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Atenção à Pessoa Idosa

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82
Unidade II
Unidade II
5 ATENÇÃO À PESSOA IDOSA
Para iniciar este capítulo, destaca-se o poema a seguir:
Quando eu tiver setenta anos
Quando eu tiver setenta anos
Então vai acabar esta adolescência
Vou largar da vida louca 
E terminar minha livre-docência.
Vou fazer o que meu pai quer
Começar a vida com passo perfeito
Vou fazer o que a minha mãe deseja
Aproveitar as oportunidades 
De virar um pilar da sociedade
E terminar meu curso de Direito.
Então ver tudo em sã consciência
Quando acabar esta adolescência.
Paulo Leminski (1994, p. 40).
A percepção da idade é subjetiva. Para muitos, ter 50 anos é já ter “virado a curva”, gíria que significa 
estar próximo ou a caminho da morte, sem direito a emoções positivas; para outros, é iniciar uma fase 
nova da vida; e há quem diga que se trata de um perído para continuar a vida de forma tranquila, 
buscando viver da melhor forma possível. 
A seguir, será traçado um panorama geral da pessoa idosa, inclusive no Brasil, a fim de elucidar os 
avanços legais para esse segmento. 
5.1 Envelhecimento
O ser humano, como todo ser vivo, nasce, cresce, envelhece e morre, trata-se de um processo natural 
de sua vivência. 
A infância e a adolescência são relacionadas às questões de produtividade e dependência. Na 
juventude e na idade adulta, o ser humano se torna produtivo, gozando de autonomia. Uma última 
etapa, antes da morte, é a velhice. 
83
DIREITOS DA CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO
O termo velhice é um conceito que surgiu após as revoluções burguesas e a Revolução Industrial, 
época em que só havia interesse por uma população economicamente ativa, que dispusesse de vigor 
físico para trabalhar. Quando essas pessoas não podiam mais exercer suas funções com o avançar da 
idade, passavam a ser consideradas velhas pela sociedade, em especial para o mercado de trabalho. Esse 
momento, associado à chegada da aposentadoria, faz com muitas vezes o indivíduo, com a perda do 
papel de trabalhador, deixe ou reduza os seus relacionamentos com a comunidade, já que passa boa 
parte de seu tempo no ambiente de trabalho.
Ao longo da história, a velhice foi vista de diferentes maneiras, conforme a cultura e os hábitos de 
vida de cada povo. Há algumas sociedades em que os velhos não são apreciados, porém há outras em 
que são muito valorizados. 
Os idosos na Grécia antiga eram muito respeitados. Naquela época, homenageava-se o idoso com 
o neto recebendo o nome do avô. Todavia, no atual sistema capitalista, o que se vê é o preconceito e 
desrespeito à pessoa idosa, que é considerada inútil, incapaz. Esse fato acaba influenciando a negação 
da velhice e o culto à juventude.
Para Oliveira (1999, p. 23), terceira idade é uma fase na qual se encontra “toda pessoa que esteja 
numa alta faixa etária, em que se evidenciam mudanças naturais e específicas de ordem física e psíquica”. 
 Observação
A expressão terceira idade surgiu na França em 1962, em virtude da 
introdução de uma política de integração social da velhice visando à 
transformação da imagem das pessoas envelhecidas.
Bee (1997, p. 516) afirma não existir um consenso para determinar a faixa etária que compõe a 
terceira idade; considera que terceira idade estará situada acima dos 60 anos. “O período da velhice é o 
último período da fase de vida humana.” A autora deixa claro que a velhice existe, apesar de ser vista e 
percebida de forma diferente por cada indivíduo. 
O envelhecimento é parte inerente do processo da vida, assim como a infância, a adolescência e a 
maturidade, e é marcado por mudanças biopsicossociais específicas, associadas à passagem do tempo. 
No entanto, esse fenômeno varia de indivíduo para indivíduo; pode ser determinado geneticamente ou 
ser influenciado pelo estilo de vida, pelas características do meio ambiente e pela situação social.
A abordagem do conceito de envelhecimento inclui a análise de aspectos culturais, políticos e 
econômicos relativos a valores, preconceitos e sistemas simbólicos que permanecem na história 
da sociedade.
O envelhecimento é compreendido como um processo vitalício, intimamente ligado aos padrões de 
vida e saúde. Contudo, vale salientar que fatores socioculturais definem o olhar que a sociedade tem 
sobre os idosos e o tipo de relação que ela estabelece com esse segmento populacional. 
84
Unidade II
 Lembrete
O envelhecimento é um processo; a velhice, uma fase da vida; o velho 
ou idoso, o resultado final.
O termo velho estava fortemente associado aos sinais de decadência física e incapacidade produtiva, 
sendo utilizado para designar, de modo pejorativo, sobretudo, os velhos pobres. 
Na década de 1960, o termo começou a desaparecer da redação dos documentos oficiais franceses, 
que o substituíram por idoso, menos estereotipado. Ao mesmo tempo, o estilo de vida das camadas 
médias começou a se disseminar para todas as classes de aposentados, que passaram a assimilar as 
imagens de uma velhice associada à arte do bem viver; então, apareceu o termo terceira idade, que 
tornou pública e legitimou a nova sensibilidade investida sobre os jovens e respeitados aposentados. 
O termo velho está associado a designações de negatividade, como o indivíduo que não possuía um 
estatuto social. Neri (2002), por sua vez, relata que os velhos são quase sempre vistos como consumidores 
de verbas públicas. Envelhecer é considerado um processo universal, dinâmico, progressivo, lento e 
gradual, sendo atrelado a fatores genéticos, biológicos, sociais, ambientais, psicológicos e culturais.
 Observação
O termo velho pode significar a condição de inválido, mas há raízes 
ligadas, por exemplo, à pobreza, à alimentação, à moradia e à saúde durante 
as diferentes fases da vida. 
Pode-se dizer que ser velho é tornar-se velho, ou melhor, que envelhecer significa tornar-se mais 
velho. Com essa expressão, entende-se que a pessoa viveu ou está vivendo há muitos anos, já que só 
envelhece aquele que vive.
Considerando velhice e envelhecimento como realidades heterogêneas, estudiosos afirmam as 
possíveis variações em sua concepção e vivência conforme tempos históricos, culturas, classes 
sociais, histórias de vida pessoais, condições educacionais, estilos de vida, gêneros, profissões e 
etnias etc. É consenso entre os pesquisadores que é vital compreender que tais processos são o 
acúmulo de fatos anteriores, em permanente interação com dimensões diversas da vida. 
Desse modo, coexistem diferentes imagens de velhos na sociedade contemporânea. Nesse contexto, 
a teoria das representações sociais, cuja contribuição tem sido significativa para a compreensão de 
diversos fenômenos, apresenta-se como um referencial importante para o estudo dos significados 
atribuídos ao envelhecimento e ao idoso. Essa teoria foi elaborada pelo psicólogo romeno Serge Moscovici, 
com o intuito de explicar e compreender a realidade social, considerando a dimensão histórico-crítica 
indissociável entre o individual e o social.
85
DIREITOS DA CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO
Ao explorar as representações sociais de uma pessoa idosa, promove-se o contato com imagens e 
conteúdo, e elas expressam, de certa forma, suas necessidades psicossociais, aspectos determinantes 
na construção de um planejamento de ações em prol de um envelhecimento saudável e bem-sucedido.
O modo de envelhecer depende de como o curso de vida de cada pessoa, 
grupo etário e geração são estruturados pela influência constante e interativa 
de suas circunstâncias histórico-culturais, da incidência de diferentes 
patologias durante o processo de desenvolvimento e envelhecimento, de 
fatores genéticos e do ambiente ecológico (NERI; CACHIONE, 1999, p. 121).
Entre as questões que cercam o envelhecimento, agravadas em sociedades excludentes e desiguais, 
a saúde ocupa um lugar estratégico pelo seu forte impacto sobre a qualidade de vida dos idosos e por 
ser alvo de estigmas e preconceitos reproduzidos socialmente em relação à velhice.
Os fatores determinantes do envelhecimento, em nível da população de um país, são 
fundamentalmenteditados pelo comportamento de suas taxas de fertilidade e, de modo menos 
importante, de suas taxas de mortalidade. Para que uma população envelheça, é necessário, primeiro, 
que haja uma queda da fertilidade.
Santos (2010), ao conceituar idoso, defende que ele pode ser visto sob dois prismas, a depender do 
país em que está localizado. O autor ainda acentua:
O conceito de idoso é diferenciado para países em desenvolvimento e para 
países desenvolvidos. Nos primeiros, são consideradas idosas aquelas pessoas 
com 60 anos e mais; nos segundos, são idosas as pessoas com 65 anos e 
mais. Essa definição foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas, 
por meio da Resolução n. 39/125, durante a Primeira Assembleia Mundial 
das Nações Unidas sobre o Envelhecimento da População, relacionando-se 
com a expectativa de vida ao nascer e com a qualidade de vida que as 
nações propiciam aos seus cidadãos (SANTOS, 2010, p. 1).
Para Agustini (2003, p. 25), 
não existe um ser “pessoa idosa” [...] é apenas um termo social que não tem 
realidade humana. O que não impede que descrevam com seus usos e costumes, 
seu temperamento, seus defeitos. Tudo isso projeta, para os mais jovens, uma 
imagem de velhice bastante ameaçadora, incapaz de corresponder a um 
ideal atingível, como acontece em outras civilizações e em outras culturas. 
Esse ideal de ego que envelhece adquire um aspecto de bicho-papão do ego, 
contra o qual vai se quebrar mais de um espelho.
O envelhecimento da população é um fenômeno mundial nos países desenvolvidos. A seguir, 
destacam-se alguns fatores que contribuem para tal:
86
Unidade II
• Queda de mortalidade. 
• Grandes conquistas do conhecimento médico. 
• Urbanização adequada das cidades. 
• Melhoria nutricional. 
• Elevação dos níveis de higiene pessoal e ambiental, tanto em residências como no trabalho. 
• Avanços tecnológicos.
O crescimento da população idosa está intimamente ligado a dois processos: à alta fecundidade no 
passado, ocorrida sobretudo nos anos 1950 e 1960, e à redução da mortalidade.
A vida da pessoa idosa faz parte de um processo natural de seu envelhecimento, por fatores genéticos, 
fragilização (natural com o avanço da idade), levando-o a um estado de incapacidade e dependência de 
outrem para os cuidados de atividades simples, do cotidiano.
O estatuto da velhice é imposto ao ser humano pela sociedade à qual 
pertence, sendo influenciado pelos valores culturais, sociais, econômicos e 
psicológicos de uma sociedade que determina o papel e o status que o velho 
terá (SILVA, 2003, p. 96).
Em processos de envelhecimento, a família se torna partícipe e tem um papel vital para proteger e 
assegurar o direito do idoso, sendo uma alternativa no sistema de suporte informal aos idosos. 
A família, como unidade social, enfrenta uma série de tarefas de desenvolvimento; há diferenças 
quanto aos parâmetros culturais, mas as raízes são universais. A qualidade de vida e o suporte familiar 
são essenciais. Não importa se a pessoa idosa mora sozinha ou divide o espaço com um familiar, sempre 
se deve considerar seu bem-estar, além de questões como economia, lazer, educação e saúde. 
Art. 3º. É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder 
público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito 
à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao 
trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência 
familiar e comunitária (BRASIL, 2003). 
Assim, Alencar (2008) acentua que a família é a centralidade no âmbito da sobrevivência material, 
uma vez que há a ausência de direitos sociais, e é nessa instituição que os indivíduos tendem a buscar 
recursos para lidar com as situações adversas, tais como: desemprego, doença e velhice.
Destaca-se a relação do Estado, da família e do idoso conforme a visão de Mioto (2004 apud 
REZENDE, 2012 p. 53), que compreende haver três interpretações: 
87
DIREITOS DA CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO
1. Vê a família numa perspectiva de perda de autonomia, de funções e da 
própria capacidade de ação. Em contrapartida, vê um Estado cada vez mais 
intrusivo, cada vez mais regulador da vida privada.
2. Pensa que a invasão do Estado na família tem se realizado através não de 
uma redução de funções, mas, ao contrário, de uma sobrecarga de funções. 
3. Vê o Estado como um recurso para a autonomia da família em referência à 
parentela e à comunidade, e autonomia dos indivíduos em relação à autoridade 
da família.
Outro aspecto relevante do processo de envelhecimento está relacionado às questões de aspectos: 
cronológico, biológico, psicológico e social, conforme versa Oliveira (1999).
O aspecto cronológico está ligado à passagem do tempo, e este explicita a transição do novo para o 
velho, marcada pelo desgaste, por mudanças de comportamentos e expectativas. Portanto, a infância, a 
adolescência, a maturidade e a velhice constituem diferentes momentos, que supõem formas e dimensões 
distintas de encarar e interpretar os acontecimentos que ocorrem ao longo da vida do indivíduo.
 Observação
A maioria dos conceitos de velhice recai sobre o tempo de vida de 
cada indivíduo. Quanto mais se avança em anos, menos tempo se possui 
para viver.
A perspectiva cronológica da velhice é relativa, devendo ser considerada a partir da individualidade 
de cada um, suas características especiais, seus interesses e necessidades, desmistificando o estereótipo 
do idoso apenas segundo a faixa etária. Ainda é marcada por uma série de estágios que se organizam em 
torno de características físicas, psicológicas e sociais, os quais se relacionam com o processo de vivência 
pessoal e social da vida adulta.
Assim, é possível afirmar que as pessoas envelhecem de forma coerente com a história de sua vida. 
 Lembrete
A idade cronológica serve apenas como marcador da idade objetiva. 
A idade cronológica, portanto, é o tempo transcorrido a partir de um momento específico: a data de 
nascimento do indivíduo.
Por sua vez, o aspecto biológico está ligado ao envelhecimento físico, formado pelos três estágios 
vivenciados pelos indivíduos. O primeiro deles é a juventude, época de progresso, desenvolvimento e 
88
Unidade II
evolução; o segundo é a fase adulta e de maturidade, período de estabilização e equilíbrio; e o terceiro 
é a velhice, época de regressão.
O envelhecer biológico compreende progressivas e complexas alterações na composição celular, 
na estrutura e na função dos tecidos, no endurecimento do sistema neuromuscular e na redução da 
capacidade de integração do sistema orgânico. É processo multifatorial, abrangendo desde o nível 
molecular ao morfofisiológico, com importante modulação do meio sobre o conteúdo genético, 
influenciado por modificações psicológicas, funcionais e sociais que ocorrem com o passar do tempo.
Uma vez que o organismo passa por mudanças caracterizadas por crescimento, desenvolvimento, 
maturidade e, por fim, senilidade, o envelhecer representa um amplo problema biológico. Ou seja, esse 
processo é marcado pela perda progressiva da capacidade de adaptação do organismo. 
No aspecto social, evidencia-se a questão da utilidade social do indivíduo em processo de 
envelhecimento. A sociedade confere a esse indivíduo o status de inutilidade, relacionando-o à questão 
econômica e social.
O processo de envelhecimento é marcado, portanto, por fatores socioeconômicos, ambientais e de 
saúde, sendo influenciado não apenas pela idade, mas, em grande medida, pelo modo como o indivíduo 
vive e as relações que estabelece.
Nesse aspecto, destaca-se que há uma série de preconceitos sociais marginalizando a pessoa 
idosa e afastando-a do convívio social e não valorizando sua experiência, isso gera a incapacidade de 
reconhecimento do valor de sua própria velhice. 
Quanto aos aspectos psicológicos, essa etapa de vida é marcada por mudanças no sistema nervoso 
central, na capacidade sensorial e perceptual e na habilidade de organizar e utilizar informações.Existem influências externas, como expectativas culturais e fatores ambientais que vão refletir sobre a 
inteligência e a aprendizagem.
O envelhecimento fisiológico, portanto, é definido como um conjunto de alterações que ocorrem no 
organismo humano e implica a perda progressiva da reserva funcional, sem comprometer as necessidades 
básicas de manutenção da vida. Em contrapartida, o envelhecimento patológico denomina-se como 
conjunto de alterações que ocorrem no organismo por causa de doenças e do estilo de vida que o 
indivíduo teve até essa fase. 
Entende-se que as doenças (senilidade) associadas às perdas fisiológicas (senescência) em idade 
avançada poderão levar à insuficiência de órgãos, à incapacidade funcional e ao óbito. 
Do ponto de vista sociocultural, o envelhecimento reflete uma inter-relação de fatores individuais, 
sociais e econômicos, fruto de educação, trabalho, experiência de vida e cultura. A sociedade determina 
a cada idade funções adequadas que o indivíduo deve desempenhar, como estudo, trabalho, matrimônio 
e aposentadoria. A forma como o indivíduo se autodefine depende das referências dadas pela cultura 
e pela sociedade, isto é, o indivíduo é receptor e emissor de valores que podem ser modificados. Hoje 
89
DIREITOS DA CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO
os idosos vivenciam um momento de mudança cultural cujas referências transformam-se: o indivíduo 
idoso começa a exercer um papel como ator social, e as expectativas do envelhecimento e da velhice 
alcançam novas dimensões.
A dimensão social refere-se aos papéis e aos hábitos que a pessoa, ao longo do seu ciclo vital, 
assume na sociedade e na família, a partir de um padrão culturalmente estabelecido. O envelhecimento 
agregado à vulnerabilidade social pode, muitas vezes, manifestar-se pela diminuição ou perda do papel 
desempenhado por longos anos, na esfera familiar, na social e na profissional. 
Sob o prisma do contexto mundial, o envelhecimento tornou-se um fenômeno novo, e mesmo os 
países mais ricos e poderosos não estão preparados ou adaptados para tal realidade. No tocante ao 
envelhecimento populacional, os países desenvolvidos diferem substancialmente dos subdesenvolvidos, 
já que os mecanismos que levam a tal envelhecimento são distintos. 
Na Europa, por exemplo, o aumento na expectativa de vida ao nascimento já havia sido substancial 
à época em que ocorreram importantes conquistas do conhecimento médico, em meados do século 
passado. Um excelente exemplo é a redução da mortalidade por tuberculose. Nos Estados Unidos, no 
início do século anterior, a taxa de mortalidade por essa doença era de 194 mortes para cada 100 mil 
indivíduos em um ano. 
Em países do terceiro mundo, por outro lado, o aumento substancial na expectativa de vida ao 
nascimento foi ser observado a partir de 1960. Desse período até 2020, as estimativas são de um 
crescimento bastante acentuado; “a expectativa média de vida ao nascimento no terceiro mundo 
nesses sessenta anos terá aumentado mais de 23 anos, atingindo 68,9 anos em 2020” (HOOVER; 
SIEGEL, 1986, p. 133).
Tabela 1 – População total de pessoas idosas: 1960-1980. 
Em milhões; projeções são variantes médias
Décadas 1960 1980
Regiões População total
Acima de 
65 anos
Acima de 
80 anos
População 
total
Acima de 
65 anos
Acima de 
80 anos
Mundo 3.037,0 165,3 19,9 4.432,1 259,5 35,3
Regiões mais 
desenvolvidas* 944,9 80,3 19,9 1.131,3 127,8 20,9
Regiões menos 
desenvolvidas** 2.092,3 85,0 8,1 3.300,8 131,7 14,4
*América do Norte, Europa, Japão, Austrália, Nova Zelândia e União Soviética 
**África, América Latina, Ásia (exceto Japão), Oceania (exceto Austrália e Nova Zelândia)
Adaptada de: Hoover; Siegel (1986).
90
Unidade II
Tabela 2 – População total de pessoas idosas: 2000-2020. 
Em milhões; projeções são variantes médias
Décadas 2000 2020
Regiões População total
Acima de 
65 anos
Acima de 
80 anos
População 
total
Acima de 
65 anos
Acima de 
80 anos
Mundo 6.118,9 402,9 59,6 7.813,0 649,2 101,6
Regiões mais 
desenvolvidas* 1.727,2 166,0 30,2 1.360,2 212,4 43,4
Regiões menos 
desenvolvidas** 4.846,7 236,9 29,4 6.452,8 436,9 58,2
*América do Norte, Europa, Japão, Austrália, Nova Zelândia e União Soviética 
**África, América Latina, Ásia (exceto Japão), Oceania (exceto Austrália e Nova Zelândia)
Adaptada de: Hoover; Siegel (1986). 
Tabela 3 – Mudança na população de países que terão mais de 16 milhões 
de pessoas com 60 anos ou mais no ano de 2025 (população em milhões)
Países Class. em 1950 1950 1975 2000 2025
Class. em 
2025
China 1º 42 73 134 284 1º
Rússia 4º 16 34 54 71 3º
Japão 8º 6 13 26 33 5º
Indonésia 10º 4 7 15 12 7º
México 25º 1 3 6 17 9º
Nigéria 27º 1 2 6 16 11º
Adaptada de: OMS (1979).
Segundo Berzins (2003, p. 19-33):
O Japão é o país que possui maior expectativa de vida ao nascer. No 
período correspondente entre 2000 a 2005, a expectativa era de 81,5 anos. 
Estima-se que, entre 2045 a 2050, a esperança de vida ao nascer suba para 
88 anos. Já o país com a menor expectativa de vida, no período entre 2000 
a 2005, era Botsuana, localizado ao sul da África, sendo esta de apenas 36,1 
anos. Entre 2045 e 2050, estima-se que o país com menor esperança de vida 
seja Serra Leoa, com 61,5 anos. 
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), caso o processo de envelhecimento da população 
mundial permaneça num ritmo acelerado, a previsão para 2050 é que a quantidade de pessoas idosas 
supere a de menores de 14 anos, fato que seria inédito. 
A ONU (2002) ainda acentua o seguinte: 
91
DIREITOS DA CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO
O número global de pessoas idosas – com 60 ou mais anos de idade – está 
projetado para aumentar de 962 milhões em 2017 para 1,4 bilhão em 2030 
e 2,1 bilhões em 2050, quando todas as regiões do mundo, exceto a África, 
terão quase um quarto ou mais de suas populações com 60 anos de idade 
ou mais. Em 2100, o número de pessoas idosas pode alcançar 3,1 bilhões.
A população com 60 anos ou mais está crescendo a uma taxa de cerca de 
3% por ano. Globalmente, a população com 60 anos ou mais está crescendo 
mais rápido que todos os grupos etários mais jovens. Atualmente, a Europa 
tem a maior porcentagem de população com 60 anos ou mais (25%).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) evidencia que nas próximas décadas a “população mundial 
com mais de 60 anos vai passar dos atuais 841 milhões para 2 bilhões até 2050, tornando as doenças 
crônicas e o bem-estar da terceira idade novos desafios de saúde pública global” (ONU, 2014).
Segundo a OMS:
O aumento da longevidade se deve, especialmente nos países de alta renda, 
principalmente ao declínio nas mortes por doenças cardiovasculares – como 
acidente vascular cerebral e doença cardíaca isquêmica –, passando por 
intervenções simples e de baixo custo para reduzir o uso do tabaco e a 
pressão arterial elevada (ONU, 2014).
 Observação
“Entre 1970 e 2025, espera-se um crescimento de 223%, 694 milhões 
idosos. Em 2025, serão 1,2 bilhões, e até 2050 haverá 2 bilhões, sendo 80% 
nos países em desenvolvimento” (OMS, 2005, p. 8).
No processo de envelhecimento, há várias contribuições, tais como o desenvolvimento tecnológico e 
científico, principalmente da medicina, a redução das taxas de fecundidade e de mortalidade, a melhoria 
dos setores de infraestrutura sanitária, a entrada da mulher no mercado de trabalho. 
Mesmo esses fatores sendo comuns em várias sociedades, a manifestação do processo de envelhecimento 
ocorre de diferentes formas entre os países. Nos países chamados desenvolvidos, o envelhecimento da 
população se apresentou de forma lenta e contínua. 
No bloco dos chamados países desenvolvidos, tal processo se deu de 
forma lenta, ao longo de mais de cem anos. Países como a Inglaterra, 
por exemplo, iniciaram o processo de envelhecimento de sua população, 
ainda em curso, após a Revolução Industrial, no período áureo do Império 
Britânico, dispondo de recursos necessários para fazer frente às mudanças 
advindas desta informação demográfica. Atualmente,alguns destes países 
92
Unidade II
apresentam inclusive um crescimento negativo da sua população, com taxas 
de natalidade mais baixa que a de mortalidade (VERAS, 2003, p. 6).
Observe o trecho a seguir:
Em 2002, quase 400 milhões de pessoas com 60 anos ou mais viviam no 
mundo em desenvolvimento. Até 2025, este número terá aumentado para 
aproximadamente 840 milhões, o que representa 70% das pessoas na 
terceira idade em todo o mundo (OMS, 2005, p. 11). 
Em termos de regiões, mais da metade da população de pessoas mais velhas vive na Ásia. Nas próximas 
duas décadas, esse percentual da Ásia aumentará ainda mais, enquanto a participação da Europa na 
população mundial mais velha diminuirá. 
Na maior parte do mundo desenvolvido, o envelhecimento da população foi um processo gradual 
acompanhado de crescimento socioeconômico constante durante muitas décadas e gerações. Já nos 
países em desenvolvimento, esse processo de envelhecimento está sendo reduzido há duas ou três 
décadas. Assim, enquanto os países desenvolvidos se tornaram ricos antes de envelhecerem, os países em 
desenvolvimento envelheceram antes de obterem um aumento substancial em sua riqueza (KALACHE; 
KELLER, 2000).
O envelhecimento nos países em desenvolvimento é acompanhado por mudanças dramáticas nas 
estruturas e nos papéis da família, assim como nos padrões de trabalho e na migração. Fatores como 
urbanização, migração de jovens para cidades à procura de trabalho, famílias menores e mais mulheres 
tornando-se força de trabalho formal significam que menos pessoas estão disponíveis para cuidar de 
pessoas mais velhas quando necessário.
Para a OMS (2005), é necessário interpretar o envelhecimento ativo para obter êxito.
 Observação
Envelhecimento ativo expressa o processo de otimização das 
oportunidades de saúde, participação e segurança, objetivando melhoria 
na qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas.
5.2 Desdobramentos do envelhecimento no aspecto biopsicossocial 
e a demanda por direitos, atendimento e cuidados
5.2.1 Processo de envelhecimento ativo
O envelhecimento ativo aplica-se tanto a indivíduos quanto a grupos populacionais. Permite que as 
pessoas percebam o seu potencial para o bem-estar físico, social e mental ao longo do curso da vida, e 
que essas pessoas participem da sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidades; ao 
mesmo tempo, propicia proteção, segurança e cuidados adequados, quando necessário.
93
DIREITOS DA CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO
O objetivo do envelhecimento ativo é aumentar a expectativa de uma vida saudável e a qualidade de 
vida para todas as pessoas que estão envelhecendo, inclusive as que são frágeis, fisicamente incapacitadas 
e que requerem cuidados.
A abordagem do envelhecimento ativo baseia-se no reconhecimento dos direitos humanos das pessoas 
mais velhas e nos princípios de independência, participação, dignidade, assistência e autorrealização 
estabelecidos pela ONU.
Com esse cenário, as políticas sociais de saúde, o mercado de trabalho e a educação entenderam a 
necessidade de apoiar a questão, a fim de diminuir mortes prematuras em estágios da vida altamente 
produtivos, bem como subtrair as deficiências associadas às doenças crônicas na terceira idade. Se os 
indivíduos participarem ativamente de aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos da sociedade, 
em atividades remuneradas ou não, e na vida doméstica, familiar e comunitária, os gastos com 
tratamentos médicos e serviços de assistência médica diminuiriam substancialmente. 
Programas e políticas de envelhecimento ativo reconhecem a necessidade de incentivar e equilibrar 
responsabilidade pessoal (cuidado consigo mesmo), ambientes amistosos para a faixa etária e 
solidariedade entre gerações. Ainda destacam as famílias e os indivíduos como corresponsáveis em 
planejar e auxiliar no preparo para a velhice. 
O envelhecimento ativo depende de uma diversidade de fatores determinantes que envolvem 
indivíduos, famílias e países e se aplicam à saúde de pessoas de todas as idades. Por exemplo, há evidências 
de que o estímulo e as relações afetivas seguras na infância influenciam a capacidade individual de 
aprendizagem e de convívio em sociedade durante todos os estágios posteriores da vida.
O emprego, que é um fator determinante por toda a vida adulta, tem grande influência sobre a 
preparação, sob o aspecto financeiro, do indivíduo para a velhice.
 Observação
Os fatores determinantes podem ser transversais, formados pela 
cultura e pelo gênero; relacionados aos sistemas de saúde e serviço social, 
bem como aos comportamentais; e relacionados a aspectos pessoais, ao 
ambiente físico, social e econômico. 
A cultura, que abrange todas as pessoas e populações, modela nossa forma de envelhecer, pois 
influencia todos os outros fatores determinantes do envelhecimento ativo.
Os valores culturais e as tradições interferem muito no modo como uma sociedade encara as 
pessoas idosas e o processo de envelhecimento. Quando as sociedades atribuem sintomas de doença 
ao processo de envelhecimento, elas têm menor probabilidade de oferecer serviços de prevenção, 
detecção precoce e tratamento apropriado.
94
Unidade II
A cultura também é determinante no modo como as demais gerações convivem com a pessoa em 
processo de envelhecimento. 
A questão de gênero é considerada como primordial no entendimento dos determinantes de 
envelhecimento e bem-estar de homens e mulheres. Evidencia o papel que eles ocupam na sociedade, 
seu status social.
No tocante à questão de saúde e serviço social enquanto fatores determinantes, são necessárias 
ações integradas a fim de promover a saúde, prevenir doenças e proporcionar o acesso equitativo e de 
qualidade ao cuidado primário e de longo prazo. 
Para tal, são efetivadas ações de promoção em saúde e prevenção de doenças, pois, na medida que 
a população envelhece, a demanda por medicamentos que retardem e tratem doenças crônicas, aliviem 
as dores e melhorem a qualidade de vida vai continuar a aumentar.
São ações de promoção em saúde e prevenção de doenças ações coletivas como prevenção primária, 
a exemplo de campanhas contra o tabagismo, secundária, como é o caso de constatação precoce de 
doenças, e terciária, que já é o próprio tratamento. 
Nesse percurso, enquadram-se as questões de cuidado e assistência a longo prazo.
Segundo a OMS, a assistência a longo prazo é definida como um:
Sistema de atividades empreendidas por cuidadores informais (família, 
amigos e/ou vizinhos) e/ou profissionais (de serviços sociais e de saúde) a 
uma pessoa não plenamente capaz de se cuidar, para que esta tenha a melhor 
qualidade de vida possível, de acordo com suas preferências individuais, com 
o maior nível possível de independência, autonomia, participação, satisfação 
pessoal e dignidade humana (OMS, 2000a). 
Portanto, a assistência a longo prazo abrange sistemas de apoio informais e formais. Estes podem 
incluir uma ampla variedade de serviços comunitários (saúde pública, cuidados básicos, tratamento 
domiciliar, serviços de reabilitação e tratamento paliativo), assim como tratamento institucional em 
asilos e hospitais para doentes terminais. Os sistemas formais referem-se também aos tratamentos que 
interrompem ou revertem o curso da doença e da deficiência.
Os fatores determinantes comportamentais se relacionam ao estilo de vida e seus hábitos, como 
opção ou não pelo tabagismo, álcool e outras drogas; realização de atividades físicas; opção por 
alimentação saudável.
 Os fatores determinantes associados a aspectos pessoais se relacionam a questões biológicas e 
de genética por causa de sua grande influência sobre o processo de envelhecimento. Este representa 
um conjunto de processos geneticamente determinados e pode ser definido como uma deterioração 
funcional progressiva e generalizada, resultando em uma perda de resposta adaptativa às situações de 
estresse e em um aumento no risco de doenças ligadas à velhice.
95
DIREITOS DA CRIANÇA,ADOLESCENTE E IDOSO
Há evidências de que a longevidade humana tende a ocorrer em famílias. Portanto, a influência da 
genética no desenvolvimento de problemas crônicos, como diabete, doença cardíaca, mal de Alzheimer 
e certos tipos de câncer varia bastante entre os indivíduos. Para muitas pessoas, comportamentos como 
não fumar, habilidade de enfrentar problemas e uma rede de amigos e parentes próximos pode modificar 
efetivamente a influência da hereditariedade no declínio funcional e no aparecimento da doença.
Os fatores psicológicos, que incluem a inteligência e a capacidade cognitiva (por exemplo, a aptidão 
de resolver problemas e de se adaptar a mudanças e perdas), são indícios fortes de envelhecimento 
ativo e longevidade. Durante o processo de envelhecimento normal, algumas capacidades cognitivas 
(inclusive a rapidez de aprendizagem e memória) diminuem, naturalmente, com a idade. Contudo, essas 
perdas podem ser compensadas por ganhos em sabedoria, conhecimento e experiência. O declínio no 
funcionamento cognitivo é provocado por desuso (falta de prática), doenças (como depressão), fatores 
comportamentais (como consumo de álcool e medicamentos), psicológicos (falta de motivação, de 
confiança e baixas expectativas) e fatores sociais (solidão e o isolamento) mais do que o envelhecimento 
em si. Nesse quesito, destacam-se fatores psicológicos como autossuficiência, autoeficiência e superação 
de adversidade.
Os fatores determinantes relacionados ao ambiente físico podem representar a diferença entre a 
independência e a dependência para todos os indivíduos. Eles envolvem questões de moradia (urbana ou 
rural); acessibilidade; moradia segura, que abrange a localização, incluindo a proximidade de membros 
da família; serviços e transporte, o que pode significar a diferença entre uma interação social positiva e 
o isolamento. Os padrões de construção devem levar em conta as necessidades de saúde e de segurança 
de idosos, como os obstáculos nas residências, que devem ser corrigidos ou removidos para evitar quedas.
 Observação
Em muitos países em desenvolvimento, a proporção de idosos vivendo 
em cortiços e favelas tem aumentado. Pessoas idosas vivem nesses lugares 
sob o risco de isolamento social e com saúde precária.
Já os fatores determinantes quanto ao ambiente social, ou seja, a necessidade de apoio 
social adequado, são importantes para não aumentar a mortalidade, a morbidade e os problemas 
psicológicos, incluindo diminuição da saúde e do bem-estar em geral. O rompimento de laços 
pessoais, solidão e interações conflituosas são as maiores fontes de estresse, enquanto relações 
sociais animadoras e próximas são fontes vitais de força emocional. 
As pessoas idosas apresentam maior probabilidade de serem expostas a perdas, são mais vulneráveis 
à solidão, ao isolamento social e a ter um menor grupo social. O isolamento social e a solidão na velhice 
estão ligados a um declínio de saúde tanto física como mental. 
Quanto aos fatores econômicos, três aspectos têm um efeito particularmente relevante sobre o 
envelhecimento ativo: a renda, o trabalho e a proteção social.
96
Unidade II
As políticas de envelhecimento ativo precisam se cruzar com projetos mais amplos para reduzir a 
pobreza em todas as idades. Os pobres de todas as idades apresentam um risco maior de doenças e 
deficiências e os idosos estão particularmente vulneráveis. A ausência de renda ou renda hipossuficiente 
afetam seriamente o acesso a alimentos nutritivos, à moradia adequada e a cuidados de saúde.
Enquanto proteção social, a família se coloca com uma via de proteção, provendo parte do auxílio 
para os idosos. Contudo, à medida que as sociedades se desenvolvem e a tradição de convivência entre 
as gerações no mesmo ambiente muda, exige-se cada vez mais que os países desenvolvam mecanismos 
de proteção social a idosos incapazes de ganhar a vida e que estejam sozinhos e vulneráveis. Em países 
em desenvolvimento, idosos que precisam de assistência tendem a confiar na ajuda da família, em 
transferências de serviços informais e em economias pessoais.
 Observação
Países como a África do Sul e a Namíbia possuem uma pensão nacional 
para a velhice, sendo os benefícios fonte de renda de muitas famílias pobres 
e dos idosos.
Em países desenvolvidos, as medidas de seguridade social podem incluir pensão para a velhice, 
aposentadoria por motivos ocupacionais, incentivos para a poupança voluntária, fundos compulsórios 
de poupança e programas de seguro para deficiências, doenças, tratamentos a longo prazo e desemprego.
Todavia, ainda em alguns países menos desenvolvidos, os idosos tendem a se manter economicamente 
ativos na velhice pela necessidade, responsabilizam-se pela administração do lar e pelo cuidado com 
crianças, de forma que os adultos jovens possam trabalhar fora de casa.
5.2.2 Demandas por atendimento: violência e maus-tratos contra o idoso
A fragilidade da pessoa idosa pode piorar em situações de abandono ou quando vive sozinha, ficando 
exposta a agressões e a crimes como furto. 
Uma forma bastante comum de violência (especialmente contra mulheres) é o abuso do idoso, 
cometido por membros da família ou por acompanhantes formais conhecidos da vítima. 
Os maus-tratos contra idosos ocorrem em famílias de todos os níveis econômicos. Sua escalada 
aumenta com mais frequência em sociedades que experimentam problemas econômicos e desorganização 
social, quando a taxa de crime e de exploração tendem a crescer. 
Os idosos tornam-se mais vulneráveis à violência quando precisam de mais cuidados físicos ou 
apresentam dependência física ou mental. Quanto maior a dependência, maior o grau de vulnerabilidade. 
O convívio familiar estressante e cuidadores despreparados agravam essa situação. Apenas recentemente 
os maus-tratos contra os idosos passaram a ser reconhecidos como violência doméstica.
97
DIREITOS DA CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO
Conforme a Rede Internacional para a Prevenção do Abuso ao Idoso, esse abuso é “um ato único ou 
repetido, ou a falta de uma ação apropriada, que ocorre no âmbito de qualquer relacionamento em que 
haja uma expectativa de confiança, que cause dano ou angústia a uma pessoa mais velha” (AEA, 1995). 
Ainda de acordo com a Rede Internacional de Prevenção do Abuso ao Idoso, a OMS elencou alguns 
tipos de violências: abuso físico ou maus-tratos físicos, em que há o uso da força física para obrigar 
os idosos a fazer ago que não desejam, para feri-los, provocar dor, incapacidade ou morte; abuso ou 
maus-tratos psicológicos, representando agressões verbais ou gestuais com o intuito de aterrorizar, 
humilhar, restringir a liberdade ou isolar do convívio social (ACTION ON ELDER ABUSE, 1995). 
Os maus-tratos contra idosos incluem abuso físico, sexual, psicológico, financeiro, inclusive 
negligência. Por exemplo: negligência (exclusão social e abandono), violação (de direitos humanos, 
legais e médicos) e privação (de escolhas, decisões, status, dinheiro e respeito) (OMS, 2005). 
O abuso ao idoso é uma violação dos direitos humanos e uma causa relevante de lesões, doenças, perda 
de produtividade, isolamento e desespero. Em geral, em todas as culturas, é pouco denunciado. Combater 
e reduzir os maus-tratos contra idosos demandam uma abordagem multisetorial, multidisciplinar, que 
envolve vários atores sociais e instâncias governamentais, órgãos de defesa. 
Nesse contexto, é importante destacar alguns conceitos. 
• Negligência: recusa de cuidados necessários aos idosos por parte de responsáveis familiares ou 
institucionais. 
• Autonegligência: conduta da pessoa idosa que ameaça sua própria saúde ou segurança, pela 
recusa de prover cuidados necessários a si mesmo. 
• Abandono: ausência ou deserção de responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de 
prestarem socorro a uma pessoa idosa que precise de proteção e assistência. 
• Abuso financeiro: exploração imprópria ou ilegal ou ao uso não consentido pela pessoa idosa de 
seus recursos financeiros e patrimoniais.• Abuso sexual: ato ou jogo sexual utilizando pessoas idosas. 
 Lembrete
A violência contra a pessoa idosa se define como qualquer ato, único ou 
repetitivo, ou omissão, que ocorra em qualquer relação supostamente de 
confiança, que cause dano ou incômodo à pessoa idosa. 
Conceitualmente, existem três fatores determinantes:
98
Unidade II
• Um vínculo significativo e pessoal que gera expectativa e confiança. 
• O resulto de uma ação: dano ou o risco significativo de dano.
• A intencionalidade ou não intencionalidade.
A violência é um fenômeno mundial e existe desde o início da civilização. 
A violência existe desde os tempos primordiais e assumiu novas formas à 
medida que o homem construiu as sociedades. Inicialmente foi entendida 
como agressividade instintiva, gerada pelo esforço do homem para sobreviver 
na natureza. A organização das primeiras comunidades e, principalmente, a 
organização de um modo de pensar coerente, que deu origem às culturas, 
gerou também a tentativa de um processo de controle da agressividade 
natural do homem (SOUZA, 2010, p. 1). 
A OMS (2002, p. 3) define a violência contra a pessoa idosa: 
São ações ou omissões cometidas uma vez ou muitas vezes, prejudicando a 
integridade física e emocional da pessoa idosa, impedindo o desempenho de 
seu papel social. A violência acontece como uma quebra de expectativa positiva 
por parte das pessoas que a cercam, sobretudo dos filhos, dos cônjuges, dos 
parentes, dos cuidadores, da comunidade e da sociedade em geral.
Para Minayo (2005, p. 48), “o maltrato ao idoso é um ato (único ou repetido) ou omissão que lhe 
cause dano ou aflição e que se produz em qualquer relação na qual exista expectativa de confiança”. 
Para a autora, a violência contra o idoso é um dilema universal e os idosos mais vulneráveis à 
violência são os dependentes física e mentalmente, em especial aqueles que apresentam agravantes 
como esquecimento, confusão mental, incontinência e dificuldades de locomoção (MINAYO, 2005). 
A pesquisadora define a natureza da violência e a divide da seguinte forma: 
As violências contra os idosos se manifestam de forma: 
(a) estrutural, aquela que ocorre pela desigualdade social e é naturalizada 
nas manifestações de pobreza, de miséria e de discriminação; 
(b) interpessoal, nas formas de comunicação e de interação cotidiana; e 
(c) institucional, na aplicação ou omissão na gestão das políticas sociais 
pelo Estado e pelas instituições de assistência, maneira privilegiada de 
reprodução das relações assimétricas de poder, de domínio, de menosprezo 
e de discriminação (MINAYO, 2005, p. 48).
99
DIREITOS DA CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO
A violência contra pessoas idosas é uma violação aos direitos humanos e é uma das causas mais 
importantes de lesões, doenças, perda de produtividade, isolamento e desesperança.
Essa violência pode ser visível ou invisível: a primeira envolve mortes e lesões; a segunda abrange 
lesões que não machucam o corpo, mas provocam sofrimento, desesperança, depressão e medo.
Os custos da violência contra pessoas idosas, ainda que não estejam suficientemente documentados, têm 
implicações diretas e indiretas. Os custos diretos podem estar associados à prevenção e intervenção, assim 
como a prestação de serviços, processos jurídicos, assistência institucional e programas de prevenção, educação 
e intervenção. Os custos indiretos referem-se a questões como menor produtividade, baixa qualidade de vida, 
dor e sofrimento emocional, perda de confiança e autoestima, incapacidades e morte prematura. 
 Observação
A violência contra a pessoa idosa é uma violação dos direitos humanos. 
Enfrentar a violência ao idoso requer um enfoque multidisciplinar.
Há múltiplas situações, condutas, sintomas e sinais que podem levar a suspeitas da existência de 
violência. A própria queixa por parte da pessoa idosa é um dos indicadores mais sensível e específico, 
comum a todos os tipos de violências. 
O Brasil começou a tratar do assunto apenas nas duas últimas décadas, devido ao aumento do 
número da população idosa no país, que tornou irreversível a sua presença em todos os âmbitos da 
sociedade. Houve crescimento no protagonismo de movimentos realizados pela própria população 
idosa ou por instituições aliadas, seja em associações de aposentados, nos conselhos específicos e em 
movimentos políticos, sociais e de direitos. 
Essas ações repercutiram tanto na promulgação da Política Nacional do Idoso (1994) como no 
Estatuto do Idoso (2003), os quais serão estudados a seguir. 
A Lei n. 12.461 (BRASIL, 2011), que reformulou o art. 19 do Estatuto, Lei n. 10.741 (BRASIL, 2003), 
ressaltou a obrigatoriedade da notificação dos profissionais de saúde, de instituições públicas ou privadas, 
às autoridades sanitárias quando constatarem casos de suspeita ou confirmação de violência contra 
pessoas idosas, bem como a sua comunicação aos seguintes órgãos: autoridade policial; Ministério 
Público; Conselho Municipal do Idoso; Conselho Estadual do Idoso; Conselho Nacional do Idoso. 
6 ENVELHECIMENTO NO BRASIL
No Brasil, pode-se dizer que o marco inicial da construção da categoria social velhice remonta 
ao ano de 1890, quando foi fundado no Rio de Janeiro o Asilo São Luiz para a Velhice Desamparada. 
Em 1909, foi inaugurado nessa instituição um pavilhão para velhos não desamparados (GROISSMAN, 
1999). Esses eventos assinalaram uma desvinculação da noção de velhice das noções de mendicância, 
vadiagem, pobreza e desamparo, o que ocorria desde a abolição da escravatura. 
100
Unidade II
Em paralelo, se nos remetermos às questões de institucionalização da pessoa idosa, o olhar para o 
envelhecimento no Brasil data de 1790. 
Segundo Lima (2005, p. 26), a primeira instituição destinada aos idosos no Brasil foi uma: 
Chácara construída em 1790 para acolher soldados portugueses que participaram 
da campanha de 1792 e que, naquela ocasião, encontravam-se “avançados 
em anos e cansados de trabalhos”, que, pelos seus serviços prestados, “se faziam 
dignos de uma descansada velhice”. A chamada casa dos inválidos foi construída 
por decisão do 5º Vice-Rei, Conde de Resende, que, contrariando todas as 
normas da época, cria esta instituição, inspirando-se na obra de Luís XIV (Hôtel 
des Invalides), destinada aos heróis [...]. Como podemos ver, a primeira instituição 
criada no Brasil era restrita a soldados militares, e não à velhice em geral. Com 
a vinda da Família Real Portuguesa, em 1808, a casa que abrigava essas pessoas 
foi “cedida” ao médico particular do Rei e os internos foram transferidos para a 
Casa de Santa Misericórdia.
As instituições de longa permanência tinham o objetivo de cuidar de pessoas que já possuíam 
idade denominada avançada, dignas de um envelhecimento saudável e com cuidados. Nesse aspecto, 
destaca-se o papel de cuidado da Casa de Santa Misericórdia, que se refere a uma forma de serviço de 
hospitalização que ocorria ainda na época colonial. 
Os asilos, como eram chamadas as instituições nesse período, tinham por objetivo prevenir as 
situações de mendicância, pois o número de pessoas envelhecidas das ruas aumentava.
Em 1961, foi fundada a primeira sociedade científica brasileira no campo da velhice, a Sociedade 
Brasileira de Geriatria. Esta, em 1978, começou a acolher também os não médicos, por isso passou a se 
chamar Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). 
No fim dos anos 1960, o Sesc começou a desenvolver um trabalho pioneiro com idosos, por meio de 
programas de preparação para a aposentadoria, de divulgação científica sobre cuidados com a saúde no 
envelhecimento, de lazer, de atividades físicas e de educação para pessoas da terceira idade nos mesmos 
moldes dos que existiam na Europa. Em 1982, foi fundada a Associação Nacional de Gerontologia (ANG), 
congregando principalmente profissionais da área social.
Diante dos avanços dos processos de envelhecimento, num contexto contemporâneo, o Brasil vem 
ganhando o título de um país com uma população jovem, que,embora esteja passando por um processo 
de envelhecimento nos últimos anos, é algo que se atenua de forma relativamente rápida. 
No início do século XX, um brasileiro vivia em média 33 anos, ao passo que hoje sua expectativa de 
vida ao nascer constitui 68 anos (VERAS, 2003). 
Tal condição era justificada por conta de precariedade das condições sanitárias, alta taxa de 
mortalidade infantil e baixa expectativa de vida. Com o avanço da medicina e a melhoria da qualidade 
101
DIREITOS DA CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO
de vida, a mortalidade infantil diminuiu e, consequentemente, a expectativa de vida aumentou. Assim, 
o envelhecimento populacional atingiu vários países, exigindo políticas para cuidar e abrir espaço para 
esse novo contingente populacional. 
Desde os anos 1940, é entre a população idosa que são observadas as taxas mais altas de crescimento 
populacional, e já na década de 1950 esse crescimento superou 3% ao ano, chegando a 3,4% entre 1991 
e 2000 (VERAS, 2003). 
De acordo com Santos e Silva (2013, p. 362), o crescimento da população idosa no Brasil, portanto, 
foi uma consequência da “diminuição da fecundidade, da redução da mortalidade da população e do 
aumento da expectativa de vida”.
Segundo Rodrigues (2001, p. 149), foi no início da década de 1970 que “começou a surgir um número 
significativo de idosos em nossa sociedade, preocupando alguns técnicos da área governamental e do 
setor privado, o que provocou o despertar dessas pessoas para a questão social do idoso”. 
Em decorrência:
Na década de 1970, precisamente no ano de 1976, por inspiração e 
coordenação do gerontólogo Marcelo Salgado e com o apoio do então 
ministro da Previdência e Assistência Social, Luiz Gonzaga do Nascimento e 
Silva, realizaram-se três seminários regionais, em São Paulo, Belo Horizonte 
e Fortaleza, e um nacional, em Brasília, [...] buscando um diagnóstico para 
a questão da velhice em nosso país e apresentar as linhas básicas de uma 
política de assistência e promoção social do idoso (RODRIGUES, 2001, p. 150).
No Brasi:
São consideradas pessoas idosas, segundo o marco legal estabelecido na 
Política Nacional do Idoso (1994) e no Estatuto do Idoso (2003), os indivíduos 
de 60 anos ou mais. Esse marco legal abrange uma população que tem pela 
frente um intervalo vital maior do que trinta anos. Por exemplo, no último 
censo, o IBGE constatou que já temos quase 30 mil pessoas com mais de 
100 anos no país, sendo 2/3 delas mulheres (BRASIL, 2004, p. 17).
O Estatuto assegura o direito de todas as pessoas envelhecerem com dignidade e respeito. Dispõe 
sobre a responsabilidade do Estado na garantia de segurança, saúde e a obrigação de formulação de 
novas políticas públicas: 
Art. 8º O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua proteção um 
direito social, nos termos desta Lei e da legislação vigente. 
Art. 9º É obrigação do Estado garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à 
saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um 
envelhecimento saudável e em condições de dignidade (BRASIL, 2003).
102
Unidade II
Envelhecer em nossa sociedade é uma expressão da questão social a ser discutida com muito cuidado, 
dado o momento em que vivemos. 
O processo de envelhecimento é algo comum a todos e com ele surgem as complicações biológicas. 
Esse processo torna o idoso um sujeito em situação de risco, portanto, um cidadão com necessidade de 
atenção especial.
O Brasil é um país que envelhece a passos largos. Apesar de iniciativas do governo federal, nos anos 
1970, voltadas para pessoas idosas, apenas em 1994 foi instituída uma política nacional voltada para 
esse grupo. Antes, as ações governamentais tinham cunho caritativo e filantrópico. Nos anos 1970, 
foram criados benefícios não contributivos, como as aposentadorias para os trabalhadores rurais e a 
renda mensal vitalícia para os necessitados urbanos e rurais com mais de 70 anos que não recebiam 
benefício da Previdência Social (TEIXEIRA, 2008).
Como observa Neri (2007), diante do crescimento do segmento idoso no Brasil, e do consequente 
surgimento de suas demandas em diversas esferas, foram fixados os instrumentos legais de proteção às 
pessoas idosas com o objetivo de garantir, por exemplo, o direito à igualdade e superar a marginalização 
do idoso na sociedade. 
Especialmente nas décadas de 1980 e 1990, o envelhecimento em nosso país acarretou uma 
inversão na pirâmide etária brasileira. Antes, a base da pirâmide era representada pela população 
jovem, considerada a mais numerosa. Passando a assumir uma nova forma, a população adulta vem 
aumentando gradativamente para a população mais velha. Há alguns anos, o Brasil era caracterizado 
como um país de jovens, mas hoje o cenário é outro.
De acordo com a síntese de indicadores sociais divulgada pelo IBGE, a esperança de vida ao nascer, 
no Brasil, cresceu três anos no período entre 1999 e 2009. Em 1999, a esperança de vida do brasileiro 
correspondia a 70 anos, em 2009, subiu para 73,1 anos (IBGE, 2010).
No que se refere à esperança de vida ao nascer, para as mulheres, o índice passou de 73, 9 para 77 anos. 
Já para os homens, a evolução foi de 66,3 para 69,4, confirmando maior esperança de vida para o sexo 
feminino (IBGE, 2010).
A população de pessoas idosas é a que mais cresce no Brasil, configurando um fenômeno novo e 
desafiador para a sociedade, para as famílias e para os governos. Para ilustrar, no início do século XX, a 
esperança de vida do brasileiro não passava dos 33,5 anos, chegando aos 50 na metade desse mesmo 
século. Em 2011, o nível de idade chegou a 74,8 anos, sendo que as mulheres estão vivendo sete anos a 
mais do que os homens (IBGE, 2010).
103
DIREITOS DA CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO
Pirâmide etária Brasil 2010
100 anos e mais
95 a 99 anos
90 a 94 anos
85 a 89 anos
80 a 84 anos
75 a 79 anos
70 a 74 anos
65 a 69 anos
60 a 64 anos
55 a 59 anos
50 a 54 anos
45 a 49 anos
40 a 44 anos
35 a 39 anos
30 a 34 anos
25 a 29 anos
20 a 24 anos
15 a 19 anos
10 a 14 anos
5 a 9 anos
0 a 4 anos
Envelhecimento da população brasileira
Em no máximo 40 anos, a pirâmide etária brasileira 
será semelhante à da França hoje
Homens Mulheres
Figura 7
O envelhecimento populacional é a transformação da estrutura etária que acontece em decorrência 
do aumento da proporção de idosos no conjunto da população e a consequente diminuição da proporção 
de jovens. Durante mais de quinhentos anos, o Brasil teve uma estrutura etária rejuvenescida, porém 
esse quadro se modificou no decorrer do século XXI.
Dados recentes contabilizam 30,2 milhões de idosos no Brasil, representando quase 12% de nossa 
população. Segundo dados do IBGE, o grupo de idosos de 60 anos ou mais “será maior que o grupo de 
crianças com até 14 anos já em 2030 e, em 2055, a participação de idosos na população total será maior 
que a de crianças e jovens com até 29 anos” (GENRO, 2014).
Para o IBGE (2013), a “expectativa média de vida do brasileiro deve aumentar dos atuais 75 anos para 
81 anos”, e as mulheres têm uma expectativa de vida maior do que dos homens. Em 2060, a “expectativa 
de vida delas será de 84,4 anos, contra 78,03 dos homens”. Na atualidade, elas vivem, em média, até os 
“78,5 anos, os homens, até os 71,5 anos”.
104
Unidade II
 Observação
As mulheres são maioria no segmento de idosos, com 16,9 milhões 
(56% dos idosos), e os homens, 13,3 milhões (44% do grupo) (COSTA, 2018). 
Idade
Mais de 90
85 a 89 
80 a 84 
75 a 79 
70 a 74 
65 a 69 
60 a 64 
55 a 59 
50 a 54 
45 a 49 
40 a 44 
35 a 39 
30 a 34 
25 a 29 
20 a 24 
15 a 19 
10 a 14 
5 a 9 
1 a 4
0 a 1
Homens Mulheres
Pessoas com mais de 65 anos serão de um quarto dos brasileiros em 2060, segundo projeção do 
IBGE. O percentual desse grupo representa 7,4% do total de pessoas que vivem no país em 2013.
Milhões de 
pessoas
10 108 86 64 42 2
Pirâmides etárias absolutas
2013
1010 88 66 44 22
2040
8 86 64 42 2
2060
Figura 8 – Pirâmides etárias absolutas: 2013 a 2060 
Com a mudança da estrutura etária brasileira,resultado da redução do número de jovens e do 
aumento da população idosa, o Brasil deve passar por profundas transformações socioeconômicas. Esse 
fenômeno não é uma característica única do Brasil, sendo compartilhado, de modo mais ou menos 
acentuado, por diversos países em desenvolvimento. 
105
DIREITOS DA CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO
100 anos e mais
90 a 94 anos
80 a 84 anos
70 a 74 anos
60 a 64 anos
50 a 54 anos
40 a 44 anos
30 a 34 anos
20 a 24 anos
10 a 14 anos
0 a 4 anos
Pirâmide etária Brasil 2010
Homens Mulheres
Por gênero
49%
homens
51%
mulheres
Homens Mulheres
A pirâmide em 1960
Figura 9 – Pirâmide etária e dividida por gênero 
O envelhecimento atinge principalmente a parcela da população que vive de modo muito vulnerável. 
O impacto dessa nova “ordem demográfica” no Brasil associado a fatores como subdesenvolvimento, 
falta de assistência, condições de saúde e lazer são aspectos necessários para o bem viver de uma 
população e exigem que os aparatos de atenção e proteção social sejam repensados. 
Cada vez mais as pessoas mais velhas têm sido vistas como contribuintes para o desenvolvimento. 
Assim, as habilidades para melhorar suas vidas e sua sociedade devem ser transformadas em políticas e 
programas em todos os níveis. 
A compreensão da longevidade como conquista da humanidade requer um redirecionamento das 
ações do Estado destinadas ao segmento social idoso e a todas as gerações.
106
Unidade II
Diante desse quadro, as necessidades da população idosa, cujo contingente populacional cresce em 
ritmo bastante acelerado no Brasil, passam a ser compreendidas como uma das expressões da questão 
social contemporânea. 
Isto requer do Estado e governos o redimensionamento da agenda pública 
e dos investimentos, de forma a superar ações pontuais e localizadas, por 
políticas públicas de alcance social, com demarcação orçamentária concreta, 
e diretrizes institucionais nos diversos níveis administrativos que compõem 
a república federativa (SILVA, 2012, p. 206).
Ficar velho no século XXI não será semelhante como ocorreu no século XX. Por um lado, os direitos 
já adquiridos são questionados diante do processo de transição demográfica, da política neoliberal de 
redução dos direitos sociais e da mudança nas condições de vida da família e da sociedade. Por outro, há 
organizações e mobilização para assegurar direitos e pô-los em prática e uma presença ativa da pessoa 
idosa na família e na sociedade. 
Tal situação denota que o processo de envelhecimento brasileiro vem passando por profundas 
desigualdades sociais, com diferentes formas de envelhecer. Estão presentes nesse processo os aspectos 
culturais, sociais, econômicos e políticos, são fatores determinantes de acesso a bens e serviços sociais 
disponibilizados, revelando uma situação de exclusão de grande parte da população idosa dos bens 
essenciais à existência humana (SILVA, 2016).
A satisfação das necessidades individuais de homens e mulheres idosos representa um dos grandes 
desafios da agenda pública, pois supõe considerar as especificidades de cada gênero. A conquista da 
longevidade traz um importante dado quanto ao envelhecimento, sobretudo o processo de feminização do 
envelhecimento, uma vez que as mulheres constituem a maioria em todas as regiões do mundo (SILVA, 2016).
As condições estruturais e econômicas são responsáveis pelas desigualdades entre os sexos, 
implicando situações que alteram as condições de renda, saúde e a própria dinâmica familiar, exigindo 
demandas por políticas públicas e prestação de serviços de proteção social (BERZINS, 2003, p. 28). De 
acordo com a autora, viver mais não tem sido necessariamente sinônimo de viver melhor. 
 Observação
Mesmo sendo as mulheres que vivem mais, elas estão mais expostas a 
situações de violências, discriminações, salários inferiores (em comparação 
aos dos homens) e dupla jornada de trabalho, além da solidão.
Segundo Veras (2003, p. 8):
as desigualdades sociais não podem ser atribuídas meramente ao sexo, 
mas também à classe social e à raça. As pessoas pertencentes às classes 
sociais menos aquinhoadas e a certos grupos étnicos e raciais, tanto 
107
DIREITOS DA CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO
mulheres quanto homens, são mais suscetíveis de vivenciar o desemprego, 
subemprego, emprego instável de baixos salários, do que as brancas de 
classes mais abastadas. Em suma, a classe social e a raça são estratificadores 
primários da vida das pessoas, tanto quanto o sexo.
Todo cidadão tem direito ao envelhecimento, e a proteção desse direito engloba o compartilhamento 
de responsabilidades entre a família, o Estado e a sociedade. 
 Lembrete
Envelhecer com cidadania é regra básica no acesso aos direitos humanos 
como direitos de cidadania, e estes não têm idade.
O direito a envelhecer com dignidade é um direito humano básico que se fundamenta na compreensão 
da velhice como uma etapa natural da existência humana, o que requer atenção prioritária, cuidados 
e assistência; embora sejam direitos sociais já reconhecidos, ainda não são necessariamente efetivados.
Segundo Silva (2016), a existência de um instrumento legal no Brasil vem confirmar esses direitos 
retratados neste livro-texto. De fato, trata-se de um grande avanço para uma sociedade que se 
desenvolveu sem atentar para a importância de um princípio básico de civilidade, que é valorizar a 
sabedoria dos mais velhos e proteger as suas necessidades. No entanto, apesar do marco legal e suas 
medidas de efetivação, há muito o que percorrer para que tais ações sejam concretizadas.
A III Conferência Regional Intergovernamental sobre Envelhecimento na América Latina e Caribe, realizada 
em 2012, ressalta as obrigações dos Estados com relação ao envelhecimento com dignidade e direitos, 
sobretudo na obrigação de procurar erradicar as múltiplas formas de discriminação baseando-se no recorte 
de gênero. Nesse sentido, conforme Brasil (2013b, p. 516-517), recomenda-se:
A – prevenir, sancionar e erradicar todas as formas de violência contra as 
mulheres idosas, incluindo a violência sexual; 
B – promover o reconhecimento do papel que os idosos desempenham no 
desenvolvimento político, social, econômico e cultural de suas comunidades, 
destacando as mulheres idosas; 
C – assegurar a incorporação e a participação equitativa de mulheres e 
homens idosos no desenho e na aplicação das políticas, dos programas e 
planos que lhes dizem respeito; 
D – garantir o acesso equitativo de mulheres e homens idosos na Previdência 
Social e em outras medidas de proteção social, principalmente quando eles 
não gozem dos benefícios da aposentadoria;
108
Unidade II
E – proteger os direitos sucessórios de mulheres viúvas e idosas, em especial 
os direitos de propriedade e de posse.
No Brasil, o sistema de proteção social destinado ao segmento social idoso se encontra estruturado 
em termos de mecanismos legais que visam garantir proteção social básica e especial, através de políticas 
de seguridade social, além de outras políticas setoriais que visam assegurar bem-estar aos cidadãos que 
atingem a velhice.
Os direitos dos idosos já estão estabelecidos no sistema legal e os avanços já alcançados em relação 
à proteção do idoso são frutos de pressões sociais nacionais e internacionais. Tais direitos foram 
consubstanciados na legislação brasileira (CF), reafirmados na Loas, reforçados na Política Nacional do 
Idoso (PNI) e no recente Estatuto. 
No entanto, são grandes os desafios para fazer frente à atual mudança no perfil demográfico 
brasileiro, que, como em todo o mundo, se depara com um crescimento acelerado no número de idosos.
6.1 Direitos dos idosos no Brasil antes da Constituição Federal de 1988
 Estudos em diversos países indicam que até o século XIX, quando o trabalhador chegava na 
velhice, era expulso do seu local de trabalho, ou seja, abandonado à própria sorte, pois não possuía 
um amparo devido para prover a sua subsistência em idade mais avançada (BEAUVOIR, 1990 apud 
OTTONI, 2012).Em países desenvolvidos, buscou-se a manutenção do papel social e a reinserção dos idosos, sendo a 
questão da renda resolvida por meio de sistemas de seguridade social. Nos países em desenvolvimento e 
no Brasil, várias questões ficaram pendentes, como a pobreza e a exclusão da população anciã; somente 
após muitas décadas o Brasil começou a tomar medidas para compensar a situação de descaso com a 
população idosa (BEAUVOIR, 1990 apud OTTONI, 2012). 
Sobre o início do sistema brasileiro de proteção ao idoso, existem relatos durante o período 
colonial de que o Estado patrimonial português incorporou ao seu projeto de colonização práticas 
assistencialistas através da Santa Casa de Misericórdia de Santos, que era uma instituição assistencial 
aos idosos, e somente em 1888 (Decreto 9.912-A) os trabalhadores dos Correios passaram a ter direito 
à aposentadoria. Para isso, deveriam possuir trinta anos de trabalho e, no mínimo, 60 anos de idade 
(BRASIL, 1888).
No século XX, foram iniciadas as políticas previdenciárias estatais para trabalhadores privados. Em 
1919, criou-se o seguro de acidentes do trabalho e, em 1923, a Caixa de Aposentadorias e Pensões 
(CAPs), a qual foi regulamentada pela Lei Eloy Chaves (BRASIL, 1923). 
A legislação buscava disciplinar o direito à pensão e também a possibilidade de organização das 
caixas de socorro para outras categorias de trabalhadores. Assim, a Lei Eloy Chaves obrigou a criação 
de CAPs para determinadas categorias de trabalhadores, não apenas caixas de socorro. Nesse novo 
formato, as CAPs recebiam a contribuição dos trabalhadores, dos empregadores e do Estado e buscavam 
109
DIREITOS DA CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO
socorrer os trabalhadores em momentos de dificuldade, como doenças, acidentes ou mesmo pela idade. 
As primeiras CAPs criadas foram a de ferroviários e a de marítimos (BEHRING; BOSCHETTI, 2010). 
Na época, foram garantidas novas conquistas para a classe trabalhadora, como autorização de 
pensões e férias no período, ao menos no que concerne ao aspecto legal. Em 1891, criou-se a lei que 
regulamentava o trabalho infantil e, em 1911, a lei que reduzia a jornada de trabalho para doze horas 
diárias. Por fim, no ano de 1919, inaugurou-se a lei que regulamentava os acidentes de trabalho, cuja 
responsabilidade passou a ser do empregador.
 Observação
Foi a partir de 1930 que o Estado e também os trabalhadores passaram 
a se interessar pelo sistema previdenciário brasileiro.
Vargas desenvolveu um governo de regime ditatorial e assentado no militarismo. Contudo, é a partir 
de seu governo que tivemos as primeiras ações do Estado compreendidas como política social. 
Behring e Boschetti (2010) e Couto et al. (2010) entenderam que esse seria o primeiro estágio da 
política social brasileira, compreendido pelas autoras como o período de introdução da política social 
no Brasil. Todavia, essa política social não seria extensiva a todos os que dela necessitavam (como é 
esperado hoje), mas especialmente idealizada para atender a classe trabalhadora brasileira. 
Assim, em 1930, temos a criação do Ministério do Trabalho e, em 1932, da Carteira de Trabalho 
(CTPS). Então, consolidou-se uma série de direitos e proteções para a classe trabalhadora: regulação dos 
acidentes de trabalho; ampliação das aposentadorias e pensões; auxílio-doença; auxílio-maternidade; 
auxílio-família; seguro-desemprego. 
Em 1930, foi criado o Ministério do Trabalho, e em 1932, a Carteira 
de Trabalho, a qual passa a ser documento da cidadania no Brasil: eram 
portadores de alguns direitos aqueles que dispunham de emprego 
registrado em carteira. Essa é uma das características do desenvolvimento 
do Estado social brasileiro: seu caráter corporativo e fragmentado, distante 
da perspectiva da universalização de inspiração beveridgiana (BEHRING; 
BOSCHETTI, 2010, p. 106).
Entretanto, grande parte da população brasileira não trabalhadora ou sem registro em carteira 
permanecia à margem do acesso aos direitos. 
Cabe destacar que, a partir da Era Vargas, houve uma ampliação significativa das CAPs, o que 
motivou a consolidação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões Sociais (IAPs). Por meio das CAPs, o 
empregado contribuía com uma parcela mensal do seu salário enquanto estava na ativa, como acontece 
na aposentadoria privada.
110
Unidade II
Os IAPs eram a congregação de várias CAPs, de acordo com a categoria de trabalhadores. O primeiro 
IAP criado foi o dos marítimos, em 1933. Esses institutos não estavam restritos a prestar cuidado 
aos segmentos de trabalhadores desvalidos por meio da concessão de pensões sociais, mas também 
prestando cuidados à saúde e empréstimos para a classe trabalhadora alcançar a casa própria. 
O Estado não possuía uma política social de saúde, logo, tinha acesso à saúde apenas quem contribuía 
com algum instituto. O Estado apenas organizava campanhas sanitárias para conter endemias e epidemias, 
portanto, atuava de forma pontual e residual. Quem tinha necessidade de atendimento médico e não 
estava vinculado a nenhum instituto deveria procurar as Santas Casas, instituições mantidas pela Igreja 
Católica que prestavam atenção a doentes e mendigos. 
Em 1930, o país já possuía uma política de bem-estar social, com previdência, educação, saúde 
e habitação. Nesse ano, foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, e as Caixas foram 
substituídas pelos Institutos de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (Iapas); 
nestes, estados e sindicatos detinham maior autonomia na gestão de recursos (SIMÕES, 1994 apud 
OTTONI, 2012).
No ano de 1934, foi instituída uma constituição cujo art. 121 se referia à categoria idosa: 
“[...] instituição de previdência, mediante atribuição igual da União, do empregador e do empregado, 
a favor da velhice, da invalidez, da maternidade e nos campos de acidente de trabalho ou por morte”; 
assegurava alguns direitos para essa categoria (BRASIL, 1934). 
Na Constituição de 1934, encontramos a expressão dessa pactuação social no que se refere à 
velhice e à infância como uma situação que merecia favor, com apoio das instituições de caridade para 
idosos e entidades de filantropia. No entanto, os direitos do idoso só foram claramente mencionados 
quando houve inserção produtiva da pessoa no trabalho industrial. 
Os direitos da pessoa idosa foram inscritos na Constituição de 1934 (BRASIL, 1934, art. 121, alínea “h”) 
como direitos trabalhistas, na implementação da previdência social “a favor da velhice”, com contribuição 
tripartite do empregador, do empregado e da União, numa clara referência à transição industrial. Ao se 
tornar improdutivo é que o sujeito era considerado velho, a partir do pressuposto de sua exclusão da 
esfera do trabalho, como operário. 
Naquela época, o trabalhador rural não tinha direitos trabalhistas, pois ficava na esfera do “aluguel de mão 
de obra”, sob a tutela da oligarquia rural (FALEIROS, 2008). Reafirma-se na Constituição de 1937 (art. 137) o 
seguro de velhice para o trabalhador, na lógica do seguro pré-pago, mas garantido pelo Estado. 
Na Constituição de 1934, o amparo aos desvalidos previa serviços especializados e “animação de 
serviços sociais” (BRASIL, 1934, art. 138), dentro da visão eugênica e higienista, de socorro às famílias 
de prole numerosa e no combate “aos venenos sociais”. 
“Em ambas as Constituições, pode-se invocar a proteção do Estado para a subsistência e educação de sua 
prole numerosa, mas a de 1937 assinalou que esse recurso cabia aos ‘pais miseráveis’” (BRASIL, 1934, art. 127). 
111
DIREITOS DA CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO
A Constituição de 1946 não incorporou o conceito de seguridade social, e os trabalhadores rurais 
permaneceram excluídos, com continuidade do modelo filantrópico. No art. 157, a Constituição de 
1946 (BRASIL, 1946) dispõe sobre a formulação de previdência “contra as consequências da velhice”, 
ampliando a ideia de um seguro social somente para trabalhadores industriais. 
Em 1960 foi promulgada a Lein. 3.807, a chamada Lei Orgânica da Previdência Social, que previa 
trinta e cinco anos de contribuição para obter a aposentadoria integral aos 55 anos de idade (BRASIL, 
1960). Grandes pressões sindicais conseguiram a aposentadoria por tempo de serviço em 1962, sem 
limite de idade. 
Já durante o período de redemocratização, entre 1946 e 1964, foi definido o perfil das políticas 
públicas de assistência social para os idosos (ESCOBAR, 2010). Depois do golpe militar de 1964, a política 
econômica favoreceu o tripé (Estado, multinacionais e burguesia nacional), com forte participação do 
Estado na economia, mas com repressão aos movimentos sociais e sindicais e arrocho salarial, conforme 
relata Faleiros (1995). 
Com a publicação do Livro Branco da Previdência Social, o governo criticou a pluralidade dos institutos 
e forçou a unificação da Previdência Social, já prevista na Lei Orgânica. Assim, a Constituição de 1967 
já falava de previdência social “nos casos de velhice” (BRASIL, 1960, art. 158). Nessas Constituições (de 
1934 e 1946), contemplou-se a assistência à maternidade, à infância e à adolescência. É no bojo do 
sistema previdenciário que ficou garantida a assistência à saúde, a alguns benefícios pecuniários e a 
pensões, que são regulamentados por lei, mas dentro da esfera contributiva. Para os não contribuintes, 
prevaleceu o modelo filantrópico, no qual era exigido o atestado de pobreza para ser atendido. 
Nesse contexto, destaca-se o Sesc, uma entidade patronal, financiada pelos trabalhadores e 
consumidores, com atividades iniciadas em 1963, através de centros de convivência abertos a idosos, 
fora do âmbito filantrópico, religioso ou estatal. Essa atividade com idosos representou, no entanto, 
um espaço de consideração da velhice como um momento da vida, como uma esfera especial, embora 
destinada a trabalhadores e seus dependentes, e não à população em geral (FALEIROS, 1995). 
Nesse mesmo período, vários grupos e movimentos suscitavam o estabelecimento de atenções 
diferenciadas ao segmento da pessoa idosa, como era o caso do grupo de convivência do Sesc na década 
de 1960. Assim, destacaram-se duas iniciativas de impacto no desenvolvimento das políticas brasileiras 
para a população idosa. 
A primeira foi a criação da SBGG, em 1961. Um de seus objetivos era estimular iniciativas e obras 
sociais de amparo à velhice e cooperar com outras organizações interessadas em atividades educacionais, 
assistenciais e de pesquisas relacionadas com geriatria e gerontologia.
A segunda teve início em 1963, por iniciativa do Sesc, dada a sua preocupação com o desamparo e 
a solidão entre os idosos. Consistiu em um trabalho com um pequeno grupo de comerciários na cidade 
de São Paulo. A ação do Sesc revolucionou o trabalho de assistência social ao idoso, sendo decisiva na 
deflagração de uma política dirigida a esse segmento.
112
Unidade II
 Lembrete
A velhice passou de questão filantrópica e privada para pública, quando 
a inclusão de direitos é feita por meio da incorporação do direito do 
trabalhador, e não do direito da pessoa de envelhecer. 
Em 1966, ocorreu a unificação do regime previdenciário por meio da congregação dos IAPs, com 
a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Desde então, os trabalhadores perderam 
totalmente a capacidade de gestão de sua aposentadoria, que passou a ser controlada pelo Estado. 
Em 1967, o INPS assumiu também as intervenções necessárias para os casos de trabalhadores que se 
envolviam em acidentes de trabalho. No mesmo ano foi ampliada a possibilidade de aposentadoria para 
os trabalhadores rurais, com a criação do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural). Este, 
no entanto, exigia dos trabalhadores apenas algumas taxas provenientes do preço do que cada um 
comercializava (BEHRING; BOSCHETTI, 2010; COUTO et al., 2010). 
Nos anos 1970, em plena ditadura, a Lei n. 6.179 instituiu a Renda Mensal Vitalícia, que fixava o 
valor de 50% do salário mínimo para maiores de 70 anos que houvessem contribuído ao menos um 
ano para a Previdência. Acentua-se que havia críticas ao sistema, guerrilha e perda de legitimidade 
do modelo autoritário. 
O período da ditadura militar foi uma época de expansão do Estado na área social; o governo 
procurava ter apoio social da população, por isso adotou certas medidas sociais nas áreas de saúde, 
educação, habitação e também conferiu nova configuração às tradicionais políticas de segurança, 
justiça e promoção humanas. 
 Saiba mais
Para saber mais sobre o período estudado, são indicados os seguintes filmes: 
O APITO da panela de pressão. Direção: Sérgio Tufik. Brasil: DCE Livre da 
USP; DCE Livre da PUC, 1977. 26 min.
GETÚLIO Vargas. Direção: Nei Sroulevich. Brasil: Zoom Cinematográfica, 
1974. 76 min. 
JANGO. Direção: Silvio Tendler. Brasil: Caliban Produções 
Cinematográficas; Embrafilme, 1984. 117 min. 
Na mesma década, por meio da Portaria n. 82, foi assinada pelo Ministério do Trabalho e da 
Previdência Social a primeira medida de assistência aos idosos, sendo restrita aos beneficiários do 
sistema previdenciário. 
113
DIREITOS DA CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO
A velhice despossuída, dependente historicamente da ação caritativa dos indivíduos, das Santas Casas 
de Misericórdia, foi contemplada, alguns meses após, com a renda mensal vitalícia, pela Lei n. 6.179. 
No mesmo ano, houve a separação da Previdência do Trabalho pelo Estado, criando-se o Ministério da 
Previdência e Assistência Social – MPAS (Lei n. 6.062) (HADDAD, 1998 apud ESCOBAR, 2010).
Portanto, foi no início da década de 1970 que começou a surgir um número significativo de idosos 
em nossa sociedade, preocupando alguns técnicos da área governamental e do setor privado, o que 
provocou o despertar dessas pessoas para a questão social do idoso. 
Em 1974, foi criado o Ministério da Previdência Social, composto pela Legião Brasileira de Assistência 
Social, pela Funabem e pela Central de Medicamentos. Esse ministério também incorporou a Empresa de 
Processamento de Dados da Previdência Social (Dataprev). Essa estrutura foi transmutada e, em 1977, 
foi criado o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (Sinpas). Assim, houve a agregação de 
ações relacionadas à saúde, à previdência social e à assistência social por meio do Sinpas e dos serviços 
prestados na área de abrangência desse sistema. 
Nessa associação entre previdência, assistência e saúde, impôs-se uma forte 
medicalização da saúde, com ênfase no atendimento curativo, individual e 
especializado, em detrimento da saúde pública, em estreita relação com o 
incentivo à indústria de medicamentos e equipamentos médico-hospitalares, 
orientados pela lucratividade (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 137).
Não havia ações definidas e específicas, mas sim uma série de ações combinadas e organizadas por 
meio do Sinpas.
O INPS, em 1974, uma das primeiras iniciativas do governo federal na prestação de assistência ao 
idoso, consistiu em ações preventivas realizadas em centros sociais do INPS e da sociedade civil, bem 
como de internação custodial dos aposentados e pensionistas do INPS. No fim dos anos 1970, as pessoas 
idosas começaram a se organizar em associações, chamando a atenção de outras instâncias, como foi o 
caso do Ministério da Saúde. 
O primeiro programa de assistência ao idoso surgiu em 1975 por iniciativa do INPS. Intitulado PAI 
(Programa de Assistência ao Idoso), visava à organização e formação de “grupos de convivência” para 
pessoas idosas vinculadas ao sistema previdenciário. Esses encontros aconteciam nos postos de serviços 
do INPS e se desenvolveram por todo o Brasil nos dois anos seguintes.
A partir da reforma da Previdência Social em 1977 e da criação do Sinpas, a questão da assistência 
ao idoso no Brasil passou a ser de responsabilidade da LBA, que atuava em dois níveis: direto e indireto. 
O direto era executado pela equipe técnica da LBA, contando com 2 mil unidades de atendimento 
em todo o território brasileiro. Nesses locais,

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