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INTRODUÇÃO E ANATOMIA → LINFONODOS -> são aglomerados estruturados de linfócitos envolvidos por uma cápsula de tecido fibroso, que recebem os vasos linfáticos aferentes que drenam a linfa para o seio subcapsular. - Usualmente o tamanho normal do linfonodo é menor que 1 cm de diâmetro, embora haja variações nas diferentes regiões e idades - Nas crianças (2-10 anos) geralmente os linfonodos normais são maiores em tamanho, e aqueles > 2-3 cm são usualmente sugestivos de malignidade ou de doença granulomatosa → GÂNGLIOS -> possuem uma camada cortical com os folículos linfoides, sendo que alguns destes possuem uma área central denominada de centros germinativos. - Os folículos sem centros germinativos são denominados de primários, e os com centros são chama dos de secundários. - A camada interna ou medular contém linfócitos e macrófagos mais esparsos e próximos de sinusoides vasculares e linfáticos. - Os linfáticos eferentes estão localizados no hilo dos linfonodos. Cada gânglio linfático possui também um vaso sanguíneo aferente e outro eferente, que são os responsáveis pelo suprimento de sangue - Linfócitos T localizam-se predominantemente na área parafolicular situada entre os folículos e no córtex profundo. Por outro lado, os folículos são ricos em linfócitos B → EPIDEMIOLOGIA - Em pacientes com menos de trinta anos de idade, a linfadenopatia, em mais de 80% dos casos, é reacional (infecções). - Pacientes com mais de trinta anos, o aumento determinado por causas reacionais ocorre em apenas 40% dos casos. - Pacientes com mais de cinquenta anos têm probabilidade de 80% de ter neoplasia. - A presença de febre, em pacientes jovens, geralmente sugere infecções (linfomas são exceções). Por outro lado, sintomas sistêmicos como perda de peso, sudorese noturna e febre baixa em um paciente com linfadenopatia localizada sugerem o diagnóstico de linfoma. - No período neonatal geralmente os linfonodos não são palpáveis, pois esta é uma fase em que há pouca estimulação antigênica CARACTERÍSTICAS DOS LINFONODOS → LINFONODOMEGALIA -> termo utilizado para descrever as condições nas quais os linfonodos apresentam aumento no tamanho, podendo estar associado a alterações na consistência ou em número - Relevante considerar a idade do paciente, bem como o tamanho, as características e a localização do linfonodo, sua evolução e a presença de sinais/sintomas inflamatórios ou sistêmicos associados. - Tamanho de linfonodos caracterizados como aumentados na dependência da localização → AVALIAÇÃO - Localizada ou Generalizada . Localizada -> quando há envolvimento de linfonodos de regiões anatômicas contíguas, comumente relacionadas com infecção ou neoplasias malignas . Generalizada -> quando há comprometimento de mais de duas cadeias não contíguas, podendo estar associadas a diversas doenças - Evolução Aguda Duração menor que duas semanas Subaguda Persistência por duas a seis semanas Crônica Persistência por mais de seis semanas - Outras características . Hiperemia . Avaliar a região anatômica drenada . Calor local . Consistência . Regularidade da superfície . Obs: malignidades são mais prováveis em linfonodos maiores, nos que estão rapidamente aumentados de tamanho, com consistência firme ou que não são confluentes e fixos, e nos localizados em área supraclavicular → PALPAÇÃO - Realizada com o paciente em uma posição relaxada, usando a polpa digital dos dedos indicador e médio, movimentando a pele sobre os tecidos adjacentes e não os dedos sobre a pele, com aumento progressivo da pressão. O examinador deve definir a dimensão em dois eixos, de um lado ao outro e de cima até embaixo. - Nem sempre massas palpáveis são gânglios CARACTERÍSTICAS DOS GÂNGLIOS → AVALIAÇÃO DO PACIENTE 1- Exame físico completo 2- Avaliação do linfonodo - Localização -> fornece pistas para a identificação da causa da linfadenomegalia - Tamanho em duas dimensões (geralmente, quanto maior o tamanho, maior a probabilidade de ser neoplásico) - Consistência -> pode auxiliar no estabelecimento da etiologia - Adesão ou não a planos profundos - Sensibilidade - Fistulização - Presença de sinais inflamatórios 3- Exame das áreas de drenagem dos gânglios afetados -> padrões de drenagem dos linfonodos podem auxiliar o raciocínio clínico e a investigação inicial, pois fornecem informações quanto à origem do câncer - Obs: nenhuma característica é diagnóstica e os exames complementares são fundamentais para o estabelecimento do diagnóstico . A biópsia por aspiração com agulha fina nunca deve ser a primeira opção, é mais útil quando o diagnóstico de neoplasia já foi estabelecido e agora existe a suspeita de recaída ou metástase PROPEDÊUTICA DO AUMENTO LINFONODAL ALL AGE A: Age (idade) L: Location (localização) L: Length of time presente (tempo de aparecimento) A: Associated signs and symptoms (sinais e sintomas associados) G: Generalized lymphadenopathy (linfadenopatia generalizada) E: Extra nodal associations (acometimento extra nodal) S: Splenomegaly and fever (esplenomegalia e febre) - Características normais dos linfonodos . Localização . Tamanho menor que 1 cm² de diâmetro . Consistência fibroelástica . Fixação: não aderido aos planos . Dor: indolor DIAGNÓSTICO 1- Diagnóstico preciso tem início com a escolha do gânglio a ser biopsiado - Gânglios maiores são usualmente mais desejáveis - Sempre que possível, evitar gânglios inguinais e dar preferência para gânglios cervicais baixos e supraclaviculares 2- Encaminhar o material para a Patologia 3- Quando realizar a biópsia - Linfadenomegalias com duração prolongada (três a quatro semanas), de curso progressivo ou muito volumosas, ou de consistência muito endurecida, ou localizadas em cadeias supraclaviculares devem ser biopsiadas se os exames para as causas infecciosas, inflamatórias e hematológicas forem negativos ou inconclusivos → EXAMES COMPLEMENTARES Hemograma - Neutropenia com ou sem blastos, bicitopenia ou pancitopenia podem sugerir o diagnóstico de leucemia - Presença de bicitopenia ou anemia normocrômica e normocítica inexplicada e alterações leucoeritrobláticas podem sugerir infiltração metastática Mielograma Diminuição significativa e inexplicada do número de células, de uma ou mais séries no hemograma; blastos ou alterações leucoeritroblásticas no sangue periférico; citopenias ou leucocitose associadas a linfonodomegalia ou hepatoesplenomegalia não infecciosas; citopenias ou leucocitose associadas a massa mediastinal DHL (Desidrogenase lática) Normalmente está elevada nas neoplasias malignas (como marcador do turnover celular), miocardites, distrofia muscular, mononucleose infecciosa, hepatopatias, pneumopatias, anemia hemolítica, pancreatite, falência renal, uso de determinados medicamentos (anestésicos, aspirina, fluoretos), entre outras causas. Ácido Úrico - Resultante da quebra das moléculas de purina, por ação da enzima xantina oxidase. - Causas de produção excessiva incluem câncer metastático, leucemias, linfomas, anemias hemolíticas, policitemia, quimioterapia, radioterapia, alguns medicamentos, dieta rica em proteínas e alguns distúrbios hereditários Exames de Imagem Radiografia de Tórax Ultrassonografia cervical com doppler -> permite avaliar os linfonodos em relação ao número, dimensões, forma, hilo, córtex, presença de necrose, calcificação, disseminação extracapsular, padrão vascular, resistência vascular e índice de pulsatilidade Ultrassonografia abdominal, tomografia de tórax e abdome avaliam linfonodomegalias no tórax e cavidade abdominale pélvica, permitindo a diferenciação com massas não ganglionares Biópsia *Padrão ouro para avaliação das - Preferencialmente biópsia excisional do maior linfonodo e do mais profundo, pois os mais periféricos podem ser reacionais - Optar por ordem decrescente de escolha pelos linfonodos linfonodomegalias periféricas supraclaviculares, cervicais baixos, axilares e inguinais - Remover os linfonodos inteiros e fornecer tecido suficiente para permitir o exame microscópico de todas as regiões dos linfonodos - Biópsia por agulha fina (PAF) -> técnica limitada - Critérios ultrassonográficos para diferenciação de linfonodos com características benignas ou malignas - Recomendações para realização de biópsia . Linfonodomegalia localizada em que a pesquisa clínica e laboratorial (incluindo aspirado de medula óssea) foi inconclusiva, e o linfonodo continue aumentando de tamanho após duas semanas de observação, ou não apresente regressão em 4 a 6 semanas . Tamanho: linfonodos supraclaviculares aumentados devem ser sempre prontamente avaliados, pois estão associados a um alto risco de malignidade . Linfonodomegalia com características sugestivas de malignidade: linfonodo aderido à planos profundos ou à pele, de crescimento rápido, coalescente e endurecido . Linfonodomegalia em região cervical inferior ou supraclavicular e/ou associada a linfonodomegalia profunda . Linfonodomegalia associada à sintomatologia sugestiva de doença grave . Linfonodomegalia associada a anormalidades radiológicas ou alterações no hemograma inexplicadas pela avaliação de medula óssea . Linfonodomegalia generalizada associada a hepatomegalia e/ou esplenomegalia inexplicada . Linfonodomegalia sem sinais de involução após tratamento específico → ESTADIAMENTO DE ANN-ARBOR - Baseia-se na quantidade de cadeias linfonodais acometidas, se elas estão acima ou abaixo do diafragma, se existe acometimento extranodal (fígado, medula óssea; baço excluso), e se há sintomas B (febre, perda ponderal, sudorese noturna). DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL MIAMI M: Malignidade I: Infecções A: Doenças Autoimunes M: Miscelânia e causas incomuns I: Iatrogênico CHICAGO C: Câncer H: Hipersensibilidade I: Infecção C: Colagenose e outras doenças reumatológicas A: Atípicas doenças linfoproliferativas G: Granulomatoses O: Outras → OUTRAS CAUSAS - Doença mista do tecido conjuntivo - Dermatomiosite - Cirrose biliar primária - Doenças de depósito - Hipertireoidismo → ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS DOS LINFONODOS - Da mesma forma que a cascata inflamatória nas doenças infecciosas pode promover alteração reacional sem inoculação direta do germe, a tempestade autoimune das colagenoses pode trazer achados localizados ou generalizados, inclusive com esplenomegalia. - Síndrome de Sjögren -> acometimento generalizado dos linfonodos, nódulos pulmonares, aumento parotídeo e esplenomegalia CAUSAS DE LINFONODOMEGALIA/ ETIOPATOGENIA - Linfonodos podem aumentar de volume por proliferação de células intrínsecas, como os linfócitos T e B, plasmócitos, células dendríticas e/ou por infiltração de células extrínsecas → HIPERPLASIA REACIONAL LINFOIDE E MACROFÁGICA - Antígenos são fagocitados pelos macrófagos e nos proteassomos são transformados em fragmentos menores, que migram para a superfície da membrana; em interação com as moléculas HLA classe I, são apresentados aos linfócitos T e B existentes nas suas proximidades, nos gânglios. - Podem estar associadas a infecções, em que o micro- organismo pode ou não estar presente no gânglio. → HIPERPLASIA ASSOCIADA A DOENÇAS AUTOIMUNES, REAÇÃO A DROGAS E DEPOSIÇÃO DE IMUNOCOMPLEXOS - Arquitetura do gânglio linfático é preservada, no entanto, o depósito de substâncias em macrófagos, também determina o aumento do gânglio linfático, embora a esplenomegalia seja o sinal clínico mais evidente. A infiltração por células neoplásicas hematopoiéticas, como ocorre nas leucemias e linfomas ou na invasão por metástases, também constitui um mecanismo importante → INFECÇÕES - Linfadenomegalia + Febre - Aumento ganglionar localizado ou generalizado - Duração pode ser prolongada ou curta - Microrganismo pode estar presente no gânglio ou o aumento pode ser consequência da resposta imune, sem a presença do agente causal → NÃO INFECCIOSAS/ INFLAMATÓRIAS - Doenças autoimunes, reações de hipersensibilidade a drogas e em doenças inflamatórias → COMO AVALIAR E QUANDO SUSPEITAR QUE A LINFADENOMEGALIA ESTÁ ASSOCIADA AO CÂNCER 1- Tempo de duração e aspecto evolutivo: linfonodomegalia que dura menos que duas sema nas ou que não aumenta de tamanho há mais que um ano, a probabilidade de malignidade é muito baixa. 2- Avaliar a localização, consistência, tamanho, mobilidade e presença de sinais flogísticos: maiores de 2- 3cm, endurecidos, firmes e indolores, fixos à pele ou aos tecidos vizinhos 3- Avaliar se a linfonodomegalia é localizada ou generalizada: . Linfoma não Hodgkin e nas leucemias, a linfonodomegalia costuma se apresentar de forma generalizada e simétrica . Linfoma de Hodgkin geralmente são localizadas, mais volumosas e assimétricas em relação ao lado oposto 4- Idade do paciente: linfonodos pequenos em localização occipital e retroauricular podem ser palpados no primeiro ano de vida Menores de 6 anos Neoplasias malignas mais frequentes são leucemias, linfomas não Hodgkin, neuroblastoma e rabdomiossarcoma Entre 6-13 anos Maior prevalência de linfomas (Hodgkin e não Hodgkin), carcinoma de tireoide e rabdomiossarcoma Acima de 13 anos Linfoma de Hodgkin 5- Presença de sinais e sintomas constitucionais sugestivos de doença sistêmica: . Febre inexplicada . Perda de peso . Astenia . Sangramentos . Palidez . Dor óssea ou articular inexplicadas . Sudorese noturna . Prurido constante . Dor abdominal recorrente e inexplicada 6- Presença de hepatoesplenomegalia e manifestações hemorrágicas: mais associadas às leucemias 7- Resposta ao tratamento antimicrobiano
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