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Carolina Ferreira REVISÃO SOI V FÁRMACO -Controlar a dor é um dos > desafios da clínica médica -A dor é definida como uma sensação desagradável, que pode ser aguda ou crônica, e é consequência de processos neuroquímicos complexos nos sistemas nervoso central e periférico -O alívio da dor depende do seu tipo específico: nociceptiva ou neuropática. Por exemplo, na dor artrítica leve ou moderada (dor nociceptiva), os analgésicos ñ opioides, como os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), em geral são eficazes. A dor neuropática pode ser tratada c/ opioide mas respondem melhor a anticonvulsivantes, antidepressivos tricíclicos ou inibidores da captação de serotonina e norepinefrina -P/ a dor grave ou crônica maligna ou ñ maligna os opioides são considerados parte do plano de tratamento em pacientes selecionados -Opioides são fármacos naturais, semissintéticos ou sintéticos que produzem efeitos tipo morfina -Esses fármacos são divididos em classes químicas c/ base na sua estrutura química -Opióides: são todas as drogas, naturais e sintéticas, com propriedades semelhantes à morfina, incluindo peptídeos endógenos. -Opiáceos: são substâncias (alcalóides) derivadas do ópio, como a morfina e algumas semi-sintéticas como a codeína. -Todos os opioides agem ligando-se a receptores opioides específicos no SNC p/ produzir efeitos que imitam a ação de neurotransmissores peptídeos endógenos (endorfinas, encefalinas e dinorfinas) -Embora os opioides apresentem um amplo espectro de efeitos, sua utilização principal é p/ aliviar a dor intensa, independentemente de ela resultar de cirurgia, lesão ou doença crônica. -Os antagonistas que revertem as ações dos opioides também são importantes clinicamente para uso em casos de dosagem excessiva -Efeitos no cérebro: diminuem a atividade do SNC,deprimem os centros da dor, da tosse e da vigília, deprimem controle da respiração, dos batimentos cardíacos e a pressão sanguínea -Combinações analgésicas: Codeína/acetaminofeno Codeína/ aspirina Hidrocodona/acetaminofeno Oxicodona/acetaminofeno Oxicodona/aspirina Propoxifeno/aspirina RECEPTORES OPIOIDES -Os efeitos + importantes dos opioides são mediados por 3 famílias de receptores, designadas comumente µ (mi), κ (capa) e δ (delta) -Os receptores são: µ: analgesia supra-espinhal, depressão respiratória, euforia e dependência física κ: analgesia espinhal, miose, sedação e disforia δ: alterações no comportamento afetivo σ(sigma):disforia, alucinações, estimulação vasomotora -Cada família de receptores apresenta uma especificidade diferente p/ os fármacos c/os quais ela se liga -A propriedade analgésica dos opioides é mediada primariamente pelos receptores µ, que modulam respostas nociceptivas térmicas, mecânicas e químicas -Os receptores κ no corno dorsal também contribuem p/ a analgesia modulando a resposta à nocicepção química e térmica -As encefalinas interagem mais seletivamente c/ os receptores δ na periferia -Os 3 receptores opioides são membros da família de receptores acoplados à proteína G e inibem a adenililciclase, eles também estão associados a canais iônicos, aumentando o efluxo pós-sináptico de K+ Carolina Ferreira (hiperpolarização) ou reduzindo o influxo pré-sináptico de Ca2+, impedindo, assim, o disparo neuronal e a liberação do transmissor AGONISTAS OPIOIDES -A morfina é o principal fármaco analgésico presente no ópio bruto, sendo o protótipo do agonista µ potente - A codeína também está presente no ópio bruto, em <[ ] , e é menos potente, o que a torna protótipo dos agonistas opioides fracos -Os opioides atualmente disponíveis têm várias diferenças na afinidade pelo receptor, no perfil farmacocinético, nas vias de administração disponíveis e nos efeitos adversos 1. MORFINA -Mecanismo de ação: a morfina e outros opioides exercem seus efeitos principais interagindo c/ os receptores opioides nas membranas de certas células no SNC e em outras estruturas, como o trato gastrintestinal (TGI) e a bexiga. A morfina atua também em receptores κ na lâmina I e II do corno dorsal da medula espinal. Ela diminui a liberação de substância P que modula a percepção da dor na medula espinal. A morfina também parece inibir a liberação de vários transmissores excitatórios dos terminais nervosos que levam a estímulos nociceptivos -Ações: →Analgesia: a morfina e outros opioides causam analgesia (alívio da dor sem perda de consciência) e aumentam o seu limiar no nível da medula espinal e, de forma + importante, alterando a percepção da dor no cérebro. Os pacientes tratados c/opioides continuam conscientes da presença da dor, mas a sensação ñ é desagradável →Euforia: produz uma forte sensação de contentamento e bem-estar. A euforia pode ser causada pela desinibição dos neurônios que contêm dopamina da área tegmento ventral. →Respiração: causa depressão respiratória pela dessensibilização ao CO2 dos neurônios do centro respiratório. Esse efeito pode ocorrer c/ doses normais de morfina em pacientes virgens p/ esse fármaco e acentuar-se à medida que a dose aumenta até que, por fim, a respiração cessa. A depressão respiratória é a causa + comum de morte nos casos de superdose aguda de opioides →Depressão do reflexo da tosse: morfina e codeína possuem propriedades antitussígenas →Miose: a pupila puntiforme característica do uso da morfina, resulta do estímulo dos receptores µ e κ. Há pouca tolerância ao efeito, e todos os viciados em morfina apresentam pupilas puntiformes →Êmese: estimula diretamente a zona quimiorreceptora disparadora na área postrema que causa êmese. →TGI: alivia a diarreia ao ↓a motilidade e ↑o tônus do músculo liso circular intestinal, também ↑o tônus do esfincter anal. No geral, a morfina também pode ↑ a pressão no trato biliar, devido à contração da vesícula biliar e à constrição do esfincter biliar. →Sistema cardiovascular: em dosagens baixas ñ tem efeito significativo na PA ou na FC. C/ doses altas pode ocorrer hipotensão e bradicardia. Devido à depressão respiratória e à retenção de CO2 , os vasos cerebrais dilatam e ↑ a pressão do líquido cerebrospinal. Assim, a morfina está contraindicada em indivíduos c/ lesão grave na cabeça ou no cérebro. →Liberação de histamina: libera histamina dos mastócitos, causando urticária, sudoração e vasodilatação. Como pode causar broncodilatação, a morfina deve ser usada c/ cautela em pacientes c/ asma. →Ações hormonais: ↑ a liberação de hormônio do crescimento e ↑ a secreção de prolactina. Ela ↑o hormônio antidiurético, causando retenção urinária. →Parto: pode prolongar o 2º estágio do trabalho de parto, diminuindo temporariamente a força, a duração e a frequência das contrações uterinas. -Farmacocinética: devido a significativa biotransformação de 1º passagem da morfina no fígado, as injeções intramuscular (IM), subcutânea (SC) ou intravenosa (IV) produzem as respostas + confiáveis. A absorção da morfina no TGI após administração oral é lenta e errática. Quando a morfina é usada por VO, em geral é administrada em uma forma de liberação lenta, p/ obter níveis plasmáticos + consistentes Carolina Ferreira -Distribuição: a morfina entra rapidamente nos tecidos corporais, incluindo o feto da gestante, ñ deve ser usada p/ analgesia durante o parto. Apenas uma pequena fração de morfina atravessa a barreira hematencefálica, porque a morfina é o fármaco menos lipofílico dos opioides comuns -Destino: a morfina é conjugada com ácido glicurônico no fígado, formando 2 metabólitos principais. A morfina-6-glicuronídeos é um analgésico muito potente, e a morfina-3-glicuronídeo ñ tem atividade analgésica. A duração de ação da morfina é de 4 a 5 horas quando é administrada sistemicamente em indivíduos nunca expostos -Efeitos adversos: pode ocorrer grave depressão respiratória, e a dosagem excessiva pode resultar em óbito. O impulso respiratório pode ser suprimido em pacientes c/ enfisema ou cor pulmonale. A morfinadeve ser utilizada c/ cautela em pacientes com asma, doença hepática ou disfunção renal. -Tolerância e dependência física: o uso repetido da morfina causa tolerância aos seus efeitos depressor respiratório, analgésico, eufórico e sedativo. No entanto, normalmente ñ se desenvolve tolerância aos efeitos de constrição pupilar e de constipação. Pode ocorrer dependência física e psicológica c/ a morfina. A retirada produz uma série de respostas autônomas, motoras e psicológicas que incapacitam o indivíduo e causam sintomas graves, mas raramente causam morte. -Interações farmacológicas: são raras contudo, as suas ações depressivas são potenciadas pelos fenotiazínicos, pelos inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) e pelos antidepressivos tricíclicos 2. CODEÍNA -A codeína é um opioide de ocorrência natural que é um analgésico fraco em comparação c/ a morfina -Deve ser usada apenas p/ dor moderada -A ação analgésica da codeína é derivada da sua conversão à morfina pelo sistema enzimático CYP2D6 -Interações de fármacos associadas com o sistema CYP2D6 podem alterar a eficácia da codeína ou potencialmente causar toxicidade -Os fármacos inibidores da CYP2D6 impedem a conversão da codeína em morfina impedindo o controle da dor -A codeína é usada comumente c/ paracetamol p/ combate da dor -É pró-fármaco: biotransformado pela CYP2D6 ao fármaco ativo, morfina -Não usar em pacientes com disfunção renal -Usar somente p/dores leves a moderadas -Ela exibe boa atividade antitussígena em doses que ñ causam analgesia 3. OXICODONA -A oxicodona é um derivado semissintético da morfina -Ela é ativa por via oral e, algumas vezes, formulada c/ ASS ou com paracetamol -O efeito analgésico oral é aproximadamente o dobro da morfina -A oxicodona é biotransformada pelo sistema enzimático CYP2D6 e CYP3A4 e excretada pelos rins -O abuso das preparações de liberação lenta (ingestão dos comprimidos pulverizados) é associado a muitos óbitos -É importante que as formas com maior dose desse tipo de preparação sejam utilizadas apenas por pacientes com tolerância a opioides -Menos náuseas e liberação de histamina em comparação com morfina 4. OXIMORFONA - A oximorfona é um analgésico opioide semissintético -Por via parenteral, é cerca de dez vezes mais potente que a morfina -A formulação oral tem potência relativamente menor e é cerca de 3 vezes + potente que a morfina oral. - Esse fármaco ñ tem interações c/ outros fármacos clinicamente associados c/ o sistema enzimático CYP450 -A liberação imediata tem duração de ação e meia-vida de eliminação (8h) + longa comparado c/ outros opioides de liberação imediata -A biodisponibilidade oral aumenta com alimentação -Deve ser administrado 1 a 2 h depois da refeição -A biodisponibilidade aumenta com coadministração de álcool Carolina Ferreira 5. HIDROMORFONA E HIDROCODONA -Hidromorfona e hidrocodona são análogos semissintéticos da morfina e da codeína, respectivamente, e ativas por via oral -A hidromorfona oral é cerca de 9 a 10 vezes + potente do que a morfina, ela é preferida em pacientes c/ disfunção renal devido ao < acúmulo de metabólitos ativos -A hidrocodona é a hidromorfona-metil-éter, um analgésico + fraco que a hidromorfona, com eficácia analgésica por VO comparável à morfina, esse fármaco c/ frequência é associado c/ paracetamol ou ibuprofeno p/ combater dor intensa. Também é usado como antitussígeno -A hidrocodona é biotransformada no fígado a vários metabólitos, um dos quais é a hidromorfona por ação da CYP2D6 -A biotransformação à hidromorfona pode ser afetada por interações com outros fármacos 6. FENTANILA -A fentanila tem 100 vezes a potência analgésica da morfina, sendo utilizada na anestesia -Ela é altamente lipofílica e apresenta rápido início de ação e curta duração (15-30 min) -Normalmente, é administrada por via IV, epidural ou intratecal - A fentanila é combinada c/ anestésicos locais p/ obter analgesia epidural p/ o parto e a dor pós- cirúrgica -Fentanila por via IV é usada na anestesia por seu efeito analgésico e sedativo. -O uso é contraindicado em pacientes virgens aos opioides, e os adesivos ñ devem ser usados no manejo da dor aguda e pós-cirúrgica -É biotransformada em metabólitos inativos pelo sistema CYP3A4, e os fármacos que inibem essa isoenzima podem potencializar os seus efeitos -A fentanila e seus metabólitos são excretados na urina. -Opção p/ pacientes com insuficiência renal, mas deve ser usado com cautela -< liberação de histamina, sedação e constipação em comparação com morfina 7. SUFENTANILA, ALFENTANILA E REMIFENTANILA -Sufentanila, alfentanila e remifentanila são 3 agonistas opioides relacionados à fentanila -Eles diferem em potência e destino metabólico -A sufentanila é + potente do que a fentanila, e os outros 2 são menos potentes e têm ação + curta -Esses fármacos são usados principalmente pelas propriedades analgésicas e sedativas durante procedimentos cirúrgicos que requerem anestesia. 8. METADONA -A metadona é um opioide sintético, eficaz por via oral causa menos euforia e tem duração de ação um pouco + longa. -As ações da metadona são mediadas pelos receptores µ -Além disso a metadona é antagonista no receptor N-metil-D-aspartato (NMDA) e inibidora da captação de norepinefrina e serotonina. Assim, tem eficácia no tratamento de dor nociceptiva e neuropática -É usada na retirada controlada de adictos de opioides e heroína -Metadona por VO é administrada como substituto do abuso de opioides e depois é retirada lentamente do paciente - A síndrome de abstinência c/ metadona é + suave, mas + longa (dias a semanas) do que c/ outros opioides -É bem absorvida após a administração por via oral, ela ↑ a pressão biliar e causa também constipação, mas menos do que a morfina -Ela é prontamente absorvida após administração oral, é biotransformada no fígado e excretada quase exclusivamente nas fezes -A metadona é muito lipossolúvel, levando ao acúmulo nos tecidos gordurosos -A meia-vida da metadona varia de 12 a 40 horas -A biotransformação é variável, pois depende de múltiplas isoenzimas CYP450, algumas das quais são afetadas por polimorfismo genético e são suscetíveis a várias interações por fármaco Carolina Ferreira - A metadona pode produzir dependência física similar à da morfina, mas causa menos neurotoxicidade, porque ñ tem metabólitos ativos -Pode prolongar o intervalo QT e causar torsades de pointes, possivelmente por interagir com canais de potássio no coração -Deve ser usada c/ cautela em pacientes c/ história pessoal ou familiar de prolongamento do intervalo QT e naqueles que usam outras medicações que podem prolongar esse intervalo. 9. MEPERIDINA -A meperidina é um opioide sintético de < potência estruturalmente ñ relacionado à morfina -É usado contra dor aguda e atua primariamente como agonista κ com alguma atividade µ -É muito lipofílica e tem efeitos anticolinérgicos, resultando em incidência elevada de delírio, comparada c/ outros opioides -A duração de ação é ligeiramente < que a da morfina e outros opioides -Tem um metabólito ativo (normeperidina) excretado por via renal -A normeperidina tem ação neurotóxica significativa e pode causar delírio, hiperreflexia, mioclonia e possivelmente convulsões -Devido à ação breve e ao potencial de toxicidade, a meperidina ñ deve ser usada contra a dor por períodos curtos (menos de 48 horas) -Ñ deve ser usada em pacientes idosos ou naqueles com insuficiência renal, insuficiência hepática, comprometimento respiratório preexistente ou de modo concomitante ao IMAO, ou após sua administração recente -Quando administrada junto c/ inibidor seletivo da captação serotonina(ISCS) provoca a síndrome da serotonina -Ñ recomendado como opioide de 1º escolha AGONISTAS PARCIAIS E AGONISTA-ANTAGONISTAS MISTOS -Os agonistas parciais se ligam ao receptor opioide, mas têm atividade intrínseca < que a dos agonistas totais -Os fármacos que estimulam umreceptor e bloqueiam outro são denominados agonistas-antagonistas. -Os efeitos desses fármacos dependem da exposição prévia a opioides -Em indivíduos que ñ receberam opioides (pacientes virgens), os agonistas-antagonistas possuem atividade agonista e são utilizados no alívio da dor -Em pacientes dependentes de opioides, os fármacos agonistas-antagonistas podem apresentar principalmente efeitos bloqueadores (produzem sintomas de abstinência). 1. BUPRENORFINA -A buprenorfina é classificada como agonista parcial e atua no receptor µ -Ela atua como a morfina em pacientes virgens, mas também pode provocar abstinência em usuários de morfina ou outros agonistas opioides totais -O uso principal é na desintoxicação opioide, pois tem sintomas de retirada menos graves e + curtos em comparação c/ a metadona -Ela causa pouca sedação, depressão respiratória ou hipotensão, mesmo em doses elevadas -É administrada por via sublingual, parenteral ou transdérmica e tem longa duração de ação, devido à sua forte ligação ao receptor µ -É biotransformada pelo fígado e excretada na bile e na urina -Os efeitos adversos incluem depressão respiratória, redução ou aumento da PA, náuseas e tontura. 2. PENTAZOCINA - A pentazocina age como agonista nos receptores κ e é um antagonista fraco nos receptores µ e δ -Ela promove analgesia ativando receptores na medula espinal e é usada no alívio da dor moderada -Pode ser administrada por via oral ou parenteral -Em doses + altas provoca depressão respiratória, reduz a atividade do TGI,↑ PA e pode causar alucinações, pesadelos, disforia, taquicardia e tontura Carolina Ferreira -Deve ser usada c/ cautela em pacientes c/ angina ou doença coronariana, pois pode ↑ a pressão arterial pulmonar e sistêmica e, assim, aumentar o trabalho cardíaco. 3. NALBUFINA E BUTORFANOL -Nalbufina e butorfanol são agonistas-antagonistas opioides misto -Eles têm papel limitado no tratamento da dor crônica -O butorfanol é usado p/ cefaleias intensas -A nalbufina não afeta o coração nem aumenta a pressão arterial, em contraste com pentazocina e butorfanol OUTROS ANALGÉSICOS 1. TAPENTADOL - O tapentadol é um analgésico de ação central, é agonista µ opioide e inibidor da captação de norepinefrina -Tem sido usado p/ combater dor moderada e intensa, crônica e aguda -O tapentadol é biotransformado principalmente a metabólitos inativos por glicuronidação e ñ inibe nem induz o sistema isoenzima CYP450 -Ñ produz metabólitos ativos o que ñ faz necessário o reajuste de dosagem em insuficiências renais leves ou moderadas -Deve ser evitado em pacientes que receberam IMAO nos últimos 14 dias 2. TRAMADOL -O tramadol é um analgésico de ação central que se liga ao receptor opioide µ -O fármaco sofre extensa biotransformação via CYP2D6, resultando em um metabólito ativo c/ afinidade muito > pelo receptor µ do que o composto original -Ele inibe fracamente a captação de norepinefrina e serotonina -É utilizado no manejo da dor moderada ou moderadamente intensa -Sua atividade depressora respiratória é < do que a da morfina ANTAGONISTAS OPIOIDES -Os antagonistas opioides se ligam c/ alta afinidade aos receptores opioides, mas ñ ativam a resposta mediada pelo receptor -A administração de antagonistas opioides ñ produz efeitos significativos em indivíduos normais -No entanto, em pacientes dependentes de opioides, os antagonistas revertem rapidamente o efeito dos agonistas, como a morfina e outros agonistas µ totais, e precipitam os sintomas de abstinência de opioides 1. NALOXONA -A naloxona é utilizada p/ reverter o coma e a depressão respiratória causados pela dose excessiva de opioides -Mecanismo de ação: ela rapidamente desloca todas as moléculas opioides ligadas ao receptor e, assim, é capaz de reverter o efeito da dose excessiva de morfina, dentro de 30 segundos após a injeção IV de naloxona, a depressão respiratória e o coma são revertidos, reanimando o paciente e tornando-o alerta. -Farmacocinética: tem meia-vida de 30 a 81 minutos; por isso, o paciente que foi tratado e se recuperou pode recair na depressão respiratória -É um antagonista competitivo nos receptores µ, κ e δ, c/ afinidade 10 vezes > pelos receptores µ do que pelos κ 2. NALTREXONA -A naltrexona tem ações similares às da naloxona -Tem duração de ação + longa do que a naloxona, e uma única dose oral de naltrexona bloqueia o efeito da heroína injetada por até 24 horas Carolina Ferreira -A naltrexona associada à clonidina é usada na desintoxicação rápida de opioides -É hepatotóxica. -Derivados do ácido salicílico: AAS -Derivados do Para-aminofenol: Paracetamol -Derivados da Pirazolona: Dipirona (metamizol) - Novos antiinflamatórios não-esteróides: ibuprofeno ÁCIDO ACETILSALICÍLICO (ASS) -Possui ótimo efeito analgésico, antipirético e anti-inflamatório -O AAS pode ser considerado um AINE tradicional, mas ele apresenta efeito anti-inflamatório apenas em dosagens relativamente altas, raramente usadas -Ele é + usado em dosagens baixas p/ a prevenção de eventos cardiovasculares, como o acidente vascular encefálico (AVE) e o infarto do miocárdio (IM) -O AAS é diferenciado dos outros AINEs por ser um inibidor irreversível da atividade da cicloxigenase -Mecanismo de ação: é um ácido orgânico fraco que acetila irreversivelmente e, assim, inativa a cicloxigenase, realizam 3 ações terapêuticas principais: reduzem a inflamação (efeito antiinflamatório), a dor (efeito analgésico) e a febre (efeito antipirético →Ação anti-inflamatória: a inibição da cicloxigenase ↓a formação de prostaglandinas o que diminui a inflamação, os AINEs inibem a inflamação na artrite, mas ñ evitam o avanço da doença nem induzem remissão. → Ação analgésica: a PGE2 sensibiliza as terminações nervosas à ação da bradicinina, da histamina e de outros mediadores químicos liberados localmente pelo processo inflamatório e quando diminui a síntese de PGE2, a sensação de dor pode diminuir. Como a COX-2 é expressa durante inflamações e lesões, parece que a inibição dessa enzima é responsável pelo efeito analgésico dos AINEs →Ação antipirética: a febre ocorre quando o “ponto de referência” do centro termorregulador hipotalâmico anterior é↑. Isso ocorre pela síntese da PGE2, que é estimulada quando agentes endógenos causadores de febre (pirógenos), como as citocinas, são liberados pelos leucócitos ativados por infecção, hipersensibilidade, câncer ou inflamação. Os AINEs ↓ a temperatura corporal em pacientes febris, impedindo a síntese e a liberação da PGE2. -Os AINEs são usados, principalmente, p/ combater dores de leves a moderadas originadas de distúrbios musculosqueléticos -Os AINEs ñ têm efeito sobre a temperatura normal do organismo. →Usos terapêuticos: Usos anti-inflamatório e analgésico: são usados no tratamento da osteoartrite, da gota e da AR. E também são p/ tratar condições comuns que requerem analgesia (cefaleia, artralgia, mialgia e dismenorreia). Os salicilatos exibem apenas atividade analgésica em dosagens baixas. Somente em dosagens + altas eles têm atividade anti-inflamatória Uso antipirético: pode ser usado p/ combater a febre. O AAS deve ser evitado em pacientes c/ menos de 20 anos de idade c/ infecção viral, como varicela ou gripe, p/ prevenir a síndrome de Reye, que pode causar hepatite fulminante c/ edema cerebral, frequentemente levando ao óbito Aplicações cardiovasculares: o AAS é usado p/ inibir a aglutinação plaquetária. Doses baixas de AAS inibem a produção de TXA2 mediada por COX-1, reduzindo, assim, a vasoconstrição e a aglutinação de plaquetas mediada por TXA2 e o subsequente risco Carolina Ferreira de eventos cardiovasculares. Doses baixas de AAS são usadas profilaticamente para 1) reduzir o risco de eventos cardiovasculares recorrentes e/ou morte em pacientes c/ IM prévio ou angina de peito instável Aplicações externas: o ácido salicílico é utilizado topicamente no tratamento de acne, calosidades,calos ósseos e verrugas. O metilsalicilato (óleo de gaultéria) é utilizado externamente como um contrairritante cutâneo em linimentos, como pomadas contra artrites e friccionantes de esportes. -Farmacocinética: após administração oral, o AAS é rapidamente desacetilado pelas esterases do organismo, produzindo salicilato. Os salicilatos ñ ionizados são absorvidos passivamente, a > parte no intestino delgado anterior. Os salicilatos (exceto o diflunisal) atravessam a barreira hematencefálica e a placentária e são absorvidos pela pele intacta (especialmente o salicilato de metila). O salicilato é convertido pelo fígado em conjugados hidrossolúveis que são rapidamente eliminados pelos rins, resultando em eliminação de 1º ordem e meia-vida sérica de 3,5 horas -Doses baixas de AAS (menos de 2 g/dia) diminuem a secreção de ácido úrico; em doses altas, a secreção de ácido úrico pode ser inalterada ou aumentada. Por isso, o AAS é evitado em pacientes c/ gota ou que tomam probenecida. PARACETAMOL ou ACETAMINOFENO -O paracetamol (N-acetil-p-aminofenol, ou APAF) inibe a síntese das PGs no SNC o que explica suas propriedades antipiréticas e analgésicas -O paracetamol exerce < efeito sobre as cicloxigenases nos tecidos periféricos devido à inativação periférica, o que contribui p/ a sua fraca atividade anti-inflamatória -Esse fármaco ñ afeta a função plaquetária nem aumenta o tempo de sangramento -O paracetamol ñ é considerado um AINE. -Usos terapêuticos: o paracetamol é um substituto adequado p/ os efeitos analgésicos e antipiréticos dos AINEs em pacientes c/ problemas ou riscos gástricos, nos quais o prolongamento do tempo de sangramento ñ é desejável, e naqueles que ñ necessitam da ação anti-inflamatória dos AINEs. O paracetamol é o analgésico/antipirético de escolha p/ crianças c/ infecções virais ou varicela, pois o AAS oferece risco de síndrome de Reye. -Farmacocinética: é rapidamente absorvido no TGI, nas células luminais dos intestinos e nos hepatócitos, ocorre significativa biotransformação de primeira passagem. Em circunstâncias normais, o paracetamol é conjugado no fígado, formando metabólitos glicuronizados ou sulfatados inativos. Uma parte do paracetamol é hidroxilada, gerando N-acetil-p- benzoquinoneimina (NAPQI), um metabólito altamente reativo que pode reagir c/ grupos sulfidrila e causar lesão hepática. -Efeitos adversos: o paracetamol é praticamente livre de efeitos adversos significativos. Em dosagens altas, a glutationa disponível no fígado se esgota, e a NAPQI reage c/ o grupo sulfidrila das proteínas hepáticas, formando ligações covalentes que pode ocorrer necrose hepática, uma condição muito grave e potencialmente fatal. Os pacientes c/ doença hepática, hepatite viral ou história de alcoolismo correm + riscos de hepatotoxicidade induzida pelo paracetamol DIPIRONA -A dipirona é um analgésico e antipirético do grupo das pirazolonas -Em alguns países tem seu uso proibido devido a associação do risco de agranulocitose associada ao uso da droga. -É o analgésico-antipirético + utilizado no Brasil. -É também conhecida como metamizol, é um derivado da pirazolona ñ narcótico c/ efeitos analgésico, antipirético e espasmolítico. -Mecanismo de ação: é uma pró-droga que, após sua metabolização, gera a formação de vários metabólitos, dos quais 2 têm propriedades analgésicas, são eles o 4- Carolina Ferreira metilaminoantipirna (4-MAA) e o 4-amino-antipirina (4-AA). Além da inibição da ciclo- oxigenase (COX-1 e COX-2), há também a inibição da síntese de prostaglandinas preferencialmente no sistema nervoso central, dessensibilização dos nociceptores periféricos envolvendo atividade via óxido nítrico-GMPc no nociceptor, que é uma possível variante de COX-1 do SNC .Os efeitos analgésico e antipirético podem ser esperados em 30 a 60 minutos após a administração e geralmente duram cerca de 4 horas. -Efeitos colaterais: + frequentes são alergia c/ coceira, ardor, vermelhidão, urticária, inchaço ou falta de ar, alterações no batimento cardíaco e nos valores do exame de sangue, podendo levar ao aparecimento de anemia. Reações cutâneas graves foram relatadas durante o uso de dipirona, como Síndrome de Stevens-Johnson e Necrólise Epidérmica Tóxica, que têm como sintoma bolhas na pele e danos nas mucosas -Precauções do uso: deve ser evitado nos 3 primeiros meses e nas últimas 6 semanas da gestação, em pacientes c/ asma e infecções respiratórias crônicas, crianças < de 3 meses de idade ou pesando menos de 5 Kg ñ devem ser tratadas c/ dipirona e pacientes c/ distúrbios hematopoiéticos IBUPROFENO -É um anti-inflamatório não esteroide (AINE) da família dos derivados arilpropiónicos usado no tratamento sintomático de artrite reumatoide, osteoartrite, tendinite e bursite aguda principalmente em pacientes c/ intolerância gastrointestinal a outros AINE -Possui a capacidade de combater a inflamação, a dor e a febre -Mecanismo de ação: o ibuprofeno é um inibidor ñ-seletivo de uma enzima chamada o ciclooxigenase (COX), que é exigido p/ a síntese das prostaglandina através do caminho do ácido araquidonico. COX é necessário converter o ácido araquidonico ao prostaglandina H2 (PGH2) no corpo. Este PGH2 é convertido então aos prostaglandina. A inibição de COX pelo ibuprofeno abaixa consequentemente o nível de prostaglandina feitos pelo corpo. -Efeitos adversos: dor de cabeça e de estômago, vómitos, diarreia, podendo também produzir diversas gastropatias, entre as quais, úlceras no estômago e duodeno pois bloqueia a produção da barreira de protecção da mucosa gástrica. -Aproximadamente 10% da população tem pelo menos uma convulsão durante sua vida. -A epilepsia é o 3º distúrbio neurológico + comum, logo atrás da doença cerebrovascular e da doença de Alzheimer -A epilepsia é um conjunto de diferentes tipos de convulsões e síndromes originadas por vários mecanismos que têm em comum a descarga repentina, excessiva e sincronizada dos neurônios cerebrais, essa atividade elétrica anormal pode resultar em uma variedade de eventos, incluindo perda de consciência, movimentos anormais, comportamento atípico ou desigual e percepção distorcida de duração limitada, mas recorrente se ñ for tratada -Em geral, as convulsões podem ser controladas c/ medicamento em cerca de 75% dos pacientes -Pode ser necessária + de uma medicação p/ otimizar o controle das convulsões -A > dos pacientes com epilepsia não obtém remissão espontânea de sinais e sintomas -Os antiepilépticos são prescritos para prevenir a recorrência de crises -P/ a primeira convulsão não provocada, usualmente não se prescrevem antiepilépticos. É extremamente difícil, se não impossível, predizer o sucesso do tratamento para o paciente individual com base no mecanismo de ação dos fármacos. Apenas algumas generalizações são possíveis: 1. Pacientes c/ crises tônico-clônicas generalizadas e c/ crises parciais obtêm + sucesso c/ fármacos bloqueadores dos canais de sódio (carbamazepina, fenitoína e valproato de sódio/ácido valproico). 2. Pacientes c/ crises de ausência respondem a valproato de sódio/ácido valproico. Carolina Ferreira -Em casos de politerapia, algumas regras orientam um regime racional. 1. Associação de fármacos com diferentes mecanismos de ação, visando sinergismo. 2. Associação de fármacos com diferentes perfis de efeitos adversos. 3. Ñ associação de fármacos c/ significante capacidade de indução ou inibição enzimática hepática. -Em crianças, o tratamento continua até um a 2 anos após os pacientes estarem livres de crises. Em adultos, não há definição sobre a duração de tratamento após uma primeira crise. - Carbamazepina, em monoterapia, é eficaz, sendo agente de 1º escolha em crises parciais simples e complexas e nas generalizadas tônico-clônicas secundárias a uma descarga focal. Tem menos efeitos adversos do que fenitoína ou fenobarbital, cuja incidência pode ser diminuída por alteração do intervalo entre doses -Clonazepam é benzodiazepínicoselecionado por ser tratamento na mioclônus e outras formas de epilepsia em crianças -Diazepam é benzodiazepínico considerado a 1ºescolha no tratamento de emergência do estado de mal epiléptico. Sua administração deve ocorrer em até 30 a 60 minutos após o início da crise, quando mecanismos compensatórios ainda previnem o dano neuronal. O tratamento deve ser instituído de preferência por via intravenosa, p/ se obter rápido início de ação. É associado a outras medidas, tais como oxigenoterapia, hidratação parenteral e administração de solução de glicose, se houver sinais de hipoglicemia. Diazepam intravenoso faz cessar o quadro convulsivo em 60%-80% dos pacientes, e pode ser repetido, em adultos, de 30 a 60 minutos após a primeira dose. Se as crises persistirem por + de uma hora após a conduta inicial, o uso de anestésicos gerais é recomendado. Quando o estado de mal epiléptico é desencadeado pela suspensão súbita de antiepilépticos anteriormente empregados, reiniciar o tratamento c/ tais fármacos é conduta eficaz -Fenitoína é eficaz no tratamento de crises parciais simples e complexas, c/ ou sem generalização secundária, e de crises tônico-clônicas generalizadas primárias. Em estado de mal epiléptico é dada em sequência ao diazepam. O risco de bloqueio A-V e de outras arritmias contraindica seu uso em pacientes cardiopatas e em idosos com estado de mal epiléptico -Fenobarbital é barbitúrico c/ eficácia em quase todos os tipos de epilepsia, exceto nas crises de ausência. Por ser muito sedativo em adultos e causar hipercinesia e alterações de comportamento em crianças, não é mais considerado primeira escolha em nenhum tipo de crise. Fica reservado p/ casos refratários de crises tônico-clônicas generalizadas primárias e pacientes em que > grau de sedação é desejado. Na forma injetável, pode ser usado no estado de mal epiléptico em casos refratários, mas seu uso intravenoso deve ser evitado em pacientes que receberam dose oral recente do fármaco. Os efeitos adversos + graves correspondem à depressão cardiorrespiratória -Sulfato de magnésio é usado p/ prevenção de convulsões em pré-eclampsia e eclampsia -Valproato de sódio ou ácido valproico é considerado como primeira escolha p/ crises generalizadas primárias, de ausência, mioclônicas e espasmos infantis. Nas crises mioclônicas, a monoterapia c/ ácido valproico exerce controle em 75%-90% dos pacientes. Tem eficácia comparável à de carbamazepina e fenitoína no controle de crises parciais e controla crises de ausência em 80% dos pacientes. Deve ser feita monitoria da função hepática durante os seis 1º meses de tratamento, especialmente em hepatopatas, em < de 3 anos, em pacientes com doenças metabólicas e degenerativas e em pacientes em uso de outros anticonvulsivantes. Hepatite e pancreatite fulminantes e os distúrbios sanguíneos são eventos adversos que podem ser fatais -Os anticonvulsivantes estão associados a má-formações fetais, especialmente a carbamazepina, o valproato de sódio e a fenitoína. O uso em mulheres em idade fértil e em grávidas deve ser feito com extrema cautela e sob acompanhamento. O risco de sangramento intracraniano no neonato causado por carbamazepina, fenobarbital e fenitoína pode ser prevenido pelo uso de fitomenadiona antes e depois do parto ETIOLOGIA DAS CONVULSÕES -Na > dos casos, a epilepsia ñ tem causa identificável -Áreas focais funcionalmente anormais podem ser ativadas por alterações em fatores fisiológicos, como alteração em gases sanguíneos, pH, eletrólitos e glicemia, e alterações em fatores ambientais, como privação do sono, ingestão de álcool e estresse -A descarga neuronal na epilepsia resulta do disparo de uma pequena população de neurônios em alguma área específica do cérebro denominada foco primário -A epilepsia pode ser devida aos seguintes tipos: Carolina Ferreira *Epilepsia genética: essas crises resultam de uma anormalidade herdada no SNC e a obtenção de anamnese familiar detalhada pode fornecer informações importantes p/ avaliar a possibilidade de ligação genética às convulsões. *Epilepsia estrutural ou metabólica: ocorre devido a inúmeras causas como uso de fármacos ilícitos, tumores, traumatismo encefálico, hipoglicemia, infecção meníngea e retirada rápida do álcool em um indivíduo alcoólatra, podem desencadear as crises. Em casos em que a causa de uma convulsão pode ser determinada e corrigida, pode ñ ser necessária a medicação. Por exemplo, a convulsão que é causada por reação a fármaco ñ é epilepsia e ñ requer tratamento crônico *Causas desconhecidas: quando ñ há evidência de causa anatômica específica p/ as crises, como traumatismo ou neoplasia, o paciente pode ser diagnosticado c/ convulsões em que a causa é desconhecida. A > dos casos de epilepsia deve-se a causas desconhecidas. Os pacientes podem ser tratados cronicamente c/ antiepiléticos ou estimulantes vagais. CLASSIFICAÇÃO DAS CRISES -É importante classificar corretamente as crises p/ determinar o tratamento apropriado -As crises são classificadas c/ base em local de origem, etiologia, correlação eletrofisiológica e apresentação clínica -A nomenclatura desenvolvida pela International League Against Epilepsy (Liga Internacional Contra a Epilepsia) é considerada a via padrão p/ classificar convulsões e síndromes epiléticas -As crises são classificadas em 2 grupos gerais: focal e generalizada. FOCAIS -A crise focal envolve somente uma porção do cérebro, normalmente parte de um lobo de um hemisfério -Os sinais de cada tipo de crise dependem do local da descarga neuronal e da extensão pela qual a atividade elétrica se espalha nos demais neurônios do cérebro -Crises focais podem evoluir, tornando-se crises tônico-clônicas generalizadas. →Parciais simples: Essas crises são causadas por um grupo de neurônios hiperativos que apresentam atividade elétrica anormal e fica confinada em um local único no cérebro. A descarga elétrica ñ se alastra, e o paciente ñ perde a consciência ou a percepção. C/ frequência, o paciente apresenta atividade anormal em um dos membros ou em um grupo muscular controlado pela região cerebral que apresenta o distúrbio. O paciente também pode apresentar distorções sensoriais. A atividade pode se alastrar. Crises parciais simples podem ocorrer em qualquer idade. →Parciais complexas: essas crises provocam alucinações sensoriais complexas e distorção mental. A disfunção motora pode envolver movimentos mastigatórios, diarreia e/ou micção. A consciência se altera. A crise parcial simples pode se alastrar, tornar-se complexa e então evoluir p/ uma convulsão generalizada secundária. As crises parciais complexas podem ocorrer em qualquer idade. GENERALIZADAS -As crises generalizadas podem iniciar localmente e então avançar, incluindo descargas elétricas anormais pela totalidade de ambos os hemisférios cerebrais -As crises generalizadas primárias podem ser convulsivas ou ñ convulsivas, e o paciente normalmente apresenta perda imediata da consciência. →Tônico-clônicas: essas crises resultam em perda da consciência, seguida das fases tônica (de contração contínua) e clônica (de contração e relaxamento rápidos). Pode ser seguida por um período de confusão e exaustão, devido à depleção de glicose e dos estoques energéticos. →Ausências: essas crises envolvem uma perda breve, abrupta e autolimitante da consciência. Em geral, iniciam-se em pacientes de 3 a 5 anos de idade e perduram até a puberdade ou +. O paciente permanece c/ o olhar fixo e pisca rapidamente, o que dura de 3 a 5 segundos. A crise de ausência tem um pico muito distinto de 3 picos de registro de atividade elétrica no EEG por segundo e descarga em ondas vista no eletrencefalograma (EEG). →Mioclônicas: essas crises consistem em episódios curtos de contração muscular que podem recorrer por vários minutos. Em geral, elas ocorrem após o despertar e se revelam como breves contrações espasmódicas dos membros. As crises mioclônicas ocorrem em qualquer idade, mas iniciamna puberdade ou no adulto jovem. Carolina Ferreira → Clônicas: essas crises consistem em episódios curtos de contração muscular que podem parecer muito c/ crises mioclônicas. A consciência está + comprometida nas crises clônicas em comparação c/ as mioclônicas. →Tônicas: essas crises envolvem ↑ do tônus nos músculos extensores e duram menos de 60 segundos. →Atônicas: são chamadas também de ataques de queda, essas crises se caracterizam pela perda súbita de tônus muscular. MECANISMO DE AÇÃO DAS MEDICAÇÕES ANTIEPILÉTICAS -Os fármacos reduzem as crises por meio de mecanismos de bloqueio dos canais voltagem- dependentes (Na+ ou Ca2+), potencializando impulsos inibitórios gabaérgicos e interferindo na transmissão excitatória do glutamato -Alguns antiepiléticos parecem ter múltiplos alvos no SNC, ao passo que o mecanismo de ação de alguns fármacos é mal definido - A medicação antiepilética suprime as crises, mas ñ cura nem previne a epilepsia. -O GABA e o glutamato constituem os principais neurotransmissores inibitório e excitatório do SNC, respectivamente -Os fármacos que atuam sobre a neurotransmissão GABAérgica potencializam, em sua> a atividade GABAérgica e deprimem, portanto, as funções do SNC -A modulação da transmissão GABAérgica pode ocorrer em nível pré ou pós-sináptico -Os fármacos que atuam em sítios pré-sinápticos são principalmente direcionados p/ a síntese, a degradação e a recaptação do GABA -Os fármacos de ação pós-sináptica afetam diretamente os receptores GABA, por meio da ocupação do sítio de ligação do GABA ou por um mecanismo alostérico. -O receptor GABAA constitui o alvo da > quantidade de fármaco, incluindo agonistas do sítio de ligação do GABA, benzodiazepinas, barbitúricos, anestésicos gerais e esteroides neuroativos SELEÇÃO DO FÁRMACO -A escolha do tratamento farmacológico se baseia no tipo específico de crise, nas variáveis do paciente (idade, condições mórbidas simultâneas, estilo de vida e preferências pessoais) e nas características do fármaco (como custos e interações com outros fármacos) -Por exemplo, crises de início focal são tratadas c/ medicamentos diferentes dos usados em crises generalizadas primárias, ainda que a relação de fármacos eficazes se sobreponha -A toxicidade do fármaco e as características do paciente são as principais considerações na seleção do fármaco - Em pacientes, recém-diagnosticados, é instituída monoterapia c/ um único fármaco até que a crise seja controlada ou que ocorram sinais de toxicidade -Se a crise ñ é controlada c/ a 1º medicação, é considerada a monoterapia c/ fármaco alternativo ou a adição de outro fármaco - Se isso falhar, deve ser considerado outro manejo médico (estimulação vagal, cirurgia, etc.) ANTIEPILÉPTICOS -Comportamento suicida e ideias suicidas foram identificados como risco da medicação antiepilética -Praticamente todas as medicações antiepiléticas foram associadas c/ reações multiorgânicas de hipersensibilidade, uma reação idiossincrática rara caracterizada por urticária, febre e envolvimento orgânico sistêmico. →ÁCIDO VALPROICO E DIVALPROEX: -É um fármaco usado nas crises generalizadas -Mecanismos de ação desses fármacos incluem bloqueio de canais de sódio, bloqueio da transaminase GABA e ações nos canais de cálcio tipo T -São eficazes p/ o tratamento de epilepsias focais e primárias generalizadas -O ácido valproico está disponível como ácido livre -O divalproex sódico é a associação de valproato de sódio e ácido valproico, que é convertido em valproato quando alcança o trato gastrintestinal (TGI). Ele foi desenvolvido p/ melhorar a tolerância gastrintestinal (GI) do ácido valproico -O valproato inibe o metabolismo dos sistemas CYP2C9, UGT e epóxido hidrolase -Toxicidade hepática é rara e pode causar ↑ das enzimas hepáticas, que devem ser monitoradas frequentemente. A teratogenicidade também é uma grande preocupação. Carolina Ferreira →BENZODIAZEPÍNICOS: -Possuem efeitos sedativos, hipnóticos, miorrelaxantes, amnésicos e ansiolíticos -Em altas doses, os benzodiazepínicos podem causar hipnose e estupor -Se ligam aos receptores do GABA, que são inibitórios, p/ reduzir a taxa de disparos -A > dos benzodiazepínicos é reservada p/ emergências ou tratamento de crises agudas, devido à sua tolerância -Contudo, clonazepam e clobazam podem ser prescritos como auxiliares no tratamento em tipos particulares de crises -O diazepam também está disponível p/ administração retal p/ evitar ou interromper convulsões tônico- clônicas generalizadas prolongadas ou agrupadas, quando a administração oral ñ é possível. -São fármacos de alta afinidade e altamente seletivos, que se ligam a um único sítio dos receptores GABAA -Os benzodiazepínicos em altas doses raramente provocam morte, a ñ ser que sejam administrados c/ outras drogas ou fármacos, como etanol, depressores do SNC, analgésicos opióides ou antidepressivos tricíclicos -O ↑ da depressão do SNC observado c/ o uso concomitante de etanol e benzodiazepínicos deve-se a efeitos sinérgicos sobre os receptores GABAA e à inibição da CYP3A4 mediada pelo etanol. Esse efeito é observado quando o etanol é consumido rapidamente, diminuindo a depuração dos benzodiazepínicos. -A overdose de benzodiazepínicos pode ser revertida por um antagonista dos benzodiazepínicos, como o flumazenil →CARBAMAZEPINA: -É um fármaco usado nas crises parciais e nas crises tônico-clônicas generalizadas -Esse fármaco bloqueia os canais de sódio o que inibe a geração de potenciais de ação repetitivos no foco epilético e evita seu alastramento -É eficaz p/ tratar as crises focais e as convulsões tônico-clônicas generalizadas, a neuralgia do trigêmio e os transtornos bipolares -A carbamazepina tem absorção lenta após administração por VO -Ela induz sua própria biotransformação, resultando em [ ] séricas < nas doses + altas -A carbamazepina é indutora das enzimas CYP1A2, CYP2C e CYP3A e da uridina 5’-difosfato (UDP) – glicuronosiltransferase (UGT), o que ↑ a depuração de outros fármacos. Pode ser notada hiponatremia em alguns pacientes, especialmente em idosos, o que requer a troca de medicação -A carbamazepina ñ deve ser prescrita p/ pacientes c/ crises de ausência, porque pode aumentá-las. →ESLICARBAZEPINA: -É um fármaco usado nas crises parciais e nas crises tônico-clônicas generalizadas -O acetato de eslicarbazepina é uma pró-fármaco convertida ao metabólito ativo eslicarbazepina por hidrólise -Ela é um bloqueador do canal de sódio disparado por voltagem e aprovada contra crises de início parcial em adultos -Os efeitos adversos inclui tonturas, sonolência, diplopia e cefaleia. Reações adversas graves como urticária, efeitos psiquiátricos e hiponatremia ocorrem raramente. → ETOSSUXIMIDA: -É um fármaco usado nas crises generalizadas -Reduz a propagação da atividade elétrica anormal no cérebro provavelmente inibindo os canais de cálcio tipo T -Ela é eficaz apenas no tratamento de crises de ausência. →EZOGABINA: -Esse fármaco abre os canais de potássio tipo M disparados por voltagem, levando à estabilização do potencial de repouso -A ezogabina tem farmacocinética linear sem interações c/ outros fármacos nas dosagens baixas. Os efeitos adversos são retenção urinária, prolongamento do intervalo QT, coloração azulada da pele e anormalidade na retina. → FELBAMATO: -É um fármaco usado nas crises parciais e nas crises tônico-clônicas generalizadas -Possui o bloqueio de canais de sódio voltagem-dependente, competindo c/ o local de ligação do coagonista glicina no receptor N-metil-D-aspartato (NMDA) glutamato, bloqueando canais de cálcio e potencializando a ação do GABA Carolina Ferreira - O felbamato é um inibidor dos fármacos biotransformados por CYP2C19 e induz os fármacos biotransformados por CYP3A4 -Ele é reservado p/ uso em epilepsias refratárias (particularmente a síndrome Lennox-Gastaut) devido ao risco de anemia aplástica e insuficiência hepática. →FENITOÍNA E FOSFENITOÍNA:-É um fármaco usado nas crises parciais e nas crises tônico-clônicas generalizadas -É um anticonvulsivante ñ sedativo + antigo -A fenitoína bloqueia os canais de sódio voltagem-dependentes, ligando-se seletivamente ao canal no estado inativo e tornando lenta a sua recuperação -Ela é eficaz p/ o tratamento de crises focais e tônico-clônicas generalizadas e no tratamento do estado epilético -A fenitoína induz os sistemas enzimáticos CYP2C, CYP3A e UGT, acelerando a biotransformação dos fármacos substratos desses sistemas. Ela exibe biotransformação por enzima saturável, resultando em propriedades farmacocinéticas não lineares (pequenos ↑ na dose diária podem produzir grandes ↑ na [] no plasma, resultando em toxicidade induzida por fármaco) -Ocorre depressão do SNC, particularmente no cerebelo e no sistema vestibular, causando nistagmo e ataxia. Os idosos são muito suscetíveis a este efeito. Hiperplasia gengival pode levar ao crescimento da gengiva sobre os dentes. O uso por tempo prolongado pode levar ao desenvolvimento de neuropatias periféricas e osteoporose. A fosfenitoína é um pró-fármaco que rapidamente é convertido em fenitoína no sangue (em poucos minutos) -Ao passo que a fosfenitoína pode ser administrada por via intramuscular (IM), a fenitoína sódica nunca deve ser administrada por essa via, pois causa lesão tecidual e necrose. A fosfenitoína é o fármaco de escolha e padrão quando se precisa do efeito da fenitoína por via intravenosa ou intramuscular → FENOBARBITAL E PRIMIDONA: -É um fármaco usado nas crises parciais e nas crises tônico-clônicas generalizadas -O mecanismo de ação primário do fenobarbital é a potenciação dos efeitos inibitórios dos neurônios mediados por GABA -A primidona é biotransformada a fenobarbital (principalmente) e feniletilmalonamida, ambos c/ atividade anticonvulsivante -O fenobarbital é usado principalmente no tratamento do estado epilético quando outros fármacos falham. →GABAPENTINA: -É um fármaco usado nas crises parciais e nas crises tônico-clônicas generalizadas -É um análogo do GABA, ela ñ atua nos receptores GABA, potencializa as ações do GABA nem se converte em GABA, ela é aprovada como tratamento auxiliar p/ crises focais e tratamento da neuralgia pós-herpética -A gabapentina ñ se liga às proteínas plasmáticas e é excretada inalterada pelos rins. É necessário diminuir sua dosagem em caso de doenças renais -A gabapentina é bem tolerada pelos idosos c/ crises parciais, devido aos seus efeitos adversos relativamente leves. Ela também é boa escolha p/ os pacientes idosos porque tem poucas interações com fármacos. → LACOSAMIDA: -É um fármaco usado nas crises parciais e nas crises tônico-clônicas generalizadas -Afeta canais de sódio disparados por voltagem, resultando na estabilização de membranas neuronais hiperexcitáveis e na inibição de disparos neuronais repetitivos -A lacosamida se liga à proteína 2 mediadora da resposta colapsina (P2MRC), uma fosfoproteína envolvida na diferenciação neuronal e no controle do crescimento axonal -A lacosamida está aprovada p/ o tratamento auxiliar de convulsões focais.O efeito adverso + comum que limita o tratamento inclui tonturas, cefaleia e fadiga. →LAMOTRIGINA: -É um fármaco usado nas crises parciais e nas crises tônico-clônicas generalizadas -Bloqueia os canais de sódio, bem como os canais de cálcio alta voltagem-dependentes. A lamotrigina é eficaz em uma variedade de tipos de crises, incluindo focais, generalizadas, de ausência e de Lennox- Gestaut -É também usada p/ tratar o transtorno bipolar →LEVETIRACETAM: Carolina Ferreira -É um fármaco usado nas crises parciais e nas crises tônico-clônicas generalizadas -É aprovado p/ o tratamento auxiliar de crises focais, mioclônicas e tônico-clônicas primárias generalizadas em adultos e crianças -O levetiracetam é bem absorvido por via oral e excretado na urina em sua maior parte inalterado, resultando em pouca ou nenhuma interação c/ fármacos -O levetiracetam pode causar alterações de humor que podem exigir diminuição da dosagem ou alteração do fármaco. → OXCARBAZEPINA: -É um fármaco usado nas crises parciais e nas crises tônico-clônicas generalizadas -É um pró-fármaco que é rapidamente reduzido ao metabólito 10-monoidróxi (MHD), responsável pela atividade anticonvulsivante -O MHD bloqueia canais de sódio, prevenindo o alastramento das descargas anormais. Está aprovada para uso em adultos e crianças com crises de ataque focal -A oxcarbazepina é indutora menos potente do CYP3A4 e do UGT do que a carbamazepina. O efeito adverso de hiponatremia limita seu uso em idosos. →PERAMPANEL: -É um antagonista ácido α-amino-3-hidroxi-5-metil-4-isoxazolepropiônico seletivo que resulta em atividade excitatória reduzida -O perampanel tem longa meia-vida, permitindo dosificação única por dia. Está aprovado como tratamento auxiliar de crises de começo focal em pacientes a partir dos 12 anos de idade. Esse fármaco é um antiepilético novo →PREGABALINA: -É um fármaco usado nas crises parciais e nas crises tônico-clônicas generalizadas -A pregabalina se liga ao local α2-δ, uma subunidade auxiliar de canais de cálcio disparado por voltagem no SNC, inibindo a liberação do neurotransmissor excitatório. -O fármaco possui eficácia em crises de início focal, neuropatia periférica diabética, neuralgia pós- herpética e fibromialgia -Ñ tem biotransformação significativa e apresenta poucas interações com fármacos. Aumento de massa corporal e edema periférico foram observados. → RUFINAMIDA: -É um fármaco usado nas crises parciais e nas crises tônico-clônicas generalizadas -Atua nos canais de sódio, é aprovada p/ o tratamento auxiliar de crises associadas c/ a síndrome de Lennox-Gastaut em crianças c/ + de 4 anos e em adultos. - A rufinamida é um inibidor fraco da CYP2E1 e um indutor fraco da CYP3A4. Os alimentos aumentam a absorção e o pico de [ ] no soro -As concentrações séricas de rufinamida são afetadas por outras medicações antiepiléticas. Como com outras medicações antiepiléticas, ela é induzida pela carbamazepina e pela fenitoína, e inibida quando administrada com valproato. Os efeitos adversos incluem o potencial para diminuição do intervalo QT →TIAGABINA: -É um fármaco usado nas crises parciais e nas crises tônico-clônicas generalizadas -Bloqueia a captação de GABA pelos neurônios pré-sinápticos, permitindo que haja uma > quantidade de GABA disponível p/ ligação c/ o receptor; assim, ↑ a atividade inibitória -É eficaz como tratamento auxiliar nas crises de início parcial -Ñ deve ser usada p/ outras indicações além da epilepsia -A tiagabina é um inibidor competitivo dos transportadores de GABA nos neurônios e na glia, onde pode atuar seletivamente sobre o GAT-1 -É uma medicação oral de rápida absorção, c/ biodisponibilidade de 90% Liga-se altamente às proteínas -O metabolismo é hepático, primariamente através da CYP3A4 -A tiagabina não induz as enzimas do citocromo P450, porém o seu metabolismo é influenciado pelo uso concomitante de indutores ou inibidores da CYP3A4 -Os efeitos adversos da tiagabina são confusão, sedação, amnésia e ataxia. →TOPIRAMATO: -É um fármaco usado nas crises parciais e nas crises tônico-clônicas generalizadas -Bloqueia os canais de sódio voltagem-dependentes ↓ as correntes de cálcio de alta voltagem (tipo L), inibe a anidrase carbônica e pode atuar em locais do glutamato (NMDA) Carolina Ferreira -O topiramato é eficaz p/ uso em epilepsias parciais e primárias generalizadas. Também é aprovado no tratamento da enxaqueca -Inibe a CYP2C19 e é induzido por fenitoína e carbamazepina. Os efeitos adversos incluem sonolência, perda de massa corporal e parestesias →VIGABATRINA: -É um fármaco usado nas crises parciais e nas crises tônico-clônicas generalizadas -Atua como inibidor irreversível da transaminase GABA (GABA-T). A GABA-T é a enzima responsável pela metabolização do GABA -A vigabatrina está associada c/ a perda leve ou moderadado campo visual em 30% dos pacientes ou+ → ZONISAMIDA: -É um fármaco usado nas crises generalizadas -É um derivado sulfonamida c/ amplo espectro de ação -O fármaco tem múltiplos efeitos, incluindo o bloqueio dos canais de sódio dependentes de voltagem e das correntes de cálcio do tipo T -Está aprovada p/ pacientes c/ epilepsia focal. Pode causar cálculos renais, é contraindicada em pacientes c/ hipersensibilidade a sulfonamidas ou inibidores da anidrase carbônica. ESTADO EPILÉTICO -No estado epilético, ocorrem 2 ou + crises sem recuperação plena da consciência entre os episódios -Essas crises podem ser focais ou generalizadas primárias, convulsivas ou não convulsivas -O estado epilético ameaça a vida e exige tratamento de emergência, consistindo na administração de medicação de ação rápida, como um benzodiazepínico, seguida de uma medicação de ação + lenta, como a fenitoína. SAÚDE DA MULHER E EPILEPSIA -Mulheres em idade fértil c/ epilepsia precisam de avaliação de seus medicamentos antiepiléticos em relação à contracepção e ao planejamento da gravidez -Vários antiepiléticos ↑ a biotransformação dos contraceptivos hormonais c/ possibilidade de torná-los ineficazes, incluindo fenitoína, fenobarbital, carbamazepina, topiramato, oxcarbazepina, rufinamida e clobazam. -Estes fármacos aumentam a biotransformação dos contraceptivos, independentemente do sistema de administração usado -Planejar a gestação é vital, pois vários antiepiléticos têm potencial de afetar o desenvolvimento fetal e causar malformações -Todas as mulheres que consideram a gestação devem receber dosagens elevadas de ácido fólico (1 a 5 mg) antes da concepção -Divalproex e os barbitúricos devem ser evitados -Os fármacos antipsicóticos (fármacos neurolépticos ou tranquilizantes maiores) são usados principalmente p/ tratar esquizofrenia, mas também são eficazes em outros estados psicóticos e estados de mania -O uso de medicação antipsicótica envolve o difícil limite entre o benefício de aliviar os sintomas psicóticos e o risco de uma ampla variedade de efeitos adversos perturbadores -Os antipsicóticos ñ são curativos e ñ eliminam o transtorno crônico do pensamento, mas c/ frequência diminuem a intensidade das alucinações e ilusões, permitindo que a pessoa c/ esquizofrenia conviva em um ambiente de apoio. -Esses fármacos têm a capacidade de reduzir os sintomas psicóticos em uma variedade de condições, inclusive esquizofrenia, transtorno bipolar, depressão psicótica, psicoses senis, várias psicoses orgânicas e psicoses induzidas por substâncias Carolina Ferreira -São capazes de melhorar o humor e de reduzir a ansiedade e os distúrbios do sono, porém ñ constituem o tratamento de escolha quando esses sintomas representam o transtorno primário em pacientes ñ psicóticos -Um neuroléptico é um subtipo de agente antipsicótico que provoca elevada incidência de efeitos colaterais extrapiramidais (EEP) em doses clinicamente efetivas ou catalepsia -Os fármacos antipsicóticos “atípicos” constituem o tipo + usado de antipsicótico. - A esquizofrenia é um tipo de psicose crônica caracterizada por ilusões, alucinações (c/ frequência, na forma de vozes) e transtornos de fala ou pensamento. Em geral, a doença tem início no final da adolescência ou início da vida adulta. Tem forte componente genético e provavelmente reflete alguma anormalidade bioquímica fundamental, possivelmente uma disfunção das vias neuronais dopaminérgicas mesolímbicas ou mesocorticais. -Os antipsicóticos são divididos em: *1º geração: geração é subdividida em potência baixa e potência alta, isso mostra a afinidade que o fármaco possui pelo receptor da dopamina D2 o que reflete nos efeitos adversos *2º gerações -Os fármacos podem ser classificados em vários grupos: Derivados da fenotiazina: os derivados alifáticos (clorpromazina) e os derivados da piperidina (tioridazina) são os menos potentes. Esses fármacos produzem + sedação e ganho de peso. Os derivados da piperazina são + potentes (efetivos em doses + baixas, porém ñ necessariamente + eficazes). Derivados do tioxanteno: é exemplificado principalmente pelo tiotixeno Derivados da butirofenona: esse grupo o haloperidol é o +usado, apresentam > efeitos extrapiramidais do que as fenotiazinas Outras estruturas: a pimozida e a molindona são fármacos antipsicóticos típicos e ñ existe nenhuma diferença significativa quanto à eficácia entre esses fármacos aantipsicóticos típicos + recentes e os +antigos Fármacos antipsicóticos atípicos: são a clozapina, asenapina, olanzapina, quetiapina, paliperidona, risperidona, sertindol, ziprasidona, zotepina e aripiprazol, esses fármacos na > dos casos, atuam como agonistas parciais no re-ceptor 5-HT1A, produzindo efeitos sinérgicos com antagonismo dos receptores 5-HT2A. A > consiste em antagonistas dos receptores 5-HT6 ou 5-HT7 1.HIPOTESE SEROTONINERGICA -A descoberta de que alucinógenos indólicos, como o LSD e a mescalina, são agonistas da serotonina (5- HT) levou que a estimulação dos receptores 5-HT2A e, possivelmente, 5-HT2C constitui a base dos efeitos alucinatórios desses agentes -O bloqueio dos receptores 5-HT2A representa um fator-chave no mecanismo de ação da principal classe de agentes antipsicóticos atípicos, dos quais a clozapina é o protótipo, e que incluem, por ordem de introdução na prática médica mundial, a melperona, risperidona, zotepina, blonanseína, olanzapina, quetiapina, ziprasidona, aripiprazol, sertindol, pa-liperidona, iloperidona, asenapina e lurasidona -Esses fármacos são agonistas inversos do receptor 5-HT2A, isto é, bloqueiam a atividade constitutiva desses receptores. Esses receptores modulam a liberação de dopamina, norepinefrina, glutamato, GABA e acetilcolina, entre outros neurotransmissores, no córtex, na região límbica e no estriado -A estimulação dos receptores 5-HT2A leva à despolarização dos neurônios glutamatérgicos, mas também à estabilização dos receptores N-metil-d-aspartato (NMDA) nos neurônios pós-sinápticos -Os alucinógenos são capazes de modular a estabilidade de um complexo constituído por receptores 5- HT2A e NMDA. A estimulação dos receptores 5-HT2C proporciona um meio adicional de modular a atividade dopaminérgica cortical e límbica -A estimulação dos receptores 5-HT2C leva à inibição da liberação cortical e límbica de dopamina -Muitos agentes antipsicóticos atípicos, por exemplo, a clozapina, a asenapina e a olanzapina, são agonistas inversos do 5-HT2C 2.HIPÓTESE DOPAMINÉRGICA DA ESQUIZOFRENIA Carolina Ferreira -Têm importância p/ a compreensão das principais dimensões da esquizofrenia, como sintomas + e - (embotamento emocional, isolamento social, falta de motivação), comprometimento cognitivo e, possivelmente, depressão -É também essencial p/ entender os mecanismos de ação da > e, provavelmente, de todos os fármacos antipsicóticos - Várias evidências sugerem que a atividade dopaminérgica límbica excessiva desempenha uma função na psicose: (1) muitos fármacos antipsicóticos bloqueiam acentuadamente os receptores D2 pós-sinápticos no SNC, sobretudo no sistema mesolímbico e no estriatal-frontal, o que inclui agonistas parciais da dopamina, como o aripiprazol e o bifeprunox (2) os fármacos que ↑ a atividade dopaminérgica, como a levodopa, as anfetaminas e a bromocriptina e apomorfina, agravam a esquizofrenia ou produzem psicose de novo em alguns pacientes (3) foi constatado que a densidade de receptores de dopamina post mortem está ↑ nos cérebros de esquizofrênicos que ñ foram tratados c/ fármacos antipsicóticos (4) alguns estudos post mortem de indivíduos esquizofrênicos, mas nem todos, relataram um ↑ dos níveis de dopamina e da densidade de receptores D2 no nucleus accumbens, caudado e putame (5) os exames de imagem demonstraram uma liberação ↑de dopamina estriatal induzida por anfetaminas, ↑ da ocupação basal dos receptores D2 estriatais pela dopamina extracelular e outras medidascompatíveis c/ ↑da síntese e liberação de dopamina estriatal -Entretanto, a hipótese dopaminérgica está muito longe de fornecer uma explicação completa de todos os aspectos da esquizofrenia. -Foi sugerido que a diminuição da atividade dopaminérgica cortical ou hipocampal está subjacente ao prejuízo cognitivo e sintomas negativos da esquizofrenia -O fato de que vários dos fármacos antipsicóticos atípicos exercem muito menos efeito sobre os receptores D2, embora ainda sejam efetivos na esquizofrenia, redirecionou a atenção p/ a atuação dos demais receptores de dopamina e de outros receptores. Os receptores de serotonina – em particular o subtipo de receptor 5-HT2A – podem mediar os efeitos sinérgicos ou proteger contra as consequências extrapiramidais do antagonismo de D2 -Os fármacos antipsicóticos atípicos compartilham a propriedade de antagonismo fraco dos receptores D2 e bloqueio + potente dos receptores 5-HT2A. 3.HIPÓTESE GLUTAMATÉRGICA DA ESQUIZOFRENIA -O glutamato é o principal neurotransmissor excitatório no cérebro -A fenciclidina (PCP) e a cetamina são inibidores ñ competitivos do receptor NMDA, que exacerbam tanto o comprometimento cognitivo como a psicose em pacientes c/ esquizofrenia -A PCP e uma substância relacionada, MK-801 ↑a atividade locomotora -Os antagonistas seletivos de 5-HT2A, bem como os fármacos antipsicóticos atípicos, são muito + potentes do que os antagonistas D2 no bloqueio desses efeitos da PCP e MK-801 -Esse foi o ponto inicial p/ a hipótese de que a hipofunção dos receptores NMDA, localizados nos interneurônios GABAérgicos, resultando em diminuição das influências inibitórias na função neuronal, contribui p/ a esquizofrenia -A diminuição da atividade GABAérgica pode induzir uma desinibição da atividade glutamatérgica distal, podendo levar a uma hiperestimulação dos neurônios corticais por meio de receptores não NMDA 3.ANTIPSICÓTICOS DE PRIMEIRA GERAÇÃO -São também denominados antipsicóticos tradicionais, típicos ou convencionais são inibidores competitivos em vários receptores, mas seus efeitos antipsicóticos refletem o bloqueio competitivo dos receptores D2 da dopamina -Os antipsicóticos de 1º geração são os que + provavelmente causam transtornos de movimento conhecido como sintomas extrapiramidais (SEPs), particularmente os fármacos que se ligam fortemente aos neurorreceptores da dopamina, como o haloperidol Carolina Ferreira -Os transtornos de movimento são - prováveis c/ medicações que se ligam fracamente, como a clorpromazina -Clinicamente, nenhum desses fármacos é + eficaz do que outro -Antipsicóticos de 1ºgeração (baixa potência): clorpromazina e tioridazina -Antipsicóticos de primeira geração (alta potência): flufenazina, haloperidol, loxapina, perfenazina, pimozida, proclorperazina, tiotixeno e trifluoperazina 4.ANTIPSICÓTICOS DE SEGUNDA GERAÇÃO -A 2º geração de antipsicóticos também denominada de antipsicóticos atípicos têm < incidência de SEP do que os de 1º geração -Mas são associados c/ > risco de efeitos adversos metabólicos, como diabetes, hipercolesterolemia e aumento de massa corporal -A segunda geração de fármacos deve sua atividade singular ao bloqueio dos receptores de serotonina e dopamina -Os fármacos de 2º geração são usados como tratamento de 1º escolha contra esquizofrenia p/ minimizar o risco de SEP debilitante, associado c/ os de primeira geração, que atuam primariamente no receptor D2 da dopamina -De 10 a 20% dos pacientes c/ esquizofrenia apresentam resposta insuficiente a todos os antipsicóticos de 1º e 2º gerações. P/ esses pacientes, a clozapina revela-se um antipsicótico eficaz c/ riscos mínimos de SEP. Contudo, seu uso clínico é limitado aos pacientes refratários por causa de seus efeitos adversos graves que pode causar supressão da medula óssea, convulsões e efeitos adversos cardiovasculares, como a ortostasia. O risco de agranulocitose grave requer contagem frequente de leucócitos -Exemplos: aripiprazol, asenapina, clozapina, iloperidona, lurasidona, olanzapina, quetiapina, paliperidona, risperidona e ziprasidona 5.MECANISMO DE AÇÃO -Antagonismo da dopamina: todos os antipsicóticos de 1º e a > dos de 2º geração bloqueiam os receptores D2 da dopamina no cérebro e na periferia -Atividade bloqueadora do receptor de serotonina: a > dos fármacos de 2º geração parece exercer parte da sua ação singular pela inibição de receptores de serotonina, em particular 5-HT2A. A clozapina tem alta afinidade pelos receptores D1, D4, 5-HT2, muscarínicos e adrenérgicos α, mas também é um antagonista fraco no receptor D2 . A risperidona bloqueia os receptores 5-HT2A + intensamente do que o receptor D2, assim como a olanzapina. O aripiprazol é um agonista parcial nos receptores D2 e 5- HT1A, bem como é antagonista dos receptores 5-HT2A. A quetiapina bloqueia receptores D2 c/ + potência do que os receptores 5-HT2A, mas é relativamente fraca no bloqueio de ambos. Seu baixo risco p/ SEP pode estar relacionado c/ a ligação relativamente breve ao receptor D2. 6.FARMACOCINÉTICA -Os fármacos antipsicóticos são, em sua >, absorvidos rapidamente, porém de modo incompleto -Muitos sofrem metabolismo de primeira passagem significativo -Por conseguinte, doses orais de clorpromazina e tioridazina apresentam uma disponibilidade sistêmica de 25 a 35% e o haloperidol, cujo metabolismo de 1º passagem é< , apresenta uma disponibilidade sistêmica média de cerca de 65% -A > dos fármacos antipsicóticos é altamente lipossolúvel e liga-se às proteínas (92 a 99%) -Em geral, apresentam uma duração de ação clínica muito + longa do que seria estimado a partir de suas meias-vidas plasmáticas, isso resulta da ocupação prolongada dos receptores de dopamina D2 no cérebro pelos fármacos antipsicóticos típicos -O tempo médio p/ a ocorrência de recidiva é de 6 meses em pacientes estáveis c/ esquizofrenia que interrompem o uso de medicação -A clozapina é uma exceção, visto que a ocorrência de recidiva após a sua suspensão é geralmente rápida e grave -Por conseguinte, a clozapina nunca deve ser interrompida de modo abrupto, a ñ ser que haja necessidade clínica devido à ocorrência de efeitos colaterais, como miocardite e agranulocitose, que constituem verdadeiras emergências médicas. Carolina Ferreira -São em sua > quase totalmente metabolizados por oxidação ou desmetilação, catalisadas por enzimas microssômicas hepáticas do microssomo P450 -A CYP2D6, a CYP1A2 e a CYP3A4 são as principais isoformas envolvidas ( -Deve-se considerar a possibilidade de interações medicamentosas quando os fármacos antipsicóticos são combinados c/ outros agentes psicóticos ou fármacos – como o cetoconazol – que inibem várias enzimas do citocro-mo P450 -Nas doses clínicas típicas, os fármacos antipsicóticos ñ costumam interferir no metabolismo de outros fármacos. 7.FARMACODINÂMICA -Os 1º fármacos antipsicóticos fenotiazínicos, cujo protótipo é a clorpromazina, demonstraram ampla variedade de efeitos no SNC, SNA e endócrino. Embora a eficácia desses fármacos seja principalmente impulsionada pelo bloqueio do receptor D2, suas ações adversas foram atribuídas aos efeitos bloqueadores de uma ampla variedade de receptores, inclusive de receptores α-adrenérgicos e muscarínicos, histamínicos H1 e 5-HT2 -Existem 5 sistemas ou vias dopaminérgicas são importantes p/ a compreensão da esquizofrenia e do mecanismo de ação dos fármacos antipsicóticos: *1º via: é a aquela + estreitamente relacionada c/ o comportamento e c/ a psicose é a via mesolímbica-mesocortical, que se projeta dos corpos celulares no tegmento ventral em feixes distintos de axônios até o sistema límbico e o neocórtex *2º via: é a via nigroestriatal consiste em neurônios que se projetam da substância negra p/ o estriado dorsal, que inclui o caudado e o putame; essa via está envolvida na coordenação do movimento voluntário. O bloqueio dos receptores D2 na via nigroestriatal é responsá-vel pelos EEP *3ºvia: é o sistema tuberoinfundibular surge nos núcleos arqueados e neurônios periventriculares e libera dopamina na circulação portal hipofisária. A dopamina liberada por esses hormônios inibe fisiologicamente a secreção de prolactina pela adeno-hipófise *4º via: é a via medular-periventricular consiste em neurônios do núcleo motor do vago, esse sistema pode estar envolvido no comportamento alimentar *5º via: é via incerto-hipotalâmica que estabelece conexões a partir da zona incerta medial até o hipotálamo e as amígdalas, está relacionada a regulação da fase motivacional -A ação antipsicótica seja produzida por sua capacidade de bloquear a dopamina p/ inibir a atividade da adenililciclase no sistema mesolímbico -Os recepetores de dopamina são 5: *D1: o receptor D1 é codificado por um gene no cromossomo 5, ↑ o AMPc pela ativação acoplada à Gs da adenililciclase e está localizado sobretudo no putame, no nucleus accumbens e no tubérculo olfatório *D5: é codificado por um gene no cromossomo 4 e também ↑ o AMPc e é encontrado no hipocampo e no hipotálamo * D2: codificado no cromossomo 11, ↓ o AMPc (por inibição acoplada à Gi da adenililciclase) e inibe os canais de cálcio, porém abre os de potássio. É encontrado em neurônios pré e pós- sinápticos no caudado-putame, no nucleus accumbens e no tubérculo olfatório *D3: também codificado por um gene no cromossomo 11, ↓o AMPc e localiza-se no córtex frontal, no bulbo e no mesencéfalo *D4: também ↓ o AMPc e estão concentrados no córtex -Os agentes antipsicóticos típicos bloqueiam os receptores D2 em sua > parte de modo estereosseletivo, e a sua afinidade de ligação correlaciona-se fortemente c/ a potência antipsicótica clínica e extrapiramidal -Os fármacos antipsicóticos típicos + antigos, bem como a risperidona e a paliperidona, produzem elevações da prolactina -Os antipsicóticos + recentes, como a olanzapina, a quetiapina e o aripiprazol, causam elevações mínimas ou nenhum aumento da prolactina e riscos reduzidos de disfunção do sistema extrapiramidal e discinesia tardia, refletindo seu antagonismo D2 diminuído. -As fenotiazinas de baixa potência c/ frequência causam hipotensão ortostátca e taquicardia. Ocorrem diminuição da pressão arterial média, da resistência periférica e do volume sistólico Carolina Ferreira -Os antipsicóticos atípicos também estão associados a uma síndrome metabólica, que pode ↑ o risco de doença arterial coronariana, acidente vascular encefálico e hipertensão -Após administração oral, os antipsicóticos mostram absorção variável que ñ é afetada pelo alimento (exceto a ziprasidona e a paliperidona, cujas absorções ↑ c/ a alimentação) -Passam facilmente p/ o cérebro e têm grandes volumes de distribuição -São biotransformados em muitos diferentes metabólitos, usualmente pelo sistema CYP450 no fígado, particularmente as isoenzimas CYP2D6, CYP1A2 e CYP3A4 8.AÇÕES -Os efeitos clínicos dos antipsicóticos parecem refletir o bloqueio dos receptores de dopamina e/ou serotonina vários desses fármacos também bloqueiam receptores colinérgicos, adrenérgicos e histamínicos -Efeitos antipsicóticos: todos os antipsicóticos podem ↓ as alucinações e ilusões associadas à esquizofrenia, bloqueando os receptores D2 no sistema mesolímbico do cérebro. Os sintomas “negativos”, como falta de afeto, apatia e falta da atenção, bem como déficit cognitivo, ñ respondem particularmente ao tratamento c/ os antipsicóticos de 1º geração. Fármacos de 2º geração, como a clozapina, aliviam os sintomas negativos em alguma extensão. -Efeitos extrapiramidais: distonias (contrações sustentadas dos músculos levando a posturas distorcidas), sintomas tipo Parkinson, acatisia (intranquilidade motora) e discinesia tardia (movimentos involuntários geralmente de língua, lábios, pescoço, tronco e membros) podem ocorrer c/ o tratamento agudo e crônico. O bloqueio dos receptores de dopamina na via nigroestriatal provavelmente causa esses movimentos indesejados. Os antipsicóticos de 2º geração exibem < incidência de SEP. -Efeito antiemético: c/ a exceção do aripiprazol, a > dos antipsicóticos tem efeito antiemético mediado pelo bloqueio dos receptores D2 da zona quimiorreceptora disparadora bulbar -Efeitos anticolinérgicos: tioridazina, clorpromazina, clozapina e olanzapina, produzem efeitos anticolinérgicos, que incluem visão turva, boca seca (c/ exceção da clozapina, que ↑ a salivação), confusão e inibição dos músculos lisos dos tratos gastrintestinal (GI) e urinário, causando constipação e retenção de urina. -Outros efeitos: o bloqueio dos receptores adrenérgicos α causa hipotensão ortostática e cefaleia leve. Os antipsicóticos também alteram os mecanismos de regulação da temperatura e podem produzir poiquilotermia (a temperatura corporal varia c/ o ambiente). Na hipófise, os antipsicóticos bloqueiam os receptores D2, levando ao ↑ da liberação de prolactina. Ocorre sedação c/ neurolépticos, que são potentes bloqueadores dos receptores de histamina H1, incluindo clorpromazina, olanzapina, quetiapina e clozapina. Também pode ocorrer disfunção sexual c/ os neurolépticos devido a suas características de ligação com vários receptores. 9.INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS -Os antipsicóticos são considerados o único antipsicóticos farmacológico eficaz contra a esquizofrenia -Os antipsicóticos de 1º geração são + eficazes em tratar os sintomas positivos da esquizofrenia -Os antipsicóticos atípicos c/ atividade bloqueadora dos receptores 5-HT2A podem ser eficazes em vários pacientes resistentes aos fármacos tradicionais, em especial no combate aos sintomas negativos da esquizofrenia. -Os antipsicóticos antigos são úteis no tratamento da náusea causada por fármacos. -Podem ser usados como tranquilizantes p/ lidar c/ o comportamento agitado e inconveniente secundário a outros transtornos -A clorpromazina é usada p/ tratar o soluço intratável -A pimozida é indicada primariamente no tratamento dos tiques fônicos e motores da doença de Tourette -Lurasidona e quetiapina são indicadas para o tratamento da depressão bipolar -Paliperidona está aprovada para o tratamento do transtorno esquizoafetivo -Alguns antipsicóticos (aripiprazol e quetiapina) são usados como adjuvantes aos antidepressivos no tratamento da depressão refratária. Carolina Ferreira 10.EFEITOS ADVERSOS -Ocorrem em praticamente todos os pacientes e são significativos em cerca de 80% : *Efeitos extrapiramidais: o bloqueio dos receptores de dopamina altera o equilíbrio, causando um excesso relativo da influência colinérgica, que resulta em efeitos motores extrapiramidais. O aparecimento de distúrbios do movimento em geral depende do tempo e da dosagem, c/ as distonias ocorrendo dentro de poucas horas até dias do tratamento, seguidas de acatisias que ocorrem dentro de dias a semanas. Os sintomas tipo Parkinson de bradicinesia, rigidez e tremores costumam ocorrer dentro de semanas a meses do início do tratamento. A discinesia tardia que pode ser irreversível, pode ocorrer após meses ou anos de tratamento *Discinesia tardia: Os tratamentos de longa duração com os antipsicóticos podem causar essa disfunção motora. Os pacientes exibem movimentos involuntários, incluindo movimentos faciais e bilaterais da mandíbula e movimentos de “caça à mosca” com a língua. A interrupção prolongada do uso do antipsicótico pode diminuir ou fazer desaparecer os sinais em poucos meses. Contudo, em muitos indivíduos, a discinesia tardia é irreversível e persiste mesmo com a interrupção do tratamento. Postula-se que a discinesia tardia resulta do aumento do número de receptores de dopamina que são sintetizados como compensação do bloqueio do receptor por tempo muito prolongado. Isso torna os neurônios supersensíveis às ações da dopamina e permite que os estímulos dopaminérgicos para essa estrutura superem os estímulos colinérgicos, causando o movimento excessivo no paciente. A medicação antiSEP tradicional pode piorar essa condição.
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