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FACULDADES UNIDAS DO NORTE DE MINAS – FUNORTE Eliane LetíciaFerreira dos Santos Flavia Caroline Nunes Santos Hebert da Silva Santana Maraine Lanai Souza Pereira PauloDionatas Campos Carvalho Rayane Elias Dantas Direito Administrativo Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI (CPI da Covid – 19) Janaúba – MG Junho - 2021 FACULDADES UNIDAS DO NORTE DE MINAS – FUNORTE Eliane LetíciaFerreira dos Santos Flavia Caroline Nunes Santos Hebert da Silva Santana Maraine Lanai Souza Pereira PauloDionatas Campos Carvalho Rayane Elias Dantas Trabalho apresentado a disciplina Direito Administrativo, do Curso de Direito, ministrado pela Funorte - Janaúba. Com o intuito de obtenção de nota. Orientador: Eduardo Vinicius Pereira Barbosa Janaúba – MG Junho –2021 A COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO CPI DA PANDEMIA 1. VISÃO DOUTRINARIA A priori, cumpre salientar, que no exercício de suas funções, a Administração Pública se sujeita ao controle por parte dos Poderes Legislativo e Judiciário, a finalidade do controle é a de assegurar que a Administração atue em consonância com os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico, como os da legalidade, moralidade, finalidade pública, publicidade, motivação, impessoalidade. Sobre este tema, e com observância ao controle exercido pelo legislativo, Hely Lopes Meirelles (2020, p. 708) preleciona que “o controle legislativo ou parlamentar é o exercido pelos órgãos legislativos ou por comissões parlamentares sobre determinados atos do Executivo na dupla linha da legalidade e da conveniência pública”. Nesse passo, ainda sob o entendimento de Hely Lopes Meirelles ( 2020, p 709) o controle deve se limitar ao que prevê a Constituição Federal, para evitar a interferência inconstitucional de um poder sobre o outro. A linha de raciocínio do doutrinador vem acompanhada de robustez quando inserido o argumento complementar de Caio Tácito; “O controle do Legislativo sobre a Administração Publica, especialmente nos governos presidencialistas, é caracteristicamente de efeito indireto. Não pode o Congresso anular atos administrativos ilegais, nem exercer sobre as autoridades executivas poderes de hierarquia ou de tutela". Em virtude destas considerações, é notório que em nosso sistema presidencialista, o Legislativo não possui faculdades ilimitadas de controle sobre os demais Poderes, entretanto permite a apuração de irregularidades de qualquer natureza através da Comissão Parlamentar de Inquérito. Aliás, vale aqui lembrar a lição de Beckert (1941. p.71) “nos regimes democráticos, o povo delega poderes, não só de legislação, mas, e sobretudo de fiscalização, a seus mandatários nas Câmaras, para que assegurem um governo probo e eficiente” . Estabelecidas prévias informações, o que importa nesta analise é a Comissão Parlamentar de Inquérito, este, caracteriza-se como um dos principais instrumentos à disposição do Legislativo para realizar sua função fiscalizadora. As regras relativas as CPIs estão previstas em nosso regramento Constitucional, e em demais leis esparsas. Com peculiar mestria, Pedro Lenza ( 2020 p. 592) sintetiza que; “Entendemos que esse papel desempenhado de fiscalização e controle da Administração é verdadeira função típica do poder legislativo, tanto que o art. 70, caput, da CF/88 estabelece que a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada poder.” As Comissões Parlamentares de Inquérito poderão ser criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de 1/3 da totalidade de seus membros, ou seja, as CPIs somente serão criadas por requerimento de, no mínimo 171 Deputados (1/3 de 513), e de também, no mínimo, 27 Senadores (1/3 de 87), em conjunto ou separadamente. Nesta senda, Lenza (2020, p.592) elenca três requisitos indispensáveis a serem observados; primeiramente o quórum necessário da Câmara dos Deputados e do Senado, em conjunto ou separadamente; a indicação com precisão de fato determinada a ser apurado na investigação Parlamentar; e a indicação de prazo certo para o desenvolvimento dos trabalhos. É importante salientar que as CPIs são consideradas direito público subjetivo das minorias parlamentares, para assegurar que o Legislativo cumpra sua função fiscalizatória sem que seja impedido ou constrangido pelos grupos parlamentares majoritários. O STF afirmou essa condição no Mandado de Segurança nº 24.831/2005, de relatoria do ministro Celso de Mello. Por outro lado, delinea-se oportuno frisar que, a CPI, ao ser Instaurada, deve ter por objeto a apuração de fato determinado, é considerado fato determinado, de acordo com o artigo 35, §1°, do RICD, o acontecimento de relevante interesse para a vida pública e a ordem constitucional, legal, econômica e social do País que estiver devidamente caracterizado no requerimento de constituição da comissão, não podendo, portanto, a CPI ser instaurada para apurar fato exclusivamente privado ou de caráter pessoal. No mesmo diapasão, para Jessé Claudio Franco de Alencar (2005, p.48); “A caracterização precisa do fato a ser apurado é, portanto, indispensável à legalidade da Comissão Parlamentar de Inquérito, sendo elemento fundamental do próprio requerimento de criação da CPI. Tal exigência se explica pela força coercitiva das Comissões (poderes de investigação próprios das autoridades judiciais), pois enorme seria o risco de abuso de poder ou de utilização indevida, se a CPI fosse instituída sem objeto específico.” Ademais, aduz a possibilidade de instauração de CPIs simultâneas dentro de uma mesma Casa, sendo que o Regimento Interno Da Câmara dos Deputados, no seu artigo 35, § 4° determinou o limite de 5, restrição já declarada constitucional pelo STF. No que tange ao prazo, a CPI por ser uma comissão temporária, deverá ser criada por prazo certo, podendo atuar também durante o recesso parlamentar, tento o prazo de 120 dias, prorrogável por até a metade do prazo, mediante deliberação do Plenário, para a conclusão de seus trabalhos. Assim então, sendo determinada o lapso temporal, por força normativa, as comissões temporárias serão extintas quando, sua tarefa for concluída; quando incorrer o termino do respectivo prazo. E ao termino da sessão legislativa ordinária. Sendo permitido, a aquelas comissões que, ao fim do prazo não tenham concluídos seus trabalhos, por meio de requerimento a prorrogação do prazo. As CPIs possuem poderem de investigação, próprios das autoridadesjudiciais, além de outros previstos nos regimentos das Casas. Lenza (2020, p.594), com maestria disciplina que, em razão destes poderes instrutórios que lhe foram conferidos, à semelhança dos juízos de instrução, o artigo 2.° da Lei n 1.579/52, na redação dada pela Lei n°13.367/2016, estabelece que, no exercício de suas atribuições, poderão as CPIs determinar diligencias que reputem necessárias e requerer a convocação de Ministros de Estado, tomar o depoimento de quaisquer autoridades federais, estaduais ou municipais, ouvir os indicados, inquirir testemunhas sob compromisso, requisitar da administração pública direta, indireta ou fundacional informações e documentos e transportar-se aos lugares onde se fizer mister a sua presença. Relativo a este tema, o STF, já decidiu que a CPI, pode por autoridade própria, sempre por decisão fundamentada e motivada, observadas todas as formalidades, determinar a quebra do sigilo fiscal; a quebra do sigilo bancário; a quebra do sigilo de dados telefônicos. Ainda dentro do poder investigatório da CPI, ela ainda possui o direito de ouvir testemunhas, sob pena de condução coercitiva; e ouvir investigados ou indiciados. Por derradeiro, e como de início frisado, embora o constituinte originário conferiu poderes à CPI, estes não são absolutos, devendo sempre ser respeitado o postulado da reserva constitucional de jurisdição, conforme definiu o Ministro Celso de Melo no MS 23.452: “O postulado da reserva constitucional de jurisdição importa em submeter, à esfera única de decisão dos magistrados, a prática de determinados atos cuja realização, por efeito de explícita determinação constante do próprio texto da Carta Política, somente pode emanar do juiz, e não de terceiros, inclusive daqueles a quem se haja eventualmente atribuído o exercício de "poderes de investigação próprios das autoridades judiciais". Portanto a CPI, não poderá praticar atos de jurisdição atribuídos exclusivamente ao Poder Judiciário, ou seja, atos propriamente jurisdicionais. É vedado então, à CPI, realizar diligencias de busca domiciliar; quebrar o sigilo das comunicações telefônicas (interceptação telefônica) ; e dar ordem de prisão, salvo no caso de flagrante delito, por exemplo por crime de falso testemunho. Cumpre enfatizar, que toda deliberação da CPI deverá ser motivada, sob pena de incorrer como vicio de ineficácia (art. 93,IX, da CF/88). Assim sendo, como restou sobejamente demonstrado, as CPIs não possuem competência para impor penalidades ou condenações. Os Presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional encaminharão o relatório da CPI respectiva e a resolução que o aprovar aos chefes do Ministério Público da União ou dos Estados ou, ainda, as autoridades administrativas ou judiciais com poder de decisão, conforme o caso, para a prática de atos de sua competência e assim, existindo elementos, para que promovam a responsabilização civil, administrativa ou criminal dos infratores. Ainda sobre o tema, Pedro Lenza disciplina que, dependendo dos limites da atuação ministerial, o relatório deve ser encaminhado, também, para a Advocacia- Geral da União e outros órgãos que exercem a representação judicial e consultoria das respectivas unidades federadas, para que promovam eventual responsabilização civil. 2. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA As regras sobre as CPIs estão disciplinadas no art. 58, §3° da Constituição Federal de 1988, assim aduz: “§3°. “As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.” Sendo disciplinadas também pela Lei n. 1.579/52 (alterada pelas Leis ns. 10.679/2003 e 13.367/2016) a qual regulamenta as Comissões Parlamentares de Inquérito, em nível federal, sendo também aplicável às Comissões das Assembléias Legislativas Estaduais e das Câmaras Municipais. Ademais a Lei n. 10.001/2000, dispõe sobre a prioridade nos procedimentos a serem adotados pelo Ministério Público e por outros órgãos a respeito das conclusões das CPIs, e na LC n. 105/2001 e nos Regimentos Internos das Casas. As Comissões Parlamentares de Inquérito, assim como disciplinado no o art. 58, §3º, da CF/88, são comissões temporárias. Dessa forma, entende-se que as CPIs são criadas por prazo certo, para a apuração de fato determinado, relacionado à Administração, e que possa implicar em ato de improbidade. A CPI ao ser instaurada deve ter por objetivo a apuração de fato determinado. (CPI da Covid-19, CPI da Pandemia...). A definição de fato determinado, tem seu regimento de acordo com o art. 35, §1°, do RICD. Para a efetivação de suas atividades, foi conferidas a Constituição às CPIs poderes de investigação, próprios das autoridades judiciais, dentre outros previstos nos regimentos das casas. As CPIs não julgam, apenas investigam, em razão da competência investigatória que lhe foi conferida, Os fatos a serem apurados devem ser concretos, determinados. Trata-se de requisito formal imprescindível. Somente será utilizado o inquérito parlamentar quando necessário ao cumprimento dos preceitos constitucionais, pois é medida excepcional, justificável apenas se existentes causas de criação razoáveis, voltadas para a análise de casos relevantes à sociedade e quando há suspeita fundada de danos ao patrimônio público e aos princípios da Administração Pública. 3. ASPECTOS FATICOS A CPI da Covid-19, também chamada de CPI da pandemia, CPI do corona vírus, ou simplesmente CPI da Covid, é uma comissão parlamentar de inquérito em andamento que foi originalmente proposta com o objetivo de apurar as ações e omissões do Governo Federal no enfrentamento da pandemia da Covid-19 no Brasil e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio para os pacientes internados. A CPI da Pandemia, foi criada em decorrência da aprovação do Requerimento nº 1.371, de 2021, que tem o Senador Randolfe Rodrigues como primeiro signatário. Nesse sentindo, foi incluído ao Requerimento original, o Requerimento nº 1.372, de 2021, de autoria do Senador Eduardo Girão, razão pela qual o escopo das investigações desta Comissão foi ampliado para abranger fatos conexos, no caso, a destinação de recursos federais https://pt.wikipedia.org/wiki/Comiss%C3%A3o_parlamentar_de_inqu%C3%A9rito aos Estados e Municípios para o combate à pandemia. O Presidente da comissão é Senador Omar Aziz, que indicou Renan Calheiros (MDB-AL) para a relatoria, e tem como vice-presidente eleito o Randolfe Rodrigues. A instalação da CPI da Covid-19 teve o apoio de 32 senadores no requerimento protocolado pelo senador Randolfe. O 33º senador signatário seria Major Olímpio (PSL-SP), que morreu vítima da Covid-19 em 18 de março. Já o requerimento que provocou a extensão da CPI, protocolado pelo senador Girão, também teve o limite mínimo de assinaturas alcançadas e foi acoplado ao de Randolfe. O prazo que a CPI da Pandemia possui para coletar provas, requerer depoimentos e propor ações penais relacionadas ao objeto da investigação é de 90 dias, prorrogável desde que haja um requerimento assinado por um terço dos senadores. Inicialmente o objetivo do requerimento apresentado por Randolfe Rodrigues (REDE-AP), fora de discutir as ações do governo federal no enfrentamento da pandemia, uma vez que o Brasil ocupa o segundo lugar mundial, em número de mortos pela Covid-19. Com vistas para as justificativas, estabelecidapelo Senador Randolfe, esta CPI, teria como objetivo investigar o Governo Federal, em razão da violação dos direitos fundamentais básicos de toda a população brasileira à vida e à saúde e por ter, nos termos do Requerimento, deixado de seguir as orientações científicas de autoridades sanitárias de caráter mundial, incluindo a Organização Mundial de Saúde. Ainda sobre as justificativas, faz se mister aduzir, outros pontos destacados pelo Senador Randolfe, como o atraso na campanha de vacinação, o índice de mortalidade diário de milhares de brasileiros e a ausência de leitos de UTI, medicamentos e insumos básicos, como oxigênio. Em consonância a este fato, é dado destaque ao caso de Manaus e à alegada falta de planejamento do Governo Federal, uma vez que o Estado do Amazonas enfrentou um colapso em seu sistema de saúde, em razão de as reservas de oxigênio medicinal de hospitais terem acabado, resultando na morte de diversos pacientes nas primeiras semanas de janeiro. Acrescenta-se, ainda, que o Requerimento nº 1.372, de 2021, do Senador Eduardo Girão, almeja a apuração de possíveis irregularidades na aplicação de recursos públicos transferidos pela União Federal aos Estados e Municípios, bem como outras ações ou omissões cometidas por administradores públicos federais, estaduais e municipais, no trato com a coisa pública, durante a vigência da calamidade originada pela pandemia. Importante observação cumpre ser feita a Lei nº 13.979/2020, que autorizou as compras com dispensa de licitação, para artigos de prevenção e de enfrentamento à Covid-19. Em linhas gerais, vários Estados e Municípios da Federação, sob o mesmo fundamento, teriam emitido decretos que afastaram a necessidade do processo de licitação para as compras dirigidas à pandemia. Ocorre que, em face dos bilhões de reais repassados pelo Executivo Federal aos entes subnacionais e diante das brechas abertas por uma legislação criada sob regime de urgência, teria faltado a devida transparência na aplicação dos recursos. Em síntese conclusiva, e com ensejo a finalização deste item, as linhas gerais de investigação da CPI da Pandemia, buscar apurar fatos relativos as ações referente ao enfrentamento à pandemia, tais como o isolamento social; Aquisição e distribuição de Vacinas e seus insumos (recusa e retardo e doses da CoronaVac e da Pfizer), bem como a execução de plano nacional de imunização contra a Covid-19; Aquisição e distribuição de respiradores; Estruturação e habilitação de leitos clínicos e de terapia intensiva(inclusive o fechamento de 4 mil leitos em hospitais federais do Rio de Janeiro); Distribuição de meios para proteção individual, como máscaras e álcool gel (EPI); etc. Convém ponderar, também que serão investigados ações relativos a assistência Farmacêutica, como a produção e distribuição de medicamentos sem eficácia comprovada (cloroquina) e definição de protocolo para adoção de “tratamento precoce”, inclusive com constrangimento para sua adoção; Aquisição e distribuição de kit intubação; Aquisição e distribuição de oxigênio medicinal; e Ausência ou retardo na aquisição de remédios com comprovação de eficácia. À guisa de arremate, serão investigadas estruturas de Combate à Crise (Atribuição de responsabilidades e competências); O colapso da saúde no Estado do Amazonas, como a falta de oxigênio e omissão de autoridades, o emprego de verbas públicas, e a Disseminação da variante P1; as ações de prevenção e atenção à saúde indígena; e o emprego de recursos federais. 4. CPI DA COVID – 19 E SEU CONTROLE JURSIDICIONAL A relação entre a CPI prevista no art.58, §3° da Constituição Federal e o controle político-administrativo a que ela se presta, é de proteger os interesses da coletividade por meio de uma fiscalização sobre atos associados à função administrativa e organizacional. O Estado é constituído pelo território, pelo povo e pelo governo, desenvolvendo funções para o atendimento do bem público, consoante uma intensiva atividade financeira exercitada por intermédio de seus organismos, órgãos públicos, os quais são geridos por agentes públicos, que devem pautar a sua ação mediante princípios constitucionais dirigidos á Administração Pública. É importante salientar que o controle é um elemento essencial ao Estado de Direito, sendo sua finalidade assegurar que a Administração atue de acordo com os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico, pode-se afirmar que o controle constitui poder- dever dos órgãos a que a Lei atribui essa função precisamente pela sua finalidade corretiva. Ex positis a comissão parlamentar de inquérito, ao ensejar de sua função precípua, ou seja, investigar, possui o caráter necessário de resolver aquilo que lhe é atribuído. Com os poderes que lhe são inerentes, a CPI da Pandemia, pode cumprir as formalidades necessárias para a investigação, tais como, o levantamento de documentos, a convocação de testemunhas para prestar depoimentos e as acareações. É valido salientar que, dependendo do resultado, a CPI pode sugerir que haja a cassação de um parlamentar, a abertura de uma ação ou até um impeachment, que é o processo de cassação de um chefe do poder Executivo. Como está prevista em lei desde 1934. Frisa-se importante ressaltar que, por a CPI não possuir caráter punitivo, ao final da investigação, o relator da CPI precisa apresentar um relatório, que pode conter denúncias e fatos que posteriormente serão apurados pelo Ministério Público. No entanto, tal falta de poder punitivo, gera no dito popular que as CPIs acabam em pizza, inveracidade, já que, desde que não incidam nas investigações questões de extremo caráter político pessoal, que possam influir no andamento dos trabalhos, a CPI é apenas um trabalho de investigação, que culmina com um relatório que vai mostrar quais foram as falhas, apontar as responsabilidades. Quem vai tomar providências é o Ministério Público. 5. OPNIÃO DA EQUIPE Sim, o grupo em pleno consenso acredita que a CPI da pandemia conseguirá suprir as necessidades dos cidadãos, apesar de ainda estar em andamento a CPI da Covid tem se mostrado eficaz para o controle da Administração Pública. O clamor da população que se funda em resquícios dor e sofrimento, pelas mais de 400 mil vidas perdidas, pode neste momento encontrar acalento na possibilidade de justiça. Desde o momento em que a pandemia de COVID- 19 chegou ao Brasil, em fevereiro de 2020 tem sido claro o despreparo e o quão relapso ocorre a atuação do governo federal quanto as políticas e ações de enfrentamento a pandemia, isso reflete nas 473.404, e em somente 48.734.903 pessoas vacinadas, cerca de 23,01 % da população brasileira, que tomaram a primeira dose. Já a segunda dose foi aplicada em 22.896.108 pessoas, o que equivale a 10,81% da população. A equipe acredita, que, os Senadores em suas competências, ora exercidas, poderão encontrar e elencar todas as falhas do governo Federal, entretanto é tido em consenso que estas falhas refletiram desde o inicio da pandemia em situações fáticas que resultaram além das perdas humanas, o detrimento do financeiro de milhares de brasileiros que entraram em um patamar de pobreza. Requisitar oitivas com nomes importantes para o controle da pandemia, tem sido fundamental para entendermos como tudo desencadeou, nas palavras do Relator Sergio Calheiros, no plano de trabalho da CPI, em um verdadeiro genocídio em nosso País. Assim como dito no Plano de trabalho da CPI, corrobora com a idéia do grupo de que “com o recrudescimento da Covid-19 em dezembro de 2020 e janeiro de 2021, as omissões e ações erráticas do Governo Federal não podem mais passar incólumes ao devido controle do Poder Legislativo”. A equipe ainda vislumbrou importante para os atos o depoimento do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, que respondeu questões importantes,como a interferência do Presidente da Republica Jair Bolsonaro nas suas ações, a ciência que ele possuía sobre a falta de oxigênio em Manaus, o programa chamado de TrateCov, que consistia em um aplicativo desenvolvido para diagnóstico e indicação de tratamento de Covid, através desse programa, o governo recomendava cloroquina para gestantes e crianças. A equipe inferiu relevância também ao depoimento da médica infectologista Luana Araújo, que trabalhou por dez dias no Ministério da Saúde para elaborar uma estratégia de enfrentamento da pandemia de Covid-19, em seu depoimento ela reforçou a importância do método científico para embasar a tomada de decisões sobre o uso de medicamentos e a formulação de políticas públicas. "Ciência não tem lado. Ciência é bem ou mal feita. Ciência é ferramenta de produção e conhecimento para servir a população priorizando a vida e a qualidade de vida", disse. Ela afirmou que o atual debate sobre o uso de cloroquina e de um pretenso "tratamento precoce" sem eficácia comprovada, tema de diversos momentos da CPI da Pandemia, é algo "delirante". Portanto, resta claro que, em última análise, que a CPI como instrumento de controle aos atos da Administração Pública, possui total eficiência para suprir os atos que causaram situações extremas a todos os brasileiros nos últimos tempos, os sentimento de insegurança frente ao vírus novo, simultâneo ao descaso das políticas publicas, agora poderão aferidas de modo técnico e esperamos que justo, nada repara os danos sofridos por aqueles que perderam familiares, ou aqueles que lutam com as seqüelas, sejam físicas, sejas psíquicas da doença, mas a investigação e a vinculação dos atos pelo viés públicos, podem em primeiro mão sustar o desejo de justiça para aqueles que foram, e aqueles que ficam. Quando o direito se afasta do que é justo, deixa de ser ciência. Só é científico o que é inteligente e útil- Léo da Silva Alves. Referências Bibliográficas BLUME, Bruno André. O que faz uma CPI? 2021. Politize!. Disponível em: https://www.politize.com.br/cpi-o-que-faz/. Acesso em: 04 jun. 2021. 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