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Guia Enem Sociologia e Filosofia

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Conteúdo produzido 
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ATUALIZADO 
ATÉ O ENEM
2019EnemSupErguia
EnemSupErguia
Superguia Enem Sociologia e Filosofia - Edição 4 - 2018 – ISBN 978-85-8246-818-0
Editora-Chefe Viviane Campos Editor Ricardo Piccinato Imagens e ilustrações Getty Images, Shutterstock Images, FullCase e Wikimedia Commons 
Design Josemara Nascimento Impressão MAR MAR Gráfica Distribuição Total Express Publicações
Fica proibida a reprodução parcial ou total de qualquer 
texto ou imagem deste produto sem autorização prévia dos 
responsáveis pela publicação.
ESTA É UMA PUBLICAÇÃO DA
©2018 EDITORA ALTO ASTRAL LTDA. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
PRESIDENTE João Carlos de Almeida 
DIRETOR EXECUTIVO Pedro José Chiquito 
DIRETOR COMERCIAL Silvino Brasolotto Junior 
DIRETOR DE REDAÇÃO Sandro Paveloski
EDITORIAL Gerente Mara De Santi 
PUBLICIDADE Gerente Samantha Pestana Equipe Comercial Ana Paula Maia, José Santos e Marcio Costa 
Mercado Regional (DF) ARMAZÉM DE COMUNICAÇÃO (61) 3321- 3440, (RJ) PLUS REPRESENTAÇÃO (21) 2240- 9273 
Brand Lab Vanessa Neves Opec / Programático Walessa Gimenes e Thiago Zanqueta. 
Fone (11) 3048-2900 / E-mail publicidade@astral.com.br 
MARKETING Gerente Flaviana Castro E-mail marketing@astral.com.br 
SERVIÇOS GRÁFICOS Gerente José Antonio Rodrigues 
ADMINISTRATIVO/FINANCEIRO Gerente Jason Pereira 
ENDEREÇOS BAURU Rua Gustavo Maciel, 19-26, CEP 17012-110, Bauru, SP. Caixa Postal 471, CEP 17015-970, Bauru, SP. 
Fone (14) 3235-3878, Fax (14) 3235-3879  SÃO PAULO Rua Tenerife, Nº 31, Conj. 21 e 22, Bloco A, CEP 04548-904, 
Vila Olímpia, São Paulo, SP, Fone/Fax (11) 3048-2900 
ATENDIMENTO AO LEITOR ✆ (14) 3235-3885 De segunda a sexta, das 8h às 18h E-mail atendimento@astral.com.br 
Caixa Postal 471, CEP 17015-970, Bauru, SP 
LOjA www.loja.editoraastral.com.br 
E-mail lojaonline@astral.com.br 
Conteúdo produzido por
Edição de Conteúdo: Mara Magaña
Coordenação Editorial: Juliana Klein
Supervisão Geral: Angel Fragallo
Revisão: Adriana Giusti
Ilustrações: Bruno Castro
introdução
SE Sociologia e Filosofia 2018 | 5
O Exame Nacional do Ensino Médio, conhecido 
popularmente como Enem, foi criado no ano de 
1998 a fim de avaliar habilidades básicas dos 
estudantes brasileiros. E, com o passar do tempo, 
a prova acabou se tornando um dos principais 
meios de se ingressar em uma universidade e, 
assim, conquistar o diploma do Ensino Superior. 
Para isso, os alunos que prestam a avaliação 
podem, caso atinjam uma determinada nota, 
optar por entrar em uma instituição pública 
que aceite os resultados do Enem no processo 
seletivo ou, ainda, uma faculdade particular pelo 
Programa Universidade Para Todos, o ProUni. 
Conforme informa o edital: “Os resultados 
do Enem 2018 poderão ser utilizados como 
mecanismo único, alternativo ou complementar 
de acesso à educação superior, desde que exista 
adesão por parte das Instituições de Educação 
Superior (IES). A adesão não supre a faculdade 
legal concedida a órgãos públicos e a 
instituições de ensino de estabelecer regras 
próprias de processo seletivo para ingresso na 
educação superior”.
Para se ter uma ideia da importância 
dessa alternativa para alcançar uma vaga 
na universidade, 7.603.290 de pessoas se 
inscreveram no Enem de 2017, superando a 
estimativa do Instituto Nacional de Estudos e 
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) de 
7,5 milhões de inscritos. Deste número, 59,3% já 
concluíram o Ensino Médio, 31,9% completariam 
o nível escolar em 2017 e 7,8% finalizariam 
posteriormente. Na edição de 2018, segundo 
dados do Inep, mais de 5,5 milhões de estudantes 
tiveram suas inscrições confirmadas para realizar 
a prova nos dias quatro e 11 de novembro.
Com a reformulação da prova feita em 2009, 
cresceu o número de faculdades que passaram 
a aceitar o exame como meio de ingresso em 
seus cursos. Por isso, quem prestou o Enem 
2017 concorreu a 239.601 vagas referentes a 
130 instituições públicas de Ensino Superior, 
tanto federais quanto estaduais, para o primeiro 
semestre de 2018. Lembrando que a relação de 
quantidade de vagas e instituições disponíveis 
é realizada pelo Sistema de Seleção Unificada 
(Sisu), podendo ser acessada em sisu.mec.gov.br. 
Nesta coleção SUPERGUIA ENEM, preparamos 
o conteúdo necessário para o aluno que deseja 
garantir uma das 239.601 vagas disponíveis, 
buscando reforçar tudo aquilo que aprendeu em 
sala de aula ou estudando em casa. Nas próximas 
páginas, você poderá conferir uma seleção 
das principais teorias explicadas e exercícios 
comentados por professores especialistas. 
Ao todo, são seis apostilas que abrangem os 
temas trabalhados no Enem: Ciências Humanas 
e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e 
suas Tecnologias; Linguagens, Códigos e suas 
Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias.
Em cada edição você encontrará dicas especiais 
e teorias bem explicadas que vão abrir caminho 
para seu ingresso no Ensino Superior, garantindo 
uma posição de destaque no mundo profissional. 
Bons estudos!
aprESEntação
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Descanse e durma bem. A mente precisa de um tempo para que os conteúdos 
sejam assimilados. 
PArA A
revisão
dicaS
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Organize sua rotina de estudos e, se necessário, faça um cronograma para não deixar 
passar nenhum conteúdo e conseguir dar conta das atividades cotidianas.
Livre-se de distrações na hora dos estudos. Celular, redes sociais, televisão ou 
rádio podem ser empecilhos para a concentração e o foco.
Faça simulados ou provas de anos anteriores. Dessa forma, você ficará 
habituado com o estilo da avaliação e não terá surpresas na hora.
Treine seu tempo, pois a prova é longa e o período para sua realização é curto. Em 2018, no 
primeiro domingo de exame, os candidatos terão cinco horas e meia para a realização das 90 
questões de linguagens e ciências humanas, além da redação. No segundo, serão 30 minutos a 
mais do que em 2017: cinco horas para as 90 perguntas de matemática e ciências da natureza.
Foque no seu objetivo. Tenha consciência da nota necessária para ingressar na 
universidade e curso desejados, assim poderá se esforçar visando sua meta.
Leia os enunciados com atenção. Interpretar aquilo o que se pede na pergunta é 
essencial para escolher a resposta certa.
Responda primeiro às perguntas mais fáceis, aquelas que você sabe a opção correta.
Leia. O hábito da leitura constrói um vocabulário melhor, auxilia a interpretação de 
texto e desenvolve o raciocínio crítico. 
Mantenha-se informado. Notícias atuais são temas de redação em potencial.
Bacharel em Ciências Sociais pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – 
FESPSP e Mestre em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade de São Paulo 
PUC–SP. Leciona Filosofia e Sociologia em vários cursinhos de São Paulo.
PESQUISA: FÁTIMA M. OLIVEIRA
TEXTO: MARA MAGAÑA
sociologia
SUMÁRIO
1. Da era pré-científica ao Renascimento ....8
2. Nascimento das ciências sociais ...........8
3. A Sociologia de Durkheim ................. 11
4. A Sociologia alemã: Max Weber ....... 12
5. A exploração do homem: Karl Marx....14
6. Expansão do capitalismo .................. 15
7. Evolucionismo, dualismo 
e economias periféricas .......................... 16
8. Subdesenvolvimento ......................... 17
9. Modos de Produção ............................ 18
10. As novas tecnologias ..................... 20
11. Globalização ..................................... 20
12. Teorias da Comunicação ................ 22
13. Cultura – Origem e importância ... 24
14. Cultura Contemporânea ................. 26
15. Identidades ....................................... 28
16. Sociedade Midiática ........................ 29
17. Sociologia no Brasil ........................ 31
Bibliografia .................................................33
Exercícios de Sociologia .......................... 35
Gabarito e comentários ........................... 39
Jornalista pela Cásper Líbero, formada em Letras pela USP e tradutora de 
Espanhol. Foi coordenadora e diretora de colégio em São Paulo.
A Sociologia estuda o comportamento humano em gru-
pos de sociedade. É matéria obrigatória no Ensino Médio 
desde 2009 e, agora, segundo as novas regras do BNCC – 
Base Nacional Comum Curricular, que deve vigorar a partir 
de 2020, poderá fazer ou não parte da grade curricular. 
A prova de Sociologia, assim como a de Filosofia, exige 
do aluno uma boa interpretação de texto. Mas costumam 
ser exigidos conhecimentos sobre movimentos sociocultu-
rais, conceitos de cultura, trabalho, política e de diversidade 
cultural, modos de produção e globalização. Durkheim, We-
ber e Marx geralmente batem ponto no teste.
1. DA ERA PRÉ-CIENTÍFICA AO
RENASCIMENTO
Conflito social, estratos, movimentos, contexto, classes 
sociais são expressões que, hoje, pipocam por todas as mí-
dias, sejam elas institucionais, sejam sociais, nos discursos 
políticos, publicidade e até no dia a dia de todos nós.
Não é matéria nova: os humanos, desde os primórdios, 
são fascinados por sua cultura e diversidade. As divindades 
e os mitos estão entre as primeiras explicações – assim como 
os primeiros preconceitos, que legitimavam os povos mais 
fortes a qualificar os outros como menos fortes e, portanto, 
inferiores. 
Precisou-se de um bom tempo para os homens enten-
derem que o que nos define é nossa história e que o gêne-
ro humano é único. Foi a partir daí que a Sociologia pôde 
compreender as ações humanas, decodificá-las explicá-las e 
quantificá-las.
O conceito de cultura varia no tempo e no espaço, por-
que, incutidos nesses termos, estão um arcabouço compos-
to de crenças, valores, hábitos de vida e de comportamento. 
Também é preciso compreender que a cultura se molda his-
toricamente, e não em geração espontânea. Isso cria uma 
complexidade que abrange a língua em que se comunica, a 
cultura e sistema simbólico de um povo e a transmissão de 
conhecimento que acontece por meio da socialização – uma 
complexidade que vai exigir ciências especialmente desen-
volvidas para compreender o ser humano.
Mas foi um processo lento chegar ao pensamento cien-
tífico sobre o ser humano e sua vida social. Inicialmente, na 
Antiguidade, era o pensamento religioso e mítico que regia o 
mundo, segundo os desígnios divinos do criador. Babilônios 
e egípcios eram pragmáticos: preocupavam-se em resolver 
problemas imediatistas, que ameaçassem o percurso da vida. 
Foram os gregos que começaram a pensar o mundo, 
não se importando com aplicabilidade imediata de suas te-
orias, independente do lado mítico e de crenças religiosas.
Esse desejo de criar um pensamento crítico deu início ao 
surgimento da Filosofia, entre os séculos V a.C e IV a.C, cujo 
significado é amor ao conhecimento. Podemos dizer que foi 
o pontapé para o surgimento da ciência, que só aconteceria 
a partir do século XVI, com o Renascimento.
Ruínas de Paternon, na Grécia.
2. NASCIMENTO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
Desde o século XIV, começou-se a registrar uma re-
novação cultural, que dá início ao Renascimento. Tendo 
como base o questionamento reflexivo sobre o mundo 
dos gregos, os renascentistas passaram a rejeitar as im-
posições da cultura medieval, que refletia as imposições 
da Igreja Católica. As ideias renascentistas espalharam-se 
rapidamente pela Europa, influenciando a Filosofia, a Li-
teratura, Arte e ciência. Era o protagonismo do espírito 
crítico que se delineava.
Os novos ares, trazidos com o desenvolvimento do 
comércio e das cidades, as descobertas de novas terras 
possibilitadas pelas viagens marítimas, a invenção da im-
prensa e a Reforma Protestante permitem ao homem que 
compare sua realidade com outras culturas.
Nesse contexto, surgem aqueles que começaram a pes-
quisar criticamente ou investigar a sociedade: Nicolau Ma-
quiavel (1469-1527) foi um deles. Em sua obra O Príncipe, 
uma espécie de manual de estratégias de guerra para o 
príncipe Lorenço de Médici, propôs ensinamentos de como 
se manipular meios e pessoas para se chegar à finalidade 
principal, que é manter o poder. É uma clara manifestação 
de que o homem pode utilizar-se da razão, sem influências 
divinas, que mostrava o novo olhar para a sociedade. 
Outros surgiram além de Maquiavel, sedimentando as 
ideias do antropocentrismo – filosofia onde o homem é a 
figura central, opondo-se ao teocentrismo (que tinha Deus 
como centro do mundo). Thomas Morus (1478-1535), que 
tem em Utopia sua maior obra, Tommaso Campanella com A 
cidade do Sol e Francis Bacon (1561-1626), com Nova Atlânti-
da, são alguns deles.
Thomas Morus
Francis Bacon
Transição para o Iluminismo
O homem renascentista dá lugar a um ser humano es-
timulado a buscar sua satisfação pessoal, a olhar a vida do 
ponto de vista positivo, a mergulhar em seus sentimen-
tos e ideias particulares. Há um fervilhamento nas cida-
des, que abrigam pessoas de diversos locais, em busca 
de seu próprio espaço e enriquecimento.
O lucro deixa de ser constitutivo e passa a ser acu-
mulativo, sendo o objetivo principal de qualquer ativi-
dade. A busca pelo lucro é cada vez maior e antiética. 
Organizam-se viagens intercontinentais, guerras são 
declaradas pela disputa de novos pontos comerciais, 
matérias-primas, produtos e, claro, clientela. É a síntese 
do pensamento burguês da época.
O cientificismo
Com essa corrida ao lucro, é preciso que se produza 
mais para suprir a demanda, que também vai aumen-
tando. E, para se produzir mais, em larga escala, são ne-
cessários planejamento, equipamentos novos, e a tec-
nologia passa a ser prioritária nas pesquisas científicas 
que se tornam necessidade. Há prêmios em dinheiro 
para quem invente máquinas que agilizem a produção 
e tornem os produtos mais baratos.
O planejamento e racionalidade das pesquisas cien-
tíficas invadem o dia a dia, que procuram entender 
também a vida e a natureza, com base na laicidade e 
no individualismo. Podemos dizer aqui que surgem os 
primórdios do pensamento sociológico, revelados 
no confronto entre liberdade e controle social, indiví-
duo e sociedade.
 O Iluminismo
Valorizar a racionalidade e a ciência começa a to-
mar forma verdadeira no século XVIII, por meio de um 
movimento que surge na Inglaterra e na França, cha-
mado Iluminismo. O movimento se notabilizou pelo 
combate ao absolutismo – regime surgido no século 
XV. Nele, o rei detinha todo o poder em suas mãos, go-
vernando com mão de ferro sob a alegação de ser um 
representante de Deus na Terra. 
Com a ciência como mola mestra do novo pensa-
mento, a reflexão sistemática atrai autores como o filó-
sofo Voltaire (1694-1778), defensor ferrenho da razão 
e que combatia o fanatismo religioso; Jean-Jacques 
Rousseau (1712-1778), grande defensor da democracia 
e um dos que mais combateram a desigualdade social; 
Montesquieu (1689-1755), crítico do absolutismo e 
defensor dos poderes separados (legislativo, judiciá-
rios e executivo), contra a centralidade na mão de um 
único governante (déspota), dando maior equilíbrio ao 
Estado.
É a partir dessas ideias que tem início a ciência que 
irá ajudar a entender os movimentos da sociedade.
Imagem: Ullstein Bild/Getty Images
Voltaire
Montesquieu
Capitalismo e Revolução Industrial
Paralelamente à mudança de pensamento, da consolida-
ção da ciência como estratégia para interpretar o mundo, o 
sistema capitalista também se fortalecia, culminando com 
a Revolução Industrial, que vai alterar a forma de produção, 
distribuição e comercialização a partir do século XVIII, na 
Inglaterra. Também transforma imensamente a vida das pes-
soas, principalmente daquelas que viviam no campo. 
O primeiro dos grandes fenômenos ocasionados pela 
Revolução Industrial diz respeito ao deslocamento da popu-
lação do campo para as cidades, formando grandes aglome-
rações urbanas.
Os novos modos de produção, realizadosem etapas, 
afastam o trabalhador do produto final, já que cada etapa é 
realizada por um determinado grupo de operários.
Aliás, os operários ganham sua “classe social”, o proleta-
riado. Vivem em péssimas condições, morando em cortiços, 
trabalham até 18 horas por dia. Mulheres e crianças são re-
crutadas para as fábricas, testes e minas, porque os homens 
são mais apreciados na ferrovia. Os salários são irrisórios e 
não há nenhuma garantia trabalhista.
O positivismo
A Sociologia, portanto, nasce baseando-se em pensa-
dores que se preocupam com esses problemas sociais. Mas 
esse nascente pensamento científico explicativo da socieda-
de estava impregnado de valores como a crença na supe-
rioridade europeia sobre as demais culturas e o anseio pelo 
pleno desenvolvimento do capitalismo e sua expansão pelo 
mundo. Tudo isso levava os primeiros sistematizadores do 
pensamento sociológico a se voltarem principalmente para 
a justificativa das diferenças e desigualdades sociais e para o 
estudo da ordem e do progresso.
Foi Auguste Comte (1798-1857) quem criou o termo 
Sociologia. Em sua obra Filosofia Positiva, de 1839, disse-
minou ideias que deram origem ao positivismo – sistema 
que define exatamente como é o objeto, estabelecendo 
conceitos e criando uma metodologia de investigação, or-
denando o estudo científico e diferenciando-o das outras 
áreas do conhecimento.
Auguste Comte
Imagem: Auguste Comte/Wikimedia Commons
Comte acreditava na superioridade da ciência e na sua 
forma de explicar os fenômenos sem liga-los à religiosidade. 
Foi mais longe, ao pensar a ciência também como orienta-
dora da ordem social.
Para ele, naquela época, a sociedade estava um caos. 
Comte foi visionário ao enxergar o mundo que surgia com 
toda sua modernidade, cada vez mais impactado pela ci-
ência, pela industrialização crescente. Ele queria instau-
rar a ordem gerada pela crise da transição do feudalismo 
para o capitalismo. E levou isso para a Sociologia que, ini-
cialmente, era entendida de forma ampla e incluía parte 
da Psicologia, da Economia Política, da Ética e da Filosofia 
da História.
Comte acreditava que o capitalismo podia ser funda-
mental para o desenvolvimento das sociedades, promoven-
do o progresso das civilizações. As crises sociais, para ele, 
eram acidentes de percurso e deviam ser resolvidas para o 
contínuo progresso.
Darwinismo social
Há uma corrente que se forma nessa época, derivada das 
ciências biológicas, que aplica ao desenvolvimento social as 
leis de evolução das espécies biológicas, proposta por Char-
les Darwin (1809 – 1882).
No século XIX, as fronteiras europeias eram um entrave 
ao desenvolvimento do capitalismo. A Europa volta-se para 
as colônias, buscando transformar sua população em con-
sumidores. Isso implicava mudar os hábitos e a cultura dos 
povos colonizados.
Os europeus viram-se às voltas com civilizações diferen-
tes, com costumes diferentes, sistemas diferentes. O objeti-
vo dos colonizadores era organizar essas colônias segundo 
seus princípios capitalistas. E era difícil, exigia muita organi-
zação e muita persuasão.
Na verdade, ocorreu a implantação de uma missão civi-
lizadora, apresentada como humanitária, mas que escondia 
a violência colonizadora. Foi o que fizeram Inglaterra, Itália, 
França, Holanda e Alemanha em diversas regiões, modifi-
cando radicalmente hábitos, costumes e moldando-os para 
a nova sociedade que surgia, a capitalista industrial, no sé-
culo XIX.
Esse sistema implantado pelos colonizadores baseava-
-se na teoria de Darwin, que explica a evolução biológi-
ca dos animais. Segundo a teoria, há uma seleção natural 
entre as espécies, que as pressiona para que se adaptem ao 
ambiente. Isso faz com que se transformem continuamente, 
para garantirem a sobrevivência.
Por isso, segundo Darwin, os organismos se adaptam 
cada vez mais aos ambientes, podendo criar formas com-
plexas e avançadas de vida. Isso tudo graças à competição 
natural, que é “vencida” por seres mais evoluídos.
Isso foi transposto, na análise da sociedade, para o de-
nominado darwinismo social, que defende o princípio de 
que as sociedades também se modificam e se adaptam, pas-
sando de um estágio para outro superior e chegando a um 
organismo social mais evoluído. E é isso que garantiria a 
sobrevivência das sociedades e indivíduos.
Acreditavam, assim, que as sociedades mais simples 
e “primitivas”, com tecnologia já para eles ultrapassada, 
deveriam evoluir para o estágio superior, que seria o 
capitalismo europeu. Povos da Ásia, África, América e 
Oceania pertenciam a essas sociedades em estágio anterior.
Charles Darwin
3. A SOCIOLOGIA DE DURKHEIM
Émile Durkheim (1858-1917) continua o trabalho de 
Comte, após sua morte, e trabalhou para que a Sociologia 
tivesse uma reputação científica. Do que ele difere de Comte 
é na forma; Durkheim é mais técnico: ele já conhecia os ca-
minhos e sabia o que a Sociologia iria procurar na sociedade 
e como faria isso. Para tanto, pesquisou a etnografia, que é 
o estudo descritivo das diversas etnias, estatística, Filosofia, 
leis e História.
O tempo de Durkheim foi um tempo de novidades: in-
venção dos carros de passeio, da eletricidade, do cinema, 
tempos de otimismo, portanto. E, entretanto, mesmo em 
meio a todo esse otimismo, enxergava os problemas sociais. 
Foi isso que lhe chamou a atenção, e propôs regras de obser-
vação e procedimentos para que se investigassem os pro-
blemas de ordem social de maneira sistemática, da mesma 
forma que a Biologia fazia com suas pesquisas.
Em sua obra As Regras do Método Sociológico, procurou 
sistematizar as fronteiras que há entre a Sociologia e as de-
mais ciências, dotando a Sociologia de autonomia e objeti-
vidade. É aqui que ele procura definir o que são fatos sociais.
 
Émile Durkheim
Foto: Wikimedia Commons
A coerção é a chave mestra de seu método, que prima 
por distinguir os fatos sociais dos fatos orgânicos ou psicoló-
gicos. Os fatos sociais, segundo Durkheim, se impõem como 
uma força coercitiva sobre o indivíduo, aos quais termina 
por se submeter. Um exemplo dessa força coercitiva estaria 
no sentimento de pertencer a uma organização política, por 
exemplo.
A essa força, deu o nome de coerção social, que se ma-
nifesta pelas sanções legais (sanções prescritas pela socieda-
de, as leis) ou espontâneas (determinadas por um grupo ou 
pela própria sociedade, sem serem, necessariamente, trans-
formadas em leis). 
Há ainda, dentro do seu método de sistematização, aque-
le que ele denominou de característica coletiva ou geral, ou 
seja, quando um fenômeno é comum a todos os membros 
de um grupo; e a exterior ao indivíduo, que acontece inde-
pendente da vontade individual.
Um dos estudos sobre o qual Durkheim se debruçou foi 
o suicídio. Ele desvinculava o que, em um primeiro momen-
to, pode ser considerado como ato individual; para ele, fazia 
parte do que ocorria na sociedade, portanto, coletivo. Isso 
tudo porque a sociedade, para ele, é um corpo organizado. 
Durkheim entendia que, se o Estado, a Igreja, o trabalho, 
escola, partidos políticos e outras instituições falhassem no 
cumprimento de suas funções, surgia uma patologia na so-
ciedade, que ele chamou de anomia. Ou seja, a sociedade 
ficava doente.
O sociólogo dividiu o suicídio em três categorias:
• Suicídio Altruísta: se alguém (o indivíduo) valoriza 
mais a sociedade do que a si mesmo, vai agir “pela socie-
dade”. É o que acontece, por exemplo, com os chamados 
“homens-bombas”.
• Suicídio Egoísta: se alguém se desvincular totalmente 
da sociedade (sistemas de Igreja, Estado, família, etc) e deci-
dir agir livremente, não haverá redes de apoio ou convívio, 
enfim, não haverá limites. Não havendo limites, o indivíduo 
pode desejar algo inalcançável, e isso o frustraria a ponto de 
leva-lo ao suicídio.
• Suicídio Anômico: esse pode acontecer quando par-
tes do corpo não funcionam mais, por exemplo, quando a 
família se desliga de um indivíduo, como pais, idosos, filhos 
desregrados, abandonando-os.4. A SOCIOLOGIA ALEMÃ: MAX WEBER
Na Alemanha, há um retardamento da organização do 
pensamento burguês, que acontece só no século XIX. Sua 
base é diversa das correntes europeias, buscando sua siste-
matização na Antropologia e História.
A Alemanha se organiza como estado nacional, já uni-
ficada, após o conjunto das nações europeias. Isso faz com 
que entre mais tarde na corrida industrial e imperialista. De 
certa maneira, como dirigiram seus esforços para a tecnolo-
gia tardiamente, ocuparam-se, por bom tempo, com a Histó-
ria e em entender a ciência da integração, da memória e do 
nacionalismo.
É isso que afasta o pensamento alemão dos franceses 
e ingleses, que cultivaram a integralidade, já que tinham 
como objetivo serem líderes na economia e subjugar suas 
colônias a seus padrões religiosos e culturais. A Alemanha 
cultiva a diversidade, preocupando-se com as diferenças, 
com o estudo de sua própria formação política e seu 
desenvolvimento econômico. 
Tem mais uma característica, que é a herança puritana, 
muito apegada à interpretação das escrituras e livros sagra-
dos. Muitos cientistas foram influenciados por esses pensa-
mentos. Um deles, Max Weber (1864-1920), foi o responsá-
vel por sistematizar a Sociologia alemã. 
Ao contrário de Comte e Durkheim, Weber se preocupa 
com o indivíduo e com a interpretação da sociedade a par-
tir dos fatos sociais já consolidados e de suas normas, leis, 
instituições. Baseou-se na ideia de que o sociólogo deve 
preocupar-se com a motivação dos grupos e dos indivíduos 
a partir do estudo das ações sociais.
Weber acreditava que a pesquisa histórica era prepon-
derante para se compreender as sociedades. Uma pesquisa 
acurada, realizada em documentos e dando atenção ao es-
forço interpretativo das fontes, permite que entendamos as 
diferenças e contradições sociais. E isso é que seria, para ele, 
gênese e formação das sociedades, e não sua evolução. É a 
base da Sociologia compreensiva, inaugurada por ele. 
Essa Sociologia compreensiva vai estudar o sentido que 
os indivíduos atribuem às suas próprias ações, como ele as 
entendem – isso somado ao significado que essas ações 
projetam no contexto social. Trocando em miúdos, para We-
ber e sua Sociologia compreensiva, as ações, isoladas, não 
carregam um sentido em si, mas sim o sentido em que nós, 
como indivíduos do nosso tempo, damos a elas. Weber acre-
dita que cabe ao sociólogo compreender esses significados 
que, apesar de serem atribuídos pelos indivíduos, não são 
apreendidos imediatamente por eles, o que caberia à refle-
xão sociológica. 
Max Weber
Weber faz uma crítica essencial às teorias positivistas de 
Comte e Durkheim. Para ele, os métodos de investigação 
das ciências naturais só conseguem explicar seu objeto de 
estudo, a natureza, relacionando-os à descoberta e relação 
causal direta à formulação das leis químicas e físicas, que ex-
plicam a funcionalidade de seus eventos, como a chuva, por 
exemplo. Mas isso não deve, para Weber, ser feito pela ciên-
cia social, que não poderia afirmar que uma mesma ação ou 
fenômeno social acontecerá sempre da mesma forma, em 
resposta direta a uma causa exclusiva. Weber entende que o 
ser humano é subjetivo e isso aparece em seus valores, inte-
resses, expectativas etc.
Weber se debruçou em vários temas, mas deu maior 
atenção à economia, política e religião. Em sua principal 
obra, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, ele pes-
quisa a influência religiosa, em especial a do protestantismo, 
na formação do capitalismo ocidental. Weber acredita que o 
protestantismo, que não condena a riqueza e tem em seus 
fundamentos a dedicação do trabalho, influenciou forte-
mente o capitalismo e favoreceu seu desenvolvimento nos 
países onde era a base da religiosidade, como Alemanha. Ele 
explica esse pensamento por meio da Sociologia compre-
ensiva, demonstrando que o jeito como os indivíduos en-
tendem o mundo (que é sua ética religiosa) influencia suas 
ações individuais, e isso ajuda a consolidar o capitalismo. 
Weber combina, em sua teoria, duas perspectivas: a 
histórica e a sociológica. A primeira trata das particulari-
dades de cada sociedade e a segunda leva em conta os ele-
mentos mais gerais de cada fase da História.
Exemplificando: para se entender a sociedade, na con-
cepção weberiana, devemos, por exemplo, isolar os indiví-
duos de uma determinada instituição e suas ações. Muito 
provavelmente, dentro dessa instituição, haverá um grupo 
de pessoas que agem do mesmo modo e têm os mesmos 
valores, expectativas quanto à instituição a que pertencem 
e desejos. A isso Weber dá o nome de relação social. É assim 
que as normas, as leis e as instituições são formas de rela-
ções sociais duráveis e consolidadas.
Os tipos sociais
Tipo social é um instrumento utilizado pelo método so-
ciológico de Weber para se compreender e interpretar a vida 
social. O tipo social é baseado em uma construção teórica 
abstrata elaborada pelo sociólogo através de um estudo 
sistematizado das diferentes manifestações particulares de 
um fenômeno. Feito isso, ele isola o que é mais característico 
desse estudo.
Claro que não haverá forma perfeita que represente o 
tipo ideal, mas será o mais próximo possível, encontrando 
grande semelhança e afinidade e, com isso, podendo-se 
comparar e perceber semelhanças e diferenças. Trata-se de 
um trabalho teórico indutivo, que sintetiza apenas o essen-
cial nas diferentes formas das manifestações da vida social.
Deve-se observar que não se trata de um modelo con-
creto ou empírico (fato que se apoia somente em experiên-
cias vividas, na observação de coisas, e não em teorias e 
métodos científicos). No mundo concreto, é bom ressaltar, 
segundo Weber, que o tipo ideal se apresenta de formas va-
Imagem: Hulton Archive/Getty Images
riadas, e isso vai depender da época e de onde (país, institui-
ção) onde é observado. 
Weber assinala que a racionalização do trabalho é traço 
marcante e definitivo do nosso tempo. Para ele, com o avan-
ço da ciência, da tecnologia e do capitalismo, o mundo está 
formatado em espaços coletivos, sejam eles políticos, sociais 
ou corporativos, porém todos estão burocratizados. Weber 
vê essa condição de forma positiva, pois é o retrato da orga-
nização racional e efetiva da sociedade.
5. EXPLORAÇÃO DO HOMEM: KARL MARX
Karl Marx (1818-1883), filósofo alemão e economista, 
foi um dos maiores críticos da sociedade capitalista que 
estava se consolidando. Para ele, a origem dos problemas 
sociais se originou a partir desse sistema. É dele a famosa 
frase: “a história de todas as sociedades tem sido a história da 
luta de classes”. As classes a que Marx se refere são a bur-
guesia e o proletariado.
Marx explica que a burguesia, com o boom comercial, 
passa a possuir os meios de produção. Com o enriquecimen-
to natural, também começou a fazer parte da política, con-
trolando o aparelho estatal. Com isso, usou de sua influência 
para criar leis que protegessem a propriedade privada, usan-
do o Estado para difundir sua ideologia de classe, que são 
seus valores na interpretação muito particular do mundo.
Do outro lado, o proletariado, composto pela classe 
assalariada, sem deter meios de produção e sem represen-
tação política de peso na sociedade, vira peça fundamental 
no enriquecimento dos burgueses, já que são eles que ofe-
recem mão de obra barata para as fábricas. 
Karl Marx
O grande trabalho de Marx foi produzir textos compre-
ensíveis para a classe proletária entender o significado de 
alienação e poder se organizar para sair desse estado. Para 
Marx, era alienado quem não tinha controle sobre seu pró-
prio trabalho.
A teoria marxista sintetiza o pensamento da classe do-
minante, que não deseja nenhuma mudança na situação, já 
que é muito confortável para ela. Mas o proletariado tem de 
lutar por seus direitos, e é essa luta que irá mover a História.
Marx defendia a ideia de que a vitória do proletariado so-
bre a burguesia faria surgir uma sociedade mais equitativa, 
semclasses. E isso só poderia ser obtido em torno de um 
partido revolucionário, composto pela classe trabalhadora. 
Suas maiores obras são O Manifesto Comunista (1848), 
que escreveu juntamente com Friedrich Engels (1820-1895), 
e O Capital (1867). Em sua segunda obra, Marx explica uma 
de suas principais teorias, a mais-valia, que diz respeito ao 
tempo que era necessário para a produção de um bem (em 
larga escala, graças ao capitalismo) e o valor daquele traba-
lho. Leo Huberman, em A História da Riqueza do Homem, as-
sim explica a teoria:
“A questão importante, a seguir, é o preço pelo 
qual a trocará. O que determina o valor dessa 
mercadoria? Compare-se esse paletó com outra 
mercadoria — um par de sapatos. Como artigos, 
como meios de satisfazer as necessidades huma-
nas, não parece haver muito em comum entre eles. 
Nem entre eles e outras mercadorias — pão, lápis, 
salsicha, etc... Mas estas só podem ser trocadas en-
tre si por terem algo em comum, e o que têm em 
comum, diz Marx, é serem produtos do trabalho. 
Todas as mercadorias são produtos do trabalho. O 
valor, portanto, ou a taxa a que uma mercadoria é 
trocada, é determinado pelo total de trabalho nela 
encerrado. E esse total é medido pela extensão de 
sua duração, isto é, tempo de trabalho. “Vemos, en-
tão, que o valor de qualquer artigo é determinado 
pela quantidade de trabalho socialmente necessá-
rio, ou tempo de trabalho socialmente necessário 
para sua produção...
...O valor de uma mercadoria está em proporção 
ao valor de qualquer outra, na medida do tempo de 
trabalho necessário à produção de uma e à produ-
ção de outra?” Se, portanto, foram necessárias 16 
horas para produzir o paletó, ao passo que o par de 
sapatos exigiu 8 horas, o primeiro terá o dobro do 
valor, e um paletó será trocado por dois pares de 
sapatos. Marx compreendia que os dois tipos de tra-
balhos nos dois casos não eram exatamente os mes-
mos — o paletó encerrava o trabalho do fiandeiro, 
do tecelão, do alfaiate etc., ao passo que outros tipos 
de trabalho iam para o sapato. Mas, diz Marx, todo 
trabalho é o mesmo, e, portanto, comparável, no 
sentido de que todo ele é gasto de força de traba-
lho humana. O trabalho simples, não-especializado, 
médio, e o trabalho especializado são comparáveis, 
sendo o segundo apenas um múltiplo do primeiro, 
de modo que uma hora de trabalho especializado 
= duas horas de trabalho simples. Assim, o valor de 
uma mercadoria é determinado, diz Marx, pelo tem-
po de trabalho social necessário para produzi-la” 
(HUBERMAN, 1984 1).
Esta é a base da mais-valia de Marx, que tem sua base na 
exploração do sistema capitalista, que transforma trabalho 
e produto realizado pelos trabalhadores em mercadoria, vi-
sando ao lucro. Segundo a mais-valia, os trabalhadores rece-
bem muito menos do que deveriam pelo trabalho realizado. 
Huberman2 assim explica:
“A teoria da mais-valia de Marx resolve o mistério 
de como o trabalho é explorado na sociedade capita-
lista. Vamos resumir todo o processo em frases curtas: 
O sistema capitalista se ocupa da produção de arti-
gos para a venda, ou de mercadorias. O valor de uma 
mercadoria é determinado pelo tempo de trabalho 
socialmente necessário encerrado na sua produção. 
O trabalhador não possui os meios de produção (ter-
ra, ferramentas, fábricas etc.). Para viver, ele tem de 
vender a única mercadoria de que é dono, sua força 
de trabalho. O valor de sua força de trabalho, como o 
de qualquer mercadoria, é o total necessário à sua re-
produção — no caso, a soma necessária para mantê-
-lo vivo. Os salários que lhe são pagos, portanto, serão 
iguais apenas ao que é necessário à sua manutenção. 
Mas esse total que recebe, o trabalhador pode produ-
zir em parte de um dia de trabalho. Isso significa que 
apenas parte do tempo estará trabalhando para si. O 
resto do tempo, estará trabalhando para o patrão. A 
diferença entre o que o trabalhador recebe de salário 
e o valor da mercadoria que produz é a mais-valia” 
(HUBERMAN, 1984).
6. EXPANSÃO DO CAPITALISMO
Marx define capitalismo como um modo de produção. 
Nesse caso, podemos entender capitalismo mais como uma 
sociedade, a burguesa, do que como um sistema econômico. O 
filósofo baseou-se em uma visão histórica e uma análise crítica 
da sua época e, com isso, explica a origem das classes sociais 
e do capitalismo. É com esse olhar acurado sobre os aconteci-
mentos que ele atribui a origem das desigualdades sociais à vo-
lumosa riqueza que está concentrada na Europa, do século XIII 
ao XVII, na mão de alguns poucos indivíduos, que têm como 
única finalidade acumular bens, com lucros cada vez maiores.
1 HUBERMAN, Leo. A História da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: 
Zahar Editores, 16ª ed. 1984, p. 231
2 Idem, pp. 235-6
O capitalismo tem início na Europa Ocidental, no século 
XVI, com o desenvolvimento industrial, que sucedeu ao 
mercantilismo. Revolucionou o sistema de produção com as 
fábricas de tecido, a máquina a vapor, na Inglaterra, o que 
ficou conhecido como a Primeira Revolução Industrial.
As principais características do capitalismo são: produ-
ção de mercadorias; universalização das trocas, que esta-
belece as relações sociais através da mediação do dinheiro; 
força de trabalho (“mão de obra”) assalariada; ausência de 
controle dos trabalhadores sobre o processo de trabalho. 
Resumindo, capitalismo é um regime onde se coletiviza a 
produção e se privatiza o que é produzido.
Para o capitalismo, a força do trabalho é mercadoria, a 
única capaz de criar valor. Desde Adam Smith, economis-
ta clássico inglês, já se havia percebido que o trabalho é o 
motor gerador de riqueza das sociedades e também já ha-
via afirmado que o valor de uma mercadoria depende do 
tempo de trabalho que foi necessário para a sua produção. 
Marx acrescenta à definição o termo necessário. Portanto, 
para ele, a definição correta seria “o tempo de trabalho so-
cialmente necessário à sua produção”. 
No livro mais conhecido de Marx e Engels, O Manifesto do 
Partido Comunista, não se encontra a expressão “capitalismo”, 
mas é com certeza uma das mais assertivas e soberbas defi-
nições desse sistema social. Considera-se que foi O Manifesto 
Comunista que lançou as bases do Socialismo Cientifico.
Assim explica-se em O Manifesto do Partido Comunista: 
“A burguesia suprime cada vez mais a disper-
são dos meios de produção, da propriedade e da 
população. Aglomerou as populações, centralizou 
os meios de produção e concentrou a propriedade 
em poucas mãos. A consequência necessária dessas 
transformações foi a centralização política. Provín-
cias independentes, apenas ligadas por débeis la-
ços federativos, possuindo interesses, leis, governos 
e tarifas aduaneiras diferentes, foram reunidas em 
uma só nação, com um só governo, uma só lei, um 
só interesse nacional de classe, uma só barreira al-
fandegária. A burguesia, durante seu domínio de 
classe, apenas secular, criou forças produtivas mais 
numerosas e mais colossais do que todas as gera-
ções passadas em conjunto. A subjugação das for-
ças da natureza, as máquinas, a aplicação da quími-
ca à indústria e à agricultura, a navegação a vapor, 
as estradas de ferro, o telégrafo elétrico, a explora-
ção de continentes inteiros, a canalização dos rios, 
populações inteiras brotando na terra como por 
encanto − que século anterior teria suspeitado que 
semelhantes forças produtivas estivessem ador-
mecidas no seio do trabalho social? Vemos pois: os 
meios de produção e de troca, sobre cuja base se 
ergue a burguesia, foram gerados no seio da socie-
dade feudal. Em um certo grau do desenvolvimento 
desses meios de produção e de troca, as condições 
em que a sociedade feudal produzia e trocava, a 
organização feudal da agricultura e da manufatura, 
em suma, o regime feudal de propriedade, deixa-
ram de corresponder às forças produtivas em pleno 
desenvolvimento. Entravavam a produção em lu-
gar de impulsioná-la. Transformaram-se em outras 
tantas cadeias que era preciso despedaçar; foram 
despedaçadas.Em seu lugar, estabeleceu-se a livre 
concorrência, com uma organização social e políti-
ca correspondente, com a supremacia econômica e 
política da classe burguesa” (ENGELS, MARX, 1878)3
Estátuas de Karl Marx e Friedrich Engels, em Berlim, 
na Alemanha
A teoria marxista impacta não apenas a Europa como as 
colônias europeias e aquelas que estavam às voltas com mo-
vimentos de independência. Operários organizavam parti-
dos marxistas, surgiram os sindicatos, revolucionários e que 
tinham na “bíblia” de Marx e Engels sua base de atuação. Os 
intelectuais, por sua vez, faziam críticas sobre as atividades 
científicas e humanas que estavam acontecendo à época. 
Um de seus principais discípulos foi Wladimir Illich Ulianov, 
3 O Manifesto do Partido Comunista. Disponível em http://www.dominio-
publico.gov.br/download/texto/cv000042.pdf <acesso em 15 jul 2018>
ninguém menos que Lênin, o condutor da derrubada do 
czarismo na Rússia e implantação do comunismo em 1917. 
As ideias de Marx tiveram boa aceitação, tanto teórica 
quanto metodológica, foram vistas como políticas e revolu-
cionárias. A Revolução Russa foi inspirada em suas ideias e, 
com isso, nasceu o primeiro Estado operário do mundo.
Enquanto os czares eram depostos na Rússia, o capita-
lismo avançava imperiosamente na Europa e nas suas co-
lônias. A partir do século XX, a indústria “de massa”, graças 
aos recursos tecnológicos, cria uma sociedade de consu-
mo exacerbada, com os produtos concorrendo pela prefe-
rência dos clientes. É o momento das várias crises sistemá-
ticas, sendo a do colapso da Bolsa de Valores, em 1929, a 
mais característica.
O crack da bolsa em 1929 e as Guerras Mundiais (Primeira 
e Segunda) trouxeram um saldo negativo para a Europa, afe-
tando sua produção. Com isso, aconteceu a formação de uma 
indústria de bens de consumo local nas colônias, impulsiona-
da pela riqueza proporcionada pela exportação agrária.
Nesse cenário, com a recuperação das economias cen-
trais, muda novamente o panorama das relações econômi-
cas internacionais, surgindo as empresas multinacionais. 
Terminada a Segunda Guerra, as empresas das nações cen-
trais começam a abrir filiais em países no Terceiro Mundo. Esse 
processo das ex-colônias europeias, que brigavam por um es-
paço na divisão da produção internacional, dividiu as nações 
em Primeiro Mundo, Segundo Mundo e Terceiro Mundo.
No primeiro caso, situam-se os países capitalistas que 
tinham a economia desenvolvida; no segundo, aqueles de 
economia socialista industrializada, e no terceiro grupo, as 
nações com economias periféricas a um e outro regime.
7. EVOLUCIONISMO, DUALISMO 
E ECONOMIAS PERIFÉRICAS
A internacionalização do capitalismo e da industrializa-
ção levou ao surgimento da Sociologia do desenvolvimento.
Quando termina a Primeira Guerra Mundial, começam a 
surgir as mudanças sociais em todo o mundo. Os Estados 
Unidos e a já URSS (União das Repúblicas Socialistas Sovi-
éticas) lideram as potências industriais. O capitalismo mo-
nopolista toma conta, em confronto com os ideais de livre-
-concorrência, e ocorre a crescente participação do Estado 
no patrocínio das economias nacionais.
Com o processo de industrialização acelerando, com 
mais nações competindo na corrida imperialista, floresce 
uma nova onda de modernização e formação de novos es-
tados independentes nos continentes africanos e asiáticos.
Evolucionismo
A Psicologia, Sociologia, História e Antropologia surgem 
com a constituição das ciências humanas no século XIX. 
Cada qual se organiza propriamente, tendo objetos e méto-
dos de pesquisa diferenciados.
Entre a Antropologia e a Sociologia, estabeleceu-se 
uma fronteira bem determinada: à primeira coube o estudo 
das sociedades não europeias, e à segunda a dissecação das 
sociedades urbano-industriais.
A Antropologia defendia a ideia de que todas as socie-
dades não europeias chegariam um dia, ao mesmo grau do 
desenvolvimento europeu. Receberam o nome de teorias 
evolucionistas. Para os evolucionistas, há diversas espécies, 
que estão em etapas diferentes de desenvolvimento, permi-
tindo, assim, a classificação das sociedades das mais simples 
às mais adiantadas e complexas.
Nas sociedades mais simples, também chamadas de 
primitivas, acreditava-se estarem inseridas em um estágio 
inferior de desenvolvimento e, por isso, eram consideradas 
como se fossem fósseis vivos. A teoria evolucionista, assim, 
considerou continentes inteiros como espécies de museus, 
onde se estudava a diversidade genética e evolutiva. 
Com as novas pesquisas, surge a teoria de que o processo 
evolutivo humano levou ao aparecimento, na África, há mais 
de 100 mil anos, do Homo sapiens, que andou pelo planeta, 
mudando de aparência e hábitos, para se adaptar ao meio.
Evolução para a espécie Homo sapiens
Na Sociologia, procurou-se descobrir quais eram as leis 
das transformações e da evolução social. 
Émile Durkheim diferenciou várias espécies diferentes 
umas das outras em estudo comparado dos diversos mode-
los europeus de vida social. Em uma de suas classificações 
mais explicativas, está a da divisão social do trabalho.
Outro sociólogo, Ferdinand Tönnies (1855-1936), apresen-
tou, em sua teoria, duas espécies de formações socais: a comu-
nidade (base familiar e relações comunitárias) e a sociedade 
urbana, com forte presença do Estado e menor coesão entre 
os agentes sociais.
Mas a teoria que mais contribuiu para o evolucionismo 
foi o marxismo, por explicar a sociedade como uma totalida-
de integrada e enfatizar que as desigualdades não provêm 
da natureza, mas das relações que mantêm entre si.
O Dualismo
Outra tentativa de explicar o subdesenvolvimento surgiu 
com as chamadas teorias dualistas, que identificam em cer-
tos continentes, países ou regiões uma formação peculiar na 
qual coexistem duas estruturas distintas. Uma, “desenvolvi-
da”, com crescimento industrial, expansão urbana, sistema 
de comunicações amplo e diversificado, alta produtividade 
e avanço tecnológico. Na outra ponta, cidades pequenas, 
com produção essencialmente agrária, baixos níveis de ren-
da, sem produção adequada e, demograficamente, apresen-
tado dispersão da população.
Atentando para essa definição, regiões diferentes de 
um mesmo país podem revelar esse dualismo ou até entre 
setores de uma economia nacional. Um exemplo dentro do 
nosso país está nas cidades como Salvador que, ao lado do 
complexo industrial de Aratu, encontram-se pescadores 
individuais.
Já no agronegócio, países exportadores apresentam 
também dualismo representado por agricultura altamente 
mecanizada, para atender à exportação, e produção manu-
fatureira simples.
Periferia
O conceito de periferia tem relação ao que é secundá-
rio em uma sociedade. Isto é, está à margem do que é de-
senvolvido, portanto, irrelevante. Designa regiões e setores 
“atrasados” no interior de uma nação “subdesenvolvida”. Vale 
também para sociedade. Mas os cientistas sociais usam a 
expressão “países periféricos” para as nações do chamado 
Terceiro Mundo.
Aqui será utilizada a expressão cunhada por Nabil Bon-
duki e Raquel Rolnik, que afirmam ser a periferia “as parce-
las do território da cidade que têm baixa renda diferencial, 
pois, assim, este conceito ganha maior precisão e vincula, 
concreta e objetivamente, a ocupação do território urbano à 
estratificação social”. Com isso, caracteriza-se o conceito de 
exclusão, de estar à margem. 
8. SUBDESENVOLVIMENTO
O desenvolvimento de uma nação é fruto de sua história, 
de suas condições internas e internacionais nas quais esteve 
inserida. É preciso aceitar que os obstáculos ao desenvolvi-
mento têm uma razão histórica.
Trata-se da necessidade de as nações e setores domi-
nantes se desenvolverem mais a um menor custo, embora a 
forma de dominação tenha variado conforme as diferentes 
fases de expansão do capitalismo.
As desigualdades tendem, portanto, a se reproduzir e 
a se ampliar, e nunca a alcançar um equilíbrio. O desen-
volvimento de um país ou de uma região resultasempre 
do subdesenvolvimento de outro. E, caso o subdesenvol-
vimento se caracterizasse pela dualidade de estruturas, 
como um momento de transição para o desenvolvimento, 
como explicar a desigualdade entre populações, regiões e 
setores das sociedades “desenvolvidas”?
Essa compreensão aparece nas mais modernas elabo-
rações teóricas. Se o subdesenvolvimento for considerado 
como um ambiente social com dificuldades na inovação e 
em colocar uma barreira contra a influência das hierarquias 
locais e da relação social de seus círculos, pode-se atribuir 
a essas características uma certa fragilidade na organização 
da produção pelas instituições sociais.
O contraste de riqueza e pobreza que percebemos existir 
entre os países ricos e pobres é reproduzido internamente 
nos países pobres, provocando o mesmo tipo de contraste 
econômico entre aqueles que podem ter acesso ao que há 
de mais moderno em termos de consumo e aqueles que mal 
podem comprar o que é necessário.
Menino separa algo do valioso no lixo, em Nova Deli, 
na Índia
Países em desenvolvimento
Usa-se a expressão “países em desenvolvimento” para 
se referir àqueles países subdesenvolvidos que, entretan-
to, apresentam ou começam a apresentar um crescimento 
significativo. Esse crescimento pode apresentar-se na parte 
econômica ou nos indicadores sociais. Outra denominação 
para esse subgrupo é a de países emergentes.
Países em desenvolvimento normalmente alcançam 
um nível de industrialização maior do que os subdesenvol-
vidos, aumentando seu Produto Interno Bruto (PIB). Nesse 
subgrupo encontram-se cerca de 120 países, o Brasil inclu-
so. Mesmo assim, entre os quatro quintos da população 
mundial desse subgrupo, metade da população encontra-
-se em situação de extrema pobreza, com uma renda per 
capita que não chega a R$ 700.
9. MODOS DE PRODUÇÃO
No capitalismo, três modos de produção industrial se 
destacam: o taylorismo, o fordismo e o toyotismo. Todos vi-
sam o mesmo objetivo (maior lucro com menor custo) mas 
diferem no processo da produção, em forma de realização, 
ritmo de trabalho e papel do funcionário.
O foco nos princípios de produção forma a base do taylo-
rismo e do fordismo. O fordismo inovou principalmente na 
criação da esteira rolante para a mecanização do trabalho, 
enquanto o toyotismo se preocupou também com a produ-
ção e organização, mas adicionou um elemento importante, 
o just-in-time, que organiza o ritmo de trabalho, trazendo 
mais competitividade às empresas.
Dos anos 1960 para cá, um quarto modelo, o volvismo, 
ganhou o cenário da produção industrial.
Taylorismo
Frederick Winslow Taylor (1856-1915), engenheiro america-
no, criou, no início do século XX, um modelo organizacional de 
trabalho que, em sua homenagem, foi chamado de taylorismo.
Taylor pesquisou como poderia se aperfeiçoar o proces-
so produtivo por meio da contagem de tempo de cada fase 
de trabalho, a cronometragem. Também conseguiu com seu 
estudo eliminar movimentos desnecessários, principalmen-
te aqueles mais longos. O resultado foi uma redução no tem-
po de cada fase e, consequentemente, aumento do volume 
de trabalho produzido.
Frederick Winslow Taylor
Imagem: Wikimedia Commons
Imagem: Barcroft Media/Getty Images
O que Taylor criou foi dimensionar, para cada operário, o 
tempo que teria para executar cada fase da sua função, fos-
se produzindo uma peça, fazendo algum acabamento etc. E 
isso, segundo o taylorismo, cabe aos engenheiros determi-
nar e não ao trabalhador. 
Fordismo
Também no início do século XX, Henry Ford (1863-1947), 
outro engenheiro americano, provocou uma revolução nos 
modos de produção, estabelecendo a fabricação em série 
de automóveis. Em homenagem a ele, o método é conheci-
do como fordismo.
Utilizando-se da esteira rolante como a grande novidade, 
conseguiu fixar o trabalhador na linha de produção em série, 
na fabricação de automóveis. A esteira rolante permitiu co-
locar o trabalhador, frente à esteira rolante, em posição pre-
determinada. Com isso, o empregado realizava apenas uma 
operação como, por exemplo, apertar parafusos, durante 
toda sua jornada de trabalho. Esse sistema foi representado 
magistralmente por Charles Chaplin em Tempos Modernos.
Charles Chaplin em cena do longa Tempos Modernos
Com o novo sistema, a produtividade da Ford cresceu 
fortemente, enquanto o custo da produção baixou a níveis 
impensáveis à época. Estudos apontam que, para se produzir 
um automóvel, no início do século, passou-se de US$ 1.340 
para US$ 200. Com o produto barateado, o automóvel tor-
nou-se um bem possível para um grande número de pessoas.
O modelo fordista revolucionou e foi utilizado por longo 
tempo. Mas apresentava alguns problemas, como superpro-
dução – número elevado de automóveis em estoque, que 
não eram escoados com a mesma velocidade com que eram 
produzidos. Os defeitos só eram detectados ao final do pro-
cesso de produção, o que aumentava os custos desse veí-
culo. Era preciso reinventar a roda, reinventar o modelo de 
produção. O toyotismo irá fazer isso.
Toyotismo
Outro engenheiro, Taiichi Ohno (1912-1990), em suas 
fábricas Toyota, criou o que se convencionou chamar toyo-
tismo ou ohnoismo, homenageando seu proprietário. É a 
produção flexível, criada na década de 1950.
A grande novidade é a avaliação constante do trabalha-
dor, contribuindo para uma também constante qualificação. 
O principal objetivo é fazer com que um funcionário possa 
desempenhar diversas funções com relação ao processo de 
produção.
Toyota também estudou a forma de gerenciar uma uni-
dade, de acordo com o mercado, ou seja, produz-se na me-
dida da demanda. Se o consumo estiver alto, produz-se mais 
e vice-versa. Essa maneira chama-se just-in-time, que quer 
dizer “na hora”.
Com essa medida, pode-se reduzir tanto os estoques 
de matéria-prima quanto o capital de giro, que não precisa 
mais ficar parado na empresa, podendo ser investido em ou-
tras áreas, como no sistema financeiro.
O kanban, que pode ser traduzido para cartão, painel ou 
símbolo, também merece destaque dentro desse novo mo-
delo de gerenciar a produção. No kanban, a produção vai res-
peitar o que está estabelecido ali: é uma espécie de guia para 
o trabalhador, que sabe, com base nessas informações, o que 
foi feito, o que está sendo feito e o que ainda será realizado.
Taiichi Ohno
Imagem: Wikimedia Commons
Volvismo
Nos anos 1960, Emti Chavanmco, engenheiro da Volvo 
de origem indiana, implantou o modelo que ficou conheci-
do como volvismo. Nesse modelo, o empregado tem maior 
participação do que no fordismo. 
Imagem: Wikimedia Commons
Para se entender melhor o volvismo, é necessário saber 
como funciona o a indústria na Suécia, onde nasceu o mo-
delo. Lá, trabalhadores têm autonomia e conhecimento para 
sentir as oportunidades, experimentá-las e ocupá-las, não só 
visando o bem-estar do funcionário como agregar valor ao 
produto final.
A indústria sueca, dona de um alto grau de informatiza-
ção e automação, tem um sistema em que as equipes são 
autogerenciáveis, com uma mão de obra extremamente 
qualificada e educada. Outra característica é a atuação dos 
sindicatos, que fiscaliza as atuações e inovações a partir do 
exterior da fábrica.
Portanto, há duas formas atuando em harmonia: 
endogenamente, dentro das fabricas, e exogenamente, 
fora delas. Some-se a isso o desejo da Volvo de procurar ter 
sua produção internacionalizada e uma cultura que aprecia 
o experimentalismo, e chegou-se ao desenvolvimento do 
volvismo.
A experiência inicial aconteceu na planta da Volvo em 
Kalmar, depois foi implantada em Torslanda e Uddevalla, to-
das cidades suecas. O mais importante, nesse modelo, é a 
atuação dos funcionários, que não admitem serem “partes 
da máquina” como no taylorismo.
10. AS NOVAS TECNOLOGIAS
A globalização dá novo sentido às formas tradicionais 
de colonialismo e imperialismo.
O colonialismo, entendido como um sistema de ex-
ploração imposto pelas metrópoles europeias às regiões 
conquistadas do resto do mundo,já teve diferentes fases. 
A primeira foi de exploração comercial, quando os sistemas 
produtivos autóctones puderam ser conservados enquanto 
a produção destinava-se ao mercado europeu. As relações 
coloniais, então, se baseavam essencialmente na conquista 
da terra, na dominação étnica, na orientação da produção e 
na apropriação da matéria-prima a baixo custo.
Já na segunda fase houve a substituição dos sistemas 
produtivos, e começa a internacionalização da economia. 
Essas relações de dependência passam a ter um caráter 
tecnológico.
Uma terceira etapa se verificou com a implantação das 
multinacionais e com o financiamento do desenvolvimen-
to industrial no chamado Terceiro Mundo, quando sistemas 
produtivos inteiros foram transplantados de um país para 
outro. As relações de dependência assumem cada vez mais 
um caráter tecnológico e financeiro.
A fase em que estamos, atualmente, é a da conexão à 
nova rede tecnológica de telecomunicação, quando, então, 
está-se suplantando a produção. É a globalização e a inter-
dependência que dão novo formato ao colonialismo, e algu-
mas características sobressaem:
• Novas tecnologias industriais que não usam mais a mão 
de obra, como a robótica, mas que trazem, em seu bojo, alto 
desemprego aos países em desenvolvimento e subdesen-
volvimento.
• O abismo tecnológico que está se criando entre os paí-
ses ricos e os pobres e aumenta, cada dia mais, à medida que 
as novidades tecnológicas se tornam realidade tornando 
equipamentos inteiros obsoletos. Renovar todo um parque 
tecnológico está longe das possibilidades dos países pobres, 
aumentando, então, esse abismo entre eles e os países ricos 
e mesmo dentro de uma mesma nação, comparando regi-
ões mais desenvolvidas e menos desenvolvidas.
• A possibilidade de autonomia tecnológica é outro 
entrave para os países subdesenvolvidos e em desenvolvi-
mento, uma vez que exigem investimento em educação e 
formação tecnológica, e isso demanda um capital que essas 
nações não possuem.
Veículo é produzido por robôs em fábrica
11. GLOBALIZAÇÃO
A necessidade de planejamento, a revolução tecnológi-
ca e o desenvolvimento das ciências físicas e naturais foram 
elementos decisivos para que uma nova concepção da so-
ciedade se formulasse entre cientistas, filósofos e intelectu-
ais, dando origem a teorias que procuraram explicar a reali-
dade social e o comportamento coletivo.
Embora as primeiras ideias sobre o funcionamento da 
sociedade estivessem expressas desde a Antiguidade, foi só 
no século XIX que as formulações se apresentaram de forma 
sistemática, criando a base teórica dessa ciência.
Estamos assistindo, na atualidade, ao desenvolvimento 
de uma nova etapa do capitalismo: da dominação de todo 
o planeta. Para entendê-la, Octavio Ianni, um dos mais im-
portantes sociólogos do Brasil, procurou identificar os dife-
rentes momentos históricos que a precederam.
• O trabalho livre, instalado na Europa, assim como a 
fase mercantilista da produção e organização do mundo, 
que permitiram a criação dos Estados Nacionais e a disso-
lução das instituições pré-capitalistas de organização terri-
torial e produção;
• Um processo efetivo da implantação do capitalismo e in-
dustrialização, que só pode acontecer por meio das relações 
internacionais de estreitamento, dependência econômica e 
política, subjugando as nações a esses centros desenvolvidos 
e hegemônicos, que ficou caracterizado por imperialismo.
• O terceiro que é a globalização em si, quando mode-
los não capitalistas, como o comunismo, entram em colap-
so. É nesse cenário que surge a Organização das Nações 
Unidas (ONU), o Banco Mundial (BIRD) e o Fundo Monetá-
rio Internacional (FMI). Por outro lado, a informática, com 
a chegada das mídias digitais, revoluciona a produção de 
bens e a divisão internacional do trabalho. É o capitalismo 
em sua fase planetária, com os Estados Unidos liderando 
essa globalização.
Informatização
Presente em todos os setores da atividade humana, pas-
sou a reger a produção e o mercado. Criou-se o que se de-
nomina mercado-rede, espécie de entidade reguladora das 
ações tanto econômicas quanto políticas, atuando em nível 
internacional, graças à agilidade propiciada pela informática 
à produção, fluxos financeiros e trocas comerciais. 
Em decorrência disso, uma nova mercadoria se firma 
no mundo como sendo a principal fonte de valor que cir-
cula pelas redes de comunicação: a informação. De for-
ma bastante simplificada, podemos dizer que informação 
é todo dado que tem significado, ou seja, valor, para uma 
pessoa ou um grupo de pessoas que estão dispostas a pa-
gar por ela.
As tecnologias de informação tornam-se protagonis-
tas de novas relações sociais em um mundo globalizado, 
promovendo fusões de empresas, departamentos e pro-
cessos produtivos. As unidades são substituídas por redes 
– setores da produção que trabalham integrando depar-
tamentos, de empresas conjugadas, de fornecedores, de 
clientes e de consumidores. Todas essas conjugações se 
baseiam em conexões tecnológicas que geram um novo 
princípio de pertencimento muito diferente do naciona-
lismo, da vizinhança ou do parentesco. Estar perto, per-
tencer, participar é conectar-se, é ter a senha ou o código 
de acesso.
A ideia de uma sociedade de múltiplas redes, que organi-
zam áreas de ação, relação, reação, troca e fluxos, alimenta a 
convicção em uma forte interdependência, que dá à noção 
de globalização um conteúdo próximo ao de sistema – o 
Sistema-Mundo.
Desterritorialização
A comunicação em rede e a globalização repercutiram 
de forma decisiva nas concepções de tempo e espaço das 
pessoas – se dois jogadores disputam uma partida de xadrez 
on-line, estando um de manhã no Japão e o outro à noite, 
do outro lado do mundo, em que dia se realiza o jogo? Em 
qual fuso horário a partida se situa? Se esses dois jogado-
res estiverem estabelecendo um contrato, que data deverá 
constar nesse documento? Qualquer resposta dependerá de 
um acordo entre eles, ou seja, de uma convenção.
As relações em rede vão nos fazendo perder as referências 
do mundo que nos cerca, adquirindo uma artificialidade nova 
e desconhecida do cotidiano da cultura. O imaginário huma-
no já não procura reproduzir os movimentos da natureza, mas 
busca criar um tempo/espaço fictício ou convencional.
Passamos a conviver com um desenraizamento que, se 
já existia desde o advento dos meios de comunicação, se 
aprofunda e alarga. Essa sensação de desenraizamento se 
torna mais aguda ainda se pensarmos que as últimas déca-
das foram anos nos quais grandes populações se transferi-
ram de um local para outro, deixando suas tradições e pas-
sando a mesclá-las às culturas receptoras, desenvolvendo-se 
um hibridismo inusitado.
Do campo para a cidade, do interior para o litoral, das 
zonas rurais para as industriais, dos países pobres para os pa-
íses ricos e vice-versa, vamos nos acostumando a enfrentar 
o espaço estranho ou os estranhos que se avizinham de nós. 
Campos de refugiados, colônias de imigrantes, multinacio-
nais e empresas de capital misto são alguns dos processos 
atuais de desterritorialização.
A desterritorialização, contudo, tem a ver também com a 
perda de importância do território nacional, com a transnacio-
nalização da economia, com as fusões empresariais que com-
petem em poder e riqueza com a nação. Diz respeito também a 
novas alianças que unem blocos regionais mais amplos, enfra-
quecendo as fronteiras nacionais e a circunscrição do Estado. 
Mais abstratos, os territórios, as fronteiras, as vizinhanças preci-
sam ser constantemente atualizados ou redefinidos.
Metropolização
As cidades tornam-se os nós mais importantes dessa 
rede globalizada e para lá afluem pessoas de diferentes 
origens étnicas, religiosas e raciais. Em razão disso e da op-
ção pelos materiais industriais e pela alta tecnologia, esses 
centros vão se tornando cada vez mais parecidos. O cresci-
mento dessa malha urbana plural e múltipla forma as gran-
des metrópoles que sediam os acontecimentosdo mundo 
contemporâneo.
Trata-se de um tecido que se amplia constantemente do 
centro para a periferia, mas vai gerando núcleos diferencia-
dos e particulares que procuram estabelecer nova identi-
dade. Pequenas Itálias, bairros latinos, chinatowns, quartei-
rões árabes e bairros turcos, sem contar os guetos, favelas 
e cortiços, as zonas de boemia, as cidades universitárias e 
as áreas ocupadas pelos moradores de rua criam pequenos 
territórios na metrópole pós-moderna, que tanto expressa 
planejamento e racionalidade como a caótica intervenção 
das minorias e dos movimentos sociais mais radicais.
Chinatown, em Londres, na Inglaterra
12. TEORIAS DA COMUNICAÇÃO
Falamos que o desenvolvimento da Sociologia sempre 
esteve associado a diversos fatores que distinguiram a His-
tória da sociedade ocidental na modernidade – no caso, a 
industrialização, urbanização e até mesmo o colonialismo 
europeu. Entretanto, outro fator que teve uma importância 
foi o advento dos meios de comunicação de massa, pois 
como estes são diferentes da tecnologia voltada para a pro-
dução material de bens, elas praticamente transformaram a 
forma como as pessoas começaram a se relacionar e, inclusi-
ve, com o mundo que as cerca. 
O advento da imprensa, entretanto, é que vai promo-
ver uma maneira nova de se fazer cultura, porque introduz 
a produção em série, realizada em moldes industriais, com 
mensagens prontas para alcançar um público amplo, de to-
das as idades, gêneros ou origem étnica.
O grande público-alvo da imprensa é o que se convencio-
nou chamar de “massa”. Mas o que seria essa “massa”, que, a 
partir do século XVIII complementa a ideia de comunicação 
e cultura? Trata-se da população considerada subalterna, in-
diferenciada, rebaixada, moradora da periferia dos centros 
avançados de uma Europa que tinha na industrialização seu 
motor de arranque.
Coube à Sociologia estudar esse fenômeno de compor-
tamento coletivo, que, aos olhos da burguesia, revelava-se 
rebelde, indisciplinado e desafiador. Classificadas como 
“multidão” pela elite, seu estudo foi necessário para que pu-
dessem eles, os burgueses e seu poder, avaliarem seus mo-
vimentos e, portanto, controla-los.
Esse sentido de disfunção dada à “massa” fez com que os 
positivistas, contemporâneos a essa sociedade, enxergas-
sem essas populações mais pobres e excluídas como sempre 
associadas à desordem e, portanto, à inferioridade. Acredita-
vam, até em uma visão utópica, que haveria uma evolução e 
essa fase seria superada pelo planejamento e história.
Até pelo acesso aos bens da civilização burguesa, essas 
massas urbanas acabaram se estabelecendo por conta do 
desenvolvimento para o comércio e a indústria. Sem contar 
que um esforço imenso foi feito para chamá-las a algum tipo 
de integração. Em seguida, quando foi instaurada a Repú-
blica nos países europeus, começaram a lutar inclusive por 
participação e representatividade política. 
Mesmo sendo populações excluídas, foram adquirindo 
conhecimento e educação e, por isso, passara a lutar por 
mais dignidade. O controle dessas massas passou a ser prio-
ritário. O estudo dessas populações e o trabalho com elas 
passou pela associação frequente com técnicas quantitati-
vas, que media igualmente censos, índices de criminalidade 
e todos os desvios da norma. Isso fez com que aumentasse 
o preconceito. 
Comunicação como mídia
Logo na primeira metade do século XX, ficou evidente 
como o poder da mídia influenciava o público e, especial-
mente, as imensas populações, no qual não só os sociólogos 
ficaram interessados em seu estudo, como também os po-
deres industriais, homens de negócios e até mesmo o poder 
público. 
O fato gerou, por conta disso, uma corrente de pesquisa 
que ficou conhecida como Mass Communication Research 
(Pesquisa de Comunicação de Massa), que teve como um 
expositor Harold Lasswell (1902-1978). Ele acreditava ser 
preciso entender o funcionamento dos meios de comunica-
ção de massa para só assim poder usá-los de uma maneira 
adequada e, inclusive, a favor da democracia. 
Então a mídia tornou-se uma grande arma de condução 
das massas. Ela, de maneira alguma, poderia ser considerada 
boa ou má. Mas essas eram, no caso, as intenções que a uti-
lizavam. Lasswell, no entanto, tenta entender essa ação que 
pode ser ao mesmo tempo neutra e eficaz, e a apelidou de 
“hipodérmica”. Ou seja, permite avaliar o uso instantâneo e 
eficiente da mídia sobre seu público.
Comunicação como informação
A comunicação, durante a primeira metade do século XX, 
é entendida como se fosse o resultado de um processo tec-
nológico bem arquitetado estrategicamente. Norbert Wei-
ner, pesquisador de comunicação, criou o conceito de feed-
back. Esse modelo consiste em informar constantemente o 
emissor dos resultados de sua ação. Isso vai lhe permitir cor-
rigir os erros. É uma espécie de retroinformação, controle ou 
autocorreção. Exemplo: se estou com fome, levo o alimento 
à boca, e todos os meus sentidos fornecem dados para que o 
meu cérebro passe informações corretas e necessárias para 
que eu não enfie a mão no prato, por exemplo.
Desta forma, a comunicação se tornou abstrata e se 
aproximou das ciências biológicas e físicas. É Weiner quem 
mostra, no entanto, os conceitos de informação, codificação, 
decodificação e cibernética, que começaram a ser muito uti-
lizados nas ciências de informação.
Nas últimas décadas do século XX, por exemplo, com o 
desenvolvimento das mídias digitais e da comunicação por 
rede de computadores, começaram a surgir novos adeptos 
dessa tendência que, inclusive, têm reforçado pesquisas 
de que cada de uma forma rápida nos aproximamos da ci-
bernética, inteligência artificial e da informática. No Massa-
chusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, 
várias outras equipes têm trabalhado com telecomunica-
ção e telepresença, imaginando até mesmo a comunicação 
interplanetária.
Entrada do Massachusetts Institute of Technology, 
em Cambridge, nos Estados Unidos
Comunicação como interação
A reunião de pesquisadores de diversas áreas, como So-
ciologia, Psicologia e Antropologia, permitiu que, a partir de 
1942, se dedicassem ao estudo da comunicação, opondo-se 
ao modelo linear conhecido. Eles pensaram a comunicação 
como um processo integrado e interativo, que engloba as 
linguagens verbais e não verbais, com seus níveis de com-
plexidade, sistemas circulares e contextos múltiplos. Ficaram 
conhecidos como Colégio Invisível ou Escola de Palo Alto.
A partir de regras e códigos nem sempre claros, dá-se a 
comunicação de forma recíproca e em múltiplos sentidos. 
Aqui, o receptor ganha importância, porque é ele, é da sua 
resposta, que irá depender a continuidade da comunicação.
Comunicação como indústria
A teoria crítica teve sua origem na Escola de Frankfurt, 
com os estudos que propunham análises da sociedade 
contemporânea à luz das teorias marxistas. Para seus pes-
quisadores, a cultura midiática constitui uma nova forma de 
opressão ideológica e de dominação da burguesia sobre as 
classes subalternas.
Para esses pesquisadores, que rejeitam o título de con-
ceito de massa, os produtos veiculados pelos meios de co-
municação não são realizados pelas massas e, portanto, não 
alimentam suas necessidades. Mais uma vez, trata-se de 
uma nova forma de dominação e de imposição de cultura 
de baixa qualidade.
Foram Horheier e Adorno que criaram, em 1942, o con-
ceito de indústria cultural, que se encontra em Dialética do 
esclarecimento, texto publicado em 1947. Esse estudo faz 
Imagem: Wikimedia Commons
menção à produção maciça, seriada e tecnológica de bens 
simbólicos. Fazem parte desse tipo de comunicação jornais, 
televisão, rádio e cinema, que se constituem como sistemas 
de dominação. Sendo assim, para os pesquisadores, a bur-
guesia também se apropria dos momentos de lazer do tra-
balhador, de seu tempo livre.
Comunicação como cultura
Nos anos 1970, surgiu na Inglaterra uma nova escola, a 
Cultural Studies, que acreditava que a comunicaçãosó po-
deria acontecer no conjunto dos processos socioculturais 
que atua.
A escola, no entanto, recusa uma visão economicista da 
cultura, analisando a comunicação de acordo com seu pa-
pel de aglutinação e torno de valores e determinadas ques-
tões. Contudo, elas desviam-se do conceito mecanicista 
das mensagens mediáticas, acreditando que o receptor, e a 
situação em que o envolve, é que dará forma à elaboração 
ambígua, complexa e também contraditória das mensa-
gens midiáticas.
As pesquisas dessa escola focaram na recepção da men-
sagem, que valoriza o papel do receptor na construção dos 
significados.
13. CULTURA – ORIGEM E IMPORTÂNCIA
A palavra “cultura” veio do latim colere, que quer dizer 
cerimônia religiosa e, também, homenagem às divindades 
e ao cultivo da terra. Como, na Antiguidade, a agricultura e 
divindades estavam ligadas a ações religiosas, podia-se en-
tender como uma espécie de “garantia” para que os deuses 
concedessem uma boa colheita.
Com a evolução dos tempos, cultura também passou a 
significar esforço, cuidado, determinação, metaforicamente. 
Mas a cultura, como cultivo abstrato das ideias, só passa a 
acontecer na Europa entre os séculos XVII e XVIII.
Segundo Cuche (1999), 
“O termo “cultura” no sentido figurado começa 
a se impor no século XVIII. Ele faz sua entrada com 
este sentido no Dicionário da Academia Francesa (edi-
ção de 1718) e é então quase sempre seguido de um 
complemento: fala-se de “cultura das artes”, da “cultu-
ra das letras”, da “cultura das ciências”, como se fosse 
preciso que a coisa cultivada estivesse explicada.”
Entre os séculos XVII e XIX, surgiu a maior parte das na-
ções modernas na Europa e houve a ascensão da burgue-
sia. Esse esforço realizado para a formação das nações não 
dependeu apenas de medidas políticas e econômicas, mas 
também de certa unificação de ideias e sentimentos em re-
lação ao território que então se tornava comum às pessoas 
que nele viviam.
Uma série de medidas (como a criação de museus, a va-
lorização da história nacional, a valorização das tradições 
populares e dos costumes rurais) foi estimulada para que 
esse sentimento de pertencimento a uma nação, que cha-
mamos nacionalismo, se desenvolvesse entre as pessoas. Es-
ses traços distintivos dos povos passaram a ser designados 
como cultura.
Cultura, desse modo, veio a designar um conjunto de tra-
dições e hábitos para os quais os homens de uma nação se 
voltavam e com os quais se identificavam. Assim se fortale-
cia a ideia da cultura nacional.
Royal Ontario Museum, em Ontário, no Canadá
A cultura na antropologia
O primeiro autor a formular um conceito de cultura foi 
Edward Burnett Tylor (1832-1917), que a definiu como o con-
junto composto por conhecimento, crenças, arte, moral, costu-
mes e direito, adquirido pelo homem na vida em sociedade.
Racionalista e evolucionista, Tylor teve suas ideias in-
fluenciadas pela crença no progresso do ser humano e na de 
que todas as sociedades se desenvolvem segundo lei seme-
lhante àquela que Charles Darwin concebeu para explicar 
a seleção natural das espécies biológicas – a sobrevivência 
dos mais aptos e dos mais fortes.
Aplicando essa teoria à análise das diferentes socieda-
des e culturas, procurou mostrar que todas elas têm um 
passado comum e um processo histórico progressivo e 
necessário, que as leva de um estágio selvagem ao cami-
nho da civilização.
Tylor classificou essas culturas como primitivas ou avan-
çadas, conceitos que poderiam ser aplicados às diferentes 
sociedades de acordo com um rigoroso método comparati-
vo, que estudava diversas variáveis, como a religião. 
Para fundamentar a racionalidade em culturas primitivas, 
Tylor acreditava no que chamava “unidade psíquica do gê-
nero humano” presente em todas as manifestações culturais. 
Assim, pôde combater o preconceito de que os povos não 
europeus teriam capacidade mental diferente, sendo menos 
desenvolvidos que os europeus ocidentais.
Edward Burnett Tylor
Coube a Franz Boas (1858-1942) acrescentar outros elemen-
tos ao conceito de cultura. Recusou o evolucionismo, lançou as 
bases da antropologia moderna e explicou as diferenças culturais 
quando expôs o conceito de ver cada sociedade como um siste-
ma integrado, resultado de um determinado processo histórico.
Para ele, não são os traços físicos e biológicos que deter-
minam a cultura; antes, ela existe independente disso. Boas 
combate os preconceitos que ainda persistem nas ciências 
sociais e recusa-se a comparar culturas diferentes como sen-
do parte de um mesmo processo histórico.
Em suas pesquisas de campo, desenvolveu o método in-
dutivo, que é uma análise pormenorizada e individualizada 
de cada sociedade. Com essa análise, o pesquisador, reunindo 
seus dados, elabora explicações mais gerais. A metodologia 
permitia, por isso, combater análises que colocavam a reali-
dade, múltipla e diversificada, em uma resposta generalizada.
Franz Boas
Foto: Wikimedia Commons
A teoria funcionalista
O funcionalismo sucede o evolucionismo e lança o con-
ceito de que cada sociedade deve ser estudada em sua tota-
lidade integrada, mas constituída de partes interdependen-
tes e complementares.
A função da sociedade seria, para o funcionalismo, satis-
fazer as necessidades essenciais de seus integrados. Temos, 
na obra de Bronislaw Malinowski (1884-1942), Uma Teoria 
Científica da Cultura, a definição de conceito da função como 
resposta da cultura às necessidades básicas do homem. E aí 
se incluem habitação, alimentação e defesa.
Alfred Radcliffe-Brown (1881-1955) foi outro funcionalista im-
portante influenciado por Durkheim. O inglês procurou adaptar 
as teorias durkheimeanas ao estudo das sociedades não euro-
peias. Ele também as considerava como totalidades integradas. 
Os funcionalistas foram os primeiros a estudar as cultu-
ras não europeias como realidades de igual importância à 
do velho continente.
Padrões culturais
Ralph Linton (1893-1953) dedicou-se ao estudo da cul-
tura em sociedades tribais e complexas. É considerado fun-
cionalista por alguns e, por outros, culturalista. Foi ele quem 
desenvolveu o conceito de padrão cultural, ao entender o 
desejo da sociedade em manter a integração de seus mem-
bros em torno de princípios de vida coletiva.
Para ele, sociedade representa um sistema organizado 
de padrões culturais que regem a reciprocidade entre as 
pessoas. A complexidade da cultura exige que os indivíduos 
sejam introduzidos na vida social, passando por constantes 
processos de aprendizado.
Essa socialização do indivíduo faz do homem um perma-
nente aprendiz – estamos continuamente atualizando nos-
sos padrões e acompanhando as transformações culturais.
14. CULTURA CONTEMPORÂNEA
A herança das ciências exatas e biológicas levou os pen-
sadores a interpretar a realidade social na busca de seme-
lhanças e continuidades, e, por esse motivo, predominaram 
estudos comparativos e explicações evolucionistas. No en-
tanto, com o tempo, e à medida que entravam em contato 
com diferentes grupos e sociedades e as ciências humanas 
se desenvolviam, os cientistas sociais perceberam que as so-
ciedades não estão isoladas e mantêm relações profundas, 
interferindo na vida social umas das outras. Os cientistas 
voltaram-se, então, para o estudo dessa interferência, que 
eles chamaram de aculturação.
Os sociólogos americanos foram os primeiros a estuda-
rem as trocas culturais entre a sociedade e alguns grupos 
de imigrantes que levaram seu modo de vida para os EUA, 
na primeira metade do século XX. Nesse país, também esse 
campo da Sociologia se beneficiava da existência de grupos 
afrodescendentes e indígenas, o que tornava possível estu-
dar mais de perto o contato e a influência mútua entre gru-
pos sociais culturalmente distintos.
Porém, a aculturação não deve ser confundida com a di-
fusão – fenômeno que explica como um traço cultural ou 
uma invenção é transmitida – de uma sociedade a outra, 
mesmo podendo não haver contato direto entre elas.
Podemos dar como

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