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MANGÁ NARUTO NA AULA DE HISTÓRIA: O MONUMENTO DOS HOKAGE E A MEMÓRIA, A VONTADE DO FOGO E A IDENTIDADE NACIONAL

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Prévia do material em texto

André Bueno 
Everton Crema 
Dulceli Tonet Estacheski 
José Maria Neto 
 
 
 
 
EXTREMOS 
ORI 
ENTES 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referência Bibliográfica 
 
BUENO, Andre; CREMA, Everton; ESTACHESKI, Dulceli; NETO, José Maria 
[orgs.] Extremos Orientes. União da Vitória/Rio de Janeiro: Edição Especial 
Sobre Ontens – LAPHIS/UNESPAR, 2018. 
ISBN: 978-85-65996-63-1 
Disponível em Revista Sobre Ontens: 
WWW.revistasobreontens.site 
 
 
 
 
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MANGÁ NARUTO NA AULA DE HISTÓRIA: O 
MONUMENTO DOS HOKAGE E A MEMÓRIA, A 
VONTADE DO FOGO E A IDENTIDADE NACIONAL 
Wendell Presley Machado Cordovil 
Eliandra Gleyce dos Passos Rodrigues 
 
 
Nesse breve texto temos por objetivo discutir sobre a possibilidade 
da utilização de quadrinhos japoneses nas discussões históricas no 
ensino básico. Utilizando como base a obra ―Naruto‖ - mangá de 
Masashi Kishimoto - pensamos uma metodologia, direcionada a 
uma turma do 9º ano, para debater a questão de memória e 
identidade nacional na disciplina de história a partir de elementos 
presentes, e dos contextos, nessa história em quadrinhos japonesa. 
 
Mangás e a história, mangás na aula de história 
Os quadrinhos japoneses, conhecidos como mangás, já fazem parte 
da nova mídia consumida pelos jovens brasileiros. Cada vez mais o 
acesso a essas obras japonesas se torna mais fácil. Seja pelas 
publicações realizadas por editoras nacionais ou por meio de sites 
que disponibilizam o conteúdo em formato digital. O consumo desse 
material por jovens é significativo em número de vendas e também 
para a própria formação desses como sujeitos históricos. Um texto 
da pesquisadora Adriana Hoffmann Fernandes (2006) nos deixa 
muito claro quanto a leitura dessas obras é importante para a 
formação individual dos jovens. 
 
A partir do artigo de Adriana Fernandes podemos compreender que 
a relação das crianças e adolescentes que possuem contato com esse 
tipo de obra vai além do que pensa o senso comum. Ao buscar o 
discurso desses sobre os mangás fica evidente no trabalho da autora 
que várias percepções sobre o mundo e as relações sociais são 
construídas pelos jovens a partir da leitura dessas obras japonesas. 
 
Nos discursos recolhidos pela autora os leitores entrevistados 
comentam até mesmo sobre a diferença das obras estadunidenses 
ante as obras orientais. Afirmam que a construção dos heróis nos 
mangás é realizada de uma forma que se torna mais fácil a 
identificação do leitor com o personagem, diferente dos heróis 
―americanos‖ descritos como ―aquelas coisas extraordinárias‖. 
 
418 
 
Com isso, fica inegável que as obras orientais possuem grande 
significação na vida de um aluno do ensino básico que lê esse tipo de 
produção. 
 
Janaina de Paula do Espírito Santo (2013) mostra em um artigo de 
sua autoria que os quadrinhos ganham cada vez mais espaço como 
fonte, objeto de pesquisa e como representante de novas abordagens 
para o ensino. A utilização desse recurso aparece mais nas aulas de 
língua portuguesa, no entanto é uma ferramenta que pode – e deve - 
ser utilizada por professores das diversas áreas do conhecimento. 
 
No que diz respeito ao ensino de história, os mangás tornam-se 
materiais muitíssimo ricos para serem trabalhados em uma aula. As 
produções em quadrinhos e animações japonesas muitas vezes se 
importam em trabalhar temas históricos, a partir disso um campo de 
possibilidades se abre para o professor pesquisador, com isso 
podendo construir metodologias mais atrativas, dinâmicas e 
significativas para os alunos. 
 
A necessidade de abordagens metodológicas que atraiam os alunos é 
reafirmada na Base Nacional Comum Curricular. Na última versão 
apresentada da BNCC direcionada aos anos do Ensino Médio essa 
etapa do ensino básico é entendida como ―um gargalo no direito à 
educação‖ e entre os fatores que explicariam esse cenário, segundo a 
BNCC, se destacariam: 
 
―[...] desempenho insuficiente dos alunos nos anos finais 
do Ensino Fundamental, a organização curricular do 
Ensino Médio vigente, com excesso de componentes 
curriculares, e uma abordagem pedagógica distante das 
culturas juvenis e do mundo do trabalho.‖ (BNCC, 2018, p. 
461). 
 
Esse distanciamento das culturas juvenis pode ser diminuído com a 
utilização de metodologias que busquem entrar em diálogo com as 
novas mídias quais os alunos entram em contato cotidianamente, 
que já fazem parte da sua realidade e, como já foi mostrado com o 
trabalho de Adriana Fernandes, que ajudam a moldar até suas 
percepções sobre o mundo. 
 
Os professores e professoras de história não podem simplesmente 
ignorar essas obras com que os alunos possuem contato. Devem 
 
 
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pesquisar sobre elas e verificar as possibilidades de abordagens para 
em seguida construir métodos que as utilizem como ferramenta. 
 
Os quadrinhos no livro didático: tem mangá? 
Sabe-se que uma das ferramentas mais utilizadas pelos professores é 
o livro didático. Muitos constroem suas aulas tendo como base a 
organização de conteúdos e fontes disponíveis nesses. A partir dessa 
compreensão selecionamos duas coleções de livros utilizadas em 
escolas públicas do município de Ananindeua (PA) para analisar se 
em alguma medida o conteúdo apresentado nessas coleções dialoga 
com quadrinhos atentando-nos para a presença de mangás. 
 
Os livros selecionados foram dois volumes do 8º e 9º ano da coleção 
―História: sociedade e cidadania‖ da editora FTD, e os três livros 
direcionados ao ensino médio da coleção ―Conexões com a história‖ 
da editora Moderna. Todos válidos para os anos de 2017 a 2019. 
 
Nossa pesquisa objetivou analisar se os livros em questão fazem a 
utilização de trechos de histórias em quadrinhos, ou tiras de 
quadrinhos, de maneira atrelada ao conteúdo, seja com os textos 
principais ou em atividades de fim de capítulo. 
 
Os livros direcionados ao oitavo e nono ano são de autoria de 
Alfredo Boulos Júnior. Esses dois livros apresentam um grande 
número de recursos visuais, entre imagens de pinturas, fotografias, 
charges e imagens de panfletos. O livro destinado ao oitavo ano do 
ensino fundamental utiliza bastante as charges como recurso, 
solicitando em alguns momentos a interpretação dessas. No entanto 
não se utiliza de tiras de quadrinhos como recurso didático. Também 
não utiliza nenhum trecho de história em quadrinhos. 
 
O volume direcionado para o nono ano utiliza três tiras de 
quadrinhos como recurso didático. Na página 143, quando trata 
sobre o governo de Vargas, utiliza, em meio a apresentação do 
conteúdo, uma tira de quadrinho de cunho crítico ao governo de 
Vargas publicada no jornal Folha da Noite, em 20 de setembro de 
1934. Na página 170 utiliza uma tirinha de Bill Watterson, intitulada 
de Calvin e Haroldo. A tirinha é utilizada na parte de atividades que 
trata sobre o período de Guerra Fria. A última tira de quadrinhos 
utilizada no livro está na página 295. De autoria de Jim Davis a tira 
de quadrinho mostra um diálogo entre o gato ―Garfield‖ e seu dono 
onde se realiza uma crítica contra a programação de TV. 
420 
 
 
No total os dois livros apresentaram 3 tiras de quadrinhos, nenhuma 
história em quadrinhos e nenhum mangá. 
 
A outra coleção analisada, direcionada à etapa do ensino médio são 
de autoria de Alexandre Alves e Letícia Fagundes de Oliveira. 
 
Ao todo os volumes apresentam 8 tiras de quadrinhos e 2 trechos de 
histórias em quadrinhos, sendo um desses retirado de um mangá. 
Cinco das oito tirinhas estão presentes no livro direcionado ao 
primeiro ano do ensino médio, quatro estão em atividades de final 
de capítulo (p.88, p.111, p.163 e p.203), e uma em meio a 
apresentação do conteúdo (p.146). O livro do segundo ano possui 3 
tiras de quadrinho (p.114, p.131, p.174) duas utilizadas na parte de 
atividades de final de capítulo e uma atrelada à apresentação do 
conteúdo. O livro direcionado ao terceiroano não apresenta 
nenhuma tira de quadrinho ou trecho de quadrinho. 
 
Os dois trechos de histórias em quadrinhos aparecem no livro 
direcionado ao 1º ano do ensino médio. Na página 79 o livro aborda 
sobre a religiosidade hebraica, utiliza-se de um trecho da obra 
―Genesis‖ ilustrada por Robert Crumb. 
 
O trecho de historia em quadrinho que aparece na página 73 desse 
mesmo livro apresenta-se em uma atividade de final de capítulo, 
após o conteúdo do livro discutir história indiana e chinesa. Esse 
trecho é retirado da obra ―Buda no reino de Kapilavastu‖, de Osamu 
Tezuka. O enunciado da questão faz a apresentação sobre o autor 
Osamu Tezuka e comenta que uma de suas obras conta a história de 
Buda. A questão apresenta os personagens presentes na cena que 
será destacada, o garoto Chapra, filho de um sudra, e o rei de Kosala, 
o membro de uma casta superior. A cena da história em quadrinhos 
retrata o momento em que o rei de Kosala descobre que o garoto 
Chapra pertence à casta dos sudras e mostra seu desapontamento 
com o fato. A imagem a seguir mostra a parte do livro onde o mangá 
é utilizado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Imagem 1: Foto do livro didático. 
 
 
Após a apresentação do trecho do mangá três indagações são 
realizadas: (a) Qual é o elemento de tensão presente no diálogo entre 
o rei de Kosala e o garoto Chapra? (b) Explique o desapontamento 
do rei com base no bramanismo. (c) De que maneira a ideia de 
carma justifica a sociedade de castas? 
 
As indagações da atividade possibilitam o diálogo direto entre o 
conteúdo que foi apresentado anteriormente no e a história contida 
no mangá. Esse pequeno exemplo presente no livro mostra que é 
possível realizar uma metodologia didática tomando os mangás 
como ferramentas. Esse mesmo trecho de mangá poderia muito bem 
ser introduzido em diálogo com os textos principais. 
 
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No geral os livros apresentaram um número bem pequeno de 
histórias em quadrinhos, as tiras em quadrinhos aparecem com 
maior frequência. Isso pode se dar por conta de as tiras se reduzirem 
em poucos quadros e em uma narrativa mais fechada, a história da 
tirinha está contida toda somente nos poucos quadros da tirinha. No 
caso da história em quadrinho a narrativa se desenvolve em mais 
quadros, com isso é necessário selecionar cenas. Porém o livro que 
apresenta o mangá mostra que é possível e bastante interessante 
utilizar esse tipo de recurso como meio didático. A história 
apresentada se encaixa muito bem no conteúdo que o capítulo 
discutiu, além disso, pode ser capaz de despertar no aluno um 
sentimento maior de interesse tendo em vista que é um quadrinho, 
e, além disso, é um mangá. Se o aluno já possuir o contato com 
mangás, com certeza ficará mais empolgado com a discussão, com a 
disciplina e com a escola. 
 
Usando o mangá Naruto para ensinar noções históricas: o 
Monumento dos Hokage e a Vontade do Fogo 
Naruto é um mangá criado por Masashi Kishimoto e publicado em 
1997. É possível perceber que a obra fica bastante famosa no Brasil a 
partir de 2007, quando o anime homônimo da obra é lançado em 
território nacional também em TV aberta. Juntamente com o anime, 
o mangá se popularizou bastante no Brasil. Publicado pela editora 
Panini chegou a permanecer por muito tempo no topo da lista dos 
mais vendidos. 
 
―Naruto‖ conta a história de um menino órfão que perdeu os pais em 
um desastre ocorrido em sua vila. A narrativa se passa em um 
mundo que mistura elementos históricos e ficção. Apresenta um 
cenário de um Japão Feudal governado por ninjas que possui 
tecnologias como televisão, câmeras, transmissão de rádio e TV, etc. 
O governo de todos os países existentes em Naruto são governos 
militares, os ninjas. As principais vilas de cada país possuem um 
líder, esse é considerado e reconhecido pelos ninjas e civis como o 
ninja mais forte da aldeia. Na vila do personagem Naruto esse líder 
recebe o título de ―Hokage‖. Ele é responsável pela defesa do país e 
da vila, além de gerir as relações econômicas de seu vilarejo e 
possuir o dever de zelar pelo sistema vigente de governo. 
 
Nesse mangá existem dois elementos que pretendemos focar a 
abordagem de nossa proposta metodológica, exatamente por conta 
desses dois elementos essa obra foi selecionada. O primeiro 
 
 
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elemento é o ―Monumento dos Hokage‖. Na obra, a vila de Naruto, 
intitulada de ―Vila da Folha‖, é o centro militar do País do Fogo. 
Nessa vila desde sua fundação o sistema militar de governo define os 
nomes que ocuparão o cargo de ―Hokage‖, o maior líder e ninja da 
vila. Na vila uma montanha é usada para esculpir o busto de seus 
Hokage. Esse monumento é intitulado na obra de ―Monumento dos 
Hokage‖ e todos os ninjas devem respeitar e zelar pela permanência 
desse símbolo. A imagem abaixo apresenta o Monumento dos 
Hokage com o busto dos cinco primeiros Hokage. 
 
 
IMAGEM 2: Monumento dos Hokage. Disponível em: 
http://static3.wikia.nocookie.net/__cb20130608032605/naruto/pt
-br/images/6/6b/Monumento_dos_Hokage.PNG 
 
O autor da obra possivelmente se inspirou no Monte Rushmore, 
monumento construído entre 1927 e 1941 no Estado de Dakota do 
Sul com os rostos de presidentes notáveis perante a memória 
nacional estadunidense, para elaborar o monumento presente na 
aldeia da Folha. A relação que se pode fazer nesse caso é de que no 
mundo de Naruto o Monumento dos Hokage serve para construir e 
firmar uma memória sobre seus Hokage, assim como o Monte 
Rushmore tenta firmar uma memória sobre determinados 
presidentes dos Estados Unidos da América. Em seguida uma 
imagem do Monte Rushmore para servir de comparação. 
 
 
 
 
 
 
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IMAGEM 3: Monte Rushmore. Disponível em: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Monte_Rushmore#/media/File:Dean
_Franklin_-_06.04.03_Mount_Rushmore_Monument_(by-sa)-
3_new.jpg 
 
 
O outro elemento presente em Naruto que nos interessa muito é a 
―Vontade do Fogo‖. Na obra a Vontade do Fogo é um sentimento 
repassado como um sentimento que une todos os habitantes da vila 
como verdadeiros ―cidadãos‖ do País do Fogo. A partir disso é 
possível analisar a ideia de Identidade Nacional presente no discurso 
sobre a Vontade do Fogo. 
 
 
 
 
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IMAGEM 4: KISHIMOTO. Naruto 139, p 6-7. Imagens da internet. 
Disponível em: https://mangahost-br.cc 
 
A partir disso elaboramos uma metodologia para uma aula sobre o 
período de ditadura civil militar brasileiro que se utiliza desses 
elementos do mangá Naruto para discutir sobre as noções de 
Monumento e Identidade Nacional. A aula foi pensada da seguinte 
forma para uma turma de 9º ano: 
 
426 
 
Objetivos: 1 – Tratar sobre o período brasileiro conhecido como de 
ditadura civil militar. 2 – Abordar sobre a ideia de Identidade 
Nacional, com isso debater sobre a ideia de nacionalismo no período 
de ditadura-civil militar brasileiro. 3 – Discutir sobre a ideia de uma 
memória nacional nesse período como tentativa da criação de uma 
ligação em comum entre todos os habitantes de um país, localizando 
a discussão principalmente no período de ditadura civil militar 
brasileiro. 
 
Conteúdos: Expor sobre o início do período compreendido como 
sendo de Ditadura civil-militar no Brasil e os objetivos dos militares 
ao subir ao poder. Explanar sobre o modelo político que o governo 
desse período pretendia construir. A memória que o governo 
pretendia construir sobre o país e sua população. Dessa forma 
tentando criar uma identidade nacional e um sentimento de 
nacionalismo. Dentro da ideia de memória e identidade nacional, 
comentar sobre a imagem que o governo desse período possuía dos 
povos indígenas. 
 
Metodologia: Primeiramente pretendemos situar historicamente os 
alunos no momento de início do governo militar. Comentar sobre a 
situação do país naquele momento e as pretensões dos militares ao 
assumirem o poder. Um pouco sobre suas políticas exteriores e 
internas.Após isso pretendemos fazer com que os alunos pensem sobre o 
porquê um Estado Nacional se preocupa em criar uma memória em 
comum. Localizar a discussão no momento de ditadura civil-militar 
brasileira expondo o pensamento daquele governo sobre as 
características nacionais que visavam construir como formadoras de 
uma Identidade Nacional. 
 
Discutir a compreensão do governo civil-militar sobre os indígenas. 
Questionar como as políticas e as práticas do governo mostravam a 
visão do Estado sobre os indígenas. 
 
Comentar sobre a importância da criação de uma memória nacional 
para os Estados Nacionais reafirmarem seu poder. Além de pensar 
de que forma o indígena aparecia nessa memória. 
 
 
 
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Discutir sobre a ideia de Nacionalismo presente no governo de 
ditadura civil-militar. Além de comentar sobre a utilização das 
novelas com o objetivo de divulgar uma ideia de brasilidade. 
 
Após isso dois anexos serão entregues a cada um dos alunos (três 
folhas no total) com uma parte do mangá de ―Naruto‖. 
 
Será explicado o sentido de leitura oriental, em seguida será dito que 
a criança chorando no anexo 1 (imagem 4) é um ninja em 
treinamento. Esses ninjas, no mundo de Naruto, são como soldados 
que visam defender o interesse de seu país, até mesmo se tiverem 
que morrer para conseguir isso. 
 
O homem que fala com o garoto é o líder maior da vila, o Hokage, e 
pretende dar uma significação para aqueles que morrem em batalha, 
para isso comenta sobre ―Espírito do Fogo‖ (também mencionado 
como ―Vontade do fogo‖). Esse espírito do fogo, no mundo de 
Naruto, é como um sentimento em comum que liga todos os 
habitantes do país do Fogo. O ―Espírito do Fogo‖ se assemelha muito 
a ideia de Identidade Nacional. O sentimento desses ninjas do 
mangá Naruto pode ser comparado - guardado as devidas 
proporções - com o sentimento nacionalista que o governo de 
ditadura civil-militar pretendia passar para a população em geral. 
 
No anexo dois (imagem 2) os alunos poderão perceber o 
―Monumento dos Hokages‖. Será explicado que no mundo de 
―Naruto‖ esse monumento possuiu o rosto de todos os Hokages (que 
são como governadores) e que esse monumento visa construir uma 
memória e cultura histórica para reafirmar a ideia de uma 
Identidade Nacional. 
 
Após isso será dada a orientação aos alunos para que redijam uma 
redação de pelo menos 20 linhas que comente sua compreensão da 
temática estudada comentando sobre a imagem que o governo civil-
militar pretendia construir sobre o Brasil. 
 
Referências 
Wendell Presley Machado Cordovil é graduando de licenciatura em 
História pela Universidade Federal do Pará – Campus de 
Ananindeua. Bolsista PIBIC no projeto ―História e Educação 
Ambiental nas escolas de Ananindeua‖, coordenado pelo Prof. Dr. 
Wesley Oliveira Kettle. Email: wendellmcordovil@gmail.com 
428 
 
Eliandra Gleyce dos Passos Rodrigues é graduanda de licenciatura 
em História pela Universidade Federal do Pará – Campus de 
Ananindeua. Email: rodrigues.f@outlook.com.br 
 
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum 
Curricular. Brasília, DF: MEC, 2017. Disponível em: 
 http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-
content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf 
Acesso em 02/09/2018 
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum 
Curricular. Brasília, DF: MEC, 2018. Disponível em 
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-
content/uploads/2018/04/BNCC_EnsinoMedio_embaixa_site.pdf 
Acesso em: 05/09/2018 
MORAES, Thiago Aguiar de. Concepções de identidade nacional, a 
ditadura civil-militar, a conciliação e o ―homem cordial‖. Oficina 
do Historiador, v. 2, n. 1, p. 1-19, 2010. 
FERNANDES, Adriana Hoffmann. O jovem e o consumo do mangá: 
reflexões sobre narrativa e contemporaneidade. GT: Educação e 
comunicação, nº16, UERJ, 2006. Disponível em: 
http://www.irece.faced.ufba.br/twiki/pub/GEC/TrabalhoAno2006/
o_jovem_e_o_consumo_do_manga.pdf Acesso em: 05/09/2018. 
LE GOFF, Jacques. Prefácio e História. In: História e Memória. 
5° ed. Campinas, SP: editora da Unicamp, 2003. Pp.7-47. 
PINTO, Tales dos Santos. Construção da identidade brasileira. 
Mundo Educação. Disponível em: 
 http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiadobrasil/a-
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SANTO, Janaina de Paula do Espírito. Mangás, Segunda Guerra e o 
conhecimento histórico: Diferentes apropriacões. In: 2 Jornadas 
Internacionais de Histórias em Quadrinhos. Universidade de 
São Paulo, 2013. Disponível em: 
http://www2.eca.usp.br/anais2ajornada/anais2asjornadas/anais/4
%20-%20ARTIGO%20-%20JANAINA%20DE%20 
PAULA%20DO%20ESPIRITO%20SANTO%20-
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SERÁFICO, José; SERÁFICO, Marcelo. A Zona Franca de Manaus e 
o capitalismo no Brasil. Estudos Avançados, v. 19, n. 54, p. 99-
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ZAMBONI, Ernesta et al. Projeto pedagógico dos parâmetros 
curriculares nacionais: identidade nacional e consciência 
histórica. Cadernos Cedes, 2003.

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