 da Indústria Química Brasileira, existem 1.091 fábricas de produtos químicos, de uso industrial, cadastradas (vide Figura da distribuição das plantas). De 2007 a 2013, os projetos de investimentos em produtos químicos de uso industrial serão da ordem de US$22,1 bilhões. Atuação Responsável® Um compromisso da Indústria Química Ranking da indRanking da indúústria qustria quíímica mundialmica mundial Faturamento líquido - 2007 em US$ bilhões Estados Unidos China Alemanha JapãoFrança Coréia Reino Unido Itália Brasil Índia Espanha 664 388 238 234 143 116 116 106 104 92 65 9ª posição Figura 9 – Ranking da Indústria Química Mundial, fonte ABIQUIM De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM), existe uma grande divergência quanto à conceituação e abrangência desse segmento, por causa de sua própria história. Uma vez que o refino do petróleo, por suas características industriais, era considerado atividade da indústria química, enquanto outras, específicas do setor, como as relativas à produção de resinas termoplásticas, não o eram. A Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma classificação internacional para a indústria química. No Brasil, porém, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com o apoio da ABIQUIM estabeleceu uma nova classificação, na qual se insere o segmento petroquímico, que compreende a fabricação de gases industriais: Uso Industrial: Produtos químicos inorgânicos, entre os quais cloro e álcalis, intermediários para fertilizantes; Produtos químicos orgânicos, início da produção de petroquímicos, com os petroquímicos básicos, intermediários para resinas e fibras, etc.; Resinas e elastômeros; PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 24 Produtos e preparados químicos diversos: fibras, fios, cabos e filamentos contínuos artificiais e sintéticos, adesivos e selantes, explosivos, catalisadores, aditivos de uso industrial, chapas, filmes, papéis, discos, etc. Uso Final: Produtos químicos farmacêuticos; Higiene pessoal, produtos de limpeza, artigos de perfumaria e cosméticos, sabões e detergentes; Adubos e fertilizantes; Defensivos agrícolas; Tintas, esmaltes, vernizes, lacas e outros; Outros. Embora seja responsável pela fabricação de extensa variedade de produtos, conforme demonstrado acima, e constitua um importante segmento industrial, a indústria química brasileira ainda é deficitária na balança comercial, pois, mesmo considerando o crescimento de suas exportações, o país importa muitos produtos químicos (ver Figura 2). Os produtos que mais concorrem para o crescimento da indústria química no Brasil, representando mais da metade de seu faturamento, são, especificamente, os de uso industrial. Atuação Responsável® Um compromisso da Indústria Química 1.091 1.091 = Total de fábricas de produtos químicos de uso industrial cadastradas no Guia da Indústria Química Brasileira = 5= 5 88 7070 1313 = 7= 7 99 22 6767 33 55 = 8= 8 = 18= 18 44 5757 = 78= 78 = 5= 5 8282 = 37= 37 = 4= 4 604604 Fonte: ABIQUIM. 11 11 11 11 11 PRODUTOS QUÍMICOS DE USO INDUSTRIAL DISTRIBUIÇÃO DAS PLANTAS PRODUTOS QUÍMICOS DE USO INDUSTRIAL DISTRIBUIÇÃO DAS PLANTAS Nordeste = 129 Sudeste = 756 Sul = 176 Figura 10 – Distribuição de Plantas pelo Brasil, fonte ABIQUIM. PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 25 Figura 11 – Importações e Exportações Brasileiras de Produtos Químicos. De 1991 a 2003. Fonte: Associação Brasileira da Indústria Química, 2003b. Figura 12 – Importações e Exportações Brasileiras de Produtos Químicos Industriais. De 1991 a 2003. Fonte: ABIQUIM. Em 2008, o faturamento líquido da indústria química brasileira, considerando todos os segmentos que a compõem, alcançou R$ 222,3 bilhões, 10,6% acima do de 2007. Medido em dólares, o faturamento líquido chegou ao recorde de US$ 122,0 bilhões, 17,9% acima do valor do ano anterior. As exportações da indústria química brasileira também tiveram crescimento expressivo em 2008, +11,3%, atingindo a cifra de US$ 11,89 bilhões. Todavia, as importações também PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 26 cresceram de forma bastante acentuada, + 46,6%, alcançando US$ 35,09 bilhões. Com isso, o déficit da balança comercial de produtos químicos agravou-se, passando de US$ 13,25 bilhões em 2007 para US$ 23,20 bilhões em 2008. O PIB brasileiro, apesar da queda expressiva no último trimestre, fechou 2008 com crescimento de 5,1%. Atuação Responsável® Um compromisso da Indústria Química Faturamento lFaturamento lííquidoquido IndIndúústria qustria quíímica mica -- 20082008 em US$ bilhões Total:Total: US$ 122 bilhõesUS$ 122 bilhões Produtos químicos de uso industrial US$ 61,2 Produtos farmacêu- ticos US$ 17,1 Higiene pessoal, perfumaria e cosméticos US$ 10,4 Adubos e fertilizantes US$ 14,2 Defensivos agrícolas US$ 6,9 Sabões e detergentes US$ 6,3 Outros US$ 2,8 detergentes US$ 6,3 US$ 3,0 vernizes Tintas, esmaltes e Figura 13 – Faturamento Líquido Indústria Química/2008, fonte ABIQUIM. Não se pode deixar de mencionar os efeitos da crise financeira internacional (2008-2011) sobre a indústria química brasileira. O consumo de produtos químicos caiu em diversos locais, sobretudo nos Estados Unidos, na Europa e também na Ásia, notadamente na China. Além disso, a queda dos preços das commodities, como o petróleo e a nafta, derrubou a cotação dos produtos químicos de uso industrial no mercado internacional. Como esses produtos estão na base de diversas cadeias produtivas e há uma forte dependência por matérias-primas importadas, os efeitos nocivos da crise foram rapidamente refletidos nos principais indicadores que medem o desempenho do segmento de produtos químicos. Tal fato causou um desalinhamento de estoques e preços no mercado mundial de diversos produtos, e impactou os resultados apurados pela ABIQUIM para os últimos três meses do ano. A indústria química participa ativamente de quase todas as cadeias e complexos industriais, inclusive serviços e agricultura, desempenhando papel de destaque no PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 27 desenvolvimento das diversas atividades econômicas do País. De acordo com os dados recentemente revisados pelo IBGE, a participação da indústria química no PIB total foi de 3,1% em 2008. Levando-se em consideração toda a matriz industrial brasileira, segundo o IBGE, o setor químico ocupou, em 2006, último dado disponível, a terceira posição, respondendo por cerca de 10,82% do PIB da indústria de transformação. Existem várias maneiras de se trabalhar, estudar e entender as cadeias produtivas da indústria química brasileira, em especial a indústria química orgânica, pois se trata de um complexo onde os inúmeros setores atuam e se relacionam. Cada setor compõe uma cadeia produtiva. Desta forma, a sucroquímica, a alcoolquímica, a petroquímica, os fármacos, os defensivos agrícolas, são exemplos de setores da química orgânica. A cadeia produtiva é composta por elos representados por matérias-primas, intermediários e produtos finais. A manutenção da competitividade exige que as modernas indústrias petroquímicas estejam fisicamente interligadas em 'pólos petroquímicos', com os fornecedores de nafta ou de gás natural a montante (upstream), e com as empresas, que utilizam seus produtos a jusante (downstream). Normalmente, nas atividades de 1ª geração dos pólos está incluída a prestação de serviços de utilidades, tais como fornecimento de água industrial, energia, tratamento de efluentes, manutenção, etc. Enquanto que a totalidade das plantas de 1ª e 2ª gerações freqüentemente ficam localizadas nos pólos, a maioria das indústrias de 3ª geração se apresenta distribuída por outras regiões, mesmo afastadas. Obs.: Montante é aquilo que sobe ou se eleva. Em engenharia é uma peça linearvertical de uma estrutura reticulada. E Jusante é o lado de uma corrente contrária ao da nascente e para onde correm as águas, ou seja, maré vazante ou baixa-mar (a jusante para o lado da foz). Em hidráulica, é todo o ponto referencial ou seção de rio compreendida entre o observador e a foz de um curso d’água, ou seja, rio abaixo em relação a este observador (Ex.: Dado um ponto num curso d'água, este passa a ser dividido em duas partes: a parte a montante, de onde vêm as águas e a parte a jusante, para onde estão indo as águas). http://pt.wikipedia.org/wiki/Hidr%C3%A1ulica PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 28 Em geral, a competitividade da indústria petroquímica está criticamente associada a fatores como grau de verticalização empresarial, grandes economias de escala, disponibilidade e garantia de fornecimento de matéria-prima, altos investimentos em tecnologia e logística de distribuição de produtos. Tais fatores fazem com que o segmento petroquímico seja um campo onde jogam apenas empresas de grande porte, as mais importantes com elevado grau de internacionalização das atividades. As indústrias integradas verticalmente são aquelas que atuam em mais de um elo na cadeia produtiva. Classificação Definição Vantagens/Sinergia Horizontal união entre firmas atuantes no mesmo ramo de atividade, geralmente concorrentes i) aumento da participação de mercado e do poder de barganha; ii) redução de custos operacionais (economias de escala) Vertical quando resulta da união entre firmas que fazem parte da mesma cadeia produtiva, podendo ser para cima (montante), em direção aos fornecedores; ou para baixo (jusante), em direção aos distribuidores i) eliminação de processos produtivos, redução de custos indiretos e de coordenação das atividades de distribuição com o objetivo de obter sinergias; ii) economias de cadeia vertical / escopo horizontal; iii) melhorias ou inovações que podem ser transferidas ou partilhadas entre às unidades de negócio Desta maneira, uma indústria que produz etil benzeno, estireno e poliestireno é uma indústria que integra produtos intermediários (etil benzeno e estireno) e finais (poliestireno) na cadeia produtiva petroquímica. No caso da indústria petroquímica os produtos finais seguem para a indústria de transformação onde, por exemplo, um polímero é transformado, ou seja, moldado: soprado, injetado ou extrusado, gerando um plástico. Exemplos práticos disso são as garrafas que seguem para PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 29 outra indústria, como a de refrigerantes, ou um recipiente de plástico que poderá ir para o setor de embalagem de uma indústria de alimentos, ou ainda, outros artefatos que seguem para a indústria automobilística, assim como para a de computadores, de geladeiras, telefones, etc. No caso da indústria de intermediários, esta pode se integrar também horizontalmente, significando que pode produzir produtos que seguem pelos elos distintos na cadeia produtiva, isto é, mercados distintos. É o caso do n-butiraldeído que pode tanto ser transformado em n-butanol (utilizado como solvente) ou pode ser convertido a 2-etil hexanol (utilizado na produção de plastificante, ftalato de 2 etil hexila, para PVC). 2.2 Matérias-Primas da Indústria Química Brasileira A competitividade da indústria petroquímica, sobretudo das empresas de primeira geração, é fortemente dependente da disponibilidade de matérias-primas. É justamente nesse ponto que entra a relevância da Petrobras no setor, já que é a única fornecedora de matéria-prima nacional. Equacionar a questão da matéria- prima é fundamental para viabilizar as expansões de capacidade, fundamentais para a manutenção da competitividade da indústria e para atender ao crescimento da demanda interna, evitando uma ampliação do déficit da balança comercial. Além do equacionamento das fontes de recursos dos acionistas e de terceiros, é necessário solucionar a questão da disponibilidade de matérias-primas. O etano e o propano, contidos no gás natural, e as correntes de refinaria (principalmente o propeno) já vêm sendo utilizados e o seu consumo será incrementado nas novas plantas. No entanto, seu volume não é suficiente para viabilizar as expansões necessárias para atender à demanda no longo prazo. A solução definitiva para a questão da matéria-prima pode ser a construção de novos complexos integrados, desde o refino até a segunda geração, que utilizem o petróleo nacional (pesado) como matéria-prima. A viabilidade técnica de um complexo petroquímico integrado dessa natureza está sendo analisada.A PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 30 internacionalização das empresas – de forma que elas possam utilizar matérias- primas disponíveis nos países vizinhos, captar recursos no mercado internacional e aumentar a sua escala empresarial – também é importante para aumentar a competitividade do setor. O projeto de implantação de um pólo gás-químico na fronteira com a Bolívia é um avanço nesse sentido. As mais importantes fontes de matérias-primas para obtenção dos produtos intermediários são o petróleo (petroquímica), carvão mineral (carboquímica) e gás natural e, em menor escala, o xisto. Sucroquímica (açucares – sacarose) e alcoolquímica (etanol), também são consideradas fontes de matérias-primas para esta indústria: Petroquímica: uso de frações resultantes do refino do petróleo, principalmente de nafta ou gás natural, que por transformações químicas geram, respectivamente, produtos básicos, intermediários e finais, estes últimos utilizados na indústria de transformação de plásticos, elastômeros, fibras, tensoativos, etc. Figura 14 – Geração dos principais produtos petroquímicos. Carboquímica: uso do carvão como produtor de insumos químicos e combustíveis através de processos de gaseificação, carbonização ou liquefação. PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 31 Figura 15 – Geração dos principais produtos carboquímicos. Sucroquímica: uso da sacarose como matéria-prima que por uma série de processos como principalmente a fermentação, a hidrogenação, a hidrólise e esterificação, produz diversos produtos. Figura 16 – Geração dos principais produtos sucroquímicos. - Alcoolquímica: uso do álcool etílico, como matéria-prima na indústria química, principalmente, para derivados oxigenados como acetatos e éter etílico. PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 32 Figura 17 – Geração dos principais produtos alcoolquímicos. Do carvão extrai-se naftaleno e outros aromáticos policíclicos, como a piridina e derivados. O petróleo e gás natural são as principais fontes de hidrocarbonetos tais como nafta e aromáticos (benzeno, xilenos, tolueno) – Figura 6. O xisto é uma fonte de matéria-prima alternativa ao petróleo; gastos necessários para sua exploração ainda não competem com o petróleo. Acetileno Gás Natural Metano Eteno Propeno Petróleo Buteno Benzeno Tolueno Xileno Carvão Mineral Naftaleno Coque Figura 18 – Principais fontes de matérias-primas. PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 33 3. A Indústria Petroquímica A indústria petroquímica é uma subdivisão da indústria química. Ela utilizaa nafta (derivado do petróleo, obtido através do refino) ou gás natural, como matéria- prima básica. Também é definida como a indústria química que utiliza o petróleo (e seu derivados) como matéria-prima ou a atividade industrial de produção de derivados de petróleo, normalmente a partir da separação dos componentes do petróleo por destilação. Operacionalmente, podemos definir Petroquímica como sendo a cadeia produtiva para a produção e utilização de eteno e propeno, principalmente, para a produção de polímeros. A partir de processos sofisticados, as moléculas originais dos hidrocarbonetos, existentes no petróleo ou gás, são quebradas, recombinadas ou modificadas, dando origem a uma série de produtos que, por sua vez, serão “a base química” de outras indústrias – calçadistas, de tecidos, plásticos, pneus, tintas, alimentos, embalagens etc. A petroquímica cresceu vertiginosamente nesse último século, com a necessidade de substitutos mais lucrativos para diversos produtos, como, por exemplo, o algodão, o marfim, a madeira, etc. A indústria de plástico, chamada de indústria da http://pt.wikipedia.org/wiki/Petr%C3%B3leo http://pt.wikipedia.org/wiki/Destila%C3%A7%C3%A3o PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 34 3ª geração, é uma indústria que sobrevive do petróleo e seus gases e é o setor que movimenta a maior quantidade de produtos fabricados com materiais petroquímicos. Os países com indústrias petroquímicas de maior porte são os Estados Unidos, Canadá, as potências européias e o Japão. A Indústria Petroquímica é caracterizada por uma situação de oligopólio e de baixa integração vertical1 na produção, situação diferente nos EUA, onde grande parte das unidades fabris produz eteno, matéria-prima necessária para o seu processo. A produção de eteno é feita tanto através da nafta quanto do etano, derivado do gás natural (a produção brasileira representa 3% da produção mundial). Entretanto, o custo de aquisição da nafta é superior ao do etano. 1Integração vertical ocorre quando diferentes processos de produção - desde o insumo até a venda final ao consumidor - que podem ser produzidos separadamente, por várias firmas, passam a ser produzidos por uma única firma. A integração vertical pode ocorrer entre dois ou mais processos contínuos de produção, onde o produto de um processo é o insumo para o outro subsequente. Ao estágio que produz o insumo para o subsequente se denomina processo "upstream"; e àquele que emprega o insumo do processo imediatamente anterior se denomina processo "downstream". Segundo Perry (1989), uma firma pode ser descrita como verticalmente integrada se ela envolve necessariamente dois processos de produção em que (1) a produção total do processo upstream é empregada ou em parte ou totalmente como a quantidade de um insumo intermediário dentro do processo donwstream; ou quando (2) a quantidade total de um único insumo intermediário que é utilizado em um processo donwstream é obtida, em parte ou totalmente, da produção do processo upstream. A integração vertical pode ocorrer de forma parcial, e isto acontece quando parcela da produção do processo upstream é vendida para outros compradores, e parcela do insumo intermediário necessário ao processo downstream é comprada de outros fornecedores. Integração Horizontal na página 28. PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 35 A nafta petroquímica é um líquido incolor, com faixa de destilação próxima à da gasolina e é a principal matéria-prima da cadeia produtiva da petroquímica e do plástico no Brasil, seguida do gás natural. Este derivado é utilizado como matéria- prima pelas centrais petroquímicas existentes no país (Braskem (BA), Copesul (RS) e Petroquímica União (SP)), que processam obtendo como produtos principais eteno, propeno, butadieno e correntes aromáticas. A Petrobras é a única produtora de nafta petroquímica no Brasil, atendendo parcialmente à demanda nacional com produção própria e com importações. As Centrais Petroquímicas realizam importações por conta própria, para complementar suas necessidades. Alguns produtos podem ser obtidos tanto através de processos petroquímicos quanto a partir de outras matérias-primas, que não o gás natural e o petróleo, a exemplo do polietileno, cuja base é o carvão vegetal ou álcool. Além disso, muitas empresas que fabricam produtos químicos, também fabricam petroquímicos, o que dificulta a obtenção de dados separados de uma ou outra indústria e de seus produtos finais. São três os estágios, ou gerações, da atividade petroquímica (ver figuras 9a, 9b e 9c): a) Indústrias de 1ª Geração, Petroquímica Básica ou Craqueamento: são os produtos resultantes da 1ª transformação de correntes petrolíferas (nafta, gás natural, etano, etc.) por processos químicos (craqueamento a vapor, pirólise, reforma a vapor, reforma catalítica, etc.). Também podem ser definida com aquelas que utilizam como matérias-primas (nafta, gás natural e GLP etc.) e produzem os produtos ou matérias-primas básicas (olefinas e aromáticos). Os principais produtos primários são as olefinas (eteno, propeno, butadieno, etc.) e os aromáticos (benzeno, tolueno e xileno). Secundariamente, ainda são produzidos solventes e combustíveis. O setor petroquímico brasileiro encontra-se distribuído basicamente em três pólos: São Paulo; Camaçari, na Bahia; e Triunfo, no Rio Grande do Sul. Os três pólos utilizam nafta petroquímica, parte produzida pela Petrobras (cerca de 70%) e parte importada diretamente pelas próprias PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 36 centrais (cerca de 30%). No 2º semestre/2005 entrou em operação a Rio Polímeros (na verdade Pólo Gás-Químico). O Brasil tem esse novo empreendimento petroquímico centrado apenas na produção de eteno e polietilenos, em Duque de Caxias/RJ, diferenciando-se dos demais por utilizar como matéria-prima o etano e o propano contidos no gás natural extraído pela Petrobras da Bacia de Campos. Outra fonte de produtos básicos, principalmente propeno e em menor escala o eteno, é o aproveitamento de correntes gasosas das refinarias, ainda não utilizadas plenamente. b) Indústrias de 2ª GERAÇÃO, Resinas Termoplásticas, Polímeros ou Polimerização: são aquelas que utilizam, como matérias-primas, os produtos básicos e produzem intermediários, que serão matérias-primas para outras indústrias, em geral, embora já possam ter uma aplicação final, nesta fase, por exemplo, o uso do metanol como solvente, embora sua destinação mais ampla seja como matéria-prima para o formol. Também podem ser definidas como às indústrias que transformam os produtos básicos através de processos de purificação e adição de outros materiais em produtos petroquímicos finais, a exemplo do polipropileno, cloreto de polivinila, poliésteres etc., ou seja, são as produtoras de resinas termoplásticas (polietilenos e polipropilenos) e de intermediários, produtos resultantes do processamento primário, como MVC, acetato de vinila, TDI, óxido de propeno, fenol, caprolactama, acrilonitrila, óxido de eteno, estireno, ácido acrílico etc. Esses intermediários são transformados em produtos finais petroquímicos, como PVC, poliestireno, ABS, resinas termoestáveis, polímeros para fibras sintéticas, elastômeros, poliuretanas, bases para detergentes sintéticos e tintas etc. PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 37 Figura 9a Setor Petroquímico, fonte Brasken. PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO &GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 38 Na segunda geração petroquímica brasileira, o número de empresas é significativamente superior ao de centrais de matérias-primas (1ª geração), principalmente em função da falta de integração e consolidação do parque petroquímico nacional. Figura 9b Setor Petroquímico. c) Indústrias de 3ª Geração, Indústria da Transformação ou de Produtos Finais: onde os produtos resultantes da indústria de 2ª geração são quimicamente ou fisicamente modificados, dando origem a produtos de consumo. Também podem ser definidas como aquelas que constituem o setor de manufaturados, que embora estejam fora da área química, estão em linha com ela. São empresas que fornecem embalagens, peças e utensílios para os segmentos de alimentação, construção civil, elétrico, eletrônico, automotivo, entre outros. As empresas transformadoras localizam-se, em geral, próximas ao mercado consumidor. A figura abaixo mostra à indústria do petróleo e o fluxo da indústria petroquímica, no Brasil, desde a 1ª geração. PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 39 INDÚSTRIA DO PETRÓLEO INDÚSTRIA PETROQUÍMICA DIFERENTES CADEIAS PRODUTIVAS Têxtil Embalagens Auto Eletro-eletrônica C. Civil PRIMEIRA GERAÇÃO Produtos Básicos SEGUNDA GERAÇÃO Resinas Elastômeros TERCEIRA GERAÇÃO Transformadores A Estrutura da Indústria Petroquímica INDÚSTRIA QUÍMICA Figura 9c Setor Petroquímico no Brasil. Fonte: Adaptado do Sindicato das Indústrias de Resinas Sintéticas do Estado de São Paulo, 2000 e outros. Três rotas principais definem o estudo dos produtos petroquímicos, envolvendo a manipulação de olefinas compostos aromáticos e gás de síntese. O uso de olefinas merece destaque, sendo o etano, o propeno e o butadieno as matérias- primas mais relevantes. Geralmente, os altos investimentos são feitos em plantas que utilizam matérias- primas mais pesadas, as quais requerem craqueamento para obtenção dos produtos petroquímicos básicos. Assim, quando matérias-primas mais leves são empregadas, necessita-se de investimento menor. d) Indústria de 4ª Geração: aí poderiam estar classificadas as chamadas indústrias de ponta, que utilizam os manufaturados como componentes de suas montagens industriais, ou para itens bem especializados de suas atividades. E, também, as especialidades químicas. Há aqueles que começam a classificar as “gerações” petroquímicas pela própria refinaria, que seria, então, a 1ª geração. O importante é constatar que a chamada indústria petroquímica é constituída por setores (“gerações”) diferenciados, não se PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 40 tratando de um todo homogêneo, principalmente pelos tipos de matérias-primas utilizadas, as tecnologias e os mercados. Pode-se afirmar que a indústria petroquímica propriamente dita está contida nas primeira e segunda gerações, constituindo as terceira e quarta gerações os seus mercados. No que se refere ao processo, e aí se denomina, processo ou rota, a linha de transformação adotada, a grande maioria dos produtos petroquímicos é baseada em : Hidrogênio e monóxido de carbono (gás de síntese 2 ) obtidos da reforma do gás natural (craqueamento do gás natural misturado com vapor); Olefinas, geradas pela pirólise do etano (recuperado do gás natural), do GLP ou do gasóleo (obtidos da refinação do petróleo) e da nafta; Aromáticos, produzidos da reforma catalítica da nafta. A geração do gás de síntese é realizada em fornalhas especialmente projetadas para a operação de reforma da matéria-prima, fazendo parte, geralmente, da planta que irá utilizar o gás de síntese. As olefinas e os aromáticos são produzidos numa planta desenhada especialmente para esse objetivo, e que constitui uma “central de matérias- primas”. 2Gás de Síntese: é um termo geral designado para várias misturas de monóxido de carbono e hidrogênio. Essa misturas tanto podem ser usadas dessa forma, como também servirem de fonte para fornecimento de monóxido de carbono ou hidrogênio. Esta mistura de CO e H2 pode ser produzida de qualquer material contendo carbono e hidrogênio, desde metano e esterco, até carvão e resíduos de óleo cru. PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 41 Dois tipos gerais de reações são usadas na produção de gás de síntese: oxidação parcial e reforma a vapor. A reforma a vapor é o mais importante processo quando metano (gás natural) é a fonte de carbono-hidrogênio. A oxidação parcial é usada em óleo pesado e resíduos. Figura 10 Produto Petroquímico A petroquímica é uma transformadora que através de processos químicos de craqueamento onde convertem à nafta em eteno, propropileno e outros produtos nas etapas do processo, convertendo em compostos básicos da produção dos plásticos. A petroquímica tem dois processos chaves na conversão da nafta em compostos básicos do plástico que são o craqueamento e as combinações da nafta com outros derivados do petróleo, como por exemplo, a gasolina e GLP. Historicamente as Petroquímicas têm o sistema primário do craqueamento da nafta do petróleo bruto sua principal base das conversões de plásticas e dos polímeros. PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 42 Figura 11 Fluxograma da Indústria do Petróleo a Indústria Petroquímica. A matéria prima, normalmente a nafta, é a primeira a ser bombeada através da seção de pirólise (Pirólise = dissolução - É uma reação de análise ou decomposição que ocorre pela ação de altas temperaturas. Onde corre uma ruptura da estrutura molecular original de um determinado composto pela ação do calor em um ambiente com pouco ou nenhum oxigênio) do craqueamento da nafta, que é quebrada no forno tubular na presença do vapor. O processo de pirólise converte os hidrocarbonetos pesados em frações leves, principalmente eteno e propeno, removendo as moléculas de hidrogênio. O gás quente efluente do forno, após ter fluido através das sessões de trocadores de calor, onde são resfriados para retardar ainda mais as quebras das moléculas condensando as frações mais pesadas. PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 43 As frações pesadas são posteriormente transformadas em óleo combustível e subprodutos. O gás pode então ser levado às plantas aromáticas para o benzeno e o tolueno de produção. O vapor gerado na seção de aquecimento é reciclo volta para o forno para sua reutilização. Os gases de refrigeração são comprimidos e tratados para remoção de gases ácidos secos ao longo de um desumidificante são fracionadas em componentes separados em baixa temperatura por meio de uma série de processos de refrigeração. O hidrogênio e o metano são removidos através de uma compressão e expansão. O metano é removido distribuído como gás combustível para utilização em fornos, caldeiras e centrais de co-geração. O hidrogênio é coletado e posteriormente e purificados em uma unidade do balanço de pressão para uso no processo de hidrogenação. O polímero de etileno e propileno em determinados graus são separados na seção de resfriamentos. Nas plantas Petroquímicas são necessárias unidades de co-geração onde geram a eletricidade necessária para a Petroquímica e a sua refinaria de petróleo para conversão da nafta nas atividades de craqueamento. São gerados em unidades de produção vapores superaquecidosonde são canalizados PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 44 através de tubulações isoladas para serem transportados para unidades das turbinas nas usinas, que produzem eletricidade. Estes processos também geram outros produtos operados nas unidades de utilidades como, por exemplo, o excesso de vapor, água industrial, água ultra-pura, nitrogênio, oxigênio e ar comprimido. A Braskem é líder do mercado latino-americano de resinas termoplásticas desde sua formação, em agosto de 2002, quando os grupos Odebrecht e Mariani integraram seus ativos petroquímicos à Copene Petroquímica do Nordeste S.A., antiga central de matérias-primas petroquímicas do pólo de Camaçari, na Bahia, que controlavam desde 2001. Os dois grupos uniram suas empresas petroquímicas criando a Braskem, a primeira petroquímica integrada do país, isto é, que combina operações da primeira e da segunda geração da cadeia produtiva do plástico, em uma única empresa. Em 2009, a Petroquímica Triunfo (RS), também passou a integrar o conglomerado da empresa. A aquisição desta gigantesca planta industrial, localizada no interior gaúcho, que produz matéria-prima para a produção de plásticos acabou criando questionamentos (criação da CPI da Petrobras) no meio político e empresarial. Segundo a revista VEJA, A Petrobras tinha 85% do capital da Triunfo. Os outros 15% estavam na mão da família Gorentzvaig, cujo patriarca, Boris, foi um dos pioneiros da implantação do Pólo Petroquímico do Sul, no fim da década de 70. Logo após o início de seu funcionamento os sócios se desentenderam, criando desde então, uma disputa na justiça para ver quem daria as cartas na empresa. Em junho/2008, a justiça determinou que a Petrobras vendesse suas ações a família de Boris por R$250 milhões. A Petrobras aceitou só que com um aumento PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 45 do valor para R$355 milhões. A família Gorentzvaig concordou e o negócio era para ser fechado em outubro/2008, entretanto, a Petrobras desistiu do negócio por que teria que passar por uma investigação contábil, jurídica e econômica, procedimento normal ante o fechamento de grandes negócios. Curiosamente, em maio/2008, a Petrobras decidiu repassar a Triunfo a outra empresa, Braskem, da qual é sócia minoritária, por R$250 milhões, pagãos em ações. Preferiu receber R$250 milhões em ações a R$355 milhões em dinheiro por 85% da mesma empresa. A família, minoritários na petroquímica, foram obrigados a sair do negócio e a também aceitar ações da Braskem em troca de sua participação. A Petrobras alega que o negócio é lícito e contribuiu para a “consolidação da indústria petroquímica nacional”. Controlada pela Odebrecht, a Braskem já era dona do pólo petroquímico da Bahia. A família promete recorrer para derrubar tal decisão! (Edição 27/05/2009, “Muitos milhões a menos” página 63). No início de 2010, a Braskem anunciou as aquisições da brasileira Quattor e dos negócios de polipropileno da americana Sunoco Chemicals, criando a Braskem America e ampliando para 29 suas unidades industriais, sendo 26 no Brasil (em Alagoas, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul), além de três nos Estados Unidos, onde também passou a contar com mais um Centro de Tecnologia e Inovação. A primeira geração é responsável pelo ciclo de negócios ligados à produção de matérias-primas básicas como eteno, propeno e cloro, fundamentais para a segunda geração, que cuida das resinas termoplásticas. Por estar integrada na cadeia produtiva, a Braskem têm grandes vantagens competitivas, como escalas de produção e eficiência operacional. Suas resinas termoplásticas, como o polietileno, o polipropileno e o PVC, têm sua origem no petróleo. São chamadas de termoplásticas porque amolecem quando aquecidas, permitindo que sejam fundidas e moldadas Inúmeras vezes. Depois que o petróleo é extraído, passa por um processo de refino que produz uma série de subprodutos, como e gasolina, diesel, gás e nafta. A nafta é a principal matéria-prima da cadeia produtiva da petroquímica e do http://www.braskem.com.br/site/portal_braskem/pt/produtos_e_servicos/folha_dados/folha_dados.aspx http://www.braskem.com.br/site/portal_braskem/pt/produtos_e_servicos/folha_dados/folha_dados.aspx http://www.braskem.com.br/site/portal_braskem/pt/produtos_e_servicos/folha_dados/folha_dados.aspx?linha=Vinílicos&familia=Policloreto%20de%20Vinila%20-%20PVC PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 46 plástico no Brasil, seguida do gás natural. A nafta passa inicialmente por um processo chamado craqueamento, que resulta nos petroquímicos básicos. Esse ciclo de produção é conhecido como a primeira geração da cadeia petroquímica. Os petroquímicos básicos como o eteno e o propeno, por sua vez, são os insumos para a produção das resinas, a segunda geração da cadeia. As resinas são, em geral, pequenos grânulos. Mas algumas têm a forma de pó. Servem para as empresas transformadoras de plástico (terceira geração) fabricarem embalagens, brinquedos, componentes automotivos, utilidades domésticas, peças para a indústria eletroeletrônica e para a construção civil, dentre uma infinidades de outras aplicações. II A INDÚSTRIA PETROQUÍMICA – HISTÓRICO E DESAFIOS 1. Situação da Indústria no Mundo A indústria petroquímica surgiu na década de 1920, nos Estados Unidos, como resultado de pesquisas que visavam à transformação de produtos naturais. Após a Segunda Guerra Mundial, a necessidade de desenvolvimento de produtos sintéticos para substituir os importados, a exemplo da borracha, considerada estratégica, deu maior impulso a essa indústria. Inicialmente concentrou-se na produção de pneus, isolamentos e condutores elétricos; depois aumentou o uso de seus produtos e dinamizou indústrias de vários segmentos. Consolidou-se nos EUA e começou a se desenvolver na Europa e Japão, para posteriormente, chegar à América Latina, já na década de 1960. No início dos anos de 1990 houve um excesso de oferta de produtos derivados do plástico, em todo o mundo. Isto fez com que a indústria perdesse receita, e fosse obrigada a se reestruturar. De acordo com o Sindicato das Indústrias de Resinas Sintéticas do Estado de São Paulo (Siresp), as indústrias petroquímicas que exercem liderança no mercado PETROQUÍMICA – 4º Período GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM PETRÓLEO & GÁS Professor Fernando Marques – fernandomarques.qipp@gmail.com 47 mundial têm, em média, um faturamento anual em torno de US$ 10 bilhões e realizam significativos investimentos em pesquisa e desenvolvimento para acompanhar a evolução do setor. Para exemplificar o crescimento permanente, cita o caso da capacidade de produção de uma unidade de polipropileno que, em 1979, era de 88 mil t/ano, passando para 123 mil t/ano, em 1995. Essas empresas líderes fabricam produtos de maior valor agregado, especializam- se em uma área, têm forte “conteúdo tecnológico” e centros de P&D que atuam em seus países de origem, permitindo constante atualização da indústria. A tendência da indústria no mundo é de internacionalização e recomposição através de fusão, aquisição etc., na busca de um desenvolvimento tecnológico acelerado, o que acirra, ainda mais, a competição. Portanto, a necessidade das empresas de obter maior competitividade pode explicar os altos investimentos em P & D e, a busca constante de crescimento. Assim, há uma predominância de grandes empresas na indústria química mundial, com uma participação elevada da indústria petroquímica. A petroquímica brasileira é uma das maiores do mundo e está em crescimento.
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