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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental SUELLEN MARQUES PEREIRA PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: UM ESTUDO DE APLICAÇÃO EM CANTEIRO DE OBRAS Recife, 17 de janeiro de 2013 1 SUELLEN MARQUES PEREIRA PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: UM ESTUDO DE APLICAÇÃO EM CANTEIRO DE OBRAS Monografia apresentada como requisito final do Trabalho de Conclusão do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco- IFPE, para Obtenção do título de Tecnólogo em Gestão Ambiental. Profº Msc. Francisco de Melo Granata Orientador - IFPE . Recife, 17 de Janeiro de 2013 2 SUELLEN MARQUES PEREIRA PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: UM ESTUDO DE APLICAÇÃO EM CANTEIRO DE OBRAS Monografia aprovada como requisitos finais do Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de Tecnólogo em Gestão Ambiental ao término do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco. COMISSÃO EXAMINADORA ______________________________________________________ Prof. Msc. Francisco de Melo Granata Orientador - IFPE ______________________________________________________ Prof. Msc. Carlos Alberto Meira Carneiro da Cunha Avaliador Interno ______________________________________________________ Prof. Dr. Célio Muniz de Lima Avaliador Externo Recife, 17 de Janeiro de 2013 3 DEDICATÓRIA Dedico essa vitória à minha querida e saudosa vovó Adélia, que foi uma pessoa que possuía uma inteligência e perspicácia incríveis, sempre ratificou para os netos a importância de estudar, coisa que ela sempre quis, mas que por diversas razões não pôde fazê-lo. Certamente ela ficaria muito orgulhosa de ver não só a mim, mas também minhas duas irmãs que estão se formando nesta mesma época e se sentir realizada através de nós três, aos nos ver com o diploma de ensino superior nas mãos. 4 AGRADECIMENTOS Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco- IFPE, por ofertar este curso e nos conceder a oportunidade de ampliarmos os nossos horizontes com uma formação multidisciplinar com foco na área de meio ambiente. Agradeço ao professor Francisco Granata e à professora Renata Caminha, que me acolheram e me ajudaram com a maior presteza do mundo ao aceitarem me ajudar em meio às turbulências ocorridas durante a confecção deste trabalho e ao professor Carlos Alberto, que me contagiou com seu entusiasmo sobre o assunto do meu TCC e por prontamente querer participar desse momento tão importante para mim, ao aceitar participar da banca de avaliação. Aos demais docentes, que ao compartilharem seus conhecimentos instigaram a nossa turma a sempre pesquisar, estudar e nos fizeram ser curiosos, contempladores do meio ambiente e, principalmente, agentes de mudança de paradigmas em prol da luta incansável que é ajudar na preservação e conservação da Natureza e todos os seus componentes! À Moura Dubeux, por permitir conhecer um pouco sobre a sua responsabilidade ambiental no que diz respeito aos resíduos sólidos, que é uma área da gestão ambiental que ganha importância a cada dia, e por ter me dado a oportunidade de ter uma visão mais consistente sobre esta temática. Aos meus colegas de turma, Gestores Ambientais, com ao quais fiz laços de amizade que espero levar pelo resto da vida. Com eles enfrentei os percalços que nos apareceram ao longo do curso, aprendemos juntos tanto estudando quanto com a troca de experiências pessoais e profissionais. Aos meus queridos pais, minhas irmãs e Osvaldo, pelo apoio e incentivo que me deram com suas observações sempre pertinentes à minha pessoal e profissional e com seus exemplos que de uma forma ou de outra me inspiraram para que eu aqui chegasse. A todos os parentes, amigos e pessoas que de alguma forma me ajudaram a trilhar este árduo caminho em busca do conhecimento. 5 RESUMO O presente trabalho versa sobre o Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC), tendo a Construtora e Incorporadora Moura Dubeux como um exemplo da aplicação do mesmo. A metodologia utilizada consistiu na pesquisa de dados secundários através de pesquisa bibliográfica, realização de entrevista e aplicação de questionário ao Departamento de Sistema de Gestão Integrada da empresa e análise de dados primários coletados. A partir dos resultados obtidos e das informações coletadas na pesquisa bibliográfica, foi feito um diagnóstico, superficial, sobre o PGRCC da empresa e então foram dadas sugestões de melhorias para os pontos vulneráveis observados na visita in loco, bem como também sugestões extraídas de publicações técnicas do tema em questão, visando mostrar experiências bem sucedidas aplicadas em canteiros de obras. Palavras-chave: PGRCC, RCC, Construção Civil, Canteiro de Obras. 6 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11 2. OBJETIVOS ................................................................................................................... 13 2.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................................... 13 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 13 3. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 14 3.1 A CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL E EM PERNAMBUCO ................................... 14 3.2. CLASSIFICAÇÃO DOS RCD E RECICLAGEM ......................................................... 19 3.3. O PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ...... 21 4 ARCABOUÇO JURÍDICO ............................................................................................... 28 4.1 DEFINIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL À LUZ DA RESOLUÇÃO CONAMA 307/2002 .................................................................................... 29 4.1.1 Classificação dos Resíduos de Construção Civil .......................................................... 31 4.1.2. Obrigações dos Geradores de RCC ............................................................................. 32 4.1.3. Etapas do Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil ........................................ 32 4.1.4. Destinação Final de RCC ........................................................................................... 33 4.2. LEGISLAÇÃO DO ESTADO DE PERNAMBUCO SOBRE RCC ............................... 33 4.3. LEGISLAÇÃO DO MUNICÍPIO DO RECIFE SOBRE RCC ....................................... 34 5. METODOLOGIA ............................................................................................................ 37 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 38 6.1. RESULTADOS OBTIDOS NA MOURA DUBEUX .................................................... 38 6.1.1. Visitação do Canteiro de Obras .................................................................................. 40 6.2. EXEMPLO DE MÉTODOS E TECNOLOGIAS PARA RACIONALIZAR A EXECUÇÃO DO PGRCC NO CANTEIRO DE OBRAS .................................................... 48 7. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 55 APÊNDICE A – Questionárioaplicado no Departamento de Sistema de Gestão Integrada da Construtora Moura Dubeux para a obtenção de dados primários acerca do PGRCC. ............ 58 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 63 7 LISTA DE SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Urbana e Resíduos Especiais ATT Área de Triagem e Transbordo BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento CNI Confederação Nacional da Indústria CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente COOPERCON-CE Cooperativa da Construção Civil do Ceará CPRH Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos CTR Controle de Transporte de Resíduos DIRCON Diretoria de Controle Urbano EMLURB Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana FECOMÉRCIO-PE Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco NBR Norma Brasileira PGRCC Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos PVC Plástico composto pelo polímero Policloreto de Vinila RCC Resíduos de Construção Civil RCD Resíduos de Construção e Demolição SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SINDUSCON-PE Sindicato das Indústrias da Construção Civil de Pernambuco SIPAT Semana Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Geração per capita de RCD em Algumas Capitais Brasileiras 16 Tabela 2 Diretrizes, Critérios e Procedimentos Fundamentais para a Gestão dos RCC 22 Tabela 3 Tópicos Previstos em um PGRCC 23 Tabela 4 Roteiro para a Elaboração de um PGRCC 24 Tabela 5 Pontos de Geração de Resíduos no Canteiro de Obras 24 Tabela 6 Resíduos Sólidos Característicos de Cada Etapa da Construção 25 Tabela 7 Cores da Coleta Seletiva e a Correspondência com os Tipos de Resíduo 41 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Esquema da Organização do Capítulo 14 Figura 2 a) Resíduo Classe A após moagem; b) Ecobloco originado do resíduo Classe A; c) Blocos originados do resíduo Classe A 21 Figura 3 a) Areia reciclada; b) Brita reciclada 21 Figura 4 Fluxograma Simplificado das Etapas de Construção de Obras Verticais 26 Figura 5 Materiais Usados nos Diferentes Estágios de uma Obra de Construção 27 Figura 6 Exemplo de Formulário CTR Usado no Projeto Obra Limpa do SINDUSCON-SP 42 Figura 7a Exemplo de Check List Utilizado pelo Projeto Obra Limpa do SINDUSCON-SP 43 Figuras 7b Fatores de Avaliação - Limpeza e Segregação na Fonte 43 Figuras 7d e 7d Fatores de Avaliação – Limpeza e Segregação na Fonte; Acondicionamento Final 44 Figura 8 Etapas do Programa de Gestão de Resíduos no Canteiro de Obras 44 Figura 9 Escala de Eficiência no Gerenciamento do Canteiro de Obras na Moura Dubeux 45 Figura 10 Tubo Coletor de Entulho 46 Figura 11 Coleta Seletiva em Canteiro de Obras nas Frentes de Trabalho 46 Figura 12 Vias de Circulação Demarcadas 46 Figuras 13a e 13b Organização de Material de Modo Paletizado 46 Figura 14 Baia com Resíduos de Papel e Papelão 47 Figura 15 Acondicionamento de Resíduos de Madeira 47 Figura 16 Baias Múltiplas 47 Figura 17 Caçamba com Resíduos de Cerâmica, Concreto e Argamassa (Classe A) 47 Figura 18 Vista Geral das Baias com os Resíduos Separados por Categoria 47 Figura 19 Bags 48 Figura 20 Bombonas 48 Figura 21 Transporte Adequado de Blocos Cerâmicos 49 10 Figura 22 Armazenamento de Sacos de Cimento 49 Figura 23 Proposição de um Novo Posto de Trabalho 50 Figura 24 Uso de Material Tipo Dry Wall 52 Figura 25 Etapas Prioritárias na Gestão de Resíduos Sólidos 56 11 1. INTRODUÇÃO A preocupação do homem com a preservação e conservação do meio ambiente tornou-se latente a partir da década de 1960, quando ficaram evidentes os efeitos da degradação ambiental, oriundos dos mais diversos tipos de impactos, como por exemplo: Desastre de Minamata no Japão, ocasionado pelo despejo de resíduos industriais contendo mercúrio nos corpos hídricos locais, ocasionando a contaminação das águas, da fauna aquática e dos humanos; Uso indiscriminado de herbicidas, pesticidas e agrotóxicos com alto poder de toxidade, bioacumuladores e persistentes, ou seja, demoram demasiado para decomporem tanto em organismos vivos quanto no solo, na água e no ar; Uso de substâncias químicas como o Agente Laranja, produto desfolhante que foi utilizado pelos norte-americanos no Vietnã como tentativa de vencer a Guerra, mas que teve efeitos devastadores sobre o ecossistema local; O acelerado aumento da população mundial e sua crescente demanda por alimentos, recursos naturais, a consequente escassez dos mesmos e o poder poluidor que tudo isso acarretou ao meio ambiente. Todos esses fatos culminaram na realização de reuniões entre líderes mundiais para discutir e tentar "salvar o mundo", como a Conferência de Estocolmo (1972), Conferência Rio 92 (1992) e Conferência Rio +20 (2012); publicações diversas alertando sobre os perigos aos quais a natureza estava exposta, como Primavera Silenciosa de Rachel Carson (1962), Relatório de Brundtland (1987). Apesar de, inicialmente, não concordar com as preocupações ambientais e de chegar ao ponto de convidar empresas variadas a se instalarem no país para dar continuidade à filosofia do “crescimento econômico e industrial a qualquer custo”, o Brasil terminou por se alinhar à conjuntura política e ambiental da época. Por exemplo, em 1981 foram criados a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) e o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), dando início à elaboração de todas as leis que temos hoje com a temática ambiental. Mesmo tendo começado a legislar tardiamente, quando comparada a outros países, a legislação ambiental brasileira é referência mundial na área. Para os resíduos sólidos, a criação de sua política nacional começou a ser feita com o projeto de lei PL 203/91 e por fim, no ano de 2010 foi criada a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). 12 Mesmo antes da criação da PNRS, foi publicada a Resolução CONAMA 307/2002, a qual trata dos Resíduos de Construção Civil (RCC), também conhecidos como resíduos de Construção e Demolição (RCD), a qual obriga os geradores deste tipo de resíduos a fazerem planos de gerenciamento e os criminaliza pela disposição incorreta dos mesmos. O presente trabalho trata da Aplicação de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Construção Civil (PGRCC) em Canteiro de obras, tendo como exemplo a Construtora Moura Dubeux, para o qual foi feito um levantamento de como foi o seu processo de implantação, como vem sendo feita a sua execução e manutenção do seu PGRCC. A escolha deste tema deve-se ao fato de os RCD terem sua geração aumentada a cada ano em todo o país e pelo seu potencial poluidor e de reciclagem, quando são tratados de forma adequada desde o gerador até o seu destino final. 13 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Através de pesquisa bibliográfica, entender como se dá a construção de um PGRCC, conhecendo métodos bem sucedidos da aplicação de PGRCC por meio de publicações técnicas de vários Sindicatos da Construção Civil, bem como de outras instituições e pesquisadores/autores e ver a aplicação prática do mesmo, utilizando a Construtora Moura Dubeux como exemplo. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Compreender as etapas, através de pesquisa bibliográfica, acerca do processo de confecção, aplicação e manutenção de um PGRCC e mostrar o potencial poluidor e de reciclagem do RCD; Conhecer o processo de idealização, aplicação e manutenção do PGRCC da Moura Dubeux, por meio de entrevista e questionário (vide apêndice 1); Mostrar exemplos de práticas e novas tecnologias usadas no PGRCC com o intuito de minimizar a geração de RCD no canteiro de obras.14 3. REFERENCIAL TEÓRICO Neste capítulo é apresentado o referencial teórico utilizado para compor o presente trabalho, estruturado da seguinte forma: Figura 1: Esquema da organização do capítulo. (Suellen, 2012). 3.1 A CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL E EM PERNAMBUCO Segundo o SINDUSCON-PE (2008), a geração de resíduos do grande Recife é de aproximadamente 4.500 toneladas por dia. Para o restante do estado, a previsão do Sindicato é de 1.575 toneladas por dia. Do total de Resíduos da Construção Civil do estado, cerca de 30% do resíduo gerado resulta de empresas construtoras (grande gerador), enquanto o restante é gerado por pessoas físicas, reformas de lojas, pequenas construções, entre outros pequenos geradores. Para controle e gestão do RCD, o Plano Estadual de Resíduos Sólidos de Pernambuco (SEMAS, 2012) tem as seguintes diretrizes norteadoras para ações estaduais: Diretriz 01: Erradicação das áreas irregulares de disposição final de resíduos da construção civil. Diretriz 02: Incentivo ao reaproveitamento econômico dos resíduos da construção civil. 15 Diretriz 03: Assegurar a participação dos geradores de resíduos da construção civil na sua gestão. Em geral, os municípios coletam os resíduos de construção civil e demolição (RCD) de obras sob sua responsabilidade e os lançados em logradouros públicos. Mesmo não representando o total de RCD gerados pelos municípios, esta parcela é a única que possui registros confiáveis e, portanto, é a que integra a pesquisa municipal realizada anualmente pela ABRELPE. Com a retomada do crescimento da economia nacional, de modo que o país se transformou em um grande canteiro de obras, a cada ano aumenta a produção de RCD em todo território nacional, como mostra o gráfico abaixo, que traz números sobre a coleta diária de RCD no Brasil e na Região Nordeste entre os anos de 2007 e 2011, contidos na publicação Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil da ABRELPE. Grafico 1: Evolução anual da coleta diária de RCD no Brasil e no Nordeste. Fonte: ABRELPE (2008-2012). As quantidades apresentadas são expressivas, o que ratifica a situação já evidenciada em anos anteriores, demandando atenção especial dos municípios na gestão destes resíduos, visto que as quantidades reais são ainda maiores já que a responsabilidade para com os RCD é dos respectivos geradores, que nem sempre informam às autoridades os volumes de resíduos sob sua gestão. 16 Com base em dados de diversos países, os RCDs representam de 13% a 67% dos RSU (Resíduos Sólidos Urbanos). Segundo PINTO (1999), em cidades brasileiras de médio e de grande porte, a porcentagem de RCD na massa total de resíduos sólidos urbanos varia entre 41% e 70%. A geração per capita em estimativas internacionais varia entre 130 e 3.000 kg/(hab.ano) e no Brasil está em torno de 500 kg/(hab.ano). A tabela 1 apresenta a quantidade de RCD gerada em algumas capitais brasileiras no ano de 2005. Tabela 1: Geração per capita de RCD em algumas capitais brasileiras. Município Geração Per Capita RCD (t/dia) Florianópolis 636 Fortaleza 1.667 Porto Alegre 1.933 Recife 600 Rio de Janeiro 900 Salvador 1.453 São Paulo 12.400 Fonte: Adaptado de GIMENEZ (2008). Em Pernambuco, segundo MIRINDA (2010) no trabalho Missão Empresarial Nordeste do Brasil à China, realizado para a FECOMÉRCIO-PE, eis o cenário da economia pernambucana no tocante à construção civil: Visão Geral da Economia Pernambucana PIB (estimativa 2009 - a preço de mercado) => R$ 77 bilhões PIB per capta (estimativa 2009) => R$ 7,9 mil Participação do PIB de PE no NE => 17,9% Participação do PIB de PE no BR => 2,3% Participação da Indústria na Economia Participação da Indústria geral no PIB de PE => 21,9% Participação da Construção civil no PIB da Indústria geral de PE => 26,1% Número de Estabelecimentos da Construção Civil => 3.082 17 Número de Empregados na Construção Civil => 89.178 Gráfico 2: Perfil das empresas que atuam na construção civil em Pernambuco Fonte: MIRINDA, 2010. Gráfico 3: Porte das empresas do ramo da construção que atuam em Pernambuco Fonte: MIRINDA, 2010. Especialidades do Setor Construção de edifícios; Serviços de preparação do terreno; Construção de rodovias e ferrovias; 18 Instalações hidráulicas, de sistemas de ventilação e refrigeração; Obras de engenharia civil em geral; Obras de acabamento; Obras para geração e distribuição de energia elétrica e para telecomunicações; Serviços especializados para construção; Obras de urbanização, terraplanagem, construção de redes de abastecimento, fundações. Exemplo de Empreendimentos Estruturadores – Em Obras Os empreendimentos estruturadores de Suape (Refinaria de Petróleo, Fábrica de PTA, POY E PET, Estaleiro) somam um pouco mais de US$ 16 Bi em investimentos, estima-se a geração de 34.600 postos de trabalho só na fase de construção; Outros empreendimentos de Suape, 45 novas empresas em obras ou em construção deverão ser investidos cerca de US$ 4,2 Bi, com geração de 5.180 novas vagas; Outros grandes projetos do Estado com obras em licitação: Polos Farmacoquímico e Automobilístico de Goiana e a Plataforma Logística e Multimodal de Salgueiro. Perspectiva de Investimento De acordo com o relatório do BNDES a estimativa de investimentos é recorde tanto na indústria quanto na atividade de infraestrutura; Na construção civil, só para o Programa Minha Casa Minha Vida foram identificados R$ 21 bilhões de investimentos; Para os eventos esportivos (copa do mundo e olimpíadas) foram estimados R$ 59 bilhões, sendo 80% recursos públicos – esses números compreendem o cenário nacional. 19 3.2. CLASSIFICAÇÃO DOS RCD E RECICLAGEM Os RCD são classificados como resíduos sólidos inertes pela NBR 10.004 (ABNT, 2004). Do ponto de vista ambiental, os maiores problemas desses resíduos são os grandes volumes gerados e a disposição irregular. Os resíduos da construção civil quando dispostos in natura em aterros, constituem materiais de textura e composição variáveis predominantemente granulares, inorgânicos e inertes, com componentes muito diversos de ponto de vista do comportamento mecânico de composição química, além de apresentar baixas concentrações de poluentes. De acordo com a Resolução CONAMA nº 307/2002, as prefeituras estão proibidas de receber os RCD nos aterros sanitários e cada município deve ter um plano integrado de gerenciamento desses resíduos. A disposição regular dos RCD é feita em aterros especiais, geralmente privados. Uma grande quantidade, contudo, é disposta irregularmente na malha urbana, em bota-foras clandestinos, nas margens dos cursos d’água ou em terrenos baldios, acarretando assoreamento de córregos e rios, entupimento de galerias e bueiros, degradação de área urbana e proliferação de insetos e roedores. Para reduzir a disposição ilegal dos RCD, é necessário que os municípios ampliem suas áreas de descarte, tanto públicas quanto particulares e façam fiscalizações efetivas. Por outro lado, há um grande potencial de reciclagem dos resíduos de construção civil: aproximadamente 80% de todo o resíduo gerado é passível de reciclagem. Segundo, JOHN E AGOPYAN (2003) apud GIMENEZ (2008), as possibilidades de reciclagem dos resíduos variam de acordo com a sua composição: Quase a totalidade da fração cerâmica pode ser beneficiada como agregado com diferentes aplicações conforme sua disposição: as frações compostas predominantemente de concretos estruturais e rochas podem ser recicladas como agregados para a produção de concretos estruturais; agregados mistos, com materiais mais porosos e de menor resistência mecânica, como argamassas e produtos de cerâmica vermelha e de revestimento, têm sua aplicação limitadaa concretos de menor resistência, como blocos de concreto, contrapisos, camadas drenantes e argamassas; Frações compostas de solo misturado a materiais cerâmicos e teores baixos de gesso podem ser recicladas na forma de sub-base e base para pavimentação; A fração metálica é aproveitada como sucata; 20 Para as demais frações, especialmente madeira, embalagens e gesso, ainda não se dispõe de tecnologia para reciclagem. A reciclagem de RCD é um processo semelhante ao beneficiamento de minérios, compreendendo as seguintes operações: Concentração: separação dos componentes por catação, atração magnética, densidade; Cominuição: redução de tamanho por britagem ou moagem; Peneiramento: seleção granulométrica dos grãos por meio de peneiras ou classificadores; Auxiliares: transporte, secagem e homogeneização. Além da dificuldade da reciclar o RCD por causa da grande variação de suas características, o que resulta na sua subutilização tanto em termos de quantidade como de aplicações possíveis, outro problema a ser considerado na reciclagem é a presença de tintas, óleos, solventes, asfaltos, amianto, metais e outros poluentes, que podem afetar a qualidade técnica do produto que contiver o reciclado. O risco de contaminação ambiental por RCDs reciclados pode ser considerado baixo, mas não nulo, merecendo um mínimo de controle. Por exemplo, RCD retirados de obras em áreas marinhas podem estar contaminados por sais que corroem metais, o que limita seu uso em concreto armado, os oriundos de construções industriais podem estar contaminados com produtos ou resíduos do processo industrial. A forma mais simples de reciclagem dos RCD é seu uso em pavimentação de vias públicas, permitindo significativa economia de matéria-prima virgem não renovável. A pavimentação de vias urbanas com agregados reciclados, usados em camadas de base, sub- base ou reforço do subleito de pavimento em substituição aos materiais convencionais, já vem sendo amplamente realizada em alguns países. O material reciclado também pode ser utilizado como concreto não estrutural, argamassa de assentamento e revestimento, cascalho de estradas, assim como no preenchimento de valas escavadas para finalidades diversas. A tecnologia de emprego dos agregados na produção de concreto e de componentes pré-fabricados como blocos de pavimentação, meios-fios e blocos de alvenaria é ainda rudimentar, mas vem sendo pesquisada e aplicada. 21 Figura 2: a) Resíduo Classe A após moagem; b) Ecobloco originado do resíduo Classe A; c) Blocos originados do resíduo Classe A utilizados em contenção. (FEAM et al, 2009) Figura 3: a) Areia reciclada; b) Brita reciclada (CABRAL e MOREIRA, 2011). Além da Resolução CONAMA 307/2002, que dispõe sobre a gestão dos resíduos sólidos da construção civil, a ABNT tem outras normas relativas a esses resíduos, como: NBR 15.115 – “Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Execução de camadas de pavimentação - Procedimentos”. (ABNT, 2004). NBR 16.116 – “Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – Requisitos”. (ABNT, 2004). 3.3. O PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL A obrigatoriedade do PGRCC nos projetos de obras está prevista na Resolução CONAMA 307/2002, o qual deverá ser submetido à aprovação ou ao licenciamento dos órgãos competentes. A administração pública e os geradores de RCC devem trabalhar de a b a b c 22 forma integrada quanto ao gerenciamento, para que haja a continuidade e a sustentabilidade da gestão, pois, de nada adiantará os geradores fazerem a sua parte e quando chegar à responsabilidade da administração pública o trabalho se perder. Tabela 2: Diretrizes, Critérios e Procedimentos Fundamentais para a Gestão dos RCC. Responsáveis Diretrizes, Critérios e Procedimentos Administração Pública Elaborar, implementar e coordenar o Programa Municipal de Resíduos Sólidos da Construção Civil (PMGRCC) para os pequenos geradores; Cadastrar áreas aptas para recebimento, triagem e armazenamento temporário de pequenos volumes de RCC; Proibir a deposição dos resíduos da construção em áreas não licenciadas, como bota-fora e aterro de resíduos domiciliares; Definir os critérios para o cadastramento dos transportadores; Incentivar a reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo; Orientar, fiscalizar e controlar os agentes envolvidos; Realizar ações educativas voltadas para reduzir a geração de RCC e possibilitar a sua segregação. Geradores de RCC Elaborar as diretrizes técnicas para os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) dos grandes geradores; Ter como objetivo principal a não geração de RCC e, secundariamente, a redução, a reutilização e a reciclagem. Depois de ultrapassadas essas possibilidades, a disposição dos mesmos em áreas de destinação específicas para o tipo de resíduo; Realizar a caracterização dos RCC (identificação e quantidade), além da sua triagem; Corresponsabilidade com a destinação adequada dos RCC gerados pela atividade construtora. Fonte: GUSMÃO, 2008. A seguir, nas tabelas 3, 4 e 5 são descritos a cerca de um PGRCC: o seu conteúdo, seu roteiro de implantação e os principais pontos de geração de resíduos em um canteiro de obras com exemplos de seus respectivos resíduos característicos. 23 Tabela 3: Tópicos previstos em um PGRCC Tópicos Requisitos do PGRCC Instrumentos Necessários Caracterização dos RCC Deve ser feita a identificação e quantificação dos resíduos - Indicadores gerais de geração de RCC; - Indicadores específicos de geração de resíduos por serviços (ex.: demolição, assentamento de tijolos, etc). Triagem A segregação dos resíduos deverá ser realizada pelo gerador, preferencialmente, de origem ou ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade, respeitadas as classes de resíduos. - Sensibilização dos operários sobre a problemática dos RCC; - Treinamento dos operários para que se faça a segregação dos resíduos. Acondicionamento dos RCC O gerenciador deve garantir o confinamento dos resíduos após a geração até a etapa de transporte, assegurando, em todos os casos em que seja possível, as condições de reutilização e reciclagem. Definição de recipientes e locais devidamente sinalizados que permitam a segregação e acondicionamento dos resíduos pelos operários. Transporte Deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos. Transporte dos RCC em conformidade com as etapas anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos. Destinação Deverá ser prevista de acordo com o estabelecimento na Resolução. - Deposição dos resíduos Classe A em áreas licenciadas pelos órgãos municipais e estaduais, tais como áreas de transbordo e triagem (ATT), unidades de beneficiamento e aterros de inertes; - Recolhimento dos resíduos Classe B por destinatários cadastrados pela empresa (associação de catadores, empresas de reciclagem, etc); - Tratamento dos resíduos Classes C e D por empresas licenciadas pelos órgãos municipais e estaduais. Fonte: GUSMÃO, 2008. 24 Tabela 4: Roteiro para elaboração de um PGRCC Item do PGRCC Detalhamento Dados Gerais - Identificação do empreendedor; - Identificação da obra; - Características da obra. Inventário de Resíduos - Pontos de geração de resíduos; - Estimativa da geração de resíduos; - Composição dos resíduos; - Classificação dos resíduos. Gestão dos Resíduos - Transporte dos resíduos; - Dispositivos de acondicionamentodos resíduos; - Sinalização; - Layout do canteiro. Plano de Monitoramento - Controle de transportes dos resíduos; - Ações preventivas e educativas; - Auditoria Cronograma - Planejamento; - Implantação; - Monitoramento. Fonte: GUSMÃO, 2008. Tabela 5: Pontos de geração de resíduos no canteiro de obras Ponto de Geração de Resíduos Principais Tipos de Resíduos Refeitório - Resíduos orgânicos; - Plásticos; - Papéis; - Alumínio (“quentinhas”). Escritório - Plásticos; - Papéis. Almoxarifado - Plásticos; - Papéis. Ambulatório - Resíduos de resíduos de saúde (RSS); - Papéis. Banheiros - Papéis contaminados Central de Corte e Armação de Aço - Metais Central de Corte e Fôrma - Madeira; - Pó de serra. Central de Produção de Pequenos Artefatos de Concreto/Argamassa - Concreto; - Argamassa. Pavimentos – Distribuídos Conforme Alocação das Frentes de Trabalho - Resíduos cerâmicos; - Plásticos; - Papéis; - Metais; - Madeira. Fonte: GUSMÃO, 2008. 25 Conforme a tabela 6, o tipo de resíduo gerado no canteiro de obras varia de acordo com o estágio em que a construção se encontra, sendo as obras que precisam passar previamente por demolição as maiores geradoras de resíduos, como mostra a tabela seguinte: Tabela 6: Resíduos sólidos característicos de cada etapa da construção Fase Resíduo Gerado Demolição Classe A (concreto, argamassa, cerâmica) e Classe B (gesso) Escavação Classe A (solo) Construção Classe A (concreto, argamassa, cerâmica), Classe B (plásticos, papel, e madeira, gesso), Classe D (solventes, tintas, ácidos) Fonte: Adaptado de GUSMÃO, 2008. Ressalta-se que o resíduo pode mudar de classificação se estiver misturado com outros, como por exemplo, a brita suja com óleo deixa de pertencer à Classe A para fazer parte da Classe D. As figuras 4 e 5 a seguir mostram, respectivamente, um fluxograma simplificado das etapas de obras de construções verticais e os materiais mais usados em cada fase de uma construção, implicando diretamente nas peculiaridades da produção de RCD de cada fase, de acordo com a COOPERCON-CE (2011). 26 Figura 4: Fluxograma simplificado das etapas de construção de obras verticais. Fonte: SUELLEN, 2012. 27 Figura 5: Materiais usados nos diferentes estágios de uma obra de construção. Fonte: COOPERCON-CE, 2011. 28 4 ARCABOUÇO JURÍDICO O transporte do RCD, quando realizado clandestinamente, tem como destino lugares inapropriados para a disposição dos mesmos, como bota-fora em margens de rios e terrenos baldios. A destinação incorreta dos resíduos de construção civil acarreta em diversos males à saúde pública e ao meio ambiente, como a proliferação de vetores transmissores de doença como ratos e baratas; contaminação do solo e de corpos hídricos por produtos químicos como gesso, óleo e solventes; além de ocasionar a poluição visual. Diante da importância da preservação e conservação do meio ambiente, o mesmo foi contemplado com o Artigo 225 da Constituição Federal de 1988, na qual consta: Art. 225º. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. A inclusão de um artigo inteiro dedicado ao meio ambiente na Constituição Brasileira foi de encontro ao contexto histórico da época, por exemplo, o Relatório de Brundtland, divulgado em 1987, no qual está incutido o conceito de Desenvolvimento Sustentável. Já a necessidade de lidar com a crescente produção de resíduos sólidos e a sua demanda por destinação menos degradante ambientalmente levaram à formulação da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), Lei 12.205/2010, que também cita o RCC: Art. 13º. Para os efeitos desta Lei, os resíduos sólidos têm a seguinte classificação: h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis; Art. 20º. Estão sujeitos à elaboração de plano de gerenciamento de resíduos sólidos: III – As empresas de construção civil, nos termos do regulamento ou de normas estabelecidos pelos órgãos do SISNAMA. 29 Art. 24º. O plano de gerenciamento de resíduos sólidos é parte integrante do processo de licenciamento ambiental do empreendimento ou atividade pelo órgão competente do SISNAMA. 4.1 DEFINIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL À LUZ DA RESOLUÇÃO CONAMA 307/2002 Os resíduos sólidos da construção são todos e quaisquer resíduos oriundos das atividades de construção, incluindo novas obras, reformas, demolições e limpeza de terrenos. As atualizações promovidas pelas Resoluções CONAMA 348/04, 431/11 e 448/12 trouxeram esclarecimentos sobre alguns pontos que não ficaram bem definidos na publicação da primeira versão da Resolução CONAMA 307/02 e também complementaram a referida resolução com a adição de novas definições e classificações. Segundo a Resolução CONAMA nº 307 de 05 de Julho de 2002, atualizada: Art. 2º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: I - Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha; II - Geradores: são pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, responsáveis por atividades ou empreendimentos que gerem os resíduos definidos nesta Resolução; III - Transportadores: são as pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas da coleta e do transporte dos resíduos entre as fontes geradoras e as áreas de destinação; IV - Agregado reciclado: é o material granular proveniente do beneficiamento de resíduos de construção que apresentem características técnicas para a aplicação em obras de edificação, de infraestrutura, em aterros sanitários ou outras obras de engenharia; V - Gerenciamento de resíduos: é o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos; VI - Reutilização: é o processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação do mesmo; 30 VII - Reciclagem: é o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido submetido à transformação; VIII - Beneficiamento: é o ato de submeter um resíduo a operações e/ou processos que tenham por objetivo dotá-los de condições que permitam que sejam utilizados como matéria-prima ou produto; IX - Aterro de resíduos classe A de reservação de material para usos futuros: é a área tecnicamente adequada onde serão empregadas técnicas de destinação de resíduos da construção civil classe A no solo, visando a reservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro ou futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente e devidamente licenciadopelo órgão ambiental competente (redação dada pela Resolução CONAMA n° 448/12); X - Área de transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos volumosos (ATT): área destinada ao recebimento de resíduos da construção civil e resíduos volumosos, para triagem, armazenamento temporário dos materiais segregados, eventual transformação e posterior remoção para destinação adequada, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos (redação dada pela Resolução CONAMA n° 448/12); XI - Gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma da Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 (redação dada pela Resolução CONAMA n° 448/12); XII - Gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável (redação dada pela Resolução CONAMA n° 448/12); Neste artigo 2, as atualizações promovidas pela Resolução CONAMA 448/12 vieram complementar a Resolução CONAMA 307/02, especificando que o aterro de resíduo classe A deve estar em área tecnicamente adequada e devidamente licenciada pelo órgão ambiental competente e definiu o que é uma ATT e como ela deve funcionar, além de adicionar os incisos XI e XII, que trazem a definição do Gerenciamento de Resíduos Sólidos e a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. 31 4.1.1 Classificação dos Resíduos de Construção Civil Segundo a Resolução Conama nº 307/2002: Art. 3º Os resíduos da construção civil deverão ser classificados, para efeito desta Resolução, da seguinte forma: I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras; II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso; (redação dada pela Resolução CONAMA n° 431/11); III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação; (redação dada pela Resolução CONAMA n° 431/11); IV - Classe D - são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde. (redação dada pela Resolução CONAMA n° 348/04). Já quanto à classificação dos resíduos de construção civil, de acordo com a Resolução CONAMA 431/11, o gesso foi remanejado da classificação Classe C para a Classe B devido à descoberta de uso do mesmo em processos de reciclagem e a Resolução CONAMA 348/04 determinou que materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde devem ser incluídos na Classe D. 32 4.1.2. Obrigações dos Geradores de RCC Art. 4º Os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem, o tratamento dos resíduos sólidos e a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. (nova redação dada pela Resolução 448/12). § 1º Os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de resíduos sólidos urbanos, em áreas de "bota fora", em encostas, corpos d'água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei (nova redação dada pela Resolução 448/12). § 2º Os resíduos deverão ser destinados de acordo com o disposto no art. 10 desta Resolução. O artigo 4 foi complementado com mais obrigações para o gerador de RCC, que foram o tratamento dos resíduos sólidos gerados, o compromisso com a disposição ambientalmente adequada e a proibição da disposição em aterros de resíduos sólidos urbanos, que na versão anterior da resolução era chamado de aterro de resíduo sólido domiciliar. 4.1.3. Etapas do Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil Art. 9º Os Planos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil deverão contemplar as seguintes etapas (nova redação dada pela Resolução 448/12): I - caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os resíduos; II - triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou ser realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade, respeitadas as classes de resíduos estabelecidas no art. 3º desta Resolução; III - acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos resíduos após a geração até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que seja possível, as condições de reutilização e de reciclagem; IV - transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e de acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos; V - destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido nesta Resolução. A modificação trazida pela Resolução CONAMA 448/12 foi a troca da palavra PROJETO por PLANO de gerenciamento, que traz um significado de abrangência mais ampliado. 33 4.1.4. Destinação Final de RCC Art. 10º Os resíduos da construção civil, após triagem, deverão ser destinados das seguintes formas (nova redação dada pela Resolução 448/12): I - Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados ou encaminhados a aterro de resíduos classe A de reservação de material para usos futuros; (nova redação dada pela Resolução 448/12); II - Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura; III - Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas especificas. IV - Classe D: deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas. (nova redação dada pela Resolução 448/12). A Resolução CONAMA 448/12 enfatiza a necessidade de que a destinação final seja feita após triagem dos resíduos e retirou a possibilidade de reutilização de resíduos Classe D. 4.2. LEGISLAÇÃO DO ESTADO DE PERNAMBUCO SOBRE RCC A Política Estadual de Resíduos Sólidos de Pernambuco, Lei 14.236/2010, não se ateve muito ao tema, somente especificou a definição do RCC, da responsabilidade administrativa do gerador e penalidades. Art. 3º Os resíduos sólidos enquadram-se nas seguintes categorias: VI - resíduos da construção civil: provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras, de construção civil e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como, tijolos, blocos cerâmicos, concreto, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras, compensados, forros, argamassas, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações e fiação elétrica,denominados entulhos de obras, caliça ou metralha. Art. 12. O Poder Público, o setor empresarial e a coletividade são responsáveis pela efetividade das ações voltadas para assegurar a observância da Política Estadual de Resíduos Sólidos e das diretrizes e demais determinações estabelecidas nesta Lei e em seu regulamento. 34 Art. 14. As pessoas físicas ou jurídicas sujeitas à elaboração de Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos são responsáveis pela implementação e operacionalização integral do Plano aprovado pelo órgão ambiental estadual competente. Art. 15. A responsabilidade administrativa, nos casos de ocorrências envolvendo resíduos, de qualquer origem ou natureza, que provoquem danos ambientais ou ponham em risco a saúde da população, recairá sobre: III - os estabelecimentos geradores, no caso de resíduos provenientes da construção civil, indústria, comércio e de prestação de serviços, inclusive os de saúde, no tocante ao transporte, tratamento e destinação final para seus produtos e embalagens que comprometam o meio ambiente e coloquem em risco a saúde pública; § 2º A responsabilidade a que se refere o inciso III do caput deste artigo dar-se-á desde a geração até a disposição final dos resíduos. § 4º Os responsáveis pela degradação ou contaminação de áreas, em decorrência de acidentes ambientais pela disposição de resíduos, deverão promover a sua recuperação em conformidade com as exigências estabelecidas pelo órgão ambiental estadual competente. Art. 23. Constitui infração, para efeito desta Lei, toda ação ou omissão que importe na inobservância de preceitos nela estabelecidos e na desobediência a determinações dos regulamentos ou normas dela decorrentes. Art. 24. Os custos decorrentes da aplicação da sanção, de interdição temporária ou definitiva correrão por conta do infrator. Art. 25. Estão sujeitas à observância desta Lei as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, responsáveis direta ou indiretamente pela geração de resíduos sólidos e as que desenvolvam ações no fluxo de resíduos sólidos. 4.3. LEGISLAÇÃO DO MUNICÍPIO DO RECIFE SOBRE RCC No município do Recife foi aprovada a Lei 17.072/2005 criada especialmente para os resíduos de construção civil, que em consonância com a resolução CONAMA 307/2002, estabelece as diretrizes e critérios para o Programa de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Abaixo, seguem as peculiaridades da legislação municipal no que diz respeito aos geradores de RCC: Art. 1º Esta Lei cria o Programa de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Parágrafo único. Para efeito desta lei considera-se: 35 I - resíduos da construção civil: os resíduos provenientes das atividades de construções, reformas, reparos, demolições, escavações, terraplenagem e atividades correlatas; II - gerador: pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas responsáveis por atividades que gerem os resíduos de que trata esta lei; III - pequeno gerador: o gerador responsável pela atividade de construção, demolição, reforma, escavação e correlatas que gerem volumes de resíduos de até 1,0m3/dia; IV - grande gerador: o gerador responsável pela atividade de construção, demolição, reforma, escavação e correlatas que gerem volumes de resíduos superiores a 1,0m3/dia, em cada uma das fases do empreendimento. Art. 2º Fica proibida a disposição de resíduos da construção civil, em qualquer volume, e resíduos provenientes de podação e jardinagem, em volume superior a 100 litros/dia, para a coleta domiciliar regular. Art 3º A execução dos serviços de coleta, transporte, tratamento e destino final dos resíduos oriundos da construção civil somente poderá ser realizado por firmas especializadas, mediante prévio cadastramento no órgão municipal responsável pela Limpeza Urbana, sendo isento de cadastramento o transportador dos resíduos em volume inferior a 1,0m3. Parágrafo único. Qualquer veículo não credenciado flagrado executando este transporte será apreendido e removido para o deposito da Prefeitura do Recife e liberados somente após o pagamento das despesas de remoção e multas devidas, ficando nestes casos o gerador dos resíduos como corresponsável pelas multas aplicadas. Art. 7º Toda atividade geradora de resíduos em quantidade superior a 1,0 (um) m3/dia em funcionamento, bem como aqueles que pretendam se instalar no território do Município do Recife, devem obter licença de operação e para tanto submeter à aprovação do órgão gestor da limpeza urbana deste Município o respectivo Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, para cada uma das unidades instaladas, tendo como objetivo estabelecer os procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados dos resíduos gerados na atividade. Parágrafo único. O Projeto deve ser apresentado ao órgão municipal responsável pela Limpeza Urbana para devida apreciação e, sendo aprovado, comporá o acervo de documentos apresentados na solicitação de Alvará junto a DIRCON/Secretaria de Planejamento. Art 8º O Município do Recife, por seu órgão ou ente responsável pelos serviços de limpeza urbana, deverá manter instalações para recebimento dos resíduos (PRR Posto de Recebimento de Resíduo), para atender aos pequenos geradores, com facilidade de acesso e boas condições de tráfego, abarcando todas as Regiões Político-Administrativas. 36 § 1º Poderá o Município do Recife cobrar pelo tratamento e/ou destinação final destes resíduos. § 2º Não será acatado o recebimento de resíduos da construção civil que contenham resíduos sólidos orgânicos. Art 10º O Município do Recife disponibilizará a relação das empresas cadastradas a executarem as atividades pertinentes a esta lei às entidades do setor e ao público em geral, bem como os endereços das localidades de destino dos resíduos da construção civil. Art 13º Os grandes geradores deverão, ao final da obra, apresentar Relatório comprovando o cumprimento do estipulado no Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, sendo expedida certidão, pelo órgão responsável pela limpeza urbana, que comporá o acervo de documentos para solicitação de Alvará e certidão junto a DIRCON/Secretaria de Planejamento e Secretaria de Finanças do Município. A legislação municipal veio especificar como devem proceder os geradores de RCD quanto ao procedimento de gerenciamento de resíduos e vinculou o cumprimento da legislação à liberação de licenças, fasto este que obriga o gerador a se adequar compulsoriamente à lei, contribuindo de maneira contundente com a conservação do meio ambiente. 37 5. METODOLOGIA Para o desenvolvimento do seguinte trabalho, foram obedecidas as seguintes etapas: Levantamento bibliográfico com coleta de dados secundários acerca do tema em estudo; Coleta de dados primários com aplicação de questionário semiestruturado e entrevista, visando a identificação do processo de gerenciamento do RCD. (Vide apêndice 1) Sistematização e análise dos dados obtidos; 38 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para ilustrar a pesquisa bibliográfica deste trabalho foi escolhida a Construtora e Incorporadora Moura Dubeux. Nesta empresa foi feita a tentativa de conhecer o PGRCC desde sua idealização até sua execução e manutenção. A Construtora e Incorporadora Moura Dubeux, a qual está no mercado imobiliário há 29 anos e que atualmente está presente em 5 Estados: Pernambuco, Alagoas, Bahia, Rio Grande do Norte e Ceará. Em 2012 a empresa ampliou sua área de atuação e chegou à Paraíba e ao interior de Pernambuco, especificamente ao município de Caruaru. Em dados atualizados até novembro de 2012, existem 24 grandes empreendimentos em construção no município do Recife, os quais geram, em média, 1.700 m 3 /mês de RCC. A empresa possui um sistema de gestão integrada com os certificadosinternacionais de qualidade, saúde e segurança e meio ambiente: ISO 9001, OHSAS 18001 e ISO 14001. Hoje a Companhia possui mais de dois mil colaboradores nas 55 obras em construção que, somadas aos 111 empreendimentos entregues, representam mais de 4 milhões de metros quadrados de desenvolvimento imobiliário. O PGRCC foi elaborado pelo Departamento de Sistema de Gestão Integrada (SGI), que é composto por 8 funcionários. 6.1. RESULTADOS OBTIDOS NA MOURA DUBEUX Nos primeiros contatos com a empresa, havia sido permitido visitar e fotografar algumas obras em diferentes estágios de construção, a fim de conferir se a execução do PGRCC estava sendo feita corretamente. Depois, só foi permitida a visitação, sem fotografias, de uma obra no estágio de estrutura de um edifício empresarial no bairro do Espinheiro. Foi aplicado 1 questionário e feita uma entrevista com a gerente do SGI e a auditora interna de meio ambiente e segurança, os quais geraram as informações descritas a seguir: A implantação do PGRCC se deu em meados do ano de 2003, conjuntamente com o Projeto Obra Limpa 1 , sendo o mesmo um dos requisitos para a certificação ISO 14.001. Foi relatado que as dificuldades encontradas no processo de implantação foram a conscientização 1 Trabalha segundo o conceito de Destinação Compromissada de Resíduos. Isso significa que os resíduos gerados terão uma destinação comprovada, dando-se prioridade sempre à reutilização ou reciclagem. (CNI, 2005). 39 dos administradores das obras e o custo inicial para adequar os locais de acondicionamento dos resíduos. Hoje, a dificuldade maior encontrada no cumprimento do PGRCC é a separação dos resíduos na frente de serviço. De acordo com a entrevista empreendida no referido departamento, existe um procedimento padrão de plano de gerenciamento de resíduos da construção civil, mas que o mesmo sofre algumas adaptações de acordo com as necessidades de cada obra. Ou seja, o PGRCC é dinâmico, apesar de ter um tronco comum para todos os empreendimentos e é um dos requisitos básicos para a obtenção do licenciamento pela CPRH para dar início às obras de construção. Através do questionário respondido pelo departamento de SGI, foi esclarecido que a elaboração do PGRCC fica a cargo da engenheira do SGI ou consultor terceirizado contratado pela empresa em época de alta demanda. A coordenação do plano é feita in loco pelo responsável da obra. Dentro do PGRCC existe um plano de redução de desperdício, no qual são indicadas ações de redução como central de trinchos, aproveitamento da sobra de concreto para fabricação de vergas, entre outros. Não existe plano de reciclagem diretamente nas obras, mas os resíduos recicláveis são destinados a uma empresa de reciclagem, licenciada, onde os mesmos são vendidos ou destinados de acordo com a legislação pertinente à atividade, sendo tudo comprovado posteriormente por meio de certificados. Os resíduos orgânicos são coletados normalmente pela prefeitura. Já os resíduos de construção são levados por uma empresa transportadora para aterros licenciados, preferencialmente para os aterros de construção (ATT) ou em último caso, para aterro controlado. Quanto à questão de treinamentos sobre aspectos e conscientização ambientais, estes são realizados continuamente e intensificados durante a semana da SIPAT. Anualmente é feita uma análise da situação de cada filial para a definição de planos de ação, caso não seja atendida a meta estipulada de diminuição em 5% da geração de RCC em comparação com o ano anterior. E após a adoção do PGRCC, obteve-se uma diminuição considerável com a saída das caçambas estacionárias devido à realização de coleta seletiva. 40 6.1.1. Visitação do Canteiro de Obras Diante da falta de maiores informações sobre o PGRCC da Moura Dubeux, neste trabalho foram usadas imagens e fichas de verificação que estavam nas publicações técnicas usadas na pesquisa bibliográfica. Na obra da Moura Dubeux visitada, tal como deve ser nas outras, os depósitos temporários para resíduos são as bombonas nas frentes de serviço, depois são acondicionados em bag’s e colocados nas baias ou diretamente nas mesmas, localizadas próximas à saída do canteiro (daí a importância de um projeto de layout de canteiro bem feito, privilegiando o escoamento do fluxo dos resíduos produzidos), para depois serem transportados por empresa especializada. No caso de transporte de resíduos de escavação de uma obra para outra da mesma empresa, é necessária a autorização expedida pela EMLURB, que é solicitada pela obra que está enviando o resíduo, evitando-se apreensões e multas. Foram observadas algumas inconformidades de acordo com o que consta no PGRCC da empresa, segundo a auditora de segurança e meio ambiente. Por exemplo, uma baia de armazenamento temporário de resíduos estava pintada com cor diferente do material que deveria armazenar. Neste caso, a baia de produtos perigosos que deveria ser de cor laranja estava pintada de marrom, que representa os resíduos orgânicos, como exige a Resolução CONAMA 275, que trata das cores de identificação dos resíduos para a coleta seletiva (tabela 7). As placas de sinalização de onde devem ser acondicionados os resíduos eram de papel, mais sujeitas a intempéries, quando deveriam ser de PVC, que posteriormente podem ser reaproveitadas em outras obras. Também foram observados dúvidas e erros, por parte do almoxarifado, com relação ao preenchimento e tipos de formulários, inclusive o CTR (figura 6), usados no controle da saída e destinação do RCD. 41 Tabela 7: Cores da coleta seletiva e a correspondência com os tipos de resíduo. Cores da Coleta Seletiva Segundo a Resolução CONAMA 275 Azul Papel e Papelão Verde Vidro Amarelo Metal Vermelho Plástico Marrom Resíduo Orgânico Preto Madeira Laranja Resíduos Perigosos Roxo Material Radioativo Branco Resíduos Ambulatoriais e de Serviços de Saúde Cinza Resíduo em geral, não reciclável ou misturado, ou contaminado, não passível de separação. Fonte: Resolução CONAMA nº 275 (2001). 42 Figura 6: Exemplo de Formulário CTR usado no Projeto Obra Limpa do Sinduscon-SP. Fonte: PINTO, 2005. De acordo com a auditora interna de meio ambiente e segurança, são feitas auditorias mensais nos canteiros, que por meio de check-lists (figura 7 a, b, c, d) são verificados os pontos de acertos e erros na execução do PGRCC da obra, duas vezes ao mês em obras na cidade do Recife. Posteriormente é gerado um relatório contendo o diagnóstico de cada obra visitada. O processo de treinamento para a implantação, execução e manutenção do PGRCC é contínuo e sistemático, semelhante ao Programa de Gerenciamento de Resíduos na 43 Construção Civil desenvolvido pelo SENAI-BA descrito por LORDÊLO et al, como pode ser visualizado na figura 8. Figura 7a: Exemplo de check list utilizado pelo Projeto Obra Limpa do Sinduscon-SP (PINTO, 2005) Figura 7b: Fatores de avaliação de limpeza e segregação na fonte. (PINTO, 2005) 44 Figura 7c: Fatores de avaliação – limpeza e segregação na fonte. (PINTO, 2005). Figura 7d: Fatores de avaliação – acondicionamento final. (PINTO, 2005). Figura 8: Etapas do Programa de Gestão de Resíduos no Canteiro de Obras. (LORDÊLO et al.) 45 Para estimular o cumprimento não só do PGRCC, mas também atividades nas rotinas do gerenciamento ambiental, da segurança do trabalho, da qualidade e do sistema Toyota, a Moura Dubeux criou um programa de premiação financeira semestral para a administração da obra, que deve ter como meta atingir eficiência igual ou maior a 91%. Figura 9: Escala de Eficiência no gerenciamento do canteiro de obras na Moura Dubeux. (SUELLEN, 2012). Segundo a auditorainterna de meio ambiente e segurança, as dificuldades na proposição de melhorias e cumprimento do PGRCC residem na resistência dos responsáveis pela obra em gastar parte do orçamento mensal da obra em melhorias para a mesma, porque se acontece extrapolação nos gastos, a obra perde na pontuação da eficiência econômica e consequentemente, na recompensa financeira semestral. À primeira vista, isso é um contrassenso, pois perde-se pontos mensalmente pela não adequação do canteiro, enquanto que a despesa com a instalação das melhorias seria pontual e recuperada ao longo dos meses seguintes. Depois, ganhar-se-ia pontos tanto com o controle do orçamento mensal quanto com a adequação do canteiro de obras. As imagens a seguir mostram alguns exemplos de medidas adotadas em canteiros quando passam pela reestruturação promovida pela aplicação de um PGRCC: 46 Figura 10: Tubo coletor de entulho (CABRAL e MOREIRA, 2011). Figura 13 a e b: organização de material de modo paletizado. (CABRAL e MOREIRA, 2011) Figura 11: Coleta seletiva em canteiro de obras na frente de trabalho (SINDUSCON- MG, 2005) Figura 12: Vias de circulação demarcadas. (COOPERCON – CE, 2011) a b 47 Figura 14: Baia com resíduos de papel e papelão. (FREITAS JR., 2011) Figura 15: Acondicionamento de resíduos de madeira. (FREITAS JR., 2011) Figura 16: Baias Múltiplas. (FREITAS JR., 2011) Figura 17: Caçamba com resíduos de cerâmica, concreto e argamassa (Classe A). (FREITAS JR., 2011) Figura 18: Vista geral das baias com os resíduos separados por categoria. (FREITAS JR., 2011) 48 6.2. EXEMPLO DE MÉTODOS E TECNOLOGIAS PARA RACIONALIZAR A EXECUÇÃO DO PGRCC NO CANTEIRO DE OBRAS Neste tópico são abordadas técnicas e tecnologias difundidas por diversas publicações de pesquisadores da área de construção civil, bem como de sindicatos e cooperativas de construção civil, por meio de pesquisa bibliográfica feita para o presente trabalho. No canteiro de obras, através de cuidados muito simples, CABRAL e MOREIRA (2011) dão as seguintes dicas para minimizar desperdícios, como por exemplo: Produzir argamassa apenas na quantidade suficiente para o dia de trabalho, determinada previamente pela área a ser executada no dia. Armazenar os blocos cerâmicos ou de concreto e as telhas formando pilhas com quantidades iguais sobre paletes para evitar quebras e facilitar o transporte (Figura 13 a e b). Figura 19: Bags (FREITAS JR., 2011) Figura 20: Bombonas (FREITAS JR., 2011) 49 Transportar blocos e sacos de cimento em carrinhos adequados, como ilustrado na Figura 21, a fim de reduzir o risco de quebra dos blocos e de rompimento dos sacos. Armazenar o cimento em local arejado e protegido de sol e chuva sobre estrado de madeira com 30 cm de altura e distante 30 cm da parede, conforme detalhado na Figura 22. A quantidade de sacos de cimento a serem empilhados vai depender do tempo em que ficarão armazenados. Assim, deve-se empilhar 10 sacos se o tempo de armazenamento destes for superior a 10 dias e 15 sacos se o tempo de armazenamento destes for inferior a 10 dias. Sempre que possível, evitar cortes de placas cerâmicas. Para isso, o uso de projetos com a coordenação modular é essencial. Definir previamente o layout da central de concreto de forma a reduzir o caminho percorrido pelo operário dos materiais até a betoneira. Manter o canteiro de obras limpo e organizado, pois influenciará o trabalhador a ser mais cauteloso no manuseio dos materiais, além de reduzir a ocorrência de acidentes do trabalho. Como sugestões de posição estratégica de máquinas no canteiro, de aplicação da Política dos 3R2 (com ênfase na redução e reutilização) e de novas tecnologias no canteiro 2 3R: Redução, Reutilização e Reciclagem Figura 21: Transporte adequado de blocos cerâmicos. (CABRAL e MOREIRA, 2011) Figura 22: Armazenamento de sacos de cimento. (CABRAL e MOREIRA, 2011) 50 de obras, a COOPERCON-CE, no Manual de Gestão Ambiental de Resíduos de Construção Civil, preconiza as seguintes atitudes: Posição Estratégica de Máquinas no Canteiro A figura 23 ressalta uma solução que tem o propósito de otimizar uma importantíssima estação de trabalho, que é a área onde é colocada a betoneira no canteiro. A ideia é juntar o equipamento betoneira às baias de agregados e ao depósito de cimento, no qual apenas um operador de betoneira atendesse a todo este setor, pois ele seria ajudado por uma esteira rolante que levaria o cimento até o auto carregável da betoneira e os agregados iriam também para este local da betoneira por gravidade. Este projeto tem como finalidade aperfeiçoar os procedimentos, diminuir as perdas de materiais através de transporte e armazenagem, como também reduzir os tempos improdutivos, agregando valor ao serviço. Política dos 3R Redução A aplicação da redução significa otimizar, racionalizar o uso de materiais, evitando desperdícios geradores de prejuízos financeiros, ambientais e de produtos. Abaixo, alguns exemplos de como promover o R da redução: • contratar serviços com uso de novas tecnologias; • comprar produtos nas quantidades suficientes; Figura 23: Proposição de um novo posto de trabalho. (COOPERCON-CE, 2011) 51 • definir as customizações dos clientes evitando demolições e retrabalhos; • implantar programa 5S 3 • fornecer peças em embalagens que evitem o descarte; • adquirir pré-fabricados, como exemplo, pode-se mencionar a aquisição das portas prontas, ferros cortados e dobrados e as madeiras limpas e cortadas; • utilizar perfis, formas metálicas e formas plásticas, evitando o uso de madeira; • melhorar as condições de armazenagem e fluxo de materiais nas obras por meio de projetos de canteiro de obras; • utilizar, se possível, containeres metálicos como canteiro de obras, banheiros, refeitórios, que reduzem a quantidade de materiais, como “madeirit”, assim como o entulho; • adotar medidas que impliquem na redução do uso de papéis; • fazer programação quanto à quantidade de traços em uma betoneira, evitando sobra de argamassa ou concreto. • criar premiação para os operários que fizerem o serviço com a menor perda de material possível. Como exemplo de uso de novas tecnologias a fim de diminuir principalmente a quantidade de resíduos Classe A, destaca-se a importância do uso de novas tecnologias, como, o Dry-wall que consiste em chapas de gesso (Figura 24). Neste método, praticamente não há atividades de conversão, pois o serviço é apenas de montagem, por intermédio de mão-de- obra qualificada. De acordo com o próprio nome, este serviço quer dizer parede seca, sem uso de argamassas e tijolos. Com este serviço, pode-se afirmar que as perdas são muito reduzidas, pois implica diminuição de etapas de construção como chapisco, reboco e emboço e de vigas estruturais sob as divisórias. No Brasil, o Dry-Wall é o único sistema construtivo para vedações internas (paredes, forros e revestimentos) totalmente embasado em normas técnicas, o que o diferencia das demais tecnologias empregadas com a mesma finalidade. 3 5S é o nome de uma filosofia de qualidade de origem japonesa que preconiza 5 Sensos: Senso de Utilização, Senso de Organização, Senso de Limpeza, Senso de Saúde e Senso de Autodisciplina. 52 Figura 24: Uso de material tipo Dry-Wall. (COOPERCON-CE, 2012). De acordo com o site Portal do Arquiteto, eis as vantagens do uso dessa tecnologia: Flexibilidade de projetos - Essa é uma vantagem especialmente importantepara empreendimentos residenciais: por sua leveza e forma de instalação, as paredes e os forros em Dry-Wall podem ter posição variável dentro da unidade, possibilitando a personalização do layout, segundo o interesse de cada comprador. Leveza - As paredes e os forros são muito leves. Enquanto, por exemplo, uma parede de tijolos comuns com aproximadamente 10 cm de espessura pesa entre 155 e 165 kg/m 2 , uma parede em Dry-Wall de mesma espessura pesa menos de 25 kg/m 2 . Estabilidade - As paredes em drywall apresentam alto grau de estabilidade, podendo substituir sem problemas as paredes comuns de alvenaria convencional. Resistência a impactos - As paredes, os tetos e os revestimentos resistem aos impactos normais de uso do dia-a-dia. Menor espessura das paredes proporciona maior área útil - Esse tem sido um argumento adicional de vendas de imóveis residenciais e comerciais. Conforto climático - O gesso, matéria-prima das chapas para Dry-Wall, tem a propriedade natural de atuar como regulador do clima, mantendo o grau de umidade em equilíbrio: retira umidade do ar, quando esta está elevada; e a devolve, quando o ar está seco. Isso atenua as variações da umidade relativa do ar. Conforto térmico - O uso de lã mineral ou de vidro no interior de paredes, tetos e revestimentos promove conforto térmico entre os ambientes. Resistência à umidade - Há chapas especiais para ambientes úmidos (cozinhas, banheiros, áreas de serviço, etc.), impregnadas com um hidrofugante. Essas chapas têm cor verde, diferenciando-se assim das comuns. 53 Conforto acústico - Uma parede Dry-Wall apresenta desempenho acústico superior ao de uma parede de tijolos maciços de mesma espessura. Se tiver isolamento com lã mineral, seu desempenho será superior a qualquer tipo equivalente de paredes de alvenaria (tijolos, blocos cerâmicos, blocos de silício-calcário e de concreto comum ou celular). Resistência ao fogo - O gesso proporciona elevada proteção contra incêndios. Por isso, é recomendado o revestimento com chapas para Dry-Wall de vigas, colunas, pilares e dutos elétricos de ventilação. Uma parede Dry-Wall, dependendo de sua configuração, podem ter resistência ao fogo de até 240 minutos (4 horas). Rápida execução - A simplicidade de execução é um dos grandes diferenciais do sistema. Uma parede pode ser instalada em muito menos tempo (apenas algumas horas) do que uma parede executada em sistemas convencionais. Execução simplificada de instalações elétricas e hidráulicas - Ao contrário do que ocorre com a construção em alvenaria convencional, não é necessário quebrar paredes para a execução de reparos ou ampliações em redes elétricas ou hidráulicas. No caso de vazamento, por exemplo, basta recortar a chapa de gesso e, após o reparo, recompor o chapeamento. Qualidade de acabamento - As paredes, os revestimentos e os tetos apresentam nivelamento superficial, o que permite que, imediatamente após a sua instalação, recebam pintura ou outro tipo de acabamento. Ausência de resíduos e desperdícios - A construção é mais limpa, reduzindo drasticamente o entulho. A isso ainda se soma a menor necessidade de movimentação de materiais dentro da obra. E o entulho gerado é totalmente reciclável. Reutilização Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a reutilização é o processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua transformação biológica, física ou físico- química. O reuso é uma grande contribuição para não haver descarte do que poderia ainda ser reutilizado, provocando um maior aproveitamento dos resíduos. Seguem abaixo algumas medidas para incentivar a reutilização: 54 • implantação da central de corte e furo de cerâmicas nas obras, evitando a quebra de peças e o incremento do desperdício. • reutilização de embalagens plásticas e metálicas como baldes; • utilização do resíduo produzido durante a obra, em possíveis regularizações do terreno. Reciclagem A reciclagem dos resíduos do tipo Classe A no canteiro de obras é possível, porém deve ser precedida de uma minuciosa segregação dos resíduos, a fim de permitir que não haja comprometimento na qualidade dos produtos. 55 7. CONCLUSÃO Na Moura Dubeux ainda há erros de preenchimento nas CTR’s pelo pessoal do almoxarifado e identificação de formulários feita incorretamente, falta de atenção na conferência dos tickets onde estão registradas as informações sobre o motorista da empresa transportadora, peso e descrição da carga, hora de saída da obra e de chegada ao destino final. Sugerem-se, como proposições de melhorias, palestras e treinamentos sobre o preenchimento e identificação dos formulários e esclarecimento sobre as penalidades da não conferência dos tickets, que pode abrir precedente para que haja desvio da carga original e posteriormente complicações para a construtora, pois a empresa que recepciona o RCD pode cancelar o recebimento da carga e mandar de volta para o gerador. Talvez, a responsabilidade pelos formulários e acompanhamento da carga deva ser passada para os funcionários do almoxarifado que possuam um maior grau de instrução, possibilitando assim um melhor entendimento dos procedimentos e agilidade no trabalho. Também deverá ser investido mais tempo com palestras de sensibilização para os engenheiros responsáveis pela administração da obra, pois como foi dito pela auditora de meio ambiente e segurança, geralmente os maiores entraves para a execução na íntegra do PGRCC encontra-se na resistência à mudança de paradigmas pelos responsáveis da obra. O problema reside da resistência a pequenos detalhes, como cores de baias e recipientes para a coleta seletiva, que se levados a sério, otimizariam o cumprimento do PGRCC. Contudo, mesmo apresentando algumas deficiências pontuais, como foi constatado na única obra na qual foi permitida a visitação, segundo os dados positivos fornecidos pelo SGI, a aplicação do PGRCC trouxe benefícios financeiros, pois houve economia com o manejo correto dos resíduos dentro da obra e também ajudou na redução de acidentes dentro do canteiro, pelo fato do local de trabalho estar mais organizado, principalmente pela implantação da coleta seletiva. É sabido que a inserção da política dos 3R que parece simples conceitualmente, mas que é de complexa aplicação prática porque requer uma ampla revisão de conceitos e costumes, atualmente tem grande aceitação em vários segmentos industriais e dentre eles o da construção civil, priorizando a busca por alternativas que diminuam o gasto com energia, água e outros recursos naturais, por exemplo. Estas são atitudes que minimizam custos e aumentam 56 o lucro de processos em toda a cadeia produtiva da obra, além de contribuir com a preservação do meio ambiente, como visto em exemplos mostrados no presente trabalho. Além do mais, empresas que trabalham comprometidas com a sustentabilidade acabam criando uma imagem positiva no mercado. A publicação Potencialidades para o Desenvolvimento Sustentável na Construção Civil do SINDUSCON-PE (2008) citou uma pesquisa realizada entre os anos de 2005 e 2007 com empresas não financeiras, onde foi comparado o desempenho de corporações listadas no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa, com outras empresas de capital aberto. A constatação foi de que as empresas que têm a sustentabilidade incluída na estratégia de negócio possuíam valor de mercado até 19% superior às demais. Esse dado ratifica o marketing positivo que a sustentabilidade atrela à imagem da empresa. E o mais importante, é preciso estar com foco na prática da sustentabilidade, buscando soluções desde “a fonte” e não promovê-las no “fim de tubo”, tal como diz a própria Resolução CONAMA 307/2002 e a PNRS no seu Art. 9º: “Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos deve ser observada a seguinte ordem de prioridade:
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