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Cuiabá – MT 2021 DANIELA KAROLINA DE RESENDE ANÁLISE DO GERENCIAMENTO E APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA CIDADE DE CUIABÁ: Diretrizes e procedimentos gerais para a elaboração do Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção. BACHAREL EM ENGENHARIA CIVIL Cuiabá – MT 2021 ANÁLISE DO GERENCIAMENTO E APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA CIDADE DE CUIABÁ: Diretrizes e procedimentos gerais para a elaboração do Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE CUIABÁ, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil Orientador(a): Prof. MsC. Viviane Fiorentini DANIELA KAROLINA DE RESENDE DANIELA KAROLINA DE RESENDE ANÁLISE DO GERENCIAMENTO E APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA CIDADE DE CUIABÁ: Diretrizes e procedimentos gerais para a elaboração do Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE CUIABÁ, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador(a): Prof. MsC. Viviane Fiorentini Aprovado em: ____/____/_____ BANCA EXAMINADORA _______________________________________________ Msc. Viviane Fiorentini INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE CUIABÁ-FAC ________________________________________________ INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE CUIABÁ-FAC _________________________________________________ INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE CUIABÁ-FAC DEDICATÓRIA Dedico este trabalho à minha família, em especial a minha mãe e meu noivo, por acreditar em mіm sempre! O amor de vocês por mim é o que me estimula a lutar e vencer todos os dias! AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, а Deus, o grande engenheiro deste universo, que sempre me iluminou e me contemplou com muita saúde e assim fez com que meus objetivos fossem alcançados, durante todos os meus anos de estudos. Também quero agradecer carinhosamente a estas pessoas. Á minha mãe Maria Abadia que muito se esforçou para me proporcionar uma educação baseada em valores. As minhas tias Flaviana e Flávia que sempre acreditou no meu potencial, sempre presente me incentivando com uma palavra amiga. As minhas queridas amigas Lorrayne, Thalyta e Gabriely que com afinco se esforçaram elevando meu alto astral em momentos de tensão. Aos meus professores da Uniasselvi que me transformaram como pessoa, aos ensinamentos passados que jamais serão esquecidos, a vocês minha mais profunda gratidão. Um especial agradecimento a minha orientadora Viviane Fiorentini que sempre esteve disposta a me auxiliar durante todo o tempo do trabalho, obrigado. E a todos que diretamente ou indiretamente contribuíram de alguma forma para o desenvolvimento deste trabalho. RESUMO Os resíduos de construção civil são os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e grande parte desses resíduos são passíveis de reciclagem quando seu gerenciamento é feito adequadamente e os não passiveis devem ser dispostos em lugares apropriados determinados pela legislação. O descarte inadequado desses resíduos provoca consequências danosas à saúde pública e ao meio ambiente, sendo assim ao longo deste trabalho foi descrito sobre as classificações e gerenciamento dos RCDs de acordo com a resolução CONAMA 307/2002, como é realizado o gerenciamento e o aproveitamento desses resíduos no município de Cuiabá, apresentando também as instruções e normas técnicas que estabelecem diretrizes e procedimentos gerais para a elaboração do Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil na capital, orientando assim os geradores sobre a caracterização, segregação, acondicionamento, transporte e destinação final desses resíduos. Palavras-Chave: Resíduos de construção e demolição. Gestão de resíduos de construção civil. Projeto de gerenciamento de resíduos da construção civil. http://www.iap.pr.gov.br/arquivos/File/Legislacao/residuos/CONAMA3072002.pdf ABSTRACT Civil construction waste comes from construction, renovations, repairs and demolition of civil construction works, and a large part of these waste can be recycled when its management is done adequately, and the non-recyclable must be disposed of in appropriate places determined by legislation. The inappropriate disposal of these wastes causes damaging consequences to public health and the environment, so throughout this work it was described on the classification and management of RCDs in accordance with CONAMA resolution 307/2002, how the management and the utilization of these waste carried out in the municipality of Cuiabá, also presenting the instructions and technical standards that establish general guidelines and procedures for the project development of the Civil Construction Waste Management Project in the capital, thus guiding of triggering on the characterization, waste separation, packaging, transport and final destination of these waste. Keywords: Construction and demolition waste. Construction waste management. Construction waste management project. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 01 - ATT: Área de Transbordo e Triagem 02 - ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas 03 - CTR: Controle de Transporte de Resíduos 04 - CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente 05 - NBR: Norma Brasileira 06 - PMGRC: Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil 07 - PGRCC: Projeto de Gerenciamento de RCC 08 - PNRS: Política Nacional de Resíduos Sólidos 09 - RCC: Resíduo de Construção Civil 10 - RCD: Resíduo de Construção e Demolição 11 - RSU: Resíduo Sólido Urbano 12 - SINDUSCON: Sindicato da Indústria da Construção Civil 13 - SMAAF: Secretaria do Meio Ambiente e Assuntos Fundiários de Cuiabá 14 - SMADES: Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano Sustentável de Cuiabá 15 - SMSU: Secretaria Municipal de Serviços Urbanos de Cuiabá SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8 1.1 OBJETIVO ............................................................................................................9 1.1.1 Objetivo geral .....................................................................................................9 1.1.2 Objetivo especifico .............................................................................................9 2 REVISÃO DE LITERATURA ................................... Erro! Indicador não definido. 2.1 Conceitos e classificação de resíduos sólidos ....................................................10 2.2 Gerenciamento de resíduos da construção civil ......................... ........................13 2.3 Gerenciamento de resíduos da construção civil em Cuiabá........................................................................................................................16 3 PGRCC E SUAS ETAPAS ....................................................................................20 3.1 Caracterização......... ...........................................................................................20 3.2 Triagem... ............................................................................................................213.3 Acondicionamento ....... ......................................................................................22 3.4 Transporte...... ....................................................................................................22 3.5 Destinação do RCD ............................................................................................23 4 METODOLOGIA .................................................................................................. 25 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................25 5.1 Elaboração de um PGRCC .................................................................................26 5.1 Elaboração de um PGRCC .................................................................................26 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 30 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 31 8 1 INTRODUÇÃO Os RCDs - Resíduos de Construção ou Demolição, de acordo com a Resolução Nº 307 CONAMA (2002) são os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos e não poderão ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares, em áreas de “bota fora”, em encostas, corpos d`água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei. O setor da construção civil aponta um crescimento no estado de Mato Grosso nos últimos anos, devido ao crescimento populacional da região e as constantes mudanças ocorridas na estrutura das cidades principalmente na capital Cuiabá, contribuindo assim com a geração de uma grande quantidade de resíduos da construção e demolição, também chamados de (RCD) ou resíduos da construção civil (RCC), provocando um grande impacto ao meio ambiente e a sociedade quando não gerenciados de forma correta. Concordamos com Pinto e Gonzales (2005), que “as deposições irregulares, geralmente em grande número, resultam na maioria das vezes de pequenas obras ou reformas realizadas pelas camadas da população urbanas mais carentes de recursos” [...]. Onde na maioria das vezes essas construções e reformas são executadas sem o acompanhamento de um profissional adequado, sendo assim não há uma elaboração do PGRCC - Planos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, onde é estabelecido as responsabilidades aos geradores a gestão desses resíduos, incluindo reciclagem, reaproveitamento e destinação. Sabemos que a construção civil é uma atividade importante para o desenvolvimento econômico e social, por outro lado, também é uma grande geradora de impactos ambientais devido a geração de resíduos, o consumo de recursos naturais e a modificação da paisagem. O setor da construção civil tem papel fundamental para alcançar a sustentabilidade, garantindo que antes, durante e após as construções, sejam feitas ações que reduzem os impactos ambientais, como o aproveitamento de resíduos, abrangendo o consumo consciente de matéria prima, proporcionando assim uma boa qualidade de vida para as gerações atuais e futuras. O Município de Cuiabá conta com uma legislação específica sobre Resíduos sólidos da Construção Civil e Demolição e sabendo da importância dos problemas 9 socioambientais ligados ao mau gerenciamento desses resíduos, este trabalho busca descrever como está sendo realizada tal ação desse gerenciamento e o aproveitamento desses resíduos no município de Cuiabá e também apresentar as instruções e normas técnicas que estabelecem diretrizes e procedimentos gerais para a elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil na capital. 1.1 OBJETIVO 1.1.1 Objetivo geral Descrever como está sendo realizado o gerenciamento e aproveitamento de resíduos da construção civil no município de Cuiabá e apresentar aos pequenos geradores os procedimentos utilizados em relação ao manuseio dos resíduos sólidos decorrentes da atividade da construção civil e apresentar instruções aos grandes geradores para a elaboração do PGRCC, contribuindo para a redução da geração e disposição irregular de resíduos de construção civil na cidade de Cuiabá, orientando a caracterização, segregação, acondicionamento, transporte e destinação final. 1.1.2 Objetivos específicos Descrever as definições, classificações e gerenciamento dos RCD; Descrever o modelo de gestão adotado atualmente pela administração municipal de Cuiabá; Descrever as etapas do projeto de gerenciamento de resíduos da construção civil; Descrever o processo para a elaboração de um PGRCC. 10 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Conceitos e classificação de resíduos sólidos De acordo com a Norma Brasileira NBR 10.004:2004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), resíduos sólidos são: “aqueles resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d´água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível”. Observa-se a diversidade de geradores desses (RSU), proveniente das atividades das áreas com aglomeração de pessoas como comercial, residencial, agrícolas, industriais, serviços urbanos, da construção civil e serviços de saúde. De acordo com a mesma norma, a classificação de resíduos envolve a identificação do processo ou atividade que lhes deu origem e de seus constituintes e características e a comparação destes constituintes com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido, ficando classificados da forma abaixo: Classe I – Perigosos: resíduos que ofereçam risco à saúde, podendo provocar mortalidade ou danos ao meio ambiente quando não gerenciado de forma correta ou ainda que tenham como uma de suas características inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e/ou patogenicidade; Classe II - Não Perigosos: Classe II A - Não Inertes: são resíduos que não se enquadram na Classe I e na Classe II B, com propriedades como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água; Classe II B - Inertes: são resíduos que quando submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada a temperatura ambiente não apresenta nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água. A classificação citada acima avalia a forma de manuseio de cada resíduo, 11 conforme a sua periculosidade a saúde e ao meio ambiente, não descrevendo a origem de cada resíduo sólido. Para isso existem outras normas que classificam os resíduos de acordo com sua fonte geradora. Na Resolução nº 307/202 da CONAMA, define os procedimentos para a gestão de RCC, apresentando as ações que devem ser adotadas, a fim de minimizar os impactos ambientais causados pela disposição irregular dos resíduos, definindo como responsáveis os geradores de RCC pela reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e uma disposição final ambientalmente adequada. A resolução CONAMA Nº 307, artigo 3 classifica os resíduos da construção civil da seguinte forma: I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; b) de construção,demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meio-fio etc.) produzidas nos canteiros de obras; II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros; III – Classe C – são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso; IV - Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros. Segundo a mesma resolução, são estabelecidas as seguintes definições com relação aos resíduos da construção Civil: I - Resíduos da Construção Civil: são provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, 12 solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha. II – Geradores: são pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, responsáveis por atividades ou empreendimentos que gerem os resíduos da construção civil. III – Transportadores: pessoas físicas ou jurídicas, encarregadas da coleta e do transporte dos resíduos entre as fontes geradoras e as áreas de destinação. IV - Agregado reciclado: material granular proveniente do beneficiamento de resíduos de construção que apresentem características técnicas para a aplicação em obras de edificação, de infraestrutura, em aterros sanitários ou outras obras de engenharia. V - Gerenciamento de resíduos: sistema e gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas planos. VI – Reutilização: processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação dele. VII – Reciclagem: processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido submetido à transformação. VIII – Beneficiamento: ato de submeter um resíduo à operação e /ou processos que tenham por objetivos dotá-los de condições que permitam que sejam utilizados com matéria-prima ou produto. IX - Aterro de resíduos da construção civil: área onde serão empregadas técnicas de disposição de resíduos da construção civil Classe “A” no solo, visando a reservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menos volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente. XX X - Áreas de destinação de resíduos: destinadas ao beneficiamento ou à disposição final de resíduos. Há um conjunto de leis, políticas públicas e normas técnicas que estabelece ações fundamentais para a gestão dos resíduos da construção civil, contribuindo para minimizar os impactos ambientais, tem-se: Resolução CONAMA nº 307/2002 – Gestão dos Resíduos da Construção Civil, de 5 13 de julho de 2002; NBR 15112:2004 – Resíduos da construção civil e resíduos volumosos – Áreas de transbordo e triagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação NBR 15113:2004 – Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes – Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e operação; NBR 15114:2004 – Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação; NBR 15115:2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos; NBR 15116:2004 – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – Requisitos. 2.2 Gerenciamento de resíduos sólidos da construção civil A resolução CONAMA Nº 307/2002, implementa diretrizes para a efetiva redução dos impactos ambientais gerados pelos RCC, como o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, a ser elaborado pelos municípios e pelo Distrito Federal, incorporando o – Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PMGRC) e os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) que deverão contemplar as seguintes etapas: I. Caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os resíduos; II. Triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade, respeitadas as classes de resíduos estabelecidas no art. 3º desta Resolução; III. Acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos resíduos após a geração até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que seja possível, as condições de reutilização e de reciclagem; IV. Transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos; 14 V. Destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido nesta Resolução. Quanto a destinação dos RCC segundo a mesma Resolução, deverão ser da seguinte forma: I - Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura; II - Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura; III - Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas. IV - Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas. Fonte: Lima (2009). De acordo com PINTO; GONZÁLES (2005), a geração dos RCD nas cidades cresceu de forma significativa a partir de meados da década de 90, proveniente das construções de infraestrutura pelo poder público e de novas construções de edificações comerciais, residenciais e industriais de iniciativa privada. O gráfico a seguir apresenta uma média de resíduos RCD gerada em algumas cidades brasileiras, onde executores de reformas, ampliações e demolições 15 que, no conjunto, consistem na fonte principal desses resíduos. Gráfico 1: Origem dos resíduos. Fonte: I&T Informações e técnica De acordo com o diagnostico os principais responsáveis pela geração de volumes significativos são os executores de reformas, de novas residências tanto de pequeno e grandes porte, quase sempre autoconstruídas e informais e as construções novas superiores a 300 m² realizadas em ampla maioria por agentes privados e quase sempre são formalizadas. Quanto a coleta de RCD, segundo (PINTO,1999), em cidades de grande e médio porte vem sofrendo profunda alteração nos últimos anos em função do rápido incremento na geração e da substituição crescente de coletores individualizados por coletores constituídos como empresas. No transporte desses entulhos é utilizado caminhões poliguindaste e caçambas, e um grupo de transportadores autônomos, que utilizam carroças e até carrinhos de mão. O art. 4º da Resolução 307/2002 diz que os geradores deverão tercomo objetivo prioritário a não geração de resíduos e secundariamente a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final. O problema dos pequenos geradores é resolvido quando a resolução CONAMA 307/2002 compete aos Municípios de elaborar e implantar o PMGRCC, visando diminuir o impacto gerado pelos resíduos da construção, criando uma cultura de planejamento da destinação correta desses resíduos. Já os grandes geradores devem elaborar o Projeto de Gerenciamento de 16 RCC com o objetivo de estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados dos seus resíduos. 2.3 Gerenciamento de resíduos da construção civil em Cuiabá A população cuiabana cresceu em mais de 10 vezes nos últimos 50 anos, com mais de 600 mil habitantes no ano de 2019, aumentando assim a demanda em obras de infraestrutura e investimentos na área socioambiental para suportar tal crescimento. Com isso são geradas aproximadamente 800 toneladas por dia de RCC na capital, que são destinados na maioria das vezes de forma inadequada, como em terrenos baldios ou no antigo lixão da cidade, provocando risco a saúde da população e degradação paisagísticas. O Município de Cuiabá vem buscando estruturar o gerenciamento adequado desses resíduos desde 2009, com o objetivo de atender as exigências da Resolução CONAMA 307/2002, com a promulgação da Lei municipal nº4949/2007 e Decreto nº4761/2009, onde os três segmentos: geradores, transportadores e receptores de resíduos têm papel central, trabalhando todo o sistema de gerenciamento, desde a geração, coleta, transporte, tratamento, destinação, reaproveitamento e reciclagem. A gestão dos resíduos em pequenos volumes deve ser feita por intermédio do Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil que segundo o Decreto nº4761/2009 regulamenta a rede de pontos de entrega para pequenos volumes de resíduos da construção civil, serviço disque coleta, ações para a informação e educação ambiental dos munícipes, dos transportadores de resíduos e das instituições sociais multiplicadoras, definidas em programas específicos. 17 Quadro 1: Pontos de entrega voluntária de pequenos volumes em Cuiabá. Fonte: Núcleo Permanente de Gestão de Resíduos Sólidos (SMMA/SMSU/SMTU). O Município exige dos proprietários de obras e demolições de grande volume: 1- Que elaborem o Projeto de Gerenciamento de RCDs e o apresente juntamente com o projeto da edificação para a sua aprovação pela SMAAF; 2 - Com base nas informações deste projeto, durante todo o período de construção os construtores deverão dispor seus resíduos na Área de Triagem e Transbordo (ATT) licenciada neste município, que finalizará a sua recepção para triagem, assinando o Controle de Transporte de Resíduos (CTR); 3 - As cópias destes CTRs deverão ser arquivadas pelos construtores e apresentadas ao Município quando da solicitação do Habite-se da edificação, garantindo que os RCDs gerados naquela obra tiveram a destinação adequada. A responsabilidade pela gestão integrada dos RCDs é do Núcleo Permanente de Gestão, constituído por integrantes da SMAAF, da SMSU e da SMTU, de onde partem as decisões para implantação do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Construção Civil concebido para Cuiabá (SMADES, 2016). De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano – SMADES (2016), o gerenciamento desse processo, desde a elaboração do PGRCD pelos construtores até a expedição do Habite-se, é atribuição da SMAAF, que tem como responsabilidade as ações de Educação Ambiental no município, produzindo informação e orientações a comunidade cuiabana para a adequada disposição e destinação destes resíduos, de forma a evitar poluição de solo e água, e reinseri-los no processo produtivo local evitando a retirada de novos recursos naturais, encarrega-se também pela fiscalização dos resíduos nas obras, RECEPTORES/ RECICLADORES MATERIAIS ENDEREÇO Aterro Sanitário Municipal Solo Estrada Balneário Letícia, KM 6 – antiga estrada Coxipó do Ouro CGR – Centro de Gerenciamento de Resíduo Cuiabá Resíduos Industriais, Gesso, Tintas, Óleos, Amianto Fazenda Nova Esperança, Estrada do Couro, Distrito Pascoal Ramos. Pedra 90, Cuiabá MT. Eco Ambiental – Reciclagem de Materiais de Construção LTDA – EPP Resíduos de Construção Civil e Volumosos Antiga Rodovia Emanuel Pinheiro, KM 04 – Jardim Vitoria 18 cabendo à SMTU a fiscalização do transporte destes resíduos em seus trajetos da obra geradora até a ATT. O município realizou um processo licitatório, onde a empresa Eco Ambiental venceu e recebeu a concessão dos serviços de recebimento e reciclagem do entulho dos médios e grandes geradores, e desde 2010 vem recebendo, triando e reciclando resíduos da construção civil gerados no município. A empresa recebe resíduos da construção civil do tipo classe A, estipulados pela resolução 307 do Conama e as demais classes, desde que em pequenas quantidades, misturadas com o de Classe A acompanhados da CTR devidamente preenchida para os respectivos descartes. Os resíduos que não são passíveis de reciclagem, a Eco Ambiental separam e encaminham à destinação correta, como ferro, pneu, plástico, resíduos contaminantes e lixo. Após uma coleta seletiva, esses resíduos passam por um processo de triagem, para verificar se há algum outro tipo de material misturado, como madeira, pvc, plástico, dentro outros e logo depois é triturado. Somente após a granulagem, ou seja, a separação das frações é que se pode dar uma destinação adequada aos novos materiais. De acordo com o tamanho da fração, os resíduos serão classificados em areia, brita, pedrisco, bica corrida e outros. Em seguida, poderão ser comercializados como matéria prima secundária. 19 Quadro 2: Materiais fabricado pela empresa Eco Ambiental a partir de RCDs. Fonte: ecoambientalmt.com.br 20 2 PGRCC E SUAS ETAPAS A implantação do método de gestão de resíduos para a construção civil implica o desenvolvimento de um conjunto de atividades para se realizar dentro e fora do canteiro de obras. Em 2012 o PGRCC (Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil) passou-se a exigir para obras com área superior a 125 m2 no município de Cuiabá, com o objetivo de definir os procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados dos resíduos, com isso criou-se a equipa da estrutura da SMAAF para fazer a análise destes projetos. A empresa deve definir um setor específico em sua estrutura administrativa para ser responsável pela elaboração do PGRCC e o gerenciamento dos resíduos sólidos, devendo estar compatível com as recomendações definidas pela CONAMA. O PGRCC deverá compor as seguintes etapas exigidas por lei, sendo elas a caracterização, triagem, acondicionamento, transporte e destinação de RCD. Antes, porém, é importante haver uma etapa de planejamento, pensando em um projeto arquitetônico visando a não geração dos resíduos nas construções, utilizando de um sistema construtivo onde os materiais a serem empregados com integração entre os projetos complementares, rico em detalhamentos para que não ocorra perdas por quantitativos inexatos. 3.1 Caracterização Esta fase é para se identificar e quantificar os resíduos, de forma a planejar qualitativa e quantitativamente a redução, reutilização, reciclagem e a destinação final dos resíduos. Essa identificação previa é fundamental no processo de reaproveitamento, levando a pensar em maneiras racionais de se reutilizar e reciclar o material. A tabela 1 mostra os tipos de resíduos possivelmente gerados em cada etapa de obra de um edifício residencial, auxiliandopara um planejamento da minimização da geração desses resíduos, sua reutilização em outras etapas da obras, a reciclagem ou simplesmente o melhor momento lugar para seu descarte corretamente. 21 Quadro 3: Geração de resíduos por etapa de uma obra. FASES DA OBRA TIPOS DE RESÍDUOS POSSIVELMENTE GERADOS Limpeza do terreno Solos Rochas, vegetação, galhos Montagem do canteiro Blocos cerâmicos, concreto (areia; brita) Madeira Fundações Solos Rochas Superestrutura Concreto (areia; brita) Madeira Sucata de ferro, fôrmas plásticas Alvenaria Blocos cerâmicos, blocos de concreto, argamassa Papel, plástico Instalações hidro sanitárias Blocos cerâmicos Pvc Instalações elétricas Blocos cerâmicos Conduites, mangueira, fio de cobre Reboca interno/externo Argamassa Revestimentos Pisos e azulejos cerâmicos Piso laminado de madeira, papel, papelão, plástico Forros de gesso Placas de gesse acartonado Pintura Madeira Coberturas Cacos de telhas de fibrocimento Fonte: VALOTTO, 2007, adaptado por Lima (2009). Esta estimativa é importante de se fazer, pois proporciona uma separação de cada momento de reutilização de cada classe e quantidade de resíduo, estimando o volume de RCC em tipo e etapa de obra e deverão ser identificados e classificados conforme as Resoluções CONAMA 307/2002 e 348/2004. 3.2 Triagem Segundo a resolução 307/2002 – CONAMA a triagem deverá ser feita, preferencialmente, pelo gerador na origem, nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade, respeitadas as classes de resíduos estabelecidas pela CONAMA. O processo de triagem tem o objetivo de separar os RCCs de acordo com a sua classe, conforme apresentado no quadro 2. 22 Quadro 4: Classes em que deve ser enquadrado o RCC triado. CLASSE INTEGRANTES DESTINAÇÃO A Resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como componentes cerâmicos, argamassa, concreto e outros, inclusive solos Deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados; ou encaminhados a áreas de aterros de resíduos da construção civil, onde deverão ser dispostos de modo a permitir sua posterior reciclagem, ou a futura utilização, para outros fins, da área aterrada B Resíduos recicláveis para outras destinação, tais como plástico, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e outros Deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura C Resíduos para quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações para reciclagem/recuperação, tais como restos de produtos fabricados com gesso Deverão ser armazenados, transportados e receber destinação adequada, em conformidade com as normas técnicas especificas D Resíduos perigosos oriundos da construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros, como o amianto, ou aqueles efetiva ou potencialmente contaminados, oriundos de obras clínicas radiológicas, instalações industriais e outras Deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e receber destinação adequada, em conformidade com a legislação e as normas técnicas especificas Fonte: PINTO, (2005) Deve ser separado um lugar apropriado para o processo de triagem dentro do canteiro de obra, de fácil acesso para sua remoção e encaminhamento à destinação escolhida. Junto ao projeto de canteiro de obra deverá ser apresentado um croqui indicando esse espaço reservado para tal separação. 3.3 Acondicionamento Após triagem dos RCC o gerador deve fazer o confinamento dos resíduos até a etapa de transporte. Devem ser acondicionadas em dispositivos de armazenamentos como, bags, baias, bombas e caçambas estacionarias, que deverão conter sinalizadores com informações do tipo de resíduos que cada um acondiciona, preservando a organização obra e preservação da qualidade do RCC. A Resolução 275, de 25 de abril de 2001, do CONAMA, estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, adotado para a identificação dos recipientes, conforme apresentado no quadro 3. 23 Quadro 5: Cores padronizadas dos recipientes para cada tipo de resíduo. PADRÃO DE CORES Azul Papel e papelão Vermelho Plástico Verde Vidro Amarelo Metal Preto Madeira Laranja Resíduos perigosos Branco Resíduos ambulatórios e de serviços de saúde Roxo Resíduos radioativos Marrom Resíduos orgânicos Cinza Resíduos geral não recicláveis ou misturado, ou contaminado, não possíveis de separação Fonte: RESOLUÇÃO CONAMA nº 275, de 25 de abril de 2001. Esses códigos de cores são ferramentas importantes para que os resíduos sejam separados em categorias, facilitando o processo de reciclagem ou destinação correta. O não cumprimento desse código de cores acarreta penalidades estabelecidas pela Lei de Crimes Ambientais. 3.4 Transporte O transporte inicial, dentro da obra, geralmente é por realizado em carrinhos- de-mão, giricas e bags quando se trata de deslocamento horizontal, e o vertical é realizado em tubos condutores de entulho ou elevadores de carga e quando se trata de um volume de resíduos muito grandes, usa-se a grua para o transporte vertical. O transporte final dos resíduos é executado por empresas de coleta de RCD contratadas pela construtora e devem ser cadastradas e credenciadas pelo órgão municipal fiscalizador. 3.5 Destinações do RCD Ao fazer a contratação de uma empresa para remoção dos resíduos, ela precisa ser devidamente licenciada para efetuar este de serviços e para a coleta e a remoção dos RCC é necessária fazer o controle por meio de uma ficha de acompanhamento, contendo os dados do responsável pela geração, tipologia e quantificação dos resíduos, dados do transportador e sua destinação final. O responsável pela geração deve manter este documento em uma via em mãos devidamente assinado pelo transportador e do destinatário final destes resíduos, https://www.vgresiduos.com.br/blog/lei-dos-crimes-ambientais/ 24 tendo assim a garantia que este material foi disposto corretamente. A tabela a seguir apresenta algumas das soluções de destinação para os resíduos, passíveis de utilização pelos construtores. Quadro 6: Possibilidades de destinação de RCC. TIPOS DE RESÍDUOS CUIDADOS REQUIERIDOS DESTINAÇÃO Blocos de concreto, blocos cerâmicos, argamassas, outros componentes cerâmicos, concreto, tijolos e assemelhado Privilegiar soluções de destinação que envolvam a reciclagem dos resíduos, de modo a permitir seu aproveitamento como agregado. Áreas de Transbordo e Triagem, Áreas para Reciclagem ou Aterros de resíduos da construção civil licenciadas pelos órgãos competentes; os resíduos classificados como classe A (blocos, telhas, argamassa e concreto em geral) podem ser reciclados para uso em pavimentos e concretos sem função estrutural Madeira Para uso em caldeira, garantir separação da serragem dos demais resíduos de madeira. Atividades econômicas que possibilitem a reciclagem destes resíduos, a reutilização de peças ou o uso como combustível em fornos ou caldeiras. Plásticos (embalagens, aparas de tubulações etc.) Máximo aproveitamento dos materiais contidos e a limpeza da embalagem. Empresas, cooperativas ou associações de coleta seletiva que comercializam ou reciclam estes resíduos Papelão (sacos e caixas de embalagens) e papéis (escritório) Proteger de intempéries. Empresas, cooperativas ou associações de coleta seletiva que comercializam ou reciclam estes resíduos. Metal (ferro, aço, fiação revestida, arames etc.) Não há. Empresas, cooperativas ou associações de coleta seletiva que comercializam ou reciclam estes resíduos. Serragem Ensacar e proteger de intempéries. Reutilização dos resíduos em superfícies impregnadas com óleo para absorção e secagem, produção de briquetes (geraçãode energia) ou outros usos. Gesso em placas acartonadas Proteger de intempéries. É possível a reciclagem pelo fabricante ou empresas de reciclagem. Gesso de revestimento e artefatos Proteger de intempéries. É possível o aproveitamento pela indústria gesseira e empresas de reciclagem. Solo Examinar a caracterização prévia dos solos para definir destinação Desde que não estejam contaminados, destinar a pequenas áreas de aterramento ou em aterros de resíduos da construção civil, ambos devidamente licenciados pelos órgãos competentes Telas de fachada e de proteção Não há. Possível reaproveitamento para a confecção de bags e sacos ou até mesmo por recicladores de plásticos. EPS (poliestireno expandido - exemplo: isopor) Confinar, evitando dispersão. Possível destinação para empresas, cooperativas ou associações de coleta seletiva que comercializam, reciclam ou aproveitam para enchimentos. 25 Materiais, instrumentos e embalagens contaminados por resíduos perigosos (exemplos: embalagens plásticas e de metal, instrumentos de aplicação como broxas, pincéis, trinchas e outros materiais auxiliares como panos, trapos, estopas etc.) Maximizar a utilização dos materiais para a redução dos resíduos a descartar. Encaminhar para aterros licenciados para recepção de resíduos perigosos. Fonte: SINDUSCON-SP, 2012 4 METODOLOGIA A pesquisa baseou-se predominantemente em fontes de informações secundárias, ou seja, foram realizadas consultas bibliográficas em artigos técnico- científicos, livros, trabalhos acadêmicos, legislações vigentes e consulta prévia a órgãos públicos oficiais e entidades particulares, que desenvolveram pesquisas específicas ao tema gerenciamento de resíduos da construção civil e demolição buscando identificar as principais aplicações e destinações dadas para os resíduos de construção civil no âmbito municipal. Para auxiliar nas descrições das diretrizes utilizou-se a resolução CONAMA 307/02 com enfoque para desenvolver um processo de gestão para os resíduos e consultas em publicações que apresentam metodologias que devem ser incorporadas pelas empresas na busca do desenvolvimento de um Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO O município apresenta um local licenciado para sua destinação final, buscando atender as exigências da legislação municipal, porém, anda há uma grande parte destes resíduos sendo recolhidos por transportadores não licenciados e assim são dispostos em lugares impróprios como terrenos baldios, encostas e ao longo das vias públicas da cidade. Apesar da lei municipal 4.949/2009 orientando, regulamentando sobre a destinação dos resíduos da construção, estima que a capital recicla apenas 41% dos resíduos de construção. 26 5.1 Elaboração de um PGRCC O PGRCC é um dos documentos necessários no processo de licenciamento ambiental, para o pedido de licença previa e de instalação para obras de média e alta complexidade, elaborados e executados pelos geradores que não se enquadram dentro do Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e deverão contemplar as etapas citadas acima. São exigidos pelo órgão municipal fiscalizador, formulários de produção mensal dos resíduos, descriminando a quantidade de RCC produzida durante toda a execução da obra, separadas por classe e fase. Deve conter também informações sobre a empresa contratada para o transporte dos resíduos, o local de destinação final e endereço da obra. Além de informar os órgãos competentes o que será feito com os resíduos durante o empreendimento, o projeto também tem a função de orientar o corpo técnico da obra a atender e aplicar os preceitos da Resolução CONAMA 307/02. O seu objetivo é caracterizar os resíduos produzidos, estimar a quantidade gerada, propor medidas que reduzam a sua geração e definir os procedimentos para o correto tratamento dos resíduos (NOVAES; MOURÃO, 2008). 5.2 Formalização dos procedimentos Informar os dados da empresa responsável pela obra, como CNPJ, endereço completo (croquis de localização), telefones, nomes dos responsáveis pela empresa e número do registro no CREA, CPF, endereço, telefone, e-mail dos responsáveis técnicos pela obra e pela elaboração do Projeto de RCC, apresentar também uma cópia autenticada da anotação de responsabilidade técnica – ART no respectivo Conselho profissional. Deve ser feito a descrição da caracterização do sistema construtivo, se a obra se trata de uma construção nova, ou se haverá alguma demolição, sendo assim preciso apresentar a licença de demolição, indicando o número de trabalhadores, incluindo os terceirizados. Se estiver prevista a reutilização dos resíduos na própria obra, deve ser informada a quantidade dos resíduos, o processo da reciclagem e como o resíduo reciclado será aplicado na própria obra. Estas informações podem ser apresentadas 27 em forma de quadro, conforme o exemplo do Quadro 4. Quadro 7: Reutilização ou Reciclagem dos resíduos de construção civil na obra. TIPOS DE RESÍDUOS REUTILIZAÇÃO RECICLAGEM QUANTIDADE (m³) PROCESSO APLICAÇÃO C L A S S E A C L A S S E B Fonte: Autora, 2021. Devem ser apresentado os croquis do canteiro de obras, indicando a área prevista para a triagem e o armazenamento dos resíduos com dimensões compatíveis ao volume de resíduos previsto. A área de armazenagem deve ser impermeabilizada e coberta, e os resíduos devem ser dispostos separadamente, conforme sua classificação. Os resíduos devem ser classificados segundo a resolução CONAMA Nº 307/2002, citada anteriormente, inclusive os resíduos de característica doméstica, fazendo uma estimativa da geração média desses resíduos de acordo com o cronograma de execução da obra (em Kg ou m3). Descrever os procedimentos com relação ao transporte interno (vertical e horizontal) dos RCC, por classe/tipo e para o transporte externo é preciso identificar as empresas transportadoras contratadas, fornecendo dados como nome, razão social, endereço, telefone, fax, e-mail, tipos de veículos utilizados e número da licença para o transporte. Após cada coleta deverá ser emitido o documento CTR (Controle de Transporte de Resíduos), que registra a destinação dos resíduos coletados, sendo emitido em 3 vias, uma para o transportador, outra para o gerador e receptor. Neste documento deverão constar as informações conforme o (art. 10, inciso V, art.15 e art. 16 do Decreto n.o 4761 de 19/02/2009), exemplificado abaixo. 28 Controle de Transporte de Resíduos - CTR CTR – CONTROLE DE TRANSPORTE DE RESÍDUOS CTR N o 1- Identificação do Transportador Nome ou Razão Social: N.o Licença da empresa: Nome completo legível Condutor N.o Cadastro do Veículo ou Placa: 2 - Identificação do Gerador Nome ou Razão Social: CPF ou CNPJ: Endereço: Rua/Av. Telefone: Edifício/ Apto: Bairro: Regional: Município: E- mail: 3 - Endereço da Retirada [ ] o mesmo do gerador N.o Alvará: Endereço: Rua/ Av. Obra: [ ] Residencial [ ] Comercial [ ] Industrial [ ] Institucional [ ] Serviços de Saúde 4 - Caracterização do Resíduo Volume transportado Valor total da tarifa em R$: [ ] Concreto/argamassa/alvenaria [ ] Solo ...........................m³ ............................. [ ] Volumosos (móveis e outros) [ ] Madeira [ ] Volumosos (galhos e podas) [ ] Outros ................ 5 – Responsabilidades Data: / / Hora:Assinatura Condutor/Rep. da Transportadora Assinatura por extenso do Gerador/Responsável Assinatura do Rep. da Concessionária Fonte: SMAAF Os resíduos devem ser armazenados nas caçambas respeitando a altura das boras, e deverão ser dispostas, prioritariamente, no interior do imóvel da obra, quanto ao uso das caçambas estacionarias, deve ser respeitado o prazo de 05 dias ou 48 horas em vias especiais e de 06 horas em vias de trânsito intenso. 29 É necessário fazer a identificação da unidade de destinação final, e descrever os procedimentos possíveis adotados com relação a destinação dos RCC por classe, com é indicado na tabela 2. Exigir do transportador o Controle de Transporte de Resíduo (CTR) preenchido e assinado pela ATT licenciada de Cuiabá é a única garantia do gerador de que o resíduo será separado e terá o destino adequado. Este documentos de Controle de Transporte de Resíduo (CTR) devem estar disponíveis nos locais da geração dos resíduos para fins de possíveis fiscalização pelos órgãos competentes. Ao final da obra, os formulários, tanto da empresa construtora como da empresa contratada para coleta, são encaminhados ao órgão fiscalizador para averiguação da quantidade de resíduos prevista no PGRCC e efetivamente gerada. Para o caso específico de Cuiabá, o órgão municipal fiscalizador é a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Assuntos Fundiários de Cuiabá (SMAAF). O Município está viabilizando o cadastramento de transportadores proprietários de caminhonetes e caminhões, uma vez que estes poderão transportar volumes menores de resíduos e destinar adequadamente na ATT, desde que mediante o CTR – controle de transporte de resíduos. Para a recepção dos resíduos da construção civil e volumosos no Município concedeu-se à iniciativa privada, por intermédio de processo licitatório, a prestação de serviços de triagem e transbordo. A empresa licenciada para esse fim em Cuiabá recebe RCDs do tipo Classe A, e quanto os resíduos Classes C e D devem ser entregues diretamente no aterro de resíduos industriais, licenciada pela Sema/MT para destinação e disposição final destes tipos de resíduos sólidos. A Eco Ambiental cobra uma tarifa de descarte de quinze reais por metro cúbico para RCC e dez reais por metro cúbico para madeiras, valor este fixado pelo Poder Público – Decreto 5721 de Fevereiro de 2015. Como base nos resultado das análises feita em pesquisas e trabalhos anteriores relacionados as diretrizes para a elaboração de um PGRCC, o roteiro básico para elaboração do PGRCC deve conter as seguintes etapas expostas no quadro 5. 30 Quadro 8: Etapas do Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil 1 INFORMAÇÕES GERAIS 2 ATIVIDADES DO PGRCC 3 COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL Identificação do empreendedor Caracterização dos resíduos Apresentação do plano de comunicação e educação ambiental Responsável técnico da obra Minimização dos resíduos Equipe técnica responsável pelo PGRCC Segregação dos resíduos Caracterização do empreendimento Transporte interno dos resíduos Acondicionamento inicial do resíduos Reutilização e reciclagem dos resíduos Acondicionamento final dos resíduos Transbordo dos resíduos Destinação dos resíduos Fonte: Autora, 2021. Os formulários de Controle de Transporte de Resíduos (CTR) um modelo para o Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC), assim como a localização da empresa Eco Ambiental são encontrados dentro da página da SMADES no tópico legislação (Resíduos Sólidos). O empreendimento que não elaborar o PGRCC poderá sofrer penalidades, como pagamento de multas ou até mesmo a paralisação da obra, e o tempo para sua elaboração pode variar de acordo com seu tipo , porém tem o prazo limite de 24 meses para incluir o PGRCC nos projetos de obras a serem submetidos à aprovação ou ao licenciamento dos órgãos competentes, conforme §§ 1º e 2º do art. 8º da RESOLUÇÃO CONAMA n° 307. 31 7. CONCLUSÃO Os Resíduos da Construção Civil em Cuiabá estão sendo tratados adequadamente já que o Município apresenta um local licenciado para sua destinação final, buscando atender as exigências da legislação municipal, porém, anda há uma grande parte destes resíduos sendo recolhidos por transportadores não licenciados e assim são dispostos em lugares impróprios como terrenos baldios, encostas e ao longo das vias públicas da cidade. Este trabalho buscou apresentar também as diretrizes para a elaboração do Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC), enfatizando a sua importância na ação de redução da geração de resíduos, as formas de reaproveitá-lo e guiar a destinação correta destes resíduos não aproveitados, a fim de reduzir o impacto das suas obras sobre o meio ambiente. A elaboração dos PGRCC tem se caracterizado como uma importante ferramenta de sensibilização e educação ambiental, direcionada principalmente para engenheiros, arquitetos, empresas e proprietários de obras no município, influenciando o aumento da destinação adequada dos resíduos desde a fase inicial a final destas obras. É de extrema importância que as empresas reavaliem seus processos construtivos e gerenciais em relação ao RCC. Atualmente existem várias publicações, elaboradas em diferentes regiões do país, que apresentam metodologias que devem ser incorporadas pelas empresas na busca do desenvolvimento de um PGRCC. A elaboração dos projetos pelas construtoras, além de ser uma exigência do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, também é uma ferramenta imprescindível para conquistar ótimos desempenhos dentro dos canteiros de obras. O mau gerenciamento e disposição inadequada de RCD acarreta sérios problemas a saúde pública e para o município, assim a reutilização e reciclagem desses resíduos pode ser considerada a melhor alternativa para se ter um desenvolvimento sustentável no setor da construção civil, reduzindo o consumo de recursos naturais e consequentemente reduzir o custo das obras. Cabe aos geradores a participação e conscientização sobre o gerenciamento de seus resíduos, e por parte do município incluir pontos de coleta para os pequenos geradores. 32 8.REFERÊNCIAS ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 10.004: Resíduos Sólidos classificação. Rio de Janeiro, 2004. BRASIL. LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010.. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em: < https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Decreto/D7404.htm> Acesso em: 20 de abril de 2021. VALOTTO, Daniel Vitorelli. Busca de informação: gerenciamento de resíduos da construção civil em canteiro de obras. Monografia (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Estadual de Londrina, 2007. LIMA, R. S.; LIMA, R. R. R. Guia para elaboração de projeto de gerenciamento de resíduos da construção civil. Curitiba: CREA – PR, 2009. PINTO, T. P.; GONZÁLES, J. L. R., Manual de orientação de manejo e gestão dos resíduos da construção civil: como implementar um sistema de manejo e gestão nos municípios. Caixa Econômica Federal, v.1, n.1, 194p, 2005. CONAMA, Resolução Nº 307, de 05 de julho de 2002. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Governo Federal – Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, n° 136, 17 de julho de 2002. Seção 1, p. 95-96. BRASIL (2007) Lei nº 4.949, de 5 de janeiro de 2007. Institui o sistema de gestão sustentável de resíduos da construção civil e resíduos volumosos e o plano integrado de gerenciamento de resíduos de construção civil, nos termos da resolução do Conama n° 307, de 05 de julho de 2002 e dá outras providencias.Cuiabá: Gazeta Municipal. SINDUSCON-CE. Manual sobre os Resíduos Sólidos da Construção Civil. Programa Qualidade de Vida na Construção. Fortaleza, 2011. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2012.305-2010?OpenDocument https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Decreto/D7404.htm
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