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20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 1/65 Unidade 01 Conceitos Fundamentais e Condutos Forçados Olá, estudante, bem-vindo(a) à disciplina Hidráulica! Você algum momento observou ou aprendeu a analisar e interpretar o comportamento mecânico dos �uidos (isto é, líquidos ou gases), em repouso ou em escoamento, e viu algumas possíveis aplicações de tais conceitos. 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 2/65 Esperamos que você goste da disciplina e que essas poucas páginas possam despertar o seu interesse em se aprofundar no assunto e descobrir o mundo mágico da Hidráulica. Bons estudos! Nesta disciplina, estudaremos o comportamento da água, em suas duas principais ocorrências na Engenharia Civil, os condutos forçados e os condutos livres. Em outras palavras, veremos o comportamento da água quando em movimento! No estudo dos condutos forçadosaprenderemos os conceitos que tratam das tubulações que carregam água sob pressão, estudando o efeito dos materiais que formam tais tubulações e como tratar a perda de energia decorrente do movimento da água. A ideia é que você consiga distinguir as situações de perda de carga em uma tubulação e realizar os cálculos necessários. Tal assunto ganhará mais amplitude com a introdução dos sistemas de tubulação e das redes de distribuição de água, quando poderemos visualizar o que ocorre nos tubos que trazem a água até a nossa residência. Para tanto, será necessário estudar a função e o comportamento das bombas hidráulicas. Com isso, esperamos que você seja capaz de aplicar fórmulas, tabelas e grá�cos no dimensionamento dos sistemas estudados. Partiremos, então, para a segunda vertente do escoamento hídrico, que são os condutos livres, ou seja, aqueles em que a gravidade propicia o movimento da água rumo ao seu destino �nal. Estudaremos o comportamento dos rios e canais, sejam eles naturais ou arti�ciais. Entenderemos os princípios do escoamento que ocorre nas tubulações de esgoto predial e de águas pluviais existentes em nossa cidade. Você aprenderá a projetar canais de diferentes tipos, juntando informações sobre os materiais, relevo e vazão envolvidos. Por �m, veremos algumas estruturas hidráulicas, tais como calhas e vertedores, com uma análise do seu comportamento e do uso que normalmente é feito para elas. Você entenderá o fenômeno do remanso e do ressalto hidráulico e aprenderá a identi�car a in�uência de certos dispositivos na altura da lâmina d’água de um conduto livre. CENÁRIO PRÁTICO 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 3/65 Unidade 01 Aula 01 Conceitos Fundamentais de Hidráulica Olá, estudante, bem-vindo(a) à primeira aula. Começaremos este curso com uma revisão de alguns assuntos que certamente já foram vistos na disciplina de Fenômenos de Transporte, mas que são importantes para a compreensão de conteúdos posteriores. Nesta aula, abordaremos os tipos de escoamento, a equação da continuidade e o teorema de Bernoulli. Boa aula! Tipos de Escoamento Na classi�cação hidráulica, os escoamentos são classi�cados em função de suas características, e os tipos de escoamento mais importantes são o laminar, turbulento, permanente, variável, uniforme e variado. VÍDEO Assista à videoaula a seguir, e tenha uma breve introdução dos principais tópicos que serão abordados na unidade 1. 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 4/65 Laminar ou Turbulento O escoamento é dito laminar quando as partículas se movem ao longo de trajetórias bem de�nidas, em lâminas ou camadas. Em geral, esse tipo de escoamento acontece a baixas velocidades e/ou em �uidos muito viscosos. Já dissemos que, nesta disciplina, estudaremos o comportamento da água, cuja viscosidade é baixa, então, normalmente, veremos o escoamento turbulento, que é aquele em que as trajetórias das partículas do �uido são irregulares, ou seja, ocorrem em movimento aleatório. Tal é a situação mais comum nos problemas de Engenharia. Permanente ou Variável Quanto ao tempo, o escoamento pode ser classi�cado em permanente ou não permanente. O escoamento permanente é aquele que mantém a vazão, as características geométricas e, consequentemente, a velocidade de escoamento ao longo do tempo. Quando a vazão e a velocidade de escoamento variam ao longo do tempo, dizemos que é um escoamento variável (ou não permanente). Uniforme ou Variado Em relação ao espaço, o escoamento pode ser uniforme ou variado. O escoamento é dito uniforme quando ele mantém as características geométricas e, consequentemente, a velocidade de escoamento ao longo do canal ou do conduto. No entanto, quando há variação da velocidade, o escoamento é classi�cado como variado (ou não uniforme). Equação da Continuidade Como você já viu em outras disciplinas, vazão (Q) é o volume de água (Vol) que passa por uma seção transversal na unidade de tempo (Δt): Como o volume é igual ao produto da área da seção transversal (A) pela distância percorrida pelo �uido (Δx), temos: No entanto, a razão entre a distância percorrida pelo �uido e o tempo decorrido (Δx/Δt) nada mais é do que a velocidade média do escoamento (v) na seção estudada; logo, podemos reescrever a equação anterior como: Q = V ol Δt Q = A. Δx Δt Q = A. v 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 5/65 Esta última equação é uma das maneiras de se escrever a chamada de equação da continuidade. A equação da continuidade é a equação da conservação da massa expressa para �uidos incompressíveis (�uidos com massa especí�ca constante). A equação da continuidade mostra que, no regime permanente, a vazão que atravessa todas as seções é sempre a mesma. Vamos a um exemplo bem simples, que fará você relembrar o princípio da equação da continuidade. Seja o conduto da Figura 1, que mostra um tubo com seção variável entre os pontos 1 e 2. As áreas de seção transversal e velocidades, nos pontos 1 e 2, são, respectivamente, A1, v1 e A2, v2. Dito isso, podemos aplicar a equação da continuidade entre os pontos 1 e 2: A �gura nos mostra que o tubo no ponto 1 tem seção transversal maior do que a do ponto 2; logo, podemos a�rmar que A1 > A2. Lançando tal relação na fórmula, concluímos que necessariamente teremos que v2 > v1. Assim, podemos perceber que, quanto menor for a área de escoamento disponível para um �uído, maior será a sua velocidade e vice-versa. Equação de Bernoulli O teorema de Bernoulli, quando expresso para um �uido ideal (sem viscosidade e incompressível) em regime permanente, a�rma que a carga total H (por unidade de peso do líquido) é constante ao longo de cada trajetória: Em que: = energia interna ou de pressão; = energia potencial; Figura 1. Área da seção transversal e velocidade em dois pontos de um tubo Q1 = Q2 A1. v1 = A2. v2 H = p γ + z + v2 2g = constante p/g z 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 6/65 = energia cinética. Em outras palavras, ao longo da trajetória, é constante o somatório das energias piezométrica, potencial e cinética. Vejamos um exemplo de aplicação da equação de Bernoulli. v²/2g SAIBA MAIS Clique aqui e entenda um pouco mais do teorema e da equação de Bernoulli. https://pt.khanacademy.org/science/physics/fluids/fluid-dynamics/a/what-is-bernoullis-equation 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 7/65 Exemplo 1.1: Um líquido incompressível de massa especí�ca g = 800 kg/m3 escoa pelo duto horizontal representadona Figura 2 com vazão Q = 10 L/s. Admitindo o escoamento como ideal e em regime permanente, sendo a pressão na seção 1 dada por p1 = 200 kPa, calcule a pressão na seção 2 (considerar g = 10 m/s²). Resolução do Exemplo 1.1: Podemos perceber que alguns dos valores fornecidos pelo enunciado estão em unidades que requerem transformações. Vamos, então, transformar todos os dados para as unidades do SI (kg, m, s). Calculamos a velocidade do �uido nas seções 1 e 2 por meio da equação da continuidade: Agora, já podemos aplicar a equação de Bernoulli entre as seções 1 e 2: NA-PRATICA Figura 2. Exemplo da aplicação da equação de Bernoulli Q = 10 L/s = 10.10−3 m3/s = 10−2 m3/s A1 = 20 cm 2 = 20.10−4 m2 = 2.10−3 m2 A2 = 10 cm 2 = 10−3 m2 p1 = 200 kPa = 200000 N/m 2 Q = A1. v1 10−2 = 2.10−3 . v1 v1 = 5 m/s Q = A2. v2 10−2 = 10−3. v2 v2 = 10 m/s 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 8/65 Tipos de Condutos Os condutos hidráulicos podem se classi�car em: Como o tubo é horizontal, temos que z1 = z2; logo, o termo da energia potencial some da equação e �camos com: Aplicando os valores, chegamos a: Note que, ao contrário do que o senso comum pode indicar, a pressão na seção 2 é menor do que a pressão na seção 1. p1 γ + z1 + v1 2 2g = p2 γ + z2 + v2 2 2g p1 γ + v1 2 2g = p2 γ + v2 2 2g 200000 800 + 52 2.10 = p2 800 + 102 2.10 250 + 1, 25 = p2 800 + 5 p2 800 = 246, 25 p2 = 197000 Pa = 197 kPa VÍDEO Quer ver um vídeo com a equação de Bernoulli? Há diversos no YouTube. Um deles está aqui, veja a seguir. 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 9/65 Condutos Forçados Nos quais a pressão interna é diferente da pressão atmosférica. Nesse tipo de conduto, as seções transversais são sempre fechadas e o líquido preenche completamente a seção. A Figura 3 mostra um exemplo de conduto forçado. Condutos Livres nestes, o líquido escoante apresenta superfície livre, na qual atua a pressão atmosférica. A seção não necessariamente apresenta perímetro fechado, conforme exemplo da Figura 4. Linha de Energia e Linha Piezométrica Figura 3. Adutora de água bruta, um exemplo de conduto forçado. Fonte: http://tinyurl.com/ybzq6bup Figura 4. Canal de irrigação, um tipo de conduto livre. Fonte: http://tinyurl.com/y9djqa6c 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 10/65 Vimos que a equação de Bernoulli, quando aplicada a seções distintas da canalização, fornece a carga total em cada seção, a qual é constante para um líquido ideal (sem viscosidade e incompressível). Porém, se o líquido é real, haverá resistências ao escoamento entre as seções 1 e 2 (Figura 5), e o deslocamento ocorrerá mediante uma perda de energia ΔH. Portanto, a carga total em 2 será menor do que em 1 e chamamos essa diferença ΔH de perda de carga. A Figura 5 nos mostra, além do plano de referência, outros três planos importantes para o nosso estudo: Plano de carga efetivo (PCE): é a linha que marca a continuidade da altura da carga inicial. Linha piezométrica (LP): é a linha que une as extremidades das colunas piezométricas. É chamada também de gradiente hidráulico. Linha de energia (LE): é a linha que representa a energia total do �uido. Assim, a equação de energia entre duas seções pode ser expressa por: Veja um exemplo de aplicação da equação de Bernoulli com perda de energia. Figura 5. Escoamento de um líquido real em um conduto forçado, mostrando a carga total em duas seções de escoamento H1 = H2 + ΔH y1 + z1 + v1 2 2g = y2 + z2 + v2 2 2g + ΔH 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 11/65 Exemplo 1.2: Em um trecho de um conduto de 100 mm preenchido com água (g=10kN/m³), a pressão no início é de 0,2 MPa e, no �nal, 0,15 Mpa, e a velocidade média de escoamento é de 1,5 m/s. Considere que o tubo é preenchido com água e há uma diferença de nível na tubulação de 1 m. Calcule a energia consumida para vencer as resistências ao escoamento nesse trecho. Resolução do exemplo 1.2: Vamos aplicar a equação da energia entre as duas seções: Como não há variação da velocidade entre os pontos inicial e �nal, não precisamos considerar o termo da energia cinética, então, �camos com: Como a diferença de nível que foi dada é de 1 m, temos: Transformando as pressões para kPa, temos: Substituindo os valores na equação, temos: Logo, a diferença de energia (perda de carga) é de 4 metros de coluna d’água. NA-PRATICA p1 γ + z1 + v1 2 2g = p2 γ + z2 + v2 2 2g + ΔH p1 γ + z1 = p2 γ + z2 + ΔH z2 = z1 + 1 p1 = 0, 2 MPa = 200 kPa p2 = 0, 15 MPa = 150 kPa 200 10 + z1 = 150 10 + (z1 + 1) + ΔH 20 = 15 + 1 + ΔH ΔH = 4 mH2O 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 12/65 Unidade 01 Aula 02 Perda de Carga Distribuída e Localizada Nesta aula, começamos a analisar o comportamento dos condutos forçados. Aprenderemos como identi�car os regimes de escoamento laminar e turbulento e como distinguir as situações de perda de carga distribuída ou localizada em um sistema hidráulico. Veremos, ainda, quais são as principais fórmulas usadas para o cálculo da perda de carga distribuída de uma tubulação. Ao �nal da aula, esperamos que você seja capaz de resolver os problemas hidráulicos mais simples, que envolvam apenas as perdas de carga distribuída. Regimes de escoamento Segundo Azevedo Netto (1998), Osborne Reynolds procurou observar o comportamento dos líquidos em escoamento. Para isso, Reynolds empregou um tubo transparente inserido em um recipiente com paredes de vidro. Com o uso de um corante e o controle da vazão no tubo, ele observou o comportamento do �uxo de líquido com a variação da vazão. Inicialmente, usando pequenas vazões (e consequentemente pequena velocidade no escoamento), ele observou que o líquido se escoava ordenadamente, em trajetórias bem de�nidas, e de�niu tal regime como laminar. 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 13/65 Com o aumento da vazão e o consequente aumento na velocidade da água, ele observou que o líquido passou a se mover de forma desordenada, o que foi chamado de regime turbulento. A Figura 6 mostra o comportamento do corante inserido no tubo para visualização dos regimes de escoamento laminar e turbulento. A de�nição matemática da transição entre escoamento laminar e turbulento é dada pelo número de Reynolds Re, que é função da velocidade média do �uxo, do diâmetro interno do tubo e da viscosidade cinemática do �uido, conforme a seguinte expressão: Onde: v: velocidade média do �uxo. D: diâmetro interno do tubo. ν: viscosidade cinemática do �uido (= η / ρ, onde η é viscosidade dinâmica e ρ é massa especí�ca do �uido). A simples análise da fórmula mostra que o número de Reynolds é uma grandeza adimensional. Figura 6. (a) Escoamento laminar; (b) Escoamento turbulento. Fonte: http://tinyurl.com/y85jcpxq Re = v. D ν VÍDEO Con�ra neste vídeo o experimento de Reynolds, com o comportamento da água (indicada pelo corante) quando há variação da velocidade. 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 14/65 Com base no número de Reynolds, o escoamento pode ser: Laminar: quando Re < 2.000. Inde�nido (zona crítica): quando 2.000 < Re < 4.000. Turbulento: quando Re > 4.000. Nas condições práticas, o movimento da água em canalizações é sempre turbulento, como percebemos no exemplo a seguir. Perda de Carga Distribuída e Localizada Na anteriormente, vimos queo movimento da água nos tubos se dá com uma perda de energia, que passaremos a chamar de perda de carga, que está diretamente relacionada com a turbulência que ocorre no conduto. Em uma tubulação retilínea, a perda de carga é menor do que a de uma tubulação, com uma série de peças especiais, usualmente chamadas conexões, tais como curvas, reduções, válvulas, entre outras. As peças especiais provocam maior turbulência na região da peça e uma consequente perda de carga localizada. Exemplo 2.1: Em uma instalação predial de uma residência, um tubo de seção circular com diâmetro interno D = 50 mm escoa água a uma velocidade v = 1,0 m/s. Considerando que a temperatura da água é de 20 °C e que, nessa temperatura, a viscosidade cinemática é ν= 10-6 m²/s, calcule o número de Reynolds e classi�que o regime de escoamento. Resolução do Exemplo 2.1: Vamos aplicar a fórmula dada: Como o resultado é Re > 4.000, temos que o escoamento é turbulento. NA-PRATICA Re = v.D ν Re = 1, 0.0, 05 10−6 = 50000 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 15/65 Assim, didaticamente é comum separar as perdas de carga em dois tipos: 1. distribuída (ou contínua): a que ocorre ao longo de uma tubulação retilínea; e 2. localizada: que decorre de elementos especiais inseridos na tubulação. A Figura 7 ilustra a ocorrência de ambos os tipos de perda de energia em um sistema. Analisando a �gura, percebemos que, entre o reservatório e o ponto de destino, há dois trechos retilíneos, com um registro entre eles. Olhando o comportamento da linha de energia ao longo do trecho retilíneo, você percebe que ela é continuamente decrescente, ou seja, o sistema perde energia de forma continuada (perda de carga contínua, ou distribuída) e que, no ponto onde existe a peça especial, há um degrau na curva de energia, o que demonstra que ali ocorreu uma perda de carga localizada. O valor da perda de carga é justamente o ΔHLOCAL mostrado na �gura a seguir. Fórmulas Empíricas De acordo com Azevedo Netto (1998), desde o século XVIII, os hidráulicos vêm estudando o comportamento dos �uidos em escoamento. Assim foi que, após inúmeras experiências conduzidas por Darcy e outros pesquisadores, concluiu-se que a perda de carga ao longo das canalizações era: 1. diretamente proporcional ao comprimento da canalização; 2. proporcional a uma potência da velocidade; 3. inversamente proporcional a uma potência do diâmetro; 4. função da natureza das paredes dos tubos (rugosidade), no caso de regime turbulento; 5. independente da pressão sob a qual o líquido escoa; e 6. independente da posição da tubulação e do sentido de escoamento. Assim surgiu a expressão geral da perda de carga (ΔH) em tubulações, em função do comprimento da tubulação (L), do seu diâmetro (D) e da velocidade do escoamento (v): Várias expressões são derivadas da equação anterior, entre elas a chamada “fórmula Universal” (ou fórmula de Darcy-Weisbach) de cálculo de tubulações, expressa por: Figura 7. Representação das perdas de carga contínua e localizada em uma tubulação ΔH = k Lvn Dp 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 16/65 Em que f é o fator de atrito da tubulação. O valor de f depende do tipo de escoamento e da rugosidade do material da tubulação e pode ser determinado por meio de equações ou por meio do diagrama de Moody, representado na Figura 8. Como o estudo do fator de atrito da tubulação e do diagrama de Moody é um conteúdo usualmente abordado na disciplina de Fenômenos de Transportes, entendemos que não há necessidade de retomar tal assunto. Trataremos, portanto, apenas das fórmulas empíricas mais empregadas nos problemas de hidráulica. Fórmula de Hazen-Williams A fórmula de Hazen-Williams tem a seguinte expressão: ΔH = f. L D . v2 2g Figura 8. Diagrama de Moody. Fonte: Porto (2000) ΔH = 10, 65.L. Q1,85 C 1,85. D4,87 SAIBA MAIS Vários pesquisadores buscaram uma equação explícita para o fator de atrito e você pode conferir algumas delas clicando aqui. http://hidrotec.xpg.uol.com.br/EquExpli.htm 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 17/65 onde ΔH é a perda de carga (m ou mca), Q é a vazão (m³/s), D é o diâmetro (m) e C é um coe�ciente que depende da natureza e do estado das paredes dos tubos. Outra maneira bastante utilizada é a representação da perda de carga unitária[12] (J), ou seja, da perda de carga por metro de canalização. Para tanto, fazemos: Vale lembrar que a perda de carga unitária é expressa em mca[13]/m (ou simplesmente m/m). Reescrevendo a fórmula de Hazen-Williams em termos de perda de carga unitária, teremos: Essas fórmulas são usualmente recomendadas para tubulações de diâmetros maiores ou iguais a 100 mm e para escoamento turbulento, por isso, são muito utilizadas em projetos de redes de distribuição de água, como veremos em aulas posteriores da nossa disciplina. Os valores de C são dados em função do material dos tubos, conforme tabela seguinte. MATERIAL C Aço galvanizado 125 Aço soldado, novo 130 Aço soldado, usado 90 Concreto, bom acabamento 130 Concreto, acabamento comum 120 Ferro fundido, novo 130 Ferro fundido, usado 90 PVC 150 Tabela 1. Valores adotados para o coe�ciente C Fonte: adaptado de Porto (2000) Vejamos um exemplo de sua aplicação! J = ΔH L J = 10, 65. Q1,85 C 1,85. D4,87 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 18/65 Fórmula de Fair-Whipple-Hsiao Em projetos de instalações prediais de água fria ou quente, geralmente caracterizados por trechos curtos de tubulações, diâmetros em geral menores do que 100mm e presença de grande número de conexões, é usual o emprego da fórmula de Fair-Whipple-Hsiao: Para aço galvanizado novo, água fria: Para PVC rígido, água fria: Exemplo 2.1: Calcule a perda de carga em uma tubulação de 500 m de comprimento e 50 cm de diâmetro, que conduz água a uma vazão de 200 L/s. A tubulação é de ferro fundido em condições novas. Resolução do exemplo 2.1: Antes de aplicar a fórmula de Hazen-Williams, temos que transformar as unidades: Pronto! Agora é só aplicar a fórmula, sendo que o coe�ciente da tubulação, que pode ser obtido na Tabela 1, é C = 130. Assim, temos: Logo, a perda de carga na tubulação é de 0,97 m. NA-PRATICA Q = 200 L/s = 0, 2 m3/s D = 50 cm = 0, 5 m ΔH = 10, 65.L. Q1,85 C 1,85. D4,87 ΔH = 10, 65.500. 0, 21,85 1301,85.0, 54,87 ΔH = 0, 97 m ΔH = 0, 002021.L. Q1,88 D4,88 5 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 19/65 onde ΔH é a perda de carga (m ou mca), Q é a vazão (m³/s) e D é o diâmetro. Tais fórmulas também podem ser expressas em termos da perda de carga unitária (J): Para aço galvanizado novo, água fria: Para PVC rígido, água fria: A fórmula de Fair-Whipple-Hsiao é recomendada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e será muito empregada na disciplina de Sistemas Hidráulicos e Sanitários. Nesta parte da aula, continuamos o estudo dos condutos forçados. Já vimos como determinar as perdas de carga distribuída em uma tubulação. Agora, estudaremos as perdas de carga localizadas. Aprenderemos como determinar o comprimento equivalente de uma singularidade existente na tubulação, com o uso de equações e tabelas. Ao �m da aula, esperamos que você consiga resolver os problemas hidráulicos que contenham, além dos tubos retilíneos, algumas peças e conexões, ampliando, assim, o leque de situações que você já consegue resolver. ΔH = 0, 008695.L. Q1,75 D4,75 J = 0, 002021. Q1,88 D4,88 J = 0, 008695. Q1,75 D4,75 VÍDEO Assista à videoaula a seguir sobre um exercício de perda de carga distribuída em condutos forçados.20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 20/65 Expressão Geral das Perdas Localizadas Anteriormente, vimos que a perda de carga pode ser do tipo distribuída (ao longo do tubo) ou localizada (em função de elementos especiais da tubulação). Vimos, com o auxílio da Figura 7, que a perda de carga localizada é marcada como um degrau na curva de energia, exatamente no ponto onde existe a peça especial. A exemplo do que vimos para as perdas de carga distribuídas, também existe uma expressão geral para as perdas localizadas, em função da velocidade do escoamento (v) e da gravidade (g), dada por: onde K é um coe�ciente que depende do tipo de singularidade estudada e do regime de escoamento. Para Re > 50.000 (escoamento plenamente turbulento), o valor de K é praticamente constante, dependente apenas do tipo da peça. Podemos encontrar tabelas com os valores de K para diversos tipos de peça, a exemplo da Tabela 2. TIPO DA PEÇA K Ampliação gradual 0,30 Bocais 2,75 Crivo 0,75 Curva de 90° 0,40 Curva de 45° 0,20 Entrada normal de canalização 0,50 Junção 0,04 Medidor Venturi 2,50 Redução gradual 0,15 Registro de ângulo, aberto 5,00 Registro de gaveta, aberto 0,20 Registro de globo, aberto 10,00 Saída de canalização 1,00 ΔH = K v2 2g 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 21/65 Tê, passagem direita 0,60 Tê, saída de lado 1,30 Tê, saída bilateral 1,80 Válvula de pé 1,75 Válvula de retenção 2,50 Tabela 2. Valores aproximados de K (perdas localizadas) Fonte: Carvalho (2010) Nos projetos das tubulações, essas perdas localizadas devem ser somadas às perdas distribuídas. No entanto, em tubulações longas e com traçados quase retilíneos, as perdas localizadas têm pouca importância frente à perda de carga �nal. Vejamos tal in�uência em um exemplo. 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 22/65 Exemplo 3.1: Uma canalização de ferro fundido (novo) com 2.000 m de comprimento e 300 mm de diâmetro está descarregando em um reservatório a vazão 60L/s. Calcule a diferença de nível entre a represa e o reservatório, considerando todas as perdas de carga. Veri�que quanto as perdas locais representam da perda por atrito ao longo do encanamento (em %). Há na linha apenas 2 curvas de 90º, 2 curvas de 45º e 2 registros de gaveta (abertos), conforme Figura 9. Resolução do Exemplo 3.1: Começaremos calculando a velocidade da água na canalização, lembrando que temos que transformar todas as unidades para o SI: Como vimos na teoria, a fórmula geral da perda de carga localizada é: Todas as expressões serão função de v²/2g, então, podemos somar o valor de K de cada peça encontrada no caminho. Pegaremos tais valores de K na Tabela 2. Temos a entrada na canalização (K = 0,50), 2 curvas de 90º (K = 0,40), 2 curvas de 45º (K = 0,20) e 2 registros de gaveta abertos (K = 0,20) e a saída da canalização (K = 1,00): Logo, o total das perdas localizadas é dado por: NA-PRATICA Figura 9. Esquema para o Exemplo 3.1Fonte: Azevedo Netto (1998) v = Q A = Q πD2/4 = 0, 06 π.(0,3)2/4 = 0, 06 0, 071 = 0, 85 m/s ΔH = K v2 2g ∑K = 0, 50 + 2.0, 40 + 2.0, 20 + 2.0, 20 + 1, 00 = 3, 10 ΔHLOCALIZADA = ∑ΔH = (∑K) ⋅ v2 2g = 3, 10 ⋅ 0, 852 2.9, 8 = 0, 115 m 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 23/65 Agora, vamos calcular a perda de carga distribuída. Para tanto, empregamos a fórmula de Hazen-Williams, já vista na aula anterior: Como a tubulação é de ferro fundido usado, temos C = 130. Fazendo as transformações de unidades para o SI e aplicando os valores na fórmula, temos: A perda de carga por atrito será: Aplicando a equação de Bernoulli entre os reservatórios inicial e �nal, temos que as parcelas de energia de pressão se anularão (pois ambos os reservatórios estão à pressão atmosférica), as parcelas de energia cinética são desprezíveis (pois as superfícies dos reservatórios são muito extensas; logo, a velocidade vertical da água é ín�ma), restando apenas as parcelas de altura e perda de carga. Em consequência, a perda de cargaotal será a diferença de nível entre a represa e o reservatório: Vamos, agora, calcular quanto as perdas locais representam da perda por atrito ao longo do encanamento. Para tanto, dividiremos o total das perdas localizadas pelo valor das perdas distribuídas: Note que as perdas localizadas correspondem a cerca de 2% da perda por atrito (distribuída). Em casos como esse, de canalizações relativamente longas com pequeno número de peças especiais, funcionando com velocidades baixas, as perdas locais são desprezíveis em face da perda por atrito. J = 10, 65. Q1,85 C 1,85. D4,87 J = 10, 65. 0, 061,85 1301,85.0, 34,87 = 0, 0025 m/m ΔH DISTRIBUÍDA = J. L = 0, 0025.2000 = 5, 0 m Δ = ΔHLOCALIZADA + ΔHDISTRIBUÍDA = 0, 115 + 5, 0 = 5, 115 m 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 24/65 Método dos Comprimentos Equivalentes No método dos comprimentos equivalentes, procuramos transformar uma determinada peça em um comprimento de tubulação retilínea que teria uma perda de carga equivalente. Em outras palavras, estamos respondendo à pergunta: Que comprimento de uma canalização provocaria a mesma perda? A resposta surge quando igualamos a perda de carga localizada com a perda de carga contínua: Perda contínua: Perda localizada: Igualando ambas as equações, temos: em que Le é chamado de comprimento equivalente, correspondente a cada singularidade. Simpli�cando, �camos com: ΔH = f. Le D . v2 2g ΔH = K v2 2g f. Le D . v2 2g = K v2 2g f. Le D = K VÍDEO Caso você ainda tenha dúvidas sobre a relação entre a diferença de altura dos reservatórios e a perda de carga total, é importante você acompanhar essa explicação em um vídeo que trata da perda de carga entre dois reservatórios. Assista a seguir. 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 25/65 Conforme Porto (2000), o método dos comprimentos equivalentes consiste em substituir, para simples efeito de cálculo, cada acessório da instalação por comprimentos de tubos retilíneos, de igual diâmetro, nos quais a perda de carga seja igual à provocada pelo acessório, quando a vazão em ambos é a mesma. Assim, cada comprimento equivalente (L ) é adicionado ao comprimento real da tubulação (L), gerando um comprimento total (L ) maior que o real: No entanto, como o próprio método preconiza, esse comprimento total terá a mesma perda de carga equivalente à soma do comprimento real e das perdas localizadas. Esse comprimento total é o que deve ser usado na fórmula de perda contínua de carga total. Os comprimentos equivalentes das peças são encontrados em tabelas que relacionam o tipo de peça e o seu diâmetro. A NBR 5626 (ABNT, 1998) sugere tabelas para comprimentos equivalentes de conexões com tubos lisos e tubos rugosos, conforme Tabela 3. Diâmetro Nominal (mm) TIPO DE CONEXÃO Cotovelo 90° Cotovelo 45° Curva 90° Curva 45° Tê passagem direta Tê passagem lateral 15 0,5 0,2 0,3 0,2 0,1 0,7 20 0,7 0,3 0,5 0,3 0,1 1 25 0,9 0,4 0,7 0,4 0,2 1,4 32 1,2 0,5 0,8 0,5 0,2 1,7 40 1,4 0,6 1,0 0,6 0,2 2,1 50 1,9 0,9 1,4 0,8 0,3 2,7 65 2,4 1,1 1,7 1,0 0,4 3,4 80 2,8 1,3 2,0 1,2 0,5 4,1 100 3,8 1,7 2,7 ... 0,7 5,5 125 4,7 2,2 ... ... 0,8 6,9 150 5,6 2,6 4,0 ... 1 8,2 Tabela 3. Comprimento equivalente para tubo rugoso (tubo de aço-carbono, galvanizado ou não) Fonte: ABNT (1998) Há tabelas mais completas, englobando maior número de peças e conexões, além de diâmetros maiores, a exemplo da Tabela 4. Le = K. D f e total Ltotal =Le + L 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 26/65 Que tal um exemplo de emprego das tabelas de comprimento equivalente? Tabela 4. Comprimentos equivalentes a perdas localizadas, expressos em metros de canalização. Fonte: Adaptado de Azevedo Netto (1998) 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 27/65 Exemplo 3.2: Dois reservatórios, mantidos em níveis constantes, são interligados em linha reta através de uma tubulação de 10 m de comprimento e diâmetro D = 50 mm, de PVC rígido, como mostra o esquema da Figura 10. Admitindo que a única perda de carga localizada seja devido à presença de um registro de gaveta parcialmente fechado, cujo comprimento equivalente é Le = 20,0m, e usando a fórmula de Hazen-Williams, adotando C = 145, determine a vazão na canalização. Resolução do Exemplo 3.2: Como os reservatórios estão em equilíbrio, quer dizer que a diferença de níveis entre eles é inteiramente decorrente da perda de carga total provocada pela tubulação e suas conexões. O enunciado manda admitir que a única perda de carga localizada é a do registro de gaveta parcialmente fechado (Le = 20,0 m), então, podemos empregar o método dos comprimentos equivalentes. O comprimento total equivalente da tubulação será: A perda de carga total é a diferença de níveis entre os reservatórios: Aplicando a fórmula de Hazen-Williams, com C = 145, teremos: NA-PRATICA Figura 10. Esquema para o Exemplo 3.2 Fonte: Porto (2000) Ltotal = Le + L = 20 + 10 = 30 m ΔH = 3, 0 m ΔH = 10, 65Ltotal. Q1,85 C 1,85. D4,87 3 = 10, 65.30. Q1,85 1451,85.0, 054,87 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 28/65 Unidade 01 Aula 03 Per�l da Tubulação Nesta aula, prosseguimos no estudo dos condutos forçados, estudando as relações entre o traçado da tubulação e as linhas de carga. Aprenderemos como avaliar os pontos críticos da tubulação e empregar soluções para eventuais problemas. Ao �m da aula, esperamos que você consiga contrastar as relações entre o traçado da tubulação e as linhas de carga, prevendo dispositivos que solucionem alguns dos problemas recorrentes em adutoras. Assim, a vazão que mantém o sistema em equilíbrio é de aproximadamente 4,4 L/s. Q1,85 = 0, 014 319, 5 = 4, 3.10−5 Q = 0, 0044 m3 s = 4, 4 L/s Clique aqui e con�ra este material que traz mais informações sobre o cálculo das perdas de carga em tubulações. SAIBA MAIS https://pt.wikibooks.org/wiki/Mec%C3%A2nica_dos_fluidos/C%C3%A1lculo_da_perda_de_carga_em_tubula%C3%A7%C3%B5es 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 29/65 Planos de Carga Anteriormente, estudamos a equação de Bernoulli e vimos anteriormente, a relação entre a linha piezométrica e a linha de energia em uma tubulação, bem como a perda de carga decorrente das resistências ao escoamento. Quando projetamos adutoras, que são tubulações de grande porte para transporte de água, é usual que a tubulação faça a ligação entre dois ou reservatórios, como mostra a Figura 11. Vimos antes que, nesse tipo de adutora, a velocidade média do escoamento é baixa, geralmente em torno de 1 a 2 m/s, o que signi�ca que a carga cinética (v²/2g) se situa entre 0,05 a 0,20 m, valores bem menores que as outras formas de energia. Assim, a carga cinética pode ser desprezada, e o traçado da linha de energia praticamente se confunde com o da linha piezométrica. Para uma adutora por gravidade, su�cientemente longa para que possamos desprezar as perdas localizadas, com tubulação de um determinado material e diâmetro único, o esquema piezométrico é mostrado na Figura 12. Além da linha piezométrica e do plano de carga estática (ou efetivo), uma outra linha importante é a linha piezométrica absoluta, também chamada de linha de carga absoluta, que considera a in�uência da carga de pressão atmosférica (p /g). Relações entre o Traçado da Tubulação e as Linhas de Carga Neste tópico, tomaremos dois reservatórios mantidos em níveis constantes e analisaremos a in�uência que o traçado de uma canalização pode exercer sobre o escoamento. Normalmente, a tubulação acompanha a topogra�a dos terrenos, evitando cortes e aterros, o que diminui os custos Figura 11. Esquema de adutora ligando dois reservatórios a Figura 12. Esquema das linhas de carga em uma adutora que liga dois reservatórios por gravidade 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 30/65 de implantação. No entanto, ao fazer isso, a tubulação pode cruzar com a linha piezométrica, podendo ocasionar problemas ao seu funcionamento. Veremos, aqui, quatro situações possíveis para o per�l da tubulação e sua relação com as linhas de carga. Per�l 1: A Tubulação não Atinge a Linha Piezométrica Nesta situação, ilustrada na Figura 13, todas as seções da adutora estão submetidas a uma pressão positiva, já que a linha piezométrica está sempre acima do per�l (ou seja, das alturas em cada ponto) do traçado. Essa situação é a considerada normal, por isso, é a mais desejada em projetos de adutoras. Per�l 2: A Tubulação Atinge a Linha Piezométrica. Nesta situação, a tubulação atinge a linha piezométrica, mas �ca abaixo do plano de carga estática e da linha piezométrica absoluta, como mostra a Figura 14. O fato de uma parte da tubulação cortar a linha piezométrica resulta em pressões negativas no trecho localizado acima daquela linha. O escoamento ainda pode ocorrer naturalmente, mas a pressão negativa pode promover a entrada de ar, que se acumula na parte mais alta da tubulação, que pode deixar de ser um conduto forçado e passar a se comportar parcialmente como um conduto livre. Segundo Porto (2000), se as condições de projeto exigirem tal traçado para garantir o fornecimento da vazão e conseguir uma solução econômica, é necessário dividir a adutora em dois trechos de diâmetros diferentes. Assim, instala-se no ponto mais alto um pequeno reservatório aberto para a atmosfera chamado caixa de passagem. Figura 13. Traçado do Per�l 1 da tubulação Figura 14. Traçado do per�l 2 da tubulação 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 31/65 Per�l 3: A Tubulação Atinge o Plano de Carga Estática. Nesta situação, representada na Figura 15, a canalização corta o plano de carga estática, mas �ca abaixo da linha piezométrica absoluta. O escoamento não pode ocorrer naturalmente, somente se a tubulação for completamente preenchida, caso em que funcionaria como um sifão, com pressões negativas no trecho acima da linha piezométrica. No entanto, caso entrasse ar na tubulação, o escoamento cessaria completamente até que houvesse a retirada do ar (por meio de uma bomba), retomando o sifão. Per�l 4: A Tubulação Atinge a Linha Piezométrica Absoluta. Nesta última situação, a adutora corta todas as linhas, conforme Figura 16. Neste caso, o escoamento não pode ocorrer, pois ocorreria vaporização da água. A solução para viabilizar o projeto seria a instalação de um sistema de bombeamento no início da tubulação para inserir energia no sistema, deslocando para cima a linha piezométrica e a linha piezométrica absoluta. Figura 15. Traçado do per�l 3 da tubulação Figura 16. Traçado do per�l 4 da tubulação 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 32/65 Per�l das Tubulações Em tubulações instaladas em locais de relevo muito acidentado, pode ocorrer o acúmulo de ar nos pontos localmente mais elevados da tubulação. Esse ar diminui a capacidade de escoamento da tubulação, comprometendoo seu funcionamento. Nesses pontos, é recomendada a instalação de válvulas de escape (ventosas), destinadas a remover o ar acumulado, a exemplo do esquema mostrado na Figura Nos pontos mais baixos, também é recomendada a instalação de registros de descarga para esvaziamento da tubulação em caso de manutenção. Sifões Anteriormente, vimos um caso em que o escoamento se daria por um sifão (Figura 15), então, é importante explicarmos o signi�cado desse termo. Pois bem, um sifão é um conduto forçado parcialmente, situado acima do plano de carga efetiva, conforme esquema mostrado na Figura 18. Figura 17. Esquema da posição das ventosas em um per�l de tubulação VÍDEO Que tal um resumo em vídeo de tudo o que foi tratado neste último tópico da aula? Con�ra neste material bem interessante, disponível a seguir. 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 33/65 Para que haja escoamento, é necessário escorvá-lo (enchê-lo), operação que pode ser executada aspirando o líquido pela extremidade B. Uma vez escorvado, o sifão funciona por efeito do desnível H, entre o nível d’água do reservatório e a boca de saída D (Figura 18). Genericamente, um sifão tem um ramo ascendente (trecho BC), um vértice (ponto C) e um ramo descendente (trecho CD). As condições de funcionamento de um sifão podem ser estabelecidas por meio da equação de Bernoulli. A primeira delas é que a boca de saída deve situar-se abaixo do plano de carga efetiva e tanto mais abaixo quanto maiores forem as perdas de carga totais. A segunda condição para um funcionamento adequado de um sifão é que a elevação do vértice acima do plano de carga efetiva deve ser sempre inferior à altura da pressão atmosférica local. Por �m, uma terceira condição é que o ramo descendente não pode prolongar-se inde�nidamente. Segundo Porto (2000), na prática, o ponto alto da canalização não deve superar 5 a 6 m acima do nível do reservatório, e a cota de saída do sifão deve �car, no máximo, 8 m abaixo da sua cota superior. Figura 18. Esquema de um sifão Fonte: Porto (2000) VÍDEO Achou estranho o funcionamento do sifão? Con�ra, então, este vídeo rápido com um experimento que comprova o �uxo do líquido através do sifão. 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 34/65 Unidade 01 Aula 04 Sistemas de Tubulações Olá, estudantes! Sejam bem-vindos(as) à mais uma aula repleta de conhecimento. Anteriormente, nós revisamos alguns conceitos básicos da disciplina e iniciamos o estudo dos condutos forçados, que são as tubulações que carregam água sob pressão. Nós prosseguiremos na análise de tais tubulações e estudaremos os sistemas de tubulação e de redes de distribuição de água, culminando nas bombas hidráulicas. Nesta aula, aprenderemos sobre a vazão em marcha e a equivalência entre condutos de comprimento, diâmetros ou materiais diferentes. Bons estudos! Distribuição de Vazão em Marcha VÍDEO Assista à videoaula a seguir, e tenha uma breve introdução dos principais tópicos que serão abordados. 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 35/65 Em muitas situações cotidianas, ocorre distribuição de água por meio de várias derivações, a exemplo de um sistema de abastecimento público de água, em que as sucessivas ligações aos consumidores, com consequente queda na vazão, fazem com que seja muito difícil aplicar os métodos já vistos até aqui para a determinação das vazões e perdas de carga entre duas derivações sucessivas. Para tanto, uma saída é considerar que a vazão é consumida de modo uniforme ao longo da linha de distribuição. Isso signi�ca que, para efeito de cálculo, cada metro linear da tubulação distribui uma vazão uniforme q, chamada vazão unitária de distribuição, expressa em L/(sm) ou . Sendo e , respectivamente, as vazões a montante e a jusante do trecho de comprimento L, e sendo a vazão a uma distância x da extremidade de montante, conforme mostrado na Figura 1, temos as seguintes relações entre tais valores: Com o objetivo de simpli�car os cálculos, é comum o emprego de uma vazão �ctícia , que produz a mesma perda de carga veri�cada na distribuição em marcha. Essa vazão �ctícia é expressa por: Um caso particular é a situação em que toda a vazão de montante é consumida ao longo do comprimento L, restando em uma vazão residual zero na extremidade de jusante, que então é chamada de “ponta seca”. Nesse caso, tem-se que a vazão �ctícia é dada por: m3/(sm) Figura 1. Imagem esquemática da vazão em marcha Qm Qj Qx Qm = Qj + qL Qx = Qm − qx Qf Qf = Qm + Qj 2 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 36/65 Vamos a um exemplo para entendermos melhor os cálculos: Qf = Qm √3 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 37/65 Exemplo 5.1: Na tubulação mostrada na Figura 2, com 6” de diâmetro e coe�ciente de atrito , a pressão em A vale e em D vale . Determine a vazão unitária de distribuição em marcha q, sabendo que a tubulação está no plano vertical e que a vazão no trecho AB é de 20L/s. Despreze as perdas localizadas (adaptado de PORTO, 2000, p. 100). Resolução do Exemplo 5.1: Começamos avaliando a energia total nos pontos A e D, pelo teorema de Bernoulli, visto anteriormente: A velocidade do �uxo em A é dada por: Substituindo na equação da energia em A: Já a energia em D é dada por: NA-PRATICA f = 0,022 166,6 kN/m2 140,2 kN/m2 Figura 2. Esquema para o Exemplo 5.1 EA = pA γ + zA + vA 2 2g vA = Q A = Q πD2/4 = 0, 020 0, 018 = 1, 13 m/s EA = 166 ⋅ 103 9, 8 ⋅ 103 + 1, 0 + (1, 13)2 2 ⋅ 9, 8 EA = 16, 94 + 1, 0 + 0, 065 = 18, 0 ED = pD γ + zD + vD 2 2g 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 38/65 Pela equação da energia vista anteriormente, temos que a diferença entre as energias dos pontos A e D é dada pela perda de carga em cada segmento (AB, BC e CD). Logo: As perdas de cargas unitárias serão calculadas com a fórmula universal, vista antes: Vamos colocar tal fórmula em função da vazão: A perda de carga no trecho AB é de fácil obtenção, já que temos todas as variáveis: Para calcularmos a perda de energia no segmento BC, empregaremos a vazão �ctícia , �cando com: Já para o cálculo das perdas no segmento CD, empregaremos a vazão a jusante : ED = 140, 2 ⋅ 103 9, 8 ⋅ 103 + 2, 0 + vD 2 2g ED = 16, 3 + vD 2 2g EA − ED = ΔHAB + ΔHBC + ΔHCD 18, 0 − ( 16, 3 + vD 2 2g ) = ΔHAB + ΔHBC + ΔHCD 1, 7 − vD 2 2g = ΔHAB + ΔHBC + ΔHCD ΔH = f ⋅ L D ⋅ v2 2g ΔH = f ⋅ L D ⋅ ( Q/A) 2 2g = f ⋅ L D ⋅ Q2 ( πD24 ) 2 ⋅ 2g = 0, 0827 ⋅ f ⋅ Q2 D5 ⋅ L ΔHAB = 0, 0827 ⋅ 0, 022 ⋅ 0, 0202 0, 155 ⋅ 40 = 0, 38 Qf ΔHBC = 0, 0827 ⋅ 0, 022 ⋅ Qf 2 0, 155 ⋅ 120 ΔHBC = 2875, 1 ⋅ Qf 2 Qj ΔHCD = 0, 0827 ⋅ 0, 022 ⋅ Qj 2 0, 155 ⋅ 84 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 39/65 Agora, basta nos lembrarmos da relação entre a vazão �ctícia e as vazões de montante e jusante: Substituindo o valor de na fórmula do trecho BC, �camos com: Colocando a velocidade do �uxo no trecho CD em função de , temos: Substituindo tudo na equação da energia, temos: Resolvendo a equação de segundo grau, �camos com: Empregando a equação da vazão em marcha, conseguimos descobrir : ΔHCD = 2012, 6 ⋅ Qj 2 Qf = Qm + Qj 2 Qf = 0, 020 + Qj 2 Qf ΔHBC = 2875, 1 ⋅ ( 0, 020 + Qj 2 ) 2 Qj vD 2 2g = ( Qj/A) 2 2g = 163, 4 ⋅ Qj 2 1, 7 − 163, 4 ⋅ Qj 2 = 0, 38 + 2875, 1 ⋅ ( 0, 020 + Qj 2 ) 2 + 2012, 6 ⋅ Qj 2 Qj = 0, 015 m 3/s q Qm = Qj +qL 0, 020 = 0, 015 + q ⋅ 120 q = 4, 17 ⋅ 10−5 m3/sm = 0, 0417 L/sm 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 40/65 Condutos Equivalentes Na resolução de problemas hidráulicos, é comum o emprego de condutos equivalentes, pois isso permite substituir um sistema complexo de tubulações por outro mais simples, ou ainda por uma única tubulação. Os casos mais importantes de equivalência entre tubulações são os de condutos em série e de condutos em paralelo. Condutos em Série Quando temos duas ou mais tubulações ligadas em série, como mostra a Figura 3, a vazão é a mesma para todos os condutos envolvidos, e a perda de carga total é a soma das perdas de carga individuais de cada tubo. VÍDEO Quer aprender mais sobre vazão em marcha? Então não deixe de assistir a este vídeo a seguir, que aprofunda um pouco mais o assunto. ATENÇÃO Diz-se que um conduto é equivalente a outro (ou a um sistema de condutos) quando a perda de carga total em ambos é a mesma para a mesma vazão transportada. 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 41/65 O conduto equivalente, de comprimento L, diâmetro D e coe�ciente de atrito f, a um sistema de n tubulações, segue a seguinte expressão: Se quisermos empregar a fórmula da Hazen-Williams, a expressão correspondente será: Condutos em Paralelo Um sistema de condutos em paralelo é aquele que possui a con�guração da Figura 4. Nesse tipo de sistema, a perda de carga é a mesma em todos os trechos e a vazão de entrada é igual à soma das vazões nos segmentos. A equação que resolve o problema mostrado na Figura 4 é: Se colocarmos tal equação no modelo de Hazen-Williams, a expressão será: Vejamos um exemplo que trata de condutos em série e em paralelo. Figura 3. Desenho esquemático de condutos em série fL D5 = n ∑ i=1 fiLi D5i L C 1,85D4,87 = n ∑ i=1 Li C 1,85 i D 4,87 i Figura 4. Desenho esquemático de condutos em paralelo D2,5 f 0,5L0,5 = D 2,5 1 f 0,5 1 L 0,5 1 + D 2,5 2 f 0,5 2 L 0,5 2 + D 2,5 3 f 0,5 3 L 0,5 3 CD2,63 L0,54 = C1D 2,63 1 L 0,54 1 + C2D 2,63 2 L 0,54 2 + C3D 2,63 3 L 0,54 3 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 42/65 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 43/65 Exemplo 5.2: O sistema indicado na Figura 5 apresenta dois reservatórios ( e ) conectados por uma adutora. O primeiro trecho tem diâmetro igual a 12”, enquanto o segundo trecho possui dois tubos em paralelo, com diâmetro de 8” e com diâmetro de 6”. Todos os tubos são de ferro fundido novo (C=130). Determine a vazão que chega ao reservatório , empregando a equação de Hazen-Williams. Resolução do Exemplo 5.2: Como o trecho AB tem diâmetro 12”, é conveniente transformar o trecho em paralelo em um conduto equivalente também de 12”, pois, assim, a linha transformada �cará com um diâmetro único. Pela equação da equivalência de tubos em paralelo, temos: Como todas as tubulações são do mesmo material, podemos cancelar os valores de C. Então, teremos: NA-PRATICA R1 R2 L1=600 m L2=400 m L3=400 m R2 Figura 5. Esquema para o Exemplo 5.2 CD2,63 L0,54 = C1D 2,63 1 L 0,54 1 + C2D 2,63 2 L 0,54 2 D2,63 L0,54 = D 2,63 1 L 0,54 1 + D 2,63 2 L 0,54 2 122,63 L0,54 = 82,63 4000,54 + 62,63 4000,54 689 L0,54 = 237 25, 4 + 111 25, 4 L = 1417 m 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 44/65 Portanto, o problema agora se transformou em outro, de uma adutora de 12”, com comprimento 2.017 m (igual à soma do trecho de 600 m com o de comprimento equivalente 1.417 m), sujeita a uma diferença de cota piezométrica de 23 m. Logo, basta aplicarmos a equação da perda de carga a partir da fórmula de Hazen-Williams, vista antes: ΔH = 10, 65 ⋅ L Q1,85 C 1,85 ⋅ D4,87 23 = 10, 65 ⋅ 2017 ⋅ Q1,85 1301,85 ⋅ 0, 304,87 Q = 0, 136 m3/s Que tal uma calculadora online que auxilie nos cálculos de condutos paralelos? É isso o que você encontra clicando aqui . Ela é acompanhada de um esquema que ajuda na identi�cação das variáveis. Uma dica importante para o bom uso dessa calculadora: não se esqueça de escolher o SI (Sistema Internacional) como padrão de unidades. Boa diversão! SAIBA MAIS Vídeo Assista à videoaula a seguir sobre um exercício de sistemas equivalentes de tubulação. ASSISTA http://ponce.sdsu.edu/emlinhatubulacao01.php https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/EADG623/nova_novo/# 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 45/65 Unidade 01 Aula 05 Redes de Distribuição e Sistemas Elevatórios Nesta aula, estudaremos alguns problemas clássicos da hidráulica de adutoras e também veremos as redes de distribuição. Fique atento aos conteúdos teóricos e práticos presentes nesta aula. Bons estudos! Sistemas Rami�cados O estudo das redes de distribuição de água é fundamental para que o engenheiro consiga projetar e avaliar as tubulações que distribuem a água tratada dentro da cidade, conforme representado na Figura 6. 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 46/65 Os problemas mais característicos dos sistemas rami�cados são o da demanda intermediária e o dos três reservatórios. Problema com Demanda Intermediária A Figura 7 mostra um sistema com dois reservatórios (\(R_{1}\) e \(R_{2}\)), mantidos em níveis constantes, e um ponto B em que há uma vazão de saída \(Q_B\). Figura 6. Rede de distribuição de água em uma cidade. Fonte: http://tinyurl.com/y9sfe9kg ATENÇÃO Segundo Porto (2000, p. 106), um sistema hidráulico é dito rami�cado quando em uma ou mais seções de um conduto ocorre variação por derivação de água, que pode ser para um reservatório ou para consumo direto em uma rede de distribuição. 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 47/65 Figura 7. Esquema de problema com vazão intermediária Na �gura, temos as con�gurações possíveis para o problema em questão. 1. quando não há vazão em B, toda a água �ui do reservatório R1 para o R2, e a linha piezométrica é marcada por\(\text{LB}_{1}\text{M}\); 2. à medida que a solicitação em B aumenta, a cota piezométrica em B cai, provocando redução da vazão que chega a R2, e temos a linha \(\text{LB}_{2}\text{M}\); 3. quando a linha piezométrica \(\text{B}_{3}\text{M}\) é horizontal, a vazão no trecho 2 é nula. Ou seja, toda a vazão que passa pelo trecho 1 é retirada no ponto B; 4. aumentando-se ainda mais a retirada de água na derivação B, a cota piezométrica em B cai para B4, e o reservatório R2 passa a operar como abastecedor. Nesse caso, a vazão de saída em B é a soma das vazões nos dois trechos. Conforme nos ensina Porto (2000, p. 107), esse problema tem aplicação em sistemas de distribuição de água, que, pela própria natureza, caracteriza-se por uma razoável �utuação da demanda ao longo do dia. À noite, quando o consumo cai, o reservatório R2 armazena água para ser usada durante o dia como reforço no abastecimento nas horas de maior consumo. Que tal um exemplo que mostra a aplicação desse raciocínio? 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 48/65 Exemplo 6.1: O esquema de adutoras mostrado na �gura a seguir faz parte de um sistema de distribuição de água em uma cidade, cuja rede se inicia no ponto B. Quando a carga de pressão disponível no ponto B for de \(\text{20,0 mH}_{2}\text{O}\),determine a vazão QB que está indo para a rede de distribuição e veri�que se o reservatório II é abastecido ou abastecedor. Despreze as perdas localizadas e as cargas cinéticas e utilize a fórmula de Hazen-Williams, com C=110. Resolução do Exemplo 6.1: A questão a�rma que a cota de pressão no ponto B é de 20 m, e manda desprezar as cargas cinéticas. Logo, a cota piezométrica do ponto B será igual a 720+20=740m, o que faz com que a posição da linha piezométrica da situação seja a da Figura 9: NA-PRATICA Figura 8. Esquema para o Exemplo 6.1 Figura 9. Linha piezométrica no problema dado 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 49/65 Problema dos Três Reservatórios Outra situação clássica é o problema dos três reservatórios mantidos em níveis constantes e conhecidos, ligados por três tubulações de comprimentos, diâmetros e rugosidades de�nidos, conforme �gura seguinte. O comportamento do sistema pode ser descrito em função da cota piezométrica no ponto B, marcado pela posição X: Assim, já que a linha piezométrica no ponto B é maior do que a do reservatório II, já temos como saber que o reservatório II é abastecido, ou seja, que há vazão no trecho BC no sentido do reservatório II. Assim, aplicando a equação da continuidade no ponto B, temos: \[Q_{AB}=Q_{B}+Q_{BC}\] As vazões em cada trecho podem ser obtidas a partir da perda de carga de cada um, que por sua vez é obtida pela linha piezométrica: \[ \Delta H_{AB}=754-740=10,65 \cdot 1050 \cdot \frac{Q_{AB^{1,85}}}{110^{1,85}\cdot 0,20^{4,87}} \] \[Q_{AB}=0,043m^{3}/s\] Empregando o mesmo raciocínio para o trecho BC, temos: \[\Delta H_{BC}=740-735=10,65 \cdot 650 \cdot \frac{Q_{BC^{1,85}}}{110^{1,85}\cdot 0,15^{4,87}}\] \[Q_{BC}=0,015m^{3}/s\] Logo, a vazão no trecho B será: \[Q_{AB}=Q_{B}+Q_{BC}\] \[0,043=Q_{B}+0,015\] \[Q_{B}=0,028m^{3}/s\] Figura 10. Representação esquemática do problema dos três reservatórios 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 50/65 se \(\text{X > Z}_{2}\), o reservatório \(R_{1}\) fornece água para \(R_{2}\) e \(R_{3}\); se \(\text{X = Z}_{2}\), não há �uxo no trecho BC, e toda a água �ui de \(R_{1}\) para \(R_{3}\); se \(\text{X < Z}_{2}\), os reservatórios \(R_{1}\) e \(R_{2}\) fornecem água para \(R_{3}\). Para encontrarmos o valor da cota piezométrica em B e, consequentemente, conseguir resolver o problema dos três reservatórios, precisamos de um processo iterativo de cálculo, também chamado de processo por tentativas. A solução do problema pode ser encontrada por um conjunto de equações envolvendo: a equação da continuidade no ponto B, ou seja, o somatório dos �uxos de entrada e saída em B, obtidos em decorrência da análise da posição X vista anteriormente; as perdas de carga em cada um dos trechos, avaliadas conforme a posição da cota piezométrica X. Empregando-se a fórmula universal para as perdas de carga e admitindo que todas as tubulações possuem o mesmo material, a solução para o problema passa pelo seguinte sistema de equações: \[Z_{1}-X=0,0827\cdot f\cdot L_{1}\cdot \frac {Q_1^2} {D_5^1}\] \[Z_{2}-X=0,0827\cdot f\cdot L_{2}\cdot \frac {Q_2^2} {D_2^5} \text{ ou } X - Z_{2}=0,0827\cdot f\cdot L_{2}\cdot \frac {Q_2^2} {D_2^5}\] \[X - Z_{3}=0,0827\cdot f\cdot L_{3}\cdot \frac {Q_3^2} {D_3^5}\] \[Q_{1}=Q_{2}+Q_{3} \text{ ou }Q_{1}+Q_{2}=Q_{3}\] Tentar resolver tal sistema de equações manualmente costuma ser bastante trabalhoso, mas com algum conhecimento de informática é possível construir uma planilha eletrônica que facilita bastante tais cálculos. Que tal um exemplo para clarear os conceitos? Você pode aproveitar a calculadora on-line para facilitar as contas. SAIBA MAIS Clique aqui e você pode utilizar esta calculadora online para resolver o problema dos três reservatórios. http://ponce.sdsu.edu/emlinhatubulacao02.php 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 51/65 Exemplo 6.2: Seja um sistema formado por três reservatórios, interligados conforme esquema da Figura 11. Resolução do Exemplo 6.2: Como dissemos, empregaremos a calculadora online para facilitar os cálculos. Então, a primeira coisa que você deve fazer é abrir o site do saiba mais acima. Escolha o SI (Sistema Internacional) como padrão de unidades, para que os dados de entrada e de saída estejam no sistema métrico. Veja o desenho esquemático que aparece no site. Note que todas as cotas são dadas em relação ao nível d’água do reservatório mais baixo. Isso faz com que você tenha que entrar com o desnível entre cada reservatório, em relação à cota do mais baixo dos três. É fácil perceber que os valores de entrada serão: \(\text{z}_{B}\text{=20}\), \(\text{z}_{A}\text{=10}\), \ (\text{z}_{D}\text{=5}\). Entre com os valores de comprimento (length), diâmetro (diameter) e fator de atrito (friction fator) para cada trecho. Lembre-se que, como o site usa a notação inglesa para os números, você deverá trocas as vírgulas por pontos, por exemplo: f=0.03; \(\text{D}_{AD}\text{=0.4m}\) e assim por diante. Aperte “calculate”. Se você fez tudo certo, você encontrará estas respostas: \(\text{Q}_{AD}\text{ = 0,072 m}^{3}\text{/s}\) \(\text{Q}_{BD}\text{ = 0,378 m}^{3}\text{/s}\) NA-PRATICA Figura 11. Esquema para o Exemplo 6.2 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 52/65 Tipos de Redes de Distribuição Em uma rede de distribuição de água, geralmente se distinguem dois tipos de tubos: os condutos principais (ou troncos) e os condutos secundários. De forma geral, os condutos principais são os de maior diâmetro e abastecem os secundários, tubulações de menor diâmetro que levam a água diretamente aos pontos de consumo do sistema. As redes de distribuição de água podem ser de dois tipos: rami�cadas ou malhadas. A diferença entre elas reside na disposição dos condutos principais e no sentido de escoamento que ocorre nos condutos secundários. Redes Rami�cadas \(\text{Q}_{DC}\text{ = 0,450 m}^{3}\text{/s}\) VÍDEO Quer saber mais? Então não deixe de conferir esta videoaula que trata desse assunto. Assista a seguir. 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 53/65 As principais características desse tipo de rede são: 1. o sentido de escoamento da água é conhecido em qualquer ponto da rede; 2. possuem custo de implantação e manutenção mais baixo do que as redes malhadas; 3. em caso de necessidade de manutenção em algum ponto na rede, haverá interrupção no fornecimento dos trechos localizados a jusante do ponto considerado. 4. concepção muito utilizada em pequenas comunidades. A Figura 12 mostra o esquema geral de uma rede rami�cada. Os pontos de derivação de vazão são chamados de nós, a tubulação entre dois nós é denominada trecho. Os cálculos hidráulicos para projeto e dimensionamento da rede normalmente envolvem os dados de comprimento e diâmetro da tubulação, além de vazões e pressões disponíveis nos segmentos. A NBR 12218 (ABNT, 2017) estabelece que o projeto deve garantir uma carga de pressão dinâmica mínima de \(\text{10 mH}_{2}\text{O}\) (metros de coluna d’água), o que permite o abastecimento de uma edi�cação de três pavimentos. Além disso, deve obedecer a pressão estática máxima de \ (\text{40 mH}_{2}\text{O}\), podendo chegar a \(\text{50 mH}_{2}\text{O}\) em regiões com topogra�a acidentada. No entanto, diz a citada norma que, sempre que possível, deve-se adotar as pressões estáticas entre \(\text{25 e 30 mH}_{2}\text{O}\), com o objetivo de diminuir perdas reais para reduzir o risco de vazamentos nas juntas e conexões. Figura 12. Esquema geral de uma rede rami�cada ATENÇÃO As redes rami�cadas,também chamadas de redes do tipo espinha de peixe, são aquelas que possuem um tronco principal, que traz a água do reservatório de abastecimento e a distribui por meio dos tubos secundários. 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 54/65 Segundo Porto (2000), o pré-dimensionamento dos diâmetros das redes rami�cadas e malhadas pode ser feito pela tabela a seguir. D (mm) Vmáx (m/s) Qmáx (L/s) 50 0,68 1,34 60 0,69 1,95 75 0,71 3,14 100 0,75 5,89 125 0,79 9,69 150 0,83 14,67 200 0,90 28,27 250 0,98 47,86 300 1,05 74,22 350 1,13 108,72 400 1,20 150,80 500 1,35 265,10 Tabela 1. Velocidades e vazões máximas em redes de abastecimento Fonte: Porto (2000, p. 173) Pelo fato de conhecermos o sentido da vazão em cada um dos trechos, podemos estabelecer um processo de cálculo por meio de uma planilha conforme Tabela 2. Trec nº Exte (m) Vazão (L/s) Diâm (mm) J (m/ 100m) \(\Delta\)H (m) Cota terr (m) Cota piez (m) Pressão (mca) Jusa Marc Mont Fictí Mont Jus Mont Jus Mont Jus 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Tabela 2. Planilha para dimensionamento de uma rede rami�cada Nessa planilha, anotamos as seguintes informações em cada coluna: coluna 1: numeração do trecho, a partir do trecho mais afastado do reservatório; coluna 2: extensão L do trecho; coluna 3: vazão de jusante \(Q_j\). Lembrar que, quando se trata de uma ponta seca, \(Q_j=0\), e que quando se trata de um nó, ela será a vazão a montante \(Q_m\) do trecho posterior; 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 55/65 coluna 4: vazão em marcha, igual a q.L; coluna 5: vazão a montante do trecho \(Q_m=Q_j+qL\); coluna 6: vazão �ctícia, \(Q_f=(Q_m+Q_j)/2\); coluna 7: diâmetro D, determinado pela vazão de montante do trecho, obedecendo os limites da Tabela 1; coluna 8: perda de carga unitária J, determinada para o diâmetro D e a vazão �ctícia \(Q_f\), geralmente calculada por Hazen-Williams; coluna 9: perda de carga total no trecho, \(\Delta H=J.L\); colunas 10 e 11: cotas do terreno; colunas 12 e 13: cotas piezométricas de montante e jusante; colunas 14 e 15: cargas de pressão disponíveis em cada nó, calculada como a cota piezométrica menos a cota do terreno. Os cálculos são feitos basicamente considerando-se a equação da continuidade para cada nó da rede, ou seja, a vazão total que chega ao nó deve ser igual à vazão total que dele sai. Redes Malhadas A Figura 13 mostra um esquema geral de uma rede malhada. ATENÇÃO Nas redes malhadas, os condutos principais estão distribuídos de maneira a formar anéis ou malhas, o que permite que a vazão ocorra em diferentes sentidos, a depender das solicitações de demanda. 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 56/65 As principais características desse tipo de rede são: 1. o sentido de escoamento da água nos anéis não é conhecido; 2. possuem custo de implantação e manutenção mais alto do que as redes rami�cadas; 3. em caso de necessidade de manutenção em algum ponto na rede principal, há possibilidade de atendimento por outros trechos da malha; 4. concepção mais comum na maioria das cidades. O dimensionamento de uma rede malhada é muito complexo, principalmente quando ela é formada por vários anéis. Tomando-se as equações de vazão e perda de carga para os nós e trechos, chega-se a um sistema com diversas equações, que são escritas de forma a satisfazer duas condições básicas para o equilíbrio do sistema: a. em cada nó da rede, a soma das vazões que chegam ao nó deve ser igual à soma das vazões que dele partem, conforme esquematizado na Figura 14. b. em cada malha ou anel da rede, a soma algébrica das perdas de carga (partindo e chegando ao mesmo nó) é igual a zero, conforme esquema da Figura 15. Figura 13. Rede de distribuição malhada em uma cidade. Fonte: http://tinyurl.com/ybfvtsys Figura 14. Desenho esquemático e equação do somatório das vazões no nó 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 57/65 A resolução é feita com um método de aproximações sucessivas, com auxílio de computador. Continuando nossos estudos, falaremos aqui sobre os sistemas elevatórios. Siga estudando para adquirir as competências e habilidades proporcionadas por esta disciplina. Boa aula! Até agora vimos os escoamentos por gravidade em adutoras, quando se aproveita a energia potencial de posição, tal como a existência de um reservatório em um ponto mais alto, para a movimentação da água. No entanto, há caso em que não há condições topográ�cas para um �uxo por gravidade, sendo necessário transferir energia à água por meio de um sistema de bombeamento, a exemplo do que mostra a Figura 16. Nesta aula, veremos as características principais dos sistemas elevatórios, estudando os parâmetros técnicos relacionados à vazão, altura, potência e rendimento das bombas hidráulicas. Figura 15. Esquema para o cálculo da perda de carga em um anel de uma rede malhada Figura 16. Estação de bombeamento do projeto de transposição do Rio São Francisco; à direita, o reservatório que armazena a água a ser bombeada para o canal, à esquerda. Fonte: http://tinyurl.com/y8y3z6oj 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 58/65 Conceitos Iniciais Segundo Porto (2000, p. 123), um sistema de recalque ou elevatório é o conjunto de tubulações, acessórios, bombas e motores necessário para transportar uma certa vazão de água ou qualquer outro líquido de um reservatório inferior para outro reservatório superior. Um sistema de recalque é composto, em geral, de três partes: 1. Tubulação de sucção: canalização que liga o ponto de captação à bomba, incluindo as peças acessórias (válvulas de pé com crivo, registros, curvas, reduções etc.). 2. Conjunto elevatório ou casa de bombas: uma ou mais bombas em conjunto e seus respectivos motores. 3. Tubulação de recalque: canalização que liga a bomba ao ponto de descarga, incluindo as peças acessórias. A Figura 17 mostra um desenho esquemático dos componentes de um sistema de recalque. Começaremos estudando as características das bombas hidráulicas, para então veri�carmos o que precisa ser conhecido das tubulações de recalque e sucção. Figura 17. Componentes de um sistema de recalque 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 59/65 A água ganha energia cinética que é convertida parcialmente em energia de pressão e de posição. A Figura 18 exempli�ca esse tipo de bomba. As turbobombas são compostas por: Corpo (carcaça): é a parte externa que envolve o rotor, acondiciona a água e direciona a mesma para a tubulação de recalque. Rotor (impelidor): constitui-se de um disco provido de pás (palhetas) que impulsionam a água. Eixo de acionamento: ligado ao motor, transmite a sua força motriz ao rotor, causando o movimento rotativo do mesmo. A Figura 19 apresenta as partes componentes da bomba. Figura 18. Interior de uma bomba hidráulica; as setas azuis mostram a direção do �uxo da água no rotor e na saída da bomba ATENÇÃO As bombas aqui tratadas são as do tipo hidrodinâmicas, também chamadas de turbobombas, que são as que possuem um rotor dotado de pás ou palhetas, que recebe a água e a empurra pelo contato com as pás. 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 60/65 Quanto à direção de saída da água, as turbobombas podem ser classi�cadas em: 1. Centrífugas ou de �uxo radial: o rotorrecebe a água pelo seu centro e a expulsa radialmente, desenvolvendo uma força centrífuga que transfere energia para a água. São mais empregadas em instalações que necessitam vencer grandes alturas com vazões relativamente baixas. 2. Diagonais ou de �uxo misto: o rotor recebe a água pelo seu centro e a expulsa diagonalmente. A energia é transferida para a água em parte pela força centrífuga e em parte pela sucção gerada pelas pás. Este tipo de bomba é mais empregado em instalações que precisam vencer alturas medianas. 3. De �uxo axial: o rotor recebe a água axialmente e a transfere também axialmente. São recomendadas para instalações com maiores vazões e alturas relativamente baixas. A Figura 20 apresenta os tipos de rotores das bombas. Figura 19. Partes componentes de uma turbobomba Figura 20. Tipos de rotores de bombas: (a) bomba centrífuga; (b) bomba diagonal; (c) bomba axial. Fonte: Porto (2000, p. 132) 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 61/65 Quanto à instalação, uma bomba pode ser: 1. Não afogada ou de sucção positiva: a cota de instalação do eixo da bomba encontra-se acima do nível d’água do ponto de captação. 2. Afogada ou de sucção negativa: a cota de instalação do eixo da bomba encontra-se abaixo do nível d’água do ponto de captação. 3. Bomba submersa: a carcaça da bomba encontra-se dentro d’água (poços). A Figura 21 mostra uma situação típica dos tipos de bomba em relação à sua posição de instalação. Altura Manométrica A altura manométrica pode ser de�nida como a distância vertical que a bomba tem de vencer para elevar uma vazão Q do reservatório inferior para o reservatório superior, incluindo todas as perdas de carga. Como vimos, a tubulação de um sistema elevatório costuma ser dividida em condutos de sucção e de recalque. De forma análoga, consideram-se também alturas manométricas para a sucção e para o recalque, conforme mostrado na �gura a seguir. Figura 21. (a) bomba não afogada; (b) bomba afogada; (c) bomba submersa 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 62/65 As dimensões mostradas na Figura 22 se referem a: \(H_S\) – altura geométrica de sucção \(H_R\) – altura geométrica de recalque \(H_G\) – altura geométrica de elevação: \(H_G=H_S+H_R\) \(\Delta H_S\) – perda de carga na sucção \(\Delta H_R\) – perda de carga no recalque \(H_{MS}\) – altura manométrica de sucção: \(H_{MS}=H_S+\Delta H_R\) \(H_{MR}\) – altura manométrica de recalque: \(H_{MR}=H_R=\Delta H_R\) \(H_M\) – altura manométrica total: \(H_M=H_{MS}+H_{MR}\) Potência e Rendimento da Bomba Potência hidráulica Pot é o trabalho realizado pela bomba sobre a água por unidade de tempo. Sendo Q a vazão, \(_{HM}\) a altura manométrica e \(\eta\) o rendimento da bomba, temos que a potência da bomba, em kW, pode ser expressa por: \[Pot=\frac{9,8\cdot Q \cdot H_M}{\eta} \text{ (kW) }\] É comum especi�car a potência em cv, caso em que a fórmula �caria: \[Pot=\frac{1000\cdot Q \cdot H_M}{75 \cdot \eta} \text{ (cv) }\] Além do rendimento \(\eta\) da bomba, há também o rendimento do motor \(\eta _{M}\). Com isso, tem-se também a fórmula para o cálculo da potência elétrica fornecida pelo motor que aciona a bomba: \[Pot_M=\frac{9,8\cdot Q \cdot H_M}{\eta \cdot \eta_M}\] Figura 22. Esquema geral de um sistema elevatório e suas variáveis envolvidas. 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 63/65 Vejamos um exemplo que trata desse assunto. 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 64/65 Exemplo 7.1: Determine a potência da bomba e do motor necessárias para o sistema de bombeamento da Figura 23, que necessita conduzir uma vazão de 80 L/s, através de uma tubulação de ferro fundido novo com diâmetro de 400 mm, cujo comprimento total equivalente é de 880 m. O conjunto motor-bomba a ser utilizado tem rendimentos de 70% para a bomba e 85% para o motor. A perda de carga é determinada pela fórmula de Hazen-Williams (C=130). Resolução do Exemplo 7.1: Como os pontos inicial e �nal do sistema encontram-se em reservatórios, os reservatórios estão à pressão atmosférica e desconsideramos a carga cinética. Logo, temos que a altura manométrica da bomba será apenas in�uência da diferença de cotas dos reservatórios e da perda de carga no sistema: \[H_M=Z_2-Z_1+\Delta H_{1-2}\] \[H_M=48+\Delta H_{1-2}\] A perda de carga é determinada pela fórmula de Hazen-Williams: \[\Delta H=10,65\cdot L\cdot \frac {Q^{1,85}}{C^{1,85}\cdot D^{4,87}}\] \[\Delta H=10,65\cdot 880\cdot \frac {0,08^{1,85}}{130^{1,85}\cdot 0,40^{4,87}}=0,93m\] Logo, a altura manométrica da bomba é dada por: \[H_M=48+0,93=48,93\] Agora, podemos calcular a potência necessária para a bomba: \[Pot=\frac{9,8\cdot Q\cdot H_M}{\eta}\] \[Pot=\frac{9,8\cdot 0,08\cdot 48,93}{0,7}\cong \text{55 kW}\cong\text{75 cv}\] NA-PRATICA Figura 23. Esquema para o Exemplo 7.1 20/10/2021 08:55 IESB https://iesb.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Ead/_disciplinas/template/new_template/#/EADG623/impressao/1 65/65 A potência do motor necessária para acionar o sistema é: \[Pot_M=\frac{Pot}{\eta_M}=\frac {54,8}{0,85}\cong \text{65 kW}\cong\text{88 cv}\] O rendimento do conjunto motor-bomba é: \[\eta=0,7 \cdot 0,85=0,595=59,5\text{%}\] VÍDEO Con�ra então esta vídeo aula disponível a seguir e saiba mais sobre condutos forçados. VÍDEO Que tal conferir um vídeo que trata da estação de bombeamento da transposição do Rio São Francisco, mostrada no início desta aula? Veja a seguir.
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