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CADERNO 1o semestre - CIÊNCIA POLÍTICA - JAIME BARREIROS

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CADERNO – CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA GERAL DO ESTADO – JAIME BARREIROS (FBDG) 
 
AULA NÚMERO 01 – INTRODUÇÃO À CIÊNCIA POLÍTICA 
 A Epistemologia consiste na teoria do conhecimento. Destacamos três principais maneiras para explicar 
fenômenos que acontecem na vida humana – o ramo teológico (associado ao mito/religião – 
imaginação – imposição), o ramo metafísico (vinculado à filosofia – razão sistemática – valorização das 
atitudes de duvidar e questionar – método dialético) e o ramo científico ou positivo (vinculado à ciência 
– experimentação – busca a comprovação através de métodos empíricos sem abandonar a lógica 
racional). 
 Max Weber, sociólogo alemão, conceituou o desencantamento do mundo, no século XIX, como a 
racionalização do processo produtivo e do conhecimento, ou seja, o momento em que as narrativas 
míticas do homem em relação à natureza são substituídas por uma visão exploratória. 
 A Ciência Política busca compreender as relações de poder em uma sociedade através de métodos de 
comprovação. Paulo Bonavides sintetiza o conceito de poder como uma energia abstrata que se 
sobrepõe aos homens, limitando a liberdade individual, estabelecendo normas de conduta em prol da 
convivência. 
 O poder seria um equilíbrio entre a dominação (Hobbes, contratualista, defendida que a essência 
humana é má e, portanto, os indivíduos entram em frequentes conflitos no estado de natureza. Em 
Leviatã, sintetiza a máxima de que o homem é o lobo do próprio homem, estando em constantes 
conflitos em prol de dominar uns aos outros) e a convivência (para filósofos como Aristóteles, o homem 
é um animal político, ou seja, um ser social, necessitando da interação com outros seres para a sua 
consolidação). 
 Normas – comandos que impõem comportamentos. Podem ser naturais (ex: a força gravitacional 
“puxa” qualquer homem para baixo na Terra) ou antrópicas, também chamadas de políticas ou culturais 
(estes variam a depender da localidade e da época – ex: legalização de bebida alcóolica em 
determinados países e a ideia de “mulher honesta” quando se discutia crimes de estupro). 
AULA NÚMERO 02 – NORMAS 
 Nicolau Maquiavel definiu a política como a arte de chegar, se consolidar e exercer o poder. Todavia, na 
sua obra “Microfísica do poder”, Foucault sintetizou a máxima de que toda relação humana consiste em 
uma relação de poder, não necessariamente envolvendo aspectos estatais. Por exemplo, a dominação 
tradicional que os membros mais velhos da família exercem sobre os mais jovens; 
 O direito, enquanto ciência política, busca determinar o mínimo ético-social para um convívio 
harmônico em sociedade. Destarte, no âmbito jurídico não há uma única verdade ou uma verdade 
absoluta, envolvendo-se constantemente a capacidade de interpretação e argumentação dos seus 
operadores em prol da defesa de um determinado ponto de vista (tese); 
 O direito determina normas, ou seja, regras de convivência social as quais variam de acordo com os 
valores e escolhas em um determinada época e/ou determinado espaço; 
 
Conceitos importantes: 
ETIQUETA Vincula-se aos aspectos 
menos relevantes para 
convivência social 
Ex: Bom dia, boa tarde, 
boa noite, licença, 
comer com talheres, 
O descumprimento de 
normas de etiqueta 
implica em descortesias 
etc... (ex: um indivíduo não 
cumprimenta outro ao 
entrar no elevador). 
Dessa forma, há 
sanções difusas, ou 
seja, espontâneas e 
plurais, sendo menos 
severas e determinadas 
pelo convívio social 
MORAL Vincula-se aos aspectos 
mais relevantes para o 
convívio social 
Ex: O cumprimento dos 
dez mandamentos 
O descumprimento de 
normas morais leva a 
uma imoralidade (ex: 
No Brasil, é considerado 
estranho pessoas mais 
novas se relacionarem 
com pessoas 50 anos 
mais velhas). Apesar de 
mais severas, as 
sanções seguem 
difusas, ou seja, 
espontâneas e plurais, 
sendo determinadas 
pelo próprio convívio 
social 
DIREITO Vincula-se ao mínimo 
ético-social necessário 
para uma convivência 
pacífica em sociedade 
Neste caso o indivíduo 
pode fazer tudo aquilo 
que não é proibido por 
lei, sendo, portanto, a 
sua liberdade 
condicionada a 
determinações do 
Estado 
O descumprimento de 
normas jurídicas conduz 
a ilicitudes, como por 
exemplo, casos de 
assassinatos fora da 
atuação em legítima 
defesa. Destarte, 
ocorrem sanções 
jurídicas, sendo mais 
severas comparadas às 
anteriores e de 
responsabilidade 
exclusiva do Estado 
(não se deve realizar 
justiça com as próprias 
mãos). Neste caso do 
assassinato é provável 
que, sob interpretação 
da lei e mediado 
através de um 
processo, o indivíduo 
venha a pagar com a 
privação de sua 
liberdade por um certo 
período 
 
A Ciência Política se relaciona com diversas áreas do conhecimento, entre as quais, podemos citar 
algumas: 
 É impossível compreendermos a evolução do Estado e das relações de poder sem o estudo da 
cronologia histórica; 
 A Economia é imprescindível na compreensão dos fenômenos políticos por estarem 
extremamente vinculados, pois, muitas vezes, os fatos econômicos são determinantes para a 
formação de ideologias e comportamentos políticos (Segundo Karl Marx, a economia seria a 
base da sociedade – infraestrutura determinando a superestrutura); 
 A Psicologia dedica-se ao estudo do comportamento humano, ou seja, de que forma e o porquê 
dos indivíduos agirem dessa forma em aspectos individuais e sociais. Assim, é de suma 
importância esse conhecimento para o entendimento de fenômenos políticos (Para Maslow, em 
sua pirâmide de prioridades, no topo estaria a sobrevivência, vista como o mínimo necessário 
para a dignidade humana); 
 A Filosofia Política e a Ciência Política estão perfeitamente interligadas e muitas vezes são 
confundidas. A diferença básica consiste justamente entre Filosofia e Ciência – a primeira 
valoriza mais o método dialético, enquanto a segunda busca geralmente a comprovação 
mediante repetidos experimentos; 
 A Ciência Política engloba também a Teoria Geral do Estado, apresentando um ramo de atuação 
mais amplo já que dedica-se ao estudo do poder, encontrado também nas relações envolvendo 
o Estado; 
 
 Os cientistas políticos se dispõe de dois principais métodos de estudos – os institucionais, que levam em 
consideração os aspectos relacionados ao funcionamento de instituições (ex: partidos políticos) e os 
culturais, que levam em consideração os aspectos relacionados ao comportamento individual e coletivo, 
atuando em parceria com a Psicologia; 
 De acordo com Leonardo Morlino, esses dois estudos são indissociáveis para os objetivos da Ciência 
Política, uma vez que a cultura molda as instituições e vice-versa, constituindo-se uma “via de mão-
dupla”; 
AULA NÚMERO 03 – A ORIGEM DA SOCIEDADE E OS ELEMENTOS CONSTITUINTES DO ESTADO 
 Sociedade: agrupamento de indivíduos que apresenta uma organização bem definida; 
 As duas principais teorias reconhecidas para explicar o surgimento das sociedades e os motivos que 
levam ao homem a viver em sociedade são – A teoria do impulso associativo e a Teoria do 
Contratualismo; 
 A primeira – a Teoria do impulso associativo – é definida por nomes de prestígio como Aristóteles, o 
qual defendeu a máxima de que o homem é um animal político, ou seja, um ser social. Partindo desse 
pressuposto, é sintetizada a concepção de que os homens se agrupam de forma natural e espontânea; 
 A vertente contratualista é baseada na ideia de que a sociedade é um produto de um acordo de 
vontades (um contrato social). Pensadores como Hobbes, Locke e Rousseau, basearam seu pensamento 
na existência de um momento anterior ao estado de civilização – o estado de natureza; 
 Os contratualistas se subdividem em dois grupos levando em consideração a direção a qual 
relacionaram a necessidade do contrato social – o equilíbrio social e o desenvolvimento humano; 
 Na hipótese de que o contrato seria necessário para o equilíbrio social destacamos Thomas 
Hobbes e John Locke. O primeiro, conhecido por ser um dos teóricosdo absolutismo, aponta 
para a maldade existente na essência humana e, portanto, no estado pré-civilizatório, os homens 
viviam em intensa selvageria, caracterizada pela guerra de todos contra todos pois os indivíduos 
buscavam dominar uns aos outros (Leviatã – “o homem é o lobo do próprio homem”). John 
Locke compactuou com algumas ideias de Hobbes, todavia, se diferenciou ao defender a ideia de 
que o homem, em sua essência, não é ruim mas sim livre, cabendo ao Estado promover a 
garantia de direitos aos membros da sociedade – a vida, a liberdade e a propriedade; 
 Jean-Jacques Rousseau foi o grande destaque do ramo que considera o contrato social 
importante para o desenvolvimento humano, ou seja, o objetivo do contrato seria potencializar 
as aptidões humanas, tendo em vista que na sociedade há um nítido conflito de vontades e 
interesses. Destarte, Rousseau considera que o ser humano, em sua essência, é um bom 
selvagem, inferindo-se que no estado de natureza os indivíduos encontram em plena harmonia 
com o ambiente, ocorrendo conflitos apenas quando se integram em sociedade (o homem é 
bom mas a sociedade o corrompe). O pensamento do suíço é visto, atualmente, como uma 
referência para a consolidação de regimes democráticos no que diz respeito à concepção de que 
o Estado deveria garantir a vontade geral. 
 
 O Estado é crucial para o desenvolvimento do direito pois busca garantir o mínimo ético-social. O 
direito, por conseguinte, apresenta normas organizadas pelo próprio Estado. 
 O Estado pode ser entendido como uma forma de organização política composta por três elementos 
essenciais – povo, território e soberania 
 O direito apresenta relações com a moral (pontos de intersecção), embora, atualmente não seja 
obrigatória. Por exemplo, jogos de apostas são ilicitudes do ponto de vista jurídico mas moralmente 
aceitas em países como o Brasil 
 Segundo Dalmo de Abreu Dallari, em Elementos de Teoria Geral do Estado, Estado consiste na ordem 
jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determinado território 
 
1) Povo – conjunto de pessoas que guarda com o Estado vínculos de identidade permanente (ideia de 
reciprocidade vinculada ao exercício do poder). Ex: somente pessoas nascidas no Brasil ou 
naturalizados brasileiros apresentam direito ao voto nas eleições. 
 
 OBS: Povo é diferente de população ou nação. O termo população corresponde à soma de 
todas as pessoas que se encontram no território do Estado em determinado momento, 
incluindo os imigrantes, inclusive os de passagem (temporários). Além disso, o termo nação 
expressa uma comunidade de base cultural semelhante, ou seja, apresenta um nítido caráter 
homogêneo; 
 
 OBS: Embora o povo consista em um dos elementos de Estado, a população apresenta sua 
relevância para o direito, uma vez que um indivíduo em determinado território encontra-se 
submetido às normas jurídicas daquele Estado. Por exemplo, o jogador Vampeta estava 
proibido de consumir bebida alcóolica em países árabes, prática que é legalizada no Brasil 
para maiores de 18 anos; 
 
 OBS: A população deve obediência ao direito local; 
 
 OBS: Em tempos de paz, um brasileiro pode ser condenado à morte, basta que ele esteja 
situado em outro país que seja permitida tal condenação; 
 
2) Território – área do globo terrestre sobre a qual o povo exerce o poder soberano, sendo 
delimitado por fronteiras (naturais ou artificiais); 
 
 OBS: Os curdos consistem em uma nação mas não um povo, uma vez que estão situados em 
um território cujo domínio pertence a um outro povo; 
 
 O território compreende os ambientes terrestre (solo e subsolo integrados às fronteiras 
estatais), marítimo (a regulamentação sobre a soberania do mar) e aéreo (compreende os 
limites acima do domínio terrestre e marítimo); 
 
 OBS: Um Estado pode impedir que aviões sobrevoem determinados ambientes 
permanentemente ou pode, inclusive, proibir a circulação de aeronaves em todo o território 
temporariamente (ex: 11 de setembro de 2001); 
 
3) Soberania - é o poder inerente ao Estado de criar as leis e fazê-las cumprir de forma 
independente. O Estado é soberano por causa de sua independência de outros poderes externos e 
por sua capacidade de impor sua vontade internamente, inclusive, podendo fazer uso da violência 
legítima; 
 
OBS: Mesmo com as pressões mundiais, o Estado de Cingapura, visando à consolidação da soberania 
nacional, castigou o jovem estadunidense que pichara um muro no país. O criminoso levou 4 surras 
amarrado em praça pública; 
 
 Direito de nacionalidade – Conjunto de normas jurídicas que irá disciplinar quem é o povo do Estado. 
Cada país exercendo o seu poder soberano estabelece suas próprias regras para definir quem é o povo. 
Critérios – Nacionalidade primária x Nacionalidade Secundária: A Nacionalidade Primária, também é 
conhecida como nata ou originária, enquanto a Nacionalidade Secundária é também denominada 
adquirida. 
 
A base para a consolidação da nacionalidade primária consiste no nascimento. Destarte, dois critérios 
para determinar a nacionalidade primária: jus solis (predominante na América, vinculando-se ao local de 
nascimento) e jus sanguinis (mais tradicional na Europa, vincula-se à família, estabelecendo uma relação 
mais próxima com o conceito de nação); 
 
Com o decorrer dos anos, alguns países europeus como a Alemanha e a França, passaram a adotar em 
maior proporção o critério jus solis, entretanto, o jus sanguinis ainda é mais predominante; 
 
No Brasil, a regra geral é “nasceu no Brasil, logo é brasileiro”, existindo uma rara exceção que consiste 
no contexto em que os pais do indivíduo são estrangeiros que vieram ao Brasil a serviço de outro Estado 
(como dois diplomatas, por exemplo); 
 
Rodrigo Maia, embora nascido no Chile, é considerado brasileiro pelo critério jus sanguinis, possuindo 
direitos políticos, inclusive de assumir o cargo de Presidente da República; 
 
A Nacionalidade Secundária vincula-se aos atos de vontade (“naturalização”), quando o indivíduo 
nascido em outro Estado, por exemplo, viveu grande parte da sua vida em outro Estado e sente-se 
interligado a este por um vínculo. Petkovic, craque futebolista sérvio, é naturalizado brasileiro, sem, 
contudo, abandonar a nacionalidade sérvia; 
 
No Brasil, a Constituição de 1988 salienta que um brasileiro nato e um brasileiro naturalizado 
apresentam os mesmos direitos, salvo algumas exceções, principalmente relacionadas à ocupação de 
cargos políticos mais relevantes (presidente, vice-presidente, presidente da câmara, etc...); 
 
AULA NÚMERO 04 – SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DO ESTADO 
1. Teorias do surgimento do Estado: 
1.1 – Teoria da potencialidade: Parte do pressuposto de que nômades, já vivendo em sociedade, teriam 
desenvolvido as suas aptidões, culminando, posteriormente, na adoção de um estilo de vida 
sedentário, constituindo assim, um povo, exercendo uma soberania em um determinado território; 
1.2 – Teoria familiar: Assemelha-se a anterior mas parte do pressuposto de que a família seria a base 
para o surgimento do Estado. Assim, as famílias passaram a conviver umas com as outras, 
estabelecendo-se normas de convívio; 
1.3 – Teoria da força/ Teoria da conquista: Grupos teriam entrado em conflito ao longo da história por 
desejarem um mesmo fator. Dessa forma, a existência de vencidos e derrotados estabelece uma 
hierarquia baseada na força em um determinado território, ou seja, os vencedores começam a 
explorar os vencidos; 
1.4 – Teoria econômica/ Teoria Patrimonial: Parte do pressuposto de que o surgimento da propriedade 
privada foi determinante para o desenvolvimento do Estado. Observa-se, nesse sentido, a existência 
de uma segregação cada vez mais evidente entre os que possuem e os que não possuem, sendo 
esses últimos passíveis de exploração da sua mão-de-obra; 
 
2. A evolução política do Estado 
ANTIGUIDADE REMOTA  Presença de governos teocráticos, ou 
seja, consolidados a partir da 
concentração depoderes nas mãos de um 
divino (Egito, Mesopotâmia, Hebreus...); 
 Uma Cidade-Estado da Mesopotâmia, a 
Babilônia, ficou caracterizada pelo Código 
de Hamurabi, valorizando-se a 
jurisprudência e casos concretos da 
sociedade (diferentemente do Código 
Penal brasileiro que se baseia em 
hipóteses e casos abstratos); 
 O Código de Hamurabi foi marcado pela 
Lei do Talião (“olho por olho, dente por 
dente”), que representou o 
desenvolvimento do direito ao sintetizar a 
justiça proporcional; 
ANTIGUIDADE CLÁSSICA  Destaque para Grécia e Roma; 
 Transferência dos poderes do divino para 
o homem; 
 Na Grécia Antiga, caracterizada pela 
descentralização política, destacamos 
duas pólis: Esparta e Atenas; 
 Esparta: oligarquia, educação voltada 
para o físico e forte presença religiosa); 
 Em Atenas, o Código de Dracon, por 
prever as leis draconianas (inclusive a 
pena de morte), recebeu duras críticas já 
que mantinha a concentração de 
privilégios nas mãos dos Eupátridas; 
 Solón e Péricles elaboraram as bases do 
sistema democrático de Atenas, que veio 
a se concretizar depois de muitos séculos 
desde a sua origem; 
 A Democracia Ateniense é dita direta e 
excludente, já que os cidadãos 
participavam diretamente dos debates 
políticos na Ágora em prol do bem 
comum. Todavia, somente eram 
considerados cidadãos os homens, filhos 
de pai e mãe atenienses, adulto e livre; 
 Mulheres, crianças, estrangeiros e 
escravos não eram considerados 
cidadãos; 
 Na Roma Antiga, destacou-se o período 
da República (coisa pública), 
caracterizada pela separação dos 
poderes. Além disso, a criação dos 
Tribunos da Plebe foi crucial para a luta 
dos direitos das camadas mais baixas; 
 A Teocracia volta a ganhar força a partir 
da época do Império Romano. Em 476 
d.C, com a queda do Império Romano do 
Ocidente, inicia-se a Idade Média; 
IDADE MÉDIA  Consolidação do Feudalismo como modo 
de produção, principalmente durante a 
Alta Idade Média (séc. V ao X); 
 Formação de feudos – descentralização 
política – perda da concepção de Estado 
soberano; 
 Pluralismo jurídico – disputa de poder 
(rivalidade) entre igreja, reis e senhores 
feudais, ou seja, um conflito entre 
ordenamentos jurídicos em um mesmo 
território e ao mesmo tempo; 
 Forte presença da religião; 
 Criação dos dois principais sistemas 
jurídicos que vigoram na atualidade – 
Civil Law e Common Law; 
 Civil Law (caráter mais abstrato)– 
influenciado pelo direito romano-
germânico, é caracterizado pelo 
estabelecimento de normas que buscam 
prever condutas e manter a ordem social; 
 Common Law (caráter mais concreto)– 
predomina na Inglaterra e nas ex-colônias 
britânicas, baseando-se nos costumes, 
tradições e na jurisprudência; 
 Vale salientar que o sistema Common 
Law apresenta maior segurança jurídica 
por ser nitidamente mais fácil romper 
com escritos a tradições; 
IDADE MODERNA  O Renascimento Comercial e Urbano no 
final da Baixa Idade Média contribuiu 
significativamente para a decadência do 
sistema feudal e para a ascensão de uma 
nova classe social – a burguesia; 
 A Idade Moderna se iniciou no século XVI 
e vigorou até o século XVIII, terminando 
com o marco da Revolução Francesa de 
1789; 
 A Burguesia passa a almejar e a se 
consolidar do poder político juntamente 
com a proximidade em relação aos 
nobres (busca por liberdade econômica); 
 Formação dos Estados Nacionais, 
Grandes Navegações e a consolidação de 
regimes monárquicos absolutistas 
caracterizaram esse período; 
 Vale ressaltar também a presença de um 
monismo jurídico, o que contribuiu para a 
consolidação de poderes nas mãos do 
Estado e na fixação de normas por ele 
determinadas; 
 Nas monarquias absolutistas, 
predominantes durante a Idade Moderna, 
o rei encarna a centralização do poder e, 
portanto, a soberania; 
 Forte presença da religião (Teoria do 
Direito Divino dos Reis) – o rei como 
representante de Deus na Terra; 
 
OBS: TRANSIÇÃO DA IDADE MODERNA 
PARA A IDADE CONTEMPORÂNEA 
 Aos poucos, começa-se a perceber a 
decadência do poder do rei e uma 
ascensão do poder burguês; 
 Ascensão do pensamento científico, 
retomada dos ideais humanistas, ruptura 
com a predominância católica no 
Ocidente Europeu...; 
 Inglaterra (1485) – Guerra das Duas 
Rosas – Fortalecimento da Dinastia 
Tudor; 
1628 – Petições de Direitos – A burguesia 
envia um documento ao rei pedindo uma 
consulta ao Parlamento; 
1653 – Queda da Monarquia – República 
de Cromwell – Atos de Navegação; 
Posteriormente, o Rei (Jaime II) retoma o 
poder, porém mais enfraquecido; 
1679 – Habeaus Corpus Act – garantia da 
liberdade, reduzindo-se ainda mais o 
poder monárquico; 
1688 – Fuga do Rei Jaime II, não 
resistindo às pressões; 
1689 – Revolução Gloriosa - Bill of Rights 
(Declaração de Direitos) – Guilherme de 
Orange assume o poder, mas obrigado a 
assinar um documento que limitava o seu 
poder – o Parlamento passa a ser o 
centro do poder 
 
 França (1789) – Revolução Francesa 
Ruptura radical com a estrutura política 
vigente; 
Feudalismo  Capitalismo liberal; 
Fortalecimento da Burguesia; 
Surgimento da Declaração de Direitos do 
Homem e do Cidadão; 
IDADE CONTEMPORÂNEA  Pós-Revolução Francesa; 
 Consolidação do Estado mínimo 
capitalista; 
 Apesar do desenvolvimento significativo, 
ocorreu um aumento na concentração de 
renda; 
 Dicotomia entre Liberalismo e 
Republicanismo torna-se mais evidente; 
 Ascensão de movimentos político-sociais 
no século XIX – Socialismo, Anarquismo, 
Catolicismo Social (Encíclica Rerum 
Novarum – Papa Leão XIII)...; 
 Defesa da igualdade material (tratar os 
desiguais de forma desigual a medida da 
desigualdade – dar a cada um a parte que 
lhe compete); 
 Desenvolvimento das bases do Direito 
Trabalhista; 
 No século XX, ocorrem duas Guerras 
Mundiais, a Revolução Russa (1917), a 
Crise de 29 e a ascensão de regimes 
baseados na lógica de um Estado forte e 
interventor (como, por exemplo, governos 
totalitários – nazismo e fascismo); 
 Ocorrência da Guerra Fria – aumento 
intervencionista estatal (fortalecimento 
do pensamento keynesiano) – criação de 
políticas públicas voltadas para garantir o 
bem-estar social; 
 Ascensão das sociais-democracias 
(Estado de bem-estar social) – meio-
termo entre Liberalismo e Socialismo - 
busca por humanizar o capitalismo; 
 Consolidação do Direito Constitucional, 
ou seja, agigantamento da Constituição; 
 Retomada das ideais liberais por nomes 
como Hayek e Freedman; 
 No século XXI, ocorrem duas grandes 
crises econômicas (2008 e 2020), 
evidenciando, novamente, a importância 
do papel exercido pelo Estado; 
 Ainda há um debate atualmente entre 
essas políticas individualistas e as 
políticas coletivistas; 
 
OBS: Autoritarismo é diferente de Totalitarismo, uma vez que esse último é caracterizado por 
um corte das liberdades individuais mais acentuado, tanto no âmbito público quanto do 
privado; 
Tanto o Republicanismo quanto o Liberalismo realizaram uma oposição nítida à 
centralização do poder por parte de um monarca, contudo, também existem 
divergências entre essas teorias políticas: 
 
REPUBLICANISMO LIBERALISMO 
 Concretização da cidadania a partir 
da participação do indivíduo na vida 
pública (as esferas pública e privada 
são indissociáveis); 
 Defesa da soberania popular; 
 O bem comum estaria acima dos 
interesses particulares (visão 
semelhante a de nomes como 
Rousseau); 
 Defesa da ampla participação 
política; 
 Separação evidente entre as esferas 
pública e privada (há uma nítida 
delimitação); 
 Defesa da liberdade individual; 
 Defesa da mínima intervenção estatal; 
 Forte influência do Racionalismo; 
 Separação dos poderes; 
 Contenção dos poderes do Estado; 
 Entra em decadência a partir da Crise 
de 29; 
 
AULA NÚMERO 06 – OS FINS DO ESTADO 
 De acordo com Georg Jellinek, os fins de um Estado se subdividem em fins essenciais (jurídicos) e fins 
não essenciais(sociais) 
 
 Os fins essenciais ou jurídicos são aqueles que necessariamente todo e qualquer Estado deve realizar e 
cumprir (associa-se à produção e à aplicação do direito). Ex: Garantia da paz social, da segurança 
nacional, da soberania nacional...; 
 Os fins não essenciais ou sociais são aqueles que não são inerentes ao Estado, podendo este sobreviver 
sem cumprir com tais fins. Ex: Promoção de educação, saúde, moradia, alimentação, etc; 
 
OBS: Os fins sociais são construídos historicamente – agigantamento do Estado, sobretudo a partir da 
segunda metade do século XX, sendo promovedor de tais fins; 
 Uma outra classificação, porém não vinculada a um doutrinador específico, defende a existência de três 
fins do Estado no que se diz respeito a uma óptica relacional com os indivíduos – fins limitados, fins 
expansivos e fins solidários; 
 
 Os fins limitados são aqueles evidenciados na presença de um Estado mínimo (Ex: O Estado mínimo 
liberal de Adam Smith); 
 Os fins expansivos são aqueles que constituem um Estado forte, gigante e interventor, situado acima 
dos indivíduos (Ex: Estados totalitários – Nazismo, Fascismo, Stalinismo...); 
 Os fins solidários são aqueles evidenciados quando o Estado se encontra em equilíbrio com o povo, 
realizando uma correspondência com os cidadãos (Ex: O Estado Federal Brasileiro – promove políticas 
públicas ao mesmo tempo em que garante a liberdade de iniciativa). Em síntese, o Estado caminha junto 
com o povo em solidariedade; 
 
AULA NÚMERO 07 – A QUEM PERTENCE A SOBERANIA DO ESTADO E A CLASSIFICAÇÃO DOS 
ESTADOS 
A Soberania consiste, juntamente com o povo e território, em um dos elementos constituintes do 
Estado. A soberania garante a independência em relação a outros Estados (soberania externa) e a 
imperatividade do poder estatal (soberania interna – capacidade de criar normas e fazê-las cumprir) 
Ex: Apesar das pressões realizadas por outros Estados, entre esses os Estados Unidos da América, o 
governo de Cingapura, em defesa da soberania nacional, castigou o jovem estadunidense que foi encontrado 
pinchando um muro através de quatro chibatadas em praça pública. 
A QUEM PERTENCE A SOBERANIA DO ESTADO? 
A resposta para essa pergunta pode levar em consideração aspectos histórico-culturais, ramificando-se em 
duas lógicas: a teocrática e a democrática 
1. A perspectiva teocrática: baseia-se na concepção de que a soberania estaria em divindades, 
predominando na Antiguidade Remota e também no início da Idade Moderna 
 
1.1 – Teoria da natureza divina dos reis: visão predominante na Antiguidade Remota (Egito Antigo, por 
exemplo), o rei era considerado um deus-vivo por si só, sendo um dos detentores do poder teocrático e, 
consequentemente, do poder político. Destarte, infere-se que o poder teocrático esteve bastante 
relacionado à consolidação, também, do poder político. 
 
1.2 – Teoria da investidura divina dos reis: visão predominante no início da Idade Moderna (Monarquias 
absolutistas europeias, por exemplo), o rei era considerado o representante de Deus na Terra, ou seja, 
detém o monopólio da voz de Deus mas não era Ele propriamente dito. 
 
1.3 – Teoria da investidura providencial – visão predominante a partir da decadência do poder absolutista 
real, o rei permanece como representante próximo de Deus, entretanto, a soberania (poder) estaria nas 
mãos do povo (“a voz do povo é a voz de Deus”). Por exemplo, a Revolução Gloriosa (1689) ocorrida na 
Inglaterra estabeleceu a assinatura da Declaração de Direitos, contribuindo para a limitação do poder do 
rei mediante o exercício de prestígios por parte do Parlamento 
 
 
2. Perspectivas democráticas modernas (pós-Revolução Francesa) – defesa de que a soberania estaria nas 
mãos do povo. 
 
2.1 – Doutrina da Soberania Nacional – a vontade do coletivo (povo) seria exercida através da escolha de 
representantes (uma elite), sem a necessidade, portanto, de que todos venham a opinar publicamente. 
O autor Abade Sieyes ilustrou essa perspectiva em sua obra O que é o Terceiro Estado, em francês, 
constituindo, por conseguinte, uma Teoria Democrática Elitista e predominante no início da Idade 
Contemporânea. 
 
2.2 - Doutrina da soberania popular – defendida por nomes como o contratualista Jean-Jacques Rousseau, 
representa a ideia de que a soberania do Estado seria a soma das vontades individuais (“um homem, um 
voto”), ou seja, todos podem opinar e interferir na vontade geral. O pensamento de Rousseau ainda é 
resgatado na atualidade para a sustentação de regimes democráticos. 
 
 
Classificação dos Estados: 
OBS: Soberania x autonomia – Autonomia corresponde a uma relativa independência, uma capacidade de 
autorregulação (capacidade de criar normas jurídicas e fazê-las cumprir), contudo, apresentando um caráter 
menos amplo e mais restrito comparado ao conceito de Soberania. 
Ex: O Brasil é um Estado soberano, já o mesmo não se pode afirmar do estado da Bahia (autônomo). Dessa 
forma, todo soberano é também autônomo mas a recíproca não é verdadeira. 
Ex: O decreto do toque de recolher pelo atual governador baiano Rui Costa ilustra explicitamente essa questão 
da autonomia inerente a alguns estados. 
OBS: ATENÇÃO AO USO DAS LETRAS MAÍSCULAS SOMENTE QUANDO SE TRATAREM DE ESTADOS SOBERANOS 
 
Estado Unitário x Estado Federal – A diferença entre um Estado federal e um Estado Unitário evidencia-se 
internamente. No Estado Federal existe uma maior descentralização política, ou seja, os poderes locais são 
descentralizados. Entretanto, em um Estado Unitário, as elites locais são subordinadas a um poder 
concentrado. Por exemplo, o Brasil atual é considerado um Estado Federal (o Federalismo é previsto por 
cláusulas pétreas presentes na CF/88), porém, durante o período imperial era um Estado Unitário. 
Por último, é importante ressaltar a distinção entre Confederação e Federação. A Confederação consiste 
na união de estados soberanos que preservam a sua soberania mas que atuam em conjunto para alguns fins. 
Ex: A Confederação Suíça. 
Outra observação importante consiste na ideia de que, em tese, o Federalismo associa-se mais a 
princípios democráticos à existência de um Estado Unitário, embora nem sempre isso aconteça. 
A questão do Federalismo também é flexível, uma vez que, por exemplo, os Estados Unidos da América 
ilustram uma maior autonomia dos estados em comparação à realidade brasileira. 
AULA NÚMERO 08 – SEPARAÇÃO DE PODERES 
 
1.1 – Origem remotas: 
 
1.1.1 – O legado de Heródoto – tendência ao estudo da separação de poderes, porém muito mais 
relacionada às formas de governo 
 
1.1.2 – O legado de Aristóteles – Inicia o desenho de uma Teoria de separação dos poderes, observando a 
existência de seis formas de governo. Essas formas de governo se dividem em formas retas 
(prevalência do bem comum) e corrompidas (prevalência de interesses particulares) 
 
 
Aristóteles, assim como Platão, realizou duras críticas à democracia pela tendência a essa se transformar 
em uma demagogia e, futuramente, em uma tirania, a pior forma de governo possível. 
Aristóteles considera que a politéia seria a mais vulnerável a sofrer corrupção e que a aristocracia seria a 
forma de governo ideal, representando um meio-termo no qual os mais sábios exerceriam o poder. 
 
1.1.3 – Roma Antiga e Políbio – tese do governo misto – o rei governa representando o poder 
monárquico; o povo, o poder democrático; e o Senado, o poder aristocrático. 
 
1.2 – John Locke e a moderna separação de poderes – O pensador inglês sintetizou a existência de uma 
bipartição dos poderes, constituída pelo executivo e legislativo. O poder executivo exerceria as funções 
administrativa e judicial, enquanto o legislativo exerceria as funções legislativa e fiscalizatória. 
Vale ressaltar que, de acordo com o liberal John Locke, o poder legislativo seria mais importante, tendo 
em vista à atuação em limitar o poder dos governantes 
 
1.3 – Barão de Montesquieu – Iluminista francês,pertencente ao século XVIII, sintetizou uma tripartição 
dos poderes, diferenciando-se de Locke ao conferir o papel judicial a um outro poder – o judiciário. 
Nesse sentido, o judiciário seria importante para julgar o não cumprimento das leis e manter a paz 
social; o legislativo manteria as suas funções legislativa e fiscalizatória; e o executivo permaneceria com 
a sua função administrativa. 
 
Na óptica do pensador, esses poderes seriam independentes e harmônicos entre si, ocorrendo, por 
conseguinte, um equilíbrio permanente. 
Apesar de extrema importância, a teoria de Montesquieu apresentava-se incompleta, uma vez que era 
incapaz de explicar de que forma ocorreria a contenção dos poderes visando à manutenção desse equilíbrio. 
 
 
1.4 – Beijamin Constant e o poder moderador – Visando a responder as lacunas deixadas por Montesquieu, 
defendeu a existência de um quarto poder – o poder moderador – responsável por garantir o equilíbrio 
entre os demais poderes. 
RETAS CORROMPIDAS 
MONARQUIA TIRANIA 
ARISTOCRACIA OLIGARQUIA 
POLITÉIA DEMAGOGIA/ REPÚBLICA 
O Brasil, durante a época do império, vivenciou a existência formal do poder moderador, contido nas mãos 
do imperador e responsável por controlar os demais poderes. A existência formal do poder moderador veio a 
ser extinta a partir da elaboração da Constituição de 1891, após a Proclamação de República dois anos antes. 
 
 
1.5 – James Madison e o sistema de freios e contrapesos – Visão preponderante na contemporaneidade, 
inclusive em países como o Brasil, aponta para o exercício de funções típicas e atípicas por parte dos 
poderes. Partindo desse pressuposto, o poder legislativo, por exemplo, em determinadas ocasiões, além 
de legislar e fiscalizar, iria também administrar e julgar. A título exemplificativo, Arthur Lira, presidente 
da Câmara dos deputados, exerce a função executiva dentro de um órgão legislativo. 
 
 
 
1.6 – Os poderes no Brasil 
 
 
 
 
 
Há um unicameralismo no Legislativo Estadual, do Distrito Federal e Municipal. Todavia, no 
âmbito federal há um bicameralismo, isto é, duas casas legislativas – Câmara dos Deputados e Senado 
Federal. Esse bicameralismo ocorre devido a duas principais questões: a questão da representatividade 
e do equilíbrio. 
 
A Câmara dos deputados representaria o povo (casa do povo – o número de deputados federais 
indicados por cada Estado varia de acordo com a população deste), enquanto o Senado Federal 
representaria os Estados da Federação, cumprindo o papel de equilíbrio (todos os Estados possuem três 
senadores – número constante). 
 
OBS: O bicameralismo britânico, diferentemente do brasileiro, é assimétrico, ocorrendo uma explícita 
hierarquia entre a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns, sendo esta última a detentora de maior 
poder. 
 
 
 
 
 
 
 
 
PODER JUDICIÁRIO: 
 
 
A justiça especial trata de temas específicos como a matéria eleitorais, matérias militares e 
matérias trabalhistas. Todas as demais questões serão resolvidas pela justiça comum (tributárias, 
administrativas, penais, civis). 
 
O STF é o órgão de cúpula do poder judiciário, cabendo a ele a guarda e a interpretação da 
Constituição Federal (1988). O STF é composto por 11 membros denominados ministros (juízes da 
suprema corte), responsáveis pela última palavra. Esses cargos são privativos de brasileiros natos de 35 
a 75 anos, notórios de saber jurídico e reputação ilibada (honestidade). 
 
A abertura de vagas ocorre através de três possibilidades – a morte de um dos ministros, 
impeachment ou aposentadoria. O preenchimento dessas vagas inicia a partir de uma indicação 
presidencial, avaliada em seguida pelo Senado Federal. Após ser escolhido, o ministro apresenta um 
cargo vitalício até os 75 anos ou em caso de morte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 09 – O PODER JUDICIÁRIO E FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA 
 
Linhas gerais do poder judiciário: 
 
A justiça especial trata de temas específicos como a matéria eleitorais, matérias militares e matérias 
trabalhistas. Todas as demais questões serão resolvidas pela justiça comum (tributárias, 
administrativas, penais, civis). 
 
O STF é o órgão de cúpula do poder judiciário, cabendo a ele a guarda e a interpretação da Constituição 
Federal (1988). O STF é composto por 11 membros denominados ministros (juízes da suprema corte), 
responsáveis pela última palavra. Esses cargos são privativos de brasileiros natos de 35 a 75 anos, 
notórios de saber jurídico e reputação ilibada (honestidade). 
 
A abertura de vagas ocorre através de três possibilidades – a morte de um dos ministros, impeachment 
ou aposentadoria. O preenchimento dessas vagas inicia a partir de uma indicação presidencial, avaliada 
em seguida pelo Senado Federal. Após ser escolhido, o ministro apresenta um cargo vitalício até os 75 
anos ou em caso de morte. 
 
A Justiça Militar da União, na primeira instância, e o Superior Tribunal Militar, na última instância, 
julgam os crimes militares cometidos por integrantes das Forças Armadas (Marinha, Exército e 
Aeronáutica) ou por civis que atentem contra a Administração Militar federal. 
 
O TRE é responsável pelo cadastro dos eleitores, pela constituição de juntas e zonas eleitorais e pela 
apuração de resultados e diplomação dos eleitos em sufrágios em nível estadual. O TRE também deve 
dirimir dúvidas em relação às eleições e julgar apelações às decisões dos juízes eleitorais. 
 
A justiça do trabalho, criada na Era Vargas, também é federal, especializada em conflitos trabalhistas 
(relações de empregado e empregador, por exemplo). JT  JRT  TST; 
Tudo o que não envolve questões trabalhistas, militares ou eleitorais encontra-se sob responsabilidade 
da justiça comum (JD  TJ  STJ; JF  TRF  STJ); 
Garantias da magistratura: 
a) Vitaliciedade – o juiz apresenta cargo vitalício, o que lhe garante maior estabilidade no cargo, salvo 
morte, aposentadoria ou impeachment; 
b) Inamovibilidade – o juiz não pode ser removido do seu posto de trabalho contra a sua vontade; 
c) Irredutibilidade dos subsídios – o juiz não pode ter seu salário reduzido; 
 
Vedações à magistratura: 
a) Exercício de outro cargo ou função, salvo uma de magistério; 
b) Recebimento, a qualquer título ou pretexto, de custos ou participação em processo; 
c) Dedicação à atividade político-partidária; 
d) Recebimentos, a qualquer título ou pretexto, de auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades 
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (como o recebimento de salário por 
lecionar em uma faculdade); 
e) Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do 
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração; 
 
Funções essenciais à justiça: 
a) Ministério Público - 
 
 Órgão autônomo que exerce papel crucial na fiscalização do Estado e da própria sociedade, podendo 
ingressar, sobretudo, nos âmbitos penal e cível; 
 O Ministério Público é responsável, perante o Poder Judiciário, pela defesa da ordem jurídica e dos 
interesses da sociedade e pela fiel observância da Constituição (visto como um “guardião” da lei); 
 Algumas funções atribuídas ao Ministério Público foram mantidas após a elaboração da CF/1988 como 
a titularização das ações penais públicas, isto é, ocorrendo um crime, a sociedade é vista como uma 
vítima indireta; 
 Antes da CF/1988, o Ministério Público teve a função da Defensoria Pública, o que não ocorre mais 
atualmente; 
 Após a CF/1988, o Ministério Público cresceu na defesa dos interesses transindividuais (aqueles que 
transcendem o indivíduo), ou seja, aqueles que tangem o interesse difuso – questões trabalhistas, 
ambientais, que envolvem pessoas com deficiência, eleitorais, etc; 
 
b) Advocacia – 
 
 Não há justiça sem advogados; 
 Para ser advogado é necessário o grau de bacharel em direito e aprovado no exame da ordem; 
 O exame da ordem seria como filtro para selecionar osmais aptos a advogar; 
 A CF/1988 delimitou a proibição dos rábulas, ou seja, pessoas que advogam sem a presença de um 
bacharelado em direito. A título exemplificativo, Cosme de Faria é um dos mais conhecidos; 
 Vale ressaltar também a existência da advocacia pública que ocorre mediante concurso público; 
 
c) Defensoria Pública – 
 
 Instituição autônoma que atua na advocacia dos hipossuficientes (vulneráveis); 
 As causas são determinadas pelo órgão e não pelo defensor mesmo que contrarie os princípios deste. 
Dessa forma, o defensor público deve exercer a sua profissão da melhor forma possível; 
 
AULA NÚMERO 10 – FORMAS E SISTEMAS DE GOVERNO 
1. Formas de governo 
 
1.1 – Classificação de Aristóteles: 
 Inicia o desenho de uma Teoria de separação dos poderes, observando a existência de seis formas de 
governo. Essas formas de governo se dividem em formas retas (prevalência do bem comum) e 
corrompidas (prevalência de interesses particulares) 
 
RETAS CORROMPIDAS 
MONARQUIA TIRANIA 
POLITÉIA DEMAGOGIA/ REPÚBLICA 
ARISTOCRACIA OLIGARQUIA 
 
 Aristóteles, assim como Platão, realizou duras críticas à democracia pela tendência a essa se 
transformar em uma demagogia e, futuramente, em uma tirania, a pior forma de governo possível. 
 Aristóteles considera que a politéia seria a mais vulnerável a sofrer corrupção e que a aristocracia seria 
a forma de governo ideal, representando um meio-termo no qual os mais sábios exerceriam o poder 
por estarem mais aptos. 
 
1.2 – Classificação de Savonarola: 
 
 O Frei Savonarola, na sua obra Tratado sobre o governo civil de Florença, sintetizou uma concepção 
acerca das formas de governo, dividindo-as em: Governo do Rei, Governo dos Otimates e Governo 
Civil; 
 Para Savonarola, o Governo do Rei seria caracterizado por um poder centralizado nas mãos de uma 
única pessoa; o Governo dos Otimates seria uma espécie de Aristocracia, na qual os mais aptos tendem 
a exercer o poder; e o Governo Civil seria aquele que garantiria a soberania nas mãos do povo; 
 Para Savonarola, o governo do rei quando é bom, é ótimo; e quando este é ruim, é péssimo. Dessa 
forma, o pensador considera essa forma de governo mais sucessível a sofrer oscilações; 
 Savonarola constata que a definição da qualidade do governo ocorre mediante a análise dos aspectos 
culturais inerentes a cada sociedade. Nesse sentido, não haveria um modelo geral; 
 Caso se tratar de uma sociedade homogênea, o ideal seria o Governo do Rei. Entretanto, caso se tratar 
de uma sociedade heterogênea, como evidenciada em Florença, o mais adequado para dialogar com as 
divergências de opiniões seria o Governo Civil; 
 Esse Governo Civil seria caracterizado pela garantia da participação popular no poder, além do equilíbrio 
e da separação dos poderes; 
 Savonarola é considerado um simpatizante do Republicanismo; 
 
1.3 – Classificação de Maquiavel: 
 Defensor e simpatizante da República, assim como Savonarola; 
 Autor de O príncipe – manual de ações políticas voltado para o exercício do poder por parte dos Médici 
na Itália; 
 Responsável por sintetizar a mais conhecida divisão de formas de governo nos dias atuais – a dualidade 
entre Monarquia e República; 
 A Monarquia é caracterizada por um poder mais concentrado nas mãos de um governante, enquanto a 
República (do latim respublica, isto é, coisa pública) vincula-se a um poder mais difuso; 
 
 
1.4 – República e Monarquia nos tempos contemporâneos: 
 
MONARQUIA REPÚBLICA 
 Há uma certa desigualdade política 
devido à concessão de privilégios 
provenientes do nascimento. 
 Nem sempre vincula-se a um cunho 
autoritário, podendo existir monarquias 
de caráter democrático como a 
evidenciada na Inglaterra. Destarte, 
pode-se, fazer referência à existência 
de “monarquias republicanas”; 
 Contudo, por mais democrática que 
seja, sempre será pautada em um 
pressuposto de desigualdade (súditos x 
majestades); 
 Garante igualdade política entre os 
cidadãos; 
 Nem sempre vincula-se a um caráter 
democrático, embora apresente essa 
tendência; 
 
2. Sistemas de governo 
2.1 - Conceito de sistemas de governo: 
 De acordo com Dirley da Cunha Júnior, sistemas de governo “são fórmulas concebidas para identificar o 
grau de independência ou de dependência no relacionamento entre os poderes executivo e legislativo no 
exercício das funções governamentais”; 
 O poder judiciário, pelo fato de atuar em inércia visando à pacificação das relações sociais, se distancia 
das orientações políticas e, por conseguinte, não foi retratado na definição anteriormente mencionada; 
2.2 – Parlamentarismo: 
 Característica principal – diluição do poder Executivo entre o Chefe de Estado e Chefe de Governo, 
sendo esses cargos ocupados por pessoas diferentes; 
 O Chefe de Estado consiste em uma figura mais diplomática, conciliadora, representativa da soberania 
nacional. Geralmente essa figura recai sobre o monarca ou o presidente; 
 O Chefe de Governo é aquele responsável por exercer a administração estatal e por executar as políticas 
públicas. Geralmente essa figura consiste no primeiro ministro que governa até o momento em que 
apresenta apoio da maioria do parlamento (maior instabilidade no cargo em comparação ao 
presidencialismo); 
 Maior proximidade entre o parlamento e o poder executivo; 
 Origem: Inglaterra; 
 1689 – Concretização da Revolução Gloriosa através do Bill of Rights, responsável pelo término do 
absolutismo monárquico. Todavia, o rei continuava exercendo a função executiva apesar de limitado 
pelo Parlamento; 
 1714 – Ascensão de Jorge I (Hannover, Alemanha) ao trono inglês; 
 O parlamentarismo na Inglaterra foi se consolidando paulatinamente a medida em que os monarcas 
abdicavam das suas funções executivas, transferindo-as ao parlamento; 
 1832 – Crise intensa entre parlamento e o rei, culminando na publicação do Reform Act, um ato do 
Parlamento que proibia a possibilidade de interferência nas questões parlamentares por parte do rei; 
 Conforme retratado por Walter Bagehot, na França, devido à fragilidade dos partidos políticos, 
praticamente nenhum gabinete possuía estabilidade, o que contribuiu para o colapso do 
parlamentarismo durante a terceira república; 
 O parlamentarismo no Brasil foi observado em dois momentos. Primeiramente, no Segundo Reinado 
(1840 – 1889), sendo denominado “Parlamento às avessas”. Entre 1961 e 1963, o presidente João 
Goulart teve o seu poder limitado pelo Parlamento devido ao receio existente de que Jango pudesse 
conduzir o país ao Comunismo; 
 Em 1963, ocorreu um plebiscito e o povo votou pelo retorno do presidencialismo, sendo essa escolha 
reafirmada no plebiscito de 1993; 
2.3 – Presidencialismo: 
 O presidente é eleito diretamente ou indiretamente, sendo Chefe de Estado e Chefe de governo 
simultaneamente; 
 O presidente possui maior autonomia perante o parlamento. Ademais, o presidente possui maior 
estabilidade no cargo em comparação ao primeiro ministro no parlamentarismo; 
 O presidencialismo teve sua origem nos Estados Unidos e atualmente é adotado também, 
principalmente, na América Latina e em alguns países do continente africano; 
 O presidencialismo somente é evidenciado em república; 
 Apesar de previsto juridicamente em caso de crimes de responsabilidade, o impeachment, em países 
como o Brasil, vincula-se muito mais a um caráter político, isto é, se o presidente tem ou não o apoio do 
parlamento; 
 
2.3.1 – Presidencialismo no Brasil 
 1889 – Deodoro da Fonseca assume o governo de forma provisória e, posteriormente, se consolida 
durante o início da República da Espada; 
 Deodoro da Fonseca foi obrigado a renunciar devido às pressões coordenadas pelo seu vice Floriano 
Peixoto; 
 O início do presidencialismo brasileiro após Deodoro e Floriano, foi caracterizada pela Política do Café 
com Leite, proporcionando a alternância entre pessoas a serviçode Minas Gerais ou de São Paulo no 
poder; 
 Getúlio Vargas assume a presidência após um golpe coordenado pela Revolução de 30, rompendo com 
a República Velha do Café com Leite. Vargas governou, no seu primeiro mandato, durante quinze anos, 
destacando-se o caráter autoritário do Estado Novo; 
 Em 1963 a população brasileira opta, através de um plebiscito, pela manutenção do presidencialismo, o 
que foi corroborado em 1993; 
 Hoje, verifica-se um presidencialismo de coalizão no qual o presidente é eleito democraticamente e 
governa durante quatro anos com possibilidade de uma reeleição; 
 Jair Messias Bolsonaro é o atual presidente do país; 
 
 
 
 
2.4 – Semipresidencialismo: 
 Maurice Duverger foi responsável pela criação desse termo, designando um sistema intermediário 
entre o parlamentarismo e o presidencialismo; 
 Há controvérsias sobre a existência desse sistema de governo pois há quem afirme trata-se de somente 
um desdobramento do parlamentarismo; 
 O presidente é Chefe de Estado e o primeiro-ministro é Chefe de Governo; 
 Estabelecido pela Constituição de Weimar (Alemanha – 1919); 
 Na França atual, há um semipresidencialismo. Nesse caso, o presidente da república é eleito por voto 
popular e este governa enquanto possui apoio do parlamento. O eixo do poder no caso francês 
encontra-se no presidente. Todavia, em caso de crises políticas, o presidente pode perder a condição de 
governabilidade – não é afastado do cargo mas algumas funções são transferidas ao primeiro-ministro; 
 O modelo semipresidencialista adotado pela Islândia é caracterizado por duas cabeças (algo similar a 
uma diarquia) tendo em vista que os dois (presidente e primeiro-ministro) estão em igualdade nas ações 
do governo, isto é, dividem a quantidade de funções praticamente de forma precisa; 
 O modelo russo se assemelha ao francês, contudo, na prática, tem sido um instrumento utilizado pelo 
presidente Vladmir Putin para se perpetuar no poder. Após reeleito e governar durante oito anos, Putin 
tornou-se primeiro-ministro russo, continuando a influenciar as decisões do presidente Dmitri 
Medvedev, seu antigo primeiro-ministro. Posteriormente, Putin retomou o poder como presidente; 
 
2.5 – Diretorial: 
 Origem: França – final do século XVIII; 
 Destaca-se atualmente na Suíça; 
 Uma equipe é responsável por exercer a chefia do governo. No caso suíço, esse colegiado é composto 
por sete membros, entre os quais um é, obrigatoriamente, o presidente da república; 
 Em tese há um maior teor democrático por envolver mais pessoas nas decisões governamentais; 
 Esse sistema de governo seria inviável em países como o Brasil devido a grande quantidade de 
ideologias existentes; 
 
 
 
3. Elementos essenciais da democracia 
 
3.1 - Sufrágio: poder inerente ao povo de participar da vida política do Estado, apresentando um caráter mais 
amplo que um voto. 
 A CF/1988 brasileira estabelece o sufrágio universal como cláusula pétrea, sendo o voto obrigatório para 
pessoas entre 18 e 65 anos; 
 Ao longo da história da humanidade, existiram vários exemplos de sufrágios restritos – sufrágio por 
gênero (as mulheres no Brasil só passaram a votar a partir de 1932), sufrágio racial (durante o Apartheid 
sul-africano os negros não tinham direito ao voto), sufrágio censitário (o início da República do Café com 
Leite no Brasil) e o sufrágio capacitário. O sufrágio capacitário, baseado no nível de instrução dos 
indivíduos é uma questão ainda polêmica e discutida nos dias atuais por alguns sustentarem a 
necessidade de um grau mínimo de conhecimento para o usufruto do sufrágio; 
 Vale salientar que no Brasil, o voto para os analfabetos foi assegurado apenas nas constituições de 1824 
e 1988; 
 
3.2 - Mandato – instrumento de representação, também podendo ser compreendido como um instituto de 
direito público através do qual o povo delega poder aos seus representantes; 
 O povo é o mandante e os representantes, os mandatários; 
 No direito político existe limites ao mandato? Depende. Esse mandato pode ser representativo ou 
imperativo. O mandato é representativo quando em tese um mandatário representa toda a sociedade e, 
por conseguinte, não apenas de quem votou nele. Nesse sentido, o mandatário uma vez empossado 
atua de forma autônoma. O mandato imperativo é obrigado a seguir recomendações dos eleitores, 
tendo, portanto, a sua atuação limitada. Destarte, percebe-se um maior poder do eleitor de controlar o 
mandatário e interferir nas suas decisões. Além disso, o eleitor pode revogar o mandato do mandatário 
a partir do denominado recall; 
 No Brasil, o mandato político é representativo, caracterizado por uma fidelidade partidária (o indivíduo 
possui um compromisso com o partido já que se sair do partido, por conseguinte, pode perder o 
mandato); 
 
OBS: Há uma diferença entre impeachment e recall. O impeachment somente acontece devido à ocorrência de 
crime de responsabilidade, enquanto o recall possui um caráter mais amplo, podendo acarretar na perda do 
mandato caso o mandatário esteja desagradando. Entretanto, devido à abrangência contida na expressão 
“crime de responsabilidade”, o impeachment, em países como Brasil, transformou-se em um recall. 
AULA NÚMERO 12 – SISTEMAS ELEITORAIS 
 
1. Conceito: De acordo com Eneida Desiree Salgado, sistema eleitoral é uma fórmula que traduz a vontade 
popular em representação política. 
 
2. Objetivos: O Sistema eleitoral busca, de alguma forma, dois principais objetivos – a governabilidade e a 
representatividade: 
 
2.1 - Governabilidade: busca por um sistema viável e eficaz para o exercício do governo; 
2.2 - Representatividade: representa a vontade da sociedade (o povo enxerga nos representantes uns 
porta-vozes das suas necessidades); 
OBS: O excesso da democracia pode ser prejudicial – por exemplo, o modelo ideal de democracia direta 
apresentado por J.J Rousseau seria ingovernável; 
OBS: Em contraste, em regimes que limitam o poder democrático – como as ditaduras – acentuam a 
governabilidade em detrimento da representatividade; 
OBS: O alcance de um equilíbrio entre governabilidade e representatividade trata-se de uma tarefa 
difícil, sendo alvo de intensos debates até os dias atuais; 
 
3. Possíveis efeitos mecânicos do sistema eleitoral sobre o sistema político: 
 
3.1 – Incentiva ou não a convivência entre os diferentes; 
3.2 – Pode incrementar ou não a representatividade; 
3.3 – Aumenta ou diminui o acesso à arena decisória; 
3.4 – Pode garantir maior ou menor estabilidade; 
3.5 – Aumenta ou reduz o sistema partidário; 
3.6 – Aumenta a concentração ou a dispersão do poder; 
3.7 – Aumenta ou reduz a oposição e o controle; 
 
 
OBS: Os primeiros atos institucionais decretados durante a Ditadura Militar corroboraram a defesa de 
um voto indireto para presidente, reduzindo, portanto, o acesso à arena decisória por parte do povo; 
OBS: A monarquia parlamentarista britânica evidencia uma grande estabilidade para o primeiro-
ministro por este governar até o momento em que tiver apoio da maioria do Parlamento; 
OBS: O voto distrital reduz a representatividade eleitoral; 
OBS: Os opositores, aqueles que estão fora do poder, em determinadas ocasiões, aderem a métodos 
violentos como forma de protesto ou retaliação; 
 
4. Efeitos psicológicos do sistema eleitoral: 
 
4.1 – Efeito Manada – o eleitor opta por aquele que tende a ganhar; 
4.2 – Efeito útil – raciocínio lógico construído em torno de um voto para impedir que um outro 
candidato venha obter êxito na eleição; 
4.3 – Underdog effect - voto de protesto, geralmente o eleitor opta por aquele que possui poucas 
chances de vencer (e que às vezes pode até surpreender); 
 
 
 
5. Elementos dos sistemas eleitorais: 
 
5.1 – Circunscrição eleitoral, colégio ou distrito eleitoral – de acordo com José Antônio Giusti Tavares, 
trata-se da unidade territorial no interior do quala distribuição dos votos, entre partidos e entre 
candidatos, é convertida em cadeiras legislativas; 
 
5.2 – Magnitude – de acordo com Jaime Barreiros Neto, corresponde ao número de cadeiras em 
disputa em cada distrito eleitoral. Distritos uninominais têm magnitude igual a um, enquanto os 
distritos plurinominais têm magnitude superior a um 
 
5.2.1 – Magnitude baixa – até 05 cadeiras; 
5.2.2 – Magnitude média – entre 06 e 14 cadeiras; 
5.2.3 – Magnitude alta – a partir de 15 cadeiras; 
OBS: Para cargos estaduais e municipais, o eleitor somente pode votar nos candidatos inerentes à 
localização geográfica correspondente ao seu título; 
OBS: O voto para prefeito é uninominal. O voto para senador é plurinominal; 
OBS: Quanto maior a magnitude, maior a probabilidade de partidos pequenos elegerem mais candidatos 
– maior a possibilidade de uma minoria ter representatividade; 
 
5.3 - Procedimentos de votação: 
 
5.3.1 – Voto único – modelo tradicional no qual o eleitor apenas vota uma única vez; 
5.3.2 – Voto múltiplo – o eleitor pode votar mais de uma vez. Dessa forma, o diferencial será o 
número de votos unido ao engajamento entre os eleitores; 
5.3.3 Voto preferencial – o eleitor possui sua lista de preferências (primeira opção, segunda 
opção, terceira opção...); 
5.3.4 Voto cumulativo – o eleitor pode destinar todos os votos para um único candidato como 
também pode dividir os votos destinados a alguns candidatos a depender da sua vontade; 
5.3.5 Voto plural limitado – há um limite para a quantidade de votos em um candidato; 
 
5.4 -Espécies de sistemas eleitorais: 
 
5.4.1 – Majoritário – aquele que obter o maior número de votos vencerá; 
 
5.4.1.1 – Sistema majoritário simples – os mais votados são eleitos; 
5.4.1.2 – Sistema majoritário absoluto – o vencedor precisa ter mais votos do que a soma de todos os seus 
concorrentes. No Brasil, percebe-se um sistema majoritário absoluto na eleição de presidente, 
governador e prefeito, almejando, assim, uma maior legitimidade do resultado; 
 
OBS: Os votos brancos (nulos) são descartados, não podendo contribuir para a anulação de uma eleição. 
Todavia, esses votos podem proporcionar indiretamente um certo benefício ao primeiro colocado pelo 
fato deste necessitar de um menor número de votos válidos para ser eleito. 
 
 
5.4.2 – Proporcional – divide a porcentagem de cadeiras a depender dos votos recebidos pelos partidos 
políticos; 
As fórmulas proporcionais são: 
5.4.2.1 – Unioperacionais - Nas fórmulas unioperacionais, os votos totais de cada partido ou coligação são 
divididos por todos os divisores da série, sendo as cadeiras alocadas, dentre os partidos em disputa de 
acordo com os maiores quocientes obtidos; 
 
5.4.2.2 – Bioperacionais – Nas fórmulas bioperacionais, o processo de distribuição das cadeiras é dividido em 
duas operações básicas: primeiramente, se calcula a distribuição das chamadas “cadeiras básicas”; 
posteriormente, em uma segunda operação, calculam-se os chamados “restos” ou cadeiras 
remanescentes; 
 
O Brasil adota o voto proporcional para deputados federais, deputados estaduais e vereadores. No 
nosso país, a lista partidária é aberta. Geralmente, quando um cidadão vota em um vereador, por 
exemplo, na verdade ele inicialmente está votando no partido. Em seguida, a depender da quantidade 
de cadeiras que o partido obteve, o candidato escolhido poderá ocupar uma delas a depender da 
quantidade de votos. Nesse segundo momento, portanto, prevalece o critério majoritário. 
Há atualmente algumas propostas defensoras da lista fechada, embora esta se demonstre menos 
democrática por contribuir para a concentração de uma oligarquia no poder; 
Ainda pode-se afirmar a existência dos defensores do voto distrital. Esse voto, a título exemplificativo, 
seria baseado na fragmentação de uma determinada localidade – Salvador – em algumas regiões (43, 
por exemplo) e cada uma elegeria um vereador. Entretanto, há o risco de que um partido venha a se 
consolidar em todas as cadeiras, minando, assim, a representatividade e contribuindo para a 
concentração de poder. 
Ademais, percebe-se a relação entre o voto distrital e o risco de Gerrymandering, isto é, a concepção de 
que a divisão dos distritos impacta, significativamente, no resultado proveniente da eleição. 
 
5.4.3 – Misto – simultaneidade entre os sistemas eleitorais majoritários e proporcionais. Os exemplos mais 
explícitos são os evidenciados no México e na Alemanha. A diferença básica entre esses consiste no 
sistema que privilegiam, sendo majoritário e proporcional, respectivamente. Percebe-se um grande 
debate em relação ao caso alemão devido a um inchaço de cadeiras, pelo fato da Alemanha realizar 
sucessivas correções (aumento do número de cadeiras) visando atender ao critério da 
proporcionalidade; 
 
6 O debate entre Bagehot e Stuart Mill: 
 
De acordo com Bagehot, o ideal seria um sistema eleitoral majoritário tendo em vista que o mais 
importante seria a garantia da estabilidade do Parlamento. Assim, o autor considera a governabilidade 
como um elemento de maior relevância em detrimento da representatividade. Entretanto, Stuart Mill 
defendeu o sistema eleitoral proporcional como o ideal, no qual as minorias poderiam ter maior 
representatividade mesmo que venha a prejudicar a governabilidade. 
 
 
 
 
AULA 13 – O ESTUDO DA DEMOCRACIA 
 
Autocracia x Democracia: Um regime autocrático é caracterizado pela concentração do poder nas mãos de 
autocratas. O totalitarismo seria, portanto, um exemplo de autocracia. Entretanto, em um regime democrático 
o poder é difuso e descentralizado. Atualmente, um dos grandes debates travados no Estado Democrático de 
Direito consiste na busca por equilibrar governabilidade e representatividade, o que constitui uma tarefa 
extremamente difícil. 
Etimologia do termo Democracia: vem do grego demos (povo) + kratos (autoridade), ou seja, o governo da 
autoridade do povo. 
Antecedentes históricos: 
Esse governo democrático teve uma grande importância durante a Antiguidade Clássica, ressaltando a 
experiência ateniense – um modelo de democracia direta, embora excludente, uma vez que nem todos eram 
considerados cidadãos (mulheres, escravos, crianças, estrangeiros...). Partindo desse pressuposto, aqueles que 
eram considerados cidadãos se reuniam em praça pública – a ágora e debatiam diretamente questões em prol 
do bem da comunidade. 
No século XIX, Abraham Lincoln proferiu o discurso de Gettsburg, ao final da Guerra de Secessão. Nesse 
discurso, Lincoln afirmou que nada nem ninguém seria capaz de superar o governo do povo, pelo o povo e para 
o povo – isto é, um governo essencialmente popular. Esse é um conceito de democracia ainda bastante 
contemplado nos dias atuais. 
 
Cinco critérios básicos para definir uma democracia (Robert Dahl): 
1. Inclusão de adultos: perspectiva da existência de um sufrágio universal, ou seja, prevê a inexistência de 
barreiras visando à participação de todos – independentemente de orientação sexual, etnia, raça, 
religião ou qualquer outra condição; 
 
2. Participação efetiva: a participação efetiva do povo na vida política do Estado significa a ideia de garantir 
que um eleitor tenha a possibilidade de engajamento e de participação do dia-dia político; 
 
3. Igualdade de voto: cada indivíduo traz consigo uma parcela da soberania e cada parcela apresenta o 
mesmo peso - um homem, um voto (perspectiva de Rousseau); 
 
4. Controle do planejamento: ideia da transparência, isto é, da possibilidade do cidadão interferir na 
decisão do Estado (accountability); 
 
5. Entendimento esclarecido: ideia de que o cidadão deveria ser educado para votar, sendo apto a tomar 
decisões através de uma consciência política. Em síntese, o indivíduo precisa ter esclarecimento do seu 
papel na sociedade; 
 
Diante das características surge um problema, uma vez que, de alguma forma, pelomenos uma das 
características acaba sendo mutilada nos países. Isto significa que não há democracia que corresponda esses 
moldes estabelecidos. Seria, portanto, a democracia uma utopia, uma farsa? 
As concepções de Robert Dahl deve ser estudada conjuntamente com as de Geovani Sartori e de Noberto 
Bobbio, uma vez que esses discordam da ideia de que a democracia seria uma farsa. Os autores corroboram a 
tese de que a democracia é um processo, isto é, do caminhar em direção aos cinco pontos expostos 
anteriormente. 
Esse processo seria repleto de empecilhos e imperfeições. Winston Churchill, ex-primeiro-ministro do Reino 
Unido, afirmou que “a democracia é a pior forma de governo, com exceções de todas as outras”. Partindo 
desse pressuposto, é nítida que a democracia apresenta imperfeições mas ainda assim consiste na melhor 
forma de governo em comparação a todas as demais já experimentadas, principalmente no que diz respeito ao 
equilíbrio entre governabilidade e representatividade. 
Jürgen Habermas é um outro teórico que merece atenção, sendo defensor da democracia deliberativa. O 
filósofo e sociólogo alemão dá credibilidade à existência de debates entre o povo e os governantes, sendo de 
suma importância para a formação de um consenso em prol da garantia do bem comum. 
 
Minimalismo democrático x Maximalismo democrático: 
Democracia minimalista: Supõe que o povo é titular do poder político mas essa massa deve ter esse poder 
contido. As bases da democracia minimalista remetem à Antiguidade Clássica, tendo em vista a defesa da 
aristocracia e a refutação da democracia por parte de filósofos como Platão e Aristóteles. Os defensores do 
minimalismo democrático defendem que o poder político deveria ser exercido pelos mais aptos. Gustave Le 
Bon, autor de Psicologia das multidões, sintetizou a concepção de que as massas são irracionais, uma vez que o 
comportamento do indivíduo varia a depender do contexto em que ele se encontra em conjunto ou sozinho. 
Assim, o eleitor tenderia a votar errado, sobrepondo as emoções em detrimento da razão. 
 
Democracia maximalista: A Constituição Federal de 1988 prevê o maximalismo democrático em oposição ao 
minimalismo democrático - Art. 1, parágrafo único: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Dessa forma, a soberania estaria, de fato, 
no povo, exercida por meio de uma democracia participativa. Referendo, plebiscito e iniciativa popular de lei 
são alguns dos exemplos que demonstram essa ampla participação e engajamento do povo na vida política. 
A democracia no Brasil: 
CF/1988: Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito. 
 
Nem sempre o Brasil se consolidou como um Estado Democrático de Direito, sendo a sua história marcada por 
sucessivos golpes. Assim, torna-se nítido que a implantação de um regime democrático no Brasil ocorreu após 
sucessivos momentos de instabilidade, o que persiste até os dias atuais. 
 Em 1824, D. Pedro I realizou um golpe, fechou a Assembleia Constituinte e outorgou uma constituição 
de cunho autoritário; 
 Em 1889, um novo golpe derruba D. Pedro II e instala a República no Brasil; 
 Em 1930, Getúlio Vargas, através da Revolução de 30, assume a presidência a partir de um golpe, 
rompendo com a República Velha do Café com Leite; 
 Em 1937, ocorre o golpe do Estado Novo, passando Vargas a governar através de um cunho autoritário; 
 Em 1945, um novo golpe visando à redemocratização do Brasil ocorreu; 
 No início da década de 1960, o governo João Goulart é marcado por uma grande instabilidade, tendo 
em vista que esse não assumiu de forma direta, tendo o poder controlado pelo parlamento; 
 Em 1964, através de um novo golpe, é instalada uma Ditadura Militar no país, um dos momentos mais 
tensos da história nacional; 
 Em 1967 é elaborada uma nova constituição e em 1968, um novo golpe contribuiu para a proclamação 
do AI-5; 
 Em 1988, simbolizando a redemocratização do país após o término da Ditadura Militar, foi elaborada e 
proclamada a Constituição de 1988, também conhecida como “Constituição Cidadã”. 
 
Debates importantes: 
1. Reforma partidária: 
A filiação a um partido político é condição de elegibilidade, conforme estabelece o artigo 14, parágrafo 3°, 
inciso V, da Constituição Federal. Nesse sentido, para que um candidato dispute a eleição e venha a assumir 
o cargo após eleito, 
Há um debate atual travado no que diz respeito à importância dos partidos políticos. Se por um lado 
existem os defensores da filiação partidária como condição de elegibilidade, existem os defensores da 
candidatura avulsa por enxergarem nos partidos meras instituições burocráticas constituídas de cunho 
ideológico. 
 
2. Financiamento empresarial: 
Desde 2015, em virtude da lava-jato e mensalão, foi proibido o financiamento de campanhas eleitorais por 
empresas privadas. Os defensores dessa proibição sustentam essa tese alegando a possibilidade de 
corrupção nas eleições e na administração pública a partir das doações empresariais. Ademais, esses 
críticos afirmam que essas empresas agem mais por questões financeiras do que afinidade ideológica 
propriamente dita, tendo em vista que alguns bancos, nas eleições de 2014, financiaram, simultaneamente, 
as campanhas de Dilma Rousseff e Aécio Neves (a mentalidade seria a seguinte: “quem ganhar, estará em 
minhas mãos”). Outra observação interessante é que o financiamento empresarial abre espaço para uma 
segregação eleitoral – uma vez que campanhas milionárias apresentarão contraste em relação a campanhas 
com poucos investimentos financeiros. 
Por outro lado, há os defensores de que pessoas jurídicas podem financiar campanhas eleitorais sob a 
garantia da manifestação da liberdade de expressão além de possibilitar uma maior transparência à 
sociedade acerca das movimentações existentes e que são inevitáveis. Além disso, essa vertente sustenta 
que o foco encontra-se no combate à corrupção e essa continuará ocorrendo independentemente da 
proibição dessas doações empresariais. Esses defensores admitem uma possibilidade de se pensar somente 
em uma restrição no que diz respeito aos valores envolvidos nesses investimentos – visando a impedir uma 
segregação (campanhas milionárias x campanhas pobres) que poderá impactar no resultados das eleições. 
 
3. Voto facultativo x obrigatório: 
Existem argumentos favoráveis ao voto facultativo que se baseiam na ideia de que os candidatos devem se 
esforçar para conquistar os eleitores e, assim, estes irão exercer o seu papel de votar sob uma consciência 
política mais ampla. Dessa forma, esses teóricos sustentam de que o ideal seria que grande parcela 
populacional venha a participar do debate político, mas essa conduta deveria partir do interior de cada um 
e não através de uma imposição legal. Somente dessa forma ocorreria um engajamento de fato. 
Os argumentos contrários ao voto facultativo consistem na interferência de fatores externos (como 
ambientais) na vontade de votar por parte do eleitor e na perda de efetividade pelo fato do voto facultativo 
desestimular o eleitor a exercer o seu papel. Além de abrir margem para a perpetuação de uma oligarquia 
no poder, pode prejudicar os que abdicaram de votar tendo em vista que algumas medidas tomadas pelos 
governantes podem impactá-los negativamente. Ademais, refutam essa crença de um engajamento 
político, uma vez que seria um idealismo, sendo algo talvez a ser pensado somente a longo prazo. 
 
 
 
 
4. Forma de votar: 
Desde 1996, a urna eletrônica é utilizada no Brasil. Existem alguns defensores do uso de urnas eletrônicas, 
alguns defensores do voto escrito e alguns defensores de uma forma mista. 
Os defensores do uso da urna eletrônica sustentam que o Brasil é umareferência nesse aspecto, além de 
que as urnas eletrônicas encontram-se sob tutela de um órgão estatal que em tese deve ter a confiança dos 
cidadãos. Ademais, esse método de voto promove uma maior velocidade na realização e na computação 
dos votos. Por último, as urnas são lacradas até o momento do uso, sorteadas para o local de instalação e 
ligadas somente na tomada, sendo essa última observação utilizada para refutar uma possível interferência 
de hackers. 
Os críticos do uso da urna eletrônica sustentam a possibilidade da ocorrência de fraudes eleitorais e 
refutam essa confiança absoluta no Estado, sendo este constituído de pessoas. Ademais, os defensores do 
voto impresso ou do voto misto sustentam a necessidade de uma maior transparência e segurança no que 
diz respeito a prática de votar. 
 
5. Participação política de grupos vulneráveis – como as mulheres : 
A concepção majoritária atualmente refuta a máxima de que as mulheres não possuem interesse pela 
política. O eleitorado brasileiro é constituído predominantemente por mulheres e, cada vez mais, mulheres 
tem ocupado cargos políticos e interessando-se por essa área. Entretanto, o Brasil ainda carece de 
promover uma representatividade eficaz da mulher na política. 
Hoje, todos disputam vagas independentemente do gênero e 30% no mínimo de candidatos enviados pelo 
partido a concorrência deve ser constituído por mulheres. 
Nesse sentido, se faz necessário repensar uma solução como a garantia da liberdade dos partidos poderem 
lançar quem quiserem, mas arcando com as consequências. Ademais, conforme adotado na Argentina, uma 
medida plausível entrelaçada a essa liberdade partidária corresponde à reserva de vagas de eleitos 
específicas para homens e para mulheres, sendo mais próximo de atingir o que se busca no que tange à 
representatividade. Destarte, os partidos buscariam, de forma mais eficaz, mulheres para a concorrência. A 
título exemplificativo, se um partido buscasse lançar somente homens, esse partido concorreria apenas à 
metade das cadeiras, perdendo, por conseguinte, representatividade na ocupação de cadeiras. 
 
Thiago Coelho – FBDG 2021.1 
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