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Texto sobre Gerações do Direitos Fundamentais

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públicas que criem as condições de igualdade 
material almejadas. Daí, porque os direitos de segunda geração são 
também chamados de direitos dos desamparados ou direitos do bem-estar. 
Com sua afirmação temos a superação do Estado Liberal pelo Estado Social, 
intervencionista na sociedade. 
É de se destacar que, logo após sua previsão nos textos constitucionais, os 
direitos de segunda geração passaram por uma crise de normatividade, 
pois sua concretização depende da implementação de políticas públicas pelo 
Estado, e isto exige a disponibilidade de vultosos recursos financeiros. Tal 
circunstância fez com que às normas que estabelecem esses programas de 
ação para o Estado (as normas programáticas) fosse negada uma real 
eficácia jurídica, já que sua aplicação – a implantação do programa de ação 
previsto – depende da existência dos recursos financeiros acima referidos. 
Ademais, a efetivação dos direitos de segunda geração requer, inúmeras 
vezes, que seja elaborada a legislação complementar à Constituição. É o 
que ocorre atualmente, por exemplo, no caso do art. 7o, I, da nossa 
Constituição, que exige a edição de lei complementar para disciplinar a 
proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa. 
Atualmente, cessou qualquer controvérsia no que toda à eficácia jurídica 
das normas que consagram os direitos de segunda geração. Em primeiro 
lugar, porque diversos direitos desta espécie não exigem regulação pela 
legislação ordinária para seu pleno exercício e, em segundo, porque mesmo 
aqueles que exigem essa complementação, a partir de sua previsão na 
Constituição, já produzem o que se chama de eficácia negativa, ou seja, a 
revogação da legislação anterior à Carta e a inconstitucionalidade daquela a 
ela superveniente que dispuserem de forma contrária ao prescrito em seu 
texto. 
Ademais, foram estabelecidos mecanismos nas Constituições 
contemporâneas justamente para conferir eficácia jurídica a todos os 
direitos fundamentais. É o que ocorre, exemplificativamente, com nossa 
Constituição, a qual, no § 1o do art. 5o estabelece o princípio da imediata 
aplicabilidade das normas que consagram os direitos fundamentais, 
dispositivo que visa a conferir uma real eficácia aos direitos fundamentais 
como um todo, em especial aos de segunda geração. 
Aonde sobre esses direitos fundamentais, trazemos lição de Vicente Paulo: 
Há que se destacar, porém, que nem todos os direitos fundamentais 
de segunda geração consubstanciam “direitos positivos”, vale dizer, 
exigência de atuação positiva por parte do Estado. 
Com efeito, a idéia geral é a de que os direitos sociais são direitos à 
prestação, direitos que se traduzem em deveres comissivos, positivos 
do Poder Público. Entretanto, essa não é uma regra absoluta, pois, 
assim como há direitos sociais à prestação positiva, temos direitos 
sociais negativos. Na nossa Constituição Federal de 1988, o direito à 
saúde, à previdência social, à assistência social, à assistência aos 
filhos até seis anos de idade, à educação etc. são exemplos de 
direitos sociais positivos. Mas temos, também, direitos sociais 
negativos, como o de liberdade sindical (CF, art. 8o) e o de liberdade 
de greve (CF, art. 9o). 
Assim, o critério para distinguir direitos sociais de direitos individuais 
não pode ser, unicamente, o critério da prestação ser positiva ou 
negativa. Pode-se dizer, então, que os direitos sociais têm como 
premissa a necessidade da promoção da igualdade substantiva, a 
proteção do mais fraco na arena social, a mudança do status quo em 
favor de quem está desfavorecido. Enfim, os direitos fundamentais 
sociais são os que expressam o intervencionismo estatal em defesa 
do mais fraco, enquanto os direitos fundamentais individuais são os 
que visam a proteger liberdades públicas. 
 
2.3) Direitos fundamentais de terceira geração (ou dimensão): 
Os direitos fundamentais de terceira geração possuem natureza 
essencialmente transindividual, porquanto não possuem destinatários 
especificados, como os de primeira e segunda geração, abrangendo a 
coletividade como um todo. São, assim, direitos de titularidade difusa ou 
coletiva, que abrangem destinatários indeterminados ou de difícil 
determinação. Vinculam-se essencialmente aos valores da fraternidade ou 
solidariedade, e são tradução de um ideal intergeracional, que liga as 
gerações presentes às futuras, a partir da percepção de que a qualidade de 
vida destas depende sobremaneira do modo de vida daquelas. 
São exemplos os direitos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, ao 
progresso, à paz, à autodeterminação dos povos, à conservação do 
patrimônio histórico e cultural, à comunicação (para alguns, também os 
direitos relacionados à infância e juventude e os direitos do consumidor), 
entre outros. 
Duas são as origens básicas desses direitos: a degradação das liberdades, a 
deterioração dos demais direitos fundamentais em virtude do uso nocivo 
das modernas tecnologias; e o nível de desigualdade social e econômica 
existente entre as diferentes nações. 
A fim de superar tais realidades, que afetam a humanidade como um todo, 
impõe-se o reconhecimento de direitos que também tenham tal abrangência 
– a humanidade como um todo -, partindo-se da idéia de que não há como 
se solucionar problemas globais a não ser através de soluções também 
globais. Tais “soluções” são os direitos de terceira geração. 
 
2.4) Direitos fundamentais de quarta geração (ou dimensão) 
O Professor Paulo Bonavides defende a existência de direitos que poderiam 
ser encartados à parte, constituindo uma quarta geração de direitos 
fundamentais. Seriam os direitos à democracia, à informação e ao 
pluralismo, frutos do processo de alastramento do fenômeno democrático 
por todo o mundo.
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