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Estado Poder e Cidadania - Modulo 5 Apostila

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24/10/2021 18:56 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos.
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Parte 1
Regimes políticos e formas de governo
Norberto Bobbio lembra que Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.), em “Política”,
classifica três formas de governo: monarquia ou governo de um, aristocracia ou
governo de poucos e democracia ou governo de muitos. Para o pensador, as três
admitem a degeneração: a monarquia, em tirania (quando há abuso do poder e
da força); a aristocracia, em oligarquia (quando há um pequeno grupo no poder,
decidindo tudo conforme a sua conveniência); a democracia, em politeía
(quando o poder é tão diluído ou desorganizado, que já nem se sabe quem
governa). Em “O Príncipe”, Maquiavel reduz essas formas a duas: monarquia e
república (esta, abrangendo tanto as aristocracias quanto as democracias). 
Bobbio recorre a Emanuel Kant (1724-1804) para conceituar a forma
republicana de governar: 
Já Kant chama de forma republicana aquela em que vigora o
princípio da separação dos poderes, mesmo se o titular do
poder de governo é um monarca. De tal modo, ‘república’
adquire um novo significado, que não é mais o de Estado em
geral, e nem mesmo é mais o de governo de assembléia
contraposto ao governo de um só, mas é o de forma de
governo que tem uma certa estrutura interna, compatível
inclusive com a existência de um rei. A diversa relação entre
dois poderes constituiu o critério para a distinção hoje
corrente entre a forma de governo presidencial e a
parlamentar: a primeira é aquela na qual vigora uma nítida
separação entre poder de governo e poder de fazer as leis,
separação fundada sobre a eleição direta do presidente da
república (como no caso do Brasil, atualmente), que também
é o chefe do governo, e sobre a responsabilidade dos
integrantes do governo perante o presidente da república e
não perante o parlamento; a segunda é aquela na qual, mais
que separação, existe um complexo jogo de poderes
recíprocos entre governo e parlamento, fundado sobre a
distinção entre o chefe do Estado e o chefe do governo, sobre
a eleição indireta do chefe do Estado por parte do parlamento
e sobre a responsabilidade do governo, que se exprime
através do voto de confiança ou de desconfiança. (BOBBIO,
N. Estado, Governo, Sociedade. Ed. Paz e Terra. SP: 2010)
Na prática, no caso do regime parlamentarista, os parlamentares (como se
fossem os nossos deputados federais) elegem um primeiro-ministro, aquele que
consiga reunir o maior número de votos do Parlamento. Geralmente ele é o líder
do partido político que tem o maior número de cadeiras.
Em seguida, costuma ser o primeiro-ministro quem indica os membros do seu
gabinete (como se fossem, no nosso caso, os ministros de Estado), a equipe
com a qual ele administrará o governo.
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No caso da Grã-Bretanha, por exemplo, é o que acontece. Lá, o governante
indica a equipe de governo, e a Rainha Elizabeth II os aprova (ou não) e
nomeia. Ela é a chefe de Estado, não ele. E costuma aceitar, sem discussão, tais
indicações do primeiro-ministro.
A propósito, o aluno já deve ter assistido a reportagens em que a Rainha
aparece posando para fotos oficiais cercada por outros chefes de Estado em
encontros internacionais. Isso porque é ela quem representa o Estado, a nação.
O primeiro-ministro é um governante temporário, sujeito a descontentamentos
tanto do Parlamento quanto da população quanto ao modo como governa, e, por
isso, a ser substituído a qualquer momento por vontade e decisão da maioria
dos parlamentares, que proverão o cargo se e quando necessário. 
No regime presidencialista, como o nosso, que hoje conta com eleições livres
para a Presidência da República (nem sempre foi assim, muitas vezes o
presidente foi eleito indiretamente, por parlamentares, a exemplo de Tancredo
Neves, eleito em 1985), o presidente empossado é o chefe de governo e
também o chefe de Estado.
Ele tem garantias constitucionais de permanecer no cargo até o final do
mandato, salvo em situações extremas (como o afastamento
por impeachment, doença grave, etc.), quando assume então o vice-presidente
(não é à toa que o vice é eleito juntamente com o titular do cargo).
Aliás, essas substituições, justamente por conta desse caráter de exceção,
costumam ser dramáticas. Os casos mais recentes de promoção do vice a
Presidente no Brasil envolveram José Sarney, que em 1985 assumiu a
Presidência no lugar de Tancredo Neves, morto antes mesmo de tomar posse;
Itamar Franco, que assumiu o cargo no lugar do Presidente Fernando Collor de
Mello, após a renúncia de Collor, para evitar um impeachment, ou seja, a
impugnação do mandato, por falta grave (vale lembrar que no episódio que
resultou na saída de Collor do poder, os universitários e estudantes de segundo
grau impactaram o noticiário da época com sua mobilização nas ruas e
entraram para a história como os "caras pintadas"); e Michel Temer, que
assumiu o cargo da titular, Dilma Rousseff, em 2016, após o impeachment
sofrido pela presidente.
A República é considerada uma conquista do amadurecimento político por conta
de como o poder é estabelecido: ele é fracionado, não está concentrado somente
em uma instituição ou pessoa, o que impede o governante de fazer o que bem
entenda sem que outras instituições importantes participem das decisões. No
Brasil, por exemplo, que é presidencialista, o Presidente da República é eleito
pelo voto direto, pelo povo, mas governa segundo leis que não é ele quem faz,
mas o Legislativo, os deputados federais e senadores.
Da mesma forma, os legisladores não têm o poder de implementar e fazer
cumprir as leis que eles próprios elaboram, pois é o governo quem faz isso. Essa
relação se repete nas instâncias estadual (deputados estaduas, de um lado, e
governador, de outro) e municipal (vereadores e prefeito). Ou seja, o poder
nunca está nas mãos de um só grupo ou uma só autoridade.
O regime parlamentarista, por sua vez, também é defendido por muitos como a
melhor expressão da democracia, uma vez que o parlamento representa um
espelho dos interesses da sociedade (pois os parlamentares são eleitos pelo voto
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direto da população) e tem a agilidade necessária para reconduzir o governo ao
rumo que interessa à nação em caso de desvios, erros, improbidade ou mesmo
resultados insatisfatórios. Digamos que são formas diferentes de gerir o poder,
mas ambas largamente respeitadas na maior parte do mundo.
Exercício solucionado:
Para exemplificar o conjunto de exercícios que o aluno encontrará a respeito
deste trecho, segue um exercício-modelo, já respondido:
 
Como destaca N. Bobbio, o que caracteriza uma República é:
a) A sua lógica interna: se há ou não uma separação interna de poderes no
Estado – quem faz as leis (Legislativo), de um lado, e quem as faz cumprir
(Executivo), de outro;
b) Um elevado grau de liberdade com que o cidadão comum participa dos
processos decisórios do seu país;
c) O impedimento da participação do cidadão nas coisas e decisões do Estado;
d) O acentuado nível de poder do parlamento, constituído pelos parlamentares
(deputados e senadores), aos quais está subordinado o primeiro-ministro, quem
governa o país;
e) As eleições diretas para presidente.
 
Se o aluno respondeu “a”, acertou. Como vimos, o que caracteriza a República é
a repartição do poder, por que regime seja, de modo que ninguém possa estar
acima dele, como líder supremo. A vantagem disso para a democracia é evitar
que o governante governe de forma hegemônica, absoluta, sem abrir espaço
para a controvérsia, as diferentes opiniões sobre como conduzir as coisas
públicas etc.
Seguem outros exercícios, agora sem as respectivas respostas, para ajudar oaluno a refletir sobre conceitos importantes abordados até aqui.
1) Vimos que em um regime presidencialista, o povo elege o presidente
da República. Justamente por isso, o presidente só pode ser retirado do
cargo nas seguintes condições:
 
a) Por decisão dos partidos de oposição;
b) Pela vontade popular, expressa em manifestações públicas;
c) Mediante renúncia, doença, morte ou impeachment;
d) Incapacidade de cumprimento de metas econômicas;
e) Nenhuma das alternativas acima.
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2) No regime parlamentarista, governante e chefe de Estado não podem
ser a mesma pessoa. Ao contrário, há uma relação de poder entre eles:
a) O chefe de Estado se submete ao governante;
b) O governante se submete ao chefe de Estado;
c) Não há subordinação de parte a parte;
d) Ambos disputam o poder entre si;
e) Ambos se reportam e se submetem ao Parlamento.
 
3) A ideia de dividir o poder do Estado em um país como o Brasil entre
uma casa Executiva (governo) e uma casa Legislativa (Congresso
Nacional) tem como objetivo:
a) Fortalecer essas instituições, no sentido de elas se ajudarem mutuamente;
b) Enfraquecer essas instituições, pois cada uma delas inibe e contém os
trabalhos da outra;
c) Viabilizar a democracia e impedir a supremacia de qualquer instituição ou
governante;
d) Gerar mais projetos para o país;
e) Conferir a qualidade da atuação uma da outra, mutuamente.
 
4) Com relação às eleições dos governantes, pode-se afirmar quê: 
 
I - Diretas são aquelas em que o próprio povo elege um governante, seja ele
prefeito, governador, presidente...;
II - Indiretas são aquelas em que o governante é eleito por um colegiado de
parlamentares, estes sim eleitos pelo povo;
III - Na Grã-Bretanha, o primeiro-ministro é o parlamentar indicado pelo
parlamento para chefiar o governo, embora ele não seja chefe de Estado;
IV - A república admite tanto o regime presidencialista quanto o
parlamentarista.
 
Estão corretas as afirmações indicadas pelos itens:
 
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a) I e II
b) III e IV
c) I e IV
d) Todos
e) Nenhum
 
Parte 2
Dois valores consagrados no século XX: Totalitarismo e Democracia
Totalitarismo – O mundo conheceu algumas faces do totalitarismo ao longo do
século XX, de direita e de esquerda – termos que, aliás, voltaram à moda nos
últimos anos, depois de esquecidos por muito tempo. Como sugere o nome, o
totalitarismo se caracteriza por pretender dar conta de “tudo” que diga respeito
à vida humana em sociedade – vida familiar, econômica, religiosa, de lazer...
Tudo diz respeito ao Estado e depende dele, direta ou indiretamente. Tudo passa
por dentro do Estado. Pode-se dizer que do lado oposto esteja o que alguns
autores chamam de Estado mínimo, que tenta dar conta do mínimo, deixando
que a própria sociedade resolva a maior parte das questões sociais. 
Dessa forma, assuntos como, por exemplo, saúde, educação e segurança, em
vez de serem solucionados e geridos exclusivamente pelo Estado, passam a ser
resolvidos com intensa participação social, em outras instâncias, a exemplo do
mercado, baseado na famosa “lei” da oferta e da procura.
Na base do totalitarismo há tanto uma crítica à visão liberal burguesa (que
aposta numa concepção individualista de homem, alicerçada no trabalho, no
mérito, na recompensa) quanto aos valores da democracia, que por princípio
prestigia a pluralidade de opiniões, visões de mundo. O Estado é supervalorizado
e dotado de um poder exagerado, ao qual todos – do proprietário ao operário –
devem satisfação e reverência.
Nazismo e fascismo. Aparentemente revolucionários, esses grupos foram
financiados por setores econômicos poderosos, como os bancos, chegaram ao
poder mediante alianças e concessão de privilégios. Esses movimentos se
organizaram, tornaram-se partidos e passaram a predominar a partir de 1922
com Mussolini, na Itália, e de 1933, com Hitler, na Alemanha. Essa empreitada
política não duraria muito. Encerrada a Segunda Guerra Mundial, em 1945,
Mussolini é morto e Hitler se suicida.
É Hitler quem cria o estandarte da cruz gamada, a suástica, símbolo do
movimento nazista. A entrada do líder no Partido Operário Alemão (Hitler é
oriundo das camadas sociais menos favorecidas) leva o partido a chamar-se
Partido Alemão Nacional-Socialista (perceba que a própria nomenclatura já diz a
que veio, tanto no sentido da hegemonia – plenitude de poder – quanto de
algumas premissas ideológicas), que entusiasma grande parte da população
alemã, em todos os níveis sociais, de operários a representantes da oligarquia
que financiara a ascensão do partido.
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A doutrina que alimenta tanto o nazismo quanto o fascismo se baseia na ideia da
disciplina – como se a própria disciplina fosse o valor, não um subvalor
condicionado a alguma referência. Por exemplo: ser disciplinado no cumprimento
do horário profissional é um valor. Mas dizer que alguém seja disciplinado, e
apenas isso, a princípio, não parece fazer sentido. Para Hitler, fazia. A disciplina
é uma característica que está logicamente associada (e subordinada) à
obediência. Por isso ela vem antes de qualquer valor, como pré-requisito, para o
culto a outros valores.
Para ambos os movimentos, a adesão dos seus povos deve ser total, sem
tolerância com (sequer) a existência de grupos que pensassem de modo
diferente. Ambos querem o reconhecimento às suas convicções, e não o debate
de idéias. O totalitarismo não tolera a controvérsia, a discussão, a dúvida. E por
isso não discute, reprime (e, se possível, aniquila) as forças ideológicas
distintas, por mais inofensivas que possam parecer. 
Uma das convicções de Hitler é a crença na superioridade da etnia ariana – base
da população alemã – em relação às demais etnias. A suposta superioridade
está associada à ideia de pureza racial (hoje, essa ideia pode parecer
preconceituosa, até intolerável, mas essa visão já era fomentada na Alemanha,
nos Estados Unidos e na Rússia, muito antes da ascensão de Hitler). E a ideia de
pureza racial vai gerar o culto à perfeição, representada pela estética, no caso
da Alemanha – o culto ao belo.
Não é diferente a ideia de que em concursos caninos, a pureza e a beleza
estejam reciprocamente vinculadas. Como entre os animais, o homem mais puro
será também o mais belo e o mais forte. E força é um valor central para as
estratégias de Hitler, obcecado pela expansão do poder alemão para além de
suas fronteiras.
O culto à pureza racial levará o líder alemão às práticas da eugenia (extermínio
das influências étnicas diferentes), por diversos meios, já a partir do controle de
natalidade (vinculado a um controle de “qualidade”). A esse respeito, assista, se
possível, ao documentário de Peter Cohen intitulado “Homo Sapiens – 1900”,
baseado em arquivos históricos, disponível em DVD. Hitler vai banir da
sociedade, entre outros grupos sociais, cerca de 6,5 milhões de judeus, presos
e/ou mortos em campos de concentração.
Visite, se puder, o museu virtual https://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?
ModuleId=10005189, que traz inúmeros dados relativos ao mais famoso de
todos os campos de concentração nazistas, Auschwitz.
Esses movimentos eram também nacionalistas, baseados no espírito de que o
país se basta, de que são nações autosuficientes, grandes e fortes. A propósito,
a ditadura militar brasileira que se instaurou no poder a partir de 1964 (como
veremos adiante) cunhou uma frase célebre por meio da propaganda oficial
naquele período: “Brasil: ame-o ou deixe-o”. A idolatria ao próprio país costuma
andar de mãos dadas com a xenofobia, aversão ao estrangeiro, ainda tão visível
emdiversas partes do mundo. 
A visão de Estado de Mussolini – “tudo no Estado, nada fora do Estado, nada
contra o Estado” – coincide em alguma medida com a ideia que Hegel faz do
Estado, como vimos: o Estado é a suprema realidade, o resultado da vontade de
todos os indivíduos, contra o qual nada se pode. Em Hegel, o Estado é a própria
encarnação dessa vontade totalizadora, o espírito absoluto.
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A diferença entre essas visões, evidentemente, está no fato de que para Hegel o
espírito absoluto é supremo e está acima de qualquer possibilidade de controle
humano, enquanto para o ditador Mussolini, ao contrário, o controle tinha de ser
humano e pleno.
O totalitarismo contém o autoritarismo, mas o inverso não é verdadeiro.
Autoritarismo significa excesso ou até abuso de autoridade. Totalitarismo vai
muito além do mero exagero: nega e sufoca as ideias discordantes, até que
“desapareçam”. Não se viu isso no Brasil, apesar do rigor das ditaduras que o
país viveu, tanto no Estado Novo (1937-45), sob o governo de Getúlio Vargas,
quanto a partir de 1964 até 1985.
Nesses dois momentos, as liberdades políticas foram suspensas, assim como o
direito à liberdade de expressão. Houve também prisões e tortura, física e
psicológica. De algum modo, as resistências – entre elas, de intelectuais,
artistas, estudantes, operários – seguiram em frente e se organizando contra os
governos forjados pela ditadura. E a intolerância do governo não chegou ao nível
do extermínio, como o que aconteceu na Alemanha nazista.
O mundo conhecerá também o stalinismo, termo derivado do nome de Josef
Stalin (1878-1953), o grande líder e secretário geral do Partido Comunista
soviético. Foi, da mesma forma, um período de franco totalitarismo. Antes da
revolução russa de 1917 – quando o comunismo põe fim ao czarismo –, Stalim
era editor do Pravda, veículo de comunicação oficial do Partido. Mais adiante, ele
vai liderar a União Soviética até que ela atinja o status de superpotência. Stalim
será chefe de Estado por 25 anos. 
E o resultado da revolução será diferente do que se previa. O Estado passou
a controlar cada vez mais a vida de cada um e de todos, tornando-se um típico
modelo de totalitarismo (mas este, de esquerda), avesso às diferenças de
pensamento. Para os governos totalitários, quem pense diferente é tido
imediatamente como inimigo do povo. 
Encerrada a Segunda Guerra vitoriosa, duas potências podem dizer ao mundo
que são vitoriosas, após derrotarem, juntas, as forças nazifascistas: a URSS –
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e os Estados Unidos. A partir daí, a
União Soviética vai se tornar o maior bloco geopolítico de que se tem notícia, um
pólo ideológico opositor ao liberalismo e à sua expressão econômica, o
capitalismo, este representado justamente pelos Estados Unidos, agora ex-
aliados. 
Estava lançada a Guerra Fria, que subordinaria o mundo a fortes e constantes
tensões pelos próximos 45 anos. O planeta, dividido entre esquerda e direita,
passa a viver sob permanente possibilidade de uma nova grande guerra, dessa
vez, nuclear. A queda do Muro de Berlim, em 1989, reunificando a Alemanha
então dividida (entre a ocidental, capitalista, e a oriental, comunista) significará
um marco para o fim desse período. 
Apesar da coerção do Estado – sob o poder de um partido político único –, a
chamada “ditadura do proletariado” é considerada uma democracia pelos
marxistas. Afinal, em tese, pela visão marxista, os reais interesses dos
trabalhadores estão todos ali representados, todos representados de modo
equânime.
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Mas todo esse idealismo inicial, que previa, com o passar do tempo, o
desaparecimento do Estado (conforme a tese marxista) e a extinção da
sociedade de classes, começa a dar lugar à ideia oposta, de um Estado cada vez
mais forte e centralizador. O governo soviético será capaz de passar por cima de
qualquer um que se oponha ao seu poder.
Importante compreender, enfim, as diferenças entre a noção de Estado mínimo e
de Estado totalitário. "Na concepção liberal, a função do Estado reduz-se a
assegurar a manutenção da ordem estabelecida, em que os interesses
individuais e o jogo livre dos mesmos constituem o interesse geral.” (BIROU,
A. Dicionário das Ciências Sociais. 4ª. Ed. Publ. Dom Quixote, Lisboa, 1978).
Isso quer dizer: quanto mais o Estado garantir que as regras gerais sejam
cumpridas e quanto menos ele se meter na condução dos interesses das pessoas
(como o mercado, por exemplo), tanto melhor. Essa é a ideia de um Estado
mínimo, já que ele ocupa espaço “mínimo” na vida da sociedade em geral e dos
indivíduos em particular.
Essa visão de mundo, a liberal, é central para a ideologia que alimenta o sistema
capitalista. De outro lado,“na concepção totalitária, o Estado substitui-se ao
corpo político e identifica-se à comunidade nacional. Pretende-se o único meio
de canalização e de expressão da vida cívica.” (BIROU). Enfim, como já
dissemos, nesse caso, nada escapa aos olhos e participação do Estado.
Democracia – “A ideia de democracia implica uma forma de organização que tem
por fim primordial o bem público e que, por consequência, subordina a este
todos os interesses particulares, quer dos indivíduos quer dos grupos. Uma
democracia é em princípio igualitária, isto é, não admite outras diferenças além
das 'da virtude e do mérito.'" (BIROU, A. Dicionário das Ciências Sociais, Don
Quixote, Lisboa, 1978).
A princípio, o aluno perguntará: mas não é em nome de alguns desses mesmos
valores que outros regimes políticos (considerados autoritários, por exemplo) se
instauram no poder, conforme o que é “igualitário” para cada um? Afinal, os
governos, em geral, até os totalitários, costumam afirmar que defendem o
interesse comum, que subordinam os interesses particulares ao interesse de
todos. 
Sim, mas o verdadeiro regime democrático pressupõe o direito de substituição
regular dos governantes, de rodízio no poder, como acontece no Brasil
atualmente. Nos regimes totalitários, isso não acontece; ao contrário, quem está
no poder costuma tentar perpetuar-se ali.
Pode-se dizer que o brasileiro vive sob um regime democrático, atualmente,
porque todas as instituições (empresariado; estudantes; sindicatos; partidos
políticos; legislativo, executivo e judiciário; imprensa; o cidadão...) são livres
para manifestar seu pensamento e para defender o que pensam ser melhor para
o País, cujo povo escolhe livremente seus representantes, em eleições diretas,
sistematicamente.
Há pouco tempo, uma marcha intitulada “marcha da maconha” ganhou total
apoio do Superior Tribunal Federal pelo direito de expressão. Isso teria sido
impossível durante os regimes militares.
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Mas é preciso ter em mente que democracia diz respeito a poder político, não a
poder econômico, que é regido por outras regras. Nesse sentido, é possível
deduzir que todos os brasileiros tenham direito a votar e ser votado, a expressar
suas opiniões, a escolher crença religiosa, partido político, ideologia, etc., assim
como a uma vida digna, o que inclui uma série de direitos básicos contidos na
nossa Carta Magna.
Por outro lado, por razões econômicas, nem todos desfrutam de boas condições
de vida, inclusive as que a lei assegura, como saúde pública, por exemplo. Desta
forma, é plenamente possível discutir as contradições a que assistimos: se a
democracia pressupõe que todos devam ter direitos iguais, por que a
distribuição das riquezas e o acesso a bens e serviços ainda é tão desigual? 
Duas formas de democraciasão conhecidas, a direta e a indireta. A direta, como
sugere o nome, se faz diretamente entre povo e governante (em formato, por
exemplo, de assembleia, o que exige condições muito especiais para que possa
acontecer); a indireta, por meio de representantes do povo: vereador, no nível
do município; deputado estadual, na assembleia legislativa de cada
estado; deputado federal e senador, no Congresso Nacional, todos com funções
legislativas; e os que têm funções executivas: prefeito, governador, vice-
presidente e presidente da República.
Exercício solucionado:
Para exemplificar o conjunto de exercícios que o aluno encontrará a respeito
deste trecho, segue um exercício-modelo, já respondido:
Sobre os governos de Hitler e Mussolini, respectivamente na Alemanha e
Itália, podemos afirmar quê:
a) Eram governos autoritários;
b) Eram governos totalitários;
c) Eram governos democráticos;
d) Eram governos parlamentaristas;
e) Eram governos republicanos.
 
Se o aluno respondeu “b”, acertou. Ambos os governos não eram “apenas”
autoritários (não apenas abusavam da sua autoridade), mas entendiam que
todos os assuntos diziam respeito ao governo e a ele deveriam estar
subordinados.
 
Seguem outros exercícios, dessa vez sem as respectivas respostas, para ajudar
o aluno a refletir sobre conceitos importantes tratados até aqui.
 
1) Pode-se dizer que o totalitarismo de esquerda e de direita são:
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a) Diferentes, posto que o totalitarismo de esquerda não é tão radical;
b) Diferentes, posto que o totalitarismo de direita não é tão radical;
c) Similares, uma vez que ambos demonstraram privar o indivíduo de
liberdades essenciais;
d) Desejáveis, do ponto de vista do desenvolvimento político e econômico de
qualquer sociedade;
e) Nenhuma das alternativas anteriores.
 
2) A diferença fundamental entre Estado mínimo e Estado totalitário
está no fato de que:
 
a) No Estado totalitário, o governo provê sociedade de todas as necessidades
essenciais, enquanto em regime de Estado mínimo, é o mercado quem provê a
sociedade dessas necessidades;
b) O Estado mínimo não é capaz de garantir serviços fundamentais, como a
segurança, por exemplo; enquanto o Estado totalitário tem essa capacidade
porque tem poder suficiente para isso; 
c) Em regime de Estado mínimo, o cidadão vota diretamente em seus
representantes; em regime de Estado totalitário, o cidadão não participa de
processos eleitorais;
d) O Estado totalitário entende que quase todas as questões humanas são da
sua conta, devem ser mediadas ou reguladas por ele, enquanto em regime de
Estado mínimo, a ideia é a de que a própria sociedade deve solucionar suas
questões, devendo o governo garantir apenas o funcionamento das regras
gerais;
e) Não há diferença, eles se equivalem na falta de direitos que provocam para o
cidadão.
 
3) Leia as afirmações que seguem antes de responder à questão:
 
I. É fundamental que todo cidadão integrante de uma sociedade possa
expressar o que pensa, a começar pelo voto direto;
II. Todo cidadão deve ter o direito de discordar do que pensam outros cidadãos
ou mesmo o governo, bem como usar de recursos constituídos por lei para fazer
prevalecer as suas ideias;
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III. É aceitável que haja reeleição para os cargos executivos (prefeito,
governador, presidente da República), para que os mandatários tenham mais
tempo para executar seus projetos; mas é fundamental que haja rodízio de
líderes no poder, inclusive oriundos de partidos diferentes, se essa for a vontade
dos eleitores;
IV. Seria recomendável que pessoas desprovidas de algumas condições básicas
(analfabetos, moradores de rua, ex-detentos, entre outros) pudessem se
candidatar a cargos eletivos no Brasil.
 
Quais das afirmações acima dizem respeito à ideia de democracia?
 
a) I e II
b) III e IV
c) I e III
d) II, III e IV
e) I, II e III
 
4) Uma das contradições que o Brasil ainda precisa superar é:
 
a) A distância entre a liberdade política, que alcança de um modo geral a toda a
sociedade, e o acesso a bens e serviços fundamentais, que embora sejam
assegurados por lei a todo cidadão, ainda são restritos;
b) As condições de vida entre ricos e pobres;
c) A concessão de direitos políticos a uns e a restrição deles a outros;
d) O acesso à educação ainda é exclusivo às camadas mais ricas da população,
enquanto as demais são forçadas a ingressar mais cedo no mercado de trabalho;
e) Nenhuma das alternativas anteriores.
 
Agora, responda aos exercícios linkados a este Módulo.
Exercício 1:
A ideia de dividir o poder do Estado em um país como o Brasil entre uma casa
executiva (governo federal), uma casa legislativa (Congresso Nacional, repartido
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entre a Câmara dos Deputados e o Senado) e o Poder Judiciário tem como
objetivo:
A)
Fortalecer essas instituições, no sentido do apoio recíproco entre elas;
B)
Enfraquecer essas instituições, pois cada uma delas inibe e contém os trabalhos
da outra;
C)
Viabilizar a democracia e impedir a supremacia de qualquer instituição ou
governante;
D)
Gerar mais projetos para o país, na medida das suas demandas;
E)
Conferir a qualidade da atuação uma da outra, mutuamente.
Comentários:
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Exercício 2:
4) Leia as assertivas antes de responder à questão:
 
Com relação às eleições dos governantes, pode-se afirmar quê:
I - Diretas são aquelas em que o próprio povo elege um governante, seja ele
prefeito, governador, presidente...;
II - Indiretas são aquelas em que o governante é eleito por um colegiado de
parlamentares, estes sim eleitos pelo povo;
III - Na Grã-Bretanha, o primeiro-ministro é o parlamentar indicado pelo
parlamento para chefiar o governo, embora ele não seja chefe de Estado;
IV - A república admite tanto o regime presidencialista quanto o
parlamentarista.
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Estão corretas as afirmações indicadas pelos itens:
 
 
 
A)
I e II
B)
III e IV
C)
I e IV
D)
Todos
 
E)
Nenhum
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Exercício 3:
Pode-se dizer que o totalitarismo de esquerda e de direita são:
A)
Diferentes, posto que o totalitarismo de esquerda não é tão radical quanto o de
direita;
B)
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Diferentes, posto que o totalitarismo de direita não é tão radical quanto o de
esquerda;
C)
Similares e temerosos, uma vez que ambos demonstraram privar o indivíduo de
liberdades essenciais;
D)
Meritório, elogiável, do ponto de vista do desenvolvimento político e econômico;
 
E)
Meritório, elogiável, no sentido da necessária uniãoda sociedade para que a
nação possa ser governada.
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Exercício 4:
Com relação às eleições dos governantes, pode-se afirmar quê: 
I – Eleições diretas são aquelas em que o próprio povo elege um governante,
seja ele prefeito, governador, presidente;
II – Eleições indiretas são aquelas em que o governante é eleito por um
colegiado de parlamentares (estes, eleitos pelo povo);
III – No Reino Unido, que compreende a Inglaterra, o primeiro-ministro é
indicado pelo parlamento para chefiar o governo, mas ele não é o chefe de
Estado, papel desempenhado atualmente pela Rainha Elizabeth II;
IV- A república admite tanto o regime presidencialista quanto o
parlamentarista.
Estão corretas apenas as assertivas compreendidas na alternativa:
A)
I e II
B)
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III e IV
C)
I e IV
D)
Todas
E)
Nenhuma
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Exercício 5:
A forma mais adequada de diferenciar Estado mínimo de Estado totalitário, de
acordo com as alternativas que seguem, é:
A)
No Estado totalitário, o governo não precisa atender às necessidades essenciais
da população, enquanto em regime de Estado mínimo, o mercado deve atendê-
las;
B)
O Estado mínimo não é capaz de garantir serviços fundamentais à sociedade,
como a segurança, por exemplo, enquanto o Estado totalitário tem essa
capacidade porque tem recursos para isso; 
C)
Em regime de Estado mínimo, o cidadão vota diretamente em seus
representantes; em regime de Estado totalitário, o cidadão não participa de
processos eleitorais;
D)
no Estado totalitário, quase todas as questões humanas são da conta dele, devem
ser reguladas por ele, enquanto no Estado mínimo, a própria sociedade (por meio
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do mercado, por exemplo) deve solucionar suas questões, devendo o governo
garantir apenas o funcionamento das regras gerais;
E)
Não há diferença, eles se equivalem na falta de direitos que provocam para o cidadão.
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