Buscar

Direitos Humanos - Tema 01 - Os direitos fundamentais e seu papel no Estado Democrático de Direito (Modulo 01)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direitos Humanos
Tema 01: Módulo 01 
Os direitos fundamentais e seu papel no Estado Democrático de Direito. 
O Brasil é um Estado Democrático de Direito, conforme expresso no Art. 1º da Constituição Federal de 1988. Isso significa, em primeiro lugar que em nosso pais vigora a ideia de governo da maioria, como decorrência da soberania popular. É por isso que ocorrem eleições periódicas, por meio das quais se escolhem os representantes do povo de acordo com a vontade da maioria manifestada nas urnas. 
Entretanto, o Estado Democrático de Direito também possui outro requisito essencial: a existência e uma Constituição que, além de definir a estrutura do Estado, protege os direitos fundamentais. É justamente esse o objetivo principal buscado pela Constituição Brasileira de 1988. 
Isso nos mostra que a estruturação e a atuação do Poder Público estão intimamente ligadas aos direitos fundamentais que se busca proteger. Afinal, o fim ultimo do Estado, por meio das suas instituições, é promover a proteção e concretização dos direitos fundamentais. Compreende-los, portanto, é indispensável para uma boa gestão publica e atuação do poder público no exercício das suas mais variadas competências. 
 
Breve histórico dos direitos fundamentais
Ao longo das sociedades antigas e da história, observamos períodos em que são reconhecidos direitos pontuais a determinados grupos ou categorias de indivíduos. 
É o caso do decreto do rei persa Ciro II, permitindo que os povos exilados na Babilônia retornassem a suas terras de origem, ou a restrição de penas corporais no Império Romano.
A primeira declaração moderna de direitos fundamentais é de 1776: a Declaração de Direitos do Bom Povo de Virgínia, uma das treze colônias inglesas na América, à qual se seguiu a Constituição dos Estados Unidos da América, aprovada na Convenção de Filadelfia de 1787, e que foi objeto de diversas emendas garantidoras de importantes direitos fundamentais, como a liberdade de religião, o direito de propriedade etc. 
Outro marco importantíssimo nesse processo histórico foi a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, fruto da Revolução Francesa e da sua luta contra o absolutismo. 
Tivemos também a Declaração Universal dos Direitos do Homem, proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris, em 10 de dezembro de 1948, reconhecendo diversos direitos, como a dignidade da pessoa humana, o direito à vida, à liberdade etc. 
Gerações dos Direitos Fundamentais 
A partir desse processo histórico, podemos falar em três gerações de direitos fundamentais que surgiram ao longo do tempo: 
PRIMEIRA GERAÇÃO: É formada por direitos individuais que buscavam proteger o indivíduo perante os excessos e abusos do Estado. São direitos ligados sobretudo às liberdades. Ex.: liberdade de reunião, direito de ir e vir etc. 
SEGUNDA GERAÇÃO: Surge no século XX e caracteriza-se por direitos que exigem uma protestação do Estado. Não basta que o Estado se abstenha de cometer abusos e violar os direitos individuais. É preciso mais: ele deve atuar para consolidar direitos sociais e culturais. Essa é a geração dos direitos sociais e coletivos. Ex.: direito à saúde, direito da seguridade social.
TERCEIRA GERAÇÃO: Surge na segunda metade do século XX e está associada aos ideais de solidariedade e fraternidade. É nesse momento que surgem os direitos difusos, como o direito ao meio ambiente equilibrado (art. 225 da Constituição). 
Atenção: Já existe defensores de uma QUARTA GERAÇÃO de direitos fundamentais, que seriam aqueles relacionados ao desenvolvimento tecnológico e biológico. São discussões delicadas em torno de assuntos jurídica e moralmente controvertidos, como clonagem, eutanásia etc. 
Observamos que a consolidação dos direitos fundamentais em diferentes sociedades e ordenamentos jurídicos é fruto de um longo e complexo processo histórico, que se acentuou especialmente após a Segunda Guerra Mundial. Os horrores causados pela guerra e pelos regimes totalitários deixaram clara a necessidade de se reconhecer direitos inatos a todos os seres humanos, de modo a protegê-los de abusos e autoritarismos. É nesse contexto que os diferentes Estados modernos começam a se preocupar em elaborar um catálogo de direitos fundamentais que não seja meramente uma declaração política, mas também uma fonte para a sua aplicação concreta à realidade.
Conceito de Direitos Fundamentais
A Constituição de um Estado democrático, como é o caso do Brasil, possui, dentre as suas funções principais, a proteção de direitos fundamentais. A própria topografia dos dispositivos constitucionais que os preveem já indica a sua importância, tendo em vista que o catálogo de direitos fundamentais se encontra no início do texto constitucional.
Tradicionalmente, as Constituições brasileiras começavam tratando da estrutura do Estado e no final versavam sobre os direitos fundamentais. A Constituição de 1988 inverteu isso: os primeiros artigos tratam de direitos. Essa mudança topográfica transmite a ideia de que o mais importante são os direitos. O Estado existe em boa parte para protegê-los, promovê-los e assegurar que a pessoa humana seja respeitada.
O constituinte entendeu que os direitos são parte integrante da própria essência da Constituição, alçando-os à categoria de cláusulas pétreas, de modo que nem mesmo uma emenda pode suprimi-los (art. 60, §4º).
Conceituá-los, porém, não é tarefa fácil. Além de o seu conteúdo ter variado ao longo da história e dos diferentes contextos políticos e culturais, a sua nomenclatura muitas vezes se confunde com outras.
As principais diferenças entre as nomenclaturas mais comuns a fim de facilitar a compreensão da extensão e do conteúdo dos direitos fundamentais:
Reconhecendo a dificuldade de se estabelecer um conceito preciso de direitos fundamentais, José Afonso da Silva (2020) prefere utilizar a expressão “direitos fundamentais do homem”. O autor explica:
"No qualitativo fundamentais, acha-se a indicação de que se trata de situações jurídicas sem as quais a pessoa humana não se realiza, não convive e, às vezes, nem mesmo sobrevive; fundamentais do homem no sentido de que todos, por igual, devem ser, não apenas formalmente reconhecidos, mas concreta e materialmente efetivados. Do homem, não como macho da espécie, mas no sentido de pessoa humana. Direitos fundamentais do homem significa direitos fundamentais da pessoa humana ou direitos fundamentais. É com esse conteúdo que a expressão “direitos fundamentais” encabeça o Titulo II da Constituição, que se completa, como direitos fundamentais da pessoa humana, expressamente, no Art. 17.” 
Direitos Fundamentais ≠ Garantias Fundamentais 
É possível apontar também a diferença entre direitos e garantias fundamentais. Enquanto os direitos fundamentais são os enunciados que estabelecem o conteúdo de um direito (ex.: direito à vida, à liberdade religiosa), as garantias fundamentais são instrumentos previstos na Constituição para a defesa e proteção daqueles direitos (ex.: habeas corpus, que busca proteger o direito à liberdade de locomoção).
Características dos Direitos Fundamentais
As principais características dos direitos fundamentais apontadas pela doutrina: 
· Universalidade;
· Relatividade;
· Historicidade;
· Inalienabilidade;
· Imprescritibilidade;
· Irrenunciabilidade;
· Aplicabilidade imediata, e 
· Não exaustividade ou atipicidade. 
Universalidade: Significa que os direitos são de todos. O que faz alguém ser titular de um direito? Ser pessoa humana. A sua titularidade independe de sexo, categoria ou qualquer tipo de classe ou segmentação. Todos os seres humanos possuem igual dignidade.
Relatividade: Significa dizer que não há direitos absolutos. Eles podem sofrer restrições. Se o direito de propriedade fosse absoluto, como ficaria a proteção do meio ambiente, por exemplo? Ou no caso da liberdade de expressão, que é um direito que frequentemente se choca com outros, como ficaria a proteção da intimidade? 
Historicidade: Os direitos fundamentais foram conquistados historicamente e as mudançasna sociedade influenciam a leitura que se faz deles.
Os direitos não são realidades metafísicas e sim realidades históricas e concretas. Eles foram conquistados e ampliados ao longo da história, surgindo em diferentes etapas.
Inalienabilidade: Não possuem conteúdo econômico e não podem ser negociados ou transferidos:
· “Se a ordem constitucional os confere a todos, deles não se pode desfazer, porque são indisponíveis.” (SILVA, 2020)
Imprescritibilidade: Os direitos fundamentais não se extinguem pelo decurso do tempo e o seu exercício não se sujeita a qualquer prazo.
Irrenunciabilidade: Não se pode renunciar aos direitos fundamentais. O titular do direito pode até não o exercer, mas isso não implica a renúncia ao direito.
Aplicabilidade imediata: A Constituição Federal, no art. 5º, §1º, dispõe expressamente que:
· “As normas definidoras dos direitos e das garantias fundamentais têm aplicação imediata”.
Houve aqui uma preocupação do constituinte em dar plena efetivação aos direitos fundamentais, evitando o que acontecera sob a égide de Constituições pretéritas, em que os direitos previstos na Constituição, muitas vezes, eram apenas retóricos, uma simples proclamação política, sem qualquer aplicação concreta.
A ideia da aplicabilidade imediata é a de que os direitos valem imediatamente e independem de concretização legislativa, de regulamentação, para surtirem seus efeitos. O titular dos direitos pode invocá-los com base apenas na Constituição.
Não exaustividade ou atipicidade: Um direito não precisa estar positivado na Constituição para ser considerado fundamental. Vejamos a redação do art.5º, §2º da Constituição:
· "Os direitos e as garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte". (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988)
Isso significa que é possível ter direitos fundamentais fora do catálogo formal previsto na Constituição. Eles podem estar em tratados internacionais de direitos humanos, por exemplo. Qual é o principal critério para apontar direito fundamental fora do catálogo? O princípio da dignidade da pessoa humana.
Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar a ADI 939 (STF, ADI 939, Relator Sidney Sanches, Tribunal Pleno, julgado em 15/12/1993, publ. DJ 18/03/1994), decidiu que o princípio da anterioridade tributária, apesar de não estar no rol dos direitos fundamentais elencados pela Constituição, e sim no capítulo referente à tributação, é um direito fundamental.
Classificações
Existem inúmeras classificações que variam conforme o autor e o critério adotado. Uma delas, por exemplo, divide os direitos fundamentais de acordo com o conteúdo:
· Direitos fundamentais do homem-individuo; Reconhece autonomia aos particulares e se identificam com os direitos individuais. Ex.: liberdade, igualdade e propriedade. 
· Direitos fundamentais do homem-nacional; São aqueles que definem a nacionalidade.
· Direitos fundamentais do homem-cidadão; São os direitos políticos como, por exemplo, o direito de eleger e de ser eleito. 
· Direitos fundamentais do homem-social; São os direitos “assegurados ao homem em suas relações sociais e culturais”, como o direito à saúde e à educação. 
· Direitos fundamentais do homem membro de uma coletividade; São os direitos coletivos. Incluem-se aqui o direito de petição (art. 5º XXXIV,a) e o direito de greve (art. 9º e 37, VII) 
· Direitos fundamentais de terceira geração ou do homem-solidário; trata-se de uma classe mais recente de direitos, como o direito ao meio ambiente, à paz e ao desenvolvimento. 
Outras classificações, com base no texto da Constituição Federal de 1988:
· Direitos individuais (Art. 5º);
· Direitos à nacionalidade (Art.12);
· Direitos políticos (Artigos 14 a 17);
· Direitos sociais (artigos 6º e 193); 
· Direitos coletivos (Art. 5º);
· Direitos solidários (Artigos 3º e 225).
Atenção: há também os direitos econômicos, previstos na Constituição no Titulo da Ordem Econômica e Financeira (artigos 170 e seguintes).
Eficácia dos Direitos Fundamentais 
Além da aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais, eles também suscitam importantes questionamentos a respeito da sua eficácia.
Tradicionalmente, os direitos fundamentais eram aplicados à relação entre o indivíduo e o Estado, verticalmente. Isso se explica até mesmo pela primeira geração de direitos fundamentais, criados para a defesa do indivíduo contra o poder absoluto do Estado.
Essa noção, contudo, foi mudando ao longo do tempo, pois notou-se a existência de lesões a direitos que não provêm somente do Estado, mas podem se originar de relações entre patrão e empresa, entre loja e comprador, entre pai e filho, por exemplo. São relações muito variadas nas quais nem sempre o Estado está presente.
Surge, então, a ideia da eficácia horizontal dos direitos fundamentais (em contraposição à eficácia vertical), que significa a aplicação dos direitos fundamentais nas relações privadas. Mas, é importante ressaltar, há o risco de comprometer a liberdade individual e a espontaneidade das relações sociais.

Outros materiais