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- 1 MOTORES TÉRMICOS 1.1 - Histórico Os primeiros motores de combustão interna utilizavam gases em vez de gasolina como combustível. ReverendoW. Cecil (1820) - Motor acionado pela explosão de um mistura de hidrogênio e ar. Credita-se a ele a obtenção do primeiro motor a gás em funcionamento. William Barnett (1838) - Invenção de um motor a gás que comprimia uma mistura de combustível. Esse motor tinha um único cilindro e as explosões ocorriam primeiro na parte acima e depois embaixo do êmbolo. Jean Joseph Ëtienne Lenoir (1860) - Construiu o primeiro motor (um cilindro) a gás instalado em um veículo, utilizando o gás de iluminação de rua como combustível e um sistema de ignição com acumulador elétrico. Beau de Rochas (1862) - Engenheiro francês, desenvolveu teoricamente um motor de quatro tempos. Nikolaus August Otto e Eugen Langen (1866) - Na Alemanha, construíram um bem - sucedido motor a gás de quatro tempos. Em 1876, Otto e Langen obtiveram patentes nos EUA dos motores de dois tempos e de quatro tempos. Gottlieb Daimler (1885) - Sócio de Otto e Langen, deve-se a ele a concepção do primeiro motor de quatro tempos a queimar gasolina e realmente utilizável. Karl Benz, alemão (1885) - Desenvolveu um bem sucedido motor à explosão. 1.2 - Conceitos fundamentais Os motores térmicos são maquinas cuja finalidade é transformar a energia calorífica em energia mecânica diretamente utilizável. A energia calorífica pode ser proveniente de diversas fontes, tais como: energias químicas, elétricas, atômicas e etc. Ponto Morto Superior (PMS) e Ponto Morto Inferior (PMI): São nestas posições onde o pistão muda o sentido de seu movimento. Figura 1 – Curso do pistão. Cilindrada: É o volume total deslocado pelo pistão entre o PMS e o PMI em todos os cilindros. vNC c D v 4 2 Onde: C – Cilindrada (cm3); D – Diâmetro do cilindro (cm); C – Curso (cm); N – Número de cilindros do motor; V – Cilindrada unitária (cm3). Taxa de compressão: Relação matemática existente entre o volume da mistura ar/combustível ou simplesmente o ar (motor diesel), aspirado para dentro dos cilindros pelo pistão, antes e depois do início do processo de compressão. A taxa de compressão é diretamente responsável pelo rendimento térmico do motor. Figura 2 – Representação da taxa de compressão. - 2 cc cc V Vv TC h D V cc 4 2 Onde: TC – Taxa de compressão; VCC – Volume da câmara de combustão; h – Altura deixada no cilindro para abertura das válvulas (cm); • Motores a Diesel – Taxa de 15:1 Auto-ignição ou detonação: Pontos quentes no interior da câmara passam a fazer o papel da vela de ignição, incandescendo a mistura ar/combustível antes mesmo da vela de ignição iniciar o processo através da centelha elétrica. Os fatores que podem ocasionar esse fenômeno são: Em razão das altas temperaturas na câmara de combustão, octanagem incorreta da gasolina para a taxa de compressão do motor; Uma vela com grau térmico muito alto para a situação em que o motor está sendo utilizado pode também ser o motivo da auto-ignição; De uma maneira geral, o maior responsável pela auto- ignição é a carbonização da cabeça dos pistões e das câmaras de combustão em motores com alta compressão, fato que aumenta ainda mais a taxa de compressão por reduzir o volume da câmara de combustão. Figura 3 – Danos causados ao pistão por detonação. Avanço: Nome empregado, mais comumente, para designar o quanto a faísca da vela deverá ser avançada, com relação ao P.M.S. do pistão para iniciar o processo de combustão. Faz-se o avanço para se obter a máxima pressão sobre o pistão quando o mesmo atinge o P.M.S., melhorando a performance do motor. Num automóvel, o avanço pode ser de 03 tipos: Vácuo – Mecânico; Centrífugo - Mecânico; Eletrônico Uma central eletrônica comanda a injeção e ignição, simultaneamente. Torque: É um esforço de torção que é determinado pela força aplicada e a distância da aplicação. No caso de um motor, a pressão exercida sobre o pistão é um a força que atua, através da biela, sobre o braço da manivela a uma distância “R” entre o centro do mancal da biela e o centro da árvore de manivelas. Figura T1 – Definição de torque. Figura T2 – Torque de um motor. - 3 1.3 - Classificação dos motores quanto à combustão Motores à combustão interna ou endotérmica - O motor é considerado a combustão interna, quando esta se processa no próprio fluido operante. Motores a combustão externa - O motor é considerado a combustão externa, quando esta se processa fora do fluido operante. Figura 4 – Esquema representativo da combustão em motores endotérmicos. Figura 5 – Esquema representativo de motores a combustão externa. 1.3.1 – Classificação dos motores endotérmicos quanto ao movimento do pistão 1.3.1.1 - Motores rotativos Motor Wankel O motor rotativo mais conhecido é do tipo Wankel, nome do seu inventor alemão. Em um motor rotativo, as peças móveis são submetidas a movimentos rotativos. Figura 6 – Esquema de um motor Wankel. Figura 7 – Esquema de operação de um motor rotativo. Motores a jato O motor a jato foi concebido para propulsão, usando a terceira lei de Newton; A ação de forçar massa em forma de gases quentes para uma direção gera uma força em sentido contrário. Todas as peças que estão dentro do motor a jato têm a finalidade de captar o ar e expulsá-lo com a maior velocidade possível. Figura 13 – Funcionamento de um motor a jato. 1.3.1.2 - Motores alternativos Os motores alternativos possuem êmbolos que se movem para cima e para baixo ou para frente e para trás, alternadamente. Um conjunto mecânico formado por peças móveis, transmite o movimento alternado dos êmbolos ao eixo motor, o qual fornece a energia mecânica produzida em movimentos giratórios. Figura 18 – Corte longitudinal de um motor alternativo. 1.3.2 – Classificação dos motores quanto à forma de combustão Por ignição a centelha (ICE) (ciclo Otto): O primeiro motor operando no ciclo OTTO foi fabricado em 1862 por um alemão chamado OTTO, daí o nome. Os princípios para sua construção foram baseados nas teorias enunciadas por BEAU DE ROCHAS, de que a combustão se processa a volume constante. A principal característica dos motores do ciclo OTTO é que a ignição do combustível é feita por intermédio de uma centelha elétrica. Por ignição a compressão (ICO) (ciclo Diesel): Como no ciclo OTTO, os motores do ciclo DIESEL receberam o nome do seu idealizador. O primeiro motor operando neste ciclo foi fabricado em 1892 por RUDOLPH DIESEL. A principal característica destes motores é que a ignição do combustível é feita por intermédio da compressão. - 4 1.3.3 - Classificação dos motores quanto ao ciclo operativo - 2 Tempos: É quando o ciclo se realiza em dois deslocamentos completos do pistão; - 4 Tempos: É quando o ciclo se realiza em quatro deslocamentos completos do pistão. 1.3.4 – Classificação dos motores quanto ao número de cilindros - Monocilíndricos; - Policilíndricos. 1.3.5 - Classificação dos motores quanto à disposição dos cilindros - Em linha; - Em V; - Opostos (boxer); - Em estrela (radial). 1.3.6 - Classificação dos motores quanto ao uso - Estacionários: Destinados ao acionamento de máquinas estacionárias, como geradores, bombas ou outras máquinas que operem em rotação constante; - Industriais: Destinados ao acionamento de máquinas pesadas e outras aplicações onde se exijam características especiais do acionador; - Veiculares: Destinados ao acionamento de veículos de transporte em geral; - Marítimos: Destinados à propulsão de máquinas de uso naval. 1.4 - Órgãos dos motores alternativos Os órgãos dos motores alternativos, quanto a sua característica de funcionamento se dividem em 3 partes que são: - Órgãos fixos - Órgãos móveis - Órgãos auxiliares 1.4.1 - Órgãos fixos - Cilindro - Bloco - Cabeçote - Câmara de combustão - Sede de válvula - Guia de válvula 1.4.2 - Órgãos móveis - Pistão - Pino de munhão - Anéis de segmento - Biela - Árvore de manivela - Volante - Casquilho- Válvula - Mola de válvula - Eixo comando de válvula 1.4.3 - Órgãos auxiliares - Sistema de Injeção Eletrônica, Carburador - Velas - Coletores de aspiração e descarga - Cárter motor de arranque - Alternador - Filtros de ar, de óleo e de combustível - Bomba de água e de combustível - Bobinas, Distribuidor, etc. 1.4.4 – Características dos principais órgãos fixos 1.4.4.1 –Cilindro O cilindro como o próprio nome indica, é uma peça de formato cilíndrico, localizado no interior do bloco, na qual o pistão se desloca descrevendo um movimento retilíneo alternado. Figura 19 – Esquema representativo da localização dos cilindros no bloco. O cilindro geralmente é fabricado em ferro fundido e pode ser de três tipos : - Fixo Figura 20 – Cilindro fixo. - 5 - Com camisa tipo substituível seco Figura 21 - Cilindro com camisa tipo substituível úmido. 1.4.4.2 - Bloco O bloco em linhas gerais, representa propriamente o motor. Figura 23 – Bloco. 1.4.4.3 - Cárter A função do cárter não é nada mais que servir como deposito de óleo. A sua forma deve ser tal, que todo o óleo depositado esteja em contato com as trombas da bomba de óleo, garantindo assim que o ar não seja aspirado. Figura 24 - Cárter 1.4.4.4 - Cabeçote É uma espécie de tampa do motor, por isto também conhecido com o nome de tampão contra a qual o pistão comprime a mistura, no caso do ciclo Otto, ou o ar, no caso do Diesel. Figura 25 – Cabeçote. Figura 26 – Cabeçote, bloco, cárter e o conjunto da árvore de manivelas. 1.4.4.5 - Câmara de combustão A câmara de combustão de um motor como o nome indica é onde ocorre a combustão da mistura ar-combustível. Sua forma varia de acordo com o tipo de motor, e deve ser projetada visando os seguintes objetivos: - Criar uma certa turbulência durante a fase de compressão de modo que a velocidade de propagação da chama seja a maior possível. - Criar uma turbulência durante o intervalo de ângulo de permanência das válvulas de modo a obter uma melhor varredura dos gases. - Fazer com que a propagação da chama percorra a menor distância possível entre o início da centelha e as bordas da câmara, de modo a reduzir a possibilidade de ocorrência de detonação. - 6 1.4.4.5.1 -Tipos de câmaras de combustão dos motores Otto É o espaço livre que fica acima do pistão quando este se encontra no ponto morto superior. Nela, a mistura ar/combustível (motor a gasolina), que penetrou através da válvula de admissão, será comprimida e, após a faísca emitida pela vela, explodirá para que a expansão dos gases movimente o pistão e dê seqüência ao funcionamento do motor. Dependendo do grau de modernidade do motor, a câmara pode estar inserida no cabeçote ou na cabeça dos pistões. Basicamente, o volume da câmara de combustão define a taxa de compressão do motor. Quanto menor for seu volume, maior será essa relação e, conseqüentemente, melhor o rendimento do motor. O formato da câmara de combustão varia em função do tipo do motor. Câmara hemisférica A câmara do tipo hemisférica é considerada como a mais adequada para o uso nos motores de taxa de compressão não muito elevada. Este tipo de câmara além de proporcionar ao motor um bom rendimento, possui ainda a vantagem de permitir o posicionamento da vela em uma zona central, já que as válvulas inclinadas formam entre si um ângulo de 90o, o que minimiza a ocorrência do fenômeno de detonação através do encurtando da distância que a chama deve percorrer até a cabeça do êmbolo. A utilização deste tipo de câmara implica no uso de uma ou duas árvores de comando no cabeçote ou então de uma árvore de comando lateral com um complexo sistema de balacins e hastes impulsoras para o acionamento das duas filas de válvulas. Mesmo sendo compacta, a câmara hemisférica pode alojar válvulas de grande diâmetro, permitindo assim uma boa admissão da mistura e, conseqüentemente, um bom rendimento. Figura 27 – Câmara hemisférica Câmara triangular A câmara triangular, como a hemisférica, possui uma boa capacidade para não permitir a ocorrência da detonação, devido ao trajeto curto percorrido pela chama e a limitação da turbulência, porém este tipo de câmara é pouco utilizado, porque além de apresentar os mesmos inconvenientes da hemisférica, possui um menor espaço para as válvulas. Figura 28 – Câmara triangular Câmara no pistão Este tipo de câmara é conhecido normalmente com o nome de HERON. Ela é empregada principalmente nos motores a injeção, e em especial nos motores Diesel. A sua principal vantagem é a facilidade de construção e tem como principal desvantagem à limitação dos diâmetros das válvulas. Figura 29 – Câmara no pistão. Câmara com válvula lateral A vantagem deste tipo de câmara é a de possibilitar a utilização de eixo de comando lateral (no bloco) sem o uso de balancins, podendo as válvulas ser comandadas diretamente pelas varetas, reduzindo assim o custo do motor. O espaço reduzido entre o pistão e o cabeçote do motor reduz a tendência à detonação da mistura. Figura 30 – Câmara com válvula lateral. - 7 Câmara tipo banheira Atualmente é muito usada principalmente em motores de pequenos portes e médias cilindradas. Este tipo de câmara além de possuir uma facilidade de fabricação devido ao paralelismo das válvulas, possui um espaço interno bom, podendo utilizar válvulas de grandes dimensões. Neste tipo de câmara, o percurso da chama, a partir de uma vela lateral, é muito curto. Figura 31 – Câmara tipo banheira. 1.4.4.5.2 - Câmara de combustão para motores diesel As câmaras de combustão dos motores do ciclo Diesel podem possuir várias formas, dependendo da necessidade do projeto. Câmara para injeção direta Geralmente, este tipo de câmara é feito no próprio pistão. O óleo combustível é injetado através dos bicos injetores diretamente sobre ela. Os tipos mais comuns são: - Esférica ; - Saurer Figura 34 – Injeção direta com câmara esférica. Figura 35 – Injeção direta com câmara Saurer. Câmara para injeção indireta (pré – câmara) Figura 36 – Injeção indireta. Vantagens da câmara de injeção direta - Não necessita de vela incandescente para a partida. - Simplicidade de construção. - Menor custo de fabricação. - Menor consumo específico do motor devido a maior temperatura da câmara. - Melhor facilidade de partida. Vantagens da câmara de injeção indireta - Mais silenciosa. - Menor pressão de injeção. - Permite o emprego de injetor de furo único, tendo assim uma menor possibilidade de obstrução. -Produz menor quantidade de fumaça na descarga. 1.4.4.6 - Pistão O pistão é o órgão do motor que recebe diretamente o impulso da combustão dos gases e o transmite a biela. A forma do pistão a primeira vista parece perfeitamente cilíndrica, mas na realidade ela é muito complexa sendo ligeiramente oval e cônica como poderá ser visto posteriormente. O pistão se divide em duas partes distintas que são: - Cabeça - Saia Cilindro ou Camisa Pistão Bronzinas ou Casquilhos CONJUNTO PISTÃO/ CILINDRO/ BIELA Anéis Pino Biela Em detalhe Grande atrito entre anéis e cilindro Figura 37 - Pistão Cabeça do pistão A cabeça do pistão geralmente tem um diâmetro menor que a saia e é onde estão alojados quase todos os anéis de segmento. A superfície superior da cabeça é denominada de "CÉU" ou topo e é onde os gases exercem as forças, durante a combustão. A maioria dos pistões empregados nos motores de automóvel possuem na sua cabeça três canaletas nas quais estão alojados os anéis de segmento. - 8 O primeiro segmento é chamado de segmento de compressão ou de fogo, enquanto que o segundo e o terceiro são denominados de raspadores de óleo. O segundo segmento em alguns casos tem dupla função, isto é a de raspar o óleo e a de compressão. No interior da terceira canaleta, existem furos que tem como finalidade, permitir a passagem do óleo em excesso, raspado pelo anel de segmento. Em alguns pistões, no fundo da terceira canaleta, existem alguns rasgos transversais que além de permitir uma maior passagem do óleo, servem em alguns casos como barreira térmica dando maior flexibilidadea saia. A forma do topo ou céu do pistão é em função da câmara de combustão, podendo ser: - Plana é a forma mais usada, devido principalmente a sua facilidade de usinagem. Este tipo de forma de cabeça, é usada geralmente nos motores de 4 tempos, de pequena e media cilindrada. - Côncava é aquela que tem o pistão com seu topo em forma côncava e é geralmente usado nos motores do ciclo Diesel, do tipo a injeção direta. Nestes motores a câmara de combustão é formada no próprio pistão. - Convexa é aquela que tem o pistão com o topo em forma convexa, é usado nos motores com câmara de combustão do tipo semi-esférica. - Irregular - Para usos específicos. Figura 38 – Formato do céu do pistão. Material de fabricação dos pistões Os pistões podem ser fabricados com os seguintes materiais: - Liga de metal leve - Aço - Ferro fundido Atualmente, a maior parte dos pistões fabricados hoje, e destinados ao emprego nos motores velozes, são fabricados em ligas de metal leve. Requisitos de um pistão O pistão deve possuir os seguintes requisitos para que o motor tenha um bom funcionamento. - Elevada resistência mecânica - Boa resistência ao calor - Elevada resistência ao desgaste - Boa condutibilidade térmica - Leveza - Baixo nível de ruído 1.4.4.7 - Pino de munhão É o órgão que serve de articulação entre a biela e o pistão, o pino munhão não é nada mais que um tubo de aço tratado termicamente. Quanto a montagem o pino munhão pode ser: -Fixo – Fixo no pistão e livre na bucha da biela - Oscilante - Livre no pistão e fixo na bucha da biela - Flutuante – Móvel na biela e no pistão. Figura 42 – Pino de munhão. 1.4.4.8 - Anéis de segmento Os anéis de segmento (figura 43), ou também chamados de anéis elásticos, possuem um diâmetro externo maior que o diâmetro interno do cilindro, e uma vez introduzidos no cilindro exercem uma oportuna pressão radial sobre as paredes. Esta pressão além de vedar a passagem dos gases de combustão, impede a passagem de óleo lubrificante para a câmara de combustão. Estes anéis são colocados na zona da cabeça do pistão e em canaletas apropriadas. Quanto ao tipo os anéis se dividem em: - Anéis de compressão ou de fogo, os quais tem a finalidade de impedir a passagem dos gases de combustão para dentro do cárter. Estes anéis estão situados na primeira canaleta do pistão. - Anéis raspadores de óleo, como o nome indica, estes anéis tem a função de retirar o excesso de óleo lubrificante que se deposita no cilindro, evitando deste modo, que o óleo entre em contato com a câmara de combustão. Figura 43 – Anéis de segmento. Número de anéis por pistão O número de anéis de segmento que são montados em um pistão, varia com o tipo do motor, e seu emprego, podendo ser: - De 2 a 3 com uma altura de 2 a 3 mm no caso dos motores de combustão de 2 tempos. - De 2 a 4 com uma altura de 2,5 a 4,5 mm no caso de motores a combustão de 4 tempos. - De 3 a 5 com uma altura de 3 a 4,5 mm no caso dos motores do ciclo Diesel veloz. - De 6 a 8 para motores Diesel lento. - 9 49 LUBRICAÇÃO HIDRODINÂMICA: Consequência do movimento relativo das superfícies. Nesta condição se forma a película lubricante. Cunha de óleo lubrificante suporta a carga Cunha de lubrificante : Película lubrificante PISTÃO, ANÉIS E BRUNIMENTO DA CAMISA Pistão Anéis de Segmento Brunimento da Camisa Anel Raspador de óleo Anéis de Compressão Pistão Bloco do Motor O Brunimento é formado por ranhuras cuidadosamente usinadas e são responsáveis por reter gotículas de óleo lubrificante em seus intertícios, vedando e lubrificando os anéis. Brunimento A boa vedação, colabora com a eficiência do motor Pressão de combustão Vedação Força Ação de vedação e lubrificação entre anéis e camisa Película lubrificante VEDAR A PRESSÃO DA COMBUSTÃO Parede do Cilindro, Camisa Brunida Anéis de Compressão Pistão Gases de Combustão Película de Óleo Lubrificante Anel Raspador de Óleo Força 1.4.4.9 - Biela É um órgão em forma de haste, que serve para transmitir os movimentos alternativos do pistão para o eixo motor. São fabricadas em aços especiais ou ferro fundido, e se ligam por um lado aos mancais do eixo de manivelas e, por outro aos pistões pelos pinos de munhão. A forma da biela varia sensivelmente segundo o seu emprego. No automobilismo, por estarem sujeitos a altas rotações, devem possuir formas especiais para que possam resistir as forças centrífugas atuantes. A biela se divide em três partes distintas: - Cabeça ou olho grande: Parte ligada a árvore de manivelas. A parte de baixo da cabeça é denominada capa. Já na sua parte interna estão localizados os casquilhos; - Perna ou haste ou corpo: Parte que determina a rigidez da biela; - Pé ou olho pequeno: Parte ligada ao pistão. - 10 Figura 44 - Biela. 1.4.4.10 - Árvore de manivela A árvore de manivelas (figura 45), também conhecida com os nomes de virabrequim e eixo de manivelas, é o órgão que transforma o movimento alternativo do pistão em movimento rotativo. Na maioria dos motores, o virabrequim é instalado na parte inferior do bloco, em uma de suas extremidades está o flange, no qual está fixado o volante, e na outra estão as polias dentada e da distribuição. Para proporcionar o balanceamento do eixo de manivelas existem contrapesos, a fim de evitar também a transmissão de vibrações aos outros órgãos do motor. O número de mancais móveis depende do número de cilindros do motor. A árvore de manivela se divide nas seguintes partes: - Mancais fixos ou munhões - Mancais móveis ou moentes - Braço da manivela - Contrapeso - Flange de fixação do volante Figura 45 – Eixo de manivelas. 1.4.4.11 - Volante O volante é o órgão responsável pelo armazenamento da energia cinética durante a fase viva do motor e sua restituição durante as fases passivas. Quanto mais pesado for o volante, mais estável é o funcionamento do motor, porem menor será a sua aceleração. Nos automóveis de corrida, como é mais importante a aceleração do que sua estabilidade, os volantes são aliviados ao menor peso possível até que este não interfira no funcionamento do motor. O material geralmente empregado na fabricação dos volantes é aço carbono. Figura 46 – Árvore de manivelas com volante 1.4.4.12 - Casquilhos ou Bronzinas Os casquilhos são feitos em aço revestido com outros materiais, formando camadas. A última camada é composta de material antifricção. A sua forma é de um semicírculo, e é montado aos pares, com a função de proteger tanto a biela como a árvore de manivelas, evitando o contato direto entre estas, diminuindo assim o desgaste e aumentado a eficiência do motor. Para tanto, deve apresentar grande resistência mecânica, capacidade de dissipar calor e facilidade de deslizamento. A lubrificação é realizada através de um canal de óleo, com um furo existente na superfície do casquilho. Figura 46 – Casquilho ou Bronzina. 1.4.4.13 - Válvulas Servem para interromper ou não o fluxo de gases de aspiração e descarga nos devidos tempos, segundo o ciclo de funcionamento do motor. O número de válvulas para cada cilindro varia de acordo com o tipo e utilização de motor. Os motores de 4 tempos normais, possuem 2 válvulas por cilindro, sendo uma de admissão e outra de escapamento. Figura 47 – Válvula. Figura 48 – Representação do número de válvulas. Figura 49 – Formato das válvulas. - 11 Figura 50 – Cabeçote e a localização das válvulas. Molas das válvulas As molas são os órgãos responsáveis pelo fechamento das válvulas. Antigamente a quebra de molas, pela fadiga era muito freqüente, hoje em dia, devido a um desenho racional, melhor material e melhor tecnologia de fabricação, a ruptura das molas é um caso excepcional. Uma boa mola de válvula deve suportar 10 milhões de solicitações a baixa freqüência com uma carga de 11 a 63 kg/cm2, sem se romper. Figura 51 – Válvulas e molas. 1.4.4.14 - Eixo comando de válvulas Chamamos de distribuição de um motor o conjunto de órgãos encarregados de regular as fases de aspiração e descarga. O órgão principal da distribuição é o eixo de comandode válvulas. Ele é composto de "cames", “excêntricos” ou “ressaltos” que controlam a abertura e fechamento das válvulas. Quanto a sua localização, pode ser: Figura 52 – Eixo comando de válvulas e tuchos. - No cabeçote: Quando o eixo de comando de válvulas se localiza no cabeçote, o acionamento das válvulas se dá através de tuchos e molas; -No bloco: Quando o eixo de comando de válvulas se localiza no lateral do bloco, o acionamento das válvulas se dá através de tuchos, varetas, balancins e molas. O número de eixos de comando de válvulas depende da disposição das válvulas no bloco e do próprio formato do bloco. Figura 53 – Motor com eixo de comando de válvulas no cabeçote. Figura 54 - Motor com eixo de comando de válvulas na lateral do bloco. Acionamento dos tuchos Os tuchos são peças cilíndricas, as quais transmitem o movimento dos cames as hastes ou molas, dependendo de onde se localiza o eixo de comando de válvulas. Os tuchos quanto ao seu acionamento podem ser dos seguintes tipos: - Hidráulicos: No interior do tucho hidráulico há um êmbolo que trabalha com óleo, fornecido pelo próprio sistema de lubrificação do motor; - Mecânicos. Figura 55 – Motor com tuchos hidráulicos. 1.5 – Funcionamento dos motores alternativos 1.5.1 - Motores alternativos de 4 tempos à gasolina Os motores alternativos de 4 tempos à gasolina, para realizar um ciclo completo, executam 4 etapas distintas, com os pistões se deslocando entre o PMS e o PMI. A cada etapa realizada, o deslocamento do pistão de um ponto para o outro reflitirá em um giro de 180o na árvore de manivelas. Os 4 tempos de um motor podem ser descritos da seguinte forma: -1o Tempo (Admissão): O pistão se desloca do PMS para o PMI, a válvula de admissão abre-se enquanto a de escapamento permanece fechada, a mistura gasosa é aspirada para dentro do cilindro. Quando o pistão chega ao PMI, cessa a aspiração da mistura e a válvula de admissão fecha-se. - 2o Tempo (Compressão): O pistão se desloca do PMI para o PMS, comprimindo a mistura gasosa que foi aspirada para dentro do cilindro na etapa anterior. As válvulas de admissão e de escapamento mantêm-se fechadas. Quando o pistão chega ao PMS, a mistura gasosa é comprimida na câmara de combustão. - 12 Figura 56 – Conjunto responsável pela produção de força no motor. Figura 57 – 1o tempo: Admissão. Figura 58 – 2o tempo: Compressão. - 3o Tempo (Explosão): A vela dispara a centelha e a mistura gasosa se inflama e expande-se, empurrando o pistão do PMS para o PMI, produzindo trabalho. - 4o Tempo (Escapamento): Quando findada a etapa anterior, a válvula de escapamento se abre e a de admissão permanece fechada. O pistão se desloca do PMI para o PMS, expulsando assim os gases remanescentes da combustão. Encerrada a etapa, a válvula de escapamento se fecha, encerrando um ciclo motor. Figura 60 – 4o Tempo: Escapamento. Figura 59 – 3o tempo: Explosão Os contrapesos da árvore de manivelas estão dispostos de maneira a proporcionar o melhor equilíbrio possível e a assegurar que inflamação de cada cilindro produza o seu efeito regular. Figura 61 – Ordem de inflamação dos cilindros. 1.5.2 - Motores alternativos de 4 tempos à diesel O funcionamento de um motor diesel de 4 tempos é semelhante ao motor de 4 tempos à gasolina, diferenciando-se apenas nas etapas de admissão e explosão, ou seja, o motor diesel aspira apenas ar, o qual é comprimido na câmara de combustão até que o combustível seja pulverizado inflamando a mistura. As vantagens da utilização dos motores diesel residem no seu maior rendimento e na sua maior duração devido à sua robustez. Entre as desvantagens deste tipo de motor estão incluídos um elevado preço, maior peso, maior vibração a baixa rotação e menor elasticidade. Num motor a gasolina a taxa de compressão varia em torno de 9:1 a 10:1, já em um motor diesel esta relação pode atingir o valor de 22:1, a fim de aumentar a temperatura do ar. Figura 62 – Motor diesel: 1o tempo. - 13 Figura 63 - Motor diesel: 2o tempo. Figura 64 - Motor diesel: 3o tempo. Figura 66 - Motor diesel: 4o tempo. Figura 68 – Coordenação dos pistões em um motor diesel de 6 cilindros. LUBRIFICAÇÃO DE MOTORES Sistema de Lubrificação Mancais de apoio-(5) Orifícios e canais de lubrificação,óleo lubrificante sob pressão. (Todos os mancais possuem) VIRABREQUIM – ( Ex. 4 cilindros) Mancais das Bielas Mancais das Bielas - 14 ABASTECIMENTO MOTOR PARADO - 15 - 16 Figura 73 – Circuito de lubrificação do motor diesel. Figura 74 – Representação do sistema de arrefecimento de um motor. Figura 75 – Funcionamento do sistema arrefecimento de um motor. Figura 76 - Funcionamento do sistema arrefecimento de um motor. Figura 77 - Funcionamento do sistema arrefecimento de um motor. - 17 Figura 78 – Sistema de turboalimentação de um motor. Figura 79 - Turboalimentação de um motor. Figura 80 - Turboalimentação de um motor. Figura 81 – Turboalimentação com resfriador de ar de um motor. Figura 82 - Turboalimentação de um motor enfatizando o resfriador de ar. Curiosidade: Durabilidade de motores de Fórmula 1 - Em 2018 cada motor, V6, Turbo alimentado, roda 6000 km - Em 2001, quando o motor era aspirado, V10, cada motor rodava 450 km, um motor por dia - Motor de um carro convencional (Ex. Toyota Corolla) roda 500.000 km
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