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1 Gramática da Língua Portuguesa

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Gramática
APRESENTAÇÃO
Um importante equívoco a ser desfeito sobre o conceito de gramática é que ela seria apenas 
o conjunto de normas de uma língua que dita o que é certo e o que é errado. Não há apenas 
um tipo de gramática: há gramáticas prescritivas e normativas. Além disso, cada sujeito tem 
uma gramática internalizada.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer um pouco mais sobre a gramática e como 
as diferentes concepções de língua se relacionam aos diferentes tipo de gramática. Além disso, 
você vai ver como, na prática, os fenômenos de linguagem são interpretados de maneiras 
distintas, de acordo com essas diferentes concepções.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Relacionar as diferentes concepções de língua às diferentes concepções de gramática.•
Reconhecer as características das gramáticas prescritiva, descritiva e internalizada.•
Interpretar fenômenos de linguagem de acordo com as diferentes linhas teóricas.•
INFOGRÁFICO
As concepções de gramática internalizada, normativa e descritiva não têm origem na atualidade. 
É possível estabelecer aproximações com as primeiras gramáticas.
 
No Infográfico a seguir, veja algumas aproximações possíveis.
 
CONTEÚDO DO LIVRO
A gramática pode ser tanto um conjunto de regras internalizadas sobre uma língua quanto um 
livro que, segundo Perini (2005, p. 52), tenta "representar esse conhecimento através de 
abstrações, tais como regras, classes, princípios, definições, etc".
A gramática que, segundo o autor, "todos levamos impressa em nosso cérebro", é a gramática 
internalizada. Por outro lado, a tentativa de sistematizar esse conhecimento, por meio de regras 
denominadas de norma culta, corresponde aos objetivos de uma gramática do tipo normativa. 
A gramática descritiva, por sua vez, é aquela que busca explicar os fenômenos da linguagem, 
com base na descrição do uso dos falantes, pela observação dessas ocorrências e pelas 
impossibilidades levantadas.
No capítulo Gramática, da obra Introdução à Linguística, aprofunde seus conhecimentos sobre 
cada uma dessas gramáticas, bem como compreenda quais concepções de língua acompanham e 
sustentam essas gramáticas.
Boa leitura.
INTRODUÇÃO 
À LINGUÍSTICA
Debbie Mello Noble
Gramática
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Relacionar as diferentes concepções de língua às diferentes concep-
ções de gramática.
  Reconhecer as características das gramáticas prescritiva, descritiva 
e internalizada.
  Interpretar fenômenos de linguagem de acordo com as diferentes 
linhas teóricas.
Introdução
O termo “gramática” pode ter diferentes significados dependendo da 
área da linguística que se propõe a estudá-la. Pode ser considerada um 
conjunto de regularidades que compõem uma língua, as regras da lín-
gua, o que é certo ou errado, de uma maneira mais prescritiva. Pode 
ser também o estudo da língua em uso pelos falantes, de uma maneira 
mais descritiva. Sem contar a gramática internalizada, que é o sistema 
de regras da língua que o falante domina, inato a ele. Além disso, para as 
duas primeiras concepções — prescritiva e descritiva —, há a obra (nor-
malmente um livro) que as registra e também é chamada de gramática. 
O conceito de gramática é, portanto, amplo. 
Neste capítulo, você vai conferir os diferentes conceitos de língua 
e de gramática que determinam suas abordagens, passando também 
pelo conceito de gramaticalização. Também vai estudar as características 
das gramáticas prescritiva, descritiva e internalizada, além de conhecer 
os fenômenos da linguagem segundo diferentes abordagens teóricas.
Gramática: conceito e história
A primeira gramática da língua portuguesa foi publicada em 1536 por Fernão 
de Oliveira, em Lisboa. A Grammatica da lingoagem portuguesa não seguia o 
modelo das gramáticas que até aquele momento eram produzidas, apesar de ter 
um caráter normativo, que buscava “[…] propor uma norma para o português 
do século XVI” (PINTO, 2004, documento on-line). Tinha também um caráter 
linguístico e cultural, aludindo ao modo de falar dos portugueses daquele 
período. A obra era composta de 50 capítulos, contendo normas gramaticais, 
fonéticas, lexicológicas e, sobretudo, estudos etimológicos e sobre a sintaxe.
Tinha o objetivo de ser um primeiro registro da língua portuguesa, a fim 
de perpetuá-la. Naquela época, Portugal estava buscando por uma “autonomia 
nacional”. A gramática, então, seria uma forma de afirmar a identidade do 
povo português, da nação portuguesa (PINTO, 2004).
Acesse o link a seguir e conheça a Grammatica da lingoagem portuguesa.
https://qrgo.page.link/3nN8N
Hoje, o conceito de gramática é muito amplo e debatido por teóricos, que 
possuem distintas concepções sobre ela. É impossível falar de gramática 
sem pensar em língua e sem trazer à tona a necessária relação entre elas. 
As diferentes formas como a língua é concebida apontam para diferentes 
concepções de gramática. 
Uma das acepções de gramática é aquela que designa um livro, que possui 
como assunto “[…] uma apresentação de elementos constitutivos de uma 
língua” (FARACO; VIEIRA, 2016, p. 293). No entanto, os próprios autores 
alertam para a abrangência do termo e da definição, refletindo sobre a ne-
cessidade de se manter aberta a pergunta o que é gramática? Isso ocorre 
porque a língua é um objeto de estudo muito amplo e complexo, que suscita 
diferentes reflexões e enfoques. 
Uma gramática é um livro que, como tal, tem autoria e, consequentemente, 
contém as percepções e os estudos de um determinado autor, sendo produzido 
conforme as necessidades do momento histórico em que se insere. Não há, 
portanto, apenas uma possibilidade de ver a língua, quer dizer, não há um 
único conjunto de regras que a define.
Gramática2
Para estudar a língua, é necessário estudar o seu funcionamento. Segundo 
Nasi (2007), a forma como as diferentes correntes teóricas dos estudos da lin-
guagem estudam os processos de fala e de escrita demonstra suas concepções 
de língua e de gramática. 
Gramatização
A gramatização das línguas foi abordada por Sylvain Auroux no livro A 
revolução tecnológica da gramatização, e é um processo importante para o 
estudo da gramática. A gramatização no mundo ocidental, que se dá a partir 
do Renascimento na Europa, é equivalente a uma revolução tecnológica, como 
o surgimento da escrita. Esse processo “[…] conduz a descrever e a instru-
mentar uma língua na base de duas tecnologias, que são ainda hoje os pilares 
de nosso saber metalinguístico: a gramática e o dicionário” (AUROUX, 1992, 
p. 65). Assim como o dicionário é, ainda hoje, um instrumento de consulta 
sobre o certo e o errado na língua, a gramática também funciona como um 
instrumento linguístico, uma vez que “[…] se torna simultaneamente uma 
técnica pedagógica de aprendizagem das línguas e um meio de descrevê-las” 
(AUROUX, 1992, p. 36).
Da gramaticalização, partem as noções de língua fluida e língua ima-
ginária, propostas por Orlandi e Souza (1988). Refletindo sobre a oposição 
entre a língua “do mundo” — aquela falada no dia a dia, língua da interação 
dos sujeitos — as autoras propuseram a ideia de língua fluida, ou seja, a 
língua que não cabe em um conjunto de normas e, portanto, não é passível de 
normatização. Por outro lado, a língua imaginária seria aquela sistematizada 
pelos estudiosos da linguagem, que, a partir de certos artefatos, torna-se uma 
língua da norma, um instrumento de coerção e de poder por parte daqueles 
que possuem o domínio de seus saberes. 
Essas propostas são relevantes para que você reflita, enquanto professor de língua 
em formação, sobre a necessidade de estudar o funcionamento da língua e sobre o 
papel das gramáticas, evitando abordá-las como um amontoado de regras passíveis 
de serem apreendidas.
3Gramática
Gramáticas prescritiva, descritiva e 
internalizada
Como pode ser observado, as concepções delíngua e gramática andam juntas. 
Por isso, é essencial que você compreenda as diferenças entre as formas como 
a língua é compreendida em cada teoria para entender os tipos de gramática 
que delas derivam. A seguir, você vai conferir a distinção entre as gramáticas 
prescritiva (ou normativa), descritiva e internalizada, ao mesmo tempo em que 
vai conhecer os entendimentos sobre a língua que as sustentam. 
Gramática prescritiva (normativa)
A gramática prescritiva, ou normativa, é aquela a que você provavelmente foi 
exposto ao longo de sua escolarização. Isso porque, em geral, é essa a aborda-
gem usada para refl etir sobre a linguística na disciplina de língua portuguesa. 
No entanto, essa gramática pressupõe uma visão de língua homogênea, ou 
seja, um modelo de língua que todo falante de uma língua deve seguir para 
estar de acordo com suas regras. A gramática que acompanha essa visão de 
língua é a prescritiva, ou normativa, aquela que dita normas e regras de um 
certo modelo de língua como se ele fosse o único possível. 
Conforme Franchi (2006, p. 16), alguns professores consideram que a gra-
mática seria “[…] o conjunto sistemático de normas para bem falar e escrever, 
estabelecidas pelos especialistas, com base no uso da língua consagrado pelos 
bons escritores. Dizer que alguém sabe gramática significa dizer que esse 
alguém conhece essas normas e as domina”. 
É nesse ponto que reside o maior problema da abordagem prescritiva da 
gramática na escola. Ao considerá-la o padrão de excelência, a escola leva seus 
alunos a perseguirem esse modelo ao longo da vida escolar. Porém, se esse é o 
único ponto de vista gramatical ao qual se tem acesso, passa-se a acreditar que 
todo o resto que produzimos como falantes em nosso dia a dia está errado. Nesse 
caso, o aluno passa a vida acreditando que fala errado, que a língua é difícil, e 
duvida de sua competência internalizada. Prioriza-se, nessa abordagem, a norma-
-padrão e, portanto, deixa-se de lado as variações da língua, que são muitas e 
dependem de inúmeros fatores — sociais, econômicos, geográficos, entre outros. 
Isso não quer dizer que a gramática normativa não tenha valor escolar, mas o 
ensino de língua baseado somente na norma-padrão não pode desconsiderar as 
variações e uma profunda reflexão linguística que passa, inclusive, pelas regras 
da gramática normativa. Entra em jogo, nesse ponto, outra questão: muitos 
professores afirmam compreender a variação linguística, mas consideram 
Gramática4
que ela deve ficar apenas no âmbito da fala, sendo a escrita normatizada pela 
gramática da norma-padrão. No entanto, os exemplos presentes em Franchi 
(2006) mostram que a escrita escolar também não pode ser somente pautada 
nos padrões de certo e errado da gramática normativa.
Franchi (2006) apresenta dois textos de alunos de 3º ano do ensino fundamental e faz 
algumas análises das percepções de professores sobre eles. Veja um trecho de cada 
um dos textos a seguir.
Texto 1
Era uma vez um passarinho que vivia em uma árvore na frente da casa de João. E o 
João temtava pegalo todos os dias mas não comsiguia. Até que um dia ele temtou 
muito, mas muito, que ele acabou catando o passarinho.
Texto 2
Lá na fazenda do meu avô tem cavalos, galinha, pato, vaca, boi e porcos. Quando eu 
vou lá, eu ando de cavalo e tomo leite de vaca. Os animais gostam muito de carinho 
e amor. Eu gosto muito dos animais.
No primeiro exemplo, os professores consultados consideraram o texto “um de-
sastre”, ressaltando os erros como a troca de letras (m por n nas palavras destacadas) 
e o desconhecimento das regras da língua. O Texto 2, por seu turno, não tem erros 
gramaticais consideráveis e foi considerado um texto “limpinho, em bom português” 
(FRANCHI, 2006). 
Nesse exemplo, a concepção de gramática dos professores citados por 
Franchi (2006) está associada à gramática normativa, que segue uma concepção 
de língua dos escritores e de uma linguagem que seria mais culta e bela do que 
a falada no dia a dia. O “bom português”, no entanto, como mostra Franchi 
(2006), nem sempre garante um texto criativo. 
No Texto 1, apesar dos desvios gramaticais, é possível notar uma maior 
criatividade e, no Texto 2, uma maior contenção. Além disso, Franchi (2006, 
p. 26) ressalta que o texto 1 não deixa de mostrar um “[…] razoável grau de 
amadurecimento linguístico e textual”, considerando a capacidade do aluno 
escritor do Texto 1 de construir uma série de operações complexas com a 
língua, como em “Era uma vez um passarinho que vivia em uma árvore na 
frente da casa de João”, enquanto o Texto 2 tem estruturas bastante simples 
como “Eu gosto muito dos animais”. 
5Gramática
Para Franchi (2006), portanto, esses exemplos evidenciam que o aluno do 
Texto 1 demonstra um “controle” da língua muito superior, de certa forma, 
ao demonstrado pelo aluno do Texto 2. 
Gramática descritiva
A proposta da gramática descritiva tem como base o princípio da observação 
dos fenômenos linguísticos. Ao contrário da gramática prescritiva, ela não 
tem o intuito de prescrever regras, de ditar como a língua deve ser, mas sim 
de observar e descrever como a língua tem sido utilizada pelos falantes. 
Para Ferraz e Olivan (2011), a gramática descritiva é um conjunto de regras 
que descrevem os fatos da língua. Analisando e descrevendo a língua real que os 
falantes utilizam, é possível observar quais fenômenos linguísticos ocorrem, como 
a língua se estrutura, o que é aceitável ou não em termos de língua. Essas regras 
ajudam a observar o que é gramatical e o que é agramatical. Gramatical é aquilo 
que atende “[…] às regras da língua segundo determinada variedade linguística” 
(FERRAZ; OLIVAN, 2011, p. 2236). Em outras palavras, gramaticais são aquelas 
estruturas e frases comuns à comunidade de falantes. Veja o exemplo a seguir.
Todos os motoristas entraram em greve. 
Os motoristas todos entraram em greve. 
Os motoristas entraram todos em greve. 
*Os todos motoristas entraram em greve. 
*Os motoristas entraram em todos greve.
O sinal * significa que a frase é agramatical. Observe o posicionamento linear dos 
elementos que constituem as sentenças. É possível notar que nem toda posição é 
possível do ponto de vista da gramática internalizada do falante. Não se trata, portanto, 
de prescrever o que é certo ou errado, mas de observar que certas construções sintáticas 
não fazem sentido para os falantes; é agramatical (PERINI, 2005).
É necessário eleger certos fatos da língua para observar, já que seria im-
possível dar conta da totalidade de fatos da língua. Estudam-se, então, os fatos 
Gramática6
sintáticos, aqueles de particular interesse à teoria, uma vez que a sintaxe é a 
parte da gramática de organização da língua. Na descrição de um fato sintá-
tico, como a posição linear que os elementos de uma frase ocupam, como no 
exemplo dado, é possível observar que a língua permite certos posicionamentos 
e não outros. Com o exemplo, nota-se que a gramática descritiva considera 
o falante, sua intuição, sua língua internalizada, isto é, as possibilidades e 
impossibilidades da língua por meio de fatos que são bastante intuitivos. O 
autor explica que: “[…] os falantes têm muitas vezes intuições bem definidas 
[…] em outros casos as intuições não são claras, e é preciso lançar mão de 
outros recursos, como tentar observar o comportamento sintático de uma 
sequência em outras frases” (PERINI, 2005, p. 45).
Toda gramática descritiva, portanto, pressupõe hipóteses e observação e, 
consequentemente, constitui-se como resultado de uma pesquisa, argumen-
tando e justificando o caminho tomado. Por isso, do ponto de vista descritivo, 
não é possível estudar gramática sem, ao mesmo tempo, fazer gramática, no 
sentido de refletir, investigar e pensar nos fenômenos da língua. 
Além disso, o trabalho de descrever uma língua inclui a descrição dos 
seus aspectos formais somados aos significados que eles veiculam. Primeiro, 
é realizada a descrição do aspecto formal e do semântico separadamente,posteriormente realizando-se um confronto entre ambos (PERINI, 2005).
No Brasil, a norma considerada oficial está associada à língua escrita, não à língua que é 
falada no país. No entanto, a estrutura da língua que escrevemos é muito diferente da 
estrutura da língua que falamos e, por isso, é muito mais difícil refletir sobre a língua. 
Há, portanto, uma disjunção que não é observada pela gramática normativa e 
que se reflete na forma como o brasileiro escreve. Tentamos reproduzir, na escrita, as 
regras e os padrões de um modelo estabelecido por uma língua diferente daquela 
que falamos no dia a dia. Considerando isso, haveria duas línguas no Brasil, cada qual 
com seu domínio próprio. 
Este fato tem origem não somente na colonização, mas também na tentativa da 
coroa portuguesa de unificar as línguas e tornar o português a única língua oficial 
e obrigatória nas escolas. Isso era feito por meio de decretos, ou seja, por uma via 
não natural. Com essa unificação forçada, não se aplica a gramática internalizada e a 
linguagem inata do falante brasileiro, mas sim a tentativa de escrever nos padrões de 
uma língua forjada como materna (PERINI, 2001).
7Gramática
O gerativismo e a gramática internalizada
A gramática internalizada é entendida como aquela que todos os falantes 
possuem de maneira inata. Essa seria uma predisposição genética que permite 
não somente a aquisição da linguagem, mas também o desenvolvimento de 
uma lógica interna de organização da língua. 
De acordo com essa perspectiva, a linguagem humana, expressa por meio 
de uma língua natural, é entendida como um fenômeno cognitivo. A língua é 
tomada como produto da mente humana, e é este entendimento que sustenta 
a teoria sobre a gramática internalizada. 
Cognição é o termo científico utilizado para fazer referência ao conjunto das inteligên-
cias humanas. Segundo Kenedy (2013), o termo diz respeito aos fenômenos mentais que 
têm relação com a aquisição, o armazenamento, a ativação e o uso do conhecimento. 
Segundo Kenedy (2013), a linguagem é um conhecimento implícito, incons-
ciente no conjunto da cognição humana. Um indivíduo é capaz de produzir uma 
infinidade de sentenças na sua língua materna sem se dar conta de que está 
realizando isso, ou seja, ocorre de maneira inconsciente. Por isso, a linguagem 
é entendida como um conhecimento tácito que os indivíduos possuem. 
Essa concepção está ancorada no gerativismo, que tem como expoente prin-
cipal o cientista Noam Chomsky. Surge nos anos de 1950, quando o Chomsky, 
então professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, formula suas ideias 
sobre a “natureza mental da linguagem humana”. A teoria propunha a descrição 
dos procedimentos mentais que “[…] geram as estruturas da linguagem, como 
as palavras, as frases e os discursos”, sendo as frases organizadas por meio 
de regras inconscientes na mente dos indivíduos (KENEDY, 2013, p. 17).
Além disso, a teoria gerativista entende que as línguas naturais não só são 
produto da mente humana, mas também possuem uma exterioridade; elas só 
se tornam úteis como línguas naturais se puderem ser compartilhadas pelos 
indivíduos. Para que uma língua exista, seu léxico precisa ser compartilhado 
pelos falantes. 
Assim, pode-se dizer que há duas dimensões da língua, as quais foram 
denominadas por Chomsky de língua-I (interna, individual e intensional), ou 
Gramática8
seja, a língua enquanto faculdade cognitiva, e língua-E (externa e extensional), 
a língua como código linguístico. 
Os gerativistas se interessam por estudar a língua-E para descrever os traços do léxico 
das línguas (fonemas, morfemas, palavras) utilizados na formação das representações 
mentais. Sendo a língua-E entendida como um produto sócio-histórico, ela está sujeita 
“[…] às contingências da experiência cultural humana” (KENEDY, 2013, p. 33). Assim, os 
gerativistas entenderam que a mente humana é capaz de adquirir essas informações da 
língua-E para produzir e compreender expressões linguísticas no cotidiano da Língua-I.
É a língua-I, portanto, o principal objeto de estudo da concepção gerativista, 
uma vez que esta faz parte do sistema cognitivo do indivíduo. O estudo da 
língua-I é o estudo da capacidade humana de colocar em prática os códigos 
da língua, como fonemas, morfemas, palavras, frases. 
Entendendo que a língua-I está presente em todos os indivíduos, Chomsky 
percebeu que, em vez de buscar uma descrição de cada língua separadamente, 
era possível investigar as características universais das línguas. Publicou, 
então, em 1965, Aspectos da teoria da sintaxe, em que explica os conceitos 
de competência e desempenho. Competência linguística é o que permite ao 
falante “[…] produzir o conjunto de sentenças de sua língua”. É por meio de 
sua capacidade inata de linguagem que o falante desenvolve essa competência. 
Por outro lado, o desempenho é o comportamento linguístico, são os fatores 
externos ou não linguísticos, de ordens variadas, como inserção social, crenças, 
interlocutores, e também o diferente “[…] funcionamento dos mecanismos 
psicológicos e fisiológicos envolvidos na produção dos enunciados” (PETTER, 
2015, p. 11). Isso quer dizer que o a competência está internalizada no falante, 
enquanto o desempenho depende de outros fatores. Por exemplo, você sabe 
falar em português, tem a competência linguística. Porém, está apresentando 
um trabalho a uma turma cheia de alunos e começa a esquecer palavras e 
gaguejar; seu desempenho está afetado pelo nervosismo.
A teoria desenvolvida por Chomsky para explicar e analisar os dados foi 
denominada de gramática gerativa, uma vez que, segundo ela, o falante pode, 
por meio de um limitado número de regras internas que possui, gerar um 
infinito número de sentenças. A gramática gerativa, portanto, tem por objetivo 
explicar e analisar as frases potencialmente realizáveis em uma língua, cuja 
9Gramática
intuição do falante é o “[…] critério da gramaticalidade ou agramaticalidade 
da frase” (PETTER, 2015, p. 11). Observe a frase a seguir. 
Problema este muito seu difícil é.
Neste exemplo, como falante, você consegue perceber que algo não está 
bem na construção da sentença. Você não precisa ser um especialista em 
linguística para perceber isso. É esse estranhamento que Chomsky entende 
como a intuição do falante. Por menos escolarizado que o falante seja, ele é 
capaz de organizar os elementos linguísticos que compõem esta sentença, 
tornando-a novamente gramatical.
Uma sequência de palavras é agramatical quando, segundo Petter (2015), 
não respeita as regras gramaticais internalizadas pelo falante. Um falante 
pode utilizar sua competência inata para organizar o exemplo acima como: 
Este seu problema é muito difícil. 
Todo falante de uma língua natural possui competência para refletir sobre 
a língua. Dessa forma, na escola, o professor de língua pode fazer valer essa 
competência para proporcionar uma verdadeira reflexão sobre o objeto de 
estudo da sua disciplina, utilizando-se de situações e exemplos do cotidiano 
dos alunos. No entanto, não é isso que ocorre geralmente nas aulas de língua. 
Interpretando fenômenos de linguagem 
A linguagem é um fenômeno que permeia nossa vida social em diversos 
aspectos e é de fundamental importância em nosso dia a dia. É necessário, 
então, entender a gramática como uma forma de refl etir sobre o funcionamento 
da linguagem (e não somente como um amontoado de regras em um livro). 
Dessa forma, estudar gramática na escola é importante, porque proporciona 
um espaço de reflexão e pesquisa, podendo inclusive promover a autonomia, 
a criticidade e a curiosidade científica dos alunos (PERINI, 2005). Uma vez 
que se passe a enxergar a gramática como meio de observar e interpretar os 
fenômenos da linguagem que ocorrem no cotidiano, o sentido e a significação 
do ensino de gramática tomam outro rumo e abrem caminho para diversas 
oportunidades. No exemplo a seguir, é possível realizar uma interpretação 
muito simples de um fato da linguagem.Gramática10
O poema Pronominais, de Oswald de Andrade (1972), demonstra a diferença entre a 
gramática descritiva e a prescritiva (normativa). Observe a seguir.
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
O primeiro verso traz a colocação pronominal de acordo com a norma-padrão, que 
sustenta a interpretação dos fenômenos da linguagem pela gramática normativa 
(Dê-me). Já a língua do último verso representa a língua que sustenta a descrição da 
gramática descritiva, que observa os fenômenos da linguagem pelo uso dos falantes 
(Me dá). Isso quer dizer que, apesar de a gramática prescritiva orientar a não começar 
frases com pronomes oblíquos, a construção da última frase “Me dá um cigarro” é 
completamente possível, pois é compreendida pelos falantes da língua e utilizada 
cotidianamente. Essa possibilidade está relacionada à gramática internalizada dos 
falantes, uma vez que a língua materna, ou seja, aquela que o brasileiro possui inter-
nalizada, permite essa construção.
De acordo com Perini (2001, p. 13), todo falante “[…] possui um conhe-
cimento implícito, altamente elaborado da língua, muito embora não seja 
capaz de explicitar esse conhecimento”. No Brasil, especialmente, em virtude 
da distinção muito evidente entre a língua brasileira falada e a norma culta 
do português, é possível perceber que esse conhecimento da língua é algo 
naturalmente adquirido, e não fruto da instrução escolar. 
A interpretação dos fenômenos linguísticos pode se dar em vários aspectos, 
que compõem as gramáticas de uma língua: a fonologia, a morfologia, a sintaxe 
e a semântica. No entanto, esses aspectos não esgotam as possibilidades de 
interpretação, pois ainda se poderia observar a história das formas linguísticas, 
por exemplo. Esses aspectos “[…] constituem o estudo da estrutura interna 
11Gramática
de uma língua — aquilo que a distingue das outras línguas do mundo, e que 
não decorre diretamente de condições da vida social ou do conhecimento do 
mundo” (PERINI, 2005, p. 50).
Refletindo sobre os fenômenos linguísticos
Na escola, como você já viu anteriormente, não ocorre efetivamente uma 
interpretação dos fenômenos da linguagem. Na maioria das vezes, na aula de 
língua portuguesa, ensinam-se regras que não fazem sentido para o aluno. 
Utilizam-se exemplos de grandes escritores, que geralmente não são do século 
XXI. Portanto, o aluno tem acesso a uma gramática e a exemplos de língua 
que não condizem com a língua conhecida por ele. Muito diferente do que 
muitos estudiosos defendem ser o ideal: 
[…] o que deveríamos esperar do aluno ingressante no ensino médio é a ca-
pacidade de lidar com os aspectos da língua de modo reflexivo, sendo apto 
a selecionar os recursos linguísticos e a estrutura gramatical adequados às 
atividades de produção oral e escrita (FERRAZ; OLIVAN, 2011, p. 2238). 
Em relação a essa postura reflexiva de língua e às concepções de gramática 
que você viu até o momento, considere o fenômeno da regência verbal. A regência 
é a relação entre um elemento, considerado regente e outro que o complementa. 
De acordo com a gramática prescritiva, o verbo é o regente, e seus complementos 
variam de acordo com o que o verbo “pede”. De acordo com a gramática descri-
tiva, a regência de um verbo é variável, dependendo do contexto. Além disso, 
varia segundo ao longo do tempo, “[…] porque os falantes passam a interpretar 
de forma diferente o significado dos verbos” (TENÓRIO; SILVA; SILVA, 2018, 
p. 233). Considera-se, portanto, a gramática internalizada do falante. O verbo 
“assistir”, por exemplo, tem na regência uma importante variação da significação. 
Que variações são essas e como as diferentes linhas teóricas sobre gramática 
a interpretam? No ponto de vista da gramática normativa, o verbo “assistir” é 
apresentado como transitivo indireto ou direto, observando-se a mudança de 
sentido conforme a mudança na transitividade. Observe a seguir:
1. verbo transitivo indireto: aponta para o sentido de presenciar, ver, observar; 
rege a preposição a e não admite a substituição do termo regido pelo pronome 
oblíquo lhe, mas sim o(s) e a(s);
2. verbo transitivo indireto: aponta para o sentido de caber (direito a alguém), 
pertencer; rege a preposição a e admite a substituição do termo regido pelo 
pronome oblíquo lhe(s); 
Gramática12
3. verbo transitivo direto: aponta para o sentido de socorrer, prestar assistência 
e não rege qualquer preposição (A REGÊNCIA…, [200-?], documento on-line).
Assim, quando “assistir” for empregado para indicar os sentidos aponta-
dos em (1) e (2), é obrigatória a presença da preposição regida. Nesse caso, a 
gramática trata da regência e da transitividade do verbo como uma prescrição, 
informando o que é admitido ou não como complemento do verbo. Além disso, 
prescreve como obrigatória a presença da preposição regida pelo verbo nos 
casos 1 e 2. A distinção e a prescrição da regência desse verbo é semantica-
mente determinada, como por exemplo, em:
Assistimos ao jogo (1) 
Não lhe assiste dizer se isto é certo ou errado (2). 
Pela gramática descritiva, por outro lado, é possível entender o verbo 
“assistir” também em suas ocorrências como transitivo direto, que rege um 
objeto direto, sem preposição. Um possível exemplo é a própria acepção de 
assistir em “Assistimos o jogo”. Isso porque observou-se, analisando os fenô-
menos linguísticos, que o uso de grande parte dos verbos vem modificando 
a normatização. Notou-se também que há uma relação mais direta entre o 
falante e a pessoa ou objeto a que ele se refere. Por outro lado, o verbo “assistir” 
com o sentido de ajudar, auxiliar, socorrer, já é normatizado como um verbo 
transitivo direto e é assim utilizado pelos falantes. 
É possível também observar a forma como a gramática internalizada dos 
falantes organiza esses usos. Podemos refletir sobre a voz ativa e a voz passiva 
em relação ao verbo “assistir”. Observe que, pelas regras da gramática nor-
mativa, um verbo só possui voz passiva quando é classificado como transitivo 
direto ou bitransitivo (direto e indireto). No entanto, é perfeitamente coerente e 
bastante utilizada pelos falantes a ocorrência passiva, como na frase a seguir:
O filme de terror foi assistido pelas crianças.
Se, pelo viés da gramática normativa, “assistir” com sentido de ver, olhar, 
deve ser transitivo indireto, tal ocorrência não poderia existir. No entanto, pela 
gramática internalizada do falante, é perfeitamente corriqueira a ocorrência 
da voz passiva nesse caso. Pode-se concluir que há uma discrepância entre 
aquilo que a gramática normativa prescreve e aquilo que o falante entende 
intuitivamente como adequado. 
13Gramática
Por fim, conhecer as regras gramaticais e saber como usá-las é também 
importante. Por meio desse estudo, é possível ensinar as diversas configurações 
da língua para preparar os alunos para as também diversas situações com que 
vão se deparar na vida. Como explica Ferraz e Olivan (2011, p. 2236):
[…] saber gramática depende da ativação e do amadurecimento progressivo 
de hipóteses sobre o que é a linguagem e quais seus princípios e regras. Nela, 
o que pode ocorrer é uma inadequação da variedade linguística em um dado 
momento de interação comunicativa, mas não o erro linguístico. 
Para que possam se adequar às variedades linguísticas, portanto, os alunos 
precisam conhecê-las, como todas as suas diversidades. No entanto, deve-se ter 
como premissa que o aluno já tem conhecimento sobre a língua mesmo antes 
de entrar na escola para ser alfabetizado. Considera-se, assim, sua gramática 
interna, sua capacidade de produzir linguagem a partir do que já conhece. Além 
disso, é fundamental incentivar o estudo da gramática por meio da reflexão 
dos fenômenos linguísticos, que, como vimos, pode ser feita em certo grau 
por pessoas que não são especialistas em linguística. Mais importante do que 
apontarerros e acertos, é promover a reflexão sobre a língua. 
ANDRADE, O. Obras completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972. v. 6-7.
A REGÊNCIA e o verbo assistir. In: MINI GRAMÁTICA. Disponível em: http://www.nilc.icmc.
usp.br/nilc/minigramatica/mini/aregenciaeoverboassistir.htm. Acesso em: 8 jan. 2020.
AUROUX, S. A revolução tecnológica da gramatização. Campinas: Unicamp, 1992.
FARACO, C. A.; VIEIRA, F. E. (org.). Gramáticas brasileiras: com a palavra, os leitores. São 
Paulo: Parábola, 2016. 
FERRAZ, M. M. T.; OLIVAN, K. N. Gramática e formação do professor em língua materna: 
refletindo sobre o ensino e ensinando para a reflexão. In: CONGRESSO INTERNACIONAL 
DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LINGUÍSTICA, 7., 2011, Curitiba, Anais… Curitiba, 2011. 
p. 2234-2248.
Gramática14
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sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
FRANCHI, C. Mas o que é mesmo “gramática”? In: POSSENTI, S. (org.). Mas o que é 
mesmo gramática. São Paulo: Parábola, 2006. 
KENEDY, E. Curso básico de linguística gerativa. São Paulo: Contexto, 2013.
NASI, L. O conceito de língua: um contraponto entre a gramática normativa e a lin-
güística. Urutágua, n. 13, ago./nov. 2007. Disponível em: http://www.urutagua.uem.
br/013/13nasi.htm. Acesso em: 7 jan. 2020. 
ORLANDI, E. P.; SOUZA, T. C. C. A língua imaginária e a língua fluida: dois métodos 
de trabalho com a linguagem. In: ORLANDI, E. P. Política linguística na América Latina. 
Campinas: Pontes, 1988.
PERINI, M. A. Gramática descritiva do português. São Paulo: Ática, 2005.
PERINI, M. A. Sofrendo a gramática. São Paulo: Ática, 2001.
PETTER, M. Linguagem, língua e linguística. In: FIORIN, J.L. Introdução à linguística: 
objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2015.
PINTO, M. S. Grammatica da lingoagem portuguesa de Fernão de Oliveira: o autor e sua 
obra. Portugal: Biblioteca Nacional, 2004. Disponível em: http://purl.pt/369/1/ficha-
-obra-gramatica.html. Acesso em: 7 jan. 2020.
TENÓRIO, F. J. A.; SILVA, R. S.; SILVA, A. O lugar da reflexão na aula de gramática: por onde 
começar? In: OSÓRIO, P.; LEURQUIN, E.; COELHO, M. da C. (org.). Lugar da gramática na 
aula de português. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2018.
Leitura recomendada
BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL. Grammatica da lingoagem portuguesa. Lisboa: 
BNP, 2020. Disponível em: http://purl.pt/120/1/index.html#/1/html. Acesso em: 8 jan. 
2020.
15Gramática
DICA DO PROFESSOR
A construção da língua portuguesa como língua oficial do Brasil passou por um longo processo 
de colonização e gramatização da língua. A gramatização, para Auroux (1992), é o processo em 
que se descreve e se instrumentaliza uma língua, por meio de instrumentos linguísticos, como 
a gramática e o dicionário.
Nesta Dica do Professor, entenda como se deu esse processo da construção da língua nacional à 
gramatização do português brasileiro. 
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NA PRÁTICA
Maria Helena de Moura Neves (2002) afirma a necessidade de uma reflexão sobre o ensino de 
gramática que observe tanto o que se entende por gramática quanto o papel do real 
funcionamento da linguagem na análise linguística, realizada na atividade escolar.
Diante dessa reflexão, em uma formação de professores de língua portuguesa, da rede estadual 
de ensino, há um debate acirrado sobre as diferentes concepções de língua e de gramática que 
professores e gestores têm e sob as quais se pauta a construção dos projetos político-
pedagógicos das escolas. 
A professora Caroline está participando de um dos grupos de trabalho dessa formação e, como 
próxima tarefa a realizar para levar o debate ao grande grupo, precisou refletir, com seus 
colegas, sobre a seguinte questão:
Que avaliação se pode fazer sobre o papel da gramática normativa no ensino de língua 
portuguesa nas escolas atualmente?
Veja a seguir a análise realizada pelo grupo de Caroline:
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
A concepção de linguagem determina o que e como ensinar
Assista o vídeo do professor Cláudio Bazzoni sobre como as diferentes concepções de 
linguagem pautam o ensino de língua portuguesa e como as práticas de leitura e de escrita 
devem ser ensinadas nas escolas.
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A gramática escolar no contexto do uso linguístico
Leia o artigo de Maria Helena Moura Neves, no qual a autora avalia o trabalho com a gramática 
na escola, de acordo com a abordagem gramatical utilizada e com a inserção dessa abordagem 
na compreensão do funcionamento real da linguagem.
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Gramática, escola e perspectivas do ensino de gramática na contemporaneidade
Leia a entrevista com a professora Roberta Pires de Oliveira, pesquisadora e docente da UFSC, 
na Revista Entre Linhas. Essa entrevista é um convite à reflexão do ensino de gramática e 
apresenta as possibilidades de análise crítica dos fenômenos da linguagem na escola 
contemporânea.
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Dentro da cabeça de Noam Chomsky
Leia a reportagem de Luís Augusto Fischer sobre Noam Chomsky, o estudioso que 
revolucionou a linguística com modelos matemáticos, para explicar a comunicação humana. 
Conheça suas idéias, sua obra e por que há tantas pessoas interessadas no que ele tem a dizer.
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