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Material de Leitura - Teoria da Contabilidade IPTV UEA

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS 
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS 
Modalidade: Ensino Presencial com Mediação Tecnológica 
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Disciplina: Teoria da 
Contabilidade 
 
Este material contém indicações de leituras e textos referentes a disciplina. 
 
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS 
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS 
Modalidade: Ensino Presencial com Mediação Tecnológica 
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ESTRUTURA DA DISCIPLINA 
 
Prezado (a) Aluno (a), 
Seja bem-vindo (a) ao estudo da disciplina 
Teoria da Contabiliade que se apresenta 
como pauta essencial para seu 
desenvolvimento acadêmico e sucesso 
profissional. 
O processo de tomada de decisão requer 
informações tempestivas e fidedignas para 
que você avalie, de forma racional, as 
melhores possibilidades e cenários que 
contribuam para alcançar os resultados 
desejados. 
Nesse sentido, a contabilidade apresenta-se 
como uma importante ferramenta que o (a) 
apoiará nos muitos desafios que o mercado 
apresenta. 
Fatores internos e externos podem elevar o 
grau de dificuldade no que se refere ao 
processo de tomada de decisão, sobretudo, 
quando fenômenos como a instabilidade 
econômica e a alta concorrência se mostram 
presentes. 
Com base nisso, conhecer e dominar uma 
ferramenta que propicie informações 
relevantes e em tempo hábil torna-se 
imperativo para o sucesso das organizações e, 
consequentemente, o seu sucesso como 
tomador de decisões. 
Sua performance profissional ganhará 
destaque quando do uso estratégico das 
informações contábeis, que poderão ser 
utilizadas, por exemplo, para a criação de 
cenários que alavanquem os resultados 
pretendidos. 
Diante disso, estudaremos o patrimônio e 
seus elementos, o objetivo da contabilidade, a 
mensuração e o reconhecimento dos fatos 
contábeis. Abordaremos também a 
importância dos órgãos reguladores da 
contabilidade e da estrutura conceitual. 
Para ter sucesso na disciplina, aproveite todas 
as orientações de estudo apresentadas neste 
material. Realize as leituras obrigatórias, pois 
além de conterem o conhecimento necessário 
para o curso e para sua carreira, fazem parte 
das atividades de estudo. Atente para a leitura 
dos materiais complementares, os quais irão 
auxiliá-lo (a) no aprofundamento dos 
conteúdos. 
 
 
 
 
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DINÂMICA DE ESTUDOS 
 
Prezado (a) aluno (a), 
 
Neste material de estudos você encontrará todas as orientações e indicações para o 
desenvolvimento da sua formação na disciplina de Teoria da Contabilidade. 
Em cada unidade do material você terá de ler os materiais indicados que, além de serem base para 
as atividades das avaliações, também serão a base do conhecimento para o curso. 
Além desse material, é fundamental que você participe dos estudos de caso e exercícios da 
disciplina. 
Observe que este percurso formativo vai orientar o seu estudo e você precisará de dedicação para 
cumprir com o que está proposto. É importante que você separe algumas horas da sua semana para 
a realização dos estudos e conte sempre com o professor auxiliar para o esclarecimento das suas 
dúvidas pedagógicas e com a equipe acadêmica para as demais informações ou orientações. 
 
Ótimo Estudo! 
UNIDADE 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE E TEORIA 
DA AGÊNCIA 
 
 OBJETIVOS 
 
1. Explicar o que é teoria da contabilidade; 
2. Enfatizar a importância do estudo teórico dos fenômenos contábeis; 
 
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3. Definir a contabilidade como ciência; 
4. Explicar alguns dos desafios do processo de teorização contábil.
 
 FORMAÇÃO TEÓRICA 
 
 
Em sua vida profissional, você perceberá que tomar decisões assertivas é imperativo para o seu 
sucesso profissional, nesse sentido, fazer uso de ferramentas que alavanquem os resultados 
pretendidos fará toda a diferença. ludícibus destaca que o objetivo básico da Contabilidade é 
“fornecer informações econômicas para os vários usuários, de forma que propiciem decisões 
racionais”. 
 
A decisão certa, na hora certa, pode favorecer os resultados das organizações que, diante dos 
desafios internos e externos postos, buscam fortalecer a estrutura organizacional melhorando sua 
lucratividade e, consequentemente, concorrendo para a sua continuidade. No momento em que 
você está estudando esse material, diversas empresas estão fechando as portas no Brasil. São vários 
os fatores que podem provocar o fracasso das empresas: crises, alta concorrência, falta de capital 
de giro, bem como, falta de informação útil e tempestiva que proporcionem decisões estratégicas 
de curto, médio e longo prazos. Sendo assim, os temas abordados nessa unidade são de essencial 
pertinência para o seu crescimento profissional e pessoal. 
 
A evolução histórica da Contabilidade surgiu da necessidade de controlar o patrimônio, bem como 
de obter informação. Historiadores relatam que os primeiros sinais objetivos da existência de contas 
aconteceram aproximadamente 2000 a.C. Provavelmente, formas rudimentares de contagem de 
bens podem ter surgido por volta do 4º milênio a.C. 
 
Com o passar do tempo, as transações comerciais tornaram-se mais complexas e, em consequência 
disso, aumentou a necessidade do aperfeiçoamento do instrumento de medição patrimonial. 
 
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Historicamente, o grau de desenvolvimento da Teoria Contábil está diretamente associado ao grau 
da atividade mercantil, social e institucional das sociedades, cidades ou nações. 
 
Torna-se importante conhecer e compreender essa evolução, bem como a utilização da 
contabilidade como ferramenta indispensável para as empresas e gestores. 
 
Para apoiá-lo (a), utilize os textos destacados acerca desse assunto. 
 
A evolução histórica da contabilidade. 
 
o Origem da contabilidade 
o Ascenção da Escola Europeia 
o A invasão norte-americana (a escola anglo-saxônica) 
o O caso brasileiro 
o Perspectiva da contabilidade e da profissão contábil no Brasil 
o Algumas datas e eventos importantes da evolução histórica da contabilidade (escola italiana) 
 
Entre no site https://administradores.com.br/artigos/luca-pacioli-e-o-metodo-das-partidas-dobradas e 
acesse o artigo “Luca Pacioli e o Método das Partidas Dobradas”, de Paula Gomides. 
Nesse material você encontrará informações sobre um método contábil que se tornou conhecido 
através da publicação de Luca Pacioli em 1494 e que é aplicado até os dias de hoje. 
 
Você compreenderá que toda partida corresponde a uma contrapartida e que o total dos débitos será 
sempre igual ao total dos créditos. Boa leitura! 
https://administradores.com.br/artigos/luca-pacioli-e-o-metodo-das-partidas-dobradas
 
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Os postulados e princípios que norteiam a contabilidade. 
 
Ao longo da história das Ciências Contábeis pode-se identificar uma estrutura própria cuja base é 
norteada por normas, procedimentos, postulados e princípios contábeis. 
 
Um dos pilares para o estudo e pesquisa da contabilidade são os postulados contábeis que trata, 
especificamente, da distinção do patrimônio da entidade, bem como de sua continuidade. De 
acordo com Iudícibus, “A contabilidade é mantida para entidades, como pessoas distintas dos sócios 
que as integram e que, se supõe, continuarão operando por um período indefinido de tempo.” 
(Iudícibus, 2015). Para o autor, a entidade e a continuidade constituem o pilar sobre o qual se baseia 
todo o edifício dos princípios contábeis. 
 
O outro pilar que fundamenta a teoria da contabilidade é formado pelos princípios contábeis quenorteiam a mensuração dos elementos patrimoniais e do resultado econômico. Assim temos; 
 
 
 
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Os princípios contábeis a serem destacados, são: 
 
o Custo original como base de valor ou princípio do valor original e suas variações; 
o Competência ou realização da receita e confrontação da despesa; 
o Primazia da essência sobre a forma. 
 
A importância da informação contábil para o processo de tomada de decisão. 
A partir da leitura sugerida, você deve ter percebido que a teoria da contabilidade passou por 
mudanças e foi influenciada pelas mais diversas escolas, entre elas a europeia e a anglo-saxônica. 
No Brasil, assim como nos demais países da América Latina, as informações contábeis estavam mais 
voltadas para o atendimento das normas fiscais e tributárias. Historicamente, esse fenômeno 
ocorreu justamente pela escassez do debate teórico no país. 
 
A partir de 2008, com a publicação da Lei 11.638/2007, que modificou a Lei das Sociedades por 
Ações (6.404/79 - Lei das S/As), e com a criação do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), as 
Normas Brasileiras de Contabilidade convergiram para as Normas Internacionais – IASB 
(International Accounting Standards Board). Isso significa que a linguagem contábil brasileira aderiu 
aos padrões internacionais de contabilidade normalmente aceitos e que seu objetivo, apresentar 
informações úteis aos usuários, alcançou maior efetividade. 
 
As características qualitativas da informação contábil. 
 
Já está claro que a informação contábil é essencial para as organizações e para os seus usuários, 
entretanto, ela precisa ser relevante e representar fielmente suas variações patrimoniais. Para 
tanto, a contabilidade deve observar normas e procedimentos que favorecem e contribuem com a 
qualidade da informação contábil. 
 
O CPC 00 R2 apresenta as características qualitativas a serem perseguidas e que se subdividem em: 
 
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- Fundamentais: Relevância e Representatividade Fidedigna 
- De melhoria: Comparabilidade, compreensibilidade, verificabilidade e tempestividade 
 
Você terá mais informações sobre o tema através do link: 
http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/573_CPC00(R2).pdf , assim, copie o endereço destacado, 
acesse e leia os itens abaixo indicados constantes no “CPC 00”. Nesse material, você encontrará o 
objetivo da elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro de propósito geral (item OB1 – 
OB21) e as Características qualitativas da informação contábil-financeira útil (item QC1 – QC39). 
 
REFLEXÃO PROPOSTA: 
 
Tema: A importância da informação contábil no processo de tomada de decisão 
 
Texto 1 - Qualidades da informação contábil e a prevalência da essência sobre a forma 
 
Os estudos e pesquisas mais recentes sobre estruturas conceituais básicas da Contabilidade, em 
nível internacional, têm destacado, até como pré-requisito, os Princípios Fundamentais de 
Contabilidade (por nós hierarquizados, neste livro, em Postulados, Princípios e Convenções), a 
importância e os cuidados que devem ser tomados com relação a: 
 
 a) algumas qualidades da informação contábil; 
 b) prevalência da essência sobre a forma. No que se refere às qualidades, é importante destacar 
algumas delas: 
1. tempestividade; 
2. integralidade; 
3. confiabilidade; 
4. comparabilidade; 
http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/573_CPC00(R2).pdf
 
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5. compreensibilidade. 
 
Em nível nacional, o Conselho Federal de Contabilidade editou a Resolução CFC nº 785, de julho de 
1995, em que essas qualidades (chamadas de atributos no documento do CFC) são enunciadas e 
explicadas. A Tempestividade diz respeito, em essência, ao fato de que as informações e 
demonstrações contábeis, para serem úteis para os usuários, devem ser editadas em tempo hábil 
para que o tomador de decisões possa extrair o máximo de utilidade da informação para os 
propósitos a que se destina. 
 
De pouco adianta dispor de uma Demonstração de Resultados de uma Entidade, absolutamente 
perfeita e extremamente detalhada, somente um ano após a data do término do exercício social 
que contempla. A Integralidade (Completeza, segundo o CFC, incluída no Atributo da Con- 
fiabilidade) diz respeito ao fato de a informação contábil ter de compreender todos os elementos 
relevantes e significativos sobre o que se pretende revelar ou divulgar, como transações, previsões, 
análises, demonstrações, opiniões ou outros elementos. A Confiabilidade é a qualidade (atributo) 
que faz com que o usuário aceite a informação contábil e a utilize como base para suas decisões, 
tornando-se, assim, um elo fundamental entre o usuário e a própria informação. Para serem 
confiáveis, as informações contábeis, além de sua Integralidade ou Completeza, devem ser 
baseadas nos Princípios Fundamentais de Contabilidade (Postulados, Princípios e Convenções) e, 
em geral, nos preceitos da doutrina contábil. A Comparabilidade deve poder propiciar ao usuário o 
discernimento da evolução, no tempo, da entidade observada ou comparações entre entidades 
distintas, não devendo, entretanto, constituir entrave para a evolução qualitativa da informação. A 
Compreensibilidade revela a qualidade da informação contábil, que deve ser exposta da forma mais 
compreensível possível, para que o usuário possa, efetivamente, entendê-la e utilizá-la de forma 
cabal nas tomadas de decisões. No que se refere à Prevalência da Essência sobre a Forma, na 
verdade, está-se a tratar de algo tão importante para a qualidade da informação contábil, que me- 
receria até ser considerado Postulado ou Pré-requisito ao conjunto de Postulados, Princípios e 
Convenções. Sempre que houver discrepância entre a forma jurídica de uma operação a ser 
 
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contabilizada e sua essência econômica, a Contabilidade deverá privilegiar a essência sobre a forma. 
O caso (e exemplo) mais tradicional é o constituído por certas operações de leasing, que, na 
essência, são compras financiadas, disfarçadas. 
 
A observância da Prevalência da Essência sobre a Forma levaria a registrar a operação tanto no Ativo 
como no Passivo, amortizando-se um pelas depreciações e outro do total da prestação por aquela 
parcela que ultrapassa o valor do juro implícito embutido, sendo esta última a despesa do período. 
A observância da Prevalência da Essência sobre a Forma é um pré-requisito fundamental da 
aplicação correta do conjunto de conceitos fundamentais que são os Postulados, Princípios e 
Convenções. A preocupação e o zelo na aplicação deste importante conceito devem estar sempre 
presentes no trabalho do contador e do auditor. Esta importante pré-condição é fruto típico da 
forma “Anglo” de encarar a contabilidade. Deve prevalecer a essência de uma operação sobre sua 
forma jurídica, caso haja discrepâncias que a aplicação contábil da operação, sob o aspecto formal, 
possa acarretar sobre sua contabilização pelo aspecto da sua essência. Mesmo em casos mais 
complexos e que, aparentemente, não teriam reflexos imediatos na aplicação, devemos focalizá-la. 
Por exemplo, por esta conceituação, o Balanço Consolidado, embora não tenha personalidade 
jurídica, tem essência econômica e como tal deve ser considerado pela Contabilidade. 
 
Fonte: LUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade/ Sérgio de Iudícibus. – 11ª ed. – São Paulo: 
Atlas, 2015, p. 65-67.UNIDADE 2 – O PATRIMÔNIO, SEUS ELEMENTOS E OS 
PROCEDIMENTOS BÁSICOS DE ESCRITURAÇÃO 
 
 OBJETIVOS 
 
 
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Apresentar uma breve visão da evolução histórica da Contabilidade, de forma estrutural, 
descrevendo as principais linhas de pensamento contábil. 
 
 
 TEXTO BASE 
 
O texto a seguir reproduz o artigo: Sá, A. L. de. (2011). Doutrinas, escolas e novas razões de 
entendimentos na Ciência Contábil - DOI: http://dx.doi.org/10.16930/2237-7662/rccc.v4n10p25-
34. Revista Catarinense Da Ciência Contábil, 4(10), p. 25–34. Recuperado de 
https://revista.crcsc.org.br/index.php/CRCSC/article/view/1135 
 
DOUTRINAS, ESCOLAS E NOVAS RAZÕES DE ENTENDIMENTOS NA CIÊNCIA 
CONTÁBIL 
 
Prof. Antônio Lopes de Sá – 05/06/2006 
 
Longo foi o curso do pensamento de intelectuais para conduzir a 
Contabilidade a uma condição superior do conhecimento humano. 
Hoje, como ciência, rica em doutrinas, segue o saber contábil o seu 
destino, valorizado pelos esforços de grandes escolas do 
pensamento científico, dentre as quais e de maior atualidade se 
destaca a do Neopatrimonialismo. 
 
Palavras-chave: Ciência Contábil – Doutrina Contábil – Teoria da Contabilidade – Escolas científicas em 
Contabilidade – Neopatrimonialismo 
 
EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO CONTÁBIL 
 
Não existe ciência sem teoria. 
https://revista.crcsc.org.br/index.php/CRCSC/article/view/1135
 
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Quando a Contabilidade iniciou, pois, a sua era científica buscou teorizar sobre a matéria eleita como objeto 
de indagação. 
Tal esforço intelectual ocorreu na mesma ocasião em que a maioria das disciplinas fazia igualmente a sua 
passagem de uma milenar história empírica, para uma fase racional superior, ou seja, a partir do século XVIII. 
O amadurecimento intelectual do conhecimento contábil foi uma decorrência natural da própria evolução 
das ciências dedicadas ao homem. 
Assim, aproximadamente na mesma época em que Augusto Comte criava a Sociologia, a Economia progredia 
com João Stuart Mill, a Organização Industrial com Cláudio Henrique de Saint Simon, uma já definida ciência 
contábil, surgiu na França com J. P. Coffy, em 1836. 
A tradicional e muito acreditada Academia Francesa fundada, em 1635, por iniciativa do Cardeal Richelieu, 
oficializada no reinado de Luís XIII, com uma aureola de dignidade e seletividade rigorosa, não tardou, no 
início do século XIX em reconhecer o valor científico da Contabilidade (tal órgão que usando de extremo rigor 
negou a entrada de Comte, mesmo diante de todos os esforços deste para ingressar). 
Coffy obteve o reconhecimento na Academia de Ciências de seu País, a mesma onde tantos grandes vultos 
da humanidade se consagraram (Lavoisier, Pasteur etc.) e com isso conseguiu abrir as portas para um novo 
curso do conhecimento contábil. 
Perceberam diversos intelectuais e estudiosos que a informação era apenas uma memória, tornando-se 
preciso saber deveras o que de significado ela trazia. 
Tal entendimento levou a uma consideração de maior profundidade, essencial, racional, e, assim surgiu a 
«ciência da Contabilidade», amadurecida na França, logo a seguir extraordinariamente valorizada pela obra 
de Francesco Villa, em 1840, na Itália. 
Na mesma época, em 1837, no Brasil, já se percebia, também, que algo maior era preciso obter nos estudos 
de Contabilidade e no Rio de Janeiro surgiu, então, um livro sob o título ousado de “A metafísica da 
Contabilidade Comercial”, de autoria do maranhense Estevão Rafael de Carvalho (1800-1846), tratando 
ligeiramente de doutrina, na parte 3a. da obra, embora sem o caráter das surgidas no mundo europeu, mas, 
com intuição para algo de maior significação, já expresso no título da obra. 
A forma como Carvalho se referiu à Contabilidade e à ciência é a que denota o que em mente guardava; se 
mais não lhe foi dado expor creio que isto se deveu mais em razão do tão prematuro falecimento desse 
valoroso intelectual que mesmo da percepção que já denotava ter. 
 
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No início do século XIX, pois, já estava amadurecida a idéia de que o registro contábil era apenas a expressão 
da observação de fatos da riqueza, mas, não o próprio fato.1 
Naquela época já estava madura a convicção de que não bastava escriturar, sendo preciso saber o que fazer 
com as informações obtidas, ou seja, não se duvidava mais que era imprescindível entender o que 
significava o acontecido com a riqueza patrimonial em movimento e que se evidenciava em registros e 
demonstrações. 
Há cerca de 200 anos, pois, já era sólida a concepção de que a escrituração tinha apenas relativa utilidade. 
Os contadores entenderam que só há conhecimento superior quando se compreende porque se exerce uma 
prática e que qualquer registro e a demonstração do mesmo, como informação, não têm utilidade plena se 
não explicam o que significam, nem permitem tirar conclusões sobre o comportamento dos fenômenos 
registrados. 
Chegou-se a conclusão, após muitos séculos nos quais as simples anotações de memórias de fatos foram as 
predominantes, que não bastava recordar acontecimentos, nem comprovar que existiram, sendo necessário 
que se extraísse proveito de tais coisas para conhecer a razão de ser, do porque do movimento patrimonial. 
O que significava o comportamento da riqueza aziendal, o que poderia representar o evidenciado pelo 
informe da escrita contábil, este, sim, passou a ser reconhecido como objetivo científico da Contabilidade. 
As óticas, todavia, de organização do conhecimento, tiveram que passar por todo um processo evolutivo. 
A partir da primeira metade do século XIX iniciou-se a estruturação de vigorosas doutrinas que tiveram por 
objetivo conhecer as relações que se estabeleciam quando a riqueza patrimonial se movimentava. 
Buscou-se, portanto, explicar fatos que eram percebidos, anotados, conhecidos como evidências, mas, cujo 
significado carecia de conceitos, estudos e teorias. 
A Contabilidade começou aceleradamente a distinguir-se da escrituração contábil e a ser poderoso 
instrumento de entendimento para o governo das riquezas, assim como para a participação que esta poderia 
ter nos ambientes em que se inseria. 
O escriturar, contabilmente, segundo os intelectuais do século XIX, passou a limitar-se ao que em realidade 
sempre foi, ou seja, um recurso especial e disciplinado para guardar memória de fatos patrimoniais e de 
evidenciar tais memórias. 
 
1 Detalhes mais profundos sobre a questão cientifica consultar a minha obra Teoria da Contabilidade, da 
editora Atlas, de São Paulo e a Teoria Geral do Conhecimento Contábil, editoras IPAT-UNA, de Belo 
Horizonte e ICAC, de Madri . 
 
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O estudo científico, portanto, dedicou-se, como hoje cada vez mais se dedica, à explicação do que ocorre 
com a massa patrimonial em suas muitas transformações, reunindo teorias que se derivaram de teoremas e 
de um racional conjunto de conceitos2 . 
Comprovou-se, por exemplo, que enquanto a escrituração limita-se a informar o que se gastou, a ciência 
determina sob que condições o gasto é ou não eficaz e ainda até que limite pode ser feito sem o prejuízo da 
vitalidade da empresa ou instituição. 
Os recursos superiores do raciocínio contábil passaram, pois, a oferecer meios para que se produzissem 
modelos de comportamentos da riqueza. 
O contador deixou de ser apenas um «informante» para transformar-se em um «consultor», autentico 
médico da empresa e das instituições, orientando e opinando sobre os destinos dos empreendimentos.A transformação do conhecimento contábil foi uma natural evolução que já havia sido ensaiada desde o 
século XVI, quando Ângelo Pietra, em 1856, em sua obra “Indirizzo degli economi” começou a construir os 
primeiros conceitos essenciais no ocidente3 (estes que são as chaves para as proposições lógicas que 
sustentam as teorias). 
 
RAZÕES CIENTÍFICAS DA CONTABILIDADE 
 
A passagem do conhecimento empírico (limitado a registros e demonstrações), para o dos estudos dos 
fenômenos contábeis, fundamentou-se em razões que viriam a sustentar o edifício cultural doutrinário. 
Uma ciência, para que como tal se qualifique, precisa atender a convenções e ter requisitos especiais. 
Para que um conhecimento seja qualificado como científico deve basear-se em razões competentes. 
O enquadramento da Contabilidade, como ciência, deveu-se ao fato da mesma atender a todos os 
requisitos convencionais necessários para tal qualificação, ou seja, ter: objeto próprio, método específico, 
finalidade determinada, teoremas, teorias, hipóteses, tradição etc. 4 
Foram os doutrinadores franceses, italianos, alemães, especialmente, tão como o extraordinário português 
Jaime Lopes Amorim, o brasileiro Francisco D`Áuria, os responsáveis por arcabouços doutrinários, alguns que 
 
2 Alguns desses teoremas, relativos à minha teoria das funções patrimoniais podem ser encontrados em meu 
livro Teoria Geral do Conhecimento Contábil e teoria da Contabilidade, já referidos. 
3 No oriente há ensaios de conceituações realizadas há milênios na obra de Kautylia, na Índia (ver sobre a 
matéria o meu livro Evolução da Contabilidade, edição Thonson - IOB, São Paulo, 2006) 
4 Ver sobre a questão meus livros Introdução à Ciência da Contabilidade, editora Tecnoprint, Rio de Janeiro, 
1987, Teoria da Contabilidade, editora Atlas, São Paulo, 2002, Fundamentos da Contabilidade geral, Editora 
Juruá, Curitiba, 2005 
 
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conseguiram formar escolas de pensamentos e, estas, correntes científicas, embora com divergências quanto 
a eleição dos objetos de estudos5. 
O estudo do “curso do pensamento contábil”, traçado pela sucessão de conquistas desses lideres 
intelectuais, é o que hoje nos permite aferir sobre as valiosas organizações lógicas construídas possibilitando, 
racionalmente, explicar os fenômenos que ocorrem com as riquezas. 
Conhecer sobre a história da ciência não é apenas guardar memória ou tomar conhecimento de fatos 
ocorridos, mas, especialmente, buscar encontrar a essência evolutiva do pensamento. 
As razões que se constituem em alicerces de um saber, em doutrinas, são verdadeiras energias produzidas 
pelas inteligências superiores. 
Tais contribuições referidas são frutos de árduas lutas, obstinação em face de contraditórios e invejas, como 
ocorreu na vida de todos os grandes personagens, bastando lembrar apenas Pasteur em sua contenda para 
comprovar o que hoje nos parece o óbvio e que é a negação da geração espontânea. 
Não foram, todavia, menores as lutas dos lideres das escolas de pensamento contábil contra o 
conservadorismo dos profissionais aferrados às práticas de escrituração e processos demonstrativos. 
Finalmente, após dois séculos de intensos esforços, chegou-se à conclusão sobre a natureza científica da 
Contabilidade em face desta possuir: 
 
1. Objeto próprio como matéria específica de estudo e que é o patrimônio aziendal; 
2. Finalidade própria e que é o aspecto específico de observação do patrimônio aziendal, ou 
seja, o da eficácia como satisfação da necessidade aziendal e a prosperidade como 
continuidade da eficácia; 
3. Métodos predominantes de observação e condução do raciocínio para o desenvolvimento e 
pesquisa e que se estriba no indutivo axiomático, no fenomenológico e holístico6 ; 
4. Tradição como conhecimento, milenar7; 
5. Utilidade, como fonte de conhecimento do comportamento da riqueza aziendal, aplicável a 
um sem número de utilidades (crédito, investimentos, controle etc.); 
 
5 Foi a variação dos objetos eleitos que caracterizou as escolas diversas (Contismo, Personalismo, Reditualismo, 
Controlismo, Neocontrolismo, Aziendalismo, Patrimonialismo, Neopatrimonialismo). 
6 Nem sempre as ciências se apóiam em um só método, pois, todos são válidos quando é a verdade que se 
persegue, embora existam os predominantes, como os referidos. 
7 Ver sobre a questão as minhas obras: Evolução da Contabilidade, edição Thomson - IOB e História Geral e 
das Doutrinas da Contabilidade, edição Atlas. 
 
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6. Teorias próprias como a das aziendas, do rédito, do valor, das funções sistemáticas do 
patrimônio aziendal etc. e também uma Teoria Geral do Conhecimento8 ; 
7. Doutrinas científicas próprias e que estabelecem correntes de pensamentos como o 
patrimonialismo, neopatrimonialismo, aziendalismo, personalismo etc. 
8. Correlação com outras ciências como a do Direito, Administração, Economia, Matemáticas, 
Sociologia etc. 
9. Enunciados de verdades universais e perenes sobre os fenômenos de que trata seu objeto; 
10. Capacidade de previsões, através dos modelos que permitem os orçamentos; 
11. Meios de levantamento de hipóteses, como, por exemplo, as derivadas das doutrinas das 
contingências; 
12. Caráter analítico, ensejando estudos de natureza nuclear funcional da riqueza aziendal etc. 
 
Dentro das convenções da Epistemologia, a Contabilidade, após todo o arcabouço intelectual que para a 
mesma se construiu, preencheu todos os requisitos, como conhecimento científico9 . 
 
DOUTRINAS CIENTÍFICAS DA CONTABILIDADE 
Determinar o verdadeiro objeto de estudos da Contabilidade, no campo da ciência, para estruturar doutrinas, 
de acordo com metodologia específica, foi preocupação de diversos estudiosos e tal posição intelectual, 
também determinou a fixação das diversas correntes de pensamentos. 
Igualmente, a fim de sustentar o progresso do conhecimento, diversos intelectuais empreenderam 
pesquisas, criaram escolas e produziram obras de raro valor. 
A disciplina contábil sempre foi favorecida por uma rica fonte de informações registradas, derivadas de 
observações sobre os fenômenos que tradicionalmente eram preocupação constante de registros, 
facilitando, desta forma, a tarefa científica. 
 
8 Sobre as diversas teorias da Contabilidade ver minha obra Teoria da Contabilidade, edição Atlas e Teoria 
geral do Conhecimento Contábil, edição UNA e ICAC. 
9 As condições para a classificação de um conhecimento científico, tal como aqui se expõe coincide com a de 
diversos filósofos, mas especialmente com Alfonso Trujillo Ferrari, em sua obra Metodologia da Pesquisa 
Científica, edição McGraw Hill, São Paulo, 1982, páginas 115 e seguintes 
 
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Em verdade, sabemos que todos os ramos do conhecimento humano se valem de registros e de manipulação 
destes, mas, a Contabilidade sempre contou com uma expressiva quantidade obrigatória de informações, a 
ponto até de ser confundida, pelo leigo, como apenas uma “capacidade de escriturar”. 
Para fixar a metodologia de indagação sobre os fenômenos registrados, os lideres dessas facções intelectuais, 
preocuparam-se, inicialmente, em determinar qual o verdadeiro objeto de uma ciência que se derivasse do 
estudo dos informes contábeis. 
A primeira delas foi a que considerou como objeto científico a «conta»; tal forma de pensar originou o 
movimento intelectual denominado de Contismo, desenvolvido com vigor na França, principalmente. 
Criaram-se “teorias das contas” e muito se pendeu para demonstrações de natureza matemática (no Brasil 
tivemos, principalmente, as teorias de José Lourenço de Miranda – Teoria Algébricado Débito e do crédito, 
de Álvaro Porto Moitinho, relativa às “Contas Positivas e Negativas” e de Américo Matheus Florentino, 
“Teoria Matricial das Contas”). 
O expressivo uso de mensurações dos fatos (valores) sempre ao leigo fez parecer que a Contabilidade fosse 
uma «ciência de números». 
Na realidade, entretanto, os valores numéricos sempre foram apenas instrumentos (desde o aparecimento 
deles na Suméria, há cerca de 6.000 anos, quando os números abstratos foram criados pelos contadores) 
aplicados na mensuração de fatos, como também ocorre em outras ciências (Química, Física, Biologia, 
Biogenética etc.). 
Não é o fato de mensurar, todavia, que torna matemática qualquer matéria; assim, porque se mede em 
quilos uma força, em unidades as partículas da energia, não significa que a Física seja uma ciência 
matemática, assim como não o é a Contabilidade, simplesmente porque se mensura através da atribuição de 
valor os fenômenos patrimoniais. 
Só se mede o que existe e é isto que precede a quantificação, ao valor; ou seja, não havendo fenômeno não 
há o que medir. 
A conta, o número, ambos, são revelações de acontecimentos; a conta não é o próprio fato que espelha 
como uma fotografia não é a pessoa que retrata; foi exatamente tal forma de entender a que levou muitos 
estudiosos a contestarem as doutrinas contábeis matemáticas e as contistas. 
Se por um lado as expressões quantitativas impressionaram de forma acentuada aos contistas, por outro foi 
a relação de direito que predominou em outros (e a intuição para tal ótica é muito antiga). 
A corrente de pensamentos do Personalismo, coeva do Contismo, pendeu, portanto, para as relações de 
“posse” que a empresa estabelece com as pessoas. 
 
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Na doutrina personalista, definiu-se o patrimônio como um conjunto de direitos e obrigações, portanto, ao 
sabor do que mais se aproximava ao Direito (quanto à forma apenas). 
Desde o intuitivo sentimento de “meu” e “seu”, surgiram os conceitos de “débito” e “crédito” nos registros, 
com predominância do aspecto da “posse” sobre a “utilidade”. 
O personalismo, também, foi contestado com argumentos de que não bastava possuir direito, sendo 
necessário utilizar para satisfazer a necessidade; assim, argumentaram os “materialistas da Contabilidade”10, 
afirmando que sobre uma mercadoria roubada se conservava o direito, mas, não se conseguia com a mesma 
obter lucros e nem convertê-la em dinheiro; igualmente, mostraram, com exemplos, que não adianta ter 
direito apenas sobre uma duplicata, sem que esta não possa ser recebida e convertida em dinheiro. 
Tais contestações foram realizadas desde os fins do século XIX para provarem uma nova vocação, 
fundamentada em raciocínios mais patrimoniais que pessoais. 
Naturalmente, no calor dos pensamentos evolutivos, os estudos penderam para a relevância do controle da 
riqueza, formando uma outra corrente de pensamentos e que foi a do Controlismo. 
Tal forma de pensar vinculou fortemente os estudos contábeis à Administração. 
Os que contestaram a visão controlista afirmaram que não é a Contabilidade que serve ao controle, mas, sim, 
o controle é que serve à Contabilidade11. 
Ou seja, outros intelectuais, como Masi, alegaram que o controle é efeito e não a causa e as ciências estudam 
fundamentalmente causas. 
A busca de um objeto seguro de estudos, para servir de base a um método de indagação confiável, foi a base 
da multiplicação das diversas escolas e correntes científicas. 
Multiplicaram-se as tendências novas e assim surgiram correntes que entendiam: uma que a Contabilidade 
dedicava-se ao estudo do Lucro (Reditualismo), outra, que o objeto era a empresa e a instituição 
(Aziendalismo) etc. 
Tais correntes ligaram fortemente os estudos da Contabilidade àqueles da Economia. 
Nasceram dentro de uma atmosfera de guerra entre o capital e o trabalho, influenciada pelas idéias políticas, 
onde a empresa buscava justificar-se e, obviamente, o lucro decorrente. 
 
10 Especialmente Fábio Besta, em sua La Ragioneria 
11 Tais argumentações as utiliza o emérito mestre Vincenzo Masi em sua obra La Ragioneria come scienza del 
patrimônio, edição CEDAM 
 
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O sentido de empresa como célula e a da riqueza como elemento material básico para atender as 
necessidades desta, associado ao de Contabilidade como ciência do capital, gerou uma ótica polêmica e 
intelectualmente preocupante no mundo europeu. 
A diretriz reditualista, tão como a aziendalista, influenciou-se pelo refrão marxista, buscando uma situação 
dentro de uma realidade que, embora parecendo nova, já tinha agitado politicamente o mundo antigo 
(bastando, para isto constatar, um estudo analítico entre as idéias e tendências políticas de Spartaco, de 
Catilina, Cícero). 
Ainda na primeira metade do século XX, todavia, se levantou a tese de que o lucro é apenas um dos objetivos 
no estudo contábil. 
Contestou-se o aziendalismo evidenciando que não seria possível sustentar uma doutrina da célula social 
como se um todo unitário fosse, sendo necessário dividir, para a análise científica, o que nesta existe de 
pessoal e o que tem de material, pois, a metodologia, no tratamento desses fatores, é diferente. 
Em cada época, em cada escola, a Contabilidade foi envolvida por metodologias de outras ciências 
(Matemáticas, Direito, Administração e Economia, principalmente). 
Foi, todavia, o patrimonialismo de Vincenzo Masi, concebido na primeira década do século XX, que lançou o 
grande repto, ou seja, o da autonomia científica da Contabilidade fundamentada em proposições lógicas 
rigorosas. 
A concepção masiana foi a que vingou e tornou-se a deveras predominante, atribuindo como objeto da 
Contabilidade o patrimônio dos empreendimentos, criando a mais poderosa corrente de pensamento 
doutrinário e que é a do Patrimonialismo. 
Tal corrente doutrinária proclamou uma autonomia cientifica do nosso conhecimento, considerando que 
embora ocorresse a inter-relação com outros ramos (como em verdade é comum a todos os demais ramos 
do conhecimento), a Contabilidade possuía objeto, finalidade e método próprios12. 
Nos séculos XIX e XX a Contabilidade enriqueceu-se com muitos axiomas, teoremas e teorias, assim como 
recebeu a influência na parte formal (a partir da década de 60 do século XX) de normas e demonstrações. 
 
12 Detalhes sobre tais escolas doutrinárias, seus autores, seus desenvolvimentos, ofereço em minha obra História Geral e 
das Doutrinas da Contabilidade (Editora Atlas, São Paulo e Editora Vislis, Lisboa) e na recentemente editada “A Evolução 
da Contabilidade”, edição Thomson-IOB, São Paulo. 
 
 
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Lamenta-se, apenas, que o “furor normativo” ocorrido a partir da década de 60 do século XX, não se tivesse 
valido adequadamente das conquistas científicas, preocupado que esteve mais em servir interesses de 
grupos dominantes e aos jogos das bolsas de valores. 
Não houve, entretanto, uma paralisação nos estudos doutrinários, pois estes seguiram evoluindo 
fundamentados em teorias importantes como as de Garcia (Teoria Circulatória), Mattessich, Requena 
Rodriguez e especialmente as do Neopatrimonialismo, a mais nova e atualizada corrente de pensamento 
científico em Contabilidade. 
 
NASCIMENTO DA MAIS NOVA ESCOLA CIENTIFICA – O NEOPATRIMONIALISMO 
 
Firmou-se no século XX a convicção (originária do século anterior) de que a ciência contábil tinha como 
matéria de estudos a riqueza das empresas e instituições. 
O patrimonialismo de Vincenzo Masi foi, entretanto, aquele que ofereceu bases doutrinárias de relevo, estas 
complementadas porestudos de outros valores que seguiram a mesma tendência, como Ubaldo e Dominicis, 
Jaime Lopes Amorim, Francisco D´Áuria, dentre outros. 
A evolução constante das teorias da Contabilidade Superior ensejaria, entretanto, outros passos à frente. 
Das construções lógicas que realizei, desde a elaboração de minha obra “Filosofia da Contabilidade”, construí 
uma Teoria Geral do Conhecimento Contábil, a partir de outras que foram feitas em caráter de introdução13. 
A aceitação das novas idéias, por expressiva quantidade de estudiosos gerou então uma nova corrente 
científica, a do Neopatrimonialismo. 
O grande objetivo foi o da pesquisa para a produção de modelos de comportamentos da riqueza, estes que 
poderiam levar as empresas à prosperidade14. 
Como não há ciência sem um conjunto de Teorias, meus estudos centraram-se na organização, em bases 
epistemológicas, de quatro grandes estruturas teóricas, tendo como fundamentos: 1) o fenômeno contábil 
em base sistemática (Teoria das Funções Sistemáticas), 2) o movimento interativo das funções (Teoria das 
 
13 Minhas teorias do Equilíbrio do Capital e das Funções Sistemáticas do Patrimônio foram as bases da 
Teoria Geral que, como decorrência, elaborei, embora não as exclusivas para a produção de tal estudo. 
14 Sobre o assunto sugiro consulta ao meu livro Moderna Análise de balanço ao alcance de todos, edição 
JURUÁ, Curitiba, 2005 e o do ilustre matemático italiano Salvatore Benito Virgillito, Neopatrimonialismo 
Contábil em base Estatística, edição Alfa - Omega, São Paulo, 2005 
 
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Interações Sistemáticas), 3) o campo de fenômenos (Teoria dos Campos e Modelos) e a da 4) eficácia 
constante (Teoria da Prosperidade) 15. 
As preocupações em todas essas construções de doutrinas foram e continuam a ser a de estabelecer 
conjuntos de axiomas e teoremas, competentes para o desenvolvimento de pesquisas que possam sustentar 
uma evolução constante do conhecimento16. 
Tal raciocínio que o “Neopatrimonialismo Contábil” adotou, prossegue seguindo o curso da índole cartesiana, 
ou seja, aquele que acena ser “a parte o que conduz ao todo”. 
A inquietação fundamental que me orientou e prossegue sendo meta predominante e a de desenvolver um 
método que enseje o “saber pensar em Contabilidade”. 
 
FUNDAMENTOS E EVOLUÇÃO DO NEOPATRIMONIALISMO CONTÁBIL 
 
O Neopatrimonialismo contábil surgiu nas últimas décadas do século XX como uma nova corrente científica 
da Contabilidade, preocupada, como foi dito, em estabelecer um método de raciocínio para o entendimento 
sobre o que sucede com a riqueza patrimonial das empresas e das instituições de fins ideais. 
Para tanto, estabeleceu uma Teoria Geral, ou seja, uma ordem de conhecimentos que permitiu ser a matriz 
de todos os demais na área especifica do entendimento sobre a riqueza das “células sociais” (estas admitidas 
como empresas e instituições de fins ideais). 
Partiu da idéia fundamental de que o patrimônio não se move por si mesmo e que tanto ele quanto as suas 
forças motoras estão em constante transformação. 
Ou ainda, como ambos se movimentam – conteúdo e continente – por analogia se emprega, também, em 
Contabilidade, a filosofia relativista, nascida com Galileu Galilei e desenvolvida com Einstein e outros líderes 
culturais da Física. 
No que tange ao desenvolvimento teórico sobre o movimento patrimonial, além da visão relativista, segue, 
também, em regime de analogia, o método que na Física se aplicou à “quântica”, pois, detém-se em vários 
grupos de funções, ou seja, considera que a utilidade não se limita a cumprir uma só necessidade, mas, a 
oito. 
 
15 Todas estas teorias continuam em regime de evolução e pesquisas importantes estão sendo realizadas por 
estudiosos diversos da corrente Neopatrimonialista; quando escrevo este artigo recebo matéria que está em 
elaboração pelo eminente professor Wilson Alberto Zappa Hoog, de Curitiba. 
16 As teorias se erguem sob os fatores de: observação, percepção, conceituação, proposição lógica de 
fundamento, proposição lógica derivada e ensejo de aceitação intelectual. 
 
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Ou ainda, um fenômeno patrimonial é entendido pelo neopatrimonialismo como um “complexo”, onde 
diversos são os ângulos a serem analisados. 
É de toda a conveniência, como método, sob a ótica do racional, avizinhar-se ao máximo dos fundamentos 
da Lógica Aplicada e daquela seguida por várias ciências e este foi o caminho que segui na construção de 
minhas teorias. 
Parece haver uma unidade de princípios que a tudo atinge, ou seja, coisas que são úteis ao entendimento de 
fenômenos da Física, da Química, da Biologia e outros ramos, mas, também, em Contabilidade, podendo ser 
analogicamente acolhidas, embora a natureza dos fatos seja distinta. 
As leis da ciência parecem possuir uma “essência lógica” comum a todas (sonho de Descartes) ao mesmo 
tempo em que permitem uma objetiva aplicação ao objeto de cada ramo do saber. 
A filosofia relativista, a quântica, aquela do movimento e da transformação de todas as coisas no universo, 
pois, foram pelo Neopatrimonialismo adotadas como pontos universais de partida, para ensejar o 
entendimento sobre as funções dos meios patrimoniais e das forças motoras que também se movimentam 
em espaços determinados. 
Definido o teor axiomático de movimento, transformação e relatividade, encontrei o raciocínio competente 
para ser, também o de uma parametria filosófica. 
Busquei, a seguir, como alicerce das bases neopatrimonialistas, as “relações lógicas” sob as quais a riqueza 
se movimenta e o que deflui disto como transformações (já que a essência deve ser o ponto de partida), ou 
seja, procurei compreender “o porque” das modificações operadas, estas que são realidades que se 
espelham em anotações que os registros oferecem. 
Não se perdeu o Neopatrimonialismo em formalidades relativas a aspectos ditos “práticos”, isolados, mas, 
sim, abriu oportunidades para que estes pudessem posteriormente ser claramente entendidos, explicados, 
interpretados e elementos supridores de modelos de comportamentos, a partir do conhecimento das causas 
dos fenômenos (como é feito nas demais ciências)17. 
Registrar e demonstrar foram considerados no Neopatrimonialismo contábil como meros instrumentos de 
apoio para ensejar estudos, logo, tidos apenas como de importância auxiliar. 
Refutei, na nova doutrina, a tese de que fosse possível se erguer teoria cientifica sobre instrumentos, como 
se estes fossem os objetos principais, ou ainda, apoiei-me no que já no início do século XIX era motivo de 
advertência por parte dos mais insignes intelectuais da Contabilidade. 
 
17 Tais conquistas iniciam-se a ser feitas e o livro Neopatrimonialismo Contábil em base Estatística, do Prof. 
Salvatore B. Virgillito, edição Alfa – Omega, São Paulo, 2005, é um exemplo exuberante da questão. 
 
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Para tanto, inicialmente, como já foi referido, construí axiomas e teoremas (como verdades e proposições 
sobre estas), partindo das seguintes realidades: 
1. A necessidade humana gera uma finalidade para conseguir meios 
patrimoniais que visem a suprir o que se precisa; 
2. Os meios patrimoniais constituem uma substância ou riqueza (patrimônio) 
das “células sociais” (empresas e instituições); 
3. A riqueza não se move por si mesma, necessitando de agentes motores para 
isto e estes se encontram dentro (administradores, executores etc.) e fora 
das “células sociais” (natureza, sociedade, mercado, tecnologias etc.); 
4. Ao se movimentar a riqueza se transforma; 
5. Toda movimentação enseja o exercício de uma função (usodos meios 
patrimoniais); 
6. A função é, pois, a decorrência do uso ou movimento do meio patrimonial 
através da ação de um agente motor interno ou externo; 
7. Quando a função anula a necessidade, pelo movimento, produz a eficácia 
(consegue-se o que se deseja); 
8. Existem várias funções definidas com finalidades específicas, todas se 
exercendo ao mesmo tempo e de forma autônoma, em interação, 
constituindo, assim, um universo patrimonial em movimento. 
 
A organização sistemática foi e continua a ser a base da filosofia global de análise das funções que orientou 
o método neopatrimonialista, assim como a visão holística do fenômeno que na riqueza ocorre. 
Partindo de tal concepção oito sistemas foram identificados e sobre os mesmos existem teoremas 
enunciados e a enunciar. 
A evolução prossegue, a escola se firma e uma corrente organizada hoje escreve livros, artigos, dissertações, 
teses e trabalhos de diversas naturezas, prenunciando uma das mais vigorosas estruturas doutrinárias de 
toda a História da Contabilidade. 
 
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UNIDADE 3 – CONTABILIDADE EM CONTEXTO DE ASSIMETRIA 
INFORMACIONAL: ALGUMAS TEORIAS ECONÔMICAS 
 
 OBJETIVOS 
 
A economia moderna as vezes é chamada de economia da informação (STIGLITZ, 2000). Diante 
infinidade de meios de comunicação, por onde circulam a cada segundo milhares de informações, nem 
sempre a informação desejada está a disponível ao público. A presença de informações privadas entre os 
participante das transações traz a ideia que a informação pode ser imperfeita, pois pessoas diferentes sabem 
coisas diferentes, e para superar o déficit informacional de alguns, firmas e indivíduos compensam a escassez 
de informação, ajustando seus preços para transmitir informações sobre a qualidade. 
 De forma simples, pode-se afirmar que assimetria de informação ocorre sempre que pessoas 
diferentes sabem coisas diferentes sobre uma mesma transação econômica. Sob essa abordagem, um 
indivíduo melhor informado tem mais potencial para tomar melhores decisões que os demais, o que destrói 
a suposição de modelos baseados em informações perfeitas (STIGLITZ; WALSH, 2003). 
 A partir do conceito de assimetria da informação e informação imperfeita, surgem vários campos de 
estudo, que visam investigar de que forma a assimetria de informação interfere nos mercados, e de que 
forma ela pode ser remediada. Diante da importância do tema e da amplitude de pesquisas que medem essa 
interferência no mercado, este trabalho tem por objetivo apresentar uma revisão teórica acerca da 
 
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informação assimétrica, incluindo a sua conceituação, principais pesquisas realizadas sobre o tema, bem 
como alguns exemplos de aplicação no mercado financeiro e de capitais. 
A assimetria de informações causa falhas de mercado que podem ser classificadas em: seleção adversa ou 
risco moral, em que a literatura elenca situações e soluções para cada mercado abordado. Risco moral é 
entendido como a situação de informação assimétrica em que um lado do mercado não pode observar as 
ações do outro, por esse motivo é chamado de problema de ação oculta. A definição de seleção adversa se 
refere a informação assimétrica em que um lado do mercado não pode observar o “tipo” ou a qualidade dos 
bens oferecidos no mercado, por isso é chamado de problema da informação oculta (VARIAN, 2000). 
 Stiglitz (2000) destaca estes dois mesmos tipos de informação assimétrica como informações 
imperfeitas sobre qualidade e informações imperfeitas sobre intenção. No primeiro caso, a informação 
assimetria se institui quando uma das partes não está plenamente consciente dos outros participantes do 
mercado, no segundo caso, a uma das partes está preocupada com o comportamento ou as intenções da 
outra. 
Seleção adversa 
Na presença de informação assimétrica, o número de compradores e vendedores no mercado é 
menor quando comparado a um ambiente de informação perfeita. Esse efeito é conhecido na economia 
como “mercado ralo” (AKERLOF, 1970). A redução no número de vendedores pode levar os compradores a 
simplesmente deixarem de comprar um produto por não saberem distinguir sobre sua qualidade, a demanda 
reduzida desloca o preço do produto para baixo e consequentemente aumenta a proporção de carros ruins, 
gerando um círculo vicioso (STIGLITZ; WALSH, 2003). 
 A seleção adversa representa justamenteeste desvio de eficiência no mercado, considerando que as 
partes envolvidas possuem informações diferentes sobre a qualidade do produto. Em definição, seleção 
adversa se refere ao tipo de informação assimétrica em que um lado do mercado não pode observar o “tipo” 
ou a qualidade dos bens oferecidos no mercado, por isso é chamado de problema da informação oculta 
(VARIAN, 2000). 
 Para amenizar os efeitos da seleção adversa sob o mercado, Akerlof (1970) sugeriu como possíveis 
soluções o oferecimento de garantias, a listagem e elaboração de reputação, e práticas de licenciamento. 
Segundo o autor, estes remédios contra a falha de mercado causada pela seleção adversa permitem que: 
Os vendedores transmitam informações como sinais aos compradores por meio de publicidade informativa, 
para mostrar sua reputação e gerar neles uma expectativa de qualidade (que o vendedor não deseja perder) 
ou oferecer garantias críveis da qualidade do bem ou serviço. 
 
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Grupos industriais, governos ou grupos de defesa do consumidor elaborarem normas mínimas e/ou 
forneçam certificação e padronização a fim de proteger o consumidor nas transações econômicas. 
 A solução de reputação funciona como uma forma de garantia. O incentivo de preservar a reputação 
e manter a garantia impede que os agentes emitam um sinal errado a respeito do seu produto ou serviço 
oferecido (STIGLITZ; WALSH, 2003). 
 A sinalização como uma forma de mitigar os efeitos da seleção adversa foi tratada pioneiramente 
por Spence (1973). Contudo, segundo o autor, emitir um sinal observável para transmitir informações a 
respeito da qualidade do produto, seja oferecendo garantias ou por meio de sua reputação, só é 
compensatório se o custo de oportunidade de sinalizar trouxer benefícios suficientes, pois o comprador 
ajusta seu comportamento conforme o sinal emitido pelo vendedor. O preço alto de um produto, por 
exemplo, é um sinal da sua boa qualidade, pois a preços muito baixos os vendedores não têm incentivo 
suficiente para manter sua reputação (STIGLITZ; WALSH, 2003). 
Risco Moral 
 Assim como a seleção adversa está presente em mercados competitivos sempre que, em decorrência 
de uma diminuição da qualidade, houver possibilidade de adversamente se fazer uma seleção pior do que a 
esperada, o risco moral ocorre quando há possibilidade do indivíduo selecionado se comportar de forma 
inadequada mediante o que foi estabelecido numa relação contratual. 
 O risco moral é uma consequência da assimetria informacional, em que um indivíduo tem mais 
informações sobre seu comportamento do que a outra parte, caracterizando a ideia de “ação oculta”, quando 
não se sabe a postura que o indivíduo irá tomar, após um contrato em transação econômica. 
 Esse desajuste de incentivos contratual é conhecido como “risco moral” (ou moral hazard). O termo 
também surgiu no setor de seguros, quando se observou que havia situações em que um indivíduo ao 
adquirir um seguro tinha um incentivo inadequado para evitar a ocorrência para a qual tinha contratado o 
seguro (STIGLITZ; WALSH, 2003). 
 Inicialmente, esse comportamento era considerando como imoral, transmitindo a ideia de risco de 
desvio de comportamento ético (ARROW, 1963), atualmente, reconhece-se que esse problema é 
simplesmente uma questão de incentivos dados de forma correta ou não, sem conotação moral. Assim, um 
indivíduo que contrata um seguro contra incêndios tende a ser menos propenso a evitar o fogo, a menos que 
o contrato estabeleça incentivos ou punições para que atitudes de precaução sejam tomadas. 
 
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 Da mesma forma que essa “falta de cuidado” em evitar um acidente quando existe um contrato de 
seguro, a presença de risco moral no mercado de produtos sugere que o indivíduo pode fazer mau uso de 
um produto, se valendo da garantia dada, e assim, prejudicar o vendedor, causando outra falha de mercado. 
 Adicionalmente, outra forma de lidar com o problema de risco moral pode ser por meio de 
monitoramento do comportamento do contratante, em que o detentor do contrato acompanha as condições 
de execução do mesmo e assim verifica se o comportamento está adequado ao estabelecido (se o 
contratante está fazendo o possível para equilibrar a relação estabelecida no contrato) (STIGLITZ, 1985). 
Ainda a fim de mitigar os efeitos do risco moral, contratos de incentivo que buscam convergir os interesses 
entre contratante e contratado, alinhando o comportamento para aquilo que se espera, podem ser 
desenhados para a transação. 
O problema da relação agente-principal 
 Dentre as suposições sobre o comportamento predominante das empresas, a maximização dos 
lucros é uma das mais recorrentes na literatura econômica. Contudo, essa aproximação pode estar 
comprometida na presença de assimetria informacional, visto que as informações não estão totalmente 
disponíveis e o monitoramento é dispendioso, não havendo garantias de que administradores e funcionários 
estejam trabalhando efetivamente em prol dos interesses do proprietário da empresa (MANSFIELD; YORE, 
2006; PINDYCK; RUBINFELD, 2010). 
 Como administradores e funcionários estão mais bem informados sobre seu próprio desempenho do 
que os proprietários e a estes não é possível monitorar efetivamente o comportamento, a assimetria de 
informações entre as partes gera o problema da relação agente-principal. 
 Uma relação de agência existe quando há relações entre partes na qual o bem-estar de uma das 
partes depende do que é feito pela outra. O agente representa a pessoa atuante, no caso de uma empresa 
seria o administrador/funcionário empregado a fim de atingir os objetivos do proprietário da empresa, e o 
principal a parte afetada pela ação do agente, ou seja, no exemplo, o proprietário/acionista da empresa 
(PINDYCK; RUBINFELD, 2010). O problema da relação agente-principal surge quando a assimetria de 
informações é combinada ao desalinhamento dos interesses pessoais do agente e do principal, ou seja, o 
agente tem um comportamento adverso ao esperado pelo principal (GOOLSBEE; STEVEN; CHAD, 2013). 
 Existem muitos exemplos de relações entre agente-principal. Um dos mais recorrentes é o da relação 
entre proprietários (principal) e administradores (agente). Supondo uma situação em que um dos 
proprietários é sócio e administrador do negócio, se a propriedade do negócio não fosse compartilhada, 
quaisquer custos de benefícios iriam reduzir o lucro desse proprietário, no entanto, assumindo-se que ele 
 
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seja dono de apenas 50% do negócio, o custo dos benefícios (que reduzem os lucros) é compartilhado em 
50% com os demais sócios. Nesse caso, o sócio/administrador tem um incentivo para aumentar seus 
benefícios, pois apenas 50% do custo desses benefícios serão suportados por ele. Supondo que o 
administrador não seja proprietário do negócio, a situação pode potencialmente se agravar, pois os 
proprietários arcam com 100% dos custos dos benefícios usufruídos pelo administrador (MANSFIELD; YORE, 
2006). 
DISCLOSURE E ASSIMETRIA DE INFORMAÇÃO 
 Os problemas de informação imperfeita e incentivos descritos anteriormente impedem a alocação 
eficiente de recursos não só numa simples transação de compra e venda, mas também em uma economia 
de mercado de capitais. Nesse mercado, complexas relações e contratos entre principal-agente são tratados 
a todo o momento devido ao grande número de empresas e investidores no mercado, e para solucionar o 
problema de agência entre as partes, é preciso que haja divulgação de informação confiável e de qualidade 
entre gestores e investidores no mercadode capitais. 
 A assimetria de informação entre principal e agente pode levar o mercado de capitais a colapso 
(AKERLOF, 1970). Sabendo disso, mecanismos como regulação, padronização e monitoramento das 
divulgações são criados a fim que os gestores revelem suas informações privadas. É nesse contexto que o 
disclosure de relatórios financeiros tem papel fundamental, funcionando como mecanismo de 
monitoramento dos administradores por parte dos acionistas e credores. 
 O disclosure é um conceito-chave no mercado financeiro e na literatura sobre assimetria da 
informação porque atua impulsionando as divulgações financeiras, além de aumentar a eficiência na 
determinação do valor dos ativos negociados no mercado de capitais (HEALY; PALEPU, 2001). A divulgação 
de informações financeiras sobre a rentabilidade e negócios da empresa reduz a assimetria da informação 
de duas formas: quando diminui proporcionalmente a quantidade de informação privada em relação à 
informação pública disponível no mercado; e quando reduz indiretamente os incentivos à procura de 
informação privada (BROWN; HILLEGEIST, 2007). 
 Há muitas razões que levam uma empresa a optar por reduzir a assimetria da informação por meio 
do aumento na divulgação financeira. Empiricamente, pesquisas apontam que o benefício desse aumento se 
reflete em consequências como redução do risco enxergado pelo acionista (que faz também reduzir o retorno 
pago ao acionista pelo capital próprio); maior atração de investidores, que se sentem mais confiantes de que 
as transações da empresa ocorrem a preços "justos" das ações; e por fim um aumento na liquidez das ações 
da empresa (BAILEY; KAROLYI; SALVA, 2006). 
 
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UNIDADE 4 – PRINCÍPIOS CONTÁBEIS E O PROCESSO DE 
CONVERGÊNCIA INTERNACIONAL 
 
O texto abaixo reproduz parte do artigo PRINCÍPIOS CONTÁBEIS E SUA APLICABILIDADE 
NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL CARDOSO, Karine Vargas 1 SOUZA, Aline Zambolim de 
Paula 2 publicado Revista Científica Fagoc Multidisciplinar - Volume II - 2017 Disponível 
em: https://revista.fagoc.br/index.php/multidisciplinar/article/view/249/288 
 
A contabilidade como instrumento de informação Segundo Sá (2000), de forma geral, no âmbito dos 
profissionais e usuários de contabilidade, os objetivos dessa ciência, quando aplicados em uma Entidade 
particularizada, são identificados como a geração de informações a serem utilizadas por determinados 
usuários em decisões que buscam a realização de interesses próprios. A precisão das informações 
demandadas pelos usuários e o próprio desenvolvimento de aplicações praticadas na contabilidade 
dependerão sempre da observância de seus princípios. 
Para Favero et al. (2009), o resultado do processo de geração da contabilidade chega até os usuários 
através de relatórios contábeis, dentre os quais destacam-se: Demonstração do Resultado do Exercício, 
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido ou Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, 
Balanço Patrimonial, Demonstração do Fluxo de Caixa e Demonstração do Valor Adicionado. Através dessas 
demonstrações, a contabilidade auxilia seus usuários, que são as pessoas ou as entidades que necessitam da 
informação contábil para a tomada de decisão, classificando-se em internos e externos. Os usuários internos 
são aqueles que trabalham na empresa e ocupam qualquer cargo que requer a tomada de decisão, como 
gerentes, diretores, os encarregados de produção, os chefes de departamento, etc. 
Os usuários externos são aqueles que não possuem relação de trabalho com a empresa, mas 
necessitam de informações para a tomada de decisões acerca de tributação, garantia de recebimento, 
fornecimento de mercadorias, etc. Incluem-se nessa categoria governo, instituições financeiras, 
fornecedores, sindicatos, acionistas ou quotistas, etc. 
Como toda profissão, a contabilidade não existiria sem embasamento teórico, pois perderia seu foco, 
porque suas demonstrações contábeis não atenderiam a padrões tantos dos usuários quanto das normas 
contábeis que têm no Brasil como órgão regulamentador máximo o CFC (Conselho Federal de Contabilidade). 
https://revista.fagoc.br/index.php/multidisciplinar/article/view/249/288
 
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Por isso, a importância da existência dos Princípios Contábeis, de acordo com Zanluca (2013). Os princípios 
contábeis buscam uniformizar fundamentalmente as bases sobre as quais os eventos serão reconhecidos e 
mensurados. 
Representam, ainda no entendimento de Hendriksen e Van Breda (1999), uma base de consolidações 
fundamentais com a perspectiva de eliminar ou reduzir as variações aleatórias de procedimentos resultantes 
de ideias divergentes quanto ao papel da contabilidade. Para o Conselho Federal de Contabilidade 
(CFC,1993), deve-se entender o que o art. 2º da resolução nº 750/93 estabelece: “Os princípios fundamentais 
de contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à contabilidade no seu sentido mais 
amplo de Ciência Social, cujo objetivo é o patrimônio das entidades.” 
 Segundo Iudícibus (2002), os Princípios Fundamentais da Contabilidade são os conceitos básicos que 
constituem o núcleo essencial que deve guiar a profissão na consecução dos objetivos da contabilidade e que 
consiste em apresentar informação estruturada ao usuário. Já para Lopes de Sá (2000), a palavra “princípios” 
tem acepções variadas em nosso idioma. No singular, emprega-se com o significado de “origem”, “começo”, 
“regra a seguir”, “norma”. No plural, tem significado de “elementos”, “rudimentos”, “convicções”. As 
palavras têm sentidos comuns (de utilização empírica, usual) e têm os que lhes são atribuídos especialmente 
nas tecnologias, nas ciências e nos casos particulares. Logo, o conceito de Princípios, para fins de uso em 
contabilidade, tem sentido próprio. Em 1981, a resolução nº 530 do Conselho Federal de Contabilidade já 
disciplinava a questão, mas foi utilizada pela nº 750, de 29 de dezembro de 1993: Postulados Contábeis 
Favero et al. (2009) consideram que, na literatura brasileira, postulados podem ser conceituados como 
princípios de fato reconhecido, porém não demonstrado, ou proposição não evidente nem demonstrável, 
que se admite como princípio de um sistema dedutível, de uma operação lógica ou de um sistema de normas 
práticas. Na contabilidade brasileira, a categoria de postulados é muito abrangente, pois envolve o ambiente 
e as condições para se executar a Contabilidade, na qual temos dois postulados: o Postulado da Entidade 
Contábil e o Postulado da Continuidade. Para Iudícibus (2004), postulados são uma proposição ou observação 
de certa realidade que pode ser considerada não sujeita a verificação ou axiomática. 
Na contabilidade, a categoria de postulados abarca uma área de atração mais ampla do que a própria 
disciplina e relaciona-se com certos aspectos ambientais que cercam o campo e as condições em que a 
contabilidade deve atuar. Postulados, todavia, podem ser considerados meras exposições de verdades, mas 
que, por serem triviais ou não delimitarem o campo dos princípios contábeis subsequentes, deixam de ter 
utilidade. Inquestionavelmente, o progresso do conhecimento exige adaptações, e não se pode negar as 
 
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profundas mudanças que se vêm operando; na realidade, a vontade de uniformização terminológica flui 
naturalmente quando os conhecimentos adquirem avanços em suas doutrinas. 
Os anseios pelas fixações de “Princípios” iniciaram-se desde o inicio do século, quando os informes 
contábeis passam a ter maior utilização no âmbito social. O que admitirpor princípios e quais são eles têm 
sido os objetivos das entidades de estudos e regulamentação contábeis. Princípios contábeis e suas 
atribuições A resolução CFC nº 750/1993, atualizada de acordo com o CFC 2010, elenca os seguintes 
princípios de contabilidade: entidade, continuidade, oportunidade, registro pelo valor original, competência, 
prudência e a atualização monetária (revogado pela resolução CFC 1.282/2010). Entidade Na concepção de 
Favero et al. (2009), a entidade na contabilidade é qualquer indivíduo, empresa, grupo de empresas, 
departamento, etc., desde que desenvolva atividade econômica e que justifique um relatório separado de 
receitas e despesas com vistas à apuração do resultado. O enfoque do Postulado da entidade é evidenciar e 
proporcionar aos proprietários de qualquer empreendimento informações suficientes para possibilitar a 
análise, objetivando verificar se os recursos investidos estão proporcionando o resultado esperado. 
“O princípio da entidade, para alguns autores, é considerado um dos postulados ambientais da 
contabilidade. Esse princípio é o início de todo raciocínio contábil e da estrutura do arcabouço estrutural da 
disciplina” (IUDÍCIBUS et al., 2009, p. 67). A Resolução CFC nº 750, de 29 de dezembro de 1993, estabelece: 
Pode-se dizer que os postulados representam o alicerce sobre o qual se desenvolve todo o raciocínio contábil. 
Assim, verifica-se que os postulados representam para a contabilidade as vigas balizadoras necessárias para 
o alcance dos objetivos que é a geração de informações para a tomada de decisão. (FAVERO et al., 2009, p. 
35). 
Art.4º - O princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da contabilidade e afirma sua 
autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um patrimônio particular no universo dos 
patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma 
sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, 
nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de 
sociedade ou instituição. Parágrafo único. O Patrimônio pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é 
verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova ENTIDADE, mas 
numa unidade de natureza econômico- -contábil. 
Segundo Lopes de Sá (2000), o princípio da entidade reconhece o patrimônio como objeto da 
contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a diferenciação de um patrimônio particular no universo 
dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, a um conjunto de pessoas, a 
 
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uma sociedade ou a uma instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. O 
patrimônio não se confunde com aqueles dos sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. 
Desta maneira, o princípio da entidade se baseia na plena distinção e separação entre a pessoa física 
e a pessoa jurídica, ou seja, o patrimônio da empresa jamais se confunde com o patrimônio de seus sócios. 
A contabilidade da empresa registra somente os atos e fatos ocorridos que se referem ao patrimônio da 
empresa. O importante para se caracterizar nesse princípio é que o patrimônio da empresa não se confunde 
com o patrimônio dos sócios, segundo Zanluca (2013). Exemplo: A contabilidade de uma empresa não deve 
se misturar com a dos sócios. Portanto, a empresa deve registrar somente fatos que se refiram a seu 
patrimônio. Por exemplo, não deve registrar como despesa da empresa a conta de telefone particular do 
sócio, (ZANLUCA, 2013). 
 Continuidade Para Iudícibus (2002), este princípio, também considerado como ambiental, revela-
nos que a empresa deve ser avaliada e escriturada na suposição de que a entidade nunca se extinguirá. As 
Demonstrações Contábeis são estáticas, não podendo se desvincular dos exercícios passados e 
subsequentes, e a vida da empresa é continuada até circunstâncias que mostrem o contrário. 
A Resolução CFC nº 750, de 29 de dezembro de 1993, estabelece: “Art. 5º A CONTINUIDADE, ou não 
da ENTIDADE, bem como sua vida definida ou provável, deve ser considerada quanto à classificação e 
avaliação das mutações patrimoniais e qualitativas.” Tal Princípio complementa-se com o seguinte na mesma 
resolução: Para Sá (2000), tal princípio baseia-se na premissa de que as demonstrações contábeis devem 
identificar o estado especial pelo qual a empresa passa e, não fazê-lo, é supor-se que a atividade continua 
normalmente e não tem intenções de paralisar. 
Na visão de Fávero et al. (2009), para a contabilidade, a entidade é um organismo vivo que ira operar 
por um longo (indeterminado), até que surjam fortes evidências que provem o contrário. O Princípio da 
Continuidade abarca dois aspectos distintos, mas complementares: a integralidade e a tempestividade, razão 
pela qual muitos autores preferem denominá-lo de Princípio da UNIVERSALIDADE, segundo Sá (2000). 
Exemplo: A contabilidade atua pressupondo que a empresa não será extinta, A CONTINUIDADE influencia o 
valor econômico do ativo, em muitos casos, o valor ou vencimento dos passivos, especialmente quando a 
extinção da ENTIDADE tem prazo determinado, previsto ou previsível. A observância do Princípio da 
CONTINUIDADE é indispensável à correta aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA, por efeito de se relacionar 
diretamente a qualificação dos componentes patrimoniais formação do resultado, e de constituir dado 
importante para aferir a capacidade futura de geração de resultado. portanto terá continuidade e mesmo 
 
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diante do fim da mesma, do encerramento da continuidade, a contabilidade assume esta postura prevendo 
seu encerramento e perdas, (ZANLUCA, 2013). 
Oportunidade O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração e apresentação 
dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas, segundo Iudícibus et al. 
(2009). A Resolução CFC nº 750, de 29 de dezembro de 1993, estabelece: Esse princípio mostra que as 
variações patrimoniais devem ser registradas imediatamente e de forma integral, independentemente das 
causas que as originaram, contemplando os aspectos físicos e monetários. A integridade dos registros é 
fundamental para a análise dos elementos patrimoniais, pois todos os fatos contábeis devem ser registrados, 
incluindo os das filiais, sucursais e demais dependências da mesma entidade, de acordo com Iudícibus (2002). 
Para Sá (2000), o princípio preocupa-se com a matéria relativa ao registro contábil e com as caracterizações 
precisas das dimensionalidades relativas aos diversos fatos patrimoniais (tempo, causa, finalidade, 
quantidade, qualidade; só exclui os problemas especiais, omitindo-se quanto a eles). 
O Princípio da Oportunidade tem estreita relação com o Princípio da Competência, pois está 
relacionado ao momento da ocorrência dos fatos. Também se relaciona com o Princípio do Registro Pelo 
Valor Original, que só se aplica quando há Oportunidade e Objetividade, segundo Iudícibus et al. (2009). Art. 
6º O Princípio da Oportunidade refere- -se, simultaneamente, à tempestividade e à integridade do registro 
do patrimônio e de suas mutações, determinando que este seja feito de imediato e com a extensão correta, 
independentemente das causas que as originaram. 80 Revista Científica Fagoc Multidisciplinar - Volume II - 
2017 Exemplo: Refere-se ao momento em que devem ser registradas as variações patrimoniais, como as 
provisões para férias e 13º salários, que são feitas mensalmente mesmo sendo despesas futuras, (ZANLUCA, 
2013). 
Registro pelo valor original O Princípio do Registro pelo Valor

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