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O Cinema é comumente conhecido como um meio de entretenimento, mas ele vai muito além disso, o presente artigo relata como o Cinemacontextualiza a História contando de um jeito visual acontecimentos do passado ou contemporâneos enquanto traz consigo críticas e reflexões socioculturais. Após diversas divagações, leituras, pesquisas e reflexões, este foi o tema escolhido com o objetivo de fazer com que aqueles que o leiam possam, de algum modo, ver esta Arte com outros olhos e perceber o quanto ela pode ser benéfica para suas vidas, seja de modo didático, -fazendo um estudo mais à fundo sobre acontecimentos históricos que marcaram o mundo- ou de modo que se sintam representados, - com personagens e histórias motivacionais para dar uma esperança àquele que se encontra oprimido e desamparado-. Fato é que após um filme, não somos mais os mesmos. A relação entre a História e o Cinema é antiga, estas duas áreas caminham de mãos dadas à décadas, portanto, falar sobre sua interdisciplinaridade é algo bem amplo e possui um leque de opções, podendo abranger tanto os aspectos referentes à História do Cinema de forma cronológica quanto temas históricos abordados nas telas, que será o foco deste artigo. A ‘’Sétima Arte’’, nome pelo qual também é conhecido o Cinema nos dias de hoje, foi criada em 1895 contando com o primeiro projetor cinematográfico, inventado pelos irmãos Auguste e Louis Lumiére, desde então foi sendo aperfeiçoado e passando por diversas fases, sendo um filho de seu tempo e contexto social; O Cinema foi criado inicialmente para ser uma forma de entretenimento da população, depois passou a ser comercializado e gerar lucro, posteriormente foi usado como meio de propagação ideológica e alienação das massas e por último, chegou ao posto de Arte, onde está inserida até os dias atuais. Este artigo visa discorrer acerca da importância do Cinema no estudo da História ao longo dos anos, demonstrando fatos históricos e movimentos sociais ao longos das épocas, mais especificamente ao longo das décadas do século XX. Conheceremos mais à fundo o Cinema, de modo didático e informativo, e como o mesmo está fielmente auxiliando a História e a sociedade como um todo ao desde sua criação, não só relatando acontecimentos históricos mas principalmente trazendo consigo críticas sociais culminando na reflexão da sociedade como um todo. Abordaremos os principais acontecimentos históricos do Século XX, como as grandes Guerras Mundiais, a Guerra Fria e a Revolução Russa até finalmente chegarmos ao século XXI, nos anos contemporâneos, onde veremos como o Cinema atualmente é, dentre diversas outras finalidades, um símbolo de representatividade para as parcelas da população oprimidas e marginalizadas. 3. ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS 3.1. ALIENAÇÃO DAS MASSAS 3.1.1. A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL Podemos caracterizar o Cinema como um agente Histórico, já que o mesmo esteve presente em vários acontecimentos do mundo desde sua criação. Neste artigo serão abordados acontecimentos do Século XX até os dias contemporâneos. Como dito anteriormente, o Cinema possui diversas fases e ao longo delas, foi usado como um meio para propagar ideologias, alienar e influenciar as massas. Na Primeira Guerra Mundial, teve o papel de incentivar o recrutamento de novos soldados e trabalhadores fabris além de utilizar métodos para financiar sua indústria bélica. Alguns anos após a invenção do Cinema, em 1914, eclodiu o primeiro grande conflito englobando grande parte das nações ao redor do mundo: A Primeira Guerra Mundial. Este será o pontapé inicial de nosso estudo. Foi o primeiro conflito a envolver todas as camadas da sociedade, desde mulheres que trabalhavam na indústria bélica -substituindo a mão de obra masculina, que estava na guerra- até cidadãos comuns que financiavam os custos da guerra e Homens de todas as classes e idades nos campos de batalha. Para manter acesa a chama de esperança e nacionalismo em meio ao caos da guerra, foi descoberto um novo meio de alienar e influenciar as massas: O Cinema. Este, que em 1914 ainda era uma arte jovem, logo se tornou a ferramenta ideal. As produções cinematográficas da 1ª Guerra Mundial se encaixam em um subgênero à parte, denominados de ‘’Filme-batalha’’ estes, eram filmes que relatavam (com filmagens reais ou não) os acontecimentos nos campos de batalha ao restante do povo. Todas as nações envolvidas na Guerra utilizaram estas estratégias para influenciar seus residentes, tinham a premissa de querer demonstrar uma superioridade militar em comparação aos seus adversários, muitas vezes difamando- os; arranjar financiadores para a Guerra ou para recrutar simpatizantes para o front ou para atuar como mão de obra nas Indústrias. Podemos citar o Filme publicitário ‘’ Der feldgraue Groschen’’/’’O campo cinzento de Groshchen’’ (em tradução livre) de 1917, que retrata e impulsiona de forma apelativa uma estratégia utilizada pelo Governo Alemão para angariar fundos para seu país na Guerra. O filme fala sobre os ‘’Títulos de Guerra’’, uma estratégia do governo para controlar a inflação neste período. Em suma, o governo investia nas indústrias para produzir mais armamentos e os Títulos de batalha, que eram vendidos nos bancos, serviam para tirar o dinheiro de circulação, fazendo com que os cidadãos os comprassem e retornassem parte do dinheiro para o Estado, causando assim um ciclo de investimentos. O enredo do filme traz a ideia de que toda a nação deve estar unida para a batalha, assim, comprar os Títulos de batalha deve ser dever de todo cidadão. Figura 1 – ‘’Título de Guerra’’ Alemão Assim como a Alemanha, outros países utilizavam estas estratégias e produziam diversos Filmes e vendiam Títulos de Guerra, como por exemplo: Rússia, Itália, Inglaterra, Austrália e Império Austro-Húngaro. Durante a Guerra, além do seu uso ideológico, o Cinema também era usado como meio de distração, principalmente para os militares, os Comandantes buscavam proporcionar aos seus soldados formas de entretenimento enquanto eles estavam em seus momentos civis, longe do campo de batalha. Encontraram na Sétima Arte uma válvula de escape que fazia com que, por alguns instantes, esquecessem suas responsabilidades militares, assim desfrutando com seus amigos e familiares. Estes momentos compensariam pelo menos um pouco da tensão que os soldados passavam diariamente nas trincheiras, assim os revigorando para futuras batalhas. Através dessas informações podemos perceber a vital importância do Cinema no cotidiano neste período correspondente à Primeira Guerra Mundial e como ele interferiu direta ou indiretamente na Guerra. Ainda durante a Guerra, muitas produções foram feitas, diversos diretores compravam de cinegrafistas amadores gravações antigas e enviavam seus próprios cinegrafistas para registrar os eventos que aconteciam em tempo real. Tais registros serviram como base para reencenações cinematográficas e flashbacks que seriam utilizados nas décadas seguintes, podemos destacar e citar os filmes ‘’Zum Attentat gegen das österreichische Thronfolgerpaar’’/’’Sobre o assassinato do herdeiro Austríaco ao trono’’, de 1914, e ‘’Sajevski atentat’’/’’Atentado de Sarajevo’’, de 1968. O primeiro, um curta metragem que contava com filmagens e relatos reais pós assassinato do Arquiduque Francisco Fernando, já o segundo, um longa metragem, era uma reencenação baseada em filmagens antigas e relatos de perspectivas diferentes. 3.1.2. O CINEMA PÓS 1ª GUERRA E A REVOLUÇÃO RUSSA O Cinema pós Primeira Guerra Mundial sofreu grandes impactos e mudanças,as obras cinematográficas mudaram seu teor, foi criado um novo gênero de filme, os ‘’Filmes de Guerra’’ que relatavam os horrores causados durante a guerra. Mortes, explosões e os sofrimentos humanos tomaram espaço nas telas ao redor do mundo. Assim como de forma fictícia foram criados filmes que se passavam em um mundo com o cenárioapocalíptico de guerra, podendo envolver desde ficção científica à romance. Fato é que o Cinema nunca mais foi o mesmo. Havia sido corrompido e passara a ser utilizado como uma arma ideológica e de manipulação. Em 1917 ocorreu a Revolução Russa e ao mesmo tempo o Cinema germinava na Rússia, ganhando notoriedade e um grande incentivo às artes e produções cinematográficas. Vladimir Lênin, atual líder político e principal dirigente do Partido Bolchevique, que estava no poder, dizia que o Cinema era a Arte mais importante para os socialistas. Após a 1ª Guerra mundial, a Rússia tomou como exemplo a massiva produção cinematográfica com cunho ideológico da Alemanha e ao longo dos anos seguintes desenvolveu seu próprio modo de fazer Cinema, sendo este, um dos principais auxiliadores na formação cultural da posterior URSS, criada em 1922. Segundo o Doutor em Ciências Sociais e Cinema, André Gatti (2018,Em entrevista ao LabjorFAAP), a Rússia pós revolução era um país onde a maioria dos cidadãos não era alfabetizada, eram camponeses e pessoas pouco letradas e Lênin viu o Cinema como um instrumento pedagógico e ideológico para formação cultural daquele povo. Era um Cinema voltado principalmente ao proletariado, muito mais do que uma Arte, era um exercício de cultura e educação. Sendo assim, o Cinema soviético nasceu para ser como um meio de dominação das massas, conseguindo unificar as repúblicas integrantes da URSS e plantar os ideais socialistas. Pode-se dizer que o Cinema foi estatizado e nacionalizado, portanto, a importação, produção e distribuição de filmes ficava por conta do Estado e qualquer filme voltado ao Indivíduo e não às massas era considerado uma ideia contrarrevolucionária. Entre os anos 1923 e 1930 o Cinema Soviético alcançou seu auge e com poucas produções influenciariam as seguintes décadas com suas novas características estéticas. Porém, os soviéticos não contavam apenas com filmes ideológicos, também contaram com produções que retratavam acontecimentos extremamente importantes na História da Rússia e mantinham a chama nacionalista acesa, exaltando a força e o heroísmo do povo russo, produções estas que são consideradas até hoje obras-primas e objetos de estudo da História. Figura 2 – Rebelião dos Marinheiros O segundo, ‘’ Oktyabr/’’Outubro’’, de 1927, foi feito para celebrar os dez anos da Revolução Russa. O filme retrata o momento mais marcante da História Russa, a sua Revolução em 1917, abrangendo todos os acontecimentos deste evento, datados de Abril à Outubro, onde os Bolcheviques finalmente tomaram o controle político e militar da Rússia. O filme é uma exaltação do coletivismo russo e crítica direta ao partido Menchevique. Figura 3 – Pôster do filme ‘’Outubro’’’ O CINEMA VAI À 2 ª GUERRA 3.1.3. O CINEMA NAZISTA Após vermos como o cinema esteve presente e interferiu diretamente no rumo da 1ª Guerra Mundial e na Revolução Russa, veremos como o cinema, novamente, participa como um agente histórico em outro evento da humanidade: A Segunda Guerra Mundial. Desta vez, de um modo maior e mais significativo. Serão abordados dois modelos cinematográficos que marcaram a Sétima Arte, o primeiro, o ‘’Cinema Nazista’’, no qual o Hitler utilizou o Cinema como arma ideológica –tal como Lênin, na citada Revolução Russa– para mostrar através de eufemismos sua ideologia ao povo Alemão e o segundo, o ‘’Cinema Antinazista’’, movimento no qual, principalmente os EUA, combateu o Nazismo. O cinema foi a principal arma de propagando política dos nazistas para se perpetuarem no poder, era um instrumento importante para criar um pensamento coletivo e obter a confiança e simpatia das massas da população. Alguns anos antes da guerra, em 1927 o ‘’Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães’’ passou a controlar o ‘’Universum Film Aktien Gesellschaft ‘’ (UFA), esta, era a rede cinematográfica mais importante da Alemanha. Alguns anos mais tarde, em 1933, Hitler ascendeu ao poder, sendo nomeado Chanceler da Alemanha. Uma de suas primeiras ordens como Chanceler foi nomear Joseph Goebbels como Ministro da Propaganda e passar a UFA para as mãos do mesmo, assim, demitindo empregados ‘’não arianos’’, estatizando as outras companhias cinematografias e dando os primeiros passos da ‘’Nazificação’’ alemã. ‘’A arte da propaganda reside justamente na compreensão da mentalidade e dos sentimentos da grande massa. Ela encontra, por forma psicologicamente certa, o caminho para a atenção e para o coração do povo.’’ (Adolf Hitler, Mein Kampf – 1927) Assim, Goebbels foi uma das peças fundamentais para a propagação da ideologia Nazista, aos poucos foi promovendo seus ideais alcançando as parcelas da população, através de produções cinematografias, rádio, imprensa e teatro, todas possuíam cunho ideológico e todos que eram contra seus ideais eram censurados. Fato é que sem toda a mobilidade e o ativismo de Hitler e Goebbels em dominar e expandir os meios midiáticos e de propaganda, o Nazismo não teria se difundido tão profundamente entre as camadas sociais. Era principalmente através do Cinema que o imaginário das massas era influenciado. Ninguém escapava da influência cinematográfica naquela época. Por exemplo, até mesmo as mulheres donas de casa eram alvo, eram produzidos e transmitidos filmes específicos para elas, assim como filmes educativos – com tendências manipulatórias- para os mais jovens. Cada detalhe era meticulosamente planejado por Hitler e Goebbels, foi um projeto grandioso e revolucionário onde até mesmo conceitos como beleza e estética urbana poderiam ser manipulados e facilmente plantados nas mentes da população. Outro grande nome e peça fundamental da cinegrafia Nazista na época foi ‘’Leni Riefenstahl’’, além de ser uma das primeiras diretoras femininas do Cinema, foi uma figura de extrema importância para o Terceiro Reich e também para o mundo da sétima arte de um modo geral, responsável por revolucionar o Cinema com suas técnicas de direção. Foi uma grande propagadora do Nazismo e da ideologia de superioridade da raça ariana, sendo assim responsável por parte da construção da figura de Hitler como um líder e exemplo a ser seguido. Sua filmografia conta com obras que exaltavam a figura de Hitler e a superioridade ariana. Dentre as várias obras da época podemos destacar dois filmes, com finalidades diferentes: O primeiro, ‘’Triumph des Willens’’/’’Triunfo da Vontade’’, de 1935, dirigido por Leni Riefenstahl , é considerado o filme mais famoso de propaganda Nazista na história do Cinema e uma grande fonte histórica até os dias de hoje. O filme retrata o sexto congresso do Partido Nazista, em Nuremberg no ano de 1934, com imagens de soldados marchando e trechos de discursos de Hitler. É mostrado ao telespectador pessoas sorridentes e o grande poder influenciador de Hitler, onde o mesmo é mostrado sendo adorado pelas massas como uma divindade. Figura 4 – Hitler e o povo O segundo, ‘’ Jud Süß’’/’’O Judeus Süss’’, de 1940, dirigido por Veit Harlan, diretor ‘’protegido’’ de Goebbels –este, que supervisionou toda a produção do filme–, assim possuindo financiamento pelo ministério da propaganda para a realizar o filme. É um dos muitos filmes que retrata, de maneira chocante e horripilante, a ideia antissemita do nazismo, fazendo com que os alemães alimentem uma imagem negativa e destilem ódio aos Judeus. Um filme famoso por sua importância história que nos mostra a visão estereotipada dos nazistas, adjetivos como ‘’sujos’’, ‘’traiçoeiros’’, ‘’manipuladores’’ e ‘’enganadores’’ são sutilmente mostrados ao longo da trama. O enredo do filme conta a história biográfica –de forma deturpada– de ‘’Joseph Süß Oppenheimer’’ que é retratado como um Judeu criminoso que após ser nomeado tesoureiro de um Duque, foi corrompido por sua busca de dinheiro e poder. O filme ganhou uma sequência/refilmagem, em 2010, chamado de ‘’Jud Süss -Film ohne Gewissen’’/’’Judeu Süss: Ascensão e Queda’’ Figura 5 – Pôster do filme ‘’O Judeu Süss’’ 3.1.4. O CINEMA ANTINAZISTA Será abordado adiante um outro lado do Cinema na Segunda Guerra Mundial, oposto ao alemão, criado como uma medida de agir contra a investida cinematográfica nazista, o Cinema Antinazista. Este, começou antes mesmo da eclosão da guerra, onde já se ‘’profetizava’' sobre o perigo que o Nazismo poderia vir causar ao mundo. Podemos perceber neste ponto do estudo como o Cinema pode ser subjetivo, variando muito do ponto de vista que o diretor deseja abordar e transmitir à quem assiste. Na Alemanha, foram produzidos filmes exaltando a figura de Hitler e dos ideais nazistas, já nos países Aliados e principalmente nos Estados Unidos, foram produzidos filmes com duras críticas e repúdio ao regime. Nos filmes estadunidenses muitos dos roteiros da época foram adaptados para colocar no papel de antagonistas os inimigos integrantes do Eixo: alemães, italianos e japoneses. Eram retratados como verdadeiros vilões desprovidos de sentimentos humanos e escrúpulos. Há uma explicação essencial para tais atitudes dos cineastas estadunidenses neste contexto de Segunda Guerra, grande parte deles eram alemães refugiados ou Judeus, dois grupos que sofreram pelas mãos do nazismo e encontraram abrigo em solo americano. Estes cineastas começaram com o movimento do cinema Antinazista fazendo com que ao longo dos anos ele fosse ganhando força e tamanho. A seguir, serão citadas algumas das obras que marcaram o gênero de filmes antinazistas e são de grande importância histórica, algumas consideradas até hoje obras primas da Sétima Arte. Começando pelo filme considerado o primeiro da história a fazer uma propaganda antinazista: ‘’Hitler's reign of terror’’/’’O reinado de terror de Hitler’’ que foi lançado em 1934, antes mesmo da guerra de fato começar. É um filme independente que conta –ao mesmo tempo em que faz duras críticas- as ações de Hitler contra os Judeus. O filme é considerado uma raridade histórica pois são gravações reais de quando Hitler foi eleito. Esteve perdido durante décadas até ter sua única cópia restante encontrada nos arquivos da ‘’Cinémathèque Royale de Belgique’’ (Cinemateca da Bélgica) e ser restaurado. Com o passar dos anos, o cinema se tornou uma grande fonte de lucro, assim, o gênero de filmes de guerra e o subgênero antinazista foram se tornando extremamente populares, contando com filmes que retratavam, também, a Segunda Guerra de modo mais amplo, com seus variados acontecimentos simultâneos ao redor do mundo, mas nunca deixando seu legado antinazista para trás, principalmente para que seja perpetuado na memória coletiva das novas gerações os acontecimentos causados pela Alemanha de Hitler e jamais sejam repetidas tais atrocidades. Nas décadas seguintes pós guerra, contamos com incontáveis filmes focados no conflito e suas ramificações. Mais adiante serão citados os mais notáveis, contando diferentes acontecimentos. 3.2. O CINEMA E A GUERRA FRIA Após a Segunda Guerra mundial, o mundo sofreu uma grande bipolarização, entrando em uma guerra política, econômica e ideológica. Duas nações foram extremamente importantes na guerra e após a mesma se tornaram potências mundiais a terem seus modelos econômicos seguidos. Os EUA, lideravam o bloco capitalista ( Lado Ocidental) e a URSS liderava o bloco comunista (Lado Oriental). Foi um período onde não ocorreram confrontos diretos, as disputas se davam principalmente por meios de propaganda e posicionamentos políticos. Ambas as nações tinham o objetivo de estender suas influência à nível global entre todas as nações. Também se criaram blocos de aliança político-militares, a OTAN, composta pelos EUA e seus aliados e o Pacto de Varsóvia, composta pela URSS e seus aliados. Com a chegada da Guerra Fria, os EUA viram em seu cinema um meio de espalhar seus ideais para o mundo através de filmes que reforçavam o modo de vida americano, seu nacionalismo e é claro, seu posicionamento anticomunista. Alguns filmes americanos retratavam o momento em que o mundo vivia, trazendo consigo críticas, mensagens anticomunistas. Tal como ocorreu durante a Segunda Guerra mundial com os nazistas, os inimigos americanos eram desmoralizados, vistos como vilões a serem combatidos. Foi um período em que cineastas espalhavam o medo através de seus filmes, implantavam seus ideais e criavam uma noção no imaginário coletivo de um novo inimigo a ser combativo, mostravam nos filmes uma ameaça comunista assolando o mundo, alertas de uma iminente terceira guerra mundial ou guerra nuclear, indícios de que espiões soviéticos estavam infiltrados em seu país e muito mais, ao mesmo tempo em que fomentavam o combate à esses inimigos e reforçavam seu nacionalismo e heróis nacionais. Uma espécie de propaganda e contrapropaganda política. 4. O CINEMA CONTEMPORÂNEO E A REPRESENTATIVIDADE Após analisarmos a trajetória do Cinema ao longo dos grandes acontecimentos históricos no século XX, finalmente chegamos ao Cinema Contemporâneo. uma indústria totalmente remodelada e com finalidades diferentes das que estávamos acostumados a presenciar nos períodos de Guerra e revoluções. Tomemos como exemplo a Alemanha pós queda do muro de Berlim, o cinema alemão (com grande influência americana) deixou seus traços ideológicos para trás e se tornou um ‘’cinema popular’’ com uma nova leva de cineastas focados em fazer filmes lucrativos e que entretessem a população. Não foi diferente no resto do mundo, os EUA após sua ‘’vitória’’ na Guerra Fria trouxeram ao mundo um novo modelo de cinematografia, o Cinema voltado para ser definitivamente uma Arte e não uma arma ideológica, ao mesmo tempo em que se tornaria um produto comercial (e cultural) gerador de lucro. Com o avanço da tecnologia o cinema foi se expandindo, cada vez mais salas de cinema foram criadas ao redor do mundo, efeitos criados no computador melhorando o audiovisual, evolução do cinema 3D, célebres cerimônias como o Oscar e o Festival de Cannes se tornaram eventos transmitidos e repercurtidos à nível mundial, serviços de streaming, vide Netflix. Tudo isto em conjunto serviu para movimentar a indústria e enriquecê-la, fazendo com que o Cinema lucre Bilhões todos os anos. CONCLUSÃO: O cinema tem grande importância para a sociedade. Vimos como ele foi peça-chave em diversos acontecimentos e eventos mundiais ao longo do século XX e como nos dias atuais continua a exercer um papel fundamental para análise do mundo, caminhando de mãos dadas com a História e outras áreas das ciências humanas como a Política, Filosofia e Sociologia. Essa pesquisa aponta não só os benefícios do Cinema no estudo da História futuras mas também aborda sua problemática nos dias atuais, principalmente acerca de questões como desigualdade e disparidade entre as raças e gêneros, temas que são constantemente abordados e criticados nos filmes mas estão presentes por trás das telas.
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