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Exame Físico Introdução O primeiro contato, a anamnese, é de extrema importância, pois além de ser crucial para o processo diagnóstico, também é o momento para a criação do vínculo médico-paciente, tendo em vista que a ação terapêutica do médico não se dá apenas pela aplicação de técnicas, mas também de sua função de terapeuta, escutando as queixas do paciente com atenção e empatia, estabelecendo neste momento, uma relação de cumplicidade. É importante ressaltar que o processo de acolhimento não se dá apenas com o enfermo, pois diante de casos de pacientes incapazes de relatar suas queixas, principalmente com pacientes idosos com quadros de demência e crianças, é importante que o mesmo vínculo seja estabelecido com o cuidador/acompanhante e pais, já que são eles que estão presentes nos momentos das queixas e observam o comportamento do enfermo na maior parte do tempo. Exame clínico: anamnese e exame físico. O termo exame clínico compreende a dois processos fundamentais da observação médica: a história clínica (ou anamnese), relatada pelo doente, e o exame físico, feito pelo médico. Já a Semiologia médica (semeîon, sinal + lógos, tratado, estudo) é a parte da medicina relacionada ao estudo dos sinais e sintomas das doenças humanas. Sinal e Sintoma Sinais: características objetivas da enfermidade, ou seja, que podem ser evidenciadas pelo médico sem ser necessário a interlocução do doente. Ex: febre, lesões tissulares, edemas, icterícia,etc. Sintomas: características subjetivas da enfermidade, de modo que só o paciente pode informar ao médico a existêcia e intensidade, sem que o examinador tenha como comprovar. Ex: dor, irritação, prurido,etc. Sintomatologia ou quadro clínico: Representa um conjunto de sinais e sintomas presentes em uma determinada doença. Ex.: disfunção temporomandibular. Definição de anamnese e exame físico Anamnese (do grego ana, trazer de novo; e mnesis, memória): é uma entrevista realizada por um médico com um paciente, que tem a intenção de ser um ponto inicial no diagnóstico de uma doença. É a primeira e fundamental peça do exame clínico. A anamnese compreende os seguintes tópicos, cada um apresentando uma função semiológica específica: (1) Identificação; (2) Queixa principal e duração; (3) História da Doença Atual (HDA); (4) Interrogatório Sintomatológico (ou Sistemático); (5) Antecedentes Pessoais e Familiares (Fisiológicos e Patológicos); (6) Hábitos de vida e condições socioeconômicas eculturais. Exame físico: também representa uma peça importante para o exame clínico. Sempre realizado depois de uma anamnese, o exame físico pode utilizar aparelhos médicos específicos, tais como: estetoscópio, esfigmomanômetro, termômetro, entre outros, ou por meio de manobras (palpação, auscuta) com o objetivo de melhor avaliar um órgão ou sistema na busca de mudanças anatômicas ou funcionais que são resultantes da doença. A ectoscopia ou exame físico geral compreende um momento em que o médico deve avaliar as condições gerais do paciente, tais como nível de consciência e orientação, hidratação e nutrição, fala e linguagem, sinais vitais, etc. O exame físico dos sistemas orgânicos será detalhado para cada um dos aparelhos nos próximos capítulos. Anamnese A anamnese (do grego, aná = trazer de novo; mnesis = memória) é a parte mais importante da clínica médica, pois envolve o núcleo da relação médico-paciente, onde se apoia a parte principal do trabalho médico. Além disso, preserva o lado humano da medicina e orienta de forma correta o plano diagnóstico e terapêutico. A anamnese, em síntese, é uma entrevista que tem por objetivo trazer de volta à mente todos os fatos relativos ao doente e à doença. É a parte mais difícil do exame clínico. Seu aprendizado é lento, apenas se conseguido após a realização de dezenas de entrevistas criticamente avaliadas. A anamnese é, para a na maioria dos pacientes, o fator isolado mais importante para se chegar ao diagnóstico. Durante a anamnese, ocorre o momento onde se estabelecem as regras subliminares da relação médico- paciente, que poderão vir a determinar o êxito futuro: do diagnóstico e da aderência ao tratamento, alicerçadas numa relação de respeito e amizade que deveria ocorrer já na primeira consulta. Pode-se abreviadamente descrever que em medicina a anamnese é o histórico que vai desde os sintomas iniciais referidos pelo paciente até o momento da observação clínica, realizado com base nas lembranças deste. Representa, a nosso ver, o momento da prática médica hierarquicamente mais importante onde, através dos Sinais e Sintomas revelados e detalhados pelo paciente e a experiência do médico que realiza a entrevista são os instrumentos básicos capazes de emitir uma hipótese diagnóstica e estabelecer uma conduta adequada do ponto de vista laboratorial para comprovar sua hipótese, encaminhar o paciente a um médico especialista em áreas que não são de sua competência ou para iniciar uma solução terapêutica. Temos a inteira convicção que muitos procedimentos invasivos e não invasivos e erros terapêuticos, por vezes onerosos e desnecessários, não seriam realizados se o médico tivesse efetuado parcimoniosamente uma boa anamnese. Existe, pois, uma relação direta entre uma boa anamnese e uma boa prática da medicina. Os objetivos da anamnese são, em resumo: Estabelecer condições para a relaçãomédico-paciente; Fazer a história clínica e conhecer os fatores pessoais, familiares e socioambientais relacionados com o paciente; Estabelecer os aspectos do exame físico que merecem maisinvestigação; Definir a estratégia seguida em cada paciente quanto aos exames complementares. É necessário ao médico ainda saber optar por exames com alta sensibilidade eespecificidade; Escolher procedimentos terapêuticos mais adequados em função dos diagnósticos e do conhecimento global do paciente. Para conseguir tal intento, o médico deve fazer uso das seguintes técnicas: facilitação (facilitar o relato do paciente por meio da postura médica), reflexão, esclarecimento (médico deve procurar definir de maneira mais clara o que o paciente está relatando), confrontação (mostrar ao paciente algo acerca de suas próprias palavras ou comportamento), interpretação (observação do médico a partir do que vai anotando sobre o relato do paciente) e respostas empáticas (intervenção do médico mostrando “empatia”, ou seja, compreensão e aceitação sobre os relatos). A anamnese é classicamente desdobrada nas seguintes partes: 1. Identificação; 2. Queixaprincipal; 3. História da doença atual, doenças preexistentes e medicamentos emuso; 4. Interrogatório sintomatológico ou anamneseespecial; 5. Antecedentes pessoais e familiares; 6. Hábitos de vida e condições socioeconômicas e culturais dopaciente. Identificação A identificação possui múltiplos interesses. O primeiro deles é de iniciar o relacionamento com o paciente. Saber o nome de uma paciente é indispensável para que se comece um processo de comunicação em nível afetivo. São obrigatórios os seguintes interesses: “Nome, idade, sexo, cor (raça: branca, parda, preta), estado civil, profissão (atual e anteriores), local de trabalho, naturalidade, residência. Data da internação, enfermaria, leito, Hospital.” Ex: Francisco Dantas, 58 anos, masculino, branco, casado, comerciante, natural e residente em Pombal-PB. Data da internação: 28/01/2009, Enfermaria 01, leito 08, Hospital Edson Ramalho. Queixa Principal Em poucas palavras, registra-se a queixa principal que levou o paciente a procurar o médico, repetindo se possível as expressões por ele utilizadas. Não se deve esquecer de pôr, como informação, a duração do sinal. A queixa principal é, portanto, o motivo que levou o paciente a procurar o médico. É a resposta da seguinte pergunta: “Qual o problema que o (a) trouxe ao hospital? Há quanto tempo o(a) senhor(a) sente isso?”. A resposta deve ser reescrita pelo médicobuscando seguir os seguintes pontos: Repetir as expressões utilizadas pelopaciente; Incluir sempre a duração daqueixa. Ex1: Dor no peito, há 2 horas; Ex²: Tosse, há 15 dias; Ex3:Dor “na boca do estômago”, há 1 semana. História da Doença Atual É a parte principal da anamnese e costuma ser a chave-mestra para se chegar ao diagnóstico. Tudo que foi dito, quando analisamos o método clínico e a anamnese, encontra sua melhor aplicação na leitura da história da doença atual (HDA). Para se obter uma HDA simples, deve-se lembrar de algumas regras fundamentais a seguir: Determine osintoma-guia; Explore: início do sintoma (época, modo, fator desencadeante), duração, características do sintoma na época em que teve início (caráter do sintoma; localização corporal e irradiação; intensidade; fatores desencadeantes, de piora ou de melhora; relação da queixa com funções do organismo), evolução, repercussões do problema sobre a vida do paciente, relação com outras queixas, situação do sintoma no momentoatual; Use o sintoma-guia como fio condutor da história e estabeleça as relações das outras queixas com ele. Use a ordemcronológica; As perguntas formuladas devem ser simples, acessíveis e de acordo com o nível cultural de cadadoente; As informações prestadas devem ser transcritas preferentemente em termos técnicos (médicos), mas, em certas ocasiões, será lícito transcrever para a HDA as palavras leigas (entre aspas), especialmente se elas referirem a um sintoma permanentemente enfatizado pelo paciente; Anote também nomes e resultados de exames laboratoriais realizados no decurso dadoença; Quando possível, permita que o paciente conte sua história como deseja e saliente os aspectos que ele considera importante. Evite perguntas sugestivas, que fornecem as respostas para as perguntas. A história deve ser narrada pelo próprio doente, sempre que possível, ou por intermédio de um responsável, no caso de doentes impossibilitados de falar, fato esse que deverá seranotado. A duração total de um sintoma refere-se ao intervalo do tempo entre a primeira ocorrência do sintoma até a consulta atual e inclui todos os períodos assintomáticos que possam ocorrer numa doença recorrente. Muitas vezes, a data assinalada como início, corresponde, na verdade, à exacerbação de um sintoma preexistente. O início refere-se não somente à ocasião da primeira ocorrência do sintoma (ou ocasião de aparecimento de crise), mas também à maneira do início e às circunstâncias relacionadas com esse início. A data do início deve ser obtida com precisão. “Quando sentiu pela primeira vez esse problema?” É, com frequência, uma pergunta útil, para se fixar a data da primeira ocorrência do sintoma. A ocasião da primeira ocorrência deve ser anotada, pelo número de dias, semanas, meses ou anos, antes do atendimento atual. Nos casos agudos é importante anotar a hora do início. O modo de início, gradual ou súbito, pode fornecer uma chave quanto ao tipo de processo patológico responsável pelo sintoma. É importante também o conhecimento de fatores ou eventualidades que precedem (ou coincidem) com o início do(s), como, por exemplo, perturbações emocionais, esforço físico, fadiga, movimentos musculoesqueléticos, traumatismos, fatores ambientais (más condições de trabalho ou do ambiente onde vive, alterações climáticas, etc.), funções orgânicas (sono, alimentação, evacuação, micção, período menstrual), gravidez, etc. Pergunte ao paciente como estava sua vida quando do início dos sintomas. O curso de um sintoma refere-se à natureza contínua, recorrente ou rítmica do mesmo. Cada sintoma apresenta seu curso, podendo regredir e desaparecer, ou então, desenvolver-se, progredir. Algumas doenças caracteristicamente evoluem em crise, por períodos, com surtos e remissões, outras seguem uma evolução contínua, com melhoras ou pioras parciais, ounão. Em relação a episódios agudos recorrentes, considere seu episódio mais recente (início, características, evolução), visto que este último é, em geral, o que é mais claramente lembrado (note a frequência e a duração das crises, bem como a duração dos períodos livres de sintomas). Pergunte: “Quando esse sintoma surge, ele é constante ou altera?” Se as ocorrências forem diárias, pergunte quantas vezes o sintoma ocorre durante um período de 24 horas. O sintoma assume um padrão rítmico em relação a alguma função orgânica? Se as ocorrências forem periódicas, o sintoma ocorre com intervalos de semanas, meses ou anos? E a duração dos períodossintomáticos? Neste momento, deve-se questionar quais são as características do sintoma (esta é a análise do sintoma). A análise do sintoma principal pode ser feita do seguinte modo: Caráter do sintoma: descrição subjetiva da queixa feita pelo paciente, que pode, por exemplo, descrever a sua dor como uma sensação de queimação, facada pressão, cólica, pontada etc. pergunte: “com o que a dor separece? Localização corporal e irradiação (este último, se o sintoma for dor): o paciente pode descrever a sua dor como localizada no meio do peito, irradiando-se (estendendo-se) para o braço esquerdo. Sugira que o paciente aponte com o dedo a localização e a irradiação da dor. Pergunte: “Onde dói?” E “Você a sente em algum outrolugar?” Intensidade: relaciona-se à sua severidade como é expressa pelo paciente (fraca, moderada, intensa). Não é uma medida quantitativa exata do grau de perturbação da função, porque, em geral, os indivíduos diferem em seus limiares de reação aos estímulos, de acordo com a sua personalidade, idade, raça e nívelsocial. Fatores de melhora e de piora: a origem e o significado do sintoma em estudo podem ser parcialmente determinados dirigindo-se o interrogatório para fatores que podem agravar ou aliviar o sintoma. Exemplo: dor retroesternal precipitada pelo esforço físico e aliviada pela cessação da atividade é um forte indício de angina do peito; dor epigástrica aliviada por um alcalino ou alimento, sugere doença ulcerosa; dor torácica agravada pela tosse e pela inspiração profunda sugere origempleurítica. Sintomas associados: o sintoma em estudo pode estar associado a outros sintomas num mesmo ou em outro sintoma do corpo. Esta associação pode indicar a origem do sintoma. Exemplo: uma súbita dor torácica com febre e calafrios sugere infecção pulmonar ou pleural; dor no quadrante superior do abdome associada à icterícia sugere comprometimento biliar; dor no ângulo costovertebral direito ou esquerdo associado à micção (disúria, polaciúria) sugere comprometimento do aparelhourinário. Efeitos de tratamento (s): considere o nome da medicação usada, se a droga aliviou o sintoma, a duração do uso e qual foi a dose usada. Se o paciente não souber informar o nome e/ou a dosagem da medicação em uso, registre ofato. Progressão: determine se o sintoma, durante a sua evolução particular, está melhorando, piorando ou permanece inalterado desde o momento em que surgiu até o estágio atual, ou seja, faça a análise atual do sintoma (progressão, regressão, inalterabilidade). Esta informação é de particular valor na análise dos sintomas caracterizados por crises, de modo a se saber se as crises estão aumentando, diminuindo de frequência ou gravidade, ou se estão na mesma intensidade, mas também no problema crônico e contínuo é relevante determinar se o sintoma permanece inalterado, exacerba-se, regride parcialmente ou torna-se progressivamentepior. Interrogatório Sintomatológico (Sistemático) Nesta parte da observação clínica, que complementa a HDA, é feito um interrogatório sistemático em busca de possíveis sintomas que não foram nela diretamente localizados. É um interrogatório dirigido, indagando-se sobre sintomas e sinais mais frequentes em cada um dos sistemas e seguindo-se uma sequência progressiva “da cabeça aos pés”. Os sintomas e sinais interrogados, porém negados, podem ajudar a confirmar ou afastar possibilidades diagnósticassugeridas pelos sintomas presentes. Anote dados positivos e negativos: este relato poderá ser útil em situaçõesposteriores. A sistematização proposta é a seguinte: 1. Sintomas gerais: febre (aumento de temperatura corporal); astenia (sensação de fraqueza); alterações do peso (ganho ou perda, tempo); sudorese (eliminação abundante de suor);calafrios (sensação momentânea de frio com ereção de pelos; relacionado com febre); prurido (sensação de coceira); alterações do revestimento cutâneo (áreas hipo ou anestesiadas, alterações da temperatura, lesões); alterações do desenvolvimento físico (nanismo, gigantismo, acromegalia, infantilismo, puberdade precoce, puberdadeatrasada). 2. Cabeça e pescoço: Crânio, face e pescoço: dor, alterações dos movimentos (paralisias, tiques, movimentos involuntários), alterações do pescoço (dor, tumorações cervicais, alterações nomovimento). Olhos: acuidade visual (boa ou má), dor, sensação de corpo estranho (sensação desagradável), queimação ou ardência (acompanhado ou não de dor), lacrimejamento (eliminação constante de lagrimas), sensação de olho seco (xeroftalmia), diplopia (visão dupla), fotofobia (hipersensibilidade à luz), escotomas (manchas ou pontos escuros no campo visual), secreção (líquido purulento recobrindo as estruturas do olho), nistagmo (movimentos repetitivos rítmicos dos olhos); xantopsia, iantopsia e cloropsia (visão amarela, violeta e verde,respectivamente) Ouvidos: acuidade auditiva (boa ou má), dor, otorreia (vazamento de secreção pelo ouvido), otorragia (perda de sangue pelo canal auditivo), zumbidos (sensação subjetiva de diferentes ruídos), vertigem (sensação subjetiva de estar girando em torno dosobjetos); Nariz e seios paranasais: obstrução nasal (nariz “entupido”), dor, rinorreia (corrimento nasal), espirros (isolados ou em crises), prurido (coceira interna ou externa), epistaxe (hemorragia nasal), alterações do olfato (hiposmia; anosmia; parosmia – perversão do olfato; cacosmia – sensação de maucheiro), drenagem nasal posterior (escorrimento de catarro pelascoanas); Cavidade oral e faringe: sialorreia (produção excessiva e escorrimento de saliva), xerostose (sensação de boca seca), halitose (mau hálito), dor, gengivorragias (sangramento gengival), lesões de mucosa, glossodínea (hipersensibilidade dolorosa da língua), odinofagia (deglutição dolorosa), disfagia (dificuldade de deglutir), pigarro (ato de raspar a garganta), tosse (seca ou produtiva), vômica (eliminar pus pela boca). 3. Tórax: Mamas: mastalgia (dor nas mamas), secreção mamilar(corrimento de líquido; perguntar a coloração), nódulos palpáveis (relatar localização emorfologia). Sistema cardiorespiratório: precordialgia (dor referente na região do precórdio),palpitações (percepção incômoda de batimentos cardíacos), dispneia(dificuldade respiratória), cianose (coloração azulada da pele causada por hipóxia), edemas (localização, morfologia, época quando surgiu), dor torácica (localização e características semiológicas), tosse (seca ou com expectoração), expectoração (volume, cor, odor e consistência), disfonia (dificuldade de falar), hemoptise (escarrar sangue), chiado (relação com dispneia e tosse), vômica (eliminação de pus oriundo das vias respiratórias). 4. Abdome: Parede abdominal: dor, alterações da forma e do volume (crescimento do abdome, hérnias, tumorações, edemas,etc.). Sistema gastrintestinal: disfagia, odinogafia, epigastralgia (dor no epigástrio ou “boca do estômago”, segundo os leigos), dor, pirose (sensação de queimação retroesternal), regurgitação(vômito: frequência e aspecto), eructação (arrotos), soluço, hematêmese (vômito com sangue: hemorragia digestiva alta), náuseas e vômitos, dispepsia (desconforto epigástrico, na forma de “empachamento”), hábito intestinal (nº. de evacuações diárias, aspecto das fezes – cor e consistência, presença de elementos anormais – sangue, muco e/ou pus), diarreia (duração, volume e consistência das fezes), esteatorreia (gordura nas fezes), cólicas, distensão abdominal, flatulência, hemorragia digestiva (alta ou baixa), icterícia, obstipação intestinal, sangramento anal (hemorragia digestivabaixa); 5. Sistema genitourinário: dor, incontinência urinária, retenção, modificações do jato urinário, alterações do volume e do ritmo urinário (oligúria, anúria, poliúria, noctúria, polaciúria, urgência), disúria (condição dolorosa ao urinar), alterações da cor e odor da urina (urina turva, hematúria, maucheiro). Para homens: lesões genitais, corrimento uretral, disfunções sexuais (impotência, ejaculação precoce, diminuição dalibido). Para mulheres: distúrbios menstruais (polimenorreia, oligomenorreia, amenorreia, hipermenorreia, hipomenorreia, menorragia, dismenorreia), corrimento, prurido, disfunções sexuais (dispareunia: dor no ato sexual; frigidez, diminuição da libido), menopausa e climatério (período de transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo damulher). 6. Sistema hemolinfopoiético: palidez, hemorragias (presença de petéquias: pontos vermelhos na pele), adenomegalias; esplenomegalia ehepatomegalia. 7. Sistema endócrino e metabolismo: hipersensibilidade ao calor ou frio, aumento ou diminuição da sudorese, tremores, irritabilidade ou apatia, insônia ou sonolência, parestesia ou tetania, cãibras, convulsões, poliúria, polifagia,polidipsia; 8. Sistema musculoesquelético: artralgias, sinais inflamatórios (edema, calor, rubor e dor), limitação de movimentos, deformidades, rigidezmatinal; 1. Sistema nervoso: distúrbios de consciência ou memória, tontura e vertigem, convulsões, ausências, distúrbios da motricidade voluntária e da sensibilidade (paresias, paralisias, parestesias, anestesias), distúrbios da marcha, do sono e das funções cerebraissuperiores; 10. Exame psíquico e avaliação das condições emocionais: consciência, atenção, orientação, humor, pensamento (normal, fantástico, maníaco, inibido, esquizofrênico, incoerente, prolixo, oligofrênico, compulsões, etc), ansiedade, choro frequente, irritabilidade, melancolia, sentimento de culpa e perda de interesse, perda de energia edesânimo. Antecedentes Pessoais e Familiares A investigação dos antecedentes não pode ser esquematizada rigorosamente. É possível e útil uma sistematização que sirva como roteiro e diretriz de pesquisa. 1. Antecedentes pessoaisfisiológicos Gestação e nascimento: como decorreu a gravidez (quando o paciente não sabe relatar, subtende-se que foi normal, uma vez que, se ele soubesse de algo, seria alguma patologia); se foi feito pré-natal; uso de medicamentos ou irradiações sofridas; viroses; condições de parto (normal, fórceps, cesariana; a termo ou pré-termo); estado da criança ao nascer; ordem do nascimento (com relação aosirmãos). Desenvolvimento neuropsicomotor(DNPM): o Dentição: informações gerais sobre a primeira e segundadentição; o Engatinhar e andar: anotando as idades em que estas atividades tiveraminício; o Fala: quando começou a pronunciar as primeiraspalavras; o Controle dos esfíncteres: quando deixou de urinar acama; o Aproveitamento escolar: rendimento e grau deescolaridade; Desenvolvimento físico: peso e tamanho ao nascer e posteriores medidas; desenvolvimento compatível com o dosirmãos? o Imunizações: vacinação compulsória na infância (BCG, Hepatite B, DTP, Anti-pólio, Hib, tríplice viral, etc.) e na vida adulta (vacina antitetânica, vacina paragripe); o Puberdade: época de seuinício; o Menarca: época doaparecimento; o Características do ciclo menstrual: duração do ciclo; duração e intensidade do fluxo menstrual, alteração na quantidade (menorragia); data da última menstruação; história obstétrica - número de gestação e partos (normais? cirúrgicos?); peso dos filhos aonascer; o Sexualidade e vida reprodutiva: época do primeiro contato sexual; número de parceiros (as); frequência das relações sexuais; uso do condom (camisinha);libido; o Climatério:idade da menopausa (natural ou cirúrgica); sintomas de insuficiência estrogênica (fogachos, sensação de ressecamentovaginal). 2. Antecedentes pessoais patológicos. Por sua vez, compreendem os seguintes itens que dizem respeito ao histórico de possíveis patologias que tenham acometido o paciente nopassado: Doenças sofridas pelopaciente: o Doenças da infância: sarampo, varicela, coqueluche, parotidite, moléstia reumática, amigdalites, rubéola; o Doenças apresentadas na vida adulta: tuberculose (“mancha no pulmão”, raios X do tórax anormais, tratamento para doenças no pulmão por 6 meses); DST (antigamente denominadas doenças venéreas, “doenças do mundo”), incluindo AIDS e hepatite viral; diabetes mellitus; hipertensão arterial; cardiopatias; febre reumática; asma brônquica; Sexo feminino: abortamentos (espontâneos? provocados? derepetição?). Alergia: quando se depara com um caso de doença alérgica, esta investigação passa a ter relevância especial, principalmente se tratando da existência de alergia a alimentos, drogas ou outras substâncias. Pesquisa-se, portanto, o seguinte: alergias ambientais, alimentares e medicamentosas; afecções de fundo alérgico (eczema, urticária, rinite alérgica easma); Cirurgias: anotar o tipo da intervenção, diagnóstico, data, resultados, nome do cirurgião e do hospital onde foramrealizadas; Traumatismos: data, acidente em si e suas consequências. É necessário indagar sobre o acidente e sobre as consequênciasdeste. Hospitalizações: motivo, diagnóstico(s), nome do hospital; Hemotransfusões: época, local,causa; Medicações atuais epassadas 3. Antecedentes familiares Estado de saúde (quando vivos) dos pais e irmãos do paciente; cônjuge, filhos (se houver). Se houver alguém doente na família, esclarecer a natureza da enfermidade; falecimento (causa eidade). Histórico familiar de enxaqueca, DM, tuberculose, hipertensão arterial sistêmica, câncer, doenças alérgicas, doença arterial coronária (IAM, angina), AVC, dislipidemia, úlcera péptica, colelitíase e varizes, doença de caráter hereditário: hemofilia, rins policísticosetc.
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