Buscar

PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL: UM ESTUDO DE APLICAÇÃO EM CANTEIRO DE OBRAS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 66 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 66 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 66 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco 
Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental 
 
 
 
 
 
 
SUELLEN MARQUES PEREIRA 
 
 
 
 
 
 
PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO 
CIVIL: UM ESTUDO DE APLICAÇÃO EM CANTEIRO DE OBRAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Recife, 17 de janeiro de 2013 
 
1 
 
SUELLEN MARQUES PEREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO 
CIVIL: UM ESTUDO DE APLICAÇÃO EM CANTEIRO DE OBRAS 
 
 
Monografia apresentada como requisito final do Trabalho de 
Conclusão do Curso Superior de Tecnologia em Gestão 
Ambiental do Instituto Federal de Educação, Ciência e 
Tecnologia de Pernambuco- IFPE, para Obtenção do título 
de Tecnólogo em Gestão Ambiental. 
 
Profº Msc. Francisco de Melo Granata 
Orientador - IFPE 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Recife, 17 de Janeiro de 2013 
 
2 
 
SUELLEN MARQUES PEREIRA 
 
 
PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO 
CIVIL: UM ESTUDO DE APLICAÇÃO EM CANTEIRO DE OBRAS 
 
Monografia aprovada como requisitos finais do Trabalho de Conclusão de Curso para 
obtenção do título de Tecnólogo em Gestão Ambiental ao término do Curso Superior de 
Tecnologia em Gestão Ambiental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de 
Pernambuco. 
 
 
COMISSÃO EXAMINADORA 
 
 
 
______________________________________________________ 
Prof. Msc. Francisco de Melo Granata 
Orientador - IFPE 
 
 
______________________________________________________ 
Prof. Msc. Carlos Alberto Meira Carneiro da Cunha 
Avaliador Interno 
 
______________________________________________________ 
Prof. Dr. Célio Muniz de Lima 
Avaliador Externo 
 
 
 
 
 
Recife, 17 de Janeiro de 2013
 
3 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
Dedico essa vitória à minha querida e saudosa vovó Adélia, que foi uma pessoa que 
possuía uma inteligência e perspicácia incríveis, sempre ratificou para os netos a importância 
de estudar, coisa que ela sempre quis, mas que por diversas razões não pôde fazê-lo. 
Certamente ela ficaria muito orgulhosa de ver não só a mim, mas também minhas duas irmãs 
que estão se formando nesta mesma época e se sentir realizada através de nós três, aos nos ver 
com o diploma de ensino superior nas mãos. 
 
4 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco- IFPE, por 
ofertar este curso e nos conceder a oportunidade de ampliarmos os nossos horizontes com 
uma formação multidisciplinar com foco na área de meio ambiente. 
Agradeço ao professor Francisco Granata e à professora Renata Caminha, que me 
acolheram e me ajudaram com a maior presteza do mundo ao aceitarem me ajudar em meio às 
turbulências ocorridas durante a confecção deste trabalho e ao professor Carlos Alberto, que 
me contagiou com seu entusiasmo sobre o assunto do meu TCC e por prontamente querer 
participar desse momento tão importante para mim, ao aceitar participar da banca de 
avaliação. 
Aos demais docentes, que ao compartilharem seus conhecimentos instigaram a nossa 
turma a sempre pesquisar, estudar e nos fizeram ser curiosos, contempladores do meio 
ambiente e, principalmente, agentes de mudança de paradigmas em prol da luta incansável 
que é ajudar na preservação e conservação da Natureza e todos os seus componentes! 
À Moura Dubeux, por permitir conhecer um pouco sobre a sua responsabilidade 
ambiental no que diz respeito aos resíduos sólidos, que é uma área da gestão ambiental que 
ganha importância a cada dia, e por ter me dado a oportunidade de ter uma visão mais 
consistente sobre esta temática. 
Aos meus colegas de turma, Gestores Ambientais, com ao quais fiz laços de amizade 
que espero levar pelo resto da vida. Com eles enfrentei os percalços que nos apareceram ao 
longo do curso, aprendemos juntos tanto estudando quanto com a troca de experiências 
pessoais e profissionais. 
Aos meus queridos pais, minhas irmãs e Osvaldo, pelo apoio e incentivo que me 
deram com suas observações sempre pertinentes à minha pessoal e profissional e com seus 
exemplos que de uma forma ou de outra me inspiraram para que eu aqui chegasse. 
A todos os parentes, amigos e pessoas que de alguma forma me ajudaram a trilhar 
este árduo caminho em busca do conhecimento. 
 
 
 
5 
 
RESUMO 
 
 
O presente trabalho versa sobre o Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil 
(PGRCC), tendo a Construtora e Incorporadora Moura Dubeux como um exemplo da 
aplicação do mesmo. A metodologia utilizada consistiu na pesquisa de dados secundários 
através de pesquisa bibliográfica, realização de entrevista e aplicação de questionário ao 
Departamento de Sistema de Gestão Integrada da empresa e análise de dados primários 
coletados. A partir dos resultados obtidos e das informações coletadas na pesquisa 
bibliográfica, foi feito um diagnóstico, superficial, sobre o PGRCC da empresa e então foram 
dadas sugestões de melhorias para os pontos vulneráveis observados na visita in loco, bem 
como também sugestões extraídas de publicações técnicas do tema em questão, visando 
mostrar experiências bem sucedidas aplicadas em canteiros de obras. 
 
Palavras-chave: PGRCC, RCC, Construção Civil, Canteiro de Obras. 
 
6 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11 
2. OBJETIVOS ................................................................................................................... 13 
2.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................................... 13 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 13 
3. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 14 
3.1 A CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL E EM PERNAMBUCO ................................... 14 
3.2. CLASSIFICAÇÃO DOS RCD E RECICLAGEM ......................................................... 19 
3.3. O PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ...... 21 
4 ARCABOUÇO JURÍDICO ............................................................................................... 28 
4.1 DEFINIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL À LUZ DA 
RESOLUÇÃO CONAMA 307/2002 .................................................................................... 29 
4.1.1 Classificação dos Resíduos de Construção Civil .......................................................... 31 
4.1.2. Obrigações dos Geradores de RCC ............................................................................. 32 
4.1.3. Etapas do Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil ........................................ 32 
4.1.4. Destinação Final de RCC ........................................................................................... 33 
4.2. LEGISLAÇÃO DO ESTADO DE PERNAMBUCO SOBRE RCC ............................... 33 
4.3. LEGISLAÇÃO DO MUNICÍPIO DO RECIFE SOBRE RCC ....................................... 34 
5. METODOLOGIA ............................................................................................................ 37 
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 38 
6.1. RESULTADOS OBTIDOS NA MOURA DUBEUX .................................................... 38 
6.1.1. Visitação do Canteiro de Obras .................................................................................. 40 
6.2. EXEMPLO DE MÉTODOS E TECNOLOGIAS PARA RACIONALIZAR A 
EXECUÇÃO DO PGRCC NO CANTEIRO DE OBRAS .................................................... 48 
7. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 55 
APÊNDICE A – Questionárioaplicado no Departamento de Sistema de Gestão Integrada da 
Construtora Moura Dubeux para a obtenção de dados primários acerca do PGRCC. ............ 58 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 63 
 
7 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas 
ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Urbana e Resíduos 
Especiais 
ATT Área de Triagem e Transbordo 
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento 
CNI Confederação Nacional da Indústria 
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente 
COOPERCON-CE Cooperativa da Construção Civil do Ceará 
CPRH Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos 
CTR Controle de Transporte de Resíduos 
DIRCON Diretoria de Controle Urbano 
EMLURB Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana 
FECOMÉRCIO-PE Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de 
Pernambuco 
NBR Norma Brasileira 
PGRCC Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil 
PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos 
PVC Plástico composto pelo polímero Policloreto de Vinila 
RCC Resíduos de Construção Civil 
RCD Resíduos de Construção e Demolição 
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial 
SINDUSCON-PE Sindicato das Indústrias da Construção Civil de Pernambuco 
SIPAT Semana Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho 
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente 
 
 
8 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 Geração per capita de RCD em Algumas Capitais Brasileiras 16 
Tabela 2 Diretrizes, Critérios e Procedimentos Fundamentais para a Gestão dos 
RCC 
22 
Tabela 3 Tópicos Previstos em um PGRCC 23 
Tabela 4 Roteiro para a Elaboração de um PGRCC 24 
Tabela 5 Pontos de Geração de Resíduos no Canteiro de Obras 24 
Tabela 6 Resíduos Sólidos Característicos de Cada Etapa da Construção 25 
Tabela 7 Cores da Coleta Seletiva e a Correspondência com os Tipos de Resíduo 41 
 
 
9 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 Esquema da Organização do Capítulo 14 
Figura 2 a) Resíduo Classe A após moagem; b) Ecobloco originado do resíduo 
Classe A; c) Blocos originados do resíduo Classe A 
21 
Figura 3 a) Areia reciclada; b) Brita reciclada 21 
Figura 4 Fluxograma Simplificado das Etapas de Construção de Obras 
Verticais 
26 
Figura 5 Materiais Usados nos Diferentes Estágios de uma Obra de Construção 27 
Figura 6 Exemplo de Formulário CTR Usado no Projeto Obra Limpa do 
SINDUSCON-SP 
42 
Figura 7a Exemplo de Check List Utilizado pelo Projeto Obra Limpa do 
SINDUSCON-SP 
43 
Figuras 7b Fatores de Avaliação - Limpeza e Segregação na Fonte 43 
Figuras 7d e 
7d 
Fatores de Avaliação – Limpeza e Segregação na Fonte; 
Acondicionamento Final 
44 
Figura 8 Etapas do Programa de Gestão de Resíduos no Canteiro de Obras 44 
Figura 9 Escala de Eficiência no Gerenciamento do Canteiro de Obras na 
Moura Dubeux 
45 
Figura 10 Tubo Coletor de Entulho 46 
Figura 11 Coleta Seletiva em Canteiro de Obras nas Frentes de Trabalho 46 
Figura 12 Vias de Circulação Demarcadas 46 
Figuras 13a 
e 13b 
Organização de Material de Modo Paletizado 46 
Figura 14 Baia com Resíduos de Papel e Papelão 47 
Figura 15 Acondicionamento de Resíduos de Madeira 47 
Figura 16 Baias Múltiplas 47 
Figura 17 Caçamba com Resíduos de Cerâmica, Concreto e Argamassa (Classe 
A) 
47 
Figura 18 Vista Geral das Baias com os Resíduos Separados por Categoria 47 
Figura 19 Bags 48 
Figura 20 Bombonas 48 
Figura 21 Transporte Adequado de Blocos Cerâmicos 49 
 
10 
 
Figura 22 Armazenamento de Sacos de Cimento 49 
Figura 23 Proposição de um Novo Posto de Trabalho 50 
Figura 24 Uso de Material Tipo Dry Wall 52 
Figura 25 Etapas Prioritárias na Gestão de Resíduos Sólidos 56 
 
 
 
11 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A preocupação do homem com a preservação e conservação do meio ambiente 
tornou-se latente a partir da década de 1960, quando ficaram evidentes os efeitos da 
degradação ambiental, oriundos dos mais diversos tipos de impactos, como por exemplo: 
 Desastre de Minamata no Japão, ocasionado pelo despejo de resíduos industriais 
contendo mercúrio nos corpos hídricos locais, ocasionando a contaminação das 
águas, da fauna aquática e dos humanos; 
 Uso indiscriminado de herbicidas, pesticidas e agrotóxicos com alto poder de 
toxidade, bioacumuladores e persistentes, ou seja, demoram demasiado para 
decomporem tanto em organismos vivos quanto no solo, na água e no ar; 
 Uso de substâncias químicas como o Agente Laranja, produto desfolhante que foi 
utilizado pelos norte-americanos no Vietnã como tentativa de vencer a Guerra, 
mas que teve efeitos devastadores sobre o ecossistema local; 
 O acelerado aumento da população mundial e sua crescente demanda por 
alimentos, recursos naturais, a consequente escassez dos mesmos e o poder 
poluidor que tudo isso acarretou ao meio ambiente. 
Todos esses fatos culminaram na realização de reuniões entre líderes mundiais para 
discutir e tentar "salvar o mundo", como a Conferência de Estocolmo (1972), Conferência Rio 
92 (1992) e Conferência Rio +20 (2012); publicações diversas alertando sobre os perigos aos 
quais a natureza estava exposta, como Primavera Silenciosa de Rachel Carson (1962), 
Relatório de Brundtland (1987). 
Apesar de, inicialmente, não concordar com as preocupações ambientais e de chegar 
ao ponto de convidar empresas variadas a se instalarem no país para dar continuidade à 
filosofia do “crescimento econômico e industrial a qualquer custo”, o Brasil terminou por se 
alinhar à conjuntura política e ambiental da época. Por exemplo, em 1981 foram criados a 
Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) e o Conselho Nacional de Meio Ambiente 
(CONAMA), dando início à elaboração de todas as leis que temos hoje com a temática 
ambiental. Mesmo tendo começado a legislar tardiamente, quando comparada a outros países, 
a legislação ambiental brasileira é referência mundial na área. 
Para os resíduos sólidos, a criação de sua política nacional começou a ser feita com o 
projeto de lei PL 203/91 e por fim, no ano de 2010 foi criada a Política Nacional de Resíduos 
Sólidos (PNRS). 
 
12 
 
Mesmo antes da criação da PNRS, foi publicada a Resolução CONAMA 307/2002, a 
qual trata dos Resíduos de Construção Civil (RCC), também conhecidos como resíduos de 
Construção e Demolição (RCD), a qual obriga os geradores deste tipo de resíduos a fazerem 
planos de gerenciamento e os criminaliza pela disposição incorreta dos mesmos. 
O presente trabalho trata da Aplicação de um Plano de Gerenciamento de Resíduos 
Sólidos da Construção Civil (PGRCC) em Canteiro de obras, tendo como exemplo a 
Construtora Moura Dubeux, para o qual foi feito um levantamento de como foi o seu processo 
de implantação, como vem sendo feita a sua execução e manutenção do seu PGRCC. 
A escolha deste tema deve-se ao fato de os RCD terem sua geração aumentada a cada 
ano em todo o país e pelo seu potencial poluidor e de reciclagem, quando são tratados de 
forma adequada desde o gerador até o seu destino final. 
 
13 
 
2. OBJETIVOS 
 
2.1 OBJETIVO GERAL 
 
Através de pesquisa bibliográfica, entender como se dá a construção de um PGRCC, 
conhecendo métodos bem sucedidos da aplicação de PGRCC por meio de publicações 
técnicas de vários Sindicatos da Construção Civil, bem como de outras instituições e 
pesquisadores/autores e ver a aplicação prática do mesmo, utilizando a Construtora Moura 
Dubeux como exemplo. 
 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
 Compreender as etapas, através de pesquisa bibliográfica, acerca do processo de 
confecção, aplicação e manutenção de um PGRCC e mostrar o potencial poluidor e de 
reciclagem do RCD; 
 
 Conhecer o processo de idealização, aplicação e manutenção do PGRCC da Moura 
Dubeux, por meio de entrevista e questionário (vide apêndice 1); 
 
 Mostrar exemplos de práticas e novas tecnologias usadas no PGRCC com o intuito de 
minimizar a geração de RCD no canteiro de obras.14 
 
3. REFERENCIAL TEÓRICO 
 
Neste capítulo é apresentado o referencial teórico utilizado para compor o presente 
trabalho, estruturado da seguinte forma: 
 
 
 
 
Figura 1: Esquema da organização do capítulo. (Suellen, 2012). 
 
 
3.1 A CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL E EM PERNAMBUCO 
 
Segundo o SINDUSCON-PE (2008), a geração de resíduos do grande Recife é de 
aproximadamente 4.500 toneladas por dia. Para o restante do estado, a previsão do Sindicato é 
de 1.575 toneladas por dia. Do total de Resíduos da Construção Civil do estado, cerca de 30% 
do resíduo gerado resulta de empresas construtoras (grande gerador), enquanto o restante é 
gerado por pessoas físicas, reformas de lojas, pequenas construções, entre outros pequenos 
geradores. 
Para controle e gestão do RCD, o Plano Estadual de Resíduos Sólidos de 
Pernambuco (SEMAS, 2012) tem as seguintes diretrizes norteadoras para ações estaduais: 
 Diretriz 01: Erradicação das áreas irregulares de disposição final de resíduos da 
construção civil. 
 Diretriz 02: Incentivo ao reaproveitamento econômico dos resíduos da construção 
civil. 
 
15 
 
 Diretriz 03: Assegurar a participação dos geradores de resíduos da construção civil na 
sua gestão. 
Em geral, os municípios coletam os resíduos de construção civil e demolição (RCD) 
de obras sob sua responsabilidade e os lançados em logradouros públicos. Mesmo não 
representando o total de RCD gerados pelos municípios, esta parcela é a única que possui 
registros confiáveis e, portanto, é a que integra a pesquisa municipal realizada anualmente 
pela ABRELPE. 
Com a retomada do crescimento da economia nacional, de modo que o país se 
transformou em um grande canteiro de obras, a cada ano aumenta a produção de RCD em 
todo território nacional, como mostra o gráfico abaixo, que traz números sobre a coleta diária 
de RCD no Brasil e na Região Nordeste entre os anos de 2007 e 2011, contidos na publicação 
Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil da ABRELPE. 
 
Grafico 1: Evolução anual da coleta diária de RCD no Brasil e no Nordeste. 
 
Fonte: ABRELPE (2008-2012). 
 
As quantidades apresentadas são expressivas, o que ratifica a situação já evidenciada 
em anos anteriores, demandando atenção especial dos municípios na gestão destes resíduos, 
visto que as quantidades reais são ainda maiores já que a responsabilidade para com os RCD é 
dos respectivos geradores, que nem sempre informam às autoridades os volumes de resíduos 
sob sua gestão. 
 
16 
 
Com base em dados de diversos países, os RCDs representam de 13% a 67% dos 
RSU (Resíduos Sólidos Urbanos). Segundo PINTO (1999), em cidades brasileiras de médio e 
de grande porte, a porcentagem de RCD na massa total de resíduos sólidos urbanos varia entre 
41% e 70%. 
A geração per capita em estimativas internacionais varia entre 130 e 3.000 
kg/(hab.ano) e no Brasil está em torno de 500 kg/(hab.ano). A tabela 1 apresenta a quantidade 
de RCD gerada em algumas capitais brasileiras no ano de 2005. 
 
Tabela 1: Geração per capita de RCD em algumas capitais brasileiras. 
Município 
Geração Per Capita 
RCD (t/dia) 
Florianópolis 636 
Fortaleza 1.667 
Porto Alegre 1.933 
Recife 600 
Rio de Janeiro 900 
Salvador 1.453 
São Paulo 12.400 
Fonte: Adaptado de GIMENEZ (2008). 
 
Em Pernambuco, segundo MIRINDA (2010) no trabalho Missão Empresarial 
Nordeste do Brasil à China, realizado para a FECOMÉRCIO-PE, eis o cenário da economia 
pernambucana no tocante à construção civil: 
 
Visão Geral da Economia Pernambucana 
 PIB (estimativa 2009 - a preço de mercado) => R$ 77 bilhões 
 PIB per capta (estimativa 2009) => R$ 7,9 mil 
 Participação do PIB de PE no NE => 17,9% 
 Participação do PIB de PE no BR => 2,3% 
Participação da Indústria na Economia 
 Participação da Indústria geral no PIB de PE => 21,9% 
 Participação da Construção civil no PIB da Indústria geral de PE => 26,1% 
 Número de Estabelecimentos da Construção Civil => 3.082 
 
17 
 
 Número de Empregados na Construção Civil => 89.178 
 
Gráfico 2: Perfil das empresas que atuam na construção civil em Pernambuco 
 
Fonte: MIRINDA, 2010. 
 
Gráfico 3: Porte das empresas do ramo da construção que atuam em Pernambuco 
 
Fonte: MIRINDA, 2010. 
 
Especialidades do Setor 
 Construção de edifícios; 
 Serviços de preparação do terreno; 
 Construção de rodovias e ferrovias; 
 
18 
 
 Instalações hidráulicas, de sistemas de ventilação e refrigeração; 
 Obras de engenharia civil em geral; 
 Obras de acabamento; 
 Obras para geração e distribuição de energia elétrica e para telecomunicações; 
 Serviços especializados para construção; 
 Obras de urbanização, terraplanagem, construção de redes de abastecimento, 
fundações. 
 
Exemplo de Empreendimentos Estruturadores – Em Obras 
 Os empreendimentos estruturadores de Suape (Refinaria de Petróleo, Fábrica de PTA, 
POY E PET, Estaleiro) somam um pouco mais de US$ 16 Bi em investimentos, 
estima-se a geração de 34.600 postos de trabalho só na fase de construção; 
 Outros empreendimentos de Suape, 45 novas empresas em obras ou em construção 
deverão ser investidos cerca de US$ 4,2 Bi, com geração de 5.180 novas vagas; 
 Outros grandes projetos do Estado com obras em licitação: Polos Farmacoquímico e 
Automobilístico de Goiana e a Plataforma Logística e Multimodal de Salgueiro. 
 
Perspectiva de Investimento 
 De acordo com o relatório do BNDES a estimativa de investimentos é recorde tanto na 
indústria quanto na atividade de infraestrutura; 
 Na construção civil, só para o Programa Minha Casa Minha Vida foram identificados 
R$ 21 bilhões de investimentos; 
 Para os eventos esportivos (copa do mundo e olimpíadas) foram estimados R$ 59 
bilhões, sendo 80% recursos públicos – esses números compreendem o cenário 
nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
3.2. CLASSIFICAÇÃO DOS RCD E RECICLAGEM 
 
Os RCD são classificados como resíduos sólidos inertes pela NBR 10.004 (ABNT, 
2004). Do ponto de vista ambiental, os maiores problemas desses resíduos são os grandes 
volumes gerados e a disposição irregular. 
Os resíduos da construção civil quando dispostos in natura em aterros, constituem 
materiais de textura e composição variáveis predominantemente granulares, inorgânicos e 
inertes, com componentes muito diversos de ponto de vista do comportamento mecânico de 
composição química, além de apresentar baixas concentrações de poluentes. 
De acordo com a Resolução CONAMA nº 307/2002, as prefeituras estão proibidas 
de receber os RCD nos aterros sanitários e cada município deve ter um plano integrado de 
gerenciamento desses resíduos. A disposição regular dos RCD é feita em aterros especiais, 
geralmente privados. Uma grande quantidade, contudo, é disposta irregularmente na malha 
urbana, em bota-foras clandestinos, nas margens dos cursos d’água ou em terrenos baldios, 
acarretando assoreamento de córregos e rios, entupimento de galerias e bueiros, degradação 
de área urbana e proliferação de insetos e roedores. Para reduzir a disposição ilegal dos RCD, 
é necessário que os municípios ampliem suas áreas de descarte, tanto públicas quanto 
particulares e façam fiscalizações efetivas. 
Por outro lado, há um grande potencial de reciclagem dos resíduos de construção 
civil: aproximadamente 80% de todo o resíduo gerado é passível de reciclagem. Segundo, 
JOHN E AGOPYAN (2003) apud GIMENEZ (2008), as possibilidades de reciclagem dos 
resíduos variam de acordo com a sua composição: 
 Quase a totalidade da fração cerâmica pode ser beneficiada como agregado com 
diferentes aplicações conforme sua disposição: as frações compostas 
predominantemente de concretos estruturais e rochas podem ser recicladas como 
agregados para a produção de concretos estruturais; agregados mistos, com materiais 
mais porosos e de menor resistência mecânica, como argamassas e produtos de 
cerâmica vermelha e de revestimento, têm sua aplicação limitadaa concretos de menor 
resistência, como blocos de concreto, contrapisos, camadas drenantes e argamassas; 
 Frações compostas de solo misturado a materiais cerâmicos e teores baixos de gesso 
podem ser recicladas na forma de sub-base e base para pavimentação; 
 A fração metálica é aproveitada como sucata; 
 
20 
 
 Para as demais frações, especialmente madeira, embalagens e gesso, ainda não se 
dispõe de tecnologia para reciclagem. 
A reciclagem de RCD é um processo semelhante ao beneficiamento de minérios, 
compreendendo as seguintes operações: 
 Concentração: separação dos componentes por catação, atração magnética, densidade; 
 Cominuição: redução de tamanho por britagem ou moagem; 
 Peneiramento: seleção granulométrica dos grãos por meio de peneiras ou 
classificadores; 
 Auxiliares: transporte, secagem e homogeneização. 
Além da dificuldade da reciclar o RCD por causa da grande variação de suas 
características, o que resulta na sua subutilização tanto em termos de quantidade como de 
aplicações possíveis, outro problema a ser considerado na reciclagem é a presença de tintas, 
óleos, solventes, asfaltos, amianto, metais e outros poluentes, que podem afetar a qualidade 
técnica do produto que contiver o reciclado. O risco de contaminação ambiental por RCDs 
reciclados pode ser considerado baixo, mas não nulo, merecendo um mínimo de controle. Por 
exemplo, RCD retirados de obras em áreas marinhas podem estar contaminados por sais que 
corroem metais, o que limita seu uso em concreto armado, os oriundos de construções 
industriais podem estar contaminados com produtos ou resíduos do processo industrial. 
A forma mais simples de reciclagem dos RCD é seu uso em pavimentação de vias 
públicas, permitindo significativa economia de matéria-prima virgem não renovável. A 
pavimentação de vias urbanas com agregados reciclados, usados em camadas de base, sub-
base ou reforço do subleito de pavimento em substituição aos materiais convencionais, já vem 
sendo amplamente realizada em alguns países. 
O material reciclado também pode ser utilizado como concreto não estrutural, 
argamassa de assentamento e revestimento, cascalho de estradas, assim como no 
preenchimento de valas escavadas para finalidades diversas. A tecnologia de emprego dos 
agregados na produção de concreto e de componentes pré-fabricados como blocos de 
pavimentação, meios-fios e blocos de alvenaria é ainda rudimentar, mas vem sendo 
pesquisada e aplicada. 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2: a) Resíduo Classe A após moagem; b) Ecobloco originado do resíduo Classe A; c) Blocos 
originados do resíduo Classe A utilizados em contenção. (FEAM et al, 2009) 
 
 
 
Figura 3: a) Areia reciclada; b) Brita reciclada (CABRAL e MOREIRA, 2011). 
 
Além da Resolução CONAMA 307/2002, que dispõe sobre a gestão dos resíduos 
sólidos da construção civil, a ABNT tem outras normas relativas a esses resíduos, como: 
 NBR 15.115 – “Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – 
Execução de camadas de pavimentação - Procedimentos”. (ABNT, 2004). 
 NBR 16.116 – “Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – 
Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – 
Requisitos”. (ABNT, 2004). 
 
3.3. O PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL 
 
A obrigatoriedade do PGRCC nos projetos de obras está prevista na Resolução 
CONAMA 307/2002, o qual deverá ser submetido à aprovação ou ao licenciamento dos 
órgãos competentes. A administração pública e os geradores de RCC devem trabalhar de 
a b 
a b c 
 
22 
 
forma integrada quanto ao gerenciamento, para que haja a continuidade e a sustentabilidade 
da gestão, pois, de nada adiantará os geradores fazerem a sua parte e quando chegar à 
responsabilidade da administração pública o trabalho se perder. 
 
Tabela 2: Diretrizes, Critérios e Procedimentos Fundamentais para a Gestão dos RCC. 
Responsáveis Diretrizes, Critérios e Procedimentos 
Administração Pública 
Elaborar, implementar e coordenar o Programa Municipal de Resíduos 
Sólidos da Construção Civil (PMGRCC) para os pequenos geradores; 
Cadastrar áreas aptas para recebimento, triagem e armazenamento 
temporário de pequenos volumes de RCC; 
Proibir a deposição dos resíduos da construção em áreas não licenciadas, 
como bota-fora e aterro de resíduos domiciliares; 
Definir os critérios para o cadastramento dos transportadores; 
Incentivar a reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo 
produtivo; 
Orientar, fiscalizar e controlar os agentes envolvidos; 
Realizar ações educativas voltadas para reduzir a geração de RCC e 
possibilitar a sua segregação. 
Geradores de RCC 
Elaborar as diretrizes técnicas para os Projetos de Gerenciamento de 
Resíduos da Construção Civil (PGRCC) dos grandes geradores; 
Ter como objetivo principal a não geração de RCC e, secundariamente, a 
redução, a reutilização e a reciclagem. Depois de ultrapassadas essas 
possibilidades, a disposição dos mesmos em áreas de destinação 
específicas para o tipo de resíduo; 
Realizar a caracterização dos RCC (identificação e quantidade), além da 
sua triagem; 
Corresponsabilidade com a destinação adequada dos RCC gerados pela 
atividade construtora. 
Fonte: GUSMÃO, 2008. 
 
A seguir, nas tabelas 3, 4 e 5 são descritos a cerca de um PGRCC: o seu conteúdo, 
seu roteiro de implantação e os principais pontos de geração de resíduos em um canteiro de 
obras com exemplos de seus respectivos resíduos característicos. 
 
 
 
 
 
23 
 
Tabela 3: Tópicos previstos em um PGRCC 
Tópicos Requisitos do PGRCC Instrumentos Necessários 
Caracterização dos RCC 
Deve ser feita a identificação e 
quantificação dos resíduos 
- Indicadores gerais de geração de 
RCC; 
- Indicadores específicos de 
geração de resíduos por serviços 
(ex.: demolição, assentamento de 
tijolos, etc). 
Triagem 
A segregação dos resíduos deverá ser 
realizada pelo gerador, preferencialmente, 
de origem ou ser realizada nas áreas de 
destinação licenciadas para essa finalidade, 
respeitadas as classes de resíduos. 
- Sensibilização dos operários 
sobre a problemática dos RCC; 
- Treinamento dos operários para 
que se faça a segregação dos 
resíduos. 
Acondicionamento dos 
RCC 
O gerenciador deve garantir o confinamento 
dos resíduos após a geração até a etapa de 
transporte, assegurando, em todos os casos 
em que seja possível, as condições de 
reutilização e reciclagem. 
Definição de recipientes e locais 
devidamente sinalizados que 
permitam a segregação e 
acondicionamento dos resíduos 
pelos operários. 
Transporte 
Deverá ser realizado em conformidade com 
as etapas anteriores e de acordo com as 
normas técnicas vigentes para o transporte 
de resíduos. 
Transporte dos RCC em 
conformidade com as etapas 
anteriores e de acordo com as 
normas técnicas vigentes para o 
transporte de resíduos. 
Destinação 
Deverá ser prevista de acordo com o 
estabelecimento na Resolução. 
- Deposição dos resíduos Classe A 
em áreas licenciadas pelos órgãos 
municipais e estaduais, tais como 
áreas de transbordo e triagem 
(ATT), unidades de beneficiamento 
e aterros de inertes; 
- Recolhimento dos resíduos 
Classe B por destinatários 
cadastrados pela empresa 
(associação de catadores, empresas 
de reciclagem, etc); 
- Tratamento dos resíduos Classes 
C e D por empresas licenciadas 
pelos órgãos municipais e 
estaduais. 
Fonte: GUSMÃO, 2008. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
Tabela 4: Roteiro para elaboração de um PGRCC 
Item do PGRCC Detalhamento 
Dados Gerais 
- Identificação do empreendedor; 
- Identificação da obra; 
- Características da obra. 
Inventário de Resíduos 
- Pontos de geração de resíduos; 
- Estimativa da geração de resíduos; 
- Composição dos resíduos; 
- Classificação dos resíduos. 
Gestão dos Resíduos 
- Transporte dos resíduos; 
- Dispositivos de acondicionamentodos resíduos; 
- Sinalização; 
- Layout do canteiro. 
Plano de Monitoramento 
- Controle de transportes dos resíduos; 
- Ações preventivas e educativas; 
- Auditoria 
Cronograma 
- Planejamento; 
- Implantação; 
- Monitoramento. 
Fonte: GUSMÃO, 2008. 
 
Tabela 5: Pontos de geração de resíduos no canteiro de obras 
Ponto de Geração de Resíduos Principais Tipos de Resíduos 
Refeitório 
- Resíduos orgânicos; 
- Plásticos; 
- Papéis; 
- Alumínio (“quentinhas”). 
Escritório 
- Plásticos; 
- Papéis. 
Almoxarifado 
- Plásticos; 
- Papéis. 
Ambulatório 
- Resíduos de resíduos de saúde (RSS); 
- Papéis. 
Banheiros - Papéis contaminados 
Central de Corte e Armação de Aço - Metais 
Central de Corte e Fôrma 
- Madeira; 
- Pó de serra. 
Central de Produção de Pequenos Artefatos de 
Concreto/Argamassa 
- Concreto; 
- Argamassa. 
Pavimentos – Distribuídos Conforme Alocação das 
Frentes de Trabalho 
- Resíduos cerâmicos; 
- Plásticos; 
- Papéis; 
- Metais; 
- Madeira. 
Fonte: GUSMÃO, 2008. 
 
 
25 
 
Conforme a tabela 6, o tipo de resíduo gerado no canteiro de obras varia de acordo 
com o estágio em que a construção se encontra, sendo as obras que precisam passar 
previamente por demolição as maiores geradoras de resíduos, como mostra a tabela seguinte: 
 
Tabela 6: Resíduos sólidos característicos de cada etapa da construção 
Fase Resíduo Gerado 
Demolição Classe A (concreto, argamassa, cerâmica) e Classe B (gesso) 
Escavação Classe A (solo) 
Construção 
Classe A (concreto, argamassa, cerâmica), Classe B (plásticos, papel, e 
madeira, gesso), Classe D (solventes, tintas, ácidos) 
Fonte: Adaptado de GUSMÃO, 2008. 
 
Ressalta-se que o resíduo pode mudar de classificação se estiver misturado com 
outros, como por exemplo, a brita suja com óleo deixa de pertencer à Classe A para fazer 
parte da Classe D. 
 As figuras 4 e 5 a seguir mostram, respectivamente, um fluxograma simplificado das 
etapas de obras de construções verticais e os materiais mais usados em cada fase de uma 
construção, implicando diretamente nas peculiaridades da produção de RCD de cada fase, de 
acordo com a COOPERCON-CE (2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
Figura 4: Fluxograma simplificado das etapas de construção de obras verticais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: SUELLEN, 2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
Figura 5: Materiais usados nos diferentes estágios de uma obra de construção. 
 
Fonte: COOPERCON-CE, 2011. 
 
28 
 
4 ARCABOUÇO JURÍDICO 
 
O transporte do RCD, quando realizado clandestinamente, tem como destino lugares 
inapropriados para a disposição dos mesmos, como bota-fora em margens de rios e terrenos 
baldios. A destinação incorreta dos resíduos de construção civil acarreta em diversos males à 
saúde pública e ao meio ambiente, como a proliferação de vetores transmissores de doença 
como ratos e baratas; contaminação do solo e de corpos hídricos por produtos químicos como 
gesso, óleo e solventes; além de ocasionar a poluição visual. 
Diante da importância da preservação e conservação do meio ambiente, o mesmo foi 
contemplado com o Artigo 225 da Constituição Federal de 1988, na qual consta: 
 
Art. 225º. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de 
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e 
futuras gerações. 
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os 
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, 
independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 
 
 A inclusão de um artigo inteiro dedicado ao meio ambiente na Constituição 
Brasileira foi de encontro ao contexto histórico da época, por exemplo, o Relatório de 
Brundtland, divulgado em 1987, no qual está incutido o conceito de Desenvolvimento 
Sustentável. 
 Já a necessidade de lidar com a crescente produção de resíduos sólidos e a sua 
demanda por destinação menos degradante ambientalmente levaram à formulação da Política 
Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), Lei 12.205/2010, que também cita o RCC: 
 
Art. 13º. Para os efeitos desta Lei, os resíduos sólidos têm a seguinte classificação: 
h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e 
demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e 
escavação de terrenos para obras civis; 
Art. 20º. Estão sujeitos à elaboração de plano de gerenciamento de resíduos sólidos: 
III – As empresas de construção civil, nos termos do regulamento ou de normas 
estabelecidos pelos órgãos do SISNAMA. 
 
29 
 
Art. 24º. O plano de gerenciamento de resíduos sólidos é parte integrante do 
processo de licenciamento ambiental do empreendimento ou atividade pelo órgão 
competente do SISNAMA. 
 
4.1 DEFINIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL À LUZ DA 
RESOLUÇÃO CONAMA 307/2002 
 
Os resíduos sólidos da construção são todos e quaisquer resíduos oriundos das 
atividades de construção, incluindo novas obras, reformas, demolições e limpeza de terrenos. 
As atualizações promovidas pelas Resoluções CONAMA 348/04, 431/11 e 448/12 trouxeram 
esclarecimentos sobre alguns pontos que não ficaram bem definidos na publicação da 
primeira versão da Resolução CONAMA 307/02 e também complementaram a referida 
resolução com a adição de novas definições e classificações. 
Segundo a Resolução CONAMA nº 307 de 05 de Julho de 2002, atualizada: 
 
Art. 2º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: 
I - Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções, reformas, 
reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e 
da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, 
solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, 
argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação 
elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha; 
II - Geradores: são pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, responsáveis 
por atividades ou empreendimentos que gerem os resíduos definidos nesta 
Resolução; 
III - Transportadores: são as pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas da coleta e 
do transporte dos resíduos entre as fontes geradoras e as áreas de destinação; 
IV - Agregado reciclado: é o material granular proveniente do beneficiamento de 
resíduos de construção que apresentem características técnicas para a aplicação em 
obras de edificação, de infraestrutura, em aterros sanitários ou outras obras de 
engenharia; 
V - Gerenciamento de resíduos: é o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou 
reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, 
procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao 
cumprimento das etapas previstas em programas e planos; 
VI - Reutilização: é o processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação do 
mesmo; 
 
30 
 
VII - Reciclagem: é o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido 
submetido à transformação; 
VIII - Beneficiamento: é o ato de submeter um resíduo a operações e/ou processos 
que tenham por objetivo dotá-los de condições que permitam que sejam utilizados 
como matéria-prima ou produto; 
IX - Aterro de resíduos classe A de reservação de material para usos futuros: é a 
área tecnicamente adequada onde serão empregadas técnicas de destinação de 
resíduos da construção civil classe A no solo, visando a reservação de materiais 
segregados de forma a possibilitar seu uso futuro ou futura utilização da área, 
utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem 
causar danos à saúde pública e ao meio ambiente e devidamente licenciadopelo 
órgão ambiental competente (redação dada pela Resolução CONAMA n° 448/12); 
X - Área de transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos 
volumosos (ATT): área destinada ao recebimento de resíduos da construção civil e 
resíduos volumosos, para triagem, armazenamento temporário dos materiais 
segregados, eventual transformação e posterior remoção para destinação adequada, 
observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à 
saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos 
(redação dada pela Resolução CONAMA n° 448/12); 
XI - Gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta ou 
indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação 
final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final 
ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão 
integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, 
exigidos na forma da Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 (redação dada pela 
Resolução CONAMA n° 448/12); 
XII - Gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas para a busca 
de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, 
econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do 
desenvolvimento sustentável (redação dada pela Resolução CONAMA n° 448/12); 
 
Neste artigo 2, as atualizações promovidas pela Resolução CONAMA 448/12 vieram 
complementar a Resolução CONAMA 307/02, especificando que o aterro de resíduo classe A 
deve estar em área tecnicamente adequada e devidamente licenciada pelo órgão ambiental 
competente e definiu o que é uma ATT e como ela deve funcionar, além de adicionar os 
incisos XI e XII, que trazem a definição do Gerenciamento de Resíduos Sólidos e a Gestão 
Integrada de Resíduos Sólidos. 
 
 
31 
 
4.1.1 Classificação dos Resíduos de Construção Civil 
 
Segundo a Resolução Conama nº 307/2002: 
 
Art. 3º Os resíduos da construção civil deverão ser classificados, para efeito desta 
Resolução, da seguinte forma: 
I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais 
como: 
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras 
de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; 
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes 
cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; 
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto 
(blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras; 
II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: 
plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso; (redação dada pela 
Resolução CONAMA n° 431/11); 
III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias 
ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou 
recuperação; (redação dada pela Resolução CONAMA n° 431/11); 
IV - Classe D - são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais 
como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à 
saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, 
instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que 
contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde. (redação dada pela 
Resolução CONAMA n° 348/04). 
 
Já quanto à classificação dos resíduos de construção civil, de acordo com a 
Resolução CONAMA 431/11, o gesso foi remanejado da classificação Classe C para a Classe 
B devido à descoberta de uso do mesmo em processos de reciclagem e a Resolução 
CONAMA 348/04 determinou que materiais que contenham amianto ou outros produtos 
nocivos à saúde devem ser incluídos na Classe D. 
 
 
 
 
 
 
32 
 
4.1.2. Obrigações dos Geradores de RCC 
 
Art. 4º Os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos 
e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem, o tratamento dos 
resíduos sólidos e a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. (nova 
redação dada pela Resolução 448/12). 
§ 1º Os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de 
resíduos sólidos urbanos, em áreas de "bota fora", em encostas, corpos d'água, lotes 
vagos e em áreas protegidas por Lei (nova redação dada pela Resolução 448/12). 
§ 2º Os resíduos deverão ser destinados de acordo com o disposto no art. 10 desta 
Resolução. 
 
O artigo 4 foi complementado com mais obrigações para o gerador de RCC, que 
foram o tratamento dos resíduos sólidos gerados, o compromisso com a disposição 
ambientalmente adequada e a proibição da disposição em aterros de resíduos sólidos urbanos, 
que na versão anterior da resolução era chamado de aterro de resíduo sólido domiciliar. 
 
4.1.3. Etapas do Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil 
 
Art. 9º Os Planos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil deverão 
contemplar as seguintes etapas (nova redação dada pela Resolução 448/12): 
I - caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os resíduos; 
II - triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou ser 
realizada nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade, respeitadas as 
classes de resíduos estabelecidas no art. 3º desta Resolução; 
III - acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos resíduos após a 
geração até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que seja 
possível, as condições de reutilização e de reciclagem; 
IV - transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e de 
acordo com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos; 
V - destinação: deverá ser prevista de acordo com o estabelecido nesta Resolução. 
 
A modificação trazida pela Resolução CONAMA 448/12 foi a troca da palavra 
PROJETO por PLANO de gerenciamento, que traz um significado de abrangência mais 
ampliado. 
 
 
33 
 
4.1.4. Destinação Final de RCC 
 
Art. 10º Os resíduos da construção civil, após triagem, deverão ser destinados das 
seguintes formas (nova redação dada pela Resolução 448/12): 
I - Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados ou 
encaminhados a aterro de resíduos classe A de reservação de material para usos 
futuros; (nova redação dada pela Resolução 448/12); 
II - Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de 
armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou 
reciclagem futura; 
III - Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em 
conformidade com as normas técnicas especificas. 
IV - Classe D: deverão ser armazenados, transportados e destinados em 
conformidade com as normas técnicas específicas. (nova redação dada pela 
Resolução 448/12). 
 
A Resolução CONAMA 448/12 enfatiza a necessidade de que a destinação final seja 
feita após triagem dos resíduos e retirou a possibilidade de reutilização de resíduos Classe D. 
 
4.2. LEGISLAÇÃO DO ESTADO DE PERNAMBUCO SOBRE RCC 
 
A Política Estadual de Resíduos Sólidos de Pernambuco, Lei 14.236/2010, não se 
ateve muito ao tema, somente especificou a definição do RCC, da responsabilidade 
administrativa do gerador e penalidades. 
 
Art. 3º Os resíduos sólidos enquadram-se nas seguintes categorias: 
VI - resíduos da construção civil: provenientes de construções, reformas, reparos e 
demolições de obras, de construção civil e os resultantes da preparação e da 
escavação de terrenos, tais como, tijolos, blocos cerâmicos, concreto, solos, rochas, 
metais, resinas, colas, tintas, madeiras, compensados, forros, argamassas, gesso, 
telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações e fiação elétrica,denominados entulhos de obras, caliça ou metralha. 
Art. 12. O Poder Público, o setor empresarial e a coletividade são responsáveis pela 
efetividade das ações voltadas para assegurar a observância da Política Estadual de 
Resíduos Sólidos e das diretrizes e demais determinações estabelecidas nesta Lei e 
em seu regulamento. 
 
34 
 
Art. 14. As pessoas físicas ou jurídicas sujeitas à elaboração de Plano de 
Gerenciamento de Resíduos Sólidos são responsáveis pela implementação e 
operacionalização integral do Plano aprovado pelo órgão ambiental estadual 
competente. 
Art. 15. A responsabilidade administrativa, nos casos de ocorrências envolvendo 
resíduos, de qualquer origem ou natureza, que provoquem danos ambientais ou 
ponham em risco a saúde da população, recairá sobre: 
III - os estabelecimentos geradores, no caso de resíduos provenientes da construção 
civil, indústria, comércio e de prestação de serviços, inclusive os de saúde, no 
tocante ao transporte, tratamento e destinação final para seus produtos e embalagens 
que comprometam o meio ambiente e coloquem em risco a saúde pública; 
§ 2º A responsabilidade a que se refere o inciso III do caput deste artigo dar-se-á 
desde a geração até a disposição final dos resíduos. 
§ 4º Os responsáveis pela degradação ou contaminação de áreas, em decorrência de 
acidentes ambientais pela disposição de resíduos, deverão promover a sua 
recuperação em conformidade com as exigências estabelecidas pelo órgão ambiental 
estadual competente. 
Art. 23. Constitui infração, para efeito desta Lei, toda ação ou omissão que importe 
na inobservância de preceitos nela estabelecidos e na desobediência a determinações 
dos regulamentos ou normas dela decorrentes. 
Art. 24. Os custos decorrentes da aplicação da sanção, de interdição temporária ou 
definitiva correrão por conta do infrator. 
Art. 25. Estão sujeitas à observância desta Lei as pessoas físicas ou jurídicas, de 
direito público ou privado, responsáveis direta ou indiretamente pela geração de 
resíduos sólidos e as que desenvolvam ações no fluxo de resíduos sólidos. 
 
4.3. LEGISLAÇÃO DO MUNICÍPIO DO RECIFE SOBRE RCC 
 
No município do Recife foi aprovada a Lei 17.072/2005 criada especialmente para os 
resíduos de construção civil, que em consonância com a resolução CONAMA 307/2002, 
estabelece as diretrizes e critérios para o Programa de Gerenciamento de Resíduos da 
Construção Civil. Abaixo, seguem as peculiaridades da legislação municipal no que diz 
respeito aos geradores de RCC: 
 
Art. 1º Esta Lei cria o Programa de Gerenciamento de Resíduos da Construção 
Civil. 
Parágrafo único. Para efeito desta lei considera-se: 
 
35 
 
I - resíduos da construção civil: os resíduos provenientes das atividades de 
construções, reformas, reparos, demolições, escavações, terraplenagem e atividades 
correlatas; 
II - gerador: pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas responsáveis por 
atividades que gerem os resíduos de que trata esta lei; 
III - pequeno gerador: o gerador responsável pela atividade de construção, 
demolição, reforma, escavação e correlatas que gerem volumes de resíduos de até 
1,0m3/dia; 
IV - grande gerador: o gerador responsável pela atividade de construção, demolição, 
reforma, escavação e correlatas que gerem volumes de resíduos superiores a 
1,0m3/dia, em cada uma das fases do empreendimento. 
Art. 2º Fica proibida a disposição de resíduos da construção civil, em qualquer 
volume, e resíduos provenientes de podação e jardinagem, em volume superior a 
100 litros/dia, para a coleta domiciliar regular. 
Art 3º A execução dos serviços de coleta, transporte, tratamento e destino final dos 
resíduos oriundos da construção civil somente poderá ser realizado por firmas 
especializadas, mediante prévio cadastramento no órgão municipal responsável pela 
Limpeza Urbana, sendo isento de cadastramento o transportador dos resíduos em 
volume inferior a 1,0m3. 
Parágrafo único. Qualquer veículo não credenciado flagrado executando este 
transporte será apreendido e removido para o deposito da Prefeitura do Recife e 
liberados somente após o pagamento das despesas de remoção e multas devidas, 
ficando nestes casos o gerador dos resíduos como corresponsável pelas multas 
aplicadas. 
Art. 7º Toda atividade geradora de resíduos em quantidade superior a 1,0 (um) 
m3/dia em funcionamento, bem como aqueles que pretendam se instalar no território 
do Município do Recife, devem obter licença de operação e para tanto submeter à 
aprovação do órgão gestor da limpeza urbana deste Município o respectivo Projeto 
de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, para cada uma das unidades 
instaladas, tendo como objetivo estabelecer os procedimentos necessários para o 
manejo e destinação ambientalmente adequados dos resíduos gerados na atividade. 
Parágrafo único. O Projeto deve ser apresentado ao órgão municipal responsável 
pela Limpeza Urbana para devida apreciação e, sendo aprovado, comporá o acervo 
de documentos apresentados na solicitação de Alvará junto a DIRCON/Secretaria de 
Planejamento. 
Art 8º O Município do Recife, por seu órgão ou ente responsável pelos serviços de 
limpeza urbana, deverá manter instalações para recebimento dos resíduos (PRR 
Posto de Recebimento de Resíduo), para atender aos pequenos geradores, com 
facilidade de acesso e boas condições de tráfego, abarcando todas as Regiões 
Político-Administrativas. 
 
36 
 
§ 1º Poderá o Município do Recife cobrar pelo tratamento e/ou destinação final 
destes resíduos. 
§ 2º Não será acatado o recebimento de resíduos da construção civil que contenham 
resíduos sólidos orgânicos. 
Art 10º O Município do Recife disponibilizará a relação das empresas cadastradas a 
executarem as atividades pertinentes a esta lei às entidades do setor e ao público em 
geral, bem como os endereços das localidades de destino dos resíduos da construção 
civil. 
Art 13º Os grandes geradores deverão, ao final da obra, apresentar Relatório 
comprovando o cumprimento do estipulado no Projeto de Gerenciamento de 
Resíduos da Construção Civil, sendo expedida certidão, pelo órgão responsável pela 
limpeza urbana, que comporá o acervo de documentos para solicitação de Alvará e 
certidão junto a DIRCON/Secretaria de Planejamento e Secretaria de Finanças do 
Município. 
 
A legislação municipal veio especificar como devem proceder os geradores de RCD 
quanto ao procedimento de gerenciamento de resíduos e vinculou o cumprimento da 
legislação à liberação de licenças, fasto este que obriga o gerador a se adequar 
compulsoriamente à lei, contribuindo de maneira contundente com a conservação do meio 
ambiente. 
 
 
37 
 
5. METODOLOGIA 
 
Para o desenvolvimento do seguinte trabalho, foram obedecidas as seguintes etapas: 
 
 Levantamento bibliográfico com coleta de dados secundários acerca do tema em 
estudo; 
 Coleta de dados primários com aplicação de questionário semiestruturado e entrevista, 
visando a identificação do processo de gerenciamento do RCD. (Vide apêndice 1) 
 Sistematização e análise dos dados obtidos; 
 
 
38 
 
 
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Para ilustrar a pesquisa bibliográfica deste trabalho foi escolhida a Construtora e 
Incorporadora Moura Dubeux. Nesta empresa foi feita a tentativa de conhecer o PGRCC 
desde sua idealização até sua execução e manutenção. 
A Construtora e Incorporadora Moura Dubeux, a qual está no mercado imobiliário há 
29 anos e que atualmente está presente em 5 Estados: Pernambuco, Alagoas, Bahia, Rio 
Grande do Norte e Ceará. Em 2012 a empresa ampliou sua área de atuação e chegou à Paraíba 
e ao interior de Pernambuco, especificamente ao município de Caruaru. Em dados atualizados 
até novembro de 2012, existem 24 grandes empreendimentos em construção no município do 
Recife, os quais geram, em média, 1.700 m
3
/mês de RCC. 
A empresa possui um sistema de gestão integrada com os certificadosinternacionais 
de qualidade, saúde e segurança e meio ambiente: ISO 9001, OHSAS 18001 e ISO 14001. 
Hoje a Companhia possui mais de dois mil colaboradores nas 55 obras em construção que, 
somadas aos 111 empreendimentos entregues, representam mais de 4 milhões de metros 
quadrados de desenvolvimento imobiliário. O PGRCC foi elaborado pelo Departamento de 
Sistema de Gestão Integrada (SGI), que é composto por 8 funcionários. 
 
6.1. RESULTADOS OBTIDOS NA MOURA DUBEUX 
 
Nos primeiros contatos com a empresa, havia sido permitido visitar e fotografar 
algumas obras em diferentes estágios de construção, a fim de conferir se a execução do 
PGRCC estava sendo feita corretamente. Depois, só foi permitida a visitação, sem fotografias, 
de uma obra no estágio de estrutura de um edifício empresarial no bairro do Espinheiro. 
Foi aplicado 1 questionário e feita uma entrevista com a gerente do SGI e a auditora 
interna de meio ambiente e segurança, os quais geraram as informações descritas a seguir: 
A implantação do PGRCC se deu em meados do ano de 2003, conjuntamente com o 
Projeto Obra Limpa
1
, sendo o mesmo um dos requisitos para a certificação ISO 14.001. Foi 
relatado que as dificuldades encontradas no processo de implantação foram a conscientização 
 
1 Trabalha segundo o conceito de Destinação Compromissada de Resíduos. Isso significa que os resíduos 
gerados terão uma destinação comprovada, dando-se prioridade sempre à reutilização ou reciclagem. (CNI, 
2005). 
 
39 
 
dos administradores das obras e o custo inicial para adequar os locais de acondicionamento 
dos resíduos. Hoje, a dificuldade maior encontrada no cumprimento do PGRCC é a separação 
dos resíduos na frente de serviço. 
De acordo com a entrevista empreendida no referido departamento, existe um 
procedimento padrão de plano de gerenciamento de resíduos da construção civil, mas que o 
mesmo sofre algumas adaptações de acordo com as necessidades de cada obra. Ou seja, o 
PGRCC é dinâmico, apesar de ter um tronco comum para todos os empreendimentos e é um 
dos requisitos básicos para a obtenção do licenciamento pela CPRH para dar início às obras 
de construção. 
Através do questionário respondido pelo departamento de SGI, foi esclarecido que a 
elaboração do PGRCC fica a cargo da engenheira do SGI ou consultor terceirizado contratado 
pela empresa em época de alta demanda. A coordenação do plano é feita in loco pelo 
responsável da obra. Dentro do PGRCC existe um plano de redução de desperdício, no qual 
são indicadas ações de redução como central de trinchos, aproveitamento da sobra de concreto 
para fabricação de vergas, entre outros. Não existe plano de reciclagem diretamente nas obras, 
mas os resíduos recicláveis são destinados a uma empresa de reciclagem, licenciada, onde os 
mesmos são vendidos ou destinados de acordo com a legislação pertinente à atividade, sendo 
tudo comprovado posteriormente por meio de certificados. Os resíduos orgânicos são 
coletados normalmente pela prefeitura. Já os resíduos de construção são levados por uma 
empresa transportadora para aterros licenciados, preferencialmente para os aterros de 
construção (ATT) ou em último caso, para aterro controlado. Quanto à questão de 
treinamentos sobre aspectos e conscientização ambientais, estes são realizados continuamente 
e intensificados durante a semana da SIPAT. Anualmente é feita uma análise da situação de 
cada filial para a definição de planos de ação, caso não seja atendida a meta estipulada de 
diminuição em 5% da geração de RCC em comparação com o ano anterior. E após a adoção 
do PGRCC, obteve-se uma diminuição considerável com a saída das caçambas estacionárias 
devido à realização de coleta seletiva. 
 
 
 
 
 
40 
 
6.1.1. Visitação do Canteiro de Obras 
 
 Diante da falta de maiores informações sobre o PGRCC da Moura Dubeux, neste 
trabalho foram usadas imagens e fichas de verificação que estavam nas publicações técnicas 
usadas na pesquisa bibliográfica. 
 Na obra da Moura Dubeux visitada, tal como deve ser nas outras, os depósitos 
temporários para resíduos são as bombonas nas frentes de serviço, depois são acondicionados 
em bag’s e colocados nas baias ou diretamente nas mesmas, localizadas próximas à saída do 
canteiro (daí a importância de um projeto de layout de canteiro bem feito, privilegiando o 
escoamento do fluxo dos resíduos produzidos), para depois serem transportados por empresa 
especializada. No caso de transporte de resíduos de escavação de uma obra para outra da 
mesma empresa, é necessária a autorização expedida pela EMLURB, que é solicitada pela 
obra que está enviando o resíduo, evitando-se apreensões e multas. 
 Foram observadas algumas inconformidades de acordo com o que consta no PGRCC 
da empresa, segundo a auditora de segurança e meio ambiente. Por exemplo, uma baia de 
armazenamento temporário de resíduos estava pintada com cor diferente do material que 
deveria armazenar. Neste caso, a baia de produtos perigosos que deveria ser de cor laranja 
estava pintada de marrom, que representa os resíduos orgânicos, como exige a Resolução 
CONAMA 275, que trata das cores de identificação dos resíduos para a coleta seletiva (tabela 
7). As placas de sinalização de onde devem ser acondicionados os resíduos eram de papel, 
mais sujeitas a intempéries, quando deveriam ser de PVC, que posteriormente podem ser 
reaproveitadas em outras obras. Também foram observados dúvidas e erros, por parte do 
almoxarifado, com relação ao preenchimento e tipos de formulários, inclusive o CTR (figura 
6), usados no controle da saída e destinação do RCD. 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
Tabela 7: Cores da coleta seletiva e a correspondência com os tipos de resíduo. 
Cores da Coleta Seletiva Segundo a Resolução CONAMA 275 
Azul Papel e Papelão 
Verde Vidro 
Amarelo Metal 
Vermelho Plástico 
Marrom Resíduo Orgânico 
Preto Madeira 
Laranja Resíduos Perigosos 
Roxo Material Radioativo 
Branco Resíduos Ambulatoriais e de Serviços de Saúde 
Cinza 
Resíduo em geral, não reciclável ou misturado, ou contaminado, 
não passível de separação. 
Fonte: Resolução CONAMA nº 275 (2001). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
Figura 6: Exemplo de Formulário CTR usado no Projeto Obra Limpa do Sinduscon-SP. 
 
Fonte: PINTO, 2005. 
 De acordo com a auditora interna de meio ambiente e segurança, são feitas auditorias 
mensais nos canteiros, que por meio de check-lists (figura 7 a, b, c, d) são verificados os 
pontos de acertos e erros na execução do PGRCC da obra, duas vezes ao mês em obras na 
cidade do Recife. Posteriormente é gerado um relatório contendo o diagnóstico de cada obra 
visitada. O processo de treinamento para a implantação, execução e manutenção do PGRCC é 
contínuo e sistemático, semelhante ao Programa de Gerenciamento de Resíduos na 
 
43 
 
Construção Civil desenvolvido pelo SENAI-BA descrito por LORDÊLO et al, como pode ser 
visualizado na figura 8. 
 
Figura 7a: Exemplo de check list utilizado pelo Projeto Obra Limpa do Sinduscon-SP (PINTO, 2005) 
 
Figura 7b: Fatores de avaliação de limpeza e segregação na fonte. (PINTO, 2005) 
 
44 
 
 
Figura 7c: Fatores de avaliação – limpeza e segregação na fonte. (PINTO, 2005). 
 
Figura 7d: Fatores de avaliação – acondicionamento final. (PINTO, 2005). 
 
Figura 8: Etapas do Programa de Gestão de Resíduos no Canteiro de Obras. (LORDÊLO et al.) 
 
45 
 
Para estimular o cumprimento não só do PGRCC, mas também atividades nas rotinas 
do gerenciamento ambiental, da segurança do trabalho, da qualidade e do sistema Toyota, a 
Moura Dubeux criou um programa de premiação financeira semestral para a administração da 
obra, que deve ter como meta atingir eficiência igual ou maior a 91%. 
 
Figura 9: Escala de Eficiência no gerenciamento do canteiro de obras na Moura Dubeux. (SUELLEN, 
2012). 
Segundo a auditorainterna de meio ambiente e segurança, as dificuldades na 
proposição de melhorias e cumprimento do PGRCC residem na resistência dos responsáveis 
pela obra em gastar parte do orçamento mensal da obra em melhorias para a mesma, porque 
se acontece extrapolação nos gastos, a obra perde na pontuação da eficiência econômica e 
consequentemente, na recompensa financeira semestral. 
À primeira vista, isso é um contrassenso, pois perde-se pontos mensalmente pela não 
adequação do canteiro, enquanto que a despesa com a instalação das melhorias seria pontual e 
recuperada ao longo dos meses seguintes. Depois, ganhar-se-ia pontos tanto com o controle 
do orçamento mensal quanto com a adequação do canteiro de obras. 
As imagens a seguir mostram alguns exemplos de medidas adotadas em canteiros 
quando passam pela reestruturação promovida pela aplicação de um PGRCC: 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 10: Tubo coletor de entulho (CABRAL e MOREIRA, 2011). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 13 a e b: organização de material de modo paletizado. (CABRAL e MOREIRA, 2011) 
 
Figura 11: Coleta seletiva em canteiro de 
obras na frente de trabalho (SINDUSCON-
MG, 2005) 
Figura 12: Vias de circulação demarcadas. 
(COOPERCON – CE, 2011) 
a b 
 
47 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 14: Baia com resíduos de papel e 
papelão. (FREITAS JR., 2011) 
Figura 15: Acondicionamento de resíduos 
de madeira. (FREITAS JR., 2011) 
Figura 16: Baias Múltiplas. (FREITAS JR., 2011) 
Figura 17: Caçamba com resíduos de cerâmica, 
concreto e argamassa (Classe A). (FREITAS JR., 
2011) 
Figura 18: Vista geral das baias com os 
resíduos separados por categoria. (FREITAS 
JR., 2011) 
 
48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6.2. EXEMPLO DE MÉTODOS E TECNOLOGIAS PARA RACIONALIZAR A 
EXECUÇÃO DO PGRCC NO CANTEIRO DE OBRAS 
 
 Neste tópico são abordadas técnicas e tecnologias difundidas por diversas 
publicações de pesquisadores da área de construção civil, bem como de sindicatos e 
cooperativas de construção civil, por meio de pesquisa bibliográfica feita para o presente 
trabalho. 
 No canteiro de obras, através de cuidados muito simples, CABRAL e MOREIRA 
(2011) dão as seguintes dicas para minimizar desperdícios, como por exemplo: 
 Produzir argamassa apenas na quantidade suficiente para o dia de trabalho, 
determinada previamente pela área a ser executada no dia. 
 Armazenar os blocos cerâmicos ou de concreto e as telhas formando pilhas com 
quantidades iguais sobre paletes para evitar quebras e facilitar o transporte (Figura 13 
a e b). 
Figura 19: Bags 
(FREITAS JR., 2011) 
Figura 20: Bombonas (FREITAS JR., 
2011) 
 
49 
 
 Transportar blocos e sacos de cimento em carrinhos adequados, como ilustrado na 
Figura 21, a fim de reduzir o risco de quebra dos blocos e de rompimento dos sacos. 
 Armazenar o cimento em local arejado e protegido de sol e chuva sobre estrado de 
madeira com 30 cm de altura e distante 30 cm da parede, conforme detalhado na 
Figura 22. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A quantidade de sacos de cimento a serem empilhados vai depender do tempo em que 
ficarão armazenados. Assim, deve-se empilhar 10 sacos se o tempo de armazenamento 
destes for superior a 10 dias e 15 sacos se o tempo de armazenamento destes for 
inferior a 10 dias. 
 Sempre que possível, evitar cortes de placas cerâmicas. Para isso, o uso de projetos 
com a coordenação modular é essencial. 
 Definir previamente o layout da central de concreto de forma a reduzir o caminho 
percorrido pelo operário dos materiais até a betoneira. 
 Manter o canteiro de obras limpo e organizado, pois influenciará o trabalhador a ser 
mais cauteloso no manuseio dos materiais, além de reduzir a ocorrência de acidentes 
do trabalho. 
 
 Como sugestões de posição estratégica de máquinas no canteiro, de aplicação 
da Política dos 3R2 (com ênfase na redução e reutilização) e de novas tecnologias no canteiro 
 
2 3R: Redução, Reutilização e Reciclagem 
Figura 21: Transporte adequado de 
blocos cerâmicos. (CABRAL e 
MOREIRA, 2011) 
Figura 22: Armazenamento de sacos de 
cimento. (CABRAL e MOREIRA, 2011) 
 
50 
 
de obras, a COOPERCON-CE, no Manual de Gestão Ambiental de Resíduos de Construção 
Civil, preconiza as seguintes atitudes: 
 
Posição Estratégica de Máquinas no Canteiro 
 
A figura 23 ressalta uma solução que tem o propósito de otimizar uma 
importantíssima estação de trabalho, que é a área onde é colocada a betoneira no canteiro. A 
ideia é juntar o equipamento betoneira às baias de agregados e ao depósito de cimento, no 
qual apenas um operador de betoneira atendesse a todo este setor, pois ele seria ajudado por 
uma esteira rolante que levaria o cimento até o auto carregável da betoneira e os agregados 
iriam também para este local da betoneira por gravidade. Este projeto tem como finalidade 
aperfeiçoar os procedimentos, diminuir as perdas de materiais através de transporte e 
armazenagem, como também reduzir os tempos improdutivos, agregando valor ao serviço. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Política dos 3R 
Redução 
 A aplicação da redução significa otimizar, racionalizar o uso de materiais, evitando 
desperdícios geradores de prejuízos financeiros, ambientais e de produtos. Abaixo, alguns 
exemplos de como promover o R da redução: 
• contratar serviços com uso de novas tecnologias; 
• comprar produtos nas quantidades suficientes; 
Figura 23: Proposição de um novo 
posto de trabalho. (COOPERCON-CE, 
2011) 
 
 
51 
 
• definir as customizações dos clientes evitando demolições e retrabalhos; 
• implantar programa 5S
3
 
• fornecer peças em embalagens que evitem o descarte; 
• adquirir pré-fabricados, como exemplo, pode-se mencionar a aquisição das portas prontas, 
ferros cortados e dobrados e as madeiras limpas e cortadas; 
• utilizar perfis, formas metálicas e formas plásticas, evitando o uso de madeira; 
• melhorar as condições de armazenagem e fluxo de materiais nas obras por meio de projetos 
de canteiro de obras; 
• utilizar, se possível, containeres metálicos como canteiro de obras, banheiros, refeitórios, 
que reduzem a quantidade de materiais, como “madeirit”, assim como o entulho; 
• adotar medidas que impliquem na redução do uso de papéis; 
• fazer programação quanto à quantidade de traços em uma betoneira, evitando sobra de 
argamassa ou concreto. 
• criar premiação para os operários que fizerem o serviço com a menor perda de material 
possível. 
 Como exemplo de uso de novas tecnologias a fim de diminuir principalmente a 
quantidade de resíduos Classe A, destaca-se a importância do uso de novas tecnologias, como, 
o Dry-wall que consiste em chapas de gesso (Figura 24). Neste método, praticamente não há 
atividades de conversão, pois o serviço é apenas de montagem, por intermédio de mão-de-
obra qualificada. De acordo com o próprio nome, este serviço quer dizer parede seca, sem uso 
de argamassas e tijolos. Com este serviço, pode-se afirmar que as perdas são muito reduzidas, 
pois implica diminuição de etapas de construção como chapisco, reboco e emboço e de vigas 
estruturais sob as divisórias. 
 No Brasil, o Dry-Wall é o único sistema construtivo para vedações internas (paredes, 
forros e revestimentos) totalmente embasado em normas técnicas, o que o diferencia das 
demais tecnologias empregadas com a mesma finalidade. 
 
3
 5S é o nome de uma filosofia de qualidade de origem japonesa que preconiza 5 Sensos: Senso de Utilização, 
Senso de Organização, Senso de Limpeza, Senso de Saúde e Senso de Autodisciplina. 
 
52 
 
 
Figura 24: Uso de material tipo Dry-Wall. (COOPERCON-CE, 2012). 
 De acordo com o site Portal do Arquiteto, eis as vantagens do uso dessa tecnologia: 
 Flexibilidade de projetos - Essa é uma vantagem especialmente importantepara 
empreendimentos residenciais: por sua leveza e forma de instalação, as paredes e os 
forros em Dry-Wall podem ter posição variável dentro da unidade, possibilitando a 
personalização do layout, segundo o interesse de cada comprador. 
 Leveza - As paredes e os forros são muito leves. Enquanto, por exemplo, uma parede 
de tijolos comuns com aproximadamente 10 cm de espessura pesa entre 155 e 165 
kg/m
2
, uma parede em Dry-Wall de mesma espessura pesa menos de 25 kg/m
2
. 
 Estabilidade - As paredes em drywall apresentam alto grau de estabilidade, podendo 
substituir sem problemas as paredes comuns de alvenaria convencional. 
 Resistência a impactos - As paredes, os tetos e os revestimentos resistem aos impactos 
normais de uso do dia-a-dia. 
 Menor espessura das paredes proporciona maior área útil - Esse tem sido um 
argumento adicional de vendas de imóveis residenciais e comerciais. 
 Conforto climático - O gesso, matéria-prima das chapas para Dry-Wall, tem a 
propriedade natural de atuar como regulador do clima, mantendo o grau de umidade 
em equilíbrio: retira umidade do ar, quando esta está elevada; e a devolve, quando o ar 
está seco. Isso atenua as variações da umidade relativa do ar. 
 Conforto térmico - O uso de lã mineral ou de vidro no interior de paredes, tetos e 
revestimentos promove conforto térmico entre os ambientes. 
 Resistência à umidade - Há chapas especiais para ambientes úmidos (cozinhas, 
banheiros, áreas de serviço, etc.), impregnadas com um hidrofugante. Essas chapas 
têm cor verde, diferenciando-se assim das comuns. 
 
53 
 
 Conforto acústico - Uma parede Dry-Wall apresenta desempenho acústico superior ao 
de uma parede de tijolos maciços de mesma espessura. Se tiver isolamento com lã 
mineral, seu desempenho será superior a qualquer tipo equivalente de paredes de 
alvenaria (tijolos, blocos cerâmicos, blocos de silício-calcário e de concreto comum ou 
celular). 
 Resistência ao fogo - O gesso proporciona elevada proteção contra incêndios. Por isso, 
é recomendado o revestimento com chapas para Dry-Wall de vigas, colunas, pilares e 
dutos elétricos de ventilação. Uma parede Dry-Wall, dependendo de sua configuração, 
podem ter resistência ao fogo de até 240 minutos (4 horas). 
 Rápida execução - A simplicidade de execução é um dos grandes diferenciais do 
sistema. Uma parede pode ser instalada em muito menos tempo (apenas algumas 
horas) do que uma parede executada em sistemas convencionais. 
 Execução simplificada de instalações elétricas e hidráulicas - Ao contrário do que 
ocorre com a construção em alvenaria convencional, não é necessário quebrar paredes 
para a execução de reparos ou ampliações em redes elétricas ou hidráulicas. No caso 
de vazamento, por exemplo, basta recortar a chapa de gesso e, após o reparo, 
recompor o chapeamento. 
 Qualidade de acabamento - As paredes, os revestimentos e os tetos apresentam 
nivelamento superficial, o que permite que, imediatamente após a sua instalação, 
recebam pintura ou outro tipo de acabamento. 
 Ausência de resíduos e desperdícios - A construção é mais limpa, reduzindo 
drasticamente o entulho. A isso ainda se soma a menor necessidade de movimentação 
de materiais dentro da obra. E o entulho gerado é totalmente reciclável. 
 
Reutilização 
Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a reutilização é o processo de 
aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua transformação biológica, física ou físico-
química. 
O reuso é uma grande contribuição para não haver descarte do que poderia ainda ser 
reutilizado, provocando um maior aproveitamento dos resíduos. Seguem abaixo algumas 
medidas para incentivar a reutilização: 
 
54 
 
• implantação da central de corte e furo de cerâmicas nas obras, evitando a quebra de peças e 
o incremento do desperdício. 
• reutilização de embalagens plásticas e metálicas como baldes; 
• utilização do resíduo produzido durante a obra, em possíveis regularizações do terreno. 
 
Reciclagem 
A reciclagem dos resíduos do tipo Classe A no canteiro de obras é possível, porém 
deve ser precedida de uma minuciosa segregação dos resíduos, a fim de permitir que não haja 
comprometimento na qualidade dos produtos. 
 
55 
 
7. CONCLUSÃO 
 
 Na Moura Dubeux ainda há erros de preenchimento nas CTR’s pelo pessoal do 
almoxarifado e identificação de formulários feita incorretamente, falta de atenção na 
conferência dos tickets onde estão registradas as informações sobre o motorista da empresa 
transportadora, peso e descrição da carga, hora de saída da obra e de chegada ao destino final. 
 Sugerem-se, como proposições de melhorias, palestras e treinamentos sobre o 
preenchimento e identificação dos formulários e esclarecimento sobre as penalidades da não 
conferência dos tickets, que pode abrir precedente para que haja desvio da carga original e 
posteriormente complicações para a construtora, pois a empresa que recepciona o RCD pode 
cancelar o recebimento da carga e mandar de volta para o gerador. Talvez, a responsabilidade 
pelos formulários e acompanhamento da carga deva ser passada para os funcionários do 
almoxarifado que possuam um maior grau de instrução, possibilitando assim um melhor 
entendimento dos procedimentos e agilidade no trabalho. Também deverá ser investido mais 
tempo com palestras de sensibilização para os engenheiros responsáveis pela administração da 
obra, pois como foi dito pela auditora de meio ambiente e segurança, geralmente os maiores 
entraves para a execução na íntegra do PGRCC encontra-se na resistência à mudança de 
paradigmas pelos responsáveis da obra. O problema reside da resistência a pequenos detalhes, 
como cores de baias e recipientes para a coleta seletiva, que se levados a sério, otimizariam o 
cumprimento do PGRCC. 
Contudo, mesmo apresentando algumas deficiências pontuais, como foi constatado 
na única obra na qual foi permitida a visitação, segundo os dados positivos fornecidos pelo 
SGI, a aplicação do PGRCC trouxe benefícios financeiros, pois houve economia com o 
manejo correto dos resíduos dentro da obra e também ajudou na redução de acidentes dentro 
do canteiro, pelo fato do local de trabalho estar mais organizado, principalmente pela 
implantação da coleta seletiva. 
É sabido que a inserção da política dos 3R que parece simples conceitualmente, mas 
que é de complexa aplicação prática porque requer uma ampla revisão de conceitos e 
costumes, atualmente tem grande aceitação em vários segmentos industriais e dentre eles o da 
construção civil, priorizando a busca por alternativas que diminuam o gasto com energia, água 
e outros recursos naturais, por exemplo. Estas são atitudes que minimizam custos e aumentam 
 
56 
 
o lucro de processos em toda a cadeia produtiva da obra, além de contribuir com a 
preservação do meio ambiente, como visto em exemplos mostrados no presente trabalho. 
 Além do mais, empresas que trabalham comprometidas com a sustentabilidade 
acabam criando uma imagem positiva no mercado. A publicação Potencialidades para o 
Desenvolvimento Sustentável na Construção Civil do SINDUSCON-PE (2008) citou uma 
pesquisa realizada entre os anos de 2005 e 2007 com empresas não financeiras, onde foi 
comparado o desempenho de corporações listadas no Índice de Sustentabilidade Empresarial 
(ISE) da Bovespa, com outras empresas de capital aberto. A constatação foi de que as 
empresas que têm a sustentabilidade incluída na estratégia de negócio possuíam valor de 
mercado até 19% superior às demais. Esse dado ratifica o marketing positivo que a 
sustentabilidade atrela à imagem da empresa. 
 E o mais importante, é preciso estar com foco na prática da sustentabilidade, 
buscando soluções desde “a fonte” e não promovê-las no “fim de tubo”, tal como diz a própria 
Resolução CONAMA 307/2002 e a PNRS no seu Art. 9º: 
“Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos deve ser observada 
a seguinte ordem de prioridade:

Outros materiais