Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Indaial – 2021 Prática Pedagógica interdisciPlinar - escola e sociedade Profa. Ana Paula Ribeiro Kobarg 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Profª. Ana Paula Ribeiro Kobarg Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: K75p Kobarg, Ana Paula Ribeiro Prática pedagógica interdisciplinar - Escola e sociedade. / Ana Paula Ribeiro Kobarg. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 170 p.; il. ISBN 978-65-5663-434-0 ISBN Digital 978-65-5663-430-2 1. Prática pedagógica. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 370 aPresentação Caro acadêmico, a interdisciplinaridade já se faz presente nas discussões educacionais há algumas décadas, principalmente no que se refere à prática docente. No entanto, ainda é um tema atual, que se faz necessário discutir, repensar e analisar buscando responder às necessidades da sociedade em geral. Hoje, vivemos a sociedade do conhecimento, em que temos muita informação, mas em contrapartida não sabemos o que fazer com ela. Esse novo contexto exige uma compreensão muito maior sobre as mais diversas questões para que possamos desenvolver uma visão amplificada do mundo a nossa volta. Quando contribuímos para a formação de pessoas para a sociedade, não se pode mais aceitar que continuemos repassando conhecimentos fragmentados, isto é, regulados em uma disciplina ou outra, como se não houvesse qualquer relação entre elas. No livro da disciplina Prática Pedagógica Interdisciplinar - Escola e Sociedade, a Unidade 1 nos traz um parâmetro sobre a importância de se desenvolver uma formação de professor com perfil de pesquisador e sua construção na busca do saber científico. Será explorado como acontece a pesquisa em educação, o percurso da área na produção do conhecimento e aspectos éticos. Com todo o processo de digitalização e disponibilização do conhecimento consolidado, não basta apenas repassar os conteúdos relativos a uma disciplina ou área, é preciso nos orientar a atuar de forma independente e criativa. A Unidade 2 trará um panorama sobre a escola e suas relações com o entorno social. Sendo assim, essas abordagens investigativas empreendidas fazem emergir uma forma de entender melhor sua realidade, buscando compreender como determinados fatores podem contribuir ou não para a melhoria da aprendizagem. Quando enxergamos cada disciplina de forma fragmentada, isto é, sem relações com outras disciplinas, acabamos produzindo aprendizagens fragmentadas, falhas, incompletas. Dessa forma, contribuímos para a construção de um ser humano alienado, que não consegue estabelecer uma percepção integrada do mundo onde vive em relação ao conhecimento apreendido na escola, como se fossem dois mundos separados. Por fim, na Unidade 3, você será conduzido a reconsiderar a prática pedagógica, analisando todos os passos que constroem uma base sólida, uma ação comprometida. A contextualização será o ponto de partida para uma nova proposta educacional. Finalmente, discutiremos sobre estratégias para se ter competência na orientação de docentes, como na atuação do psicólogo como tal, ok? Esperamos que este estudo lhe traga informações preciosas, para que no futuro você possa desempenhar com excelência seu papel como profissional. Bons estudos! Profª Ana Paula Ribeiro Kobarg Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1— A FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR E A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA ............................................................................... 1 TÓPICO 1 — O PERCURSO INVESTIGATIVO DA PESQUISA ................................................ 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 ERA DO CONHECIMENTO ............................................................................................................. 3 3 A PESQUISA CIENTÍFICA................................................................................................................ 6 3.1 TIPOS DE PESQUISA CIENTÍFICA ............................................................................................ 6 4 INVESTIGAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO PROFISSIONAL RELEVANTE. ........................................................................................................ 7 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 10 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 11 TÓPICO 2 — A PESQUISA EM EDUCAÇÃO ................................................................................ 15 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 15 2 DESAFIOS DA CONSTRUÇÃO DA PESQUISA EM EDUCAÇÃO ...................................... 16 3 O QUE É PESQUISA EM EDUCAÇÃO? ....................................................................................... 18 4 OBJETIVOS DA PESQUISA EDUCACIONAL .......................................................................... 20 5 REPLICAÇÃO..................................................................................................................................... 21 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 23 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 24 TÓPICO 3 — PONTUANDO ALGUMAS QUESTÕES METODOLÓGICAS .........................27 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 27 2 QUESTÕES METODOLÓGICAS NA PESQUISA EM EDUCAÇÃO .................................... 27 3 A RELAÇÃO TEXTO CONTEXTO: QUESTÕES METODOLÓGICAS ................................. 28 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 31 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 32 TÓPICO 4 — ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA EM EDUCAÇÃO ..................................... 35 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 35 2 ÉTICA E PESQUISA EM EDUCAÇÃO ......................................................................................... 35 3 QUESTÕES ÉTICAS NA PESQUISA SOBRE A PRÓPRIA PRÁTICA OU NO AMBIENTE DE TRABALHO ................................................................................................... 37 4 ÉTICA NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PESQUISADORES NA EDUCAÇÃO ........ 39 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 40 RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 46 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 47 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 50 UNIDADE 2 — A ESCOLA E SUAS RELAÇÕES COM O ENTORNO SOCIAL: INTEGRAÇÂO E INTERDISCIPLINARIDADE. ............................................. 53 TÓPICO 1 — A ESCOLA E SUAS RELAÇÕES COM O ENTORNO SOCIAL ........................ 55 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 55 2 QUAL É A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO ENTRE ESCOLA E COMUNIDADE? ................ 55 3 QUAIS AÇÕES PODEM FORTALECER ESSA RELAÇÃO? .................................................... 58 4 A FAMÍLA PODE SE TORNAR UMA PARCEIRA NESSA CONSTRUÇÃO DA RELAÇÃO COM A COMUNIDADE? .................................................................................... 61 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 64 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 65 TÓPICO 2 — GÊNESE E FORMAÇÃO DO CONCEITO DE INTERDISCIPLINARIDADE ................................................................................. 69 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 69 2 INICIANDO O DIÁLOGO: CONCEITO DE INTERDISCIPLINARIDADE ........................ 69 3 PRÓS E CONTRAS DO CONCEITO DE INTERDISCIPLINARIDADE............................... 73 4 A INTERDISCIPLINARIDADE É O FUTURO? .......................................................................... 75 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 79 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 80 TÓPICO 3 — INTEGRAÇÃO E INTERDISCIPLINARIDADE .................................................. 83 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 83 2 INTEGRAÇÃO: UM MOMENTO NA INTERDISCIPLINARIDADE ................................... 83 3 CONCEPÇÕES ATUAIS EM INTERDISCIPLINARIDADE .................................................... 85 4 AS DIFERENTES ÁREAS DO SABER E A INTERDISCIPLINARIDADE ............................ 87 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 91 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 98 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 99 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 101 UNIDADE 3 — RECONSIDERANDO A PRÁTICA PEDAGÓGICA ..................................... 107 TÓPICO 1 — O PLANEJAMENTO COMO BASE DA AÇÃO PEDAGÓGICA .................... 109 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 109 2 MARCOS HISTÓRICOS NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: RELAÇÃO COM O PLANEJAMENTO ESCOLAR ....................................................................................... 109 3 QUAL É A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ENTÃO? .............................................. 113 4 QUAL É A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO NO PLANEJAMENTO? ............................ 115 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 119 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 120 TÓPICO 2 — A PRÁTICA PEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR COMO APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA .................................................................... 123 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 123 2 RELAÇÃO INTERDISCIPLINARIDADE E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO ESCOLAR ...................................................................................................... 123 3 O PAPEL DO PROFESSOR NA IMPLEMENTAÇÃO DE UM ENSINO INTERDISCIPLINAR ..................................................................................................................... 125 4 COMO USAR A INTERDISCIPLINARIDADE NAS ESCOLAS? ......................................... 126 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 128 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 129 TÓPICO 3 — A CONTEXTUALIZAÇÃO: O PONTO DE PARTIDA PARA UMA NOVA PROPOSTA EDUCACIONAL ........................................................ 131 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 131 2 PRÁTICAS CONSTEXTUALIZADORAS E INTERDISCIPLINARES NA EDUCAÇÃO INFANTIL ......................................................................................................... 132 3 PRÁTICAS CONSTEXTUALIZADORAS E INTERDISCIPLINARES NO ENSINO FUNDAMENTAL .................................................................................................... 134 4 PRÁTICAS CONSTEXTUALIZADORAS E INTERDISCIPLINARES NO ENSINO MÉDIO ...................................................................................................................... 135 5 PRÁTICAS CONSTEXTUALIZADORAS E INTERDISCIPLINARES NO ENSINO SUPERIOR ...............................................................................................................137 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 140 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 141 TÓPICO 4 — ATIVIDADE PRÁTICA E PESQUISA EM INSTITUIÇÕES ESCOLARES ........... 143 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 143 2 SOBRE O MÉTODO DE PESQUISA ........................................................................................... 143 3 DIFERENÇAS ENTRE A ABORDAGEM QUALITATIVA E A QUANTITATIVA ................. 145 4 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS MAIS USADAS EM PESQUISAS NA ÁREA DE EDUCAÇÃO ........................................................................................................... 146 4.1 ANÁLISE DE CONTEÚDO ....................................................................................................... 146 4.2 ENTREVISTA .............................................................................................................................. 148 4.2.1 Entrevista estruturada ....................................................................................................... 149 4.2.2 Entrevista não estruturada ............................................................................................... 149 4.2.3 Entrevista de grupo focal .................................................................................................. 149 4.3 OBSERVAÇÃO ............................................................................................................................ 150 4.4 ESTUDO DE CASO .................................................................................................................... 150 4.5 PESQUISA-AÇÃO ...................................................................................................................... 151 4.6 PESQUISA ETNOGRÁFICA ..................................................................................................... 152 5 REGISTRO E SISTEMATIZAÇÃO DE CONHECIMENTOS COLETADOS NAS ATIVIDADES PRÁTICAS ................................................................................................... 152 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 155 RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 162 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 163 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 164 1 UNIDADE 1— A FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR E A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • ter clareza sobre a consolidação da educação científica como contribuição para a criação de um plano de ação consciente; • entender quais os pilares que regem a formação do docente pesquisador; • ter o entendimento sobre as possibilidades de ressignificação da concepção de professor pesquisador, centrada na articulação entre estágio-pesquisa; • compreender as importâncias da formação do professor pesquisador; • desenvolver um olhar acurado sobre a pesquisa em educação e suas interfaces; • abarcar os aspectos éticos em pesquisa, bem como a importância da construção de uma identidade crítica frente a produção do conhecimento em educação. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – O PERCURSO INVESTIGATIVO DA PESQUISA TÓPICO 2 – A PESQUISA EM EDUCAÇÃO TÓPICO 3 – PONTUANDO ALGUMAS QUESTÕES METODOLÓGICAS TÓPICO 4 – ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA EM EDUCAÇÃO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 O PERCURSO INVESTIGATIVO DA PESQUISA 1 INTRODUÇÃO Acadêmico, no Tópico 1, com lucidez, iremos discutir quanto a prática social passa, necessariamente, pela questão da pesquisa. É através da pesquisa que se torna possível enxergar outras perspectivas de conhecimento e analisar outros fluxos de força política, permitindo às profissões as modernizações e associações necessárias para fazerem frente às múltiplas questões de ordem social, com as quais se comprometem e que a atravessam em seu fazer. Essa reflexão pode ser verificada quando se analisa a organização de inúmeros eventos científicos na área de pesquisa, requeridos por entidades de categorias profissionais, no transcorrer das últimas décadas. A relação entre trabalho, pesquisa e ciência tem ganhado importância no discurso contemporâneo, pois chama atenção para a prática social de todo profissional, ressaltando que todos constroem suas atividades, lidando diretamente com a interpretação da realidade pelos seus interlocutores. Sendo assim, devem ter noções de procedimentos de investigação. Segundo Demo (2003, p. 7), “a aula que apenas repassa conhecimento, ou a escola que somente se define como socializadora de conhecimento, não sai do ponto de partida, e, na prática, atrapalha o aluno, porque o deixa como objeto de ensino e instrução”. Há urgência de uma educação que considere a relação entre teoria e prática, voltada para a (re)construção de conhecimentos, já que o tipo de educação centrada no mero repasse de conteúdos escolares parece não atender suficientemente às necessidades do mundo atual. 2 ERA DO CONHECIMENTO Caro acadêmico, hoje vivemos em uma era tecnológica, virtual e dinâmica, em que as informações são processadas velozmente e modificadas a cada instante em função da veiculação instantânea das novas descobertas científicas. As informações estão em toda parte, por intermédio dos meios de comunicação cada vez mais avançados. Em contrapartida, com essa evolução, surgem problemas cada vez mais complexos que, a todo instante, propõem UNIDADE 1— A FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR E A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA 4 novos desafios envolvendo a própria sobrevivência da humanidade no planeta, tais como: questões ambientais, econômicas e éticas; os conflitos territoriais, étnicos, de ordem social, política e religiosa; aumento da violência e problemas de convivência, dentre outros, impondo às pessoas a capacidade para buscar e criar soluções, além de autonomia e novas posturas, o que há algumas décadas, não eram tão exigidas. É comum falar em pesquisa relacionando-a apenas como coleta de dados, entretanto, a pesquisa científica pode ser apreendida como forma de observar, verificar e elucidar fatos dos quais necessitamos para ampliar nossa compreensão a respeito deles. A pesquisa supõe: • curiosidade: “desejo intenso de ver, ouvir, conhecer, experimentar algo novo, original, desconhecido”; • criatividade: “inventividade, inteligência e talento, natos ou adquiridos, para criar, inventar, inovar, quer no campo artístico, quer no científico, esportivo etc.”; • interrogação: “ato de interrogar(-se)”; • superação da aparência: mais essência, menos aparência; • opção teórica: “A teoria de opções é a melhor abordagem para avaliar projetos que possuem opções operacionais e estratégicas significativas” (MINARD, 2000). Entre outras coisas. Entretanto, a informação torna-se inútil sem o conhecimento do ser humano para aplicá-la produtivamente. “Um livro que não é lido não tem valor para ninguém” (CRAWFORD, 1994, p. 21). Crawford (1994), portanto, entende que: • O diferencial está no ser humano, no processamento que este faz das informações recebidas, tornando-as úteis, significativas,aplicáveis de maneira produtiva. • Hoje vivemos como? Computadores ligados à internet, celulares, televisão etc. • É muito mais informação do que pode ser efetivamente processado. • O acesso à informação não garante necessariamente o conhecimento, o aprendiz precisa atribuir significado à informação de modo que esta passe a ter sentido para ele. TÓPICO 1 — O PERCURSO INVESTIGATIVO DA PESQUISA 5 FIGURA 1 – ERA DO CONHECIMENTO FONTE: <http://shutr.bz/2NnaFHj>. Acesso em: 28 ago. 2020. Ou FIGURA 2 – ERA DO CONHECIMENTO FONTE: <https://bit.ly/2Nu1kxF.> Acesso em: 25 ago. 2020. As constantes mudanças tornam o mundo mais dinâmico, lembrando as linhas entrelaçadas como em uma teia. A linearidade perde seu valor, precisamos de uma lógica de diálogo, que traz dentro de si a dedução e a indução (STANKIEVICZ, 2015; ANJOS, 2010). UNIDADE 1— A FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR E A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA 6 Hoje precisamos aprender a diferenciar as características e tendências emergentes, as que são mais duradouras das que são transitórias, ou seja, conseguir perceber a diferença entre o “modo” da “moda”. O conhecimento não é estático, não é o produto acabado que é dado e que tem que ser assimilado, aprendido e reproduzido. O conhecimento é dinâmico e requer uma postura aberta, criativa, de busca constante, crítica, reflexiva. 3 A PESQUISA CIENTÍFICA A pesquisa científica é realizada com o objetivo de contribuir para a ciência pela coleta, interpretação e avaliação sistemática de dados e que, também de forma planejada, é chamada de pesquisa científica: pesquisador é aquele que realiza essa pesquisa. Os resultados obtidos em um pequeno grupo por meio de estudos científicos são socializados, e novas informações são reveladas a respeito do diagnóstico, tratamento e confiabilidade dos aplicativos. Antes de iniciar a pesquisa científica, o pesquisador deve definir o assunto, fazer o planejamento e especificar a metodologia. 3.1 TIPOS DE PESQUISA CIENTÍFICA Pesquisa é uma busca lógica e sistemática por informações novas e úteis sobre um determinado tópico. A pesquisa é importante em campos científicos e não científicos. Em nossa vida, novos problemas, eventos, fenômenos e processos ocorrem todos os dias. Na prática, soluções implementáveis e sugestões são necessárias para lidar com novos problemas que surgem. Os cientistas devem realizar pesquisas sobre eles e encontrar suas causas, soluções, explicações e aplicações. A pesquisa é amplamente classificada em duas classes principais: 1. Pesquisa fundamental ou básica e 2. Pesquisa aplicada. As pesquisas básicas e aplicadas são geralmente de dois tipos: pesquisa normal e pesquisa revolucionária. Em qualquer campo particular, a pesquisa normal é realizada de acordo com um conjunto de regras, conceitos e procedimentos chamados de paradigma, que é bem aceito pelos cientistas que trabalham nesse campo. Além disso, as pesquisas básicas e aplicadas podem ser quantitativas ou qualitativas ou mesmo ambas (pesquisa mista) (GIL, 2015). As perguntas, métodos de resposta às perguntas e dificuldades na pes- quisa científica podem variar, mas o desenho e a estrutura são geralmente os mesmos. TÓPICO 1 — O PERCURSO INVESTIGATIVO DA PESQUISA 7 4 INVESTIGAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO PROFISSIONAL RELEVANTE No caso da educação brasileira, reforça-se o argumento sobre entender as especificidades da atual transição e os novos espaços, na perspectiva de um projeto de desenvolvimento nacional capaz de articular e mobilizar esforços, bem como superar problemas estruturais, sobretudo as desigualdades sociais e regionais que representam importantes obstáculos para o seu desenvolvimento. Os efeitos da globalização da economia, as alterações na esfera política, os novos desafios sociais e o intuito de aprofundar a extensão da cidadania entre os campos sociais ainda abandonados, fazem urgir a necessidade da produção de conhecimentos científicos, em níveis que se valorizem a democracia e os direitos. FIGURA 3 – CHARGE SOBRE TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO FONTE: <https://intertvweb.com.br/educacao-tecnologica/educacao-e-uso-de-midia-em-sala- de-aula/>. Acesso em: 28 ago. 2020. UNIDADE 1— A FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR E A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA 8 Dessa forma, a escola que temos nos dias de hoje, tem uma realidade pedagógica construída e experienciada por alunos e professores, em que a inovação se remete, na maioria das vezes, a uma retórica normalista, a manipulação nominal de conceitos antigos sem qualquer influência no cotidiano praxiológico. A complexidade da configuração social, tal como a complexidade da realidade escolar, como um ambiente organizacional, requer outros modos de pensar e produzir o conhecimento. Quando nós tomamos conhecimento dessa necessidade, acabamos por assumir uma postura de profissional reflexivo e crítico. Ser um professor crítico e reflexivo é fundamentar suas práticas nas teorias e nos valores antes, durante e depois da nossa ação. É interrogar, interpretar, ressignificar, se autoconstruindo eternamente (FORMOSINHO, 2007). Uma das posturas que devemos assumir é exatamente pesquisa-ação, pois ela tem um papel muito relevante na formação do profissional docente reflexivo. Se olharmos a história do ensino dentro das universidades desenvolveram uma epistemologia institucional que valorizou durante muito tempo um modo específico de erudição: restrito ao ambiente da elite acadêmica. Se olharmos o século passado, podemos ver que as universidades foram se abrindo gradualmente, valorizando as práticas na formação profissional e fator central na epistemologia da prática. PRAXIOLÓGICO: Relativo à praxiologia¸ estudo da conduta humana que tem como objetivo entender as causas e as consequências das ações do indivíduo, de forma a poder [...] FONTE: <https://www.dicio.com.br/praxiologico/>. Acesso em: 18 dez. 2020. NOTA Como a pesquisa científica transformou a educação ao longo do tempo? Leia sobre como a pesquisa pode transformar a educação. Confira lá essa reportagem! Na íntegra em: https://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2019/11/como-a-pesquisa- cientifica-transformou-a-educacao-ao-longo-do-tempo.shtml. IMPORTANT E TÓPICO 1 — O PERCURSO INVESTIGATIVO DA PESQUISA 9 A formação de qualquer pessoa no ambiente escolar é de ordem prática/ teórica, pois o conhecimento profissional prático é de natureza evolutiva, o que se traduz em estar aberto a se reestruturar sempre. Mudar o conhecimento que embasa a práxis do professor não é mera questão de mudar a prática de cada profissional ou de alinhar a teoria, pois requer ampla reflexão cultural, social e uma análise das mudanças nos contextos profissionais, nas relações pessoais, nas relações de poder que residem nesse contexto. É ainda muito escassa a investigação dessa relação na formação do professor, parece que estudos discutem essas questões isoladamente, sem contextualizar as diferentes realidades que permeiam a formação do professor. 1. A FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO DA EDUCAÇÃO BÁSI- CA NO BRASIL: BREVES CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS A formação de profissionais para o magistério da Educação Básica no Brasil historicamen- te tem sido marcada por disputas de concepções sobre o lócus, o que ensinar, tempo de integralização curricular, relação entre bacharelado e licenciatura, dicotomia teoria e prática, entre outras questões de grande relevância. Na última década, a formação desses profissionais tem sido objeto de investigações, políticas públicas e de novos marcos legais, diretrizes e bases para as políticas, programas e ações que orientam, nacionalmente, a formação inicial desses profissionais de Educação. O Conselho Nacional de Educação vem se debruçando sobre a matéria nos últimos anos e constituiu uma Comissão Bicame- ral envolvendo conselheiros das Câmaras de Educação Básica e Superior. Um marco de fundamental importância, nesse cenário, foi a aprovação do Plano Nacional de Educação(PNE 2014-2024) que trouxe no bojo de suas vinte metas, quatro delas direcionadas à profissionalização, incluindo nesse conceito a formação de profissionais do magistério. A Comissão Bicameral, após ampla discussão em reuniões, diversas atividades, audiências públicas no CNE, no Congresso Nacional e no Senado Federal apresentou Parecer e Reso- lução que foram aprovados, por unanimidade, pelo Conselho Nacional de Educação, em 09 de junho de 2014, e após homologação do Ministério da Educação resultaram no Pa- recer CNE/CP nº 2/2015 e Resolução CNE/CP nº 2/2015, que definem as novas diretrizes para a formação inicial e continuada dos profissionais do magistério da Educação Básica. Sem descurar dos embates no campo, envolvendo diferentes concepções, carência de políticas mais orgânicas para o setor, os dispositivos mencionados destacam a centralida- de conferida à base comum nacional como referência para a valorização dos profissionais da Educação bem como a concepção de valorização envolvendo, de modo articulado, questões e políticas atinentes à formação inicial e continuada, à carreira, aos salários e às condições de trabalho. Nesse contexto, as novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) enfatizam e requerem das instituições de educação superior projetos próprios de formação, por meio da ne- cessária articulação entre Educação Básica e Superior, a serem traduzidos, de maneira articulada, no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), no Projeto Pedagógico Insti- tucional (PPI) e nos Projetos Pedagógicos de Curso (PPC) definindo, com base nas DCN, a concepção formativa e indutora de desenvolvimento institucional. FONTE: DOURADO, L.F. Formação de profissionais do magistério da educação básica: novas diretrizes e perspectivas. Comunicação & Educação: Revista do Departamento de Comunicação e Artes do ECA/USP; Ano XXI: n.1, jan./jun. 2016. INTERESSA NTE 10 Neste tópico, você aprendeu que: • Estamos evoluindo da sociedade de informação para uma sociedade do conhecimento. Quando você diferencia informação de conhecimento é muito importante ressaltar que informação pode ser encontrada numa variedade de objetos inanimados, desde um livro até um disquete de computador, enquanto o conhecimento só é encontrado nos seres humanos. • Os desafios da pesquisa em educação trazem a necessidade de que os conhecimentos sejam interpretados, com subsídios realmente ressaltantes. Precisamos, por isso, nos preocupar com alguns aspectos básicos relativos à validade de nossos trabalhos de pesquisa, aludir à coerência do campo investigativo em educação. • É de grande importância o argumento sobre entender as especificidades da atual transição e os novos espaços, na perspectiva de um projeto de desenvolvimento nacional capaz de articular e mobilizar esforços, buscando resgatar a pesquisa em educação, e a valorização da pesquisa-ação, em que a teoria e a prática se retroalimentam. RESUMO DO TÓPICO 1 11 1 As pessoas mudam de mentalidade, a sociedade adquire novos costumes, o que era comum há uma década, hoje pode parecer ultrapassado. No entanto, nem sempre as mudanças acontecem de forma correta, modismos podem tornar a sala de aula um lugar pior do que era. Sobre o exposto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) O professor que apenas repassa conhecimento, ou a escola que somente se define como socializadora de conhecimento, não contribui com a democratização do saber. ( ) Há urgência de uma educação que considere a relação entre teoria e prática, voltada para a (re)construção de conhecimentos. ( ) A evolução tecnológica, surge com problemas cada vez mais complexos que, a todo instante, propõem novos desafios no contexto escolar. ( ) A escola não precisa atender suficientemente às necessidades do mundo atual, já que é um espaço a parte. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F – V. b) ( ) V – V – V – F. c) ( ) F – V – F – V. d) ( ) F – V – V – F. e) ( ) V – V – V – V. 2 A educação é chave valiosa para o futuro, porém, infelizmente, acaba ficando no meio de um cabo de guerra entre governos e sindicatos. As decisões devem ser baseadas em amplo consenso político. Não nos referimos a acordos pré-eleitorais vagos e imprecisos sobre esta ou aquela política, mas sim a um compromisso que garanta a implementação futura de uma metodologia de tomada de decisão, com a consequente construção institucional, que efetivamente incorpore as principais forças políticas para o processo de tomada de decisão. Observe as afirmações que seguem, e assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A pesquisa supõe curiosidade, criatividade apenas. Outras habilidades são desenvolvidas posteriormente. b) ( ) A curiosidade dentro do ambiente escolar é diferente do desejo intenso de ver, ouvir, conhecer, experimentar algo novo, original, desconhecido. Ela está mais vinculada à reprodução do que foi aprendido e sua utilização na vida cotidiana. c) ( ) As teorias educacionais são a melhor opção para avaliar projetos que possuem ações operacionais e estratégicas significativas. AUTOATIVIDADE 12 d) ( ) A informação torna-se útil com ou sem o conhecimento do ser humano para aplicá-la produtivamente. e) ( ) O diferencial está em como a escola ensina o processamento do mundo em que vivemos, pois cabe apenas a esse contexto garantir a aprendizagem ao aprendiz. 3 “Está entre as nossas missões fomentar pesquisas científicas que impactem na sala de aula. O mundo está apenas despertando para esse caminho: é o momento estratégico de o Brasil entrar para a corrida” (GUIMARÃES, FOGUEL, 2019). A partir dessa afirmação, assinale a alternativa INCORRETA: a) ( ) O Brasil é referência no mundo na produção do conhecimento sobre educação e políticas públicas. b) ( ) Aponta-se que o Brasil ocupa a 13ª posição no mundo – quando em termos de produção de artigos e revisões de pesquisa. c) ( ) Em 2018 foram publicados mais de 50 mil artigos com autoria de pesquisadores brasileiros. Este indicador apresenta um crescimento de 30% quando comparado aos anos anteriores, além de ser o dobro da média global. d) ( ) É por meio das pesquisas realizadas em instituições de ensino que se contribui, direta e indiretamente, para o avanço tecnológico e social. e) ( ) Para ilustrar essa importância, de 2013 a 2019 foram criados 18 novos programas de pós-graduação distribuídos entre especializações, mestrados e doutorados, promovendo maior diversidade de conhecimento e, consequentemente, maior e mais frequente produção científica ligada à universidade, seus grupos e projetos de pesquisa. FONTE: GUIMARÃES, M.Z., FOGUEL, D. Como a pesquisa científica transformou a educação ao longo do tempo? Folha de São Paulo: São Paulo. 17 nov. 2019. Disponível em: http://bit. ly/3966hot. Acesso em: 21 dez. 2020. 4 “Espera-se que a educação no Brasil resolva, sozinha, os problemas sociais do país. No entanto, é preciso primeiro melhorar a formação dos docentes, visto que o desenvolvimento dos professores implica o desenvolvimento dos alunos e da escola. Mudanças profundas só acontecerão quando a formação dos professores deixar de ser um processo de atualização, feita de cima para baixo, e se converter em um verdadeiro processo de aprendizagem, como um ganho individual e coletivo, e não como uma agressão” (BRUINI, 2020). Disserte sobre o trecho desta reportagem pontuando suas considerações a respeito e relacionando com suas aprendizagens na Unidade 1. FONTE: BRUINI, E.C. Educação no Brasil. 2020. Disponível em: https://brasilescola.uol.com. br/educacao/educacao-no-brasil.htm. Acesso em: 24 out. 2020. 13 FONTE: <https://blogs.correiobraziliense.com.br/aricunha/profissao-professor/>. Acesso em: 18 jan. 2021. 5 Em um país onde você se depara com escolas em precaríssimas condições materiais e humanas de funcionamento, algumas não possuindo, sequer, carteiras, tetos, banheiros ou mesmo professoresqualificados para a função. A urgência que a educação requer nesse país é óbvia, aproveitando estudos nesse sentido já realizados pelos pesquisadores da área. A partir da charge a seguir e do que discutimos neste tópico, disserte sobre o tema. https://blogs.correiobraziliense.com.br/aricunha/profissao-professor/ 14 15 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 A PESQUISA EM EDUCAÇÃO 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, você, acadêmico, verá que é por meio da pesquisa científica sistemática que nos despojamos de nossas noções e superstições pré-concebidas e ganhamos uma compreensão objetiva de nós mesmos e de nosso mundo. O objetivo de todos os cientistas é compreender melhor o mundo ao seu redor. Na universidade, a pesquisa científica permite que os alunos aprofundem seus conhecimentos. Infelizmente, muitos professores não são instigados a desenvolver curiosidade suficiente para o exercício profissional. A pesquisa científica é, antes de tudo, uma ação realizada para produzir e desenvolver o conhecimento científico (GIL, 2015). O professor precisa priorizar um trabalho racional, organizado e disciplinado, para estudar e compreender, elevando o nível do pensamento, aprofundado pela reflexão e crítica, explorando o raciocínio, a intuição e a experiência. Assim, abordagens têm sido criadas, renovando antigas abordagens e metodologias, e fazendo inovações. A pesquisa tem como função primordial a formulação de novas questões e a produção de novos conhecimentos; ajuda a criar o futuro ou a marcar o progresso de todas as áreas do conhecimento, bem como a disseminar e compartilhar esses avanços com a sociedade. É uma forma de treinar as pessoas para descobrir o mundo e compreender, e uma fonte de inovações tecnológicas e sociais. Medos e incertezas espelham, entre um vértice e outro, a intrínseca relação entre o sujeito que conhece e o fenômeno que procura compreender, investigar (NASCIMENTO, 2009). ATENCAO 16 UNIDADE 1— A FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR E A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA 2 DESAFIOS DA CONSTRUÇÃO DA PESQUISA EM EDUCAÇÃO Pamplona (2019) discorre sobre o que é pesquisar: é o desenvolver de uma atividade – como uma metodologia, em que o cuidado maior é com o resultado – que recebe a marca dos condicionantes sociais vigentes, com fins propostos e objetivos a alcançar. Caracteriza-se por um estudo de questões ou focos de interesses muito amplo; manifesto em procedimentos, interações cotidianas, que no decorrer do processo, à medida que o estudo se desenvolve, torna-se mais direto e específico. Ou seja, trata-se de um estudo determinado por um problema. Várias são as razões para determinar uma pesquisa, podendo dividi-las em dois grandes grupos: as de cunho intelectual e a prática. Pesquisar é a eterna busca de respostas, em que somos motivados a descobrir novas informações ou relações, permitindo ampliar e validar o conhecimento existente. É solicitada quando não se tem informação suficiente para responder o problema ou quando a informação disponível está desorganizada, que não pode ser relacionada à questão. A pesquisa é importante por fornecer respostas coerentes à solução dos problemas. (CAMBRAIA; PEDROZO, 2017). Empreender na pesquisa é buscar uma ação que conduza ao conhecimento. O nome de pesquisa, termo que é empregado para designar, também, o resultado do processo, isto é, a investigação pronta e verbalmente comunicada. Fazer pesquisa é, portanto, fazer ciência, ou, em outras palavras, dispor-se a conhecer cientificamente, com investigações mais profundas, alguma coisa e efetivar tal intenção. Possui dois princípios gerais, válidos na investigação científica, que podem ser assim sintetizados: a relação entre subjetividade e objetividade e sistematização de informações fragmentadas. Indica, ainda, princípios particulares, aqueles que são válidos para a pesquisa, em determinado campo do conhecimento, e os que dependem da natureza especial do objeto da ciência em pauta (CASSAB, 2007). Sendo assim, você deve considerar a pesquisa como um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que solicita um procedimento científico, e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para se descobrir verdades. Gatti (2012) descreve que o grande objetivo de pesquisarmos é para responder aos problemas emergentes ao conhecimento humano, abarcando e situando e após identificar, buscar a formulação de hipóteses com o objetivo de solucionar problemas atuais e os que ainda estão por vir. Quando a pesquisa antecipa o problema, minimiza todo os obstáculos que o mesmo pode trazer. Gatti (2017) aponta que as políticas de fomento que estimulam e apoiam pesquisas devem ter constância e continuidade, e possuir pesquisadores focados em temas por períodos longos, individualizando uma particularidade em sua contribuição ao conhecimento científico. TÓPICO 2 — A PESQUISA EM EDUCAÇÃO 17 Você já ouviu falar em construção metodológica da pesquisa em educação? Se não, preste atenção, pois quando falamos de pesquisa em educação é necessário nos perguntarmos sobre os conceitos utilizados na diferenciação do campo, peculiaridades que podem esclarecer significados e auxiliar na autoafirmação, questionando sobre identidade e formas de investigação. Abre-se a questão sobre se há compreensão de especialistas de outros campos, se conseguem articular as contribuições que oferecemos com nossos estudos com as práticas. Impõe- se a necessidade de que sejamos compreendidos, que os conhecimentos sejam interpretados, com subsídios realmente relevantes. Precisamos, por isso, nos preocupar com alguns aspectos básicos relativos à validade de nossos trabalhos de pesquisa, aludir à coerência do campo investigativo em educação. Há perguntas que precisam ser consideradas: De onde partimos? Com quais referências? Para quem queremos falar? Por quê? Que tipos de informações nos apoiam? De onde provêm? Como cuidamos de nossa linguagem e comunicação? Um exemplo típico são os inúmeros termos que usamos para dizer a mesma coisa, na vinculação de posturas rápidas. Temos aderências a um “modismo” nas falas e pouca preocupação com os reais significados dentro de um contexto teórico coeso. No Brasil, temos o hábito de usar em larga escala e com amplos significados a palavra educação (GATTI, 2017). Isso acaba confundindo o professor, que vê a prática docente sendo mudada, reformada, controlada, influenciada por inúmeras influências, reformas, movimentos, que muitas vezes não levam a lugar nenhum. Você já leu o livro de Rubem Alves: "Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação"? Veja esse trecho do livro sobre a Parábola do Jardineiro: O JARDIM OU O JARDINEIRO? RUBEM ALVES Todo jardim começa com uma história de amor, antes que qualquer árvore seja plantada ou um lago construído é preciso que eles tenham nascido dentro da alma. Quem não planta jardim por dentro, não planta jardins por fora e nem passeia por eles". “O que é que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? É o jardineiro. Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá. Mas, havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa cujo pensamento está cheio de jardins. O que faz um jardim são os pensamentos do jardineiro. O que faz um povo são os pensamentos daqueles que o compõem. FONTE: <http://bit.ly/3p7yfpK>. Acesso em: 18 dez. 2020. DICAS 18 UNIDADE 1— A FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR E A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA Esse texto do livro de Rubens Alves, “Parábola do jardineiro” nos faz pensar sobre a Educação como política social, idealizando que o “jardim” seja a educação de qualidade como produto do ensino, direito de todo ser humano. Essa política só se constrói quando existem sujeitos sociais compelidos na busca de melhores condições de ensino. Essas questões estabeleceram e continuam estabelecendo novas competências e habilidades de todos que contribuem para o processo educacional. Silva(2014) afirma que aos educadores é requerido que conheçam o campo de trabalho, o educacional, para que possam atender ao multiculturalismo, às diferenças sociais e culturais, aos diferentes pontos de partida de nossas crianças e jovens. Dessa forma, valorizando a pesquisa, poderemos ajudá-los a atingir pontos de chegada socialmente aceitos e aspirados. Podemos, como educadores, ser o “jardineiro” apresentado por Rubem Alves, pois com essa atitude de “jardineiro”, o “jardim” certamente aparecerá, ou não, dependendo do seu tempo. Considerando que “não há neutralidade quando tratamos de educação” e que “Educação é sempre um ato político”, como afirmou Freire (1996), é preciso que saibamos como travar essa caminhada, e para isso faz-se necessário que conheçamos os caminhos possíveis dentro de nós. 3 O QUE É PESQUISA EM EDUCAÇÃO? Caro acadêmico, já falamos sobre a importância da pesquisa para o contexto educacional, agora focaremos em descrever as interfaces da pesquisa em educação. A pesquisa é uma investigação aprofundada de um problema que precisa de uma solução. Cada invenção no mundo acontece como resultado de uma investigação científica. Veja o exemplo de Isaac Newton: quando a maçã caiu em sua cabeça, ele começou a perguntar por quê? Ele buscou a verdade, a razão ou a descoberta de novos conhecimentos. Ele aplicou o bom senso em sua investigação. A busca Diante da apresentação do texto anterior: • Como você se posiciona diante dessa parábola? • De que forma pretende ser o “jardineiro” que possibilite ao “jardim” ter mais qualidade social na educação brasileira? ATENCAO TÓPICO 2 — A PESQUISA EM EDUCAÇÃO 19 contínua resultou na solução de seu problema. Finalmente, ele construiu uma teoria denominada teoria da força de gravitação com corpo de conhecimento empiricamente comprovado. Portanto, a pesquisa pode ser denominada como a busca pela verdade, ou descoberta de coisas novas, ou constrói um corpo de conhecimento sobre um fenômeno. Numa época de crises locais e globais, marcadas por desigualdades, atitudes de indiferenças e intolerância e por diversas formas de violência e autoritarismo, que atingem todas as dimensões das ações humanas – econômicas, políticas, sociais, ambientais etc. – são notáveis a fragilidade e os desafios que se interpõem às práticas educativas em todas as suas extensões: da produção de conhecimentos às ações educacionais. É crescente a demanda por perspectivas mais inclusivas, democráticas e emancipatórias nas práticas educativas para dar conta da diversidade cultural e das temáticas e das questões polêmicas e controversas das sociedades atuais, cada vez mais presentes nos diferentes espaços educativos – formais, informais e não formais –, e que são acompanhadas por novas concepções, estratégias e métodos, tanto para o ensino como para a pesquisa. À medida que novas práticas e relações sociais se alargam, diversificam e se tornam mais complexas no contexto educacional, elas acabam gerando questionamentos sobre os referenciais e os instrumentos teórico-metodológicos, bem como sobre os parâmetros adotados para orientar e avaliar a qualidade da pesquisa na Educação. Assim, modalidades de investigação que estimulem o diálogo entre especialistas de diversas áreas do conhecimento, que apresentem diferentes experiências e graus de inserção na prática profissional, são potencialmente mais abrangentes e inclusivas (MARQUES; FREITAS, 2018, p. 410). A educação é considerada uma ferramenta vital para o desenvolvimento social e nacional. Tem papel significativo na avaliação do desenvolvimento humano de um país. Quando avaliamos o desenvolvimento de uma pessoa, sociedade, comunidade ou nação, os atributos educacionais, como habilitações literárias, número de pessoas educadas na sociedade ou comunidade, número de instituições de ensino no estado ou país (elementar, secundário, superior, setor educacional profissional) no que diz respeito a sua população, taxa de matrícula, retenção, qualidade da educação oferecida, equidade e igualdade de oportunidades educacionais assim por diante, são considerados os critérios principais para consideração. Logo, todas as nações do mundo têm dado ênfase ao setor educacional de desenvolvimento de seu país. Muitos programas e projetos inovadores estão sendo preparados pelos formuladores de políticas, bem como pelos órgãos acadêmicos em todo o mundo, para melhorar sua quantidade e qualidade educacional. 20 UNIDADE 1— A FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR E A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA Uma superdica, assista ao documentário “NUNCA ME SONHARAM”. Ele nos remete a pensar sobre como enxergamos a educação em nosso país e como ainda é privilégio de poucos. Faz uma reflexão sobre o valor da educação e mostra as expectativas, angústias e os sonhos dos jovens que estão no Ensino Médio nas escolas públicas do país, ao mesmo tempo em que aponta os desafios desta etapa do ensino para os gestores e educadores. Será que há pesquisas fomentando conhecimento para a solução desses problemas? Fica a pergunta! Acesse na íntegra em: https://www.youtube.com/watch?v=aE2gOo9rW1w. DICAS As pesquisas educacionais são o principal insumo, bem como o produto, para trazer essa mudança no setor educacional. Os resultados de pesquisas identificam as deficiências, pontos fortes e fracos do setor educacional do país e recomendam a implementação de algum programa para o desenvolvimento de seu setor educacional. A pesquisa educacional também ajuda a avaliar a eficácia, bem como o impacto de programas e projetos específicos que foram realizados por quaisquer agências governamentais ou não governamentais. Consequentemente, a amplitude e a largura da pesquisa educacional são ilimitadas. Tem o escopo de realizar pesquisas em qualquer área da educação que tenha a chance de contribuir com conhecimentos para o desenvolvimento da educação de uma sociedade, comunidade e nação. A pesquisa educacional também ajuda a avaliar a eficácia, bem como o impacto de programas e projetos específicos que foram realizados por quaisquer agências governamentais ou não governamentais. Consequentemente, a amplitude e a largura da pesquisa educacional são ilimitadas. 4 OBJETIVOS DA PESQUISA EDUCACIONAL A pesquisa educacional tem propósitos enormes, o principal é aumentar o conhecimento e a reflexão teórica para um aprimoramento da sua práxis. Alguns objetivos importantes são apresentados a seguir: • Para identificar a verdade sobre matrícula, retenção, evasão, qualidade da educação e assim adiante. • Para construir novos conhecimentos sobre a metodologia, pedagogia ou outras áreas principais do assunto. • Somar conhecimento relacionado ao campo educacional. • Para resolver um problema relacionado à sala de aula, instituição, nível administrativo, nível de política. • Para criar métodos de ensino, estratégias de transação de currículo, agrupamento eficaz técnica e assim por diante. TÓPICO 2 — A PESQUISA EM EDUCAÇÃO 21 • Para avaliar o(s) problema(s) exato(s) do setor educacional. • Avaliar o efeito da nova metodologia de ensino. • Identificar e avaliar a sala de aula e o ensino habilitados para TIC (Tecnologia da Informação e Conhecimento). • Para compreender o conhecimento dos professores sobre as técnicas de avaliação mais recentes. • Identificar os entraves para a universalização da educação. Sendo assim, ao analisar as discussões de eminentes educadores e cientistas sociais, podemos traçar as seguintes características de uma boa pesquisa: • A pesquisa é direcionada para a solução de um problema. • A pesquisa é uma investigação contínua em busca de conhecimento. • A pesquisa enfatiza o desenvolvimento de generalização, princípios, teorias. • A pesquisa é baseada em experiências observáveis e evidências empíricas. • A pesquisa rejeita revelação e dogmas como métodos de estabelecer conhecimento. • A pesquisa emprega uma revisão profunda da literatura relacionada. • A pesquisa depende de um procedimentode coleta de dados válido e confiável. • A pesquisa exige observações e descrições precisas. • A pesquisa aplica procedimentos sistemáticos e científicos para o estudo. • A pesquisa envolve a coleta de novos dados de fontes de primeira mão (primárias) ou existentes dados (fontes secundárias) para novos propósitos. • A pesquisa é baseada em um procedimento cuidadosamente projetado com análise rigorosa. • A pesquisa requer experiência. • A pesquisa é um processo objetivo e lógico e elimina o preconceito pessoal. • A pesquisa envolve a busca por respostas para problemas não resolvidos. • A pesquisa tem a possibilidade de replicação. • A pesquisa é caracterizada pela atividade paciente e sem pressa. • A pesquisa é cuidadosamente registrada e relatada. • A pesquisa às vezes exige coragem. • A Pesquisa quantitativa envolve o teste de hipóteses usando técnicas estatísticas adequadas. • A Pesquisa qualitativa envolve descrição objetiva densa em dados finos. 5 REPLICAÇÃO A pesquisa é considerada um processo de busca de novos conhecimentos. No entanto, poderá haver a necessidade administrativa ou acadêmica em repetir deliberadamente o estudo anterior usando o mesmo procedimento com outra amostra, em um novo ambiente e em outro momento. Este processo é denominado replicação. É a fusão de palavras de repetição e duplicação. 22 UNIDADE 1— A FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR E A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA A replicação é usada para conformar a validade da conclusão tirada pelos estudos anteriores que estão sendo questionados por diferentes âmbitos, como acadêmico e político. Além disso, a replicação também é necessária para entender a tendência, o progresso, o desenvolvimento entre as gerações em uma área particular. Por exemplo, um pesquisador pode replicar o estudo realizado por outro pesquisador sobre o problema da conscientização e uso das TIC entre os professores do ensino médio, com professores de educação de Jovens de Adultos (EJA) (BORDIGNON; LINHARES; MORAES, 2019). A pesquisa educacional é o campo de estudo científico que examina os processos de educação e aprendizagem e os atributos humanos, interações, organizações e instituições que moldam os resultados educacionais. Procura descrever, compreender e explicar como a aprendizagem ocorre ao longo da vida de uma pessoa e como os contextos formais e informais de educação afetam todas as formas de aprendizagem. A pesquisa educacional abrange todo o espectro de métodos rigorosos apropriados às perguntas feitas e também impulsiona o desenvolvimento de novas ferramentas e métodos (OLIVEIRA, 2016). O desenvolvimento de parcerias entre pesquisadores e agências de educação para promover a relevância da pesquisa em educação e a acessibilidade e usabilidade das descobertas para o trabalho diário de profissionais da educação e formuladores de políticas é o objetivo geral da pesquisa em educação. Pesquisadores em educação elucidam algumas das dificuldades de se tornar um pesquisador e/ou formador de professores, incluindo as nuances do que significa pesquisar nos contextos de rigidez epistêmica e reestruturação neoliberal. É claro que esses contextos se tornam diferentes dependendo de como professores, alunos e pesquisadores são constituídos dentro deles, vivendo lutas semelhantes em termos do que significa desejar “fazer o bem ao mundo”, ao mesmo tempo que enfrentam desafios institucionais, culturais, pessoais e políticos sutis e não tão sutis (MONFREDINI, 2013). A revisão da literatura é uma etapa crítica no processo de pesquisa. As revisões são um meio privilegiado para pensar a educação, ajudando a descobrir como o pensamento educacional foi forjado ao longo do tempo e sugerindo como ele pode contribuir para orientar e moldar o futuro das abordagens, teorias, políticas e práticas educacionais. O pensamento educacional tem como objetivo contribuir para fornecer percepções abrangentes e estruturadas como ponto de partida ao abordar uma pesquisa. 23 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • A pesquisa é um inquérito ou exame cuidadoso para descobrir novas informações ou relações, possibilitando ampliar e verificar o conhecimento existente. • A ação de se propor um projeto de conhecimento e empreender as atividades que conduzam a esse conhecimento é que recebe, comumente, o nome de pesquisa, termo que é empregado para designar, também, o resultado do processo. • Fazer pesquisa é realizar uma atividade sistemática, científica e objetiva, que inclui a coleta de informações relevantes e a análise cuidadosa dos dados, registro e relato de conclusões válidas, que pode levar à criação de novos conhecimentos, desenvolvimento de teoria, princípios e generalização. • As pesquisas educacionais são o principal insumo, bem como o produto, para trazer essa mudança no setor educacional. • O principal objetivo da pesquisa educacional é aumentar o conhecimento e a reflexão teórica para um aprimoramento da sua práxis. • A replicação é usada para conformar a validade da conclusão tirada pelos estudos anteriores que estão sendo questionados por diferentes âmbitos, como o acadêmico e político. 24 1 “No contexto sociocultural contemporâneo, os estudos no campo da educação estão cada vez mais submetidos a novas exigências de qualidade, até de excelência mesmo. Esse campo vem sendo pressionado por imperativos de ordem científica e de ordem profissional, como também de ordem política, administrativa e econômica, imperativos às vezes complementares, mas, muitas vezes, contraditórios. As tensões criadas por essas pressões nem sempre são decodificadas e analisadas mais a fundo” (GATTI, 2012, p.14). Com base na citação de texto de Bernadete Gatti, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) Para se discutir a construção metodológica da pesquisa em educação, precisamos nos perguntar como os conceitos usados na caracterização do campo, diferenças que podem clarear os significados e contribuir para sua autoafirmação, e perguntar sobre identidade e formas investigativas. ( ) Uma questão seria indagar se nossos interlocutores, especialistas de outros campos, compreendem e articulam as contribuições que oferecemos com nossos estudos. Aponta-se a identificação um pouco mais transparente do campo relativo às pesquisas educacionais, ao ponto que se deseja a comunicação com diferentes setores sociais e acadêmicos, sendo necessário que sejamos compreendidos, que os conhecimentos sejam bem interpretados, com contribuições realmente relevantes. ( ) Precisamos pensar em alguns aspectos básicos relativos à validade de nossos trabalhos de pesquisa, preocupando-se com à consistência. ( ) A identificação do campo das pesquisas em educação tem sido objeto de análises mais intensas nos últimos anos, sendo que três aspectos, que interferem na identificação desse campo enquanto campo científico com um espaço a ocupar no âmbito das ciências humanas e sociais, merecem nossa consideração. São eles: o das denominações e conceitos utilizados, a própria ideia de campo e as questões de identidade e formas investigativas. Este último aspecto está relacionado a prática didática e processos de aprendizagem. FONTE: GATTI, B. A. (Org.). Análises pedagógico-curriculares para os cursos de licenciatura vinculados às áreas de artes, biologia história, língua portuguesa, matemática e pedagogia no âmbito da Uab e Parfor. Brasília: Unesco/MEC/Capes, 2012. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) F – F – F – V. b) ( ) F – V – F– V. c) ( ) V – F – V – F. d) ( ) V– V – V –F. e) ( ) V– V – F – F. AUTOATIVIDADE 25 2 "Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses quefazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino contínuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o queainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade (FREIRE, 1996, p. 29)". Com base nesta citação, analise as sentenças a seguir: I- Ao compreendermos que a pesquisa é um mecanismo para o desenvolvimento do profissional da educação, percebemos que a transformação se origina a partir das oportunidades surgidas ao se colocar em prática as ações que definem o ato de pesquisar. II- Criar ambientes de pesquisa para o educador, é buscar mais sobrecarga ao seu trabalho diário, pois a pesquisa quando planejada e mediada por teóricos da educação, cientistas educacionais, traz mais suporte para o trabalho de quem está dentro de sala de aula. III- Criar hábitos de leitura, analisar criticamente, debater informações são características de quem quer produzir conhecimento em educação. FONTE: FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996, p. 29-47. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Apenas a sentença I está correta. b) ( ) As sentenças I e II estão corretas. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. e) ( ) As sentenças I e III estão corretas. 3 A pesquisa é um inquérito ou exame cuidadoso para descobrir novas informações ou relações, possibilitando ampliar e verificar o conhecimento existente. Sobre o exposto, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas: I- A pesquisa deve fazer parte do cotidiano do educador, pois pode tornar- se uma grande aliada desse profissional. PORQUE II- É uma ferramenta forte para auxiliar no desenvolvimento para o ato da reflexão, do espírito argumentativo e na capacidade argumentativa do professor. 26 Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é complemento da I. b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II complementa a I. c) ( ) Apenas a asserção I é uma proposição verdadeira. d) ( ) Apenas asserção II é uma proposição verdadeira. e) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras. 4 Outro fator a ser ponderado é a necessidade de praticar uma reflexão crítica a propósito da prática educativa para evitar a reprodução insana, criando assim possibilidades para o professor produzir ou adquirir conhecimentos, pois “[...] ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para sua própria produção ou a sua construção” (FREIRE, 2004, p. 47). Disserte sobre qual a importância da pesquisa na formação do profissional da educação. 5 A pesquisa é considerada um processo de busca de novos conhecimentos. No entanto, poderá haver a necessidade de replicação. Releia o texto base e disserte sobre o que compreendeu sobre replicação e sua importância. 27 TÓPICO 3 — UNIDADE 1 PONTUANDO ALGUMAS QUESTÕES METODOLÓGICAS 1 INTRODUÇÃO Neste tópico iremos abordar o crescente consenso entre os pesquisadores educacionais sobre as consequências do uso de modelos de análise de dados que fracassam ao levar em conta o esqueleto de amostra, inerente aos dados normalmente obtidos. Apresentam-se problemas analíticos especiais relacionados aos níveis de análise, viés de agregação, heterogeneidade de regressão e estimativa incorreta de parâmetros, com implicações importantes para a interpretação correta dos efeitos. Como pode o pesquisador descobrir tudo o que ele acredita que pode ser conhecido? A resposta que pode ser dada a esta questão é que a falsa verdade de que qualquer metodologia é apropriada. Por exemplo, uma realidade “real” perseguida por um investigador “objetivo” exige o controle de possíveis fatores, sejam os métodos qualitativos (por exemplo, observacionais) ou quantitativos (por exemplo, análise de covariância). A questão metodológica não pode ser reduzida a uma questão de métodos; os métodos devem ser ajustados a uma metodologia predeterminada. A pesquisa educacional é importante porque é conduzida para fornecer informações confiáveis sobre os problemas educacionais e suas soluções. Há muitas coisas que precisam ser consideradas quando se olha o que é pesquisa educacional, por exemplo, algum pensamento precisa ser colocado em olhar para os paradigmas atuais, o que conta como evidência na pesquisa educacional, mantendo a qualidade e o papel da revisão por pares na validação de novos conhecimentos. É dada ênfase à importância crucial de métodos de pesquisa em educação que respondam as necessidades, modelos de ajuste proporcionais à estrutura de amostragem dos dados aos quais eles são aplicados. 2 QUESTÕES METODOLÓGICAS NA PESQUISA EM EDUCAÇÃO Você já descobriu que poderia fazer um novo truque legal? Ou você já pediu a um amigo para verificar se houve erros em sua redação? 28 UNIDADE 1— A FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR E A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA Bem, os cientistas adoram descobrir coisas novas e interessantes, escrever sobre elas e depois fazer com que seus colegas verifiquem seus trabalhos em busca de erros também. Essa é a natureza da pesquisa científica! A pesquisa científica é a investigação sistemática de teorias e hipóteses científicas. De qualquer forma, pesquisadores da área educacional tentam responder as muitas perguntas que têm sobre como podem melhorar as condições de trabalho e atuação profissional. Contudo, muito do trabalho deles não tem a ver com as questões que estão em nossas mentes. Quer dizer, sim, estamos todos fascinados em saber se podemos ou não ter um avanço na qualidade de ensino do nosso país, mas por muitos motivos esse tipo de pesquisa não é tão comum quanto pesquisas nas áreas tecnológicas e de saúde. Podemos não pensar sobre esse tipo de pesquisa com muita frequência, mas ela afeta a nós ou as pessoas que conhecemos muito mais do que a busca por vida em outros planetas. Até, é claro, descobrirmos que fomos resultados de uma educação bancária, não reflexiva. 3 A RELAÇÃO TEXTO CONTEXTO: QUESTÕES METODOLÓGICAS Uma pesquisa realizada apenas com base no Ctrl V - Ctrl C não terá seu valor, apresentando apenas uma cópia, pois a sua importância só será válida quando se fundamentar em uma maneira que auxilie na reconstrução dos Polêmicas contemporâneas sobre o método científico: uma revisão sistemá- tica da literatura Naiana Ribeiro Maximilla, Lavínia Schwantes A ciência, desde sua emergência como a conhecemos, entre os séculos XVI e XVII, vem ocupando um lugar de destaque cada vez maior na sociedade humana. Sendo frequen- temente referida e definida como a fonte da verdade e produtora de fatos incontestáveis, tornou-se aos poucos isenta de contestações. O método científico se funde com a ciência moderna, mas pouco se discute sobre suas possíveis limitações práticas e epistemológicas - justamente por esse ser um termo natu- ralizado e que sustenta a metanarrativa científica. FONTE: MAXIMILLA, N.R.; SCHWANTES, L. Polêmicas contemporâneas sobre o método científico: uma revisão sistemática da literatura. Revista de Educação em Ciências e Ma- temáticas, Amazônia, v. 15, n. 13, 2019. IMPORTANT E TÓPICO 3 — PONTUANDO ALGUMAS QUESTÕES METODOLÓGICAS 29 saberes. Consequentemente, o professor será capaz de fomentar sua capacidade de argumentação, criticidade e avaliação das diversas situações do conhecimento, retificando que o objetivo da pesquisa é o resultado da interpretação diante dos diversos caminhos para o desenvolvimento da pesquisa. Os sujeitos da ação nesse momento, professor e aluno, participam estabelecendo uma correlação simultânea de todo o processo educacional, em que os dois fazem a troca do conhecimento e da aprendizagem. É efetivo que o professor se aproprie do ato da pesquisa como uma prática diária, porém para que se alcance seu objetivo é indispensável que as técnicas de pesquisa sejam discutidas e organizadas a fim de que o processo seja consciente. Não há apenas uma forma de analisar a educação, desde a concepção e formulação até o acompanhamento e a avaliação. Questões de ordem técnicae política sem dúvida definirão a escolha dos procedimentos técnicos e metodológicos na pesquisa. Se por um lado temos o fato de não ter metodologias universais para analisar os nuances educacionais, por outro lado a disponibilidade de várias questões metodológicas permite que possamos pensar novas formas de enfrentar empreitadas nessa área. A pesquisa é uma ferramenta importante para qualquer profissional, porém, para o professor é de suma importância, pois prepara-o para intervir de forma competente, crítica e inovadora, na coletividade em que está inserido. Habilidades e competências para desenvolvimento de pesquisas, se não forem aprendidas desde cedo, deixam sempre “buracos” na formação de um indivíduo (ALBERTI, 2014). Nesse aspecto, tornam-se essenciais o progresso e a reformulação de muitas considerações ao longo da trajetória educacional relacionadas à pesquisa docente, além de garantir conteúdos para a compreensão dos processos que permeiam a atividade de pesquisador, lançando uma semente para o desenvolvimento do investigador e talvez de um futuro cientista. 30 UNIDADE 1— A FORMAÇÃO DO PROFESSOR PESQUISADOR E A INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA O texto e o contexto Por Marina Cabral Especialista em Língua Portuguesa e Literatura Equipe Brasil Escola A leitura de um texto se dá primeiramente a partir do processo de decodificação, quando temos contato com o “conteúdo” e buscamos compreendê-lo. Existem elementos que nos ajudam a interpretar os textos que estão a nossa volta, mas para que se possa compreender bem um texto é necessário identificar o contexto (social, cultural, estético, político) no qual ele está inserido. Essa identificação vai depender do conhecimento sobre o que está sendo abordado e as conclusões referentes ao texto. Em determinados textos a informação sobre acontecimentos passados contribui para sua compreensão. Por isso, quanto mais variado o campo de conhecimento, mais facilidade encontrará o leitor para ler e interpretar textos. FONTE: <http://bit.ly/363XZM0>. Acesso em: 25 out. 2020. ATENCAO 31 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • Devemos dar grande importância aos métodos de pesquisa em educação que respondam as necessidades, modelos de ajuste proporcionais à estrutura de amostragem dos dados aos quais eles são aplicados. • Os pesquisadores da área educacional tentam responder as muitas perguntas que têm sobre como podem melhorar as condições de trabalho e atuação profissional. • Os sujeitos da ação nesse momento, professor e aluno, participam estabelecendo uma correlação simultânea de todo o processo educacional, em que os dois fazem a troca do conhecimento e da aprendizagem. • O professor precisa se apropriar do ato da pesquisa como uma prática diária, porém para que se alcance seu objetivo é indispensável que as técnicas de pesquisa sejam discutidas e organizadas para que o processo seja consciente. 32 1 Enfocando os conflitos cognitivos e seu papel na formação do professor, é necessário a inquietação em designar, intramuros, um local que impossibilite a propagação da dúvida, da discussão e da disputa. Isso repercute todo o autoritarismo centrado o professor definindo uma forma específica de relação social que motiva uma prática docente. A defesa de metodologia de pesquisa implica no levantamento de argumentos em prol da utilização de questionamentos e inquietações. Com base nos argumentos apresentados, analise as sentenças a seguir: I- Um professor real, dinâmico não pode aparentar a existência de conflitos sob o risco de perder sua identidade social de formador. Dessa forma, esse profissional não deve incorporar e criar situações problemáticas que motivem o estudante a buscar elementos novos para readquirir o equilíbrio. II- Um professor ideal, eficiente e produtivo, tem papéis muito definidos. A ele cabe ensinar, transmitir as verdades e, ao aluno de recebê-las, sem questionar a palavra do professor, porque, afinal o professor passou por um longo processo de formação. III- A obrigação de comunicação diminui quando aumenta a diferença entre o professor e aluno, ao tempo em que o aparecimento de uma “distinção”, diminui a obrigação de discussão, pois há posições contrárias. IV- As palavras redescobrir ou solucionar problemas têm um efeito motivador, quando surgem de situações provocativas e de contradições. Esses métodos parecem motivar os professores, fazendo-os submeter- se a questionamentos conceituais na forma de surpresa, de dúvida, de incongruência, de perplexidade, de curiosidade. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. b) ( ) Somente a sentença IV está correta. c) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas. d) ( ) As sentenças I e IV estão corretas. e) ( ) As sentenças II e IV estão corretas. 2 “Desenvolvimento profissional, mais do que outros aspectos que interagem no desenvolvimento dos indivíduos, é também condicionado pelo contexto, e muitos acontecimentos podem transformá-lo. O reconhecimento do valor da continuidade dos estudos, da importância que poderá gerar a prática profissional, a qualitativa experiência que daí poderá advir; tudo isso, aliado à necessidade de ampliar o repertório de competências profissionais e pessoais, fica em segundo plano para a maioria dos professores (LOPES et al., 2014). Sobre o exposto, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas: AUTOATIVIDADE 33 I- Além da falta de incentivo financeiro, o precário plano de carreira oferecido e o tipo de autonomia existente para que o professor realize atividades de desenvolvimento profissional, é um fator desmotivador e frustrante. PORQUE II- As pesquisas advêm de dados e mobilizam mais frequentemente a produção do conhecimento acadêmico e a ação no ambiente educacional. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, porém a segunda não é complemento da primeira. b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a segunda complementa a primeira. c) ( ) Apenas a asserção I está correta. d) ( ) Apenas a asserção II está correta. e) ( ) Ambas as asserções estão incorretas. 3 Se considerarmos a analogia de que a identidade construída do professor depende dele tanto quanto do contexto, pois os professores dependem das decisões das escolas e administrações superiores. Isso demonstra que seu desenvolvimento profissional está também ligado aos processos internos de cada escola, de como a administração percebe ou não seus professores. Mediante o excerto, assinale a alternativa INCORRETA: a) ( ) É um tanto difícil manter a motivação e a satisfação no trabalho se a autonomia para o desenvolvimento profissional é tão prejudicada. A imagem de um profissional que se constrói totalmente autônomo não é a realidade vivenciada por estes professores. b) ( ) Existem regras que já estão definidas antes do ingresso destes nos seus postos de trabalho, sua autonomia profissional já vem delimitada por questões políticas e históricas, as quais condicionam o diálogo entre teoria e prática. c) ( ) Os professores acabam apenas tentando resolver conflitos já existentes e manifestos e é neste espaço que se insere o desenvolvimento profissional. d) ( ) Surgem no ambiente escolar algumas resistências ou então negociações com as condições impostas, na tentativa de suplantar as mesmas. e) ( ) Há que se considerar que a existência de espaços de reflexão dentro do ambiente escolar às vezes dificulta as formas de gestão de novas pesquisas educacionais. 4 “Para se discutir a construção metodológica da pesquisa em educação, é necessário se perguntar sobre os conceitos utilizados na caracterização do campo, distinções que podem clarificar significados e contribuir para sua autoafirmação, e perguntar sobre identidade e formas investigativas. 34 Abre-se a questão sobre se os nossos interlocutores, especialistas de outros campos, estão compreendendo
Compartilhar