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Indaial – 2019 Proteção radiológica e radiobiologia Prof. Daniel Ricardo Lerch Machado 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Prof. Daniel Ricardo Lerch Machado Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: M149p Machado, Daniel Ricardo Lerch Proteção radiológica e radiobiologia. / Daniel Ricardo Lerch Machado. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 201 p.; il. ISBN 978-85-515-0429-1 1. Radiologia. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 616.0757 III aPresentação Caro acadêmico de Radiologia, este livro didático foi desenvolvido para facilitar seu pleno entendimento dos conteúdos de Proteção Radiológica e Radiobiologia. Queremos obter o máximo de aproveitamento dos benefícios das radiações ionizantes para o bem-estar do ser humano, minimizando ao máximo os riscos do seu uso. Os riscos surgem quando usamos a radiação ionizante sem respeitar os critérios de segurança e proteção radiológica. Queremos formar profissionais que tenham maturidade e responsabilidade com o uso das radiações ionizantes, zelando pela sua saúde, dos colegas de trabalho, dos pacientes, acompanhantes e familiares. Prezado acadêmico, o conteúdo encontra-se dividido em três unidades, com seus respectivos tópicos, facilitando o entendimento e a construção do conhecimento. Na Unidade 1, conheceremos os tópicos de física nuclear. Em disciplinas anteriores, você aprendeu sobre a radiação produzida por eletricidade na eletrosfera e, agora, vai compreender a radiação originada dentro do núcleo do átomo. Estudará as unidades e grandezas aplicadas à física nuclear, além de conhecer os detectores de radiação, tão importantes para a segurança dos profissionais e para população em geral. Na Unidade 2, conheceremos questões de proteção radiológica propriamente ditas, dosimetria, limites de dose, uso correto dos equipamentos de proteção individual (EPI) e a legislação, que institui as normas de segurança e proteção para o uso das radiações ionizantes. Na Unidade 3, reuniremos conteúdos sobre a radiobiologia de forma estruturada, permitindo ao aluno conhecer os efeitos nocivos das radiações ionizantes sobre os tecidos biológicos. Por fim, o acadêmico analisará alguns acidentes radiológicos e nucleares que marcaram a história, podendo julgar e formar uma opinião crítica a respeito. Dessa forma, você conseguirá obter, com excelência, os conhecimentos necessários para desenvolver seu perfil profissional, conseguindo atuar nos processos de obtenção de imagens para fins diagnósticos e terapêuticos, compreendendo os riscos e a importância de aplicar corretamente os princípios de proteção radiológica. Desejamos a você uma ótima leitura! Bons estudos! Prof. Daniel Ricardo Lerch Machado IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI V VI VII UNIDADE 1 – TÓPICOS DE FÍSICA NUCLEAR ............................................................................. 1 TÓPICO 1 – CONCEITOS BÁSICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES ................................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 CONCEITO DE RADIAÇÃO ............................................................................................................. 3 2.1 RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA ............................................................................................ 4 2.2 RADIAÇÃO CORPUSCULAR ....................................................................................................... 7 2.3 RADIAÇÃO IONIZANTE ............................................................................................................ 12 RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 14 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 15 TÓPICO 2 – UNIDADES E GRANDEZAS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES ....................... 17 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 17 2 GRANDEZAS FÍSICAS ..................................................................................................................... 17 2.1 GRANDEZA EXPOSIÇÃO ........................................................................................................... 17 2.2 GRANDEZA KERMA ................................................................................................................... 18 2.3 GRANDEZA ATIVIDADE............................................................................................................ 19 2.4 GRANDEZA FATOR DE QUALIDADE ................................................................................... 19 2.5 GRANDEZA DOSE ABSORVIDA ............................................................................................... 20 3 GRANDEZAS DE PROTEÇÃO ....................................................................................................... 21 3.1 GRANDEZA DOSE EQUIVALENTE ......................................................................................... 21 3.2 GRANDEZA DOSE EFETIVA ...................................................................................................... 22 3.3 GRANDEZA DOSE EFETIVA COMPROMETIDA .................................................................. 24 4 GRANDEZAS OPERACIONAIS ..................................................................................................... 24 4.1 EQUIVALENTE DE DOSE PESSOAL ......................................................................................... 24 4.2 EQUIVALENTE DE DOSE AMBIENTE ..................................................................................... 25 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................26 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 27 TÓPICO 3 – RADIOATIVIDADE ...................................................................................................... 29 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 29 2 OS PRIMEIROS EXPERIMENTOS COM A RADIOATIVIDADE .......................................... 29 3 O PAPEL DO CASAL CURIE NA HISTÓRIA DA RADIOATIVIDADE ............................... 30 4 ENTENDENDO A RADIOATIVIDADE ........................................................................................ 31 4.1 RADIOATIVIDADE NATURAL.................................................................................................. 32 4.2 RADIOATIVIDADE ARTIFICIAL ............................................................................................... 34 4.2.1 Produção artificial de radioisótopos .................................................................................. 36 RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 45 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 46 TÓPICO 4 – DECAIMENTO RADIOATIVO E SUAS INTERAÇÕES ....................................... 47 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 47 2 CONCEITO DE DECAIMENTO ..................................................................................................... 47 3 LEIS DA DESINTEGRAÇÃO RADIOATIVA .............................................................................. 49 sumário VIII 4 GRANDEZAS DE DECAIMENTO ................................................................................................. 50 5 INTERAÇÕES NO PROCESSO DE DECAIMENTO .................................................................. 53 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................. 55 RESUMO DO TÓPICO 4...................................................................................................................... 57 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 58 UNIDADE 2 – PROTEÇÃO RADIOLÓGICA ................................................................................. 59 TÓPICO 1 – DETECTORES DE RADIAÇÃO .................................................................................. 61 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 61 2 PROPRIEDADES DE UM DETECTOR .......................................................................................... 61 2.1 EFICIÊNCIA DE UM DETECTOR ............................................................................................. 62 3 FATORES PARA A ESCOLHA DE UM DETECTOR .................................................................. 63 4 TIPOS DE DETECTORES ................................................................................................................. 64 4.1 DETECTORES POR MEIO DA IONIZAÇÃO DE GASES ....................................................... 64 4.2 DETECTORES POR MEIO DE ESTADOS SÓLIDOS ............................................................... 74 RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 83 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 85 TÓPICO 2 – DOSIMETRIA E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) ...... 87 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 87 2 DOSÍMETRO ....................................................................................................................................... 87 2.1 FILME DOSIMÉTRICO ................................................................................................................. 88 2.2 DOSÍMETRO DE LEITURA INSTANTÂNEA .......................................................................... 90 2.3 DOSÍMETRO TERMOLUMINESCENTE ................................................................................... 91 2.4 CUIDADOS COM O USO DO DOSÍMETRO ............................................................................ 93 3 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) ............................................................. 95 3.1 EPI FORNECIDO PARA OS PROFISSIONAIS DA RADIOLOGIA ....................................... 96 3.2 CUIDADOS COM O EPI .............................................................................................................. 98 3.3 TESTES DOS EPIs ........................................................................................................................ 100 RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................... 102 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 103 TÓPICO 3 – CONCEITOS BÁSICOS DE BLINDAGEM ............................................................ 105 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 105 2 CONCEITOS IMPORTANTES DE BLINDAGEM .................................................................... 105 3 APLICABILIDADE DAS BLINDAGENS .................................................................................... 106 3.1 BLINDAGENS DAS INSTALAÇÕES ....................................................................................... 109 RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................... 118 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 119 TÓPICO 4 – PRINCÍPIOS DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA E SUA REGULAMENTAÇÃO .................................................................................... 121 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 121 2 REGULAMENTAÇÃO DA PROTEÇÃO RADIOLÓGICA ..................................................... 121 2.1 REGULAMENTAÇÃO NO BRASIL ......................................................................................... 122 3 PRINCÍPIOS DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA........................................................................ 124 3.1 PRINCÍPIO DA JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 124 3.2 PRINCÍPIO DA OTIMIZAÇÃO ................................................................................................ 126 3.3 PRINCÍPIO DA LIMITAÇÃO DE DOSE .................................................................................. 129 3.4 PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES .................................................................... 133 RESUMO DO TÓPICO 4.................................................................................................................... 135 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 136 IX UNIDADE 3 – RADIOBIOLOGIA ...................................................................................................139 TÓPICO 1 - INTRODUÇÃO À RADIOBIOLOGIA ..................................................................... 141 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 141 2 EXPOSIÇÃO ÀS RADIAÇÕES ...................................................................................................... 142 2.1 EXPOSIÇÃO A DOSES ALTAS X EXPOSIÇÃO A DOSES BAIXAS .................................... 142 3 RADIOSSENSIBILIDADE DOS TECIDOS ............................................................................... 144 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA RADIOSSENSIBILIDADE ................................................................ 145 4 HORMESIS DA RADIAÇÃO ........................................................................................................ 146 RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................... 148 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 149 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 151 TÓPICO 2 – CITOLOGIA E INTERAÇÃO DA CÉLULA COM A RADIAÇÃO IONIZANTE ...................................................................................... 151 2 FISIOLOGIA CELULAR ................................................................................................................ 152 3 INTERAÇÃO DA CÉLULA COM A RADIAÇÃO IONIZANTE ........................................... 156 3.1 ESTRUTURA DO DNA............................................................................................................... 156 3.2 IRRADIAÇÃO DE MACROMOLÉCULAS ............................................................................. 158 3.3 ESTÁGIOS DE AÇÃO APÓS A INTERAÇÃO COM A RADIAÇÃO .................................. 159 3.4 MECANISMOS DE AÇÃO DA RADIAÇÃO COM AS CÉLULAS DO CORPO HUMANO .............................................................................................................. 159 RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................... 162 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 163 TÓPICO 3 – EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES .............................. 165 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 165 2 FORMAS DE IRRADIAÇÃO ......................................................................................................... 165 3 DEPENDÊNCIA DOS EFEITOS NOCIVOS DA RADIAÇÃO ............................................... 166 3.1 PODER DE IONIZAÇÃO DE UMA RADIAÇÃO .................................................................. 166 3.2 PODER DE PENETRAÇÃO DE UMA RADIAÇÃO .............................................................. 168 3.3 TIPO DE TECIDO ATINGIDO ................................................................................................... 169 4 CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS BIOLÓGICOS..................................................................... 170 4.1 EFEITO ESTOCÁSTICO ............................................................................................................. 171 4.2 EFEITO DETERMINÍSTICO ....................................................................................................... 171 4.3 EFEITO SOMÁTICO ................................................................................................................... 172 4.4 EFEITO HEREDITÁRIO ............................................................................................................. 172 4.5 CARACTERIZAÇÃO DO EFEITO IMEDIATO OU TARDIO............................................... 173 5 FATORES QUE INFLUENCIAM O DANO BIOLÓGICO INSTALADO ............................. 173 5.1 REVERSIBILIDADE..................................................................................................................... 174 5.2 TRANSMISSIVIDADE ................................................................................................................ 174 5.3 FATORES DE INFLUÊNCIA ..................................................................................................... 175 6 SÍNDROME AGUDA DAS RADIAÇÕES................................................................................... 176 6.1 DOSE LETAL ................................................................................................................................ 180 RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................... 182 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 184 TÓPICO 4 – ACIDENTES RADIOLÓGICOS E NUCLEARES QUE MARCARAM O MUNDO .......................................................................................... 185 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 185 2 CHERNOBYL (1986) – ACIDENTE NUCLEAR .......................................................................... 185 X 3 GOIÂNIA (1987) – ACIDENTE RADIOLÓGICO ...................................................................... 188 4 FUKUSHIMA (2011) – ACIDENTE NUCLEAR .......................................................................... 192 RESUMO DO TÓPICO 4.................................................................................................................... 196 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 197 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 199 1 UNIDADE 1 TÓPICOS DE FÍSICA NUCLEAR OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer os tipos de ondas e partículas que são radiações ionizantes; • compreender as grandezas e unidades aplicadas ao estudo das radiações ionizantes; • compreender os conceitos e aspectos históricos sobre a radioatividade; • conhecer o processo de decaimento radioativo dos elementos na busca da estabilidade atômica. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CONCEITOS BÁSICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES TÓPICO 2 – UNIDADES E GRANDEZAS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES TÓPICO 3 – RADIOATIVIDADE TÓPICO 4 – DECAIMENTO RADIOATIVO E SUAS INTERAÇÕES 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 CONCEITOS BÁSICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES 1 INTRODUÇÃO 2 CONCEITO DE RADIAÇÃO A radiação sempre esteve presente na vida do homem, e o fato de habitar o planeta Terra o expõe aos raios cósmicos, aos raios ultravioletas do Sol, tanto que é importante e recomendado o uso de protetor solar com barreiras UVA e UVB, bloqueando a passagem das radiações na pele. Os seres humanos estão expostos às radiações naturais e podem ser ex- postos às radiações artificiais. Na forma artificial, podemos citar os exames de raio-x, cuja radiação é obtida por meio da transformação de energia elétrica em radiação eletromagnética ionizante. Citamos também a medicina nuclear, uma área médica que utiliza fontes de radionuclídeos, obtidos artificialmente, com finalidades diagnóstica e terapêutica. Na medicina nuclear, por exemplo, são uti- lizados o molibdênio e o iodo que, na natureza, não são radioativos, sendo con-siderados nuclídeos. Contudo, depois de passarem por uma transição nuclear (o núcleo sai do equilíbrio e passa para um estado instável), os núcleos dos átomos passam a emitir energia na forma de radiação ionizante corpuscular beta, e uma radiação eletromagnética residual, denominada radiação gama, tornando o mo- libdênio e o iodo radionuclídeos. Serão essas as questões que abordaremos neste tópico, para que você en- tenda as bases do estudo das radiações ionizantes. Vamos relembrar um conceito importante daqui para frente: o que é uma radiação? A radiação é uma energia emitida e transferida por intermédio do espaço, podendo ou não necessitar de um meio de transporte para se propagar em todas as direções. Segundo Tilly Jr. (2010), existem três tipos de radiações: as mecânicas, as eletromagnéticas e as corpusculares. a) Radiação mecânica: o som é uma radiação mecânica, surge da vibração de um material, propaga-se por intermédio do espaço e precisa de um meio de propagação, no caso, o ar. O som não consegue se propagar no vácuo. UNIDADE 1 | TÓPICOS DE FÍSICA NUCLEAR 4 b) Radiação eletromagnética: surge de perturbações eletrônicas, ou seja, da movimentação de elétrons, envolvendo a oscilação de campos elétricos e magnéticos. c) Radiação corpuscular: surge de interações dentro do núcleo do átomo. Estas são emitidas e transferidas por intermédio do espaço e precisam de um meio de propagação. Precisam de um corpo, de uma partícula para transferir a energia pelo espaço. Neste momento, a radiação mecânica não tem grande importância para nós. Por esse motivo, deixaremos de lado. Focaremos nossos esforços nos conceitos de radiação eletromagnética e radiação corpuscular. 2.1 RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA A radiação (energia) eletromagnética está mais presente em nossa rotina do que imaginamos, por exemplo: as ondas do rádio, o sinal de televisão, a internet Wi-Fi, os celulares, o micro-ondas, a luz visível, o infravermelho, a radiação ultravioleta, o raio-x etc. Descrita por James C. Maxwell, a radiação eletromagnética foi percebida por observação de cargas elétricas (elétrons) em movimento, produzindo um campo elétrico induzido e variável no tempo. Maxwell percebeu que o processo não terminava. Assim, o fenômeno foi se repetindo e se propagando no espaço. Maxwell demonstrou, de forma clara, que a propagação de energia eletromagnética por meio de vibrações de campos elétricos e campos magnéticos induzidos e variáveis no tempo tinha característica de duas ondas oscilantes. É a chamada onda eletromagnética. FIGURA 1 – ILUSTRAÇÃO DA PROPAGAÇÃO DESCRITA POR MAXWELL FONTE: <https://www.todamateria.com.br/eletromagnetismo//>. Acesso em: 18 jun. 2019. TÓPICO 1 | CONCEITOS BÁSICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES 5 Uma onda eletromagnética é considerada uma radiação por não precisar de um meio de propagação. Propaga-se em linha reta, no vácuo, e possue a velocidade da luz no ar, que se aproxima dos 300.000 m/s. Mesmo não possuindo massa, pode carregar uma grande quantidade de energia. Por esse motivo, é importante mencionar a Teoria do Quanta, desenvolvida por Max Planck (1901) e Albert Einstein (1905). Os cientistas descreveram que a radiação eletromagnética se propaga como pequenos pulsos de energia, chamados de pacotes de energia, quantum ou fótons. Segundo Tilly Jr. (2010), um fóton é a menor porção de radiação eletromagnética. Podemos dizer que um fóton é um único “raio” de luz. Um fóton se comporta como uma partícula, porém sem massa, só energia. Essa característica permite um melhor controle da sua energia e suas interações com a matéria. Se o comportamento de onda fosse mantido, teríamos momentos variados durante a ondulação, com picos mais altos de energia e, em outros momentos, picos mais baixos. Do ponto de vista radiológico, torna-se mais interessante uma abordagem quântica em relação às ondas eletromagnéticas. No caso das exposições médicas, seria impossível ter uma precisão adequada do uso do raio-x se fosse mantido um comportamento oscilante de uma onda. Já como um pacote de energia, fica mais fácil ajustar os parâmetros com pouquíssima variação. IMPORTANT E A física descreve que a energia de um fóton é diretamente proporcional à frequência, e inversamente proporcional ao seu comprimento de onda. A constante de Planck é 6,626 x 10-34 Joules/segundos. As radiações eletromagnéticas podem variar entre radiações ionizantes e radiações não ionizantes. Conforme observado no espectro eletromagnético, do ultravioleta em diante, são as radiações com menor comprimento de onda, assim, todas ionizantes. UNIDADE 1 | TÓPICOS DE FÍSICA NUCLEAR 6 FIGURA 2 – ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO FONTE: <https://medium.com/ubntbr/como-o-sinal-wifi-%C3%A9-propagado-na- natureza-d87daef39575>. Acesso em: 27 jun. 2019. Segundo Tilly Jr. (2010), essa classificação utiliza como referências o comprimento de onda e a quantidade de energia que as radiações transferem. As radiações eletromagnéticas ionizantes que interessarão no momento são: raio-x e raio gama. • Raio-x O raio-x é produzido por interações ocorridas na eletrosfera do átomo, onde ocorre a transformação de energia elétrica em energia eletromagnética. Como você já aprendeu, a produção do raio-x ocorre por freamento e/ou saltos eletrônicos. O raio-x não possui carga e nem massa, é energia pura como a luz. Seu comprimento de onda é de 10-8 m, maior do que a radiação gama, sendo um pouco menos penetrante. • Raio gama (γ) É produzido por interações dentro do núcleo do átomo. A energia é emitida do núcleo quando este se encontra em estado instável, com desequilíbrio. A radiação gama tende a ser residual. Em radioisótopos metaestáveis, podemos ter a emissão de radiação gama pura. TÓPICO 1 | CONCEITOS BÁSICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES 7 Há falta de carga e massa, preservando todas as características de uma radiação eletromagnética, assim como o raio-x. Seu comprimento de onda é menor que 10-11 m, sendo menor que a radiação X, e bem mais penetrante. ATENCAO A diferença entre as duas radiações eletromagnéticas ionizantes está na sua origem e no seu comprimento de onda. IMPORTANT E A radiação corpuscular é a emissão de uma partícula alfa ou beta, sempre com origem no núcleo de um átomo quando este se encontrar em um estado instável e sofrer o processo de decaimento radioativo. 2.2 RADIAÇÃO CORPUSCULAR Segundo Hironaka et al. (2012), sempre que houver um feixe de energia formado por partículas com massa e velocidade, podemos denominá-lo de radiação corpuscular. Esta estará sempre ligada ao fenômeno da radioatividade, que será discutido um pouco mais à frente. A radiação corpuscular possui energia cinética suficiente para causar ionização quando suas partículas estão em movimento. Conforme afirma Bushong (2010), não há ionização quando as partículas estiverem em repouso. A energia cinética das partículas pode ser calculada pela fórmula a seguir, estabelecida pela teoria de Einstein e dividida por 2. Sendo: E = energia. M = massa da partícula. V = velocidade da partícula. E = (m x v2)/2 Como estamos tratando da emissão de partículas, referimo-nos às partículas elementares de dentro do núcleo: prótons e nêutrons. UNIDADE 1 | TÓPICOS DE FÍSICA NUCLEAR 8 Segundo Mourão e Oliveira (2009), o próton é uma partícula estável, possui massa e carga elétricas positivas. O fato de ser estável sugere que a partícula não se desintegre de forma espontânea ao se deslocar no espaço. O nêutron possui massa um pouco maior em relação ao próton. Tem uma peculiaridade interessante: só é estável quando contido dentro do núcleo do átomo. Já quando livre, após uma emissão para fora do núcleo, o nêutron passa para uma condição instável, desintegrando-se muito rápido, tornando-se um próton e um elétron. • Partícula Alfa (α) Segundo Bushong (2010), uma partícula alfa combina dois prótons e dois nêutrons, o que resulta em uma massa de 04. Assim, assemelha-se a um núcleo de Hélio (He),porém sem os elétrons orbitais. Possui uma velocidade de 30.000 km/s. FIGURA 3 – ILUSTRAÇÃO DA EMISSÃO DA PARTICULA ALFA DO NÚCLEO DO ÁTOMO FONTE: <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/leis-radioatividade.htm>. Acesso em: 15 jun. 2019. Por ser uma partícula pesada, possui pouco poder de penetração, atravessando de 5 a 10 cm de ar e não atravessa a pele humana. Contudo, possui um grande poder de ionização, pois transfere facilmente sua energia cinética para os elétrons das órbitas dos átomos que encontra pelo seu caminho. A ionização acompanha a radiação alfa. A partícula alfa com média energia possui de 4 a 7 MeV de energia cinética e ioniza, TÓPICO 1 | CONCEITOS BÁSICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES 9 aproximadamente, 40.000 átomos a cada 1 cm percorrido através do ar. Devido à quantidade de ionização, a energia de uma partícula alfa é perdida com rapidez. Ela tem um alcance muito curto na matéria (BUSHONG, 2010, p. 53). A partícula alfa tem grande aplicabilidade na área industrial. Com relação à aplicação clínica, não possui nenhuma utilidade, pois traria mais riscos do que benefícios em função do seu alto poder de ionização. Segundo Thrall e Ziessman (2003), a emissão alfa ocorre em núcleos instáveis de elementos com alto número atômico, acima de 83. Podemos citar como exemplos o rádio-226 (Ra), radônio-222 (Rn), urânio-235 (U) e o Tório-321 (Th). Essa emissão ocorre por um processo de transmutação ou decaimento que você compreenderá ainda neste livro didático. • Partícula Beta (β) A partícula beta é considerada leve, pois não possui massa, e considerada rápida, pois possui velocidade de deslocamento de 290.000 km/s. Pode possuir uma carga positiva (beta positivo) ou uma carga negativa (beta negativo). Segundo Bushong (2010), uma partícula beta negativa é igual a um elétron, porém a partícula vai surgir de dentro do núcleo. Já a partícula beta positiva é chamada de pósitron, a antimatéria. Uma vez emitidas a partir de um radioisótopo, as partículas beta atravessam o ar, ionizando várias centenas de átomos por centímetro. O alcance da partícula beta é maior do que a partícula alfa. Dependendo da sua energia, uma partícula beta pode cruzar de 10 a 100 cm de ar e, aproximadamente, 1 a 2 cm de tecidos moles (BUSHONG, 2010, p. 54). O físico italiano Enrico Fermi era um cientista que pesquisava as emissões de partículas betas, inclusive pela descoberta da fissão nuclear e do seu trabalho sobre o primeiro reator nuclear para realização das fissões. Fermi recebeu o Prêmio Nobel em 1938, pois foi um grande nome dentro da física quântica. Fermi descreveu a hipótese que afirma que podemos ter um elétron saindo de dentro do núcleo de um átomo instável (radioativo). Ainda, afirma que um nêutron tem o poder de se autotransformar em outras partículas. • Partícula Beta negativo – negatron (β-) Você verá que a emissão da partícula beta negativo representa muito bem a teoria de Fermi. Em um núcleo instável (radioativo), começa o processo de transformação interna: um nêutron começa a se transformar, alterando suas subpartículas, dando origem a outras partículas. Primeiramente, o nêutron se transforma em um próton, que permanecerá dentro do núcleo, aumentando o número atômico (Z) do elemento em 1. Depois, UNIDADE 1 | TÓPICOS DE FÍSICA NUCLEAR 10 transforma-se em um elétron e em um processo residual em uma subpartícula chamada de antineutrino. Essas duas últimas partículas que serão emitidas de dentro do núcleo. O processo de emissão beta negativo ocorre em núcleos instáveis que estão com excesso de nêutrons (THRALL; ZIESSMAN, 2003). FIGURA 4 – ILUSTRAÇÃO DA EMISSÃO DA PARTICULA BETA NEGATIVO E A TRANSFORMAÇÃO DO NEUTRON FONTE: <https://brasilescola.uol.com.br/quimica/radioatividade-estrutura-atomo.htm>. Acesso em: 15 jun. 2019. São vários os radionuclídeos que decaem por emissão do beta negativo. Alguns exemplos são: Iodo-131, Carbono-14, Cobalto-60, Cesio-137 etc. • Partícula Beta positivo – pósitron (β+) Você agora aprenderá a respeito da uma emissão beta positivo. Segundo Thrall e Ziessman (2003), é um processo que ocorre em núcleos instáveis que estão com falta de nêutrons, ou seja, excesso de prótons. O nome pósitron é usado para identificar um elétron com carga positiva. Exatamente, acadêmico, um elétron positivo! No caso, o próton se transformará em um nêutron, emitindo um elétron positivo, com mesma massa do elétron negativo, denominado de pósitron e um neutrino. Assim, como perdemos um próton do núcleo, o número atômico (Z) do elemento diminuirá para 1. TÓPICO 1 | CONCEITOS BÁSICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES 11 FIGURA 5 – ILUSTRAÇÃO DA EMISSÃO DA PARTICULA POSITIVA E A TRANSFORMAÇÃO DO PRÓTON FONTE: <http://www.antonioguilherme.web.br.com/Arquivos/reacoes_nuc.php>. Acesso em: 15 jun. 2019. Neste tipo de emissão, temos o que chamamos de antimatéria, que é o contrário da matéria. Matéria: tudo que compõe o que enxergamos: as pessoas, os objetos ao nosso redor, ou seja, átomos com prótons positivos, elétrons negativos e nêutrons (neutro). Antimatéria: tudo está invertido. Vamos encontrar os antiprótons, que são os prótons com carga negativa, e os pósitrons, que são os elétrons com carga positiva. A emissão de partícula beta positivo sempre ocorrerá com uma energia de 1,02 MeV, o equivalente à massa de dois elétrons (THRALL; ZIESSMAN, 2003). Quando ocorre a emissão desse pósitron (antimatéria) do núcleo do átomo, no seu trajeto encontrará um elétron negativo (matéria). Ambos se chocarão e, do processo de encontro da antimatéria com a matéria, acontecerá um fenômeno chamado de aniquilação! Na aniquilação, a colisão do elétron positivo com o negativo originará dois fótons que serão emitidos cada um com sua energia correspondente. Um exemplo prático é o seu uso na aquisição de imagens através da Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET/CT). São exemplos de radioisótopos emissores de pósitron o Fluor-18 (F), o Potássio-40 (K) e o Argônio-40 (Ar). UNIDADE 1 | TÓPICOS DE FÍSICA NUCLEAR 12 IMPORTANT E Os neutrinos e antineutrinos são partículas sem carga elétrica, com massa muito pequena que não interage com a matéria. Atravessam tudo o que vemos pela frente: pessoas, carros, árvores, prédios etc. Na atmosfera, têm origem das fusões ocasionadas pelo sol. 2.3 RADIAÇÃO IONIZANTE Segundo Tahuata et al. (2014), a produção das radiações ionizantes se dá por dois processos: por ajustes que ocorrerão no núcleo ou por camadas eletrônicas da eletrosfera. Estamos tratando do raio-x, radiação gama, partícula beta e partícula alfa. Uma radiação ionizante é aquela que possui energia potencial para arrancar elétrons de um átomo ou molécula. Ainda, há riscos nocivos à saúde se não utilizados os critérios de segurança e de proteção radiológica adequados em cada tipo de aplicação. Podemos resumir três fatores que determinam o perigo de uma radiação ionizante: o grau de ionização (transferência de energia) dessa radiação, o seu poder de penetração e o tipo de tecido biológico que teve interação com a radiação. FIGURA 6 – RELAÇÃO DO PODER DE PENETRAÇÃO DAS RADIAÇÕES IONIZANTES FONTE: <https://radioprotecaonapratica.com.br/radiacao-entenda-de-uma-vez-por- todas/>. Acesso em: 16 jun. 2019. TÓPICO 1 | CONCEITOS BÁSICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES 13 • Processo de Ionização Segundo Mourão e Oliveira (2009), um átomo encontra-se em seu estado fundamental, eletricamente neutro, quando o número de prótons em seu núcleo é igual ao número de elétrons nos orbitais da eletrosfera. Assim, podemos dizer que as cargas elétricas se encontram em equilíbrio. Se um átomo ou molécula for exposto a uma energia com potencial de ionização, ou seja, uma energia (força) maior que a energia de ligação do elétron no orbital, o elétron será ionizado, literalmente arrancado de sua órbita, deixando um espaço vazio. No momento, forma-se o par iônico, pois temos o elétron arrancado, que possui carga negativa, sendo,então, o íon negativo. Ainda, há o átomo que, após ionizado, perdeu esse elétron, ficando, agora, com um número de prótons maior. Como estes possuem uma carga positiva, o átomo será nosso íon positivo. Nosso par iônico será formado pelo átomo carregado positivamente (cátion) e o elétron arrancado que está carregado negativamente. FIGURA 7 – ILUSTRAÇÃO DO PROCESSO DE IONIZAÇÃO E PRODUÇÃO DOS PARES IÔNICOS FONTE: <https://pt.depositphotos.com/3106833/stock-photo-3d-helium-atom.html>. Acesso em: 16 jun. 2019. O processo de ionização, ocasionado por radiações ionizantes, acontecerá em qualquer tipo de matéria que tiver contato com a radiação, incluindo os objetos inanimados e qualquer tipo de vida biológica, como os seres humanos. 14 Neste tópico, você aprendeu que: • A radiação é uma energia emitida e transferida por intermédio do espaço, podendo ou não necessitar de um meio de transporte para se propagar em todas as direções. • Uma onda eletromagnética é considerada uma radiação pelas suas características de não precisar de um meio de propagação. Ainda, propaga-se em linha reta, no vácuo e possui a velocidade da luz no ar, que se aproxima dos 300.000 m/s. • Uma radiação ionizante é aquela que possui energia potencial para arrancar elétrons de um átomo ou molécula. Há riscos nocivos à saúde se não utilizados os critérios de segurança e proteção radiológica adequados em cada tipo de aplicação. • Existem radiações eletromagnéticas que são ionizantes, sendo úteis para a radiologia o raio-x e o raio gama, por exemplo. • A diferença entre o raio-x e a radiação gama está na sua origem e no seu comprimento de onda. Os raios x são produzidos na eletrosfera e a radiação gama tem origem de dentro do núcleo do átomo. • A radiação gama, normalmente, é obtida como energia residual do processo de emissão alfa ou beta. • Existem radiações corpusculares por emissão de partículas que são ionizantes. • A radiação corpuscular é a emissão de partícula alfa ou beta, sempre com origem do núcleo de um átomo quando este se encontrar em um estado instável e sofrer o processo de decaimento radioativo. • A emissão alfa tem aplicabilidade na área industrial, porém nenhuma aplicabilidade na área médica. • A emissão alfa acontece em núcleos pesados e tem pouco poder de penetração, porém, apresenta alto poder de ionização. • A partícula beta é uma partícula mais leve, pois não possui massa. Tem maior poder de penetração. • Existe a emissão beta negativo quando a interação ocorrer em núcleos com excesso de nêutrons. • Existe a emissão beta positivo quando a interação ocorrer em núcleos com poucos nêutrons. • Há uma diferença importante entre matéria e antimatéria, sendo que o encontro das duas pode ocasionar uma aniquilação. RESUMO DO TÓPICO 1 15 1 Tratando da emissão de partículas beta, existe uma particularidade com relação à quantidade de nêutrons dentro do núcleo. Essa condição determinará se a emissão será beta positivo (pósitron) ou beta negativo. Com relação à emissão de partícula beta negativo, assinale a alternativa CORRETA: a) Tende a acontecer em núcleos com falta de nêutrons. Ocorre a produção de um elétron dentro do núcleo, que é ejetado, posteriormente, junto a um antineutrino. b) Sempre ocorre em núcleos instáveis com falta de nêutrons. c ) Tende a acontecer em núcleos com excesso de nêutrons. Ocorre a produção de um próton dentro do núcleo, que é ejetado, posteriormente, junto a um neutrino, o chamado beta negativo. d) Acontece em núcleos instáveis com excesso de nêutrons. e) Ocorre sempre em elementos muito pesados de elevado número atômico. Se for estável, o átomo sempre terá emissão beta negativo. 2 Do ponto de vista da proteção radiológica, e considerando o poder de ioni- zação, qual radiação é mais perigosa? a) Partícula beta. b) Partícula gama. c ) Partícula alfa. d) Raios Gama. e) Raios x. 3 Os raios x e os raios gama são radiações eletromagnéticas ionizantes, ou seja, possuem energia cinética capaz de arrancar elétrons das camadas eletrônicas dos átomos. Apesar de ionizantes, ambos preservam as mesmas caracterís- ticas das energias eletromagnéticas contidas no espectro eletromagnético. Contudo, existem diferenças entre a radiação X e a radiação gama. Assinale a alternativa CORRETA, especificando onde a diferença é encontrada: a) No comprimento de onda e na origem da radiação. Uma é produzida na eletrosfera e, a outra, no núcleo, respectivamente. b) No comprimento de onda, e ambas são produzidas na eletrosfera. c ) No comprimento de onda, e ambas são produzidas no núcleo. d) A diferença está na origem, pois as radiações possuem o mesmo compri- mento de onda. e) No comprimento de onda. Ambas são produzidas na eletrosfera, e dentro do núcleo são produzidas as partículas e não radiações eletromagnéticas. AUTOATIVIDADE 16 17 TÓPICO 2 UNIDADES E GRANDEZAS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Depois da descoberta do raio-x e da radioatividade, as radiações ionizantes passaram a ser utilizadas em várias regiões do mundo, porém sem muito critério, havendo relatos do aparecimento de alguns efeitos nocivos, inclusive nos pesquisadores, como ocorreu com o casal Curie e a esposa de Roentgen. Segundo Okuno e Yoshimura (2010), somente depois de 30 anos que começou a ser cogitada a criação de uma comissão que se preocupasse em estabelecer os requisitos, normas e parâmetros relativos ao uso das radiações ionizantes. Um dos parâmetros foi a criação de grandezas com unidades de medida que pudessem expressar, de forma clara, a quantidade de radiação, relacionando esses valores com os possíveis efeitos ao corpo humano. Após muita discussão por médicos radiologistas da época, em 1925, foi criada a Comissão Internacional de Unidades e Medidas de Radiação (ICRU), órgão responsável pela criação e regulação das grandezas básicas e operacionais das radiações. Logo após, em 1928, foi criada a Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP), órgão que ficou responsável pelas normas de proteção radiológica, limites de exposição e doses, tanto do público em geral como do indivíduo ocupacionalmente exposto (IOE). Serão essas grandezas e unidades que você conhecerá e compreenderá neste tópico. 2 GRANDEZAS FÍSICAS As grandezas aqui expostas foram criadas para expressar a quantidade de radiação emitida e mensurar o quanto interagiu com o corpo humano, definindo possíveis riscos de efeitos nocivos à saúde. 2.1 GRANDEZA EXPOSIÇÃO É representada pela letra “X”, utilizada apenas para radiação eletromagnética, ou seja, para fótons de raios x e raios gama interagindo no ar. Mensura a capacidade de os fótons ionizarem o ar. Segundo Tahuata et al. (2014), UNIDADE 1 | TÓPICOS DE FÍSICA NUCLEAR 18 para medir essa grandeza, é necessário o uso de uma câmara de ionização à base de gases. Os fótons ionizarão, arrancando elétrons dos átomos contidos em um determinado volume de ar, formando os pares iônicos. Essa interação poderá acontecer por efeito fotoelétrico ou Compton e, se for o caso, a produção de pares para emissão de pósitrons. O valor da exposição será determinado contabilizando os números de íons negativos formados em dada quantidade de ar por onde o fóton passou, sempre considerando as condições normais de temperatura e pressão (CNTP). A unidade de medida é o Roentgen (R), tendo o valor a seguir descrito no Sistema Internacional de Medidas (SI): 1 R = 2,58 x 10-4 C/kgar ATENCAO Segundo Okuno e Yoshimura (2010), existe uma prática das comissões internacionais em substituírem a grandeza exposição pela grandeza de taxa de Kerma no ar. Existe uma relação simples entre os conceitos de Kerma e Exposição para as radiações eletromagnéticas. 2.2 GRANDEZA KERMA Representada pela letra “K”, é a Kinetic Energy Released Per Unit of Mass (K.E.R.M.A.), ou seja, a energia cinética liberada por unidade de massa. Mensura a quantidade de energia que foi transferida ao meio e, consequentemente,que sofreu ionização. O kerma refere-se à transferência inicial de energia e, muitas vezes, é usado como dose absorvida, por ser numericamente igual, principalmente para energia de fótons menor que 1,0 MeV. O kerma ocorre no ponto de interação do fóton, e a dose absorvida ocorre ao longo da trajetória do elétron (OKUNO; YOSHIMURA, 2010, p.192). Para Tahuata et al. (2014), o kerma (k) é o resultante do kerma de radiação (KR), somado ao kerma de colisão (KC). KC é a energia dissipada no local da colisão por ionização ou excitação e, no caso do KR, a energia é dissipada longe do local por meio dos raios x ao longo da trajetória. TÓPICO 2 | UNIDADES E GRANDEZAS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES 19 A unidade de medida é o Gray (Gy), sendo o valor a seguir descrito no Sistema Internacional de Medidas (SI): 1 Gy = 1 J/kg Conforme destacam Okuno e Yoshimura (2010), muitas comissões utilizam a grandeza kerma. Segue a relação entre as grandezas, mesmo que não haja equilíbrio eletrônico: KC (Gy) = 0,00876 X (R) Cada kerma de colisão contabilizado (medido em Gray) é equivalente a 0,00876 de exposição (em Roentgen). A taxa de kerma no ar também pode ser utilizada para mensurar a intensidade (quantidade) de fótons de raios x que saem de um tubo, sendo expressa por mGy/s ou mGy/mAs. 2.3 GRANDEZA ATIVIDADE A atividade de uma amostra radioativa é o número de partículas ou fó- tons que a amostra emite por unidade de tempo. É a taxa do decaimento. A dimi- nuição dessa atividade se dá de forma exponencial. A unidade de medida antiga era o curie (Ci). Segundo Tahuata et al. (2014), o Ci ainda pode ser utilizado em casos específicos dentro da medicina nuclear. A Unidade “Ci” corresponde ao número de transformações nucleares por unidade de tempo de 1 gr de rádio-226. Houve substituição pelo becquerel (Bq), que corres- ponde a uma transformação nuclear por segundo. Sendo: 1 Ci = 3,7 x 1010 Bq (desintegrações/s) 2.4 GRANDEZA FATOR DE QUALIDADE A grandeza representada pela letra “Q” pode ser definida como a estimativa de energia transferida para o meio. É calculada com base na transferência linear de energia (LET), definida como a densidade (quantidade) de ionização de uma radiação ao longo de sua trajetória. Segundo Okuno e Yoshimura (2010), para fins de proteção radiológica e dosimetria, deve ser sempre considerado o LET não restrito (L∞). O LET será UNIDADE 1 | TÓPICOS DE FÍSICA NUCLEAR 20 melhor visto no estudo da radiobiologia, pois está intimamente ligado aos efeitos nocivos da radiação ionizante. A ICRP criou uma tabela com os valores de fator de qualidade efetivo das radiações. Fica claro, por exemplo, que partículas pesadas, como a radiação alfa, possuem um poder de ionização muito mais alto. QUADRO 1 – FATOR DE QUALIDADE EFETIVO TIPO DE RADIAÇÃO Q Raios x, radiação gama e elétrons. 1 Prótons e partículas com uma unidade de carga e com massa de repouso maiores. 10 Nêutrons com energia desconhecida. 20 Radiação alfa e demais partículas com carga superior a uma unidade de carga. 20 FONTE: Tahuata et al. (2014, p. 152) Então, se você for exposto a uma dose absorvida de 1 mGy de raios x, considerando o produto do fator de qualidade Q=1, você recebeu 1 mSv de dose equivalente. Já no caso de você ser exposto a uma dose absorvida de 1 mGy de radiação alfa, considerando o fator de qualidade Q=20, você recebeu 20 mSv de dose equivalente. Assim, é possível afirmar que, receber a mesma dose, mas de radiações diferentes, resultará em efeitos biológicos diferentes. 2.5 GRANDEZA DOSE ABSORVIDA A grandeza representada pela letra “D” pode ser definida como a quantidade de energia (radiação) que realmente foi retida (absorvida) na massa (corpo) do absorvedor, seja por ionização ou excitação. Vale para qualquer meio absorvedor, seja um tecido biológico ou um material inanimado (sem vida), como uma mobília, por exemplo. É uma grandeza que vale para qualquer tipo de radiação, seja eletromagnética ou corpuscular. No momento em que uma radiação atinge um corpo, não significa que toda essa energia será absorvida. São vários os fatores envolvidos: energia da radiação, espessura e densidade do corpo absorvedor. Então, a dose absorvida é o valor da energia que realmente foi retida no corpo ou material. TÓPICO 2 | UNIDADES E GRANDEZAS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES 21 A unidade de medida antiga era o radiation absorved dose (rad). Contudo, foi substituída pelo Gray (Gy), sendo o valor a seguir descrito no Sistema Internacional de Medidas (SI): 1 Gy = 100 rad = 1 J/kg ATENCAO Para que você possa dimensionar o que estamos tratando com relação às doses de radiação, ilustraremos uma descrição feita por Okuno e Yoshimura (2010). A dose absorvida em uma sessão de radioterapia é de 2 Gy, equivalente a 200 rad. A dose total prescrita para um tratamento completo pode atingir a casa de 50 Gy. Para irradiação de alimentos, a dose absorvida pelo alimento fica em torno de 10 a 20 kGy. Ainda, na realização de um exame de raio-x simples de abdômen, em torno de 0,7 mGy. Perceba a diferença entre as doses praticadas na radioterapia em relação às doses dos exames de raio-x. É preciso observar a importância de limitar o campo de irradiação, focando apenas o tumor, preservando, ao máximo, as células sadias. “A dose letal, que mata 50% de seres humanos expostos no corpo todo à radiação em um intervalo de tempo de 30 dias, identificada como 5030D, é de 4 Gy” (OKUNO; YOSHIMURA, 2010, p. 186). 3 GRANDEZAS DE PROTEÇÃO As grandezas aqui expostas são aplicadas na limitação de dose para órgãos específicos, considerando a sua radiossensibilidade e o limiar de dose para o corpo todo. As grandezas de proteção consideram a absorção de energia pelos seres humanos e, para calcular, é necessário saber o valor da dose absorvida. 3.1 GRANDEZA DOSE EQUIVALENTE QUADRO 2 – FATORES DE PONDERAÇÃO DA RADIAÇÃO Tipos de radiação e intervalos de energia WR (1990) WR (2007) Fótons de todas as energias 1 1 Elétrons e múons de todas as energias 1 1 Nêutrons com energias Uma função contínua da energia dos nêutrons < 10 keV 5 10-100 keV 10 > 100 keV a 2 MeV 20 > 2 MeV a 20 MeV 10 > 20 MeV 5 UNIDADE 1 | TÓPICOS DE FÍSICA NUCLEAR 22 Prótons 5 2 (prótons e píons) Partículas alfa, elementos de fissão e núcleos pesados 20 20 FONTE: Okuno e Yoshimura (2010, p. 194) A grandeza é representada pela letra “H”, originada das recomendações da ICRP, e consta descrita nas normas da CNEN-NN-3.01:2011. É utilizada para determinar a limitação de dose para um tecido ou órgão específico (cristalino, pele e extremidades) e pode ser utilizada para radiações eletromagnéticas ou corpusculares. A dose equivalente ou equivalente de dose (como tratam alguns autores) leva em consideração os valores obtidos na medição de dose absorvida e considera o tipo de radiação utilizado. Há a seguinte equação: HT = DT x wR Sendo: DT – Dose absorvida média wR – Tipo de radiação (Baseado no fator de ponderação 1990 - Tabela 2) Os valores de ponderação escolhidos pela ICRP determinam cada tipo de partícula e sua energia, equivalendo a sua efetividade biológica relativa (RBE) e induzindo efeitos estocásticos nos seres humanos. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) orienta que seja utilizada, para fins de cálculo, a ICRP- 60 de 1990. A referência tecidual é o cristalino, pele e extremidades. A unidade de medida antiga era o roentgen equivalente man (rem), mas foi substituída pelo Sievert (Sv), sendo o valor a seguir descrito no Sistema Internacional de Medidas (SI): 1 Sv = 1 J/kg = 100 rem 3.2 GRANDEZA DOSE EFETIVA É representada pela letra “E”. Segundo Okuno e Yoshimura (2010), a grandeza estabelece os limites para exposição do corpo inteiro às radiações, preservando a ocorrência de efeitos cancerígenos ou causando efeitos hereditários. A dose efetiva leva em consideração os valores obtidos na medição de dose equivalente e considera o tipo de tecido exposto, utilizandoo fator de ponderação do tecido ou órgão (wT), que é classificado de acordo com a radiossensibilidade de cada tecido. Observe a seguinte equação: TÓPICO 2 | UNIDADES E GRANDEZAS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES 23 E = ∑T x wT x HT Sendo: ∑T – “T” relevante. wT – Fator de peso para tecido ou órgão. (Baseado no fator de peso da ICRP-60: Tabela 03) HT – Dose equivalente QUADRO 3 – FATORES DE PONDERAÇÃO DE TECIDOS Tecido ou órgão WT (1977) WT (1990) WT (2007) Gônadas 0,25 0,20 0,08 Medula óssea 0,12 0,12 0,12 Cólon - 0,12 0,12 Pulmão 0,12 0,12 0,12 Estômago - 0,12 0,12 Mama 0,15 0,05 0,12 Bexiga - 0,05 0,04 Esôfago - 0,05 0,04 Fígado - 0,05 0,04 Tireoide 0,03 0,05 0,04 Superfície do osso 0,03 0,01 0,01 Cérebro - - 0,01 Glândulas salivares - - 0,01 Pele - 0,01 0,01 Restante 0,30* 0,05** 0,12*** FONTE: Okuno e Yoshimura (2010, p. 195) * Cinco órgãos ou tecidos altamente irradiados, cada um com peso de 0,06. ** Inclusos glândula suprarrenal, intestino grosso superior, intestino delgado, rins, músculo, pâncreas, baço, timo e útero. *** inclusos glândula suprarrenal, tecido extratorácico, vesícula biliar, paredes do coração, rins, linfonodos, músculo, mucosa oral, pâncreas, próstata, intestino delgado, baço, timo e útero/colo do útero. Conforme estabelecido, a unidade de medida para a grandeza de dose efetiva é o Sievert (Sv). UNIDADE 1 | TÓPICOS DE FÍSICA NUCLEAR 24 3.3 GRANDEZA DOSE EFETIVA COMPROMETIDA Segundo Okuno e Yoshimura (2010), a grandeza só é válida quando ocorre a incorporação de radionuclídeo por ingestão ou inalação. O período de integração para adultos é de 50 anos e, para crianças, é de 70 anos. 4 GRANDEZAS OPERACIONAIS Considerando as boas práticas do uso das radiações ionizantes, é esperado que profissionais tenham conhecimento dos riscos e bom senso no controle das doses. Por isso, existem limitações de doses recomendadas pelas comissões internacionais e definidas na legislação brasileira, limites estes que devem ser obedecidos pelos indivíduos ocupacionalmente expostos. Segundo Tahuata et al. (2014), o ideal, para fins de proteção radiológica, seria ter uma única grandeza que mensurasse a exposição das pessoas às radiações ionizantes, facilitando os registros e comparações, quando necessário. Por um tempo, o ideal foi a dose equivalente, pois nela constavam o valor da dose absorvida e o tipo de radiação utilizado. Contudo, era difícil mensurar ou estimar, de forma direta, os danos biológicos, pois havia diferença física entre os indivíduos expostos. A ICRP e a ICRU definiram o equivalente de dose pessoal e o equivalente de dose ambiente como as grandezas operacionais que devem ser utilizadas para exposição às radiações ionizantes externas. 4.1 EQUIVALENTE DE DOSE PESSOAL É a grandeza operacional que monitora o indivíduo ocupacionalmente exposto (IOE) às radiações externas por meio do uso de dosímetros de tórax (monitores individuais). A grandeza é representada por Hp (d). Segundo Okuno e Yoshimura (2010), o “d” representa a profundidade de entrada da radiação de fora para dentro do corpo. Para radiações com muito poder de penetração, são considerados 10 mm. Para radiações com poder de penetração fraco, 0,07 mm. Assim, com o índice “d”, é possível estimar a dose equivalente do cristalino, pele e extremidades. O Hp (d) será obtido multiplicando o valor da dose absorvida (D) pelo fator de qualidade da radiação (Q), considerando a profundidade. Assim, surge a seguinte equação: Hp (d) = D x Q Sendo: (d) – 10 mm para dose equivalente ou 0,07 mm para dose equivalente. D – Dose absorvida, obtida na leitura do dosímetro. Q – Fator de qualidade da radiação obtido na Tabela 4. TÓPICO 2 | UNIDADES E GRANDEZAS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES 25 QUADRO 4 – FATOR DE QUALIDADE DA RADIAÇÃO EM FUNÇÃO DO LET INTRODUZIDO LET (L) irrestrito na água Q (L) L < 10 keV/µm 1 10 < L ≤ 100 keV/µm 0,32L - 2,2 L > 100 keV/µm 300/√L FONTE: Adaptado de Okuno e Yoshimura (2010, p. 196) e Tahuata et al. (2014, p. 152) Com o uso do dosímetro, é possível ter uma estimativa da dose efetiva, a qual o indivíduo esteve exposto ao longo dos 30 dias que utilizou esse monitor individual. Conforme Okuno e Yoshimura (2010), para cada dose efetiva, deve sempre ser considerado o valor de “d” como 10mm e, para a dose equivalente, considerar o valor de “d” como 0,07 mm. A unidade de medida é o Sievert (Sv), sendo os limites definidos em milisievert (mSv). 4.2 EQUIVALENTE DE DOSE AMBIENTE É a grandeza operacional que monitora o ambiente de trabalho. Segundo Okuno e Yoshimura (2010), é obtida pelo produto da dose absorvida em um ponto pelo fator de qualidade da radiação. Esse valor corresponde ao que seria o equivalente de dose em uma esfera de tecido equivalente, com diâmetro de 30 cm, conforme a esfera ICRU. NOTA Em 1980, a ICRU, em sua publicação 33, propôs uma esfera de 30 cm de diâmetro, feita de material tecido-equivalente de densidade de 1g/cm3, como um simulador do tronco humano. Quase todos os órgãos sensíveis à radiação poderiam ser englobados. A sua composição química, em massa, é de 76,2% de oxigênio, 11,1% de carbono, 10,1% de hidrogênio e 2,6% de nitrogênio (TAHUATA et al., 2014). É importante finalizar com duas observações importantes: a primeira, é que ficou convencionado que 1 Gy equivale a 1 Sv. Então, se você recebeu uma dose de 0,6 mGy, pode-se dizer que a sua dose foi de 0,6 mSv. A segunda é com relação ao fator de qualidade das radiações. Você deve ter observado que existem a ICRP-26 e a ICRP-60 que tratam desse tema, e que uma sugere o fator de qualidade (Q) para cálculo e, a outra, o fator de peso dessa radiação (wR). Segundo Okuno e Yoshimura (2010), na prática, são usados os mesmos valores do wR, como o valor de Q, para calcular os riscos de efeitos biológicos das radiações, pois a ICRP-60 é mais atualizada. 26 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • As grandezas utilizadas no estudo e o uso das radiações ionizantes se dividem em grandezas físicas, grandezas de proteção e grandezas ocupacionais. • Somente após 30 anos do início do uso das radiações ionizantes é que foram fundadas as primeiras comissões que se preocupavam em discutir normas de segurança para a exposição às radiações. • A Comissão Internacional de Unidades e Medidas de Radiação (ICRU) é responsável pela criação e regulação das grandezas básicas e operacionais das radiações. • A Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP) é responsável pelas normas de proteção radiológica, limites de exposição e doses, tanto do público em geral como do indivíduo ocupacionalmente exposto (IOE). • Tratando-se do Brasil, as normas internacionais são transcritas nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), na norma CNEN- NN-3.01:2011. • Existem vários tipos de classificação para dose. • Existe uma preocupação com o tipo de radiação utilizado na exposição e com o tipo de tecido atingido. Assim, há uma relação direta com o potencial efeito nocivo da radiação no ser humano. • O valor determinado em Gray (Gy) é o mesmo valor equivalente em Sievert (Sv). 27 1 No estudo de dose, temos alguns conceitos a serem abordados, como a dose absorvida, dose equivalente e a dose efetiva. A dose equivalente determina os efeitos maléficos da radiação, pois leva em conta a qualidade da radiação, devido ao poder de ionização (raio-x, partículas, gama). Então, poderia ser a única forma de mensurar a dose, sem a necessidade de outra grandeza? Não, pois faltaria a informação da dose absorvida. PORQUE A dose absorvida é a energia absorvida da radiação pela massa do absor- vedor, e não depende do tipo de radiação utilizado. A informação é impor- tante para definir o valor da dose equivalente. Assim, com ambos os dados, seria possível mensurar a dose efetiva do indivíduo, pois esta última é váli- da para o corpo inteiro. a) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta daprimeira. b) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. c ) As duas asserções são proposições falsas. d) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira. e) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa. 2 Com relação à grandeza Exposição, podemos afirmar: I – Mede a capacidade dos fótons de ionizarem o ar. II – É mensurada pela taxa de kerma no ar. III – A unidade de medida atual é o Gray (Gy). IV – Pode ser utilizada para mensurar a quantidade de ionização das partículas. Estão corretas as alternativas: a) I e II. b) II e III. c ) I, II e III. d) II e IV. e) I, III e IV. AUTOATIVIDADE 28 3 O fator de qualidade de uma radiação é definido como a estimativa de energia transferida para o meio, com base na transferência linear de energia (LET), que é definida como a densidade (quantidade) de ionização de uma radiação ao longo da sua trajetória. No contexto apresentado, qual das radiações é mais perigosa em relação ao poder de ionização? a) Raio-x. b) Raios Gama. c ) Partícula Alfa. d) Partícula Beta (-). e) Partícula Beta (+). 29 TÓPICO 3 RADIOATIVIDADE UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO No fim do século XIX, assim como Roentgen estudava os raios x, existiam cientistas estudando outras formas de energia. Um desses cientistas foi o físico francês Antoine Henri Becquerel, que fazia experimentos utilizando os sais de urânio. Depois de perceber fenômenos parecidos com os que Roentgen descreveu, Becquerel, em 1896, declarou sua descoberta ao mundo, afinal, havia descoberto a radioatividade, que, inicialmente, chamava de raios U, pois tinha características diferentes dos raios x. Outros cientistas que contribuíram muito para o estudo da radioatividade foram o famoso casal Curie. O físico francês Pierre Curie estudou as propriedades dessa radiação originada de materiais que não envolvia o uso de corrente elétrica. Sua esposa, a cientista polonesa Marie Sklodowska Curie, descobriu outros materiais radioativos além do urânio e, nas suas pesquisas e experimentos, encontrou propriedades semelhantes no tório, no rádio e no polônio. Em 1903, Becquerel, Pierre e Marie Curie dividiram o Prêmio Nobel de Física pelas descobertas e contribuições no estudo da radioatividade. 2 OS PRIMEIROS EXPERIMENTOS COM A RADIOATIVIDADE Becquerel foi o precursor da descoberta da emissão de radiação originada do interior do núcleo de um átomo, o que chamamos hoje de radioatividade. Ele veio de uma família de cientistas. Seu avô era pesquisador da eletricidade e magnetismo, já seu pai, pesquisador da radiação ultravioleta e da fluorescência. Então, pode-se dizer que Becquerel vem de uma família na qual a “radiação corria na veia”, pois havia um legado nos estudos com as radiações. Além disso, possuía um laboratório com estrutura e base científica muito boa para suas pesquisas e experimentos. Segundo Mourão e Oliveira (2009), Becquerel percebeu que, após a exposição dos sais de urânio diante dos raios solares, estes se tornavam fluorescentes. Como Roentgen já havia descrito um fenômeno com a fluorescência em seus experimentos, Becquerel resolveu replicar o experimento de Roentgen. Envolveu os sais com um papel escuro, colocando-os próximos a uma placa fotográfica, tendo, como resultado, a mesma observação feita por Roentgen com o uso dos raios catódicos: as imagens dos cristais ficaram impressas no filme 30 UNIDADE 1 | TÓPICOS DE FÍSICA NUCLEAR fotográfico da placa. Becquerel conclui que, depois de expor o urânio aos raios solares, estes começavam a emitir raios x. Mais adiante, em outros experimentos, Becquerel percebeu que o urânio sensibilizava as placas fotográficas mesmo quando não havia sido exposto aos raios solares. Então, concluiu que havia emissão de uma energia, que era, naturalmente, originada da matéria do urânio. Ao estudar as características dessa energia, Becquerel pôde perceber que era mais atenuante que os raios x, ou seja, mais penetrante. Também era desviada por campos magnéticos, concluindo que a energia possuía carga elétrica. Segundo Nobrega (2006), ficou claro para Becquerel que ele havia descoberto uma energia diferente dos raios x e que, ainda, não havia sido descrita por ninguém. Então, em 1º de março de 1896, comunicou a descoberta à Academia de Ciências da França. O que, inicialmente, era chamado de “raios U” ou “Raios de Becquerel”, logo depois passou a ser denominado de “radioatividade”, uma proposta feita por Marie Curie. 3 O PAPEL DO CASAL CURIE NA HISTÓRIA DA RADIOATIVIDADE Segundo Nobrega (2006), Marie Curie começou seus estudos sobre a radioatividade quando fazia sua tese de doutorado sobre os raios descobertos por Becquerel. Ela queria provar que o fenômeno observado no urânio poderia ser observado também em outros materiais. As pesquisas tinham fundamento e, então, começou a observar a mesma emissão de energia no tório, e de forma espontânea. Em suas pesquisas, descobriu dois fundamentos importantes no estudo da radioatividade: 1) A energia da radiação não dependia do tipo do material estudado, mas sim da quantidade do material envolvida no experimento; 2) A atividade radioativa não dependia do arranjo dos átomos em uma molécula, mas sim das interações e equilíbrio dentro do próprio átomo de cada material. Marie Curie quer dizer, no primeiro fundamento, que quanto maior for a quantidade de tório ou urânio, mais radiação haverá. No segundo fundamento, descobriu que eram interações entre as partículas elementares (prótons + nêutrons) dentro do núcleo do átomo as responsáveis por causar a atividade no núcleo e a emissão de radioatividade, ou seja, radiação. Ficou mais claro agora? Esperamos que sim! Vamos adiante! Na etapa avançada em que se encontravam as pesquisas de Marie Curie, seu marido Pierre resolveu dedicar seus esforços para corroborar com as pesquisas da esposa. Juntos, começaram a pesquisar um mineral de óxido de urânio, chamado “pechblenda”, uma variação da uraninita. Segundo Nobrega (2006), o casal Curie observou que, no mineral, a radioatividade era quatro a cinco vezes maior que o urânio que utilizava em suas pesquisas. TÓPICO 3 | RADIOATIVIDADE 31 No fim de junho de 1898, obtiveram uma substância, aproximadamente, 300 vezes mais ativa que o urânio. Então, sugeriram o nome de polônio, em homenagem ao país de origem de Marie. Foi neste trabalho que usaram o termo radioatividade. Em dezembro do mesmo ano, anunciaram a existência de mais um elemento, com o nome de rádio, cerca de 400 vezes mais ativo que o urânio (NOBREGA, 2006, p. 41). Pierre fez experimentos com o uso do rádio em sua pele e percebeu que, após um tempo, apareceu uma ferida semelhante a uma queimadura. Logo, focaram suas pesquisas nessa observação e, segundo Mourão e Oliveira (2009), essa radioatividade passou a ser útil para a medicina no tratamento de tumores malignos, sendo chamada de curieterapia, que logo se tornaria a radioterapia. Obviamente, o casal apresentou vários problemas de saúde em função das pesquisas manipulando os materiais radioativos. Assim como há o museu de Roentgen, aberto para visitação em Würzburg/Alemanha, contando a história dos raios x, a história da radioatividade está exposta na Biblioteca Nacional de Paris, onde encontram-se os materiais da casa e laboratório do casal Curie, porém, são utensílios que são radioativos. Segundo Nobrega (2006), a visitação é permitida mediante assinatura de um termo de responsabilidade sobre os riscos, pois estima-se que a atividade do rádio, ali presente, ultrapasse os próximos dois mil anos. FIGURA 8 – BECQUEREL E O CASAL CURIE: PIERRE E MARIE CURIE FONTE: <http://osfundamentosdafisica.blogspot.com/2015/07/especial-de-sabado. html>. Acesso em: 18 jun. 2019. 4 ENTENDENDO A RADIOATIVIDADE O conceito de radioatividade pode ser definido como o processo que en- volve eventos no interior do núcleo de um átomo instável,tendo, como consequ- ência, a emissão de energia na forma de partículas e/ou radiação eletromagnética, com o objetivo de buscar a estabilidade atômica. 32 UNIDADE 1 | TÓPICOS DE FÍSICA NUCLEAR Segundo Bushong (2010), qualquer arranjo nuclear pode ser denominado de nuclídeo. Então, um isótopo é um nuclídeo. Além disso, somente os núcleos instáveis, que sofrem decaimento radioativo, serão considerados radionuclídeos. Esses radionuclídeos, também conhecidos como radioisótopos, são os elementos que estão munidos de radioatividade. ATENCAO Caro acadêmico, lembre-se: os isótopos são elementos que possuem o mesmo número de prótons, mas diferente número de nêutrons. Possuem o mesmo número atômico (não muda o elemento), mas variam o número de massa. Como exemplos, podemos citar o urânio e o hidrogênio, que possuem três isótopos: U-234, U-235 e U-238; H-1 (hidrogênio propriamente dito), H-2 (deutério) e o H-3 (trítio). 4.1 RADIOATIVIDADE NATURAL Na natureza, é possível encontrar elementos com núcleos instáveis emissores de radiação, fato que existe desde a formação do planeta Terra. Segundo Mourão e Oliveira (2009), existem radioisótopos naturais que geram uma radiação de fundo que se soma à radiação que vem do espaço, atingindo por meio da atmosfera terrestre. No nosso solo terrestre, podemos encontrar o Urânio-235, o Tório-232 e o Potássio-40. São elementos que vão se desintegrando com o passar dos anos, buscando a estabilidade. Considerando que a Terra existe há bilhões de anos, é possível encontrarmos na natureza o Urânio exaurido, ou seja, aquele urânio que não possui mais uma emissão de radiação significativa, que já alcançou a estabilidade dos seus núcleos atômicos. O urânio exaurido tem aplicabilidade na área industrial. Com relação aos raios cósmicos, segundo Tahuata et al. (2014), essa radiação é oriunda do espaço sideral. São emitidas, em direção ao planeta, partículas como: prótons, elétrons, nêutrons, mésons, neutrinos, núcleos leves e radiação gama. São partículas com energia muito alta, centenas de megaelétron- volts (MeV), podendo chegar a gigaelétron-volts (GeV). Estamos tratando de centenas de milhões ou bilhões dessas partículas, respectivamente. A população terrestre conta com uma blindagem importante chamada de atmosfera. Conforme descreve Tahuata et al. (2014), a atmosfera terrestre atenua e absorve muitas dessas radiações cósmicas naturais, pois muitas partículas são freadas na atmosfera ou desviadas pelo cinturão magnético de Van Allen. Com isso, a radiação que os seres humanos têm contato aqui, na superfície terrestre, é originada de partículas secundárias, resultantes das interações das partículas primárias com as camadas da atmosfera terrestre. TÓPICO 3 | RADIOATIVIDADE 33 NOTA O cinturão magnético de Van Allen é uma espécie de campo magnético criado pelo próprio magnetismo terrestre, sendo mais intenso e espesso na altura da linha do Equador, e menos intenso e espesso nos polos Norte e Sul. A função desse cinturão é repelir os prótons de alta energia que vêm do Universo, principalmente do Sol, evitando que essas partículas cheguem à superfície terrestre. Inclusive, alguns céticos acreditam que o cinturão seja um dos empecilhos que não permite que o homem possa ter chegado até a Lua, pois o ser humano não suportaria a exposição à quantidade de radiação. É um fato que já foi desmistificado pela NASA e por outros cientistas. Uma curiosidade interessante abordada por Tahuata et al. (2014) é que pessoas que habitam regiões de maior altitude e/ou mais próximas aos polos Norte e Sul estão mais expostas às radiações naturais da atmosfera, fato que corrobora com a descrição anterior do cinturão de Van Allen. Considerando a dose das emissões atmosféricas com as do solo terrestre, a dose não ultrapassa um milisievert (mSv) por ano, salvo se você encontrar uma mina com minerais ricos em urânio e radônio. No caso, sua dose média/ano aumentará significativamente. Agora, preste atenção, afinal, você já é um conhecedor das radiações! Precisamos ficar atentos com relação ao cuidado com as camadas atmosféricas. Essa atmosfera, que tanto falamos até agora, é a camada gasosa da biosfera, ou seja, sem ela, a vida terrestre de seres humanos, animais e plantas é insustentável. Localizada com uma altura de cerca de 800 Km de altitude, é a principal blindagem que temos contra as radiações oriundas do espaço. A camada de Ozônio, por exemplo, atenua as emissões de radiação ultravioleta emitidas pelo Sol. Temos acompanhado em pesquisas e noticiários como a poluição global está afetando essas camadas atmosféricas. Conforme descreve Tahuata et al. (2014), o Comitê Científico das Nações Unidas sobre os Efeitos da Radiação Atômica (UNSCEAR) fez um comparativo da quantidade das radiações naturais que os seres humanos estão expostos, usando como referência dados do ano de 1982, confrontando com dados do de 2008. No gráfico, é possível observar como aumentou a exposição às radiações naturais dos seres humanos ao longo desses 26 anos. Ainda, como diminuíram as exposições médicas e ocupacionais, mais relacionadas com a exposição às radiações artificiais. Considerando não haver alteração no espaço sideral, nem no Sol ou no posicionamento do planeta Terra que justifique um aumento da emissão dessas partículas radioativas naturais, esse aumento da exposição só pode estar relacionado a uma redução da eficiência das camadas atmosféricas, mas é apenas uma suposição. 34 UNIDADE 1 | TÓPICOS DE FÍSICA NUCLEAR GRÁFICO 1 – DADOS DEMONSTRANDO O AUMENTO DAS EXPOSIÇÕES ÀS RADIAÇÕES NATURAIS E DEMAIS EXPOSIÇÕES FONTE: Adaptado de Tahuata et al. (2014, p. 44) Foi essa radioatividade natural que chamou a atenção de pesquisadores e cientistas, destacando-se Becquerel e Marie Curie. IMPORTANT E A filha de Marie Curie seguiu o mesmo caminho dos pais e, segundo Nobrega (2006), em 1934, Irene Curie e seu marido Joliot produziram o primeiro elemento radioativo de forma artificial, dando início a uma nova página na história da radioatividade. 4.2 RADIOATIVIDADE ARTIFICIAL Irene Curie e seu esposo fizeram experimentos e conseguiram tornar radioativos os átomos de fósforo (P-30) e nitrogênio (N-13). Desde então, os estudos avançaram e, atualmente, temos uma variedade de radioisótopos sendo produzidos artificialmente com aplicações na área da medicina, na área industrial e na conservação de alimentos. Para você compreender um pouco da importância desse processo de radioatividade artificial, vamos voltar para 1868. Segundo Okuno e Yoshimura (2010), na época, o russo Dmitri Ivanovich Mendeléev começou a organizar os TÓPICO 3 | RADIOATIVIDADE 35 elementos químicos de acordo com as suas propriedades químicas, alterando a posição de alguns elementos, já definida por outros cientistas, pois a tarefa de organizar os elementos químicos havia começado em 1789, com Lavoisier, que organizou 33 elementos. Depois, outros cientistas vieram aprimorando o trabalho e acrescendo elementos. Dentro da sua perspectiva, Mendeléev conseguiu organizar 63 elementos, apresentando, em 1869, o esboço da Tabela Periódica atual, deixando espaços vazios para novos elementos. Ele previa a existência de novos elementos, que ainda virão a ser descobertos. Mendeléev descobriu, ao longo dos 17 anos seguintes, três novos elementos: o gálio (Ga), o escândio (Sc) e o germânio (Ge). Depois, em 1898, o casal Curie descobriu o polônio (Po) e o rádio (Ra). Assim, com o passar dos anos, foram preenchendo-se as lacunas da Tabela Periódica. Em 1913, Henry Moseley, considerando como grandeza fundamental a quantidade de prótons no núcleo de um átomo, sugeriu que a Tabela Periódica de Mendeléev fosse adequada para que a sequência dos elementos químicos seguisse uma ordem crescente, de acordo com o número atômico (Z) de cada elemento. IMPORTANT E “Todos os elementos com Z maior do que 82, naturais ou artificiais, são radioativos e desintegram-se, passando
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