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FARMACO II

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Bases da Terapêutica II – Prof. Eduardo Ghisolfi Carolina Boeira Soares – ATM 2024 
SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO 
→ O SNA, em conjunto com o sistema endócrino, coordena a regulação e a integração das funções corporais 
→ Sistema endócrino → hormônios 
→ SNA → impulsos elétricos percorrem as fibras efetoras até os órgãos-alvo 
Fármacos autonômicos 
→ São fármacos que funcionam primariamente modulando a atividade do SNA 
Simpaticomiméticos Agonistas simpáticos Agonistas adrenérgicos: adrenalina, salmeterol, 
fenilefrina 
Simpaticolíticos Antagonistas simpáticos Antagonistas adrenérgicos: betabloqueadores, 
fentolamina, reserpina 
Parassimpaticomiméticos Agonistas do 
parassimpático 
Agonistas colinérgicos: acetilcolina, pilocarpina, 
neostigmina 
Parassimpaticolíticos Antagonistas do 
parassimpático 
Antagonistas colinérgicos: atropina, escopolamina, 
nicotina, succinilcolina 
 
Introdução ao sistema nervoso 
→ Duas seções anatômicas: o SNC e o Sistema Nervoso Periférico (neurônios 
fora do encéfalo e da medula espinal; isto é, são os nervos que entram e 
saem do SNC) 
→ O SNP é dividido em aferente e eferente 
 
Divisão funcional 
→ A porção eferente do SNP é dividida em: 
- Sistema somático: Controle voluntário (músculos esqueléticos) 
- Sistema Nervoso Autônomo: Regulação das funções vitais sem a participação 
consciente do cérebro 
 
Sistema Nervoso Autônomo 
→ Também é denominado sistema vegetativo ou involuntário 
→ Composto por fibras eferentes que inervam os músculos lisos das vísceras, o do coração, o vascular e as 
glândulas exócrinas 
→ Controla a digestão, o débito cardíaco, o fluxo sanguíneo e as secreções glandulares 
→ Anatomia: 
Neurônios 
eferentes 
- O neurônio pré-ganglionar tem seu corpo no cérebro e fazem sinapse na periferia, nos 
gânglios 
- O neurônio pós-ganglionar tem corpo no gânglio, em geral não é mielinizado e termina 
nas fibras que atingem os órgãos efetores 
Neurônios 
aferentes 
- São importantes como sensores, fazendo o feedback no SN 
- Ex: os baroceptores 
Neurônios 
simpáticos 
- O SNA: simpático, parassimpáticos e entérico 
- Neurônios simpáticos: emergem através das regiões torácica e lombar da medula espinal 
(de T1 a L2) e fazem sinapse em cadeias de gânglios paravertebrais (fibra pré-ganglionar é 
curta) = Chamada divisão toracolombar 
- Um neurônio pré se relaciona a vários pósganglionares 
Bases da Terapêutica II – Prof. Eduardo Ghisolfi Carolina Boeira Soares – ATM 2024 
- Obs: a medula da suprarrenal é uma espécie de “gânglio modificado” 
Neurônios 
parassimpáticos 
- Emergem como fibras com os nervos craniais III (oculomotor), VII (facial), IX 
(glossofaríngeo) e X (vago) e da região sacral (S2 a S4), fazendo sinapse em gânglios 
próximos aos órgãos efetores 
- Inervam a maioria dos órgãos das cavidades torácica e abdominal 
- Divisão craniossacral 
- Fibras pré-ganglionares longas 
- Relação um-pra-um (neurônios pré e pósganglionares) 
Neurônios 
entéricos 
- Uma coleção de fibras que inervam o TGI, pâncreas e vesícula biliar 
- É o “cérebro do intestino” 
- Funciona independentemente do SNC Controla motilidade, as secreções endógenas e 
exógenas e a microcirculação do TGI 
- É modulado tanto pelo simpático quanto pelo parassimpático 
 
Funções do SN Simpático 
→ Resposta a situações estressantes: trauma, medo, frio, hipoglicemia e exercício 
1. Efeitos da estimulação simpática: aumentar PAS, FC, mobilizar energia, direcionar fluxo sanguíneo para os 
órgãos vitais 
2. A resposta de “luta e fuga”, ou melhor “lute ou fuja”: atividade como uma unidade do simpático 
 
Funções do SN Parassimpático 
→ Envolvida na homeostasia corporal 
→ Mantém as funções corporais essenciais 
→ Em parte, atua opondo-se ao simpático 
→ Domina nas situações de repouso e de digestão 
→ Não costuma atuar (disparar em bloco); se acontecer → sintomas indesejáveis, com descontrole das 
evacuações; síndrome vaso vagal 
 
Papel do SNC no controle das funções autonômicas 
→ Homeostase por retroalimentação 
→ Arcos reflexos: a maioria dos impulsos aferentes não passa pela consciência 
→ O arco compreende um ramo sensorial (aferente) e um motor (eferente) 
→ Emoções e SNA: estímulos que provocam sensações fortes (raiva, medo, prazer) podem modificar a 
atividade do SNA 
 
Inervação pelo SNA 
1. Inervação dupla 
→ Pelo simpático e pelo parassimpático 
→ Em geral, um é predominante, ajuste fino e dinâmico 
→ A maioria dos órgãos 
2. Órgãos que só recebem inervação simpática 
→ Medula suprarrenal, os rins, os músculos piloeretrores e as glândulas sudorípara 
→ Controle da PAS 
 
SN Somático 
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→ Um único neurônio motor mielinizado vai do SNC até o músculo efetor (sem gânglios intermediários) 
→ Controle voluntário 
→ Respostas mais rápidas que as dos SNA 
 
Sinalização química entre as células 
→ Espectro de mediação: hormônios, mediadores locais e neurotransmissores 
Sinalização sináptica Sinalização endócrina 
- Mais rápida 
- Alta concentração 
- Receptores menos sensíveis 
- Local específico 
- Mais lenta 
- Baixa concentração 
- Receptores de grande sensibilidade 
- Difusa 
Neurotransmissores 
→ São unidades distintas 
→ Sem continuidade estrutural entre si 
→ Comunicação por emissão de sinais químicos específicos (neurotransmissores): potencial de ação, papel do 
íon cálcio, exocitose de vesículas sinápticas, difusão pelo espaço sináptico, ligação a receptores no botão 
pós-sináptico 
→ Mais de 50 já foram identificados 
→ Seis são os mais relevantes: norepinefrina (NE) ou noradrenalina (NA), acetilcolina (ACh), dopamina (D), 
serotonina (5HT), histamina (His), ácido γ-amino butítico (GABA) 
→ Cada neurotransmissor se liga a uma família de receptores mais ou menos específicos 
→ Os principais sinalizadores no SNA são acetilcolina e noradrenalina 
→ Outros cotransmissores podem ser liberados em conjunto (como ATP, p. ex.) 
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Acetilcolina 
→ Se a transmissão for mediada por acetilcolina o neurônio é dito “colinérgico” 
→ Faz a sinalização sobre os gânglios autônomos do simpático e do parassimpático e sobre a suprarrenal 
→ Na maioria dos casos para o parassimpático e em apenas alguns casos para o simpático, a fibra pós-
ganglionar também opera liberando acetilcolina 
→ A transmissão na junção neuromuscular (JNM) também é colinérgica 
 
Noraepinefrina e Epinefrina 
→ Nesse caso, a fibra é denominada adrenérgica 
→ Diferença nas estruturas: grupo metil na epinefrina no lugar de um hidrogênio da noraepinefrina 
→ No simpático é a noradrenalina que é liberada pelos neurônios das fibras pósganglionares 
→ Obs1: Poucas fibras simpáticas, como as envolvidas na sudoração, são colinérgicas 
→ Obs 2: O músculo liso renal pós-ganglionar é inervado por dopamina 
 
Sistemas de segundo mensageiro na resposta intercelular 
→ Segundo mensageiro é a molécula intracelular que se forma para mediar os efeitos da ligação do mensageiro 
intercelular ao receptor celular (de membrana ou intracelular) 
→ Receptores de membrana que afetam a permeabilidade iônica 
→ Regulação envolvendo moléculas segundo mensageiras 
 
→ É necessário levar em conta a anatomia do sistema nervoso, para entender a sua relevância fisiológica e daí, 
então, poder compreender como funcionam os fármacos que modulam o SNA 
 
 
 
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AGONISTAS COLINÉRGICOS 
→ Fármacos que atuam no SNA são divididos em dois grupos: os colinérgicos e os adrenérgicos 
→ Eles atuam estimulando ou bloqueando cada tipo de transmissão 
Ação direta Ação indireta (reversíveis) Ação indireta (irreversível) 
Acetilcolina 
Betanecol 
Carbacol 
Cevimelina 
Nicotina 
Pilocarpina 
Ambenônio 
Donepezila 
Edrofônio 
Fisostigma 
Galantamina 
NeostigminaPiridostigmina 
Rivastigmina 
Ecotiofolato 
 
 
 
Reativador da acetilcolinesterase 
Pralidoxima 
Neurônio colinérgico 
→ Usam acetilcolina como transmissor 
→ A fibra pré-ganglionar que termina na adrenal 
→ As fibras pré-ganglionares dos gânglios autônomos, tanto o simpático quanto o parassimpático 
→ As fibras pós-ganglionares da 
divisão parassimpáticas 
→ Neurônios colinérgicos que 
inervam os músculos do sistema 
somático 
→ A divisão pós-ganglionar das 
fibras simpáticas que inervam 
as glândulas sudoríparas 
→ Pacientes com doença de 
Alzheimer tem perda de 
neurônios colinérgicos em lobo 
temporal e no córtex entorrinal 
→ A maioria dos fármacos 
disponíveis para tratar essa 
doença são inibidores da 
acetilcolinesterase 
A neurotransmissão nos neurônios 
colinérgicos 
→ Envolve 6 etapas sequenciais 
1. Síntese de acetilcolina - A colina é transportada do LEC para o citoplasma do 
neurônio colinérgico 
- Sistema de cotransporte com Na+ 
- Inibido por hemicolínio 
- É o passo limitante da síntese 
- Acetil Coa-A vem da mitocôndria 
2. Armazenamento de acetilcolina em vesículas - Ach é “empacotada” em vesículas présinápticas 
- Por antiporte com H+ 
- A vesícula contém também ATP, o qual funciona como 
cotransmissor 
3. Liberação de acetilcolina - Potencial de ação se propaga por canais de Na+ 
voltagem-dependentes 
- Abrem canais de Ca++ voltagemdependentes na 
membrana pré-sináptica 
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4. Ligação com o receptor 
 
- Após a difusão na fenda, pode haver ligação aos 
receptores pós-sinápticos no botão, ao receptor pré-
sináptico ou a outro receptor em outra célula alvo 
5. Degradação de acetilcolina 
 
- O sinal é interrompido rapidamente por degradação 
- Hidrólise pela acetilcolinesterase 
- Existe uma butirilcolinesterase no plasma (mas seu 
papel é muito pequeno na fenda sináptica) 
6. Reciclagem da colina 
 
- Sistema de alta afinidade para recaptação 
- Dentro do neurônio a colina é novamente acetilada 
 
Receptores colinérgicos (colinoceptores) 
→ Existem duas famílias, os muscarínicos e os nicotínicos, diferenciados inicialmente pela afinidade de ligação a 
substâncias como a muscarina e a nicotina 
 
Receptores muscarínicos 
Características São receptores da família dos metabotrópicos (acoplados à proteína G). Cinco 
subclasses identificadas (M1, M2, M3, M4 e M5), mas só os três primeiros estão 
bem caracterizados funcionalmente. 
Localização - Gânglios do SNP 
- Órgãos efetores: coração, músculo liso, cérebro e glândulas exócrinas 
- No cérebro: todos 
- M1: nas células parietais gástricas 
- M2: célula cardíacas e músculo liso 
- M3: Bexiga, glândula exócrinas e músculo liso 
Mecanismos de transdução 
de sinal pela acetilcolina 
- M1 ou M3 → Gq (ativa a fosfolipase C) → DAG e IP3 (segundos mensageiros); IP3 
→ elevação do [Ca++]ic → estimular ou inibir enzimas, hiperpolarização, secreção 
ou contração 
- M2 → Gi(inibe a adenililciclase) → aumento da condutância para K+ no músculo 
cardíaco (bradicardia) 
Agonistas e antagonistas 
muscarínicos 
- Esforço para obter agentes mais específicos 
- Ex: pirenzepina é mais específica para M1 (mucosa gástrica) → menos efeitos 
adversos, mas causa taquicardia reflexa por bloquear M2 cardíacos... 
- Nenhum fármaco atualmente importante atua apenas sobre M4 ou M5 
 
Receptores nicotínicos 
Características Composto por cinco subunidades, atua como um canal iônico disparado por ligante. A nicotina 
em baixa concentração estimula o receptor; em alta, bloqueia 
Localização - Localizam-se no SNC, na suprarrenal, nos gânglios autonômicos e na junção neuromuscular 
- Ex.: os receptores ganglionares são bloqueados seletivamente por hexametônio e os da JNM 
por tubocurarina 
Bases da Terapêutica II – Prof. Eduardo Ghisolfi Carolina Boeira Soares – ATM 2024 
 
Agonistas colinérgicos de ação direta 
→ Mimetizam os efeitos da Ach 
→ Dois grupos: os ésteres da colina (Ach, carbacol, betanecol) e os alcaloides de ocorrência natural 
(pilocarpina) 
→ Obs: pilocarpina e betanecol (são úteis na clínica) se ligam preferencialmente a receptores muscarínicos; 
contudo, agonistas de ação direta têm uso limitado 
→ Efeitos adversos: náuseas, emergências diuréticas, diarreia, diadorese (suor excessivo), miose (característica 
marcante) 
 
Acetilcolina 
→ Não penetra através das membranas 
→ Tem pouca importância terapêutica em função dos múltiplos efeitos (ação difusa) e à sua rápida inativação 
pela acetilcolinesterase 
→ Tem atividade nicotínica e muscarínica 
→ Possui diversas ações: 
→ Diminuição da frequência e do débito cardíaco: mimetiza efeito da estimulação vagal; diminui FC e volume 
sistólico, por interferência via nodo SA 
→ Diminuição da PAS: por vasodilatação, ativando receptores M3 (libera NO – vasodilatador) 
→ Outras: aumenta salivação e estimula secreções e motilidade intestinal, ajuda na emissão da urina, contrai o 
músculo ciliar do olho e provoca miose 
→ Obs: solução de ACh (1%) é instilada na câmara ocular, durante cirurgia oftalmológica para provocar miose 
 
Betanecol 
→ O betanecol não é hidrolisado pela colinesterase! 
→ Forte atividade muscarínica, sem atividade nicotínica, agindo na musculatura lisa da bexiga urinária e no TGI 
→ Aumenta a motilidade e o tônus intestinal 
→ Estimula o músculo detrusor da bexiga, enquanto relaxa o trígono e os esfíncteres 
→ Usado para o tratamento de bexiga atônica, particularmente na retenção urinária não obstrutiva, no pós-
parto ou no pós-operatório; também para bexiga com atonia neurogênica e no megacólon 
 
Carbacol (carbamilcolina) 
→ Apresenta ações muscarínicas e nicotínicas 
→ É estimulante ganglionar, com efeito pronunciado no TGI e no coração (primeiro 
estimula e depois deprime esses sistemas) 
→ Pode mimetizar a ação da nicotina, liberando epinefrina (é parassimpático mimético, 
mas, por essa ação, pode ter um pouco de ação simpática) 
→ No olho, se instilado, causa espasmo e acomodação com miose persistente 
→ É usado topicamente para diminuir a pressão intraocular de ângulo amplo ou 
estreito, particularmente em pacientes que se tornaram tolerantes à pilocarpina 
→ Pouco ou nenhum efeito adverso, nas doses utilizadas em oftalmologia 
 
Pilocarpina 
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→ Resiste à hidrólise pela AChE 
→ É menos potente que outros colinomiméticos diretos 
→ Apresenta atividade muscarínica e tem uso primário oftalmológico 
→ Produz rápida miose com paralisia da acomodação visual (efeito contrário ao da atropina) 
→ É um dos mais potentes estimuladores das secreções (suor, lágrimas e saliva) → uso limitado pela falta de 
seletividade 
→ Útil nos pacientes com xerostomia por irradiação de cabeça e pescoço, na síndrome de Sjögren (xerostomia 
e falta de lágrimas) 
→ Possui uso terapêutico para a redução de emergência da pressão intraocular, no glaucoma de ângulo 
estreito e no de ângulo amplo 
→ É amina terciária não ionizada que pode entrar no SNC 
→ Obs: a acetazolamida e o timolol são eficazes no tratamento crônico do glaucoma, mas não na emergência 
→ A pilocarpina pode causar distúrbios no SNC, sudorese excessiva e salivação (efeitos similares aos do 
consumo dos cogumelos do gênero Inocybe; podem ser revertidos com atropina) 
 
Agonistas colinérgicos de ação indireta: inibidores da acetilcolinesterase (reversíveis) 
→ São fármacos que podem produzir efeitos em todos os neurônios colinérgicos 
→ Os inibidores reversíveis podem ser classificados como fármacos de ação curta ou intermediária 
 
Edrofônio 
→ É o protótipo do inibidor de ação curta 
→ 10 a 20 minutos (rápida eliminação renal) 
→ Ações limitadas à periferia 
→ Usado no diagnóstico de miastenia grave (provoca rápido reestabelecimento da força muscular) 
→ O excesso desse fármaco pode provocar crise colinérgica(reversível com atropina) 
→ Pode ser usado para reverter os efeitos de bloqueadores neuromusculares competitivos não despolarizantes 
após a cirurgia 
→ Seu uso tornou-se limitado pela disponibilidade de fármacos mais novos 
 
Fisostigmina 
→ Forma complexo com a AChE, potencializando a atividade colinérgica em todo o organismo 
→ Efeitos amplos (nicot. e muscar.) 
→ Duração de 2 a 4 horas (fármaco de ação intermediária) 
→ Aumenta motilidade do intestino e da bexiga urinária; no olho produz miose e espasmo de acomodação, 
com diminuição da PIO 
→ Pode ser usada no tratamento do glaucoma, mas a pilocarpina é mais eficaz Usada como antídoto para 
fármacos anticolinérgicos 
→ Efeitos adversos: no SNC pode provocar convulsões; pode ocorrer contração do músculo liso visceral, miose, 
pode haver bradicardia e queda da PAS; pode acumular ACh na junção neuromuscular e provocar paralisia 
ao final → esses efeitos são raros em doses terapêuticas 
 
Neostigmina 
→ Similar à fisostigmina 
→ Ação de 30 min a 2 horas 
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→ Usada para estimular bexiga e TGI e como antagonista da tubocurarina, no tratamento da miastenia grave 
→ Efeitos adversos: síndrome de estimulação colinérgica generalizada 
→ É contraindicada se houver obstrução intestinal ou na bexiga e nos pacientes com peritonite o DII 
Piridostigmina e ambenônio 
→ Outros inibidores da acetilcolinesterase usados no tratamento da miastenia grave 
→ Duração de ação intermediária (de 3 a 6 e de 4 a 8 horas) 
 
Tacrina, denepezila, rivastigmina e galantamina 
→ Usados como potencializadores cognitivos para amenizar sintomas na doença de Alzheimer 
→ Não curam ou revertem a doença, mas melhoram sintomas 
→ Pode ser usado com memamtina em doença moderada à grave 
→ A tacrina foi o primeiro, mas é muito hepatotóxica. 
→ Efeito adverso comum: distúrbio TGI 
 
Agonistas colinérgicos de ação indireta: anticolinesterásicos (irreversíveis) 
→ Vários organofosforados sintéticos ligamse covalentemente à AChE 
→ Aumento de longa duração nos níveis de Ach na fenda sináptica 
→ São tóxicos, usados como armas químicas ou como pesticidas; pouco uso 
clínico (exceção: ecotiofato) 
 
Ecotiofato 
→ Se liga covalentemente à enzima 
→ Após um tempo (envelhecimento) ocorre perda do grupo acila, 
impedindo a ação de fármacos que possam regenerar a enzima, como a 
pralidoxima 
→ Causa estimulação colinérgica generalizada, com paralisia da função 
motora e convulsões 
→ Provoca intensa miose e pode ter uso clínico para isso; parte dos efeitos 
são revertido por altas doses de atropina 
 
Toxicologia dos inibidores da acetilcolinesterase 
→ Usados como inseticidas: olhos, boca, pele e nariz sõa vias de contaminação 
→ Casos de intoxicação acidentais são comuns (pralidoxima é antidoto na periferia, mas não entra no SNC) 
→ Com substâncias mais 
novas, para as quais o 
envelhecimento da 
enzima é mais rápido, a 
pralidoxima é ineficaz 
→ Usa-se também atropina, 
como antídoto dos efeitos 
muscarínicos, e 
diazepam para prevenir e 
tratar as convulsões 
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ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS 
→ Bloqueadores colinérgicos, ou parassimpaticolíticos, ligam-se aos receptores colinérgicos, mas não causam 
efeitos mediados por esses receptores 
→ Os mais úteis são os que fazem bloqueio seletivo dos receptores muscarínicos dos nervos parassimpáticos 
→ Os bloqueadores ganglionares (são menos usados, clinicamente) 
→ Os bloqueadores neuromusculares são úteis no relaxamento muscular em cirurgia, anestesia, na intubação e 
em vários procedimentos ortopédicos 
Antimuscarínicos Bloqueadores ganglionares Bloqueadores neuromusculares 
Atropina 
Benztropina 
Ciclopentolato 
Cloreto de tróspio 
Darifenacina 
Escopolamina 
Fesoterodina 
Ipratrópio 
Oxibutinina 
Solifenacina 
Tiotrópio 
Tolterodina 
Triexifenidila 
Tropicamida 
Nicotina Cisatracúrio 
Pancurônio 
Rocurônio 
Succinilcolina 
Vecurônio 
 
Fármacos antimuscarínicos 
→ Atropina e escopolamina 
→ Bloqueiam receptores muscarínicos pós-ganglionares de acetilcolina – SN Parassimpático 
→ Não atuam em receptores adrenérgicos e nicotínicos 
→ Causam inibição de todas as funções muscarínicas 
→ Bloqueiam as poucas fibras colinérgicas simpáticas (glândulas sudoríparas e salivares) 
→ Possuem vários usos clínicos 
→ Pouca ação na junção neuromuscular e nos gânglios autonômicos (não bloqueiam os receptores nicotínicos) 
→ Obs: vários anti-histamínicos e antidepressivos também têm atividade antimuscarínica 
 
Atropina 
→ Bloqueador competitivo da acetilcolina 
→ Age central e perifericamente 
→ Efeitos duram cerca de 4 horas 
→ Quando aplicada no olho, o efeito pode durar dias (beladona – planta que causa midríase) 
→ Órgãos neuroefetores têm sensibilidade variável 
→ Os efeitos inibidores mais intensos se dão nos brônquios e nas secreções de suor e de saliva 
→ Ações: 
- Olho: midríase persistente; ausência de resposta à luz; cicloplegia (diminuem a resposta da movimentação e da 
foto sensibilidade do globo ocular); PIO pode aumentar no glaucoma de ângulo estreito (perigosamente). Nos 
exames oftalmológicos são preferidos a tropicamida (antimuscarínico) ou a fenilefrina (α-adrenérgico) para provocar 
midríase, ambos de ação mais curta 
- Trato gastrointestinal: antiespasmódico (hiosciamina), reduz motilidade (não tem muito efeito na secreção 
gástrica) 
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- Sistema urinário: reduz a hipermotilidade da bexiga, pode ser usada no tratamento da enurese em crianças (mas 
agonistas α-adrenérgicos são melhores) 
- Cardiovascular: efeitos divergentes, dependendo da dose 
Em dose baixa Diminui FC por bloqueio M1 em receptores pré-sinápticos, aumentando a liberação de ACh 
Em dose alta Aumento modesto da FC por bloqueio M2 
PAS não é afetada, mas pode haver vasodilatação em doses altas 
- Secreções: bloqueia glândulas salivares, causa xerostomia, afeta glândulas sudoríparas e lacrimais (a pouca 
sudorese pode implicar em hipertermia em pacientes vulneráveis, idosos e, principalmente, crianças, por exemplo) 
→ Usos terapêuticos: 
- Oftálmico (midríase e cicloplegia): mas 7 a 14 dia de efeito! Tropicamida e ciclopentolato (antimuscarínicos de ação 
mais curta, só 6 a 24 horas). 
- Antiespasmódico (L-hiosciamida): relaxar a bexiga e o TGI 
- Antagonista de agonista colinérgicos: antídoto em intoxicações (inseticidas inibidores da acetilcolinesterase, 
cogumelos) 
- Antissecretor: antes de cirurgia do trato respiratório superior e inferior 
→ Farmacocinética: bem absorvida. Parcialmente metabolizada no 
fígado; eliminada pela urina. Meia-vida de 4 horas 
→ Efeitos adversos: constipação, retenção urinária, visão borrada, 
confusão mental, midríase persistente 
→ Doses baixas de fisostigmina (inibidor da colinesterase) podem ser 
usadas para neutralizar a toxicidade da atropina 
Idosos → risco de manifestar glaucoma latente 
Crianças → risco de hipertermia 
 
Escopolamina 
→ Produz efeitos periféricos similares à atropina, na periferia 
→ Ação maior no SNC 
→ Duração mais longa 
→ É um dos fármacos anticinetósicos mais eficientes 
→ Bloqueia a memória de curta duração 
→ Produz sedação em doses usuais; em doses mais altas pode produzir excitação 
→ Pode causar euforia e ser utilizada abusivamente 
→ Usos terapêuticos: prevenção de doenças do movimento, como viagens, no carro ou mar (cinetose) e 
amnésia pode ser útil como complemento em procedimentos que requeiram anestesia 
→ Farmacocinética e efeitos adversos similares aos da atropina 
 
Ipratrópio e tiotrópio 
→ São derivados quaternários da atropina 
→ Usados por inalação 
→ Derivados da atropina 
→ Usados como broncodilatadores (na DPOC, na bronquite crônica e no enfisema e na asma)→ Efeito periférico (não entram no SNC) 
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Tropicamida e ciclopentolato 
→ Usados como soluções oftálmicas para midríase e cicloplegia 
→ Duração de efeito mais curta do que a atropina 
 
Benztropina e triexifenidila 
→ Foram úteis como complementos no tratamento da Doença de Parkinson e como antiparkinsonianos no 
tratamento de efeitos adversos extrapiramidais induzidos por antipsicóticos 
→ Porém foram substituídos por fármacos como levodopa/carbidopa 
→ Continuam uteis para tratar parkinsonismo por síndrome extrapiramidal secundária ao uso de antipsicóticos, 
por exemplo (relativamente úteis em pacientes geriátricos, que não toleram outros fármacos mais 
excitatórios) 
 
Darifenacina, fesoterodina, oxibutinina, solifenacina, tolterodina e cloreto de tróspio 
→ Like-atropina 
→ Usados no tratamento da doença da bexiga superativa 
→ Diminuem a pressão intravesical 
→ A oxibutinida está disponível de forma transdérmica, com efeitos adversos mais toleráveis (menos 
xerostomia) 
 
Bloqueadores ganglionares 
→ Atuam particularmente nos gânglios autonômicos (simpático e parassimpático), nos receptores nicotínicos 
→ Alguns bloqueiam os canais iônicos dos gânglios autonômicos 
→ Não são eficazes como antagonistas musculares pela falta de especificidade 
→ Bloqueiam completamente o impulso no SNA por receptores nicotínicos 
→ Exceto a nicotina, os demais, nessa classe, são antagonistas não despolarizantes competitivos 
→ As respostas bloqueadoras não-despolarizantes são complexas 
→ Conhecendo-se o tônus predominante em cada sistema, é possível prever o efeito do bloqueio, sempre no 
sentido contrário ao tônus (por exemplo, nas arteríolas o tônus simpático é predominante; assim o bloqueio 
provoca vasodilatação) 
→ Raramente têm uso na terapêutica; seu principal uso é experimental 
 
Nicotina 
→ Uso médico se restringe aos adesivos para 
tratamento antitabágico 
→ Em doses baixas (estimulação dos 
gânglios) → aumento da PAS e da FC e 
aumenta motilidade e a produção de 
secreções 
→ Em doses altas (despolarização) → cai a 
PAS e a atividade em TGI e bexiga diminui 
 
 
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Mecamilamina 
→ Produz bloqueio competitivo nos gânglios 
→ Foi suplantada por fármacos com menos efeitos adversos 
 
Fármacos bloqueadores neuromusculares 
→ Bloqueiam a transmissão colinérgica entre o terminal nervoso motor e o receptor nicotínico no músculo 
esquelético 
→ São análogos estruturais da acetilcolina 
→ Podem atuar como antagonistas (não despolarizantes) ou como agonistas (despolarizantes) nos receptores 
da placa motora da junção neuromuscular 
→ São úteis clinicamente para facilitar intubação endotraqueal e oferecer relaxamento muscular completo 
 
Bloqueadores não despolarizantes (competitivos) 
→ Protótipo: curare 
→ Depois: tubocurarina 
→ Na sequência: cisatracúrio, pancurônio, 
rocurônio e vencurônio (menos efeitos 
adversos) 
→ Aumentaram significativamente a 
segurança da anestesia (menos 
anestésico, recuperação mais rápida e 
completa após a cirurgia) 
→ Porém, não servem como substitutos 
para os anestésicos! 
→ Mecanismo de ação: 
- Os não despolarizantes bloqueiam 
completamente o receptor de acetilcolina, 
impedindo a despolarização e inibindo a 
contração muscular 
- A ação competitiva pode ser superada com o 
uso de inibidores da colinesterase (em doses 
baixas) 
- A monitorização do efeito pode ser feita através 
de estímulo elétrico (se doses baixas; em doses 
altas e com bloqueio completo, não) 
→ Músculos pequenos e de contração rápida são mais suscetíveis, na face, seguidos dos de dedos, pernas, 
músculos do pescoço e do tronco, intercostais e diafragma 
→ Os músculos se recuperam na ordem inversa 
→ Farmacocinética: todos são usados IV, ocasionalmente IM. Não penetram pelo intestino nem atingem o SNC 
→ Efeitos adversos mínimos 
→ Interações farmacológicas: 
- Inibidores da colinesterase: podem antagonizar o efeito do relaxante 
- Anestésicos hidrocarbonetos halogenados: potencializam o bloqueio por ação estabilizante na JNM 
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- Aminoglicosídeos: gentamicina e tobramicina inibem a liberação de ACh dos nervos colinérgicos; podem aumentar 
o bloqueio 
- BCC: podem aumentar o bloqueio 
 
Fármacos despolarizantes 
→ Atuam por despolarização similar à da Ach, mas são fármacos mais resistentes à ação da colinesterase, 
produzindo despolarização persistente 
→ A succinilcolina é o único relaxante muscular despolarizante utilizado atualmente 
→ Mecanismo de ação: de início, a ação sobre o receptor provoca abalos musculares (fase I), a partir do qual 
persistindo a ligação não são mais possíveis novos estímulos sobre a placa motora, levando ao relaxamento 
do músculo (fase II) 
 
→ Os músculos respiratórios são paralisados por último 
→ Como pode causar dor no início do uso, pode-se usar pré-medicação com o agente não-despolarizante 
→ A duração é extremamente curta (rápida hidrólise pela pseudocolinesterase), mas a molécula que alcança a 
junção neuromuscular fica protegida da hidrólise 
→ Útil na intubação endotraqueal rápida durante a indução da anestesia (essencial para prevenir aspiração de 
conteúdo gástrico) 
→ Usada no preparo da eletroconvulsoterapia (tratamento de transtornos psiquiátricos) 
→ Farmacocinética: injetada por via IV. Breve ação devido à redistribuição rápida (poucos minutos). Por vezes, 
se usa infusão contínua 
→ Efeitos adversos: hipertermia maligna em pacientes suscetíveis, apneia (nos pacientes com deficiências 
genéticas de colinesterase), hiperpotassemia (pode haver liberação de potássio das reservas intracelulares, 
particularmente perigosa em pacientes queimados ou com lesão tecidual extensa, nos quais o potássio é 
perdido rapidamente pelas células) 
 
 
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AGONISTAS ADRENÉRGICOS 
Ação direta Ação indireta Ação mista (direta e indireta) 
Clonidina 
Dobutamina* 
Dopamina* 
Epinefrina* 
Fenilferina 
Fenoldopam 
Formoterol 
Isoproterenol* 
Mirabegrona 
Norepinefrina* 
Salbutamol 
Salmeterol 
Terbutalina 
 
*Catecolaminas 
Anfetamina 
Cocaína 
Efedrina 
Pseudoefedrina 
→ Simpaticomiméticos: atuam sobre receptores adrenérgicos, ativando-os. Podem ter ação direta (agindo 
diretamente como agonistas de receptores adrenérgicos), ação indireta (aumentando a liberação ou 
inibindo a recaptação de noradrenalina) ou ação mista 
→ Simpaticolíticos: diminuem a atividade adrenérgica 
 
Neurônio adrenérgico 
→ Norepinefrina é o transmissor primário 
→ Encontrados no SNC e no periférico 
 
Neurotransmissão nos neurônios adrenérgicos 
1. Síntese de norepinefrina (NE) 
2. Armazenamento de NE em vesículas 
3. Liberação de NE 
4. Ligação aos receptores 
5. Remoção de NE 
6. Possíveis destinos 
 
Receptores adrenérgicos (adrenoceptores) 
→ Tipos de receptores e afinidade de 
ligação: 
RECEPTOR α RECEPTOR β 
Maior afinidade com epinefrina, e menor com 
isoproterenol. 
 
Maior afinidade com isoproterenol, e menor com 
noraepinefrina. 
 
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Potência (norepinefrina X epinefrina) 
→ Norepinefrina “ganha” para α1 e β1 
→ Epinefrina (Adr) “ganha” para α2 e β2 
→ Empate para β3 
→ A potência em cada tecido será determinada pelo tipo de receptor que está mais expresso 
Existem 5 tipos de adrenoceptores: 2 do tipo α e três do tipo β. Todos os receptores são ligados à proteína G, mas: 
- β: agem de modo estimulatório, aumentando a produção de AMPc pela adenilil-ciclase. 
- α: agem ativando a fosfolipase C e produzindo IP3 (trifosfato de iositol) e DAG (di-acilglicerol) 
* α2 DIMINUI a quantidadede AMPc = atividade inibitória na adenilil-ciclase 
 
α1 α2 β1 β2 β3 
NE Adr ISO (NE > Adr) ISO (Adr > NE) ISO (NE = Adr) 
- Vasoconstrição 
- Aumento da 
resistência periférica 
- Aumento da PAS 
- Midríase 
- Maior fechamento 
do esfíncter interno 
da bexiga urinária 
- Inibição da 
liberação de NE 
- Inibição da 
liberação de 
acetilcolina 
- Inibição da 
liberação de insulina 
- Taquicardia 
- Aumento da 
lipólise 
- Aumento da 
contratilidade do 
miocárdio 
- Aumento da 
liberação de renina 
- Vasodilatação 
- Diminuição da 
resistência periférica 
- Broncodilatação 
- Aumento da 
glicogenólise 
hepática e muscular 
- Aumento da 
liberação de 
glucagon 
- Relaxamento da 
musculatura uterina 
- Lipólise 
- Músculo detrusor 
da bexiga 
α1A, α1, α1C, α1D α2A, α2B, α2C Dessensibilização dos β-receptores. Ocorre com a exposição 
prolongada por três mecanismos: (1) sequestro dos receptores de 
forma que ficam indisponíveis para ligação, (2) desaparecimento do 
receptor por destruição ou diminuição da síntese ou (3) incapacidade 
de acoplar-se à proteína G por fosforilação do domínio IC. 
→ A clonidina é um agonista do receptor α2 pré-sináptico 
→ A tansulosina é um antagonista seletivo α1A, usada para o tratamento da hiperplasia benigna de próstata, 
com poucos efeitos adversos cardiovasculares porque o subtipo α1A é encontrado no TGI e na próstata, 
enquanto o α1B é encontrado nos vasos 
 
Características dos agonistas adrenérgicos 
→ Catecolaminas 
- Alta potência (α e β) 
- Inativação rápida (pela COMT pós-sinapticamente e pela MAO na parede intestinal e no fígado) 
- Escassa penetração no SNC (mas o que lá chega causa sintomatologia e sinais clínicos 
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→ Aminas não-catecólicas 
- Não são metabolizadas pela COMT e são mal metabolizadas pela MAO (meia-vida 
mais longa), e são mais lipossolúveis (chegam mais ao SNC 
→ Substituições no nitrogênio amínico 
- É importante determinante da beta-seletividade 
 
Mecanismo de ação dos agonistas adrenérgicos 
→ Ação Direta: atuam diretamente nos receptores. Ex.: epinefrina, 
norepinefrina, isoproterenol e fenilefrina 
→ Ação Indireta: podem bloquear a captação da norepinefrina (p.ex., a cocaína) 
ou promover a sua liberação (p.ex., anfetaminas) 
→ Ação mista: ex: a efedrina e a pseudoefedrina estimulam adrenorreceptores 
diretamente e promovem a liberação de norepinefrina 
 
Agonistas adrenérgicos de ação direta 
Epinefrina 
→ Interage com receptores α e β 
→ Em doses baixas predominam os efeitos β (vasodilatação) 
→ Em doses altas predominam os efeitos α (vasoconstrição) 
→ Sistema cardiovascular: 
- Reforça a contratilidade (inotropismo +): β1 
- Aumenta FC (cronotropismo +): β1 
- Aumenta DC 
- Promove a liberação de renina: β1 
- Contrai arteríolas da pele, das mucosas e das 
vísceras: α 
- Dilata os vasos que vão ao fígado e ao músculo 
esquelético: β2 
- Efeito combinado na PAS: aumenta sistólica e 
diminui a diastólica 
→ Sistema respiratório: 
- Broncodilatação: β2 
- Inibe a liberação de mediadores de alergia: histamina dos mastócitos 
→ Hiperglicemia: 
- Aumenta a glicogenólise: β2 
- Aumenta a liberação de glucagon: β2 
- Diminui a liberação de insulina: α2 
→ Lipólise 
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- Aumenta: β3 
→ Usos terapêuticos: 
- Broncoespasmo: na emergência adrenalina é o fármaco de escolha; noutros casos, são preferidos os β2–agonistas 
(salmeterol) 
- Choque anafilático: é o fármaco de escolha para o tratamento das reações de hipersensibilidade do tipo I (incluindo 
anafilaxia), independentemente da causa 
- Parada cardíaca: reestabelecimento do ritmo, independentemente da causa 
- Anestesia: aumentando a duração da anestesia local, por ser vasoconstrictor 
→ Pode ser usada IM, IV, SC e em aerossol; escassa penetração no SNC 
→ Efeitos adversos: ansiedade, medo, tensão, cefaleia e tremores (SNC); arritmias, edema pulmonar 
(cardiovasculares); anestésicos inalatórios sensibilizam o coração, assim como hipertireoidismo. Pode haver 
aumento da RVP e da PAS, em altas doses. 
 
Norepinefrina 
→ Cardiovascular: 
- Vasoconstrição: aumento da RVP, com constrição 
da maior parte dos leitos vasculares, incluindo o 
renal 
- O efeito vasoconstritor é maior do que o da 
adrenalina 
→ Reflexo barorreceptor: pelo aumento da PAS, 
há reflexo vagal → bradicardia reflexa 
→ Pode ser usada no tratamento do choque, 
pois aumenta a resistência vascular e a PAS 
→ Não possui outros usos clínicos significativos 
→ Efeitos adversos são similares aos da 
epinefrina, com mais efeito vasoconstritor (palidez e descamação cutânea no local de injeção) 
 
Isoproterenol 
→ É uma catecolamina sintética 
→ Raras vezes usado por falta de 
seletividade beta 
→ Aumenta pressão sistólica, mas diminui 
a diastólica e a média 
→ É um broncodilatador potente (β2) 
→ β1: aumento do débito cardíaco 
→ β2: vasodilatação periférica 
→ Seu uso foi amplamente substituído por 
outros fármacos, mas pode ser útil no 
bloqueio AV 
 
 
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Dopamina 
→ Efeito estimulante nos receptores β1 cardíacos (inotrópico e cronotrópico + = aumento do débito cardíaco) 
→ Dilata as arteríolas renais e esplâncnicas 
→ É o fármaco de escolha contra o choque cardiogênico e séptico, administrada por infusão contínua 
→ A grande vantagem da dopamina sobre a norepinefrina é aumentar o fluxo renal! 
→ A dopamina também é usada para tratar hipotensão grave, particularmente na IC grave e em pacientes com 
oligúria 
→ Ação dopaminérgica: aumento do fluxo sanguíneo 
 
Outros agonistas diretos 
→ Fenoldopam: é um vasodilatador rápido, que pode ser usado em 
hipertensão grave 
→ Dobutamina: uma catecolamina sintética que pode ser usada na IC aguda e 
para efeito inotrópico + pós-cirurgia; como vantagem, não aumenta 
significativamente o consumo miocárdico de oxigênio 
→ Oximetazolina: em descongestionante nasais e colírios oculares de venda 
livre 
→ Fenilefrina: usada em descongestionantes nasais (substituiu a 
pseudoefedrina) 
→ Clonidina: anti-hipertensivo de ação central (agonista β2 présináptico) 
→ Salbutamol e terbutalina: broncodilatadores, com ação relaxante na 
musculatura uterina (uso off-label no TPP) 
→ Salmeterol e fenoterol: broncodialtadores eficazes em associação com 
corticoide (uso em asma noturna) 
→ Mirabegron: é um agonista β3, que relaxa o músculo detrusor da bexiga, 
usado na bexiga hiperativa 
 
Agonistas adrenérgicos de ação indireta 
Anfetamina 
→ Ação psicoestimulante, aumenta a PAS, aumenta a liberação não vesicular de catecolaminas (dopamina e 
NE) 
 
Tiramina 
→ Não é um fármaco clinicamente útil 
→ É uma substância encontrada em alimentos fermentados, como alguns queijos e vinhos; pode ocorrer 
episódios vasopressores graves em pacientes recebendo iMAO (a tiramina entra no terminal nervoso e 
desloca a norepinefrina armazenada a qual é liberada) 
 
Cocaína 
→ É substância única, entre os anestésicos locais, que tem a propriedade de bloquear o transportador de NE 
dependente de sódio-cloreto,necessário para a captação celular de NE no neurônio noradrenérgico → 
acúmulo de NE na fenda sináptica 
→ É uma droga de abuso 
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Agonistas adrenérgicos de ação mista 
Efedrina e pseudoefedrina 
→ Tem ação longa (maus substratos para MAO e COMT) 
→ Em desuso atualmente 
→ Efeitos adversos observados com os agonistas adrenérgicos: insônia, náusea, tremores, arritmia, cefaleia, 
hiperatividade 
 
 
 
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ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS 
α-bloqueadores β-bloqueadores Afeta a captação ou a liberação de neurotransmissor 
Alfuzosina 
Doxazosina 
Fenoxibenzamina 
Fentolamina 
Ioimbina 
Prazosina 
Tansulosina 
Terazosina 
Acebutolol 
Atenolol 
Betaxolol 
Bisoprolol 
Carteolol 
Carvedilol 
Esmolol 
Labetalol 
Metoprolol 
Nadolol 
Nebivolol 
Penbutolol 
Pindolol 
Propanolol 
Timolol 
Reserpina 
 
Bloqueadores α-adrenérgicos 
Fenoxibenzamina 
→ É um bloqueador irreversível (ligação covalente) 
→ Os efeitos duram cerca de 24 horas (o corpo precisa fabricar novos 
receptores) 
→ Ações cardiovasculares: impede a vasoconstrição, reduz RVP (e provoca 
taquicardia reflexa), aumenta o DC (por bloqueio pré-sináptico) 
→ Reversão da epinefrina: reverte as ações da epinefrina, mas não do 
isoproterenol (que é beta-agonista puro) 
→ Usos terapêuticos: no tratamento do feocromocitoma (antes da 
remoção cirúrgica para prevenir crise hipertensiva e é útil no 
tratamento de manutenção para tumores não operáveis) 
→ Efeitos adversos: hipotensão postural (podendo resultar em 
síncope/desmaio), congestão nasal, náuseas e êmese, pode inibir a 
ejaculação, taquicardia reflexa 
 
Fentolamina 
→ Produz bloqueio competitivo dos receptores α1 e α2, que dura 4 horas após injeção única 
→ Provoca hipotensão e taquicardia reversa 
→ Pode causar angina e arritmias (contraindicada na IC) 
→ É útil no tratamento da crise hipertensiva (na retirada abrupta de clonidina ou nos pacientes que usam iMAO 
e consumiram alimentos ricos em tiramina) 
 
Prazosina, terazosina, doxazosina, tansulosina e alfazosina 
→ São bloqueadores competitivos seletivos dos receptores α1 
→ São úteis no tratamento da HAS e no tratamento da HBP 
→ Diminuem resistência vascular 
→ Cuidado na primeira dose (crise hipotensiva)! 
→ Cuidado no uso concomitante com os inibidores da PDE-5 (medicamentos para disfunção erétil) 
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Ioimbina 
→ É bloqueador competitivo seletivo dos receptores α2 
→ Tem sido usado como estimulante da ereção (off-label) 
→ Atua no SNC 
→ Contraindicada em doença cardiovascular, condições psiquiátricas e nas disfunções renais 
→ Muito usada na pesquisa básica 
 
Bloqueadores β-adrenérgicos 
→ Todos são antagonistas competitivos 
→ Não seletivos: atuam em β1 e β2 
→ Cardiosseletivos: atuam principalmente em β1 
→ Reduzem PAS, mas baixo risco de causar hipotensão postural (o controle simpático normal dos vasos é 
mantido) 
→ Eficazes no tratamento da HAS, angina, arritmias, IAM, IC, hipertireoidismo e glaucoma 
 
β -bloqueadores não seletivos 
Propanolol 
→ É o protótipo de β -bloqueador não seletivo 
→ Cardiovascular: diminui DC, efeitos cronotrópico (-) e inotrópico (-), limita FC (no exercício), diminui o 
trabalho cardíaco, efeito antiarrítmico 
→ Vasoconstrição periférica: impede a vasodilatação nos músculos esqueléticos, mas diminui a PAS 
→ Broncoconstrição 
→ Distúrbios no metabolismo da glicose: diminui a glicogenólise e a gliconeogênese 
→ Bloqueio das ações o isoproterenol 
→ Usos terapêuticos: HAS (por diminuição do DC e por inibição da liberação de renina), angina pectoris 
(diminui consumo miocárdio de oxigênio), IAM (efeito protetor, acelera a recuperação do miocárdio e 
previne arritmias), enxaqueca (uso profilático reduz episódios; há outros fármacos importantes), 
hipertireoidismo (diminui a ampla estimulação simpática; pode salvar vidas nas tempestades tireóideas) 
→ Efeitos adversos: disfunção sexual, arritmias (após interrupção abrupta do uso), fadiga, brococonstrição 
(contraindicação relativa em pacientes com hipersensibilidade brônquica/asma) 
 
Nadolol e timolol 
→ β -bloqueadores não seletivos 
→ São mais potentes que o propranolol 
→ Nadolol tem duração de ação muito longa 
→ O timolol reduz a produção de humor aquoso (usado topicamente no tratamento do glaucoma de ângulo 
aberto) 
→ Os β-bloqueadores não afetam tamanho da pupila e capacidade de fazer o foco (melhores do que as drogas 
colinérgicas); mas no glaucoma agudo a pilocarpina continua sendo o fármaco preferido, para redução de 
emergência da PIO 
 
 
 
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Classes dos fármacos usados no tratamento do glaucoma: 
 
 
β-bloqueadores seletivos 
Acetabulol, atenolol, betaxolol, bisoprolol, esmolol, metoprolol e nebivolol 
→ São os β1-bloqueadores (cardiosseletivos) 
→ Preferidos para o tratamento das patologias cardiovasculares, pois não acarretam efeitos via β2 (ainda 
assim, requerem cuidado na asma) 
Indicações clínicas de β-bloqueadores: 
- Hipertensão: propranolol, metoprolol, timolol → diminuem o DC e a secreção de renina 
- Glaucoma: timolol → diminui a secreção de humor aquoso 
- Enxaqueca: propranolol apresenta efeito profilático 
- Tirotoxicose: propranolol → diminui a FC e o potencial de arritmias 
- Profilaxia de arritmias pós-infarto do miocárdio: propranolol e metoprolol → diminuem o DC e a secreção de 
renina 
- Taquicardia supraventricular: propranolol e esmolol → diminuem a velocidade de condução AV 
- Angina percotis: propranolol e nadolol → reduzem a FC e a força de contração cardíaca 
 
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Labetalol e carvedilol 
→ São antagonistas α e β 
→ Produzem vasodilatação periférica enquanto reduzem a PAS 
→ São úteis na HAS quando o aumento da RVP é indesejável 
→ O labetalol é alternativa à metildopa no tratamento da hipertensão induzida pela gestação 
→ Pode ocorrer hipotensão ortostática e tontura (efeito do bloqueio alfa) 
 
Fármacos que afetam a liberação ou a captação do neurotransmissor 
→ Poucos fármacos dessa classe são utilizados 
→ A reserpina bloqueia o transporte dependente de Mg++/ATP de aminas biogênicas (NE, dopamina e 
serotonina) do citoplasma para as vesículas de armazenamento 
→ A função simpática é bloqueada 
→ Foi usada no tratamento da HAS, mas praticamente em desuso atualmente 
→ A reserpina pode causar episódios de depressão 
 
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PSICOFÁRMACOS – PARTE I 
→ Droga é um composto químico que ao ser administrado ao organismo pode causar uma mudança do seu 
funcionamento 
→ Podem ser utilizadas para diagnosticar, tratar ou prevenir doenças, para aliviar sofrimento psíquico ou físico 
Substâncias psicoativas (SPA) 
→ São as substâncias cuja atuação influencia o humor, o pensamento ou o comportamento 
→ Podem ser utilizadas para tratar doenças mentais (ou neuropsicológicas) 
→ Incluem tanto as drogas de uso médico, como as drogas de abuso (de uso não médico, não prescritas) 
Psicofármacos Drogas de abuso 
Uso médico Uso não médico (recreacional, abusivo) 
Tratar os sintomas, melhorar a vida do paciente, 
controlado, uso ocorre dentro do padrão normal 
Alteração de humor, deterioração da vida do indivíduo, 
ilegal, uso corre em festas ou locais sociais 
- Psicofármacos são tipicamente drogas de uso médico, mas também podem vir a ser utilizadas como drogas de 
abuso (uso não médico, não prescritas) 
- As drogas de abuso são as substâncias consumidas por motivos não médicos, muitas vezes até o ponto de 
prejudicarem as funções do usuário, podendo causar dependência química 
- Algumas drogas psicoativas também podem atuar como toxinas causando doenças, dano cerebral ou mesmo 
morte 
→ Entre outras coisas, os efeitos dependem de como a substância é consumida, em que quantidade e sob que 
circunstâncias = depende de como é a sua farmacocinética 
→ Para ser eficaz a droga psicoativa precisa 
alcançar seu alvo no SN 
→ A eficiência e eficácia nesse propósito 
depende da via de administração 
→ Eficaz: quando a droga funciona 
→ Eficiência: é a potência da eficácia, de que 
maneira lago foi eficaz (ex. é eficaz encher 
umapiscina com copos de água, mas não 
é eficiente) 
→ Vias de administração: oral (comprimidos, 
goras, xarope), retal (supositório), 
subcutânea, nasal, intravenosa, intramuscular, transcutânea (adesivo), intracerebral (injeção), intraóssea... 
 
Barreira hematoencefálica 
- Protege o encéfalo. Dificulta a passagem da maioria das 
substâncias, apesar da imensa vascularização do encéfalo 
- Não há neurônio distante mais do que 50 μm de um capilar 
- O desempenho da BHE é tão bom que é muito difícil 
encontrar drogas novas que a atravessem 
- Protege o cérebro de hormônios circulantes e de toxinas 
- Auxilia a manter os níveis de eletrólitos estáveis na 
vizinhança dos neurônios 
Regiões cerebrais que não possuem BHE: glândula pineal, 
hipófise e área postrema 
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→ Considerando-se os múltiplos obstáculos que as SPA encontram em seu caminho da boca ao cérebro, fica 
clara a vantagem das vias inalatória e intravenosa 
→ Regra prática: a cada obstáculo que se reduz no caminho, a dose poderia ser 10 vezes menor e, ainda assim, 
se conseguiria manter os efeitos 
→ As drogas são eliminadas envolvendo múltiplos sistemas (rins, fígado, bile, suor, perspiração, etc) 
→ Drogas comerciais são frequentemente projetadas para terem uma eliminação mais lenta 
→ Além disso, algumas toxinas são dificilmente eliminadas do organismo (p.ex. metais pesados) 
→ Diferenças individuais na resposta às drogas: sexo, tamanho, idade, estado alimentar, genética 
→ Entre outras coisas, os efeitos dependem de como a substância interfere na fisiologia das células = 
farmacodinâmica 
→ Drogas e sinapses = agonistas (aumentam a eficiência) e antagonistas (diminuem a eficiência) 
 
→ Avalia-se a necessidade de uso de SPA e a resposta à farmacoterapia indicada por meio do exame clínico, 
particularmente do exame do estado mental 
→ O exame clínico é a maneira como o clínico entende e avalia o funcionamento global de um paciente (físico e 
psíquico) 
→ Há muitos métodos diagnósticos auxiliares, mas a clínica continua soberana. Isto é, anamnese e exame 
clínico (exame físico e exame do estado mental) 
→ Exame de estado mental: forma analítica e descritiva de descrever o comportamento de uma pessoa, 
avaliando consciência, atenção, sensopercepção, orientação, memória, inteligência, afeto, pensamento, 
juízo crítico, conduta, linguagem (Exame de estado mental) 
→ Utiliza-se psicofármacos quando houver sofrimento psíquico, distúrbio, transtorno a ser corrigido. Quando a 
normalidade for “perdida” 
→ Critérios de normalidade: 
1. Ausência de doença, isto é, um dos critérios para saúde 
2. Ideal: uma norma socialmente constituída e referendada, por vezes é um ideal utópico 
3. Estatística: norma, frequência, médias e desvios... 
4. Bem-estar: remete à definição da OMS de saúde como “completo estado de bem-estar físico, mental e social 
e não apenas como ausência de doença” 
5. Funcional: o fenômeno é disfuncional quando provoca sofrimento e/ou disfunção 
6. Processo: considera os processos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial 
7. Subjetiva: orienta-se pela percepção do próprio sujeito que está em avaliação 
8. Liberdade: para os autores de orientação fenomenológica a doença mental é uma perda da liberdade 
existencial 
9. Critério operacional: assumidamente arbitrário, um a priori. Estar dentro de um perfil para exercer 
determinada atividade 
https://brpucrs-my.sharepoint.com/personal/carolina_soares99_edu_pucrs_br/Documents/Exame%20de%20estado%20mental.docx
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→ Doença, transtorno, sofrimento, deficiência 
→ Natureza: contínuo (um espectro) ou categorial (entidades bem definidas) 
→ Origem: mental, psíquica ou cerebral 
→ Os critérios diagnósticos, e os que são usados para definir a própria normalidade, embora limitados e, por 
vezes até, criticáveis, são extremamente úteis 
→ Esses critérios nosológicos diferenciam os grupos de estudos nos ensaios farmacológicos que permitem 
avaliar a eficiência/eficácia de um tratamento, permitem realizar consensos terapêuticos e, dessa forma, 
permitem realizar um atendimento que seja embasado em evidências 
→ Precisamos conhecer melhor as grandes síndromes psiquiátricas e os diagnósticos que mais frequentemente 
necessitam tratamento farmacológico 
→ Principais síndromes: 
- Síndrome psicótica: situação em que o paciente rompe com a realidade, de forma que passa a enxergar um mundo 
que não existe. Principais alterações na sensopercepção (alucinações) e pensamento (delírios). Comportamento 
paranoide, anedonia, falta de motivação, são sintomas comuns. Ex: esquizofrenia, transtornos delirantes 
- Síndrome ansiosa: conjunto de situações em que a ansiedade está fora do normal e causa sofrimento intenso, 
podendo ser agudo (transtorno do pânico) ou continuado (transtorno de ansiedade generalizada). Na maioria das 
vezes relacionadas a sintomas físicos, como hiperatividade simpática. 
- Síndrome de alteração do humor: humor persistentemente deprimido, exageradamente exaltado ou oscilando 
demais. 
- Síndrome cognitiva (antiga síndrome cerebral orgânica): delirium (delírio = síndrome psicótica). Ex: demência. 
- Síndromes relacionadas ao uso de SPA: intoxicação ou abstinência podem gerar alterações de comportamento 
mimetizando qualquer quadro psiquiátrico. 
 
Classificação das SPA 
→ É tarefa difícil desenvolver um sistema de classificação para as milhares de drogas psicoativas 
→ Sistemas baseados na estrutura fracassaram, pois fármacos com estruturas semelhantes podem desenvolver 
efeitos diversos (e vive-versa) 
→ Esquemas de classificação com base em receptores cerebrais também, pois as drogas costumam agir em 
mais de um receptor. Idem para sistemas baseados nos neurotransmissores afetados. 
1. Classificação relacionada as principais síndromes 
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- Sedativo-hipnóticos e angentes ansiolíticos: barbitúricos (agentes anestésicos), álcool, benzodiazepínicos 
(diazepam – Valium) 
- Agentes antipsicóticos: fenotiazinas (clorpromazina) e butirofenonas (haloperidol) 
- Antidepressivos: inibidores da MAO, antidepressivos tricíclicos (imipramina – Tofranil), antidepressivos atípicos 
(fluoexitina – Prozac) 
- Estabilizadores de humor: lítio e anticonvulsivantes 
- Analgésicos narcóticos: morfina, codeína, heroína 
- Estimulantes psicomotores: cocaína, anfetamina, cafeína, nicotina 
- Psicodélicos e alucinógenos: anticolinérgicos (atropina), noradrenérgicos (mescalina), serotoninérgicos (LSD, 
psilocibina), tetraidrocanabinol (maconha), antiparkinsonianos... 
2. Fármacos de atuação primordial no SNC (seletivos X não-seletivos) 
 
3. Psicofarmacologia dos transtornos mentais 
 
 
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4. Classificação conforme os principais efeitos no SNC 
 
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PSICOFÁRMACOS – PARTE II 
→ É tarefa difícil desenvolver um sistema de classificação para as milhares de drogas psicoativas 
→ Sistemas baseados na estrutura fracassaram, pois fármacos com estruturas semelhantes podem desenvolver 
efeitos diversos (e vice-versa) 
→ Esquemas de classificação com base em receptores cerebrais também, pois as drogas costumam agir em 
mais de um receptor 
→ Idem para sistemas baseados nos neurotransmissores afetados 
→ Devido à dificuldade de desenvolver um sistema de classificação para as milhares de drogas psicoativas, 
devemos olhar mais detidamente para as seguintes classes: antipsicóticos, antidepressivos, moduladores de 
humor e ansiolíticos 
 
Antipsicóticos 
→ Drogas que tratam psicose (delírios, alucinações) 
→ Também conhecidas como neurolépticos ou tranquilizantes maiores 
→A maioria é antagonista de dopamina, mas o seu efeito e mesmo a causa da psicose ainda não estão bem 
compreendidos 
→ Algumas substâncias, alterações de sono, entre outras coisas podem estar associadas ao desenvolvimento 
de quadros de psicose 
→ Síndrome: conjunto de sinais e sintomas. Quando se conhece a fisiopatologia que desencadeia a síndrome, 
chamamos de doença. Ex: síndrome parkinsoniana (alterações na motricidade, alterações de humor e 
comportamento) X Doença de Parkinson (degradação dos neurônios dopaminérgicos = 70% das síndromes 
parkinsonianas). 
→ Agem principalmente em três vias dopaminérgicas: mesocortical, mesolímbica e nigroestriatal 
Esquizofrenia – vias neurais envolvidas: 
- Via meso-cortical: área tegmentar ventral → córtex pré-frontal 
• Inibida na esquizofrenia 
• Sintomas negativos (indiferença, apatia) 
• Bloqueadores do receptor de 5HT, como risperidona, aumentam a liberação de dopamina para o alívio de 
sintomas negativos 
- Via mesolímbica: área tegmentar ventral → núcleo acumbente 
• Desinibida na esquizofrenia 
• Sintomas positivos (delírios, alucinações) 
• Bloqueadores dos receptores D2, como haloperidol, inibem a liberação de dopamina e aliviam os 
sintomas positivos 
- Via nigroestrial: substância negra → corpo estriado 
• Efeitos adversos (parkinsonismo) 
• A inibição da liberação de dopamina resulta na inibição dos neurônios excitatórios de acetilcolina no 
corpo estriado 
→ A descoberta dos antipsicóticos pode ser considerada a 
verdadeira revolução “antimanicomial”, pois permitiu que 
os pacientes deixassem as instituições psiquiátricas e 
voltassem à comunidade 
→ Classificação farmacológica dos antipsicóticos disponíveis 
no Brasil: vários tipos diferentes, multiplicidade de 
moléculas e estruturas que agem não só na dopamina, mas 
também em outros sistemas, melhorando sintomas 
negativos e positivos presentes principalmente em 
esquizofrenia e transtornos de humor 
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→ Os antipsicóticos de primeira geração (típicos) agem em maior ou menor intensidade no sistema 
dopaminérgico, principalmente bloqueando os 
receptores pós-sinápticos D2 
→ Os antipsicóticos atípicos, são os mais modernos, 
agem em outras regiões e outros sistemas de 
transmissão e costumam ter melhor efeito. 
→ A clorpromazina bloqueia os receptores D2, e o 
estimulante anfetamina causa a liberação de dopamina 
pela terminação axônica. 
→ A cocaína e a anfetamina bloqueiam o transportador 
que leva a dopamina de volta à terminação, causando 
sintomas de esquizofrenia 
→ A possível redução dos sintomas esquizofrênicos pela 
clorpromazina, enquanto o abuso de anfetamina ou 
cocaína é capaz de produzi-los, sugere que a atividade 
excessiva no receptor de dopamina esteja relacionada à 
esquizofrenia 
→ Outro possível mecanismo de ação dos 
antipsicóticos, particularmente daqueles de segunda 
geração (atípicos), seria o bloqueio balanceado de uma 
combinação de sistemas de neurotransmissão, especialmente os sistemas dopaminérgico e serotoninérgico 
→ Indicações: os antipsicóticos são utilizados para o tratamento sintomático de diversos transtornos mentais. 
Seu uso ainda é estabelecido de maneira empírica, cabendo ao clínico o julgamento da indicação do 
antipsicótico, levando em conta riscos e benefícios, bem como outras possibilidades terapêuticas para cada 
caso. Os antipsicóticos podem ser indicados em quadros agudos ou por tempo prolongado, conforme o 
quadro clínico do paciente. 
→ Transtornos mentais agudos e crônicos (quadros psicóticos, demenciais, agitação, agressividade), 
esquizofrenia e outros quadros do espectro da esquizofrenia (transtornos delirantes persistentes, 
transtornos esquizoafetivos), transtornos de humor, quadros de agitação psicomotora (independentemente 
da etiologia), profilaxia de recidiva de quadros psicóticos, transtornos de personalidade, transtornos 
invasivos de desenvolvimento, transtornos da conduta, como ansiolítico ou hipnótico e outros quadros 
(doença de Huntington, náuseas, vômitos) 
→ Eletroconvulsoterapia: indicada para casos mais graves; é um bom tratamento, mas caro 
 
Antidepressivos 
→ Principais classes: 
- IMAO (inibidores da monoamino-oxidase) 
- Tricíclicos (serotonina, noradrenalina e acetilcolina... + histamina e, um 
pouco menos, dopamina) 
- ISRS (inibidores seletivos da recaptação da serotonina) – menos efeitos 
adversos 
→ Mecanismo incerto 
→ Teoria das monoaminas (não explica) 
→ ECT: libera de forma aguda muitos neurotransmissores (“reset”) 
→ Interação dos alimentos ricos em tiramina (síndrome do queijo) 
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→ Antidepressivos diferentes agem sobre a sinapse serotoninérgica de maneiras diferentes a fim de aumentar 
a disponibilidade dessa substância. 
Depressão 
- É um estado mediado bioquimicamente, mais provavelmente com base em anormalidades no metabolismo de 5-
HT e norepinefrina 
- A síndrome clínica se caracteriza por retraimento, raiva, frustração, falta de vontade (avolição), anedonia (falta 
de prazer) 
- Pode ser típica ou atípica 
→ Antidepressivos selecionados 
Classe Fármaco Mecanismo de ação 
Agentes tricíclicos Amitriptilina 
Clomipramina 
Desipramina 
Doxepina 
Imipramina 
Nortriptilina 
Protriptilina 
Inibem não-seletivamente a captação de 5HT e noradrenalina 
- Muitos efeitos adversos (certa toxicidade) 
Fármacos 
heterocíclicos 
Amoxapina 
Bupropiona 
Maprotilina 
Mirtazapina 
Nefazodona 
Trazodona 
Venlafazina 
Inibem não-seletivamente a captação de 5HT e noradrenalina 
 
ISCSs Citalopram 
Fluoxetina 
Fluvoxamina 
Paroxetina 
Sertralina 
Excitalopram 
Inibem seletivamente a captação de 5-HT 
iMAOs Fenelzina 
Tranilcipromina 
Inibem a biotransformação das aminas 
- São pouco utilizados na clínica, pois interagem muito com alimentos 
 
→ Antidepressivos também são úteis no tratamento de transtornos de ansiedade (em longo prazo), como 
transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de pânico e transtorno obsessivo compulsivo 
→ Indicações de uso de antidepressivos: depressão, transtornos de ansiedade (em longo prazo), tratamento da 
tensão pré-menstrual, quadros dolorosos (como fibromialgia), ejaculação precoce, entre outros. 
→ Mesmo após o aparecimento de medicamentos mais seguros e com menos efeitos colaterais, nenhuma 
alternativa mostrou-se mais eficaz que os antidepressivos de “primeira geração” (tricíclicos e iMAOs) e a ECT 
para o tratamento da depressão 
→ A descoberta dos mecanismos de ação dos antidepressivos não resolveu definitivamente a questão das 
bases neuroquímicas da depressão, pois medicamentos com mecanismos de ação totalmente diferentes 
produzem resultado comportamental semelhante 
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→ A depressão não é apenas um desequilíbrio de monoaminas e, possivelmente, segundos-mensageiros 
intracelulares estão envolvidos 
→ A diversidade de medicamentos eficazes impõe uma escolha 
individualizada de tratamento para cada paciente, levando-se em conta 
não apenas a eficácia absoluta do antidepressivo, mas também o seu 
perfil de efeitos adversos, a segurança, as interações medicamentosas, as 
características especiais do paciente (idosos, crianças, gestantes) e a 
experiência do profissional com o fármaco 
→ A Tiramina não é uma droga usada clinicamente, mas é encontrada em 
alimentos fermentados, como queijos e bebidas fermentadas. Tiramina é 
um produto do metabolismo da tirosina. Normalmente, é oxidada pela 
MAO, mas se o paciente estiver tomando um inibidor da MAO 
(antidepressivo), pode levar a sérios quadros de hipertensão. Como as 
anfetaminas, a tiramina pode entrar no terminal nervoso e deslocar a Nor 
estocada. 
→ Reação do queijo: a tiramina é degradada pela monoamina oxidase no 
intestino e no fígado,quando a atividade desta enzima se encontra inibida os níveis de tiramina aumentam 
causando efeitos simpaticomiméticos, como elevação acentuada da pressão arterial, cefaleia pulsátil severa 
e hemorragia intracraniana. Dessa forma, esses alimentos devem ser evitados em pacientes hipertensos 
tratados com um IMAO. 
 
Anticonvulsivantes e moduladores de humor 
→ A maioria dos anticonvulsivantes é também útil na modulação do humor (alguns não, como a gabapentina) 
→ Lítio é um excelente modulador de humor, mas não possui efeito anticonvulsivante 
→ Alguns antipsicóticos de nova geração são bons moduladores de humor, mas carecem de ação 
anticonvulsivante 
→ Transtorno emocional bipolar: episódios maníacos = Lítio é um antimaníaco 
→ O estabilizador de humor ideal deveria ser um fármaco eficaz no tratamento da mania aguda e da depressão 
bipolar, além de prevenir os episódios de mania e depressão. Se considerarmos essa definição, nenhum 
medicamento preenche totalmente esses critérios. 
→ O lítio é o que mais se aproxima dessa definição, já que é eficaz na prevenção dos episódios de mania e 
depressão e tem boa ação antimaníaca, mas sua ação antidepressiva é moderada 
→ O valproato é eficaz no tratamento de mania aguda, sendo superior ao placebo e comparável ao lítio no 
tratamento desse transtorno 
→ Vários estudos sugerem que o valproato diminui a frequência e a intensidade dos episódios maníacos e 
depressivos em alguns pacientes, inclusive naqueles com ciclagem rápida, episódio misto, bipolar II e 
esquizoafetivo 
→ Doença bipolar – tratamento: início com monoterapia de lítio para casos leves e moderados, casos graves, 
tratamento combinado e ECT 
→ Uso de anticonvulsivantes na epilepsia (não como estabilizadores de humor) 
→ Paciente em estado epilético: Diazepam + Fetoina + Fenobarbital, se não eficazes, + fármacos bloqueadores 
neuromusculares (como curare) ou anestesia geral → fármacos administrados IV 
 
Agentes sedativo-hipnóticos e ansiolíticos 
→ Os efeitos dependem da dose (sono, aliviar ansiedade, anestesia geral, coma) 
→ Podem apresentar tolerância cruzada (se a pessoa usa cronicamente um depressor do SNC, o tônus 
excitatório é elevado) 
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→ Tolerância cruzada: forma de tolerância na qual a resposta a uma nova droga é reduzida em decorrência da 
tolerância desenvolvida em resposta a uma droga relacionada 
→ Agem sobre os receptores de GABAa (canais de cloreto - hiperpolarização) 
 
→ Circuitos inibitórios gabaérgicos existem por todo o encéfalo 
→ Em função da ação aditiva, drogas hipnóticas e sedativas não devem ser usadas concomitantemente (risco 
de depressão mais grave, possivelmente letal) 
→ Agente ansiolítico: tipo de droga que reduz a ansiedade. As benzodiazepinas e os agentes sedativo-
hipnóticos também são ansiolíticos 
→ Regiões do cérebro associadas à síndrome do pânico e à ansiedade: núcleo da estria terminal, amigdala, 
locus ceruleus 
→ Classe de sedativo-hipnoticos: álcoois, barbituratos, benzodiazepínicos, carbamatos, entre outros 
→ Benzodiazepínicos são úteis a curto prazo, podem causar tolerância e dependência se usados por longos 
períodos. 
→ A psicofarmacologia, hoje, é sobretudo praticada com base em evidências de base clínica. É um assunto 
complexo e é necessário o conhecimento das bases moleculares, neuroatômicas, das possíveis interações 
medicamentosas e do perfil de parefeitos. 
 
Outras substâncias psicoativas de maior interesse para o clínico 
→ Depressores: álcool, hipnóticos/sedativos, solventes (clorofórmio, éter, tolueno), narcoanalgésicos (codeína, 
morfina, elixir paregórico), barbitúricos 
→ Analgésicos narcóticos: grupo de drogas que induz o sono (narcótica) e alivia a dor (analgésico). Opioides 
endógenos (endorfinas) e derivados do opio e drogas sintéticas. Antagonistas: naloxona e nalorfina 
→ Anestésicos: utilizados em procedimentos cirúrgicos. Podem ser inalatórios (mecanismo de ação não é 
totalmente conhecido) ou intravenosos 
- Barbitúricos: facilitam a ação inibitória do GABA, aumentando o tempo de abertura dos canais de cloreto, levando 
à hiperpolarização 
- Benzodiazepínicos: facilitam a ação inibitória do GABA, aumentando a frequência de abertura dos canais de cloreto 
- Opioides: agonistas dos receptores de opioides no SNC 
- Dissociativos (anestesia sem perda de consciência): antagonista no subtipo NMDA do receptor excitatório do 
glutamato 
→ Estimulantes: são tipicamente usados como drogas recreacionais ou de abuso. Aumentam a atividade dos 
neurônios. Dividem-se em 4 grupos: comportamentais (cocaína e anfetamina), convulsivantes, gerais 
(cafeína) e drogas psicodélicas (LSD, canabinóides) – efeito simpaticomimético 
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→ Antiparkinsonianos e outras drogas para o manejo de efeitos adversos 
→ Anticolinérgicos, anti-histaminicos, betabloqueadores: medicamentos usados no tratamento de sintomas 
extrapiramidais. Outros medicamentos usados no tratamento dos efeitos adversos decorrentes do uso de 
antipsicóticos. Medicamentos utilizados no tratamento do alcoolismo 
→ Embora amplamente utilizados, o uso profilático de anticolinérgicos não é totalmente recomendado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ANSIOLÍTICOS E HIPNÓTICOS 
 
→ Transtornos de ansiedade são muito comuns 
→ Em excesso, a ansiedade é um estado desagradável de tensão, apreensão e inquietação – um temor que 
pode ter origens em fontes conhecidas ou desconhecidas 
→ Episódios leves são comuns 
→ Episódios agudos e mais intensos ou a ansiedade crônica, por sua vez, podem exigir tratamento 
→ Como muitos ansiolíticos causam sedação, podem ser utilizados como indutores do sono ou hipnóticos 
→ Ademais, para o tratamento crônico as substâncias mais indicadas são os antidepressivos, os quais serão 
estudados, de fato, mais adiante 
Benzodiazepínicos Barbitúricos Outros hipnóticos 
Alprazolam 
Clonazeam 
Clorazepate 
Clordiazepóxido 
Diazepam 
Estazolam 
Flurazepam 
Lorazepam 
Midazolam 
Oxazepam 
Quasepam 
Temazepam 
Triazolam 
Amobarbital 
Fenobarbital 
Pentobarbital 
Secobarbital 
Tiopental 
Anti-histamínicos 
Doxepina 
Eszopiclona 
Ramelteona 
Zaleplona 
Zolpidem Antagonista benzodiazepínico 
Flumazenil 
Outros ansiolíticos 
Antidepressivos 
Buspirona 
 
Benzodiazepínicos 
→ São os ansiolíticos mais utilizados 
→ São fármacos muito mais seguros que os anteriormente utilizados como ansiolíticos e indutores de sono 
(barbitúricos) 
→ Contudo, podem não ser a melhor escolha! 
→ Para ansiedade pode se preferir os ISRS 
→ Para a indução do sono, podem ser melhores os indutores não-BZD e os anti-histamínicos 
→ Os benzodiazepínicos são relativamente seguros, pois a dose letal é mais de 1000 vezes maior que a dose 
terapêutica típica 
→ O alvo são os receptores GABAa 
→ O GABA é o principal neurotransmissor inibitório no SNC 
→ Quando GABA liga no canal, ocorre a sua abertura → entrada de Cl- → hiperpolarização da célula (neurônio) 
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→ Os BZD ligam-se a sítios específicos (aumentando a frequência de abertura dos canais, a qual é produzida 
por GABA; em outras palavras, dependem da presença do GABA para agirem) 
 
→ Redução da ansiedade: característica em doses baixa nos neurônios do sistema límbico que têm a 
subunidade 2 em seus receptores GABAa 
→ Efeito hipnótico/sedativo: ocorre em doses mais elevadas sobre neurônios que expressam a subunidade 1 
em seus receptores GABAa 
→ Amnésia anterógrada: também é mediada através da subunidade 1, comprometendo o aprendizado 
(formação de novas memórias) 
→ Efeito anticonvulsivante: efeito parcialmente mediadopela subunidade 1 
→ Relaxamento muscular: em doses elevadas, ocorre diminuição da espasticidade do músculo esquelético, 
provavelmente aumentando a inibição pré-sináptica na medula espinal, onde predominam os receptores 2 
→ O baclofeno é um relaxante muscular que atua nos receptores GABA na medula espinal 
→ Existem pequenas diferenças nas propriedades ansiolíticas, anticonvulsivantes e sedativas entre os 
diferentes BZD: distúrbios de ansiedade, distúrbios do sono, amnésia, convulsões e distúrbios musculares 
1. Distúrbios de ansiedade 
- Transtorno de pânico, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de ansiedade social, transtorno de 
estresse pós-traumático, ansiedade de desempenho, fobias específicas, sintomas ansiosos associados a quadros 
depressivos ou psicóticos 
- Atualmente, no DSM-5, o TOC é classificado em um capitulo a parte dos transtornos de ansiedade! 
- Nesse contexto, os fármacos devem ser reservados para quadros mais graves 
- Não devem ser utilizados para manejar estressores usuais da vida comum (diária) 
- Potencial para adição (dependência, tolerância) → uso por curto prazo 
- A tolerância está associada à diminuição da densidade de receptores GABAa 
- Se houver necessidade de maior tempo de tratamento, prefere-se os de meia vida de média a longa, como 
clonazepam, lorazepam, diazepam 
- Não devem ser utilizados em conjunto com álcool 
2. Distúrbios de sono 
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- Poucos BZD são úteis 
- Diminuem latência para dormir e aumentam o estágio II (não-REM) 
- Podem causar ressaca 
- São utilizados os de ação intermediária e curta (triazolam) 
- No entanto, em poucos dias costuma ocorrer tolerância e a eficácia desaparece 
3. Amnésia 
- Usados como pré-medicação (curta ação) em procedimentos que provocam ansiedade e 
desconforto, como endoscopias, procedimentos odontológicos e angioplastia 
- Sedação consciente (permitem colaboração) 
- Midazolam facilita amnésia 
4. Convulsões 
 - Clonazepam pode ser usado para tratar alguns tipos de convulsão (crises mioclônicas, 
Síndrome de West, Síndrome de Lennox-Gastaut, ver Cap. 12) 
- Lorazepam e diazepam servem para interromper estado convulsivo 
- Servem também para tratar abstinência de etanol 
5. Distúrbios musculares: 
- O diazepam é útil para o tratamento de espasmos dos músculos esqueléticos 
(estiramento, espasticidade por doenças degenerativas, como a esclerose múltipla e 
paralisia cerebral) 
→ Farmacocinética: os BZD são lipofílicos, rápida e completamente absorvidos, se 
distribuem por todo o organismo, incluindo SNC 
→ A meia vida é muito importante clinicamente (curta, intermediária e longa duração) 
→ No entanto, nem sempre a ação clínica se correlaciona à meia-vida (metabólitos por vezes são ativos e há 
também razões farmacodinâmicas, como o tempo de ligação aos receptores) 
→ A metabolização ocorre pelo sistema microssomal hepático e a redistribuição é fator importante para o 
término da ação de uma dose de um BZD 
→ Atravessam a placenta e podem deprimir o neonato; o uso não é recomendado durante a gestação; 
lactantes podem ser expostos através do leite materno 
→ Pode ocorrer dependência tanto física quanto psicológica 
→ Interrupção abrupta resulta em sintomas de abstinência (confusão, ansiedade, insônia, tensão; convulsão é 
rara, mas pode ocorrer) 
→ Quanto menor a meia-vida, pior a crise de abstinência 
→ Os fármacos que são mais potentes e rapidamente eliminados (triazolam) causam problemas de abstinência 
mais frequentes e graves; enquanto os fármacos menos potentes e mais lentamente eliminados 
(flurazepam) continuam a estimular o sono mesmo após a interrupção 
→ Sedação e confusão são os efeitos adversos mais comuns 
→ Ataxia, em doses elevadas 
→ Comprometimento cognitivo 
→ Piora da memória (retenção e evocação) 
→ Exige-se cautela em pacientes com doença hepática 
→ Devem ser evitados em pacientes com glaucoma de ângulo fechado agudo 
→ Álcool e outros depressores do SNC potencializam o seu efeito depressor 
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Antagonista de receptor benzodiazepínico 
→ O flumazenil é um antagonista do receptor GABA que pode reverter os efeitos dos BZD 
→ Usado por via IV 
→ Início de ação é rápido, mas duração é curta 
→ Pode precipitar síndrome de abstinência em dependentes ou desencadear convulsões (quando o BZD é 
usado como anticonvulsivante) 
→ Pode causar tontura, náuseas/vômito e agitação 
 
Outros ansiolíticos 
Antidepressivos 
→ Vários são efetivos e de primeira escolha para a ansiedade crônica (ISRS, como o escitalopram, e ISRSN ou 
duplos, como a duloxetina) 
→ São usados em conjunto com BZD nas primeiras 4 a 6 semanas 
→ Em geral, usados por longo período de tratamento 
 
Buspiroona 
→ É útil no tratamento do TAG (transtorno de ansiedade generalizada) 
→ Início de ação lento 
→ Não são eficazes em curto prazo 
→ Ações são mediadas por receptores de serotonina (5-HT1A) e, em parte, também por D2 e 5-HT2A 
→ Não apresenta propriedades anticonvulsivantes e miorrelaxantes 
→ Baixa frequência de efeitos adversos 
→ A buspirona mostra menor interferência com as funções motoras, sendo uma vantagem particularmente 
importante em pacientes mais idosos 
 
Barbitúricos 
→ Induzem muitos sintomas de tolerância e dependência 
→ Provocam síndromes de abstinência grave 
→ Tem janela terapêutica estreita 
→ Foram amplamente substituídos pelos BZD 
→ Interagem com GABAa por ligação em sítio diferente do sítio dos BZD 
→ Prolongam o tempo de abertura do canal de cloreto 
→ Além disso, podem bloquear os receptores excitatórios de glutamato 
→ Pentobarbital (anestésico) bloqueia canais de sódio também 
→ São classificados de acordo com a duração da sua ação 
→ Depressão do SNC: com o aumento da dose: sedação (calmante) → hipnose (sono) → anestesia → coma → 
morte 
→ Não aumentam o limiar da dor; e podem exacerbá-la 
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→ Depressão respiratória: suprimem a resposta à hipóxia e aos 
quimioceptores de CO2, podendo levar à depressão respiratória 
seguida de morte 
→ Anestésico: o de ação ultracurta, como o tiopental (IV),mas 
foram substituídos 
→ Anticonvulsivante: o fenobarbital é usado como 
anticonvulsivante, usado apenas se outros tratamentos 
falharem (deprime o funcionamento cognitivo) 
→ Hipnoticossedativo: uso antigo; não é mais um uso aceitável 
→ Bem absorvidos por VO e distribuídos por todo o organismo 
→ Atravessam a placenta e podem deprimir o feto 
→ Metabolizados no fígado e os metabólitos excretados na urina 
→ Efeitos adversos: sonolência, dificuldade de concentração, preguiça mental e física, 
causam “ressaca”, induzem P450, contraindicados na porfiria intermitente aguda, 
abstinência grave, pode ser fatal 
 
 Outros hipnóticos 
Zolpidem 
→ É um indutor de sono, agonista não benzodiazepínico do receptor benzodiazepínico 
→ Sem propriedades anticonvulsivantes ou miorrelaxantes 
→ Efeito hipnótico dura 5 horas; há forma de liberação prolongada 
→ Efeitos adversos: pesadelos, agitação, amnésia, distúrbios TGI, sonolência diurna 
→ Outros similares ao zolpidem: zaleplona (menos efeitos residuais, rápida eliminação), eszopiclona 
→ Ramelteona: é um agonista seletivo dos receptores de melatonina MT1 e MT2 servindo para auxiliar na 
manutenção do ritmo circadiano 
Anti-histamínicos 
→ Difenidramina, hidroxizina, doxilamina, prometazina (contudo têm efeitos adversos indesejados, como os 
anticolinérgicos) 
Antidepressivos 
→ Doxepina, trazodona, mirtazapina 
 
Bases da Terapêutica II – Prof. Eduardo Ghisolfi Carolina Boeira Soares – ATM 2024 
 
 
 
Bases da Terapêutica II – Prof. Eduardo Ghisolfi Carolina Boeira Soares – ATM 2024 
ANESTÉSICOS LOCAIS E ANESTÉSICOS GERAIS

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