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VALOR ECONÔMICO AGREGADO, LUCRO CONTÁBIL E RISCO SISTÊMICO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DOS RESULTADOS DA LOJAS RENNER S.A. Joildo Fernandes Costa Júnior Carlos Antonio Leitoguinho Bitencourt João Moreira de Oliveira Júnior RESUMO O presente artigo teve como objetivo de estudo, analisar a relação do desempenho econômico-financeiro com o valor de mercado da empresa Lojas Renner S.A., com dados retirados da BM&FBOVESPA, no período de 2013 a 2017. A pesquisa objetivou compreender se uma empresa com uma sequência contínua de resultados positivos em seus últimos exercícios pode destruir valor em sua marca e consequentemente não ter agregado valor aos seus acionistas. Para melhor entendimento, realizou-se uma pesquisa quantitativa, descritiva, buscando mensurar o valor econômico agregado, através do Custo Ponderado de Capital (WACC). Diante dos resultados alcançados, observou-se que a agregação de valor ficou evidente, descartando a hipótese de destruição de valor pela administração financeira da empresa. Percebeu- se ainda, diante dos cinco anos pesquisados, que houve um aumento na geração de riqueza associada a redução parcial gradativa do capital de terceiros com elevação considerável do capital total investido. Foi possível observar que as análises confirmaram a expectativa teórica, onde o valor de mercado da empresa depende dos fundamentos financeiros e econômicos da mesma. Palavras-Chave: EVA®; WACC; Risco Sistémico; Gestão baseada em valor. Pedro Leopoldo – MG 2018 1. INTRODUÇÃO A globalização associada aos avanços tecnológicos experimentados na economia contemporânea, tem provocado constantes mudanças no mundo corporativo. O aumento do nível da concorrência entre os mercados, associado ao comportamento volátil da economia mundial, tem exigido uma atuação cada vez mais acertada na gestão financeira das corporações, proporcionando a elas um diferencial competitivo frente ao mercado. Segundo Assaf Neto (2016) a qualidade das decisões financeiras na gestão corporativa é determinante nos resultados econômicos dos acionistas e da sociedade. A velocidade com que uma informação ou notícia se espalha cresceu de uma forma tão exponencial nas últimas décadas que a tomada de decisões no mundo corporativo necessita ser rápida e acertada, quase instantânea em alguns momentos. Ao hesitar ou protelar uma decisão os efeitos podem ser brutalmente desfavoráveis, com reflexos instantâneos na bolsa de valores e no valor da empresa. A economia contemporânea propõe uma mudança de paradigmas com relação a mensuração do desempenho das empresas e de seus gestores, onde a comprovação de um passado brilhante com resultados contábeis satisfatórios deixou de ser sinônimo de bom desempenho. Para Ehbar (1999) e Assaf Neto (2016) empresas com excelentes resultados contábeis podem estar destruindo valor. Nessa mesma abordagem, Felix, Locatelli, Fernandes, & Ramalho (2015) afirmam que a geração de resultados contábeis positivos como lucro líquido, não é garantia de bom investimento, podendo tal empresa ser destruidora de valor para os acionistas. A maximização do lucro é colocada como objetivo da administração e sugerida pela teoria econômica, no entanto Assaf Neto (2016), relata que uma série de questionamentos são feitos com relação a maximização dos lucros, pois o lucro baseado nas métricas e indicadores contábeis não refletem a realidade das operações financeiras devido considerar o capital próprio como uma fonte de financiamento sem ônus. A administração financeira alicerçada nas teorias contemporâneas mais liberais da economia tem como objetivo maximizar a riqueza da empresa através do processo de tomada de decisões financeiras. De acordo com Smith (1776, como citado em Assaf Neto, 2016) “o empresário, ao procurar isoladamente maximizar sua riqueza, propicia automaticamente a realização dos objetivos de toda a sociedade.” O verdadeiro valor de uma empresa ou negócio, está atrelado ao seu desempenho esperado no futuro, na capacidade de produzir riqueza aos seus acionistas e não no capital despendido para aquisição dos seus ativos (Assaf Neto, Finanças corporativas e valor, 2016). Para a mensuração do valor de uma empresa ou negócio, Ehbar (1999) e Vargas (2002) afirmam que o Economic Value Added - EVA® é uma excelente ferramenta com capacidade de mensuração da performance empresarial. O EVA® segundo Cruz, Colauto, & Lamounier (2009), “por considerar o custo de oportunidade do capital, se caracteriza como melhor indicador de avaliação empresarial, além da capacidade de revelar oportunidades de ganhos econômicos.” Os pilares fundamentais em finanças corporativas são, o investimento, financiamento e distribuição de dividendo, o método do valor econômico agregado é capaz de mensurar a qualidade na tomada de decisão relativa aos pilares fundamentais mencionados (Damodaran, 2004). Copeland, Koller, & Murrin (2002) afirmam que, empresas com foco na construção de valor para seus acionistas se tornam mais sustentáveis saindo na frente de outras empresas que não priorizam esse mesmo objetivo. Diante dessa constatação surge a problemática na qual se baseará este estudo: uma empresa com uma sequência contínua de resultados positivos nos últimos exercícios pode ter destruído valor e não agregado o mesmo aos seus acionistas? Nesse contesto, o objetivo do presente artigo consiste em averiguar se a empresa Lojas Renner agregou valor aos seus acionistas nos últimos anos, aplicando o método do EVA® para mensuração dos resultados. Como objetivos específicos busca-se: identificar uma possível correlação entre os resultados contábeis e o valor econômico agregado desta organização. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 O Valor Econômico Agregado Em administração financeira a busca por resultados tem como objetivo maximizar a riqueza, garantindo o devido retorno financeiro aos investidores, sendo assim, as decisões de investimentos por parte da administração financeira das empresas precisão promover um retorno que supere o custo de capital, agregando valor a empresa e seus acionistas (Felix, Locatelli, Fernandes, & Ramalho, 2015). Ao longo dos anos a gestão das empresas impulsionadas pelo aumento da concorrência foi deixando de lado o objetivo de maximização dos lucros, mudando o foco para os acionistas que injetavam capital na empresa e esperavam um retorno acrescido de uma compensação pelo risco associado. A necessidade de incremento de capital para alavancar os negócios, frente a elevação exponencial da concorrência, impulsionou a necessidade de mensuração da capacidade de agregação de valor por parte das empresas por se tratar de um diferencial competitivo na busca por novos investimentos (Almeida, Vieira Neto, Salles, Soares, & Esteves, 2016). Segundo Martins (2001) o valor econômico agregado (EVA®) surge exatamente da necessidade de mensuração adequada de criação de riqueza por uma empresa, Assaf Neto (2014) corrobora ao afirmar que foi o intuito de poder mensurar o verdadeiro lucro econômico. O conceito do EVA® começou a ser formado entre as décadas de 50 e 60 com a publicação da pesquisa de Merton H. Miller e Franco Modigliani onde demostraram a relação de proporcionalidade entre a taxa de retorno e risco (Ehbar, 1999). No ano de 1982 o EVA® foi patenteado no Estados Unidos da América pela empresa de consultoria Stern Stewart & Co criada por Joel M. Strern e G. Bennet Stewart III (Cruz, Colauto, & Lamounier, 2009). Ehbar (1999) fala da revolução causada pelo EVA® afirmando que mais de trezentas empresas já tinham adotado esta metodologia para a gestão financeira e remuneração variável. Concordando com esta afirmação (Seoki & Woo, 2009) complementam afirmando ser uma excelente ferramenta de gestão da performance financeira. Assaf Neto (2016), define o EVA® com um indicador capazde mensurar a remuneração do capital investido destacando o excedente ao retorno mínimo exigido pelo mercado, permitindo evidenciar se a empresa está criando ou destruindo valor, apresentando as seguintes estruturas para o cálculo: EVA® = (ROI – WACC) x INVESTIMENTO (1) Onde, EVA® = Valor econômico agregado; ROI = Retorno sobre capital; WACC = Custo médio ponderado de capital; INVESTIMENTO = Capital total aplicado na empresa. EVA® = NOPAT – (WACC x INVESTIMENTO) (2) Onde, EVA® = Valor econômico agregado; NOPAT = Lucro operacional Liquido após tributação; WACC = Custo médio ponderado de capital; INVESTIMENTO = Capital total aplicado na empresa. Cruz, Colauto, & Lamounier (2009) descrevem que as equações 1 e 2 são equivalentes e apresentam formas alternativas para o cálculo do EVA®, podendo gerar feedback capaz de confirmar ou refutar decisões de alocação de capital além de servir como medida de desempenho da gestão financeira. Para Pinheiro (2010, como citado em Cruz, Colauto, & Lamounier, 2009) a aplicação da metodologia do EVA® pode levar os gestores de uma empresa tomarem decisões mais alinhadas com os interesses de longo prazo dos acionistas, alcançando desse modo o objetivo geral da economia contemporânea gerando riqueza para a empresa e seus acionistas. 2.2 O Custo de Capital O custo de capital reflete a expectativa de remuneração das fontes de investimentos, por exemplo, quando um investidor compra ações ou títulos de dívida de uma empresa eles perdem a oportunidade de investir em outras empresas ou segmentos, assim a possibilidade de remuneração desses outros investimentos constitui o custo de oportunidade. Na expectativa de obter tal investimento a empresa precisa oferecer uma remuneração superior ao custo de oportunidade do investidor (Berk, DeMarzo, & Harford, 2010). O custo de capital de uma empresa é composto por dois tipos de investimento, o capital próprio (acionistas) e o capital de terceiros (dívidas), assim um conjunto de diferentes fontes de capital geram custos diversos. Para a obtenção de um custo geral é feito uma média ponderada dos custos próprios e de terceiros, esse custo é representado pela sigla WACC originada da descrição Weighted Average Coast of Capital (Berk, DeMarzo, & Harford, 2010). WACC = rE * E% + rD * (1-TC) * D% (3) Onde, rE = Custo do capital próprio; E% = Fração da capital próprio no investimento; rD = Custo do capital de terceiros; TC = Alíquota corporativa de impostos; D% = Fração da capital de terceiros no investimento. 2.2.1 Custo do Capital Próprio Conforme descrito por Cruz, Colauto, & Lamounier (2009) o investidor não decide aplicar seu capital em determinado ativo se identificar uma outra oportunidade mais atraente, assim o custo de capital próprio deve ser no mínimo igual a remuneração encontrada em outras oportunidades do mercado com risco comparável. A determinação da remuneração do capital próprio se torna difícil, pois o acionista não declara para a empresa qual é a sua exigência de remuneração. Ross, Westerfield, Jaffe, & Lamb (2015) apontam o modelo de precificação de ativos financeiros (CAPM) como a solução para a estimativa do retorno exigido pelos acionistas. Para Berk, DeMarzo, & Harford (2010) o CAPM é uma ferramenta poderosa utilizada amplamente para determinar qual deve ser o prêmio para certo grau de risco sistêmico, podendo estimar o retorno esperado sobre as ações e investimentos nas empresas. O retorno esperado pode ser escrito como: RS = RF + β * (RM – RF) (4) Onde, RS = Retorno esperado; RF = Taxa sem risco; RM = Risco de Mercado; β = Risco da empresa em relação ao mercado acionário 2.2.2 Custo do Capital de Terceiros O custo do capital de terceiros, também chamado de custo da dívida, é a taxa de juros existente no mercado para contratação de novos financiamentos de longo prazo ou emissão de títulos de dívida (Berk, DeMarzo, & Harford, 2010). Para Solomon & Pringle (1980, como citado em Queiroz, 2008) o custo de capital de terceiros é maior que a taxa de juros livre de risco (risk-free) e maior que o custo do capital próprio, porém no Brasil existe algumas particularidades que não permite a consolidação desta proposição conceitual. As empresas de capital aberto como a empresa objeto de pesquisa do presente artigo podem obter benefícios como taxas subsidiadas, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES por exemplo, o que permite obter um custo de capital de terceiros inferior a taxa de juros livre de risco (Queiroz, 2008). Segundo Felix, Locatelli, Fernandes, & Ramalho (2015), Queiroz (2008) e Assaf Neto (2016), o custo de capital de terceiros deve ter as tributações deduzida, conforme a equação 4. 𝐾𝐾𝑖𝑖 = 𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝐹𝐹𝑖𝑖𝐹𝐹𝐷𝐷𝐹𝐹𝐹𝐹𝐷𝐷𝑖𝑖𝐹𝐹𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑙𝑙í𝑞𝑞𝑞𝑞𝑖𝑖𝑞𝑞𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑞𝑞𝐷𝐷 𝑖𝑖𝑖𝑖𝐷𝐷𝑖𝑖𝐷𝐷𝑖𝑖𝑖𝑖𝐷𝐷 𝑃𝑃𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝑖𝑖𝑃𝑃𝑖𝑖 𝑔𝑔𝐷𝐷𝐹𝐹𝐷𝐷𝑞𝑞𝑖𝑖𝐹𝐹 𝑞𝑞𝐷𝐷𝐷𝐷𝑖𝑖𝐷𝐷 𝑞𝑞𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 (5) Onde, Ki = Custo de Capital de terceiros. Para mensuração do custo de capital de terceiros de empresas de capital aberto pode ser usado os dados disponíveis pela Bovespa de forma padronizada. 3. METODOLOGIA A natureza da pesquisa é quantitativa tendo como meio de investigação a pesquisa documental com o objetivo descritivo pois, conforme Vergara (2016) e Gil (2008), a pesquisa descritiva permite a verificação das características do fenômeno em estudo estabelecendo uma correlação entres as variáveis estudadas. O presente trabalho apresenta como objetivo a mensuração do valor agregado aos acionistas pela gestão da empresa Lojas Renner durante seus últimos 5 anos de operação como empresa de capital aberto. A pesquisa busca utilizar tal objetivo para responder a seguinte problemática: uma empresa com uma sequência contínua de resultados positivos nos últimos exercícios pode ter destruído valor e não agregado aos acionistas? Para realização da pesquisa foi feito um corte temporal de 5 anos compreendidos entre 2013 e 2017, referente aos últimos 5 exercícios contábeis consolidados. O interesse pela problemática apresentada surgiu durante a análise e seleção de uma carteira de investimentos utilizando análises financeiras superficiais, realizada por meio dos dados históricos da LREN3, que apontaram um excelente desempenho do ponto de vista contábil, utilizando como variável de análise a evolução do lucro contábil e valorização histórica das suas ações negociadas na Bovespa. A Lojas Renner S.A. constituída em 1965, apresenta uma boa paridade com o mercado de capital, sendo a primeira corporação brasileira com 100% do seu capital em ações negociadas na bolsa de valores. Com excelentes resultados contábeis, a Lojas Renner S. A. detém o posto de maior varejista de moda do Brasil em termos de faturamento, estando presente em todos os estados brasileiros, contando com um total de 330 lojas físicas e iniciando suas operações fora do Brasil com a implantação de duas lojas no Uruguai. Os dados utilizados na verificação do valor agregado nos últimos 5 anos foram obtidos pelo sítio da Bovespa através das Demonstrações Financeiras Padronizadas – DFP (consolidada) e a análise documental realizada nos documentos: Demonstração do Resultado; Balanço Patrimonial e Demonstração do Fluxo de Caixa referentes e cotações históricas do ativo LREN3 e o índice IBOV com periodicidade diária dos últimos 5 exercícios contábeis consolidados. Para mensuração do valor econômico agregado pela administração financeira da Lojas Renner S.A. foi utilizado a equação 2 e os passos necessários serão apresentados abaixo: • Custo ponderado de capital – WACC (equação 3); o Custo de Capital Próprio - CAPM (equação 4); Taxa livre de Risco: Foiutilizado a taxa de referência do título público NTN-B 2035 5,68% a.a. + projeção do IPCA 4% (Banco Central do Brasil, 2018) β: Foi obtido através do modelo de mínimos quadrados ordinários aplicado entre a variabilidade das ações da LREN3 (variável dependente) e o índice IBOV (variável independente) (Felix, Locatelli, Fernandes, & Ramalho, 2015). Risco de Mercado: Foi adotado 5% com base no risco brasil e práticas de mercado (Felix, Locatelli, Fernandes, & Ramalho, 2015). o Fração da capital próprio no investimento; Razão entre o capital investido pelos acionistas (Nº ações ordinárias * cotação) e total investido (c. próprio + c. terceiros). o Custo de Capital de Terceiros (equação 5); Despesas Financeiras Líquidas de Impostos: Foi utilizado os lançamentos da conta 3.06.02 da DRE referente a despesas financeiras multiplicada pelo inverso da taxa de custo tributário (1- 34%) (Queiroz, 2008). Passivo gerador destas despesas: Foi efetuada a soma das contas 2.01.04 e 3.06.02 do BP referentes a empréstimos e financiamentos dos passivos circulante e não circulante respectivamente (Queiroz, 2008). o Fração da capital de terceiros no investimento; Razão entre a dívida (capital de terceiros) e total investido (próprio + terceiro). • Lucro operacional Líquido após tributação – NOPLAT: o Foi utilizado a conta 3.07 da DRE referente ao resultado antes dos tributos sobre o lucro e multiplicado pelo inverso da taxa de custo tributário (1-34%) (Assaf Neto, 2016). • Investimento: o Foi realizado a soma da conta 1.02 do BP referente ao ativo não circulante e a conta 6.01.02 da demonstração do fluxo de caixa referente a variação nos ativos e passivos (Assaf Neto, 2016). 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS Consolidada a coleta de dados e realizado os cálculos pertinentes a análise dos resultados, foi possível mensurar o nível de geração de riqueza para os acionistas da Lojas Renner S.A. conforme objetivo do presente trabalho. Na apuração do WACC foi empregado o CAPM para a mensuração do custo de capital próprio com a estimativa do risco sistêmico β igual a 0,83 que foi estimado pelo modelo de mínimos quadrados ordinários com nível de significância de 1%, conforme apresentado na tabela 1. Tabela 1 - Estimativa do beta Variável Coeficientes Erro Padrão Estatística-t Probabilidade C 0,000936 0,000435 2,216753 0,0268 Ibovespa 0,831659 0,029826 27,88343 0,0000 R² 0,386908 F-statistic 777,4857 R² ajustado 0,386410 Prob (F-statistc) 0,000000 V. Dependente LREN3 Nº observações 1234 Fonte: Dados de Pesquisa - EViews software Com o valor do β < 1 há indicação de que os retornos das ações da LREN3 possuem menor sensibilidade aos riscos sistêmicos que o Ibovespa, a estimativa do β foi testada pelo método de White e não apresentou heteroscedasticidade, permitindo aceitar a hipótese de variância constante dos erros conforme resultados apresentados na tabela 2. Tabela 2 - Teste White Teste de heteroscedasticidade Estatística F 2,329665 Probabilidade F(2,1231) 0,0978 Nº de observações* R² 4,653073 Probabilidade Qui-quad (2) 0,0976 Variável dependente Residuo² Hipótese H0 Aceita Fonte: Dados de Pesquisa - EViews software Com a estimativa do risco sistêmico, o modelo de precificação de ativos financeiros (CAPM) foi calculado e apresentou um custo de capital próprio médio para o período de 13,84%, bem superior ao custo médio de capital de terceiros 5,64%. A razão para essa distorção do custo de capital de terceiros se sustenta pela oferta de financiamentos com juros subsidiados pelo BNDES e políticas de incentivo conforme citado no referencial teórico. Os valores estimados para o custo ponderado de capital calculados pelo método do WACC e o grau de participação dos capitais próprios e de terceiros respectivamente são apresentados na tabela 3. Tabela 3 - WACC 2017 2016 2015 2014 2013 Custo Ponderado de Capital 13,23% 13,04% 12,81% 12,58% 12,07% Fração da empresa financiada com ações 93,13% 88,84% 85,19% 83,29% 81,16% Fração da empresa financiada com dívidas 6,87% 11,16% 14,81% 16,71% 18,84% Fonte: Dados de Pesquisa A tabela 4 apresenta o desempenho operacional através do retorno ao capital investido (ROIC) que foi suficiente para remunerar o custo de capital e realizar retornos aos acionistas mensurado pela diferença entre o ROIC e o WACC, resultando em um spread positivo em todo o período analisado. Tabela 4 - Retornos aos Acionistas 2017 2016 2015 2014 2013 Custo Ponderado de Capital 13,23% 13,04% 12,81% 12,58% 12,07% Retorno ao Capital Investido 21,96% 22,83% 23,37% 23,24% 21,83% Spread 8,73% 9,78% 10,56% 10,66% 9,76% Fonte: Dados de Pesquisa Os resultados positivos representados pelo spread ao longo do período demonstram que a empresa gera riqueza aos acionistas, não destruindo valor ao longo das suas operações nos últimos 5 anos. A geração de valor mensurada pelo EVA® está apresentada na tabela 5, sendo o seu resultado gerado pela multiplicação do capital investido pelo spread calculado na tabela 4. Tabela 5 - Geração de Valor Adicionado (R$ Mil) 2017 2016 2015 2014 2013 Spread 8,73% 9,78% 10,56% 10,66% 9,76% Capital Investido 3.017.712 2.522.134 2.340.302 2.011.145 1.761.473 EVA 263.371 246.769 247.130 214.358 171.975 Fonte: Dados de Pesquisa Os resultados apresentados no corte temporal da pesquisa demonstra uma sólida gestão voltada para a agregação de riqueza aos acionistas, a baixa demanda por capital de terceiros frente a evolução patrimonial observada, aponta uma excelente administração financeira, nos últimos 5 anos a evolução do capital investido chegou próximo a 100% variando inversamente proporcional ao endividamento que no mesmo período obteve uma redução de aproximadamente 64%, conforme dados apresentados na tabela 3. O fato da Lojas Renner S.A. ter 100% do seu capital em ações negociadas na bolsa de valores pode ser um diferencial para aplicação dos seus esforços na direção da agregação de valor para seus investidores. Mesmo durante um período difícil para a economia brasileira, a Lojas Renner S.A. continuou crescendo de forma exponencial. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A empresa objeto de estudo apresenta uma particularidade muito interessante por ser totalmente de capital aberto, o que reforça ainda mais o compromisso com a agregação de valor aos acionistas. O compromisso com a agregação de valor ficou evidente nos resultados mensurados pela pesquisa, descartando a hipótese de destruição de valor pela administração financeira da Lojas Renner S. A. A empesa demonstra uma gestão focada na geração de resultados positivos não apenas nos indicadores contábeis mais também nos indicadores financeiros como o EVA®. A margem de dívida da empresa é razoavelmente pequena, mesmo em um período onde a economia brasileira apresentou dificuldades e retração, a baixa alavancagem financeira gera pontos positivos para a confiança dos investidores, pois ao longo dos 5 anos pesquisados houve um aumento na geração de riqueza associada a redução parcial gradativa do capital de terceiros com elevação considerável do capital total investido. O movimento crescente dos resultados financeiros e estruturais da empresa associada a redução do uso da dívida indica uma saúde financeira positiva gerando atratividade para o investimento junto suas ações na Bovespa. O uso da dívida embora venha sendo reduzida com o passar dos anos, a empresa também se destaca pela contratação de financiamentos com excelentes taxas de juros, operando junto a parceiros importantes como o BNDES por exemplo. Para finalizar, após tratamento dos dados coletados ficou descartada a hipótese de destruição de valor pela Lojas Renner S. A. para consolidação dos resultados e questionamentos sugerido pelo problema depesquisa, se faz necessário a realização de uma pesquisa mais ampla confrontando os resultados de várias empresas do mesmo setor. Por esse motivo não se deve generalizar os resultados encontrados ao mercado varejista brasileiro. REFERÊNCIAS Almeida, L. S., Vieira Neto, J., Salles, M. T., Soares, C. A., & Esteves, Y. d. (2016). Análise comparativa entre o EVA e os indicadores financeiros (contábeis) tradicionais de empresas da construção civil brasileira: um estudo documental. Gestão & Produção, 4(23), 733-756. doi:https://dx.doi.org/10.1590/0104-530x1722-15 Assaf Neto, A. (2014). Valuation: metricas de valor e avaliação de empresas. São PAulo: Atlas. Assaf Neto, A. (2016). Finanças corporativas e valor (7ª ed.). São Paulo: Atlas. Banco Central do Brasil. (2018). Relatório Focus,. Brasilia. Acesso em 03 de 08 de 2018, disponível em https://www.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/R20180803.pdf Berk, J., DeMarzo, P., & Harford, J. (2010). Fundamentos de Finanças Empresariais. (C. d. Andrei, Trad.) Porto Alegre: Bookman. Copeland, T., Koller, T., & Murrin, J. (2002). Avaliação de Empresas: calculando e gerenciando o valor das empresas (3ª ed.). (A. V. Hastings, Trad.) São Paulo: Pearson. Cruz, U. O., Colauto, R. D., & Lamounier, W. M. (2009). Valor Econômico Agregado e Lucro Contábil: Evidências Novo Mercado. Revista Contabilidade e controladoria, 3(1), 185-199. Fonte: https://revistas.ufpr.br/rcc/article/viewFile/20658/13787 Damodaran, A. (2004). Finanças corporativas: teoria e prática. (2ª ed.). Porto Alegre: Bookman. Ehbar, A. (1999). EVA: valor econômico agregado: a verdadeira chave para criação de riqueza. Rio de Janeiro: Qualitymark. Felix, F. S., Locatelli, R. L., Fernandes, F. J., & Ramalho, W. (2015). Construção Civil no Brasil: Criando ou Destruindo Valor? 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Análise de Valor Agragado (EVA) em projetos. Rio de Janeiro: Brasport. Vergara, S. C. (2016). Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas.
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