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GERENCIAMENTO PELO LADO DA DEMANDA EM ÁREAS RESIDENCIAIS

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i 
 
 
 
 
 
 
 
 
GERENCIAMENTO PELO LADO DA DEMANDA EM ÁREAS RESIDENCIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Nina Bordini Braga 
 
 
 
 
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de 
Engenharia Elétrica da Escola Politécnica, 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como 
parte dos requisitos necessários à obtenção do 
título de Engenheiro. 
 
 
 
Orientador: Walter Issamu Suemitsu, Dr.Ing 
 Co-Orientadora: Rita Cavaliere, MSc 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Fevereiro de 2014 
 
ii 
 
 
GERENCIAMENTO PELO LADO DA DEMANDA EM ÁREAS RESIDENCIAIS 
 
 
 
 
 
Nina Bordini Braga 
 
 
 
 
 
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO 
DE ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE 
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS 
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRA 
ELETRICISTA. 
 
 
 
 
Examinado por: 
 
___________________________________________________ 
 Prof. Walter Issamu Suemitsu, Dr.Ing 
 
 
___________________________________________________ 
Engª. Rita Cavaliere, MSc 
 
 
___________________________________________________ 
 Prof. Sergio Sami Hazan, Ph.D 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL 
FEVEREIRO DE 2014 
 
 
iii 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Braga, Nina Bordini 
Gerenciamento pelo lado da demanda em áreas residenciais/ 
Nina Bordini Braga. - Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 
2014. 
XI, 64 p.: il.; 29,7 cm. 
Orientador: Walter Issamu Suemitsu, Dr.Ing 
Co-Orientadora: Rita Cavaliere, MSc 
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de 
Engenharia Elétrica, 2014. 
Referências Bibliográficas: p. 56. 
1. Introdução. 2. Análise do Consumo de Energia Elétrica. 
 3. Gerenciamento pelo Lado da Demanda em Áreas Residenciais. 
4. Redes Elétricas Inteligentes. 5. Conclusão e Sugestão de 
Trabalhos Futuros. 6. Referências Bibliográficas. I. Suemitsu, 
Walter Issamu II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola 
Politécnica, Curso de Engenharia Elétrica. III. Gerenciamento pelo 
lado da demanda em áreas residenciais. 
 
 
iv 
 
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte 
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista. 
 
 
Gerenciamento pelo lado da demanda em áreas residenciais 
 
 
Nina Bordini Braga 
 
 
 
Fevereiro de 2014 
 
 
 
Orientador: Walter Issamu Suemitsu, Dr.Ing 
Co-Orientadora: Rita Cavaliere, MSc 
 
Curso: Engenharia Elétrica. 
 
 
Medidas de eficiência energética surgiram na década de oitenta, logo após o choque do 
petróleo, visto que o modelo de planejamento energético foi colocado em risco. Dentre 
tais medidas, o Gerenciamento pelo Lado da Demanda (GLD) se destacou, pois este 
colabora para uma operação mais segura e econômica, uma vez que reduz a demanda 
máxima, proporcionando assim a postergação da expansão com novas usinas, redes de 
transmissão e distribuição de energia. Dessa forma, o Gerenciamento pelo Lado da 
Demanda tornou-se uma ferramenta importante de planejamento para muitas 
concessionárias de eletricidade. Este trabalho analisa o papel do GLD orientado às 
residências, destacando o papel dos consumidores e do governo para o desempenho da 
sua implantação discute seu estado atual de aplicação no Brasil. O presente trabalho 
discute a estrutura para a incorporação do GLD, apresentando ideias sobre como tais 
programas podem ser implementados e monitorados. Neste aspecto as redes elétricas 
inteligentes são ressaltadas, ao permitir a geração de informações mais detalhadas e em 
tempo real, analisando-se ainda, os desafios para sua implantação e possíveis soluções 
para tal. 
 
Palavras-chave: Gerenciamento pelo lado da demanda (GLD), Redes Elétricas 
Inteligentes, Consumo, Curva de Carga, Demanda Máxima. 
 
v 
 
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of 
the requirements for the degree of Electrical Engineer. 
 
 
 
Demand Side Management in Residential Areas 
 
 
Nina Bordini Braga 
 
 
 
February/2014 
 
 
 
Advisors: Walter Issamu Suemitsu, Dr.Ing 
 Rita Cavaliere, MSc 
 
 
 
 
Course: Electrical Engineering 
 
 
Energy efficiency measures have emerged in the eighties, after the oil price shock, since 
the model of energy planning was jeopardized. Among these measures, the Demand 
Side Management (DSM) stood out, as this contributes to a safer and more economical 
operation, since it reduces the maximum demand, thus providing the postponement of 
expansion with new power plants, transmission and energy distribution. Thus the 
Demand Side Management has become an important planning tool for many electricity 
utility. This work examines the role of DSM oriented-residential, highlighting the role 
of consumers and government for the performance of its implementation, discusses its 
current state of implementation in Brazil. It provides a framework for incorporating 
presenting ideas about how such programs can be implemented and monitored. In this 
respect the smart grid are highlighted by allowing the generation of more detailed 
information in real time, analyzing the challenges to its implementation and possible 
solutions. 
 
Keywords: Demand side management (DSM), Smart Grids, consumption, load curve, 
Maximum Demand 
 
 
 
 
vi 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha família, pelo apoio incondicional, pelo suporte, educação, amor e carinho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
vii 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
Agradeço aos meus pais, Washington Luiz de Oliveira Braga e Maria da 
Conceição Bordini Braga e aos meus irmãos, Carolina Bordini Braga, Ana Beatriz 
Bordini Braga, Luiz Daniel Bordini Braga e Augusto Cesar Bordini Braga por todo 
apoio e carinho incondicional durante esses anos. 
 
Ao meu orientador, Prof. Walter Issamu Suemitsu, e a minha Co-Orientadora, 
Eng.ª Rita Cavaliere, pela oportunidade e comprometimento, ensinamentos e dedicação 
excepcional durante o desenvolvimento desse trabalho. 
 
A amiga que fiz na faculdade e levarei para a vida, Mayara Cagido, pelo 
companheirismo e amizade, motivando meu desenvolvimento como aluna. 
 
Ao meu namorado, Rodrigo Mazza Guimarães, pelo amor, carinho, apoio e 
companheirismo que me proporciona a cada dia. 
 
Agradeço aos amigos que também acompanharam ao longo desta longa 
caminhada e de alguma forma contribuíram pra minha formação pessoal e 
profissional. 
 
A Deus, por ter me iluminado ao longo de minha trajetória acadêmica. 
 
 
 
viii 
 
 
 ÍNDICE 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1 
1.1. Objetivo ............................................................................................................. 3 
1.2. Metodologia ....................................................................................................... 3 
1.3. Estrutura do Trabalho ........................................................................................ 4 
2. ANÁLISE DO CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA DO BRASIL .................. 5 
2.1. Considerações Gerais ......................................................................................... 5 
2.1.1. Classificação dos consumidores ................................................................. 7 
2.1.2. Consumo de Energia Elétrica nas Regiões do Brasil ................................. 7 
2.2. Consumo de Energia nas Edificações Residenciais ........................................... 9 
2.2.1. Curva de Carga de aparelhos elétricos .......................................................9 
2.2.2. Participação dos Eletrodomésticos no consumo Residencial ................... 10 
2.3. Estrutura Tarifária: Horário de Ponta e Fora de Ponta .................................... 10 
2.4. Curva de Carga ................................................................................................ 11 
2.4.1. Curva de Carga Residencial ..................................................................... 12 
2.4.2. Curva de Carga Industrial: ........................................................................ 12 
2.4.3. Curva de Carga Comercial ....................................................................... 13 
2.4.4. Curva de Carga de Iluminação Pública .................................................... 13 
2.5. O Problema do Período de Ponta ..................................................................... 14 
2.6. Conclusão ......................................................................................................... 14 
3. GERENCIAMENTO PELO LADO DA DEMANDA EM ÁREAS 
RESIDENCIAIS ............................................................................................................. 16 
3.1. Definição de Gerenciamento pelo Lado da Demanda ..................................... 16 
3.2. Objetivos do GLD ............................................................................................ 17 
3.3. Tipos de programas de GLD ............................................................................ 17 
3.3.1. O GLD Indireto; ....................................................................................... 18 
3.3.2. O GLD direto permitindo o controle direto da carga; .............................. 18 
3.4. Estratégias para moldar a curva de carga ......................................................... 19 
3.5. Impactos do GLD sobre a Sociedade e os Consumidores Residenciais .......... 21 
3.6. Critérios analisados pelos consumidores na implementação de programas de 
GLD 22 
3.7. Gerenciamento pelo lado da demanda e tarifação dinâmica ............................ 23 
3.8. Estrutura Tarifária ............................................................................................ 23 
3.8.1. Modalidades Tarifárias ............................................................................. 24 
3.8.2. Bandeira Tarifária ..................................................................................... 27 
3.9. Eficiência Energética ....................................................................................... 28 
3.9.1. Principais Mecanismos de Promoção à Eficiência energética e 
Conservação no Brasil. ........................................................................................... 29 
3.9.2. Críticas e Considerações ........................................................................... 37 
3.10. Ações de GLD no Brasil .............................................................................. 37 
3.11. Desafios para a Implantação do GLD no Brasil. .......................................... 38 
3.11.1. Falta de Informação dos Consumidores ................................................ 38 
ix 
 
3.11.2. Questões sobre a aceitação do consumidor ........................................... 38 
3.11.3. Restrições financeiras dos consumidores.............................................. 39 
3.11.4. Desinteresse Governamental. ................................................................ 39 
3.12. Aplicações Residenciais de GLD Baseada em Smart Grid .......................... 39 
3.13. Conclusão ..................................................................................................... 40 
4. REDES ELÉTRICAS INTELIGENTES ................................................................ 41 
4.1. Características das Redes Inteligentes ............................................................. 42 
4.2. Componentes das Redes Elétricas Inteligentes X Rede Elétrica Atual ........... 43 
4.3. Tecnologias e Infraestrutura para a Viabilização das Redes Elétricas 
Inteligentes ................................................................................................................. 44 
4.4. Motivadores para a implantação das Redes Elétricas Inteligentes no Brasil e no 
Mundo ......................................................................................................................... 45 
4.5. Projetos Pilotos de Redes Elétricas Inteligentes no Brasil .............................. 46 
4.6. Desafios para a implantação da REI no Brasil................................................. 49 
4.7. Conclusão ......................................................................................................... 50 
5. CONCLUSÃO E SUGESTÃO DE TRABALHOS FUTUROS ............................ 52 
5.1. Conclusão ......................................................................................................... 52 
5.2. Sugestão de Trabalhos Futuros ........................................................................ 54 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 55 
ANEXO I - Aplicação de Unidade de Gerenciamento de Energia local (LEMU) 59 
Aplicação de Unidade de Gerenciamento de Energia local (LEMU) ........................ 59 
Algoritmo do Gerenciamento da Energia ................................................................... 63 
 
 
x 
 
SUMÁRIO DE FIGURAS 
Figura 1. Consumo de energia elétrica na rede [8] ........................................................... 6 
Figura 2. Detalhamento do consumo energético nas diferentes regiões do Brasil. Fonte. 
[8] ..................................................................................................................................... 8 
Figura 3 Gráfico de consumo nas regiões do Brasil em [GWh] - adaptado de [8]. ......... 8 
Figura 4 Curva de Carga de Eletrodomésticos. Fonte: [10]. .......................................... 10 
Figura 5. Participação dos eletrodomésticos no consumo residencial em nível Brasil. 
Fonte: [10]. ..................................................................................................................... 10 
Figura 6. Curva de Carga típica. Fonte:[17] . ................................................................. 11 
Figura 7. Curva de Carga Residencial Típica. Fonte [17]. ............................................. 12 
Figura 8. Curva de Carga Industrial Típica. Fonte [17]. ................................................ 13 
Figura 9. Curva de Carga Comercial Típica. Fonte [17]. ............................................... 13 
Figura 10. Curva de Carga de Iluminação Pública Típica. Adaptado de [17]. ............... 14 
Figura 11: Possibilidades do GLD: Fonte [6]. ................................................................ 19 
Figura 12. Comparativo entre a Tarifa Branca e a Tarifa Convencional. Fonte:[30]. .... 25 
Figura 13. Selo Procel [2] ............................................................................................... 31 
Figura 14. Exemplo de Etiqueta utilizada em refrigeradores. Fonte:[36] ...................... 34 
Figura 15. A interação entre os diferentes domínios das redes Elétricas Inteligentes. 
Fonte:[48]. ...................................................................................................................... 44 
Figura 16. Motivadores Regionais das REI. Adaptado de: [4]. ...................................... 46 
Figura 17. Projetos Piloto de REI no Brasil. Adaptado de [49]. .................................... 47 
Figura 18. a) Representação esquemática da localização LEMU na casa ou aplicação 
residencial. b) Conexão LEMU á rede pública. Fonte: Adaptado de [44]. .................... 60 
Figura 19. Descrição do hardware LEMU e suas conexões. Fonte: Adaptado de[44]. .. 63 
Figura 20. O algoritmo do gerenciamento da energia. Fonte:[44]. ................................ 63 
 
 
xi 
 
 
SUMÁRIO DE TABELAS 
Tabela1. Classes de Consumidores Fonte:[9].................................................................. 7 
Tabela 2. Principais resultados energéticos das ações da Eletrobrás Procel em 2012 - 
Adaptado de [33]. ........................................................................................................... 30 
Tabela 3. Indicadores de resultados das ações da Eletrobrás Procel em 2012 - Adaptado 
de [33]. ............................................................................................................................ 30 
1 
 
Capitulo 1 
1. INTRODUÇÃO 
Em março de 1973, houve o primeiro choque do petróleo que marcou o início de 
uma nova era da economia mundial. Em razão disso, a aplicação de medidas de 
eficiência energética passou a ser alvo de intenso estudo, visto que o modelo de 
planejamento energético em vigor foi colocado em risco. Neste cenário, o 
Gerenciamento pelo Lado da Demanda (GLD) tornou-se uma ferramenta importante de 
planejamento para muitas companhias de eletricidade. Juntamente com as políticas de 
proteção ao meio ambiente, o GLD pode ser um instrumento eficaz contra o uso 
ineficiente e irracional de energia. 
Uma das maneiras mais modernas e utilizadas no mundo para conter a expansão 
do consumo sem comprometer qualidade de vida e desenvolvimento econômico tem 
sido o estímulo ao uso eficiente (Eficiência Energética). No Brasil, no que trata à 
energia elétrica, esse estímulo tem sido aplicado desde 1985, quando o Ministério de 
Minas e Energia (MME) criou o Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia 
Elétrica), de âmbito nacional e coordenado pela Eletrobrás [1]. 
O Procel visa promover o uso eficiente da energia elétrica, combatendo o 
desperdício e reduzindo os custos e os investimentos setoriais. Dentro desta iniciativa 
do governo federal, foi elaborado o Selo Procel, que orienta o consumidor na compra de 
produtos, sinalizando aqueles com melhores níveis de eficiência energética. Também 
estimula o desenvolvimento tecnológico de produtos mais eficientes e, como 
consequência, a preservação ambiental [2]. 
Um dos modelos de eficiência energética que tem sido objeto de pesquisa e 
projetos experimentais atualmente é o Gerenciamento pelo Lado da Demanda (GLD). 
Suas ações apresentam-se como uma eficiente alternativa de otimização na utilização 
2 
 
dos recursos disponíveis, sendo necessária uma abordagem de longo prazo, com análise 
de custo x benefício e a economia proporcionada pela postergação da expansão com 
novas usinas e redes de transmissão e distribuição de energia. As soluções que o GLD 
proporciona para atuação junto ao mercado consumidor colaboram para uma operação 
mais segura e econômica, uma vez que reduzem a demanda máxima e as taxas de 
retomada de carga durante o dia [3]. 
O modelo de rede elétrica inteligente, conhecido como Smart Grid, viabiliza e 
otimiza a implantação do sistema de Gerenciamento pelo Lado da Demanda. Smart 
Grid pode ser entendido como a rede que utiliza avançada tecnologia digital para 
coordenar e monitorar o transporte de eletricidade em tempo real com fluxo de energia e 
de informações bidirecionais entre o sistema de fornecimento de energia e o cliente final 
[4], que são funções importantes para o GLD. 
As vantagens das Redes Elétricas Inteligentes são diversas, começando pelo 
combate à ineficiência energética, uma vez que as concessionárias terão um maior 
controle sobre os “caminhos” da eletricidade até a casa do cliente [5]. Além disso, como 
o Smart Grid possibilita monitoramento em tempo real, no qual se permite que a 
distribuidora saiba remotamente, a quantidade da energia que está sendo consumida em 
cada domicílio, tanto a empresa fornecedora quanto os clientes terão como acompanhar 
de maneira mais próxima e frequente o consumo. Isso fará com que as pessoas tenham 
maior controle sobre seus gastos com o consumo de energia e a concessionária conheça 
melhor os hábitos dos seus clientes. A tecnologia também permitirá que sejam 
estabelecidas tarifas diferenciadas conforme o período do dia e conforme o consumo. 
O principal ponto de discussão sobre a instalação de Smart Grids no Brasil é 
que, com todas essas inovações, a implantação do serviço demanda grandes 
investimentos por parte das concessionárias de energia, que precisam incorporar 
http://www.sinonimos.com.br/traslado/
3 
 
sistemas de telecomunicações em suas estruturas para dar conta do desenvolvimento 
desses processos. Este talvez seja o principal obstáculo para a implantação do sistema 
no País, onde as relações custo-benefício ainda não se mostram equilibradas [5]. 
1.1. Objetivo 
Este trabalho tem como objetivo apresentar de forma direta e concisa os 
principais requisitos e métodos desenvolvidos no Gerenciamento pelo Lado da 
Demanda (GLD) em áreas residenciais, destacando os grandes desafios para a 
implementação do mesmo no Brasil e as possíveis soluções para tal. 
1.2. Metodologia 
A metodologia utilizada neste estudo foi a pesquisa bibliográfica, visto que ela 
oferece meios que auxiliam na definição e resolução dos problemas já conhecidos, 
como também possibilita explorar áreas onde os mesmos ainda não se concretizaram 
suficientemente. Possibilita também que um tema seja analisado sob novo enfoque ou 
abordagem, produzindo novas conclusões. 
O tema abordado foi o Gerenciamento pelo Lado da Demanda em Áreas 
Residenciais, e em sua pesquisa bibliográfica foram consultadas acervos da Agência 
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), Programa Nacional de Conservação de Energia 
Elétrica (PROCEL), Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Centro de Gestão e 
Estudos Estratégicos (CGEE), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) entre outras. 
Os materiais utilizados para a elaboração deste trabalho são de livre acesso, 
consultados por meio de livros, artigos, páginas na Internet e teses. O material 
bibliográfico foi primeiramente examinado com leitura dinâmica e, posteriormente, 
estudado detalhadamente. 
 
 
4 
 
1.3. Estrutura do Trabalho 
Além do presente capítulo, que mostrou um breve contexto do trabalho, 
principais objetivos e sua justificativa, estruturou-se o mesmo com mais cinco capítulos. 
No segundo capítulo, foram analisados o consumo de energia elétrica no Brasil, 
sua curva de carga e os esforços para manter a ponta do sistema elétrico Brasileiro em 
atividade. 
O terceiro capítulo está centrado na definição do Gerenciamento pelo Lado da 
Demanda e nas soluções que o GLD proporciona para atuação junto ao mercado 
consumidor residencial. Foram apresentadas as possibilidades e algumas experiências 
no Brasil de Gerenciamento pelo Lado da Demanda. 
 Já no quarto capítulo do trabalho é definido o conceito de Smart Grid associado 
à noção de uma avançada infraestrutura de medição para prover o gerenciamento pelo 
Lado da Demanda. 
Finalizando, o quinto e sexto capítulos apresentam respectivamente as 
conclusões do trabalho e a referência bibliográfica, além de um anexo sobre aplicação 
de Smart Grid. 
5 
 
Capítulo 2 
2. ANÁLISE DO CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA DO BRASIL 
Este capítulo tem como finalidade, descrever e analisar o consumo de energia 
elétrica no Brasil e em suas diferentes regiões, tendo como foco o setor residencial, que 
é um dos principais contribuintes para o pico do sistema. Portanto, é fundamental 
conhecer diferentes usos finais nas residências, tais como aquecimento, refrigeração ou 
iluminação, que contribuem para a curva de carga no momento do pico, descrevendo 
ainda a problemática do período de ponta para o sistema elétrico. 
2.1. Considerações Gerais 
O Gerenciamento pelo Lado da Demanda é o planejamento e a implementação, 
que envolve ações das concessionárias destinadas a influenciar nos consumidores de 
forma a produzir alterações desejadas na curva de carga [6]. Portanto para sua análise é 
necessário conhecer o perfil de consumo das regiões de atuação,assim sendo, nesse 
capítulo será analisado o consumo de energia elétrica do Brasil. 
 O consumo de energia é um dos principais indicadores do desenvolvimento 
econômico e do nível de qualidade de vida de qualquer sociedade. Ele reflete tanto o 
ritmo de atividade dos setores industrial, comercial e de serviços, quanto a capacidade 
da população para adquirir bens e serviços tecnologicamente mais avançados, como 
automóveis (que demandam combustíveis), eletrodomésticos e eletroeletrônicos (que 
exigem acesso à rede elétrica e pressionam o consumo de energia elétrica) [1]. 
O crescimento econômico do País tem requerido um aumento na disponibilidade 
e fornecimento de insumos energéticos. Nesse cenário, a energia elétrica apresenta uma 
participação ascendente ao longo dos anos. A presença da energia elétrica nos mais 
diversos setores da economia fez com que a mesma adquirisse grande importância, e o 
seu consumo racional tornou-se crucial para manter e assegurar a oferta [7]. 
6 
 
De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética [8], o crescimento do 
consumo de energia elétrica na rede no ano de 2012 foi liderado pelos setores de 
comércio e serviços (+7,9%) e residencial (+5,0%), que juntos, somaram 185 TWh, 
representando cerca de 43% do total consumido. A consulta a esta edição mostra que 
em 2012 foram consumidos 448,1TWh através da rede de distribuição, valor 3,5% 
acima do consumido em 2011 e com um consumo per capita de 2.545 kWh, como 
mostra na Figura 1. 
 
Figura 1. Consumo de energia elétrica na rede [8] 
Em 2020, estima-se que o consumo de energia elétrica será 61% superior ao ano 
de 2010, atingindo 730TWh. A indústria nacional tem importante papel nessa expansão, 
sendo responsável por 138TWh dos 277TWh adicionais de consumo de eletricidade 
nesse período [8]. 
7 
 
2.1.1. Classificação dos consumidores 
No Brasil, as unidades consumidoras são classificadas em dois grupos tarifários: 
Grupo A (alta tensão) e Grupo B (baixa tensão). O agrupamento é definido, 
principalmente, em função do nível de tensão em que são atendidos e também, como 
consequência, em função da demanda (kW) [9]. 
Tabela 1. Classes de Consumidores Fonte:[9]. 
Nível de Tensão Tipo de Consumidor 
 B1 Residencial 
 B2 Rural 
 B3 Poder Público 
B4 Iluminação Pública 
A1 Geral em 230 kV 
A2 Geral em 138 kV 
A3 Geral em 69 kV 
A4 Geral em 13,8 kV 
 
A classe de consumidores a ser estudada neste trabalho é a de nível de tensão 
B1, que segundo a ANEEL, é caracterizado por unidades consumidoras atendidas em 
tensão inferior a 2,3 kV, a qual corresponde a consumidores residenciais. 
2.1.2. Consumo de Energia Elétrica nas Regiões do Brasil 
 
O Brasil é um país de dimensões continentais, com grandes defasagens 
socioeconômicas. As regiões do Brasil apresentam intensas diferenças, seja no clima, na 
cultura, no tipo de colonização, no desenvolvimento industrial e agropecuário, na 
disponibilidade de recursos minerais ou nas políticas governamentais de cada estado da 
federação [10]. 
Em razão, disso o consumo de energia elétrica se distingue em cada região do 
Brasil, como é mostrado na Figura 2 e na Figura 3. 
8 
 
 
Figura 2. Detalhamento do consumo energético nas diferentes regiões do Brasil. Fonte. [8] 
 
 
Figura 3 Gráfico de consumo nas regiões do Brasil em [GWh] - adaptado de [8]. 
29.049 
75.610 
30.718 
235.237 
77.503 
0
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
Consumo de Energia nas Regiões do 
Brasil [GWh] 
Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul
9 
 
Como podemos inferir da Figura 3 a região Sudeste representa 52,5% do consumo 
total brasileiro, seguida da região Sul com 17,2%, da região Nordeste com 16,9%, da 
região Centro-Oeste com 6,9% e por último da região Norte com 6,5%. 
2.2. Consumo de Energia nas Edificações Residenciais 
Segundo [11] atualmente o consumo energético residencial no Brasil representa 
cerca de 26% do total da energia elétrica consumida no país, perdendo apenas para o 
setor Industrial, que representa aproximadamente 43%. Dessa forma o setor residencial 
tem grande destaque para programas de conservação da energia e no nosso estudo 
especificamente de Gerenciamento pelo Lado da Demanda em áreas residenciais. 
O consumo residencial de energia é considerado como o consumo realizado pelos 
usuários em suas unidades residenciais para os fins específicos de funcionamento de 
seus equipamentos elétricos e para o funcionamento do domicílio como um todo, não 
devendo ser consideradas as atividades comerciais que alguns consumidores realizam 
[12]. 
2.2.1. Curva de Carga de aparelhos elétricos 
Pelo fato do setor residencial ser um dos principais contribuintes para a ponta de 
carga do sistema, torna-se importante conhecer o comportamento dos diferentes 
aparelhos eletroeletrônicos nos usos finais das residências, tais como aquecimento, 
refrigeração ou iluminação, como contribuem para a curva de carga no momento do 
pico e também em outras horas do dia [13], como mostrado na Figura 4. 
 
10 
 
 
Figura 4 Curva de Carga de Eletrodomésticos. Fonte: [10]. 
 
2.2.2. Participação dos Eletrodomésticos no consumo Residencial 
Na Figura 5 é mostrada a participação dos eletrodomésticos mais importantes no 
consumo médio domiciliar, em nível Brasil. Esta mostra que o chuveiro elétrico, a 
geladeira, o condicionamento ambiental e as lâmpadas, conferem maior peso no 
consumo final de energia elétrica da classe residencial. 
 
Figura 5. Participação dos eletrodomésticos no consumo residencial em nível Brasil. Fonte: 
[10]. 
2.3. Estrutura Tarifária: Horário de Ponta e Fora de Ponta 
A resolução ANEEL 456/2000, depois complementada pela Resolução ANEEL 
090/2001, definiu horário de ponta e fora de ponta da seguinte forma [14]: 
11 
 
 Horário de Ponta (P) 
É o período definido pela concessionária e composto por três horas diárias 
consecutivas, exceção feita aos sábados, domingos, terça feira de carnaval, sexta feira 
da paixão, “corpus Christi”, dia de finados e os demais feriados definidos por lei 
federal, considerando as características do seu Sistema Elétrico. 
 Horário Fora de Ponta (F) 
 Período composto pelo conjunto das horas diárias consecutivas e complementares 
àquelas definidas no horário de ponta. 
2.4. Curva de Carga 
De acordo com [15] a curva de carga é o registro horário, em um período diário, 
das demandas de capacidade, podendo ser, excepcionalmente para período semanal, 
mensal ou anual. 
A curva de Carga típica é mostrada na Figura 6, ela é o “somatório” das curvas 
de cargas típicas: residencial, comercial, industrial e de iluminação pública, que serão 
descritas a seguir, segundo [16]. 
 
Figura 6. Curva de Carga típica. Fonte:[17] . 
 
12 
 
2.4.1. Curva de Carga Residencial 
A curva de carga residencial tem crescimento ao longo do dia, acentuando seu 
crescimento a partir das 17:00 horas, visto que é o horário a partir do qual as pessoas 
começam a retornar para suas residências após o trabalho/escola. Seu pico (consumo 
máximo) ocorre por volta das 20:00 horas, período em que há maior uso dos 
eletrodomésticos e principalmente dos chuveiros elétricos, como mostra a Figura 7. Seu 
formato típico é dado apenas em dias úteis e desconsiderando finais de novelas, jogos 
importantes etc. Pois nesses casos há uma queda brusca de consumo no início dos 
mesmos e aumento na demanda de energia no intervalo da novela ou do jogo. 
 
 Figura 7. Curva de Carga Residencial Típica. Fonte [17]. 
 
2.4.2. Curva de Carga Industrial: 
No consumo industrial, a demanda média flutua em torno de um determinado 
valor no horário fora de ponta com uma acentuada queda no horário de ponta (período 
de maior carregamento do sistema). No período de ponta, a tarifa de energia e demanda 
elétrica são mais caras para os consumidores industriais, dessa forma seu consumotende a cair e volta ao término do horário de ponta, como mostrado na Figura 8. 
13 
 
 
Figura 8. Curva de Carga Industrial Típica. Fonte [17]. 
 
2.4.3. Curva de Carga Comercial 
 Para a curva de carga comercial, a demanda é bastante elevada durante o horário 
comercial, tendo seu pico por volta das 19h, quando todos os sistemas de iluminação 
desse setor estão ligados. Há um ligeiro declínio na hora do almoço, após o horário 
comercial, há redução da demanda, em virtude do fechamento dos estabelecimentos 
comerciais, como mostrado na Figura 9. 
 
Figura 9. Curva de Carga Comercial Típica. Fonte [17]. 
 
2.4.4. Curva de Carga de Iluminação Pública 
Caracteriza-se por demandar energia constante durante a noite/madrugada e por 
não demandar energia durante o período diurno, quando há iluminação natural. A 
mesma é bastante influenciada pela adoção do horário de verão, visto que, se desloca o 
14 
 
momento em que a iluminação pública é acionada, estimulando a redução na demanda 
de energia no período de pico. Sua forma típica é mostrada na Figura 10. 
 
Figura 10. Curva de Carga de Iluminação Pública Típica. Adaptado de [17]. 
 
2.5. O Problema do Período de Ponta 
O sistema elétrico é projetado para o atendimento de uma dada potência, no caso 
a ponta. Desta forma, paga-se um alto preço, pela expansão do sistema elétrico para a 
utilização de energia elétrica por um curto tempo. Durante todo o tempo do período fora 
de ponta, uma fração do investimento feito satisfaria as necessidades dos consumidores. 
Consequentemente, subtrair consumo de energia da ponta significa uma melhor 
utilização das instalações e o adiamento de novos investimentos, problemas sociais e 
ambientais, revertendo em menores custos de energia para o consumidor [18]. 
2.6. Conclusão 
Neste capítulo foi traçado o perfil de consumo de energia elétrica do Brasil, com 
foco no setor residencial, mostrando a participação dos eletrodomésticos no consumo de 
energia, a curva de carga de cada segmento e a problemática do período de ponta. 
Foi possível observar que o consumo de energia elétrica brasileiro não é 
uniforme, concentrado principalmente na região Sudeste, representando 52,5% do 
consumo total, os outros 47,5% estão distribuídos, de maneira diferenciada, pelas quatro 
15 
 
regiões restantes. Essa discrepância está associada a uma série de questões históricas, 
incluindo o grau de urbanização, o desenvolvimento industrial e as políticas 
governamentais de cada estado da federação. No que diz respeito aos eletrodomésticos, 
aqueles que conferem maior peso no consumo final de energia elétrica da classe 
residencial são o chuveiro elétrico, a geladeira e aparelhos de condicionamento 
ambiental. 
Desse modo, o Sudeste é a região que mais contribui para o pico da curva de 
carga entre o horário de 18h às 21h e os eletrodomésticos que mais contribuem no 
consumo médio domiciliar são, o chuveiro elétrico, a geladeira e aparelhos de 
condicionamento ambiental. Tais informações são de extrema importância para a 
aplicação do GLD no Brasil, consequentemente para o atual trabalho, na medida em 
que, o princípio básico do GLD é deslocar a demanda dos horários de pico para os 
horários fora de pico, portanto é necessário conhecer o perfil de consumo das regiões de 
atuação. 
 
 
16 
 
Capítulo 3 
3. GERENCIAMENTO PELO LADO DA DEMANDA EM ÁREAS RESIDENCIAIS 
Nesse capitulo será apresentada a conceituação de Gerenciamento pelo Lado da 
Demanda com foco para aplicação em consumidores residenciais e as ferramentas 
necessárias para a compreensão e análise deste. 
 Analisa-se ainda, neste capítulo, o objetivo de programas de GLD, os tipos, seus 
impactos sobre a sociedade e sobre os consumidores residenciais, os critérios 
analisados, as estratégias para moldar a curva de carga e a atual à estrutura tarifária 
Brasileira. Também serão apresentados, de forma crítica, os principais mecanismos de 
promoção de eficiência energética e as possíveis ações de GLD no Brasil, destacando-se 
os grandes desafios para a implantação deste no país. 
3.1. Definição de Gerenciamento pelo Lado da Demanda 
O Gerenciamento pelo Lado da Demanda, GLD (DSM, do inglês Demand Side 
Management) é o planejamento e a implementação, que envolvem ações das 
concessionárias destinadas a influenciar os consumidores de forma a produzir alterações 
desejadas na curva de carga. Estas atividades englobam: Gerenciamento de carga, 
conservação estratégica, eletrificação, geração de energia pelo lado do consumidor, 
substituição de equipamentos obsoletos por mais eficientes e estratégias para o 
crescimento da participação no mercado. Para que a capacidade da implementação seja 
bem sucedida, deve haver um equilíbrio das necessidades de serviços públicos junto ao 
cliente [6]. 
O GLD permite um uso mais eficaz dos recursos existentes, incluindo os 
ambientais, tornando possível postergar ou até mesmo cancelar a construção de novas 
usinas geradoras e as correspondentes instalações de transmissão e distribuição para 
escoamento da energia elétrica, possibilitando assim uma significativa economia [19]. 
17 
 
Em razão disso, os programas de Gerenciamento pelo Lado da Demanda 
assumem uma importância adicional para o Setor Elétrico Brasileiro, visto que são uma 
reação ao impasse: mercado consumidor que se expande sem que haja recursos 
disponíveis para novos investimentos a médio e curto prazo [20]. 
Dessa forma, programas de GLD trazem benefícios para a sociedade em geral: 
as concessionárias de energia elétrica têm mais uma alternativa no planejamento da 
matriz energética, os consumidores têm suas despesas com energia reduzidas e a 
sociedade usufrui com a melhor utilização dos recursos disponíveis, acarretando em 
menos agressão ao meio ambiente. 
3.2. Objetivos do GLD 
Segundo [21], os objetivos do Gerenciamento pelo Lado da Demanda são: 
 Melhorar a confiabilidade da rede; 
 Reduzir picos de consumo e a demanda total de energia; 
 Deslocamento de carga quando o sistema estiver operando próximo à capacidade 
de geração. 
 Aumentar a eficiência energética melhorando o balanceamento da rede; 
 Gerenciar os gastos com energia; 
 Proporcionar um maior controle dos equipamentos; 
 Favorecer a geração distribuída; 
 Aumentar a utilização e o fator de carga das unidades geradoras; 
3.3. Tipos de programas de GLD 
Os programas de Gerenciamento pelo Lado da Demanda podem ser divididos 
em duas categorias; o GLD direto, no qual a concessionária determina as cargas a serem 
desconectadas ou reduzidas, conforme condições especificadas em um contrato de 
interrupção com o consumidor, ou ainda o GLD indireto onde o próprio consumidor 
18 
 
remaneja sua demanda em resposta a sinais de preço gerados pela concessionária [22]. 
Segue abaixo a descrição de cada um. 
3.3.1. O GLD Indireto; 
São programas que não permitem o controle direto da carga. Esses programas 
provocam alterações na curva de carga mediante mudanças induzidas nos hábitos de 
consumo de energia elétrica [23], como exemplo, as tarifas variáveis no tempo, 
incentivando os clientes a consumirem em horários fora de ponta; programas de 
educação do consumidor, procurando ensinar o cliente como conservar a energia; 
programas envolvendo publicidade e marketing para estimular os consumidores a 
conservar a energia e programas governamentais dando descontos em aparelhos 
modernos, mais eficientes que consomem menos energia elétrica. 
3.3.2. O GLD direto permitindo o controle direto da carga; 
 
O controle de carga direto, DLC (do ingles, Direct load control), permite que a 
concessionária controle remotamente o funcionamento de determinados aparelhos, 
podendo ligar/desligar aparelhos específicos, fora e durante os períodos de pico de 
demanda e eventos críticos. O DLC é baseado em um acordo facultativo entre a 
concessionária e o cliente, onde este queparticipa do programa recebe uma 
compensação na conta de energia elétrica, ou seja, a conta de luz é reduzida [24]. 
As aplicações mais comuns são em ar condicionado, aquecedores de água e 
bombas de piscina, classificados como aparelhos “interruptíveis”, podendo ser pausado 
e religado. Equipamentos “não-interruptíveis”, como máquinas de lavar e máquinas de 
lavar louça, precisam ser operados continuamente e não se aplicam a uma política 
baseada em DLC [25]. 
No Brasil ainda não há programas de controle direto de carga, e ainda são 
poucos significativos os esforços para sua implantação. Já nos Estados Unidos, a 
19 
 
implantação de DLC, em 2012, foi a estratégia com maior impacto na redução de picos 
de demanda de consumo, reafirmando sua eficácia [26]. 
3.4. Estratégias para moldar a curva de carga 
 O GLD proporciona para atuação junto ao mercado consumidor uma operação 
mais segura e econômica, uma vez que reduzem a demanda máxima e as taxas de 
retomada de carga durante o dia [3]. 
Nesse cenário, existem seis estratégias para moldar a curva de carga, mostradas 
na Figura 11 e descritas abaixo: conservação estratégica, crescimento estratégico da 
carga, curva de carga flexível, deslocamento de carga, preenchimento de vales e 
redução do pico [6]. 
 
 Figura 11: Possibilidades do GLD: Fonte [6]. 
i) Conservação estratégica (strategic conservation): 
As concessionárias adotam programas para incentivar o uso eficiente de energia 
elétrica, a fim de reduzir a demanda não somente no horário de ponta, mas durante as 
20 
 
outras horas do dia. Isso pode reduzir o custo médio de combustível e postergar a 
necessidade para adição futura de capacidade de transmissão, geração e distribuição. 
ii) Crescimento estratégico da carga (strategic load growth): 
É proporcionado por meio do incentivo a adoção de tecnologias baseadas em 
eletricidade para substituir equipamentos ineficientes baseados em combustíveis fósseis 
ou para melhorar a produtividade do consumidor e sua qualidade de vida. Isso reduz o 
custo médio de serviço ao distribuir custos fixos sobre uma base maior de vendas de 
energia, além de beneficiar todos os consumidores. 
iii) Curva de carga flexível (flexible load shape): 
Conceito relacionado à confiabilidade. No planejamento futuro, que deve 
englobar o estudo da oferta e da demanda, a carga poderá ser flexível se forem dadas 
aos consumidores opções de qualidade do serviço, que variam conforme o preço. Este 
programa envolve carga não interrompível, gerenciamento integrado da energia e 
aparelhos individuais de controle. 
iv) Deslocamento da carga (load shifting): 
Esta técnica de gerenciamento de carga incentiva os consumidores a deslocarem 
o consumo de energia elétrica do horário de pico para o horário fora do pico. Desse 
modo, essa técnica combina os efeitos do corte de ponta e do preenchimento de vale. É 
feito por meio de incentivos financeiros, impondo tarifas elevadas no horário de pico, 
com tarifas mais baixas nos momento de menor carregamento do sistema, 
impulsionando assim a transferência de carga para esses horários. 
v) Preenchimento de vales (valley filling): 
Este método incentiva o cliente a consumir mais energia elétrica durante 
períodos em que a concessionária gera energia a custos mais baixos. Sua consequência 
pode ser a redução dos custos de serviço por distribuir os custos fixos de capacidade 
21 
 
sobre uma base maior de venda de energia e também por diminuir custos médios de 
combustível. 
vi) Rebaixamento de pico (peak clipping): 
Uma das formas mais clássicas de gerenciamento de carga. Ele é definido como 
a redução da carga de ponta, conseguido geralmente através do controle direto de carga 
(desligamento de aparelhos através das concessionárias) e pela tarifação horária. Este 
método pode reduzir os custos da concessionária, visto que a necessidade de operar suas 
unidades de geração mais caras é reduzida e também por postergar investimentos na 
expansão da capacidade de geração, transmissão e distribuição. 
3.5. Impactos do GLD sobre a Sociedade e os Consumidores Residenciais 
Segundo [23] os programas de GLD geralmente afetam o uso da demanda e 
energia dos consumidores com auxílio de quatro recursos: 
 Promovendo alterações nas instalações e nos aparelhos de energia elétrica; 
Incentivar o consumidor a reformar instalações elétricas antigas e comprar 
aparelhos mais modernos e eficientes. 
 Alterando o modo de uso dos aparelhos existentes; 
Através de programas de controle direto de determinadas cargas por conta da 
concessionária, em que tais cargas são desligadas, automaticamente, a intervalos 
regulares durante o dia, resultando descontos na conta de luz do consumidor, ou ainda, 
modificações sugeridas nas residências dos usuários, propondo isolamentos adicionais 
ou janelas mais apropriadas à conservação ambiental. 
 Mudando os hábitos dos consumidores em relação à utilização da energia 
elétrica; 
Mudanças nos hábitos dos consumidores, por meio de programas educativos e 
campanhas de marketing. 
22 
 
 Tarifas variáveis no tempo; 
O uso de tarifas variando ao longo do dia procura sinalizar aos consumidores 
que o custo de produção da energia não é uniforme, existindo períodos no qual ele é 
mais caro (horário de ponta) e horas no qual é mais barato (fora de ponta). Desse modo, 
esta estrutura tarifária procura incentivar o cliente a consumir mais energia elétrica fora 
do horário de ponta, em que a tarifa é mais barata. 
3.6. Critérios analisados pelos consumidores na implementação de programas de 
GLD 
Os consumidores julgam os seguintes itens ao analisarem os possíveis impactos 
de programas de GLD que lhes são ofertados [23]; 
 Incentivos oferecidos para sua adesão; 
Para aderir ao programa os consumidores precisam de incentivos que venham de 
encontro aos seus interesses. Como por exemplo, a redução do custo tarifário ao adotar 
programas de controle direto de cargas. 
 O grau de severidade dos programas; 
Nesse caso o programa é avaliado de acordo com sua severidade, isto é, não será 
aceito pelos clientes se levar a cortes extremos de eletricidade, como exemplo: em 
dias de verão, aparelhos de ar condicionado serem desligados por várias horas. 
 As modificações no estilo de vida que podem ser ocasionadas pelo programa; 
Se o programa afetar demasiadamente o estilo de vida dos consumidores, ele 
pode não ser aceito. 
 Considerações estéticas; 
Procura-se verificar se os equipamentos a serem instalados, como equipamentos 
para controle direto da carga, alterarão a estética e a arquitetura das residências. 
 
23 
 
 Serviços oferecidos aos consumidores; 
Verifica-se o nível de comunicação com a concessionária, o padrão e a qualidade 
das instalações, dos equipamentos, e do atendimento em caso de manutenção. 
3.7. Gerenciamento pelo lado da demanda e tarifação dinâmica 
Uma das maiores preocupações do setor regulado de energia elétrica é a busca 
por padrões de consumo que sejam capazes de administrar, de forma consciente e no 
curto prazo, os picos de consumo, ao mesmo tempo em que, sem reduzir o bem-estar 
propiciado pelo uso de energia, reduzam a demanda futura de longo prazo. O 
instrumento regulatório à disposição para balancear esses objetivos é a tarifa, que 
incentivadas são provavelmente o instrumento mais relevante em muitos programas de 
GLD. O gerenciamento das tarifas pelo lado da demanda é uma das ferramentas que 
pode promover um uso mais racional dos recursos [27]. 
Recentemente a estrutura tarifária brasileira sofreu intensas mudanças, a fim de 
alcançar tais objetivos. A seguir será descrita a estrutura tarifária brasileira atual, 
destacando a tarifa branca, que demonstra tal mudança. 
3.8. Estrutura Tarifária 
Estrutura Tarifária é a forma como os diversos tipos de consumidores pagam pelo 
uso da energia elétrica, divididos por subgrupos e modalidades detarifas de acordo com 
horas de uso, nível de tensão e localização [28]. 
É quase impossível tratar do tema Gerenciamento pelo Lado da Demanda sem falar 
sobre Tarifas. Em praticamente todos os programas, uma modalidade especial é criada 
ou algum tipo de incentivo é dado aos participantes. 
24 
 
3.8.1. Modalidades Tarifárias 
Como o atual trabalho se restringe para áreas residenciais, focaremos na estrutura 
tarifária para o grupo B1. Sobre as modalidades tarifárias para o grupo B, a proposta 
consiste de duas modalidades tarifárias, descritas segundo a [29]: 
 Modalidade Tarifa convencional: Monômia
1
, com um preço de consumo de 
energia em R$/MWh sem distinção horária. A modalidade convencional já vem sendo 
aplicada. 
 Modalidade Tarifa branca: Monômia, com três preços de consumo de energia em 
R$/MWh, de acordo com os postos tarifários. 
3.8.1.1.Tarifa Branca 
 
 Segundo a ANEEL, ainda em 2014 os consumidores terão acesso à Tarifa 
Branca. Ela é uma nova opção de tarifa que sinaliza aos consumidores a variação do 
valor da energia conforme o dia e o horário do consumo. A mesma será oferecida 
para as instalações em baixa tensão (127, 220, 380 ou 440 Volts). 
A proposta da tarifa branca é incentivar os clientes a deslocarem o consumo dos 
períodos de ponta para aqueles em que a distribuição de energia elétrica tem 
capacidade ociosa, nos quais a tarifa é mais barata, reduzindo o valor da fatura no 
fim do mês e a necessidade de ampliação da rede da distribuidora para atendimento 
do horário de pico. A tarifa branca será facultativa, e caso o cliente não pretenda 
modificar seus hábitos de consumo, a tarifa convencional continuará disponível 
[30]. 
A Tarifa Branca funcionará da seguinte forma: Nos dias úteis, o valor Tarifa 
Branca varia em três horários: ponta, intermediário e fora de ponta. Na ponta e no 
 
1 Conforme estabelecido na resolução 414/2010 da ANEEL tarifa Monômia é a tarifa de fornecimento de 
energia elétrica constituída por preços aplicáveis unicamente ao consumo de energia elétrica ativa e 
consumidor residencial é definido como unidade consumidora com fim residencial e baixa renda, com 
regulamento específico. 
25 
 
intermediário (das 17h às 18h e das 22h às 23h), a energia é mais cara. Fora de 
ponta, é mais barata. Nos finais de semana e feriados nacionais, o valor é sempre 
fora de ponta como é mostrado na Figura 12. 
 
 
 Figura 12. Comparativo entre a Tarifa Branca e a Tarifa Convencional. Fonte:[30]. 
De acordo com a ANEEL é importante que o consumidor, antes de optar pela 
Tarifa Branca, conheça seu perfil de consumo e a relação entre a Tarifa Branca e a 
Tarifa Convencional. A Tarifa Branca não é recomendada se o consumo for maior nos 
períodos de ponta e intermediário e não houver possibilidade de transferência do uso 
dessa energia elétrica para o período fora de ponta. Quanto mais o consumidor deslocar 
seu consumo para o período fora de ponta e quanto maior for a diferença entre essas 
duas Tarifas, maiores são os benefícios da Tarifa Branca. 
Segundo a ANEEL foram propostas as seguintes regras na audiência Pública nº 
43/2013: 
http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/audiencia/dspListaDetalhe.cfm?attAnoAud=2013&attIdeFasAud=764&id_area=13&attAnoFasAud=2013
http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/audiencia/dspListaDetalhe.cfm?attAnoAud=2013&attIdeFasAud=764&id_area=13&attAnoFasAud=2013
26 
 
 A adesão será uma opção do consumidor, e a solicitação deverá ser atendida pela 
distribuidora em até 30 dias; 
 A opção pela modalidade tarifária Branca poderá ser exercida por todos os 
titulares de unidades atendidas em baixa tensão, exceto aquelas classificadas 
como iluminação pública ou que façam uso do sistema de pré-pagamento; 
 A adesão de uma nova ligação, no caso de o consumidor querer iniciar o 
fornecimento com aplicação da modalidade tarifária Branca, deve ser atendida 
pela distribuidora dentro dos prazos definidos pela Resolução Normativa nº 
414/2010 (máximo de 5 dias em área urbana e 10 dias em área rural); 
 O consumidor poderá retornar à Tarifa Convencional a qualquer tempo, devendo 
ser atendido pela distribuidora em até 30 dias. Na hipótese desse retorno à 
Convencional, uma nova adesão à Tarifa Branca só seria possível após o decurso 
de 180 dias; 
 Os custos relativos ao medidor e à sua instalação são de responsabilidade da 
distribuidora; eventuais custos para alterações no padrão de entrada da unidade 
consumidora competem ao solicitante; 
 O consumidor poderá solicitar um medidor com funcionalidades adicionais, 
devendo porém arcar com a diferença de preço desse equipamento em relação ao 
medidor normal; 
 A fatura deverá discriminar os valores de consumo em cada período (ponta, fora 
de ponta e intermediário); 
 Os descontos da Tarifa Social devem ser concedidos de forma progressiva, 
observados os respectivos períodos em que tenha ocorrido o consumo e 
aplicados os descontos da faixa de consumo seguinte somente quando 
ultrapassado o limite máximo de consumo da faixa anterior. 
27 
 
3.8.2. Bandeira Tarifária 
Além da Tarifa Branca, o sistema tarifário brasileiro sofrerá outra mudança, o 
sistema de Bandeiras Tarifárias, que será válida a partir de 2015. O sistema possui três 
bandeiras: verde, amarela e vermelha e segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica 
(ANEEL), as bandeiras funcionam como um “semáforo de trânsito”, indicando se a 
energia custará mais ou menos, em função das condições de geração de eletricidade e se 
refletirão em diferença de tarifa para o consumidor. 
 Bandeira verde: condições favoráveis de geração de energia. A tarifa não sofre 
nenhum acréscimo; 
 Bandeira amarela: Indica um sinal de atenção, pois as condições de geração 
estão menos favoráveis. A tarifa sofre acréscimo de R$ 1,50 para cada 100 
quilowatt-hora (kWh) consumidos; 
 Bandeira vermelha: Indica que a situação anterior está se agravando, isto é, 
condições mais custosas de geração. A tarifa sofre acréscimo de R$ 3,00 para 
cada 100 kWh consumidos. 
As Bandeiras Tarifárias não representaram um custo a mais na conta de luz, e 
sim, são apenas uma forma diferente de indicar um custo que consta na conta, que 
geralmente passa despercebido pelos consumidores. Atualmente, os custos com compra 
de energia pelas distribuidoras são incluídos no cálculo de reajuste das tarifas dessas 
distribuidoras e são repassados aos consumidores um ano depois de ocorridos, quando a 
tarifa reajustada passa a valer. Com as bandeiras, haverá a sinalização mensal do custo 
de geração da energia elétrica que será cobrada do consumidor, com acréscimo das 
bandeiras amarela e vermelha [31]. 
Essa sinalização concede ao consumidor a oportunidade de adaptar seu consumo 
de energia elétrica, gerenciando melhor o mesmo e reduzindo o valor da conta de luz. O 
28 
 
público alvo das Bandeiras Tarifárias serão todos os consumidores do Sistema 
Interligado Nacional (SIN), de alta e baixa tensão. 
3.9. Eficiência Energética 
 A eficiência energética é uma importante ferramenta no atendimento à 
demanda, ela entrou em pauta mundial a partir de 1970 com o choque do petróleo, no 
qual o uso das reservas de recursos fósseis obteve um aumento expressivo em seu custo. 
Como resultado constatou-se que dado serviço poderia ser realizado com um gasto de 
energia reduzido e, portanto com reduzidos impactos ambientais, sociais, culturais e 
econômicos. 
Hábitos de consumo e aparelhos começaram a ser considerados em termos da 
conservação da energia, tendo sido apresentado que diversas iniciativas que resultam em 
maior eficiência energética são economicamente viáveis, isto é, o custo da implantação 
de tais iniciativas é menor do que o custo de produzir a energia cujo consumo é 
poupado. Recentemente, a eficiência energética ganhou nova motivação, a preocupação 
com a questão das mudanças climáticasdecorrentes do aquecimento global do planeta, 
no qual à produção e o consumo de energia tem uma significativa participação. Desse 
modo, é justificado destacar a eficiência energética quando se analisa a oferta e o 
consumo de energia. Essa preocupação se fundamenta mesmo em um país como o 
Brasil, em que apresenta uma matriz energética em que sua maioria está associada a 
energias renováveis [32]. 
Além disso, a eficiência no uso da energia é uma importante ferramenta no 
atendimento da demanda, contribuindo para a segurança energética, para a modicidade 
tarifária, para a competitividade da economia e para a redução das emissões de gases de 
efeito estufa [32]. 
29 
 
3.9.1. Principais Mecanismos de Promoção à Eficiência energética e 
Conservação no Brasil. 
Diversas iniciativas de eficiência no uso da energia e conservação de energia 
vêm sendo empreendidas há mais de 20 anos no Brasil. Seguem abaixo os principais e em 
seguida serão abordados com mais detalhes. 
 O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL): 
 Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997; 
 Lei nº 9.991, de 24 de julho de 2000; 
 O Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE); 
 O Programa de apoio a Projetos de Eficiência Energética (PROESCO): 
 Lei de nº 10.295/2001, de 17 de outubro de 2001(regulamentada pelo 
Decreto nº 4.059, de 19 de dezembro de 2001); 
 Política de banimento gradativo das lâmpadas incandescentes por faixa 
de potência por meio da Portaria Interministerial MME/MCTI e MDIC, 
nº 1.007/2010. 
3.9.1.1.O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL). 
O PROCEL foi criado em 1985, coordenado pelo MME e executado pela 
Eletrobrás e tem por objetivo promover o uso eficiente da energia elétrica e combater o 
seu desperdício. O mesmo é constituído por diversos subprogramas, dentre os quais se 
destacam ações nas áreas de iluminação pública, industrial, saneamento, educação, 
edificações, prédios públicos, gestão energética municipal, informações, 
desenvolvimento tecnológico e divulgação, são eles: 
 Procel GEM - Gestão Energética Municipal. 
 Procel Sanear - Eficiência Energética no Saneamento Ambiental. 
 Procel Educação - Informação e Cidadania. 
 Procel Indústria - Eficiência Energética Industrial. 
30 
 
 Procel Edifica - Eficiência Energética em Edificações. 
 Procel EPP - Eficiência Energética nos Prédios Públicos. 
 Procel Reluz - Eficiência Energética na Iluminação Pública e Sinalização 
Semafórica. 
 Procel Selo - Eficiência Energética em Equipamentos. 
 Procel Info - Centro Brasileiro de Informação de Eficiência Energética 
Segundo [33] estima-se que em 2012 o Procel tenha alcançado um resultado de 
economia de energia de aproximadamente 9 bilhões de kWh. Esse resultado equivale 
aproximadamente a 2 % do consumo total de energia elétrica no Brasil no ano de 2012. 
Além disso, estima-se que o Procel foi responsável por uma redução de demanda na 
ponta de 3.458 MW. 
Os principais resultados energéticos alcançados pelo Procel são apresentados na 
Tabela 2, e na 
Tabela 3 mostra alguns indicadores da economia de energia obtida no ano. 
Tabela 2. Principais resultados energéticos das ações da Eletrobrás Procel em 2012 - 
Adaptado de [33]. 
RESULTADO Total 
Energia Economizada (Bilhões de kWh) 9,097 
Redução de Demanda de Ponta (MW) 3.458 
Usina Equivalente (MW)³ 2.182 
Emissão de CO2 Equivalente Evitada (mil tCO2e) 624 
 
Tabela 3. Indicadores de resultados das ações da Eletrobrás Procel em 2012 - Adaptado de 
[33]. 
INDICADOR Total 
Economia em relação ao consumo total de energia 
elétrica no Brasil (%) 2,03 
Economia em relação ao consumo residencial 
de energia elétrica no Brasil (%) 7,74 
31 
 
Número de residências que poderiam ser atendidas 
com a economia de energia, durante 1 ano (milhões) 4.8 
 
De acordo com [33] os resultados energéticos alcançados pelo Programa se 
devem principalmente ao Selo Procel. O mesmo foi criado através do Decreto 
Presidencial de 8 de Dezembro de 1993 e caracteriza-se como um dos subprogramas do 
Procel. O selo Procel tem como objetivo orientar o consumidor, indicando os produtos 
que apresentam os melhores níveis de eficiência energética, promovendo dessa forma, a 
redução do consumo e consequentemente uma maior economia na conta de energia 
elétrica. 
Para que um aparelho contenha o Selo Procel, o qual é mostrado na Figura 13, é 
necessário ser submetido a testes em laboratórios que confirme sua atuação em 
eficiência. 
 
Figura 13. Selo Procel [2] 
 
No decorrer dos anos, o Selo vem colaborando para um aumento dos índices de 
eficiência energética de diversos equipamentos, estimulando a fabricação e a 
comercialização de produtos mais eficientes, contribuindo para o desenvolvimento 
tecnológico e a preservação do meio ambiente. Além de promover uma redução 
significativa do consumo de energia elétrica no país [33]. 
32 
 
3.9.1.2. Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997. 
 
A Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, restabelece os princípios e objetivos da 
“Política Energética Nacional” que define, em seu artigo 1º, o aproveitamento racional 
das fontes de energia, os quais visarão aos seguintes objetivos: proteção ao meio 
ambiente, promoção da conservação de energia, utilização de fontes alternativas de 
energia, dentre outros assuntos. Esta lei instituiu o Conselho Nacional de Política 
Energética – CNPE. Entre outras competências, o CNPE deve “Promover o 
aproveitamento racional dos recursos energéticos do País”. Para o exercício de suas 
atribuições, o “CNPE contará com o apoio técnico dos órgãos reguladores do setor 
energético”, onde vemos uma premissa para a atuação de Agências Reguladoras como 
ANEEL(Agência Nacional de Energia Elétrica) e ANP (Agência Nacional do Petróleo, 
Gás Natural e Biocombustíveis) [34]. 
3.9.1.3. Lei nº 9.991, de 24 de julho de 2000. 
 
A Lei nº 9.991, de 24 de julho de 2000, estabelece a aplicação do montante de 
0,5% da receita operacional líquida – ROL – das concessionárias distribuidoras de 
energia elétrica em projetos de eficiência energética voltados ao uso final. A mesma 
também estipula os percentuais mínimos para investimento em pesquisa e 
desenvolvimento do setor pelas concessionárias do setor de energia elétrica. Os 
investimentos são aplicados em programas das próprias empresas, ou através do 
FNDCT - Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, além de 
parcela destinada ao MME para estudos e pesquisas de planejamento da expansão do 
sistema energético, assim como os de viabilidade indispensável ao aproveitamento dos 
potenciais hidrelétricos e de inventário. 
Em 28 de março de 2007, a Lei nº 11.465 alterou os incisos I e III do caput do 
art. 1º da Lei 9.991, de 24 de julho de 2000, prorrogando, até 31 de dezembro de 2010, 
33 
 
a obrigação de as concessionárias e permissionárias de serviços públicos de distribuição 
de energia elétrica aplicarem, no mínimo 0,50% (cinquenta centésimos por cento) de 
sua receita operacional líquida em programas de eficiência energética no uso final. 
Segundo [35] a finalidade desses programas é evidenciar a relevância de ações 
de eficiência energética e de combate ao desperdício de energia elétrica, maximizando 
os benefícios da energia economizada e da demanda evitada. Busca-se, assim, o 
desenvolvimento de novas tecnologias e a inserção de hábitos racionais de uso da 
energia elétrica na sociedade. 
3.9.1.4. O Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE). 
 
O Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), coordenado pelo Inmetro, visa 
prover informações aos consumidores, através de etiquetas informativas, com o objetivo 
de alertar o consumidor quanto à eficiência energética de alguns dos principais 
eletrodomésticos nacionais. Também, permite que os clientes avaliem e administrem 
melhor o consumo de energia dos equipamentos eletrodomésticos, selecionando 
produtos de maior eficiência emrelação ao consumo, possibilitando economia nos 
custos de energia. 
De acordo com [36] de forma geral, o PBE funciona da seguinte forma: os 
produtos são ensaiados em laboratórios e recebem etiquetas com faixas colorida. No 
caso da eficiência energética, a classificação vai da mais eficiente (A) à menos eficiente 
(de C até G, varia com o produto), onde entende-se que os mais eficientes utilizam 
melhor a energia, têm menor impacto ambiental e custam menos para funcionar, 
pesando menos no bolso. A etiqueta mostrada na Figura 14 [36] é um exemplo utilizado 
em refrigeradores. Cada linha de eletrodoméstico possui sua própria etiqueta, 
apresentando as características técnicas de cada produto. 
34 
 
 
Figura 14. Exemplo de Etiqueta utilizada em refrigeradores. Fonte:[36] 
 
Dessa forma, o programa incentiva a melhoria contínua do desempenho dos ele-
trodomésticos, buscando otimizar o processo de qualidade dos mesmos. Isso estimula a 
competitividade do mercado, visto que a tendência é que os fabricantes procurem atingir 
níveis de desempenho melhores em relação à avaliação anterior, fabricando produtos 
cada vez mais eficientes. 
3.9.1.5.O Programa de apoio a Projetos de Eficiência Energética (PROESCO) 
 
A necessidade crescente de zelar pelo Meio Ambiente e o amadurecimento do 
setor de eficiência energética brasileiro mostrou que era necessário criar mecanismos 
que facilitassem o financiamento dos projetos e contratos de performance elaborados 
pelas Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ESCOS) [37]. 
Dentro deste cenário, em 19 de Maio de 2006, foi criado pelo BNDES – Banco 
Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, MME – Ministério das Minas e 
35 
 
Energia com auxílio técnico da ABESCO: o PROESCO, programa destinado a financiar 
projetos de eficiência energética. O Programa busca auxiliar a execução de projetos que 
comprovadamente auxiliaram para a economia de energia, os principais focos de ação 
são em iluminação, otimização de processos, ar comprimido e motores. A área de 
financiamento concebe também os usuários finais de energia, com interesse de financiar 
a compra de equipamentos mais eficientes [35]. 
3.9.1.6. Lei de nº 10.295/2001, de 17 de outubro de 2001(regulamentada pelo 
Decreto nº 4.059, de 19 de dezembro de 2001). 
 
Conhecida como a “Lei de Eficiência Energética”, a Lei nº 10.295, de 17 de 
outubro de 2001, (regulamentada pelo Decreto nº 4.059, de 19 de dezembro de 2001), 
estabelece o procedimento para a adoção de “Os níveis máximos de consumo de 
energia, ou mínimos de eficiência energética, de máquinas e aparelhos consumidores de 
energia fabricados ou comercializados no País, bem como as edificações construídas, 
serão estabelecidos com base em indicadores técnicos e regulamentação específica a ser 
fixada nos termos deste Decreto, sob a coordenação do Ministério de Minas e Energia” 
[38]. 
A Lei prevê, ainda, a evolução dos níveis por meio de programa de metas, 
específico para cada equipamento. São estabelecidos prazos diferenciais para fabricação 
e importação, e para comercialização. Já foram regulamentados os índices mínimos para 
motores elétricos trifásicos, lâmpadas fluorescentes compactas, refrigeradores e 
congeladores, condicionadores de ar, fogões e fornos a gás, e aquecedores de água a gás 
[38]. 
De acordo com [35], a implementação da Lei de Eficiência Energética tem como 
objetivo promover transformações estruturais no mercado dos equipamentos 
consumidores de energia. Disponibilizando com ela, para o mercado consumidor, 
36 
 
produtos com inovações tecnológicas induzidas pela eficiência energética. O 
estabelecimento dos níveis máximos de consumo específico de energia e a evolução dos 
Programas de Metas possibilitam, na prática, o desenvolvimento e implementação de 
tais avanços. A mesma também beneficia diretamente o meio ambiente, visto que, pela 
adoção de equipamentos eficientes livres de gases que agridem a camada de ozônio, ou 
com a redução da emissão de gases de efeito estufa. 
Por último, devemos levar em consideração que a economia de energia 
proporcionada pela implementação da Lei evitará significativos investimentos em 
geração, transmissão e distribuição de energia, no horizonte de longo prazo. 
3.9.1.7. Política de banimento gradativo das lâmpadas incandescentes por 
faixa de potência por meio da Portaria Interministerial MME/MCTI e 
MDIC, nº 1.007/2010. 
 
A substituição das lâmpadas incandescentes por outros modelos será gradativa 
até 2016, quando elas devem ser retiradas do mercado, segundo a Portaria 
Interministerial MME/MCTI e MDIC, nº 1.007/2010. As lâmpadas Incandescentes se 
caracterizam por converter a energia em luz e calor, o que faz com que consuma mais 
que as fluorescentes. 
Segundo [39], desde o dia 30 de junho de 2012, os modelos de lâmpadas 
incandescentes de 150W e 200W não podem mais ser produzidas ou importadas. Em 
julho de 2013 foi a vez das lâmpadas de 100W e 75W e no ano seguinte deixam de ser 
comercializadas as de 60W. As últimas a deixarem o mercado serão as de 40W e 25W. 
Segundo a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME, 
uma lâmpada incandescente de 60W ligada 4 horas por dia, pode resultar em 7,2 kWh 
de consumo no final do mês. Na comparação, uma lâmpada fluorescente compacta 
equivalente proporciona uma economia de 75%, ou seja, este resultado pode cair para 
37 
 
1,8 kWh/mês. Os resultados podem variar por conta da frequência de utilização e a 
potência de cada tipo de lâmpada. 
3.9.2. Críticas e Considerações 
Apesar do êxito e da importância de muitas dessas ações dos programas de 
eficiência energética no Brasil, existe ainda um grande potencial de melhorias do uso 
final de eletricidade. 
De acordo com Sergio Bajay, pesquisador da Unicamp, o Brasil avançou pouco 
em termos de eficiência energética em relação a outros países. De acordo com o 
especialista, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) promove 
acordos com federações de indústrias, mas não existem metas pré-estabelecidas nem 
mecanismos de medição e verificação, restringindo e dificultando a sua ação no país 
[40]. 
É importante também que o Brasil caminhe no sentido de promover a 
independência entre a coordenação do Procel e as empresas energéticas, devido ao 
conflito entre o objetivo principal destas empresas (auferir o lucro) e o esforço nacional 
para economia de energia. Além disso, as concessionárias tem a visão de supridor, não a 
de consumidor, o que dificulta um posicionamento neutro [41]. 
3.10. Ações de GLD no Brasil 
A maioria das ações de GLD no Brasil estão veiculadas com os programas 
conservação e eficiência energética citados acima, principalmente com o PROCEL - 
Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica. 
Recentemente alguns projetos pilotos de Redes Inteligentes com foco em GLD 
estão sendo implantados em diversas regiões do Brasil, são eles; Arquipélago de 
Fernando de Noronha (CELPE) - Ilha de Fernando de Noronha/PE, Cidade Inteligente 
Búzios (Ampla/Endesa Brasil) - Cidade de Búzios/RJ, Smart Grid Light (Light) - 
38 
 
Cidade do Rio de Janeiro/RJ, Smart Grid (AES Eletropaulo) - São Paulo/SP, InovCity 
(EDP Bandeirantes) - Cidade Aparecida/SP, Fazenda Rio Grande - Curitiba (Copel)/PR. 
Estes serão detalhados no capítulo seguinte. 
Destaca-se ainda, como impulsionador para o GLD no Brasil, a alteração na 
estrutura tarifária para o consumidor residencial (B1), com a criação da modalidade de 
tarifa branca abordada no item 3.8.1.1, visto que a esta incentiva os clientes a consumirem 
em horários fora da ponta, reduzindo significativamente a curva de carga. 
3.11. Desafios para a Implantação do GLD no Brasil. 
 As ações de GLD no Brasil ainda são pouco significativas, se comparados com 
países mais desenvolvidos. Descreve-se alguns desafios para a implantação deste no 
país. 
3.11.1. Falta de Informaçãodos Consumidores 
A sociedade brasileira tem pouco conhecimento do GLD, seus benefícios 
diretos, principalmente no que se refere ao consumidor final. Os consumidores, em sua 
grande maioria, não têm informação ou habilidade técnica suficiente para avaliar as 
possibilidades e as vantagens que uma dada tecnologia pode lhe proporcionar. 
Além disso, para a grande maioria dos consumidores é um assunto de pouca 
prioridade. As despesas com energia são, para a maioria dos usuários, parte pequena do 
orçamento de despesas e vistas como custos fixos. Há pouca difusão de conhecimento 
das oportunidades, poucos textos didáticos e cursos de formação que difundam os 
conceitos de conservação e economia de energia, inclusive na formação básica de 
profissionais em áreas relevantes [42]. 
3.11.2. Questões sobre a aceitação do consumidor 
A implantação de programas de GLD quase sempre demanda uma participação 
efetiva do consumidor, seja pela autorização para efetuar mudanças, seja por meio de 
39 
 
uma mudança de hábitos. Conseguir a plena adesão dos consumidores nem sempre é 
possível, especialmente no segmento residencial, onde muitos consumidores não abrem 
mão de certos confortos da vida moderna [20]. 
3.11.3. Restrições financeiras dos consumidores 
Equipamentos mais eficientes são normalmente os mais modernos, 
consequentemente os mais caros. Ainda que tenha consciência das vantagens 
econômicas de fazer o investimento inicial, o consumidor pode ter dificuldade em ter 
acesso a um crédito ou apenas consegui-lo a juros elevados [42]. 
3.11.4. Desinteresse Governamental. 
Ainda há pouco envolvimento de autoridades no desenvolvimento de incentivos 
para propulsionar o GLD, como por exemplo, na implantação do Smart grid. Sua 
implantação no Brasil está se dando de forma lenta, devido a falta de incentivos do 
governo. Esse assunto será melhor abordado no capítulo 4. 
3.12. Aplicações Residenciais de GLD Baseada em Smart Grid 
Além de ser o setor que mais contribui para pico da curva de demanda no Brasil, 
o setor residencial apresenta maiores possibilidades para gerenciamento, principalmente 
por ser a carga inelástica [43]. 
Dessa forma sistemas de gerenciamento de energia estão sendo integrados com 
aplicações residenciais, a fim de otimizar o consumo de energia nas casas e apoiar os 
usuários residenciais na modelagem da sua curva de demanda de energia, com o 
objetivo de economizar a energia, reduzir a conta de luz e também controlar a energia 
consumida por ligar/desligar os diferentes aparelhos da área residencial de acordo com 
exigências da rede, uma vez que os picos de demanda de energia tem impactos 
negativos e aumentam o custo de produção de energia [44]. 
40 
 
Diferentes sistemas de gerenciamentos de energia vêm sendo estudados e 
propostos, visto que permitem a comunicação bidirecional entre geradores e 
consumidores de energia e proporcionam aos consumidores informações sobre os seus 
padrões de consumo de energia e favorecendo a adotar um comportamento eficiente de 
energia. 
Um exemplo de aplicação de GLD em áreas residenciais baseada em Smart Grid 
encontra-se no Anexo I. Neste é apresentado segundo [44] um sistema de apoio à 
decisão, com base no armazenamento de energia inteligente (Unidade de 
Gerenciamento de Energia Local - LEMU), que é capaz de gerenciar a energia elétrica e 
os dispositivos domésticos inteligentes de uma casa, com o objetivo de otimizar o 
consumo local de energia. 
3.13. Conclusão 
Em vista dos argumentos apresentados no atual capítulo, foi possível perceber os 
inúmeros benefícios que o GLD traz à sociedade em geral, na medida em que tem como 
objetivo reduzir a demanda máxima, proporcionando a postergação da expansão com 
novas usinas, redes de transmissão e distribuição de energia. Deste modo, colabora com 
uma operação mais segura e econômica, além de ser um instrumento eficaz contra o uso 
ineficiente e irracional de energia. 
Contudo, apesar dos inúmeros benefícios relacionados ao Gerenciamento pelo 
Lado da Demanda, suas ações no Brasil ainda são pouco significativas se comparados 
com países mais desenvolvidos, visto que, ainda há grandes desafios a serem superados. 
Dessa forma, para que haja um expressivo desenvolvimento do GLD no País é 
necessário um maior incentivo do governo, promovendo a instalação de uma Rede 
Inteligente sólida e uma significativa conscientização dos consumidores residenciais por 
meio de programas educacionais e campanhas de marketing. 
41 
 
Capitulo 4 
4. REDES ELÉTRICAS INTELIGENTES 
As Redes Elétricas Inteligentes (REI ou Smart Grid em inglês) fornecem as 
ferramentas necessárias para tornar rentável e conveniente o Gerenciamento pelo Lado 
da Demanda, por isso é um tema de extrema importância para o atual trabalho. 
A expressão Smart Grid deve ser entendida mais como um conceito do que uma 
tecnologia ou equipamento específico [45]. Ela carrega a ideia de uma rede que utiliza 
avançada tecnologia digital para coordenar e monitorar o transporte de eletricidade em 
tempo real, com fluxo de energia e de informações bidirecionais entre o sistema de 
fornecimento de energia e o cliente final, o que possibilitará a implantação de 
estratégias de otimização e controle da rede de forma muito mais eficiente que as 
atualmente em uso, diminuindo o uso clandestino (popularmente chamados “gatos”). 
Atualmente é um tema alvo de amplo estudo e discussão no cenário mundial. 
Intensos investimentos estão sendo aplicados em projetos que utilizam tecnologias 
relacionadas às redes elétricas inteligentes, em especial para viabilizar o Gerenciamento 
pelo Lado da Demanda, por meio dos estudos de geração distribuída, dos medidores 
inteligentes e da tecnologia da informação e gerenciamento de dados. 
No cenário das Redes Elétricas Inteligentes os usuários residenciais são 
esperados a desempenhar um papel fundamental na melhoria da eficiência da rede, 
através da adoção de mecanismos inteligentes para o gerenciamento da demanda de 
energia. Com o Smart Grid uma enorme quantidade de dados é disponibilizado aos 
usuários, como informações em tempo real sobre o valor da energia consumida. Ao 
mesmo tempo, os consumidores têm a possibilidade de enviar dados para a rede, 
permitindo, um feedback sobre o consumo de energia de cada aparelho da casa. Todos 
estes dados podem ser usados por mecanismos do Gerenciamento Pelo Lado da 
http://www.sinonimos.com.br/traslado/
42 
 
Demanda, que suportam usuários residenciais na construção do seu perfil de demanda 
de energia. Esses mecanismos tem o objetivo de reduzir não só a conta de energia, mas 
também o uso eficiente da energia em si. Por meio do Smart Grid será possível 
ligar/desligar um dispositivo de acordo com requisitos da rede elétrica, deslocando-se o 
pico da energia, ou, mais genericamente, alterando o comportamento de consumo das 
famílias, de intermitente para programáveis, através da definição de um perfil de 
demanda de energia para o dia seguinte e, em seguida, respeitando-o "em tempo real" 
durante o dia. Esta será uma verdadeira revolução no que diz respeito à abordagem 
social da energia e exigirá uma integração efetiva dos componentes TIC (Tecnologias 
da Informação e Comunicação) para a rede de energia para tornar-se viável e 
confortável para o usuário final [46]. 
A implementação da REI possibilita uma gama de novos serviços, abrindo a 
possibilidade de novos mercados. Desta forma, a REI se apresenta como uma das fortes 
tendências de modernização do sistema elétrico em vários países [4]. 
4.1. Características das Redes Inteligentes 
Segundo [47] algumas das características geralmente atribuídas à Redes 
Inteligentes são: 
 Auto recuperação: capacidade de automaticamente detectar, responder, analisar 
e restaurar falhas na rede; 
 Tolerância a Ataques Externos: capacidade de mitigar e resistir a ataques físicos 
e cyber-ataques; 
 Fortalecimento

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