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ARTIGO LUCIANA E RENATA CÂNDIDO CORRIGIDO 6-12-17

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FACULDADE DO PLANALTO CENTRAL
LUCIANA GOMES DE LIMA
RENATA CÂNDIDA DE OLIVEIRA
	
A LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Artigo Científico apresentado à Faculdade do Planalto Central polo de Formosa - Goiás como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Educação Infantil.
Orientadora: Prof.ª Doutoranda Conceição Maria Alves de Araújo Guisardi.
Formosa - Go
2017
A LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Luciana Gomes de Lima[footnoteRef:1] [1: Graduada em História _ FACER, Rubiataba, graduada em Pedagogia, Pós - Graduação em Psicopedagogia – FAPLAC, professora do Ensino fundamental da prefeitura municipal de Rubiataba - Goiás.] 
Renata Candida de Oliveira[footnoteRef:2] [2: Graduada em Letras – Português/Espanhol pela Universidade do Tocantins, graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú, Pós - Graduação em Psicopedagogia – FAPLAC, professora do Ensino fundamental da prefeitura municipal de Rubiataba - Goiás.] 
Conceição M. A. de Araújo Guisardi [footnoteRef:3] [3: Conceição Guisardi é doutoranda em Estudos Linguísticos, pela UFU. Mestre em Letras, pela UFU. Especialista em Terapia Familiar, pela UCAM. Graduada em Letras, pela UEG, e em Pedagogia, pela IESGO. Professora dos cursos de Pedagogia e Administração da Faculdade do Planalto Central – FAPLAC Professora de cursos de Pós - Graduação em Psicopedagogia e em Educação Infantil – FAPLAC. Professora efetiva da Secretaria de Educação do Distrito Federal - SEDF - de Inglês e Português. Membro de Projeto do Portal do Professor – MEC. Membro de grupo de Pesquisa cadastrado no CNPQ - Projeto sobre LSF.
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RESUMO
O este artigo fala sobre as contribuições de literatura na Educação Infantil. Para elaboração desta foi feito um estudo bibliográfico de diferentes autores que abordam o tema. Depois de feito o estudo bibliográfico foi registrado os principais conteúdos pesquisados. O valor da literatura infantil em sala de aula, propondo a discutir o papel que a literatura exerce na construção do desenvolvimento infantil, partindo de sua trajetória ao longo dos tempos para enfatizar a necessidade de se trabalhar de maneira eficaz no ambiente escolar. Neste sentido, verificou-se que a literatura infantil é uma das ferramentas mais precisas para estimular o raciocínio, a leitura do mundo em seus vários níveis, estimulando na criança a fantasia, o senso crítico e a leitura de forma prazerosa, significativa na infância. A partir deste estudo, mostrou-nos que a utilização dos livros serve como instrumento mediador, que contribui para o trabalho pedagógico do docente quanto a sua preocupação em garantir aos seus alunos, condições indispensáveis para o bom desenvolvimento da leitura. Cabe ressaltar, a relevância que o tema tem para se pensar na importância de introduzir a literatura no contexto escolar, enxergando o ambiente escolar como um lugar no qual, os pequenos possam apreciar e vivenciar suas diversas formas de expressão e criação, pois o aprender não cessa, e este deve ser estimulado com prazer, encanto e magia. Assim, acredita-se que é possível incentivar uma criança a gostar de ler através dos textos literários e dessa maneira, aguçar o imaginário do pequeno, desenvolvendo a criatividade, senso crítico, curiosidade, concentração, interpretação e participação. Portanto, foi no espaço da educação infantil que se buscou compreender a necessidade da literatura infantil como recurso complementar para o desenvolvimento infantil.
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Palavras-chave: literatura infantil, educação infantil, aplicação, realidade.
1. INTRODUÇÃO
A criança no seu processo de desenvolvimento intelectual e físico passa por muitas experiências e etapas até que se torne adolescente, jovem e adulto. Nesta fase de crescimento, desenvolvimento e aquisição da aprendizagem a criança é auxiliada de forma concreta na família, com pais e familiares e também na escola onde, de forma objetiva, esta criança recebe ensinamentos que visam prepará-la para sua vida futura. É no contexto da escola, na sala de aula propriamente dita, que essa criança vai começar a conhecer o processo educacional pelo qual passará grande parte de sua vida e onde ela vai adquirir os conhecimentos básicos para sua vida de adulta, conhecedora de seus deveres e respeitadora dos demais indivíduos, os quais passam fazer parte de sua vida futura. É neste contexto, nesta fase, que a criança necessita ser entendida e atendida em concordância com sua realidade e capacidade para, de modo natural e satisfatório, fazer parte da escola e dela receber a educação necessária a sua faixa etária. 
A literatura infantil, na sala de aula, é um conteúdo que está de acordo com a idade das crianças e com este conteúdo pode o professor induzir os alunos ao interesse pelas aulas, pelos conteúdos a serem estudados, com as atividades em sala de aula, enfim, a aplicação da literatura infantil no contexto educacional infantil é de suma importância não só para os professores como também para os alunos. Justifica-se assim a escolha do tema trabalhado para ser de grande valor e importância para os professores e alunos dos primeiros anos de ensino fundamental mediante os resultados obtidos com o uso de literatura infantil na sala de aula.
A criança, no seu processo de desenvolvimento intelectual no contexto escolar, de forma especial em sala de aula necessita de uma atenção especial, e nesta fase é importante que o professor utilize atividades interessantes, atrativas e condizentes com sua faixa etária e que remete a literatura como sendo forte aliada do professor neste contexto.
Em concordância com o valor do inserimento da literatura no argumento educacional infantil procura-se desenvolver este trabalho o qual visa falar desta atividade no contexto educacional infantil, ressaltar seu valor e importância junto ao professor e consequentemente ao aluno. O tema é bastante significativo quando conhecer um melhor processo de trabalho, desenvolver técnicas e realizar um trabalho de forma concreta e objetiva junto aos alunos é meta do bom educador. Em vista desta particularidade do emprego da literatura em sala de aula, é relevante nesta que todo trabalho voltado para este tema é importante mediante os educadores que têm o propósito de desenvolver um trabalho objetivo, eficaz e concreto.
Fazendo um apanhado das contribuições de literatura na Educação Infantil, oportunidade em que se fala de Educação Infantil, seu processo de formação no Brasil, apresentando também nesta etapa os pressupostos técnicos de desenvolvimento cognitivo, segundo Piaget (1998) e Vygotsky (1988).
Daremos ênfase a um estudo da literatura na Educação Infantil e sua importância neste contexto. Neste ínterim, fala sobre a aplicação da literatura na Educação Infantil e buscando um maior entendimento a respeito desta aplicabilidade.
Nesta circunstância, pode-se depreender que a aplicabilidade e o reconhecimento do valor da literatura no contexto educacional infantil é realizado e fator de reconhecimento e aceitação por parte dos professores pesquisados.
Torna-se, portanto objetivo deste trabalho discutir sobre as contribuições da aplicação de literatura infantil na sala de aula, consequentemente falar de sua importância no contexto educacional infantil e também mostrar um pouco da realidade da aplicação deste conteúdo no contexto educacional.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
 2.1 Educação infantil e seus principais fundamentos
A necessidade da formação de uma sociedade mais consciente de seu papel para com a realidade na qual está inserida conduz o homem à valorização e ao consequente entendimento do papel da educação na formação dos cidadãos conhecedores de seus direitos e cumpridores de seus deveres, em seu contexto social. “A educação está na pauta das discussões mundiais. Em diferentes lugares do mundo discute-se cada vez mais o papel essencial que ela desempenha no desenvolvimento das pessoas e das sociedades” (PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, 1998, p. 15). 
A educação prepara o homem para a sociedade e, portanto, cabe a esta valorizare colaborar para que a mesma se faça de forma concreta, abrangente e total. “A educação é uma atividade criadora que tem por objetivo levar o ser humano ao desenvolvimento de suas potencialidades físicas, intelectuais, morais, sociais e espirituais” (SIQUEIRA e ABELIN, 1978, p. 43). 
E é por meio da educação que o homem se desenvolve e adquire o conhecimento necessário para que possa se impor na sociedade de forma íntegra, cidadã e consciente. “Educação não é uma preparação para a vida, é a mesma vida” (DEWEY 1971, 35). Sendo assim, podemos considerá-la a aquisição de conhecimento pela vida, ou seja durante toda a nossa existência. Assim, “educar é, portanto a arte de estimular o esforço máximo dentro das possibilidades de cada um” (SCHMITT 1965, 87 apud DEWEY 1971, 85). Um processo que o conduz, o direciona mediante sua postura reconhecendo as suas possibilidades de agir, atuar e, consequentemente, colaborar para com a construção de uma sociedade mais interativa, participativa e consciente. Entende-se, pois, na luta pela democracia, que a educação é direito fundamental do homem.
No Brasil, a Constituição Federal, no seu artigo 176, e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996, no seu contexto, asseguram a obrigação do Poder Público de levar a todos a educação. Mediante esta valorização e direito do homem acerca da educação torna-se necessário entendê-la e valorizá-la, como base para o desenvolvimento do conhecimento humano.
2.2 Reflexões a cerca da Educação Infantil
A Educação Infantil é considerada a primeira etapa da educação básica (Título V, Cap. II, Seção II, art.29), tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança até 6 anos de idade. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 1998).
A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.
Ao se referir à educação como uma realização necessária no contexto social humano, deve-se observar a necessidade de um trabalho conjunto que envolve toda a seriedade, bem como todos os indivíduos próximos das crianças. Essa parceria vai fortalecer e promover junto à elas o desenvolvimento necessário para o enfrentamento da própria existência. Dessa forma, é imprescindível falar do valor da Educação Infantil, uma vez que esta é a base de formação do homem e o início de sua preparação para o exercício de sua cidadania. “O período educativo do ser humano onde a educação mais se intensifica é a infância…” (SIQUEIRA e ABELIN, 1978, p. 43 apud BUJES 2001, p.14). 
Nessa discussão, pode-se dar ênfase à Educação Infantil que, voltada para atender as crianças em concordância com sua capacidade de aprendizagem, colabora desde o início, com o homem na sua formação e estruturação para a vida social futura. 
A Constituição da República Federativa do Brasil, no Cap. II, art. 6º, deixa evidenciado os direitos sociais, os quais são firmados e assegurados por lei, e assim comprova sua necessidade, eficácia e seguridade para todos os homens, “são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção, a maternidade a infância, a assistência, os desamparados, na forma desta constituição.” Também mais adiante no Cap. III, seção I, a Constituição faz dedicação minuciosa sobre a educação e, nesta oportunidade, enaltece, valoriza e assegura a mesma. Quando em um de seus incisos ressalta a participação dos municípios neste contexto. 
Na constituição Federal nos Art. 2º e 5º - A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Valorizando a pessoa humana e dando total proteção a sua liberdade individual, a LDB procura, de forma esclarecedora, nortear os direitos dos indivíduos mediante seus pressupostos no contexto educacional. De acordo com a LDB, todos têm igual direito à educação e esta tem, para com todos, os mesmos objetivos, proporcionando ao homem, com o amparo da lei, a garantia da sua individualidade e, ao mesmo tempo, inserindo-o no seu contexto social de forma igualitária, possibilitando-os a oportunidade de adquirir o conhecimento, sem ser necessário perder seus traços, sua cultura e crenças.
Nesse contexto a Educação Infantil, é um precedente assegurado por lei e portanto deve ser valorizado como tal e, assim sendo, é necessária uma tomada de consciência acerca de seus conteúdos de modo a preparar melhor não só os professores, mas todo o universo que cerca as crianças no início de sua vida educacional na escola, buscando um trabalho em parceria na promoção de uma educação concreta e adequada a cada faixa etária a ser trabalhada. O amparo de lei tem a Educação Infantil um trabalho concreto, sério a ser desenvolvido e, portanto que exige um amplo conhecimento de seu currículo e das propostas que devem ser trabalhadas com as crianças no seu início de vida escolar.
2.2.1 Histórico da Educação Infantil
No decorrer da história da humanidade, a sociedade percebeu a infância de modos diferentes, e podemos assinalar que as crianças do século XVII eram deixadas de lado por suas famílias sem a preocupação de satisfazer suas necessidades básicas como brincar e ser criança, ou seja, pois as viam como “adultos em miniatura”. Segundo Áries (1981), a aprendizagem acontecia na socialização, o sentimento de família não existia e o único sentimento pela criança foi o chamado de “paparicação”, onde ela era vista como uma forma de divertimento para o adulto. Quanto a socialização, faziam parte igualmente do trabalho e dos jogos dos adultos.
Com a Revolução Industrial, Áries (1981) relata que surge um segundo sentimento, este por sua vez, fora da família, dentro da sociedade, chamado de “moralização”, preocupado com a disciplina e a racionalidade dos costumes. Inicia-se então, o ciclo de construção da especificidade da infância. As crianças deixam de ser misturadas aos adultos e a preocupação com a mesma passou a ser muito grande no sentido de educá-la. Finalmente ela sai do seu anonimato para ocupar o lugar no centro da família. As transformações culturais não abordaram apenas a educação, tiveram grande influência, também, sobre os jogos, brinquedos e brincadeiras. E em razão de preservar a moralidade da criança e a preocupação com sua educação foram classificados os jogos que lhe seriam adequados ou não. Inicia-se então a separação daquilo que é destinado à criança e ao adulto, o que antes não existia, pois as crianças participavam dos jogos e brincadeiras que pertenciam ao mundo dos adultos, como citado anteriormente. Com isso, dá-se a fase lúdica para a criança, durante o século XVlll, pois os jogos foram usados como possibilidade educativa, porém, com as transformações da sociedade, o lúdico passa a fazer parte de vez da aprendizagem e do desenvolvimento infantil, como cita Wajskop ao falar do início das mudanças educacionais ocorridas na sociedade:
(...) sob a influência do pensamento e da filosofia de suas épocas, cada um à sua maneira, os pedagogos Friedrich Fröebel (1782-1852), Maria Montessori (1870-1909) e Ovide Decroly (1871-1932) elaboraram pesquisas a respeito das crianças pequenas, legando à educação grande contribuição sobre o seu desenvolvimento. Propuseram uma educação sensorial, baseada na utilização de jogos e materiais didáticos, que deveria traduzir por si a crença em uma educação natural dos instintos infantis”. Wajskop (2001 p.21)
Nos séculos XVIII e XIX, originaram-se dois tipos de atendimento às crianças pequenas, uma de boa qualidade destinada às crianças da elite, que tinha como característica a educação, e outro que servia de custódia e de disciplina para as crianças das classes desfavorecidas.
“Enquanto para as famílias mais abastadas pagavam uma babá, as pobres se viam na contingência de deixar os filhos sozinhos ou colocá-losnuma instituição que deles cuidasse. Para os filhos das mulheres trabalhadoras, a creche tinha que ser de tempo integral; para os filhos de operárias de baixa renda, tinha que ser gratuita ou cobrar muito pouco; ou para cuidar da criança enquanto a mãe estava trabalhando fora de casa, tinha que zelar pela saúde, ensinar hábitos de higiene e alimentar a criança. A educação permanecia assunto de família. Essa origem determinou a associação creche, criança pobre e o caráter assistencial da creche”. (DIDONET, 2001 p.13)
Dentro desse cenário, aumenta-se a discussão de como se deveria educar as crianças. Pensadores como Comênio, Rousseau, Pestalozzi, Decroly, Froebel e Montessori configuraram as novas bases para a educação das mesmas. Embora eles tivessem focos diferentes, todos reconheciam que as crianças possuíam características diferentes dos adultos, com necessidades próprias (OLIVEIRA, 2002). 
No século XX, após a primeira Guerra Mundial, cresce a idéia de respeito à criança, que culmina no movimento das Escolas Novas, fortalecendo preceitos importantes, como a necessidade de proporcionar uma escola que respeitasse a criança como um ser específico, portanto, esta deveria direcionar o seu trabalho de forma a corresponder às características do pensamento infantil. Na psicologia, na década de 20 e 30, Vygotsky defende a ideia de que a criança é introduzida no mundo da cultura por parceiros mais experientes. Wallon destaca a afetividade como fator determinante para o processo de aprendizagem. Surgem às pesquisas de Piaget, que revolucionam a visão de como as crianças aprendem a teoria dos estágios de desenvolvimento. E as teorias pedagógicas se apropriam gradativamente das concepções psicológicas, especialmente na Educação Infantil, impulsionando o seu crescimento. 
No contexto de pós-segunda guerra mundial, surge a preocupação com a situação social da infância e a ideia da criança como detentora de direitos. A ONU promulga em 1959, a Declaração dos Direitos da Criança, em decorrência da Declaração dos Direitos Humanos, e esse é um fator importante para a concepção de infância que permeia a contemporaneidade, e vê a criança como sujeito de direito. 
O termo ‘Educação Infantil’, presente no texto oficial da Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, apresentam três artigos que estabelecem as formas de organização para o atendimento às crianças até seis anos de idade e encaminham o princípio do direito à educação. 
Assim, retomaremos novamente como a mesma: A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o “desenvolvimento integral da criança.” Cabe então às Secretarias de Educação–(Estadual e Municipal) o atendimento desse seguimento educacional, e como processo educativo, estabelecer políticas capazes de viabilizar o pretendido por toda comunidade brasileira e dos educadores, visando uma prática pedagógica adequada ao pleno desenvolvimento e aprendizagem das crianças.
Durante muito tempo, no período do Brasil Colônia, a educação foi manipulada pela elite e dedicada aos poucos privilegiados, com o direito de aquisição de conhecimento. Porém, o tempo passou e com ele inovações e conquistas foram sucedendo-se até que se chegou à situação de liberdade e condições de se impor e colocar em prática a educação democratizada, ou seja uma educação para todos, no contexto social do Brasil. 
Uma vez sendo proposta de a educação promover a base, e início da educação perante os alunos, é importante reconhecer a necessidade de haver um maior preparo dos educadores desta faixa etária, isto é, que trabalhem com crianças. Esse preparo diz respeito ao entendimento não só das propostas assimiladas como também a importância dos conteúdos, sua relevância e contribuição para com o crescente desenvolvimento educacional das mesmas.
2.3 Pressupostos teóricos do desenvolvimento cognitivo 
Aos educadores espera-se que estejam aptos a atender as necessidades específicas do desenvolvimento das capacidades das crianças para assim, em concordância com esse processo, desenvolver uma prática pedagógica coerente, com atividades a eles propícias e adequadas, e dessa forma, coerentes com os pressupostos da educação e, ao mesmo tempo, aos limites da criança. “[...] em seu início, a assimilação e, essencialmente, a utilização do meio externo, pelo sujeito, tendo em vista alimentar seus esquemas hereditários ou adquiridos”. (PIAGET, 1975, p. 326).
A capacidade de assimilação na criança não se encontra pronta, ela vai acontecendo de acordo com sua maturação, por estágios, o que reforça junto ao educador a necessidade de conhecer, detectar a posição, ou seja a situação de seus educandos para, então a partir daí, promover o seu trabalho de educador. 
De acordo com a concepção piagetiana, o desenvolvimento cognitivo compreende quatro estágios ou períodos: 
O sensório-motor (do nascimento aos 2 anos); o pré-operacional ( de 2 a 7 anos); o estágio das operações concretas ( de 7 a 12 anos) e, por último, o da adolescência (dos 12 anos em diante). Cada período define um momento de desenvolvimento como um todo, ao longo do qual a criança constrói determinadas estruturas cognitivas. (PALANGANA, 1998, p.23).
E em se tratando de processo de desenvolvimento e aprendizagem infantil, Piaget atribui à coordenação funcional da ação adaptativa a origem de todo o conhecimento. Para ele, o conhecimento se obtém a partir da adaptação do indivíduo ao meio no qual ele vai adquirir a aprendizagem, que vai acontecendo gradativamente. 
 Os conhecimentos não provêm nem de sensação nem de percepção isoladamente, mas de ação global, de que a percepção participa apenas como função de sinalização. Próprio de Inteligência não é contemplar, mas “transformar”, e seu mecanismo é essencialmente operatório. Ora, as operações consistem em ações interiorizadas e coordenadas em estruturas de conjunto (reversíveis); se desejarmos explicar esse aspecto operatório da inteligência humana convirá partir de ação e não apenas da percepção. (PIAGET, 1975 apud CHIAROTTING, 1984, p. 104). 
Segundo Piaget (1984), a percepção se concretiza quando o indivíduo é capaz de agir e reagir de forma semelhante ao que lhe foi mostrado ou proposto. Assim sendo, é válido e necessário que os educadores estejam atentos a estas particularidades de processo de desenvolvimento infantil, para assim na conduta do seu trabalho realizar atividades propícias as condições de entendimento e de assimilação por parte das crianças. 
Considerando os estudos de Vygotsky (1998), entendemos que a aprendizagem está presente desde o início da vida da criança, pois a qualquer situação de aprendizagem vemos um histórico precedente, ao mesmo tempo em que produz algo inteiramente novo no desenvolvimento da criança. Nessa perspectiva, a inteligência; é entendida como habilidade para aprender, desprezando as teorias que concebem a inteligência como aprendizagens prévias já efetuadas. De acordo com ele, a criança vai adquirindo a aprendizagem na medida em que desenvolve sua capacidade de assimilação da situação proposta e é capaz de reagir a esta proposta de forma concreta e real. 
O que a criança pode fazer hoje com o auxílio dos adultos poderá fazê-lo amanha por si só. A área do desenvolvimento potencial nos permite pois determinar os futuros passos da criança e a dinâmica de seu desenvolvimento é examinar não só o que o desenvolvimento já produziu, mas também o que produzirá no processo de maturação. (VYGOTSKY, 1987). 
Entende se então a concepção da necessidade de se oferecer para as crianças um ensino baseado no desenvolvimento afetivo. Trabalhar em concordância com tal processo vai resultar na aplicação de uma atividade concreta e objetiva no processo de ensino e aprendizagem junto a elas. O processo de apropriação do conhecimento se dá, portanto, no decorrer do desenvolvimento das relações reais, efetivas, de sujeito com o mundo. Vale ressaltar que estas relações não dependem da consciência do sujeito individual, mas são determinadas pelas condiçõeshistórico-sociais concretas nas quais ele está inserido e, ainda, pelo modo como sua vida se forma nestas condições. (PALANGANA, 1998, p. 134).
Portanto, cabe aos educadores, de modo especial àqueles que trabalham com crianças nos seus primeiros anos de vida, ter um conhecimento relativo ao desenvolvimento e capacitação humana, e entender esse processo, tornando possível desenvolver um trabalho observando não apenas o currículo escolar a ela proposto no contexto educacional, mas procurando trabalhar de forma a atender as necessidades e as condições dos mesmos em concordância com sua capacidade de entendimento e assimilação. 
Neste contexto, Piaget (1971) e Vygotsky (1998), abordam a capacitação para as relações e interações dos indivíduos com o mundo que os cerca e, consequentemente, o processo de aprendizagem demonstra a evolução e desenvolvimento do homem. 
2.3.1 Ensinar e aprender na Educação Infantil
Ensinar e educar configura atender todas as crianças, independentemente de suas necessidades educativas, culturais e sociais, é então estimular todos os seus sentidos, principalmente, de zero a seis anos, desenvolvendo atividades de acordo com sua história de vida, seu ritmo e seu desenvolvimento.
A criança é um ser ativo, que merece respeito no seu tempo de crescimento e desenvolvimento, seu corpo é sua referência e ele evolui com a estimulação e a exploração dos espaços internos e externos presentes em seu cotidiano. As atividades diárias, as brincadeiras, as falas e as experiências vivenciadas também são momentos que proporcionam a construção espontânea do aprendizado.
Os primeiros anos da infância são primordiais para que a criança esteja em um ambiente estimulador, prazeroso e lúdico, com oportunidades para desenvolver seus sentidos e habilidades. Quanto mais ela participa das experiências físicas, afetivas e sociais, maiores serão o enriquecimento e o desenvolvimento de sua inteligência. “É por meio dos primeiros cuidados que a criança percebe seu próprio corpo como separado do outro, organiza suas emoções e amplia seus conhecimentos sobre o mundo”. (RCNEI, v.2, 1998:15)
A criança quando estimulada se torna mais ativa, dinâmica, criativa, emocionalmente equilibrada e saudável, e passa a realizar melhor as atividades propostas, a encontrar soluções e a apresentar uma boa socialização.
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança e o acesso pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. (RCNEI, v.1, 1998 p.23).
A criança aprende, descobre e inventa, através da ação. Cabe ao adulto desafiar, encorajar, solicitar, provocar conflitos cognitivos para que ela busque suas hipóteses e experiências. Ademais, deve-se proporcionar a socialização para que a criança construa seu pensamento, passando do referencial e dos interesses individuais para o social.
A aprendizagem, é então um processo sem fim, em que se enriquecem os conhecimentos e as informações, os quais levam as diferentes e diversas modificações de comportamento, que envolvem a inteligência, o corpo, a criatividade, o desejo e o emocional do ser humano.
Para Piaget a aprendizagem tem mais chance de ser efetivada quando pautada sobre as necessidades da criança. Primeiro, porque o interesse parte da própria criança, revelando que o seu nível de organização mental está apto a realizar tal aquisição, já que a necessidade traz implícitas as formas ou estruturas cognitivas das quais a criança dispõe. Segundo, porque a aprendizagem passa a ser o meio através do qual a necessidade pode ser satisfeita, a aprendizagem passa a ser necessária." (Palangana, 1994 p.73)
A Educação Infantil não pode apenas priorizar os cuidados básicos da saúde, alimentação, higiene e sono, nem ser um substituto da família, mas cabe a ela ampliar todos esses quesitos, pois a criança é rica em conhecimento, cultura, criatividade e está em constante desenvolvimento.
2.3.2 O jogo e a construção do conhecimento na Educação Infantil
As grandes questões da epistemologia são: O que é conhecimento? Como se dá o conhecimento? Como se passa de um conhecimento menor para um conhecimento maior? Entre outras interrogações a cerca do conhecimento humano. Muitas e complexas são as teorias que tratam sobre este assunto e a escola tem um compromisso com a construção do conhecimento, não podendo ficar alheia a estas questões.
Aquisição do conhecimento é entendida como um processo de construção contínua e recíproca relação do ser humano em seu meio, pressupostos defendidos pelas teorias interacionistas. Dentre as quais destacam-se: a teoria Interacionista Piagetiana e a Teoria Sócio interacionista de Vygotsky.
Jean Piaget (1896-1980) é o mais conhecido dos teóricos que defende a visão interacionista de desenvolvimento. Piaget acreditava que o estudo cuidadoso e aprofundado da maneira pela qual as crianças constroem suas noções fundamentais de conhecimento lógico, tais como tempo, espaço, objeto e causalidade, poderia facilitar o entendimento da gênese do conhecimento humano.
Dentro dessa perspectiva PIAGET (1971) ressalta que a inteligência é definida pelo equilíbrio entre a assimilação e acomodação. Segundo o autor a maneira da criança assimilar é transformar o meio para que este se adapte às suas necessidades, enquanto o acomodar é a maneira da criança mudar a si mesma para adaptar-se ao meio em que está inserida. Tal entendimento é reforçado pelo autor (1971) quando assevera que:
O jogo é a construção do conhecimento, principalmente, nos períodos sensório-motor e pré-operatório. Agindo sobre os objetos as crianças, desde pequenas estruturam seu espaço e seu tempo, desenvolvem a noção de casualidade, chegando à representação e finalmente à lógica. (p.99)
Dentro do período infantil Piaget (1971), nota que existem, três tipos de estruturas que caracterizam os jogos: o exercício, o símbolo e a regra. O jogo de exercício passar a existir durante os primeiros dezoito meses de vida, sob a forma de simples exercícios motores, incidindo na repetição de gestos e movimentos simples.
Para Piaget (1971), “a criança movimentando-se descobre os seus gestos e os repete em busca de efeitos”. (p.180). Já no jogo simbólico compreendido entre os dois e seis anos de idade, o lúdico manifesta-se sob a imaginação e de imitação. Neste período a criança tende a relacionar suas ações, situações e seu meio ambiente, ela tende a manifestar o tipo de tratamento que recebe, ou seja, é o caso da menina que brincando de casinha, grita com a boca dando-lhes ordens, chamando-a de desobediente e atribuindo-lhes castigos. Assim sendo, é através deste período que a criança expressa e integra as experiências de seu cotidiano.
O jogo de regras é definido por Piaget como:
O jogo de regras é a atividade lúdica do ser socializado e começa a ser praticado por volta dos sete anos, quando a criança abandona o jogo egocêntrico das crianças mais pequenas, um proveito de uma aplicação efetiva de regras e do espírito de cooperação entre os jogadores. (PIAGET (1971), p.29).
Vale ressaltar neste período, o pensamento reversível, fazendo com que a criança estabeleça relações permitindo-lhes identificar regras. É neste momento que são assimiladas relações envolvendo regras, dando oportunidade de a criança incorporar suas próprias regras e avaliar as regras de seus colegas. Sendo assim, Piaget (1971) assegura que o jogo na criança inicialmente é egocêntrico e espontâneo, tornando-se cada vez mais uma atividade socializadora.
Outro tipo de interacionismo é proposto pelo russo Lev Seminovitch Vygotsky (1896- 1934) que afirma que a estrutura fisiológica humana, aquilo que é inato, não é suficiente para produzir o indivíduo humano, na ausência do ambiente social. As características individuais como modo de agir, de pensar, de sentir, valores, conhecimentose visão de mundo dependem da interação do ser humano com o meio físico e social e, especialmente, das trocas estabelecidas com os seus semelhantes, sobretudo dos mais experientes de seu grupo cultural.
O jogo é fundamental para o desenvolvimento infantil, pois através dele a criança passa a envolver-se com as exigências da sociedade, de forma divertida e prazerosa, sem ser impostas pela família, escola ou religião. Para Froebel(1826) apud Rizzi e Haydt (1987), o valor do ato de brincar é de fundamental importância para o desenvolvimento físico, moral e cognitivo da criança e pelo estabelecimento das relações entre os objetos culturais e a natureza, e nos dias de hoje o brincar vem sendo cada vez mais utilizado na educação, sendo destacado como uma peça importantíssima para a formação da personalidade, da inteligência, na evolução do pensamento, transformando em um artifício mais acessível para a construção do conhecimento. Dentro desta concepção BOMTEMPO (1986 p. 68) posiciona-se dizendo: “O brinquedo parece com um pedaço de cultura colocado ao alcance da criança. […] A manipulação do brinquedo leva criança à ação e à representação, a agir e a imaginar”. Já Froebel (1826) apud Rizzi e Haydt (1987) adotava uma pedagogia de ação, particularmente a do jogo. No seu trabalho docente, pôs em prática a teoria do valor educativo do brinquedo e do jogo, elaborando um curriculum centrado em jogos para desenvolvimento da percepção sensorial, da expressão e para iniciação à matemática.
Percebe-se, portanto que alguns dos grandes educadores do passado já reconheciam o valor pedagógico do jogo, aproveitando-o como material educativo. É neste sentido que o jogo enfatiza a relação social, ou seja, é participando de jogos que a criança começa a ter formação de atitudes sociais: solidariedade, obediência às regras, respeito mútuo, cooperação, senso de responsabilidade, iniciativa pessoal e grupal. É quando aprende a valorizar o sentimento de vitória ou derrota .Ainda segundo Froebel (1826) apud Rizzi e Haydt (1987), o papel do educador é fundamental no sentido de preparar a criança para a competição sadia, prevalecendo o respeito e a consideração pelo adversário.
Sobre o aprendizado de crianças menores (2 a 4 anos) permanecem até hoje princípios básicos da importância do brincar para a pré-escola. Dentre esta concepção, Froebel (1826) apud Rizzi e Haydt (1987) introduziu a atividade lúdica como forma de trabalhar o bom desempenho da aprendizagem infantil, que são: os brinquedos cantados, as histórias, o uso de material concreto.
E assim, verifica-se que, ao brincar, a criança constrói conhecimento. Com isso uma das atribuições mais importantes do jogo é a confiança que a criança tem. Confiante, ela pode chegar às suas próprias conclusões, criar seus próprios valores morais e culturais, visando sua autoestima, o autoconhecimento, a cooperação conduzindo à imaginação, à fantasia, à criatividade, à criticidade e a algumas vantagens que facilitam suas vidas, sejam quando crianças ou como adultos. 
Nessa perspectiva, o jogo auxilia a literatura ao contribuir com a ludicidade da aprendizagem, ou seja, a literatura deve ser utilizada na compreensão do universo infantil, ela não poderá ser concebida na rigidez , exprimindo a normatização da aprendizagem. Vista então revestida desse caráter lúdico, irá ao encontro dos seus princípios no que diz respeito ao imaginário infantil. 
2. A LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Entender a literatura chama bastante atenção da crianças segundo ALKIMIN: “A literatura se vale fundamentalmente da palavra escrita. Mas nem tudo que é escrito é sempre literatura! Para a arte literária importa a elaboração especial das palavras num texto”. Entender a literatura é entender o sentimento humano através das palavras no registro do cotidiano imaginário, criativo ou verídico que norteiam a própria o próprio viver. 
Literatura (de latim): 1 – Arte de compor ou escrever trabalhos artísticos em prosa ou em verso. 2 – O conjunto de trabalhos literários de um país ou de uma época. 3 – Os homens das letras. A literatura brasileira faz-se representar no Colóquio de Lisboa. 4 – A vida literária. 5 – A carreira das letras. 6 – Conjunto de conhecimentos relativos às obras ou aos autores literários: estudante de literatura brasileira: memorial de literatura portuguesa. 7 – Qualquer dos usos estéticos da linguagem: literatura oral. 8 – Irrealidade, ficção: sonhador, tudo quanto diz à literatura. 9 – Bibliografia. 10 – Conjunto de escritos de propaganda de um produto industrial. (FERREIRA, 1986).
Uma vez tendo se inteirado do conceito de literatura, torna-se compreensível e fácil questão da introdução da mesma no contexto educacional infantil, ou seja, valorizá-la como um leque de possibilidade no contexto educacional de seus pupilos. “As evoluções mostram que os alunos aprendem mais quando têm a oportunidade de conviver com os livros na escola. Ajudá-los a descobrir esse mundo é muito divertido e enriquecedor”. (PRADO, 2003, p. 55). 
Uma vez conhecendo o universo de desenvolvimento cognitivo das crianças, sua realidade de interação, assimilação e aprendizagem, torna-se mais fácil o uso criativo e objetivo da literatura em sala de aula e, consequentemente, possibilidade de realização de um trabalho interessante e prazeroso. E “tão importante quanto garantir o acesso à informação é ensinar o aluno a buscar, localizar, solucionar, confrontar, estabelecer regras e, com base em tudo isso, produzir o próprio discurso e criar textos” (PERROTI, 2003). 
A literatura configura-se na possibilidade de se conduzir as crianças a um mundo diversificado e, ao mesmo tempo interativo com a realidade na qual elas vivem, propiciando assim, a uma aprendizagem descontraída e até mesmo prazerosa, através da leitura.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a leitura é sempre um meio, nunca um fim. Por isso, na escola ela deve ter várias funções, pois é diferente ler para divertir, ler para escrever, ler para estudar, ler para descobrir algo que deve ser feito, etc. Os PCN recomendam que o acervo da biblioteca da escola seja variado, e que nos momentos de leitura livre o professor leia junto com a turma e que os alunos também possam, em alguns momentos, escolher as próprias leituras e levar os títulos para casa. (PERRETI, 2003).
O livro, nessa perspectiva, descortina um universo de possibilidades para a criança que descobre em suas páginas o encanto das palavras emolduradas por páginas, e nesse sentido é imprescindível resgatar a importância da literatura.
 2.4 A importância da literatura na Educação Infantil 
Para o educador que trabalha com a Educação Infantil é necessário conhecer o universo das atividades com as quais pode propiciar o desenvolvimento da capacidade de observação, entendimento e compreensão dos objetivos propostos no contexto curricular educacional. Portanto, o trabalho educacional com crianças requer a utilização e prática de atividades prazerosas, interessantes, e que lhes proporcione o conhecimento pretendido. É neste contexto que o trabalho literário junto a esta faixa-etária se faz valioso e, ainda, útil e importante. 
Há um tesouro na escola ao alcance de todos, que é capaz de operar pequenos milagres em quem se apossa dele. Ele aumenta à medida que transfere sua riqueza. Os conhecimentos para um número cada vez maior de professores e alunos. Por isso, é preciso descobri-lo, torná-lo parte da vida de todos, melhorá-lo constantemente. Os ganhos são invisíveis, um cruzamento de dados realizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, com base nos resultados de 300 mil estudantes no Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), revela um desempenho quase 20% superior nos colégios em que mais de 75% dos alunos manipulam e leem regularmente as obras dos estudos. (PRADO, 2003).
É importante observar que estudos comprovam a eficácia da leitura no contexto educacional, o que reforça a ideia de que adotar tal procedimento na sala de aula é de grande importância, quando o objetivodo educador é realizar um trabalho concreto, eficiente e atrativo junto aos seus educandos. “A educação tem por objetivo suscitar e desenvolver na criança estados físicos e morais que são requeridos pela sociedade política no seu conjunto”. DURKHEIM (1895).
Neste contexto, a leitura proporciona ao aluno um amadurecimento em relação à vida, aos fatos e diversas situações nas quais ele poderá estar inserido e deverá saber se posicionar, a fim de ser participativo, exercer a cidadania em prol de uma sociedade mais consciente e interagida com a realidade social. 
Não podemos dizer que seja uma tarefa fácil, formar um leitor. Portanto, resta-nos à leitura sua verdadeira importância, é saber aproveitar textos literários como forma de ensinar, e assim possibilitar o gosto pela leitura. Portanto, a literatura no contexto educacional infantil colabora para a realização de uma educação voltada para a formação integral, consequentemente, contribuindo na difícil tarefa de formar cidadãos aptos e críticos acerca do contexto no qual estão inseridos.
2.2 A Literatura nas práticas pedagógicas na Educação infantil
Cruz (2006) pontua que a literatura infantil é caracterizada como um conjunto de obras que agradam e emocionam as crianças possuindo como essência a presença do imaginário. Este universo vai desde os clássicos aos livros sem textos. E afirma que histórias infantis são aquelas capazes de sensibilizar as pessoas através de um universo mágico cheio de fantasia e sonho, mostrando valores e crenças de diferentes povos ao decorrer dos tempos.
Zilberman ressalta que:
A literatura infantil é uma modalidade de expressão que não conhece limites definidos. Ela pode englobar histórias veristas ou fantásticas, miscigenar gente e animais antropomorfizados, simbolizar ou simplificar situações humanas existenciais, misturando até todas estas possibilidades num único texto. ( ZILBERMAN, 1994, p. 70).
Segundo a mesma autora, os primeiros livros exclusivamente para crianças foram produzidos ao final do século XVII e durante o século XVII, pois antes dessa época não existia a “infância”, como assinalado anteriormente, por isso não se escrevia para as crianças. 
As primeiras obras de literatura infantil surgiram na França, mas sua difusão aconteceu na Inglaterra, pois contava com um mercado consumidor em expansão na Europa. 
Numa sociedade que cresce por meio da industrialização e se moderniza em decorrência dos novos recursos tecnológicos disponíveis, a literatura infantil assume, desde o começo, a condição de mercadoria. No século XVIII, aperfeiçoa-se a tipografia e expande-se a produção de livros, facultando a proliferação dos gêneros literários que, com ela, se adequam à situação recente. (LAJOLO e ZILBERMAN ET AL, 2007, p. 18) 
No século XIX, definem-se os tipos de livros que agradam mais aos pequenos leitores como os de histórias fantásticas, histórias de aventuras, ou ainda histórias que retratam a vida diária como motivadora de ação e de interesse. 
Ainda segundo Lajolo e zilberman et al (2007): 
Autores todos da segunda metade do século XIX, são eles que confirmam a literatura infantil como parcela significativa da produção literária da sociedade burguesa e capitalista. Dão-lhe consistência e um perfil definido, garantindo sua continuidade e atração. Por isso, quando se começa a editar livros para a infância no Brasil, a literatura para crianças, na Europa, apresenta-se como um acervo sólido que se multiplica pela reprodução de características comuns. Dentro desse panorama, mas respondendo as exigências locais, emerge a vertente brasileira do gênero, cuja história, particular e com elementos próprios, não desmente o roteiro geral. (LAJOLO e ZILBERMAN ET AL, 2007, p. 21)
 
Mas, a história da literatura brasileira para a infância começou tardiamente, nos arredores da proclamação da República, quando o país passava por inúmeras transformações, possibilitada pela crescente urbanização, a qual se deu entre o fim do século XIX e o começo do século XX, o que tornou propício o aparecimento da literatura infantil, pois forma-se aí uma população urbana que se constitui de diferentes públicos e consumidora de produtos industrializados, entre eles os livros para as crianças. 
CRUZ (2006) assinala que ainda no século XIX, a literatura infantil era vista como um gênero secundário, o adulto a considerava como um brinquedo ou forma de entretenimento, a sua valorização como formadora de consciência dentro da sociedade é bem recente. E ressalta que:
O caminho para a redescoberta da Literatura Infantil, no século XX, foi aberto pela Psicologia Experimental que, revelando a inteligência como um elemento estruturador do universo que cada indivíduo constrói dentro de si, chama a atenção para os diferentes estágios de seu desenvolvimento (da infância à adolescência) e sua importância fundamental para a evolução e formação da personalidade do futuro adulto. (CRUZ, 2006, p. 41)
Para Zilberman (1994), é importante preservar as relações entre a literatura e a escola, pois ambas possuem um aspecto em comum que é a natureza formativa, tanto a instituição de ensino quanto a obra estão voltadas para a formação do indivíduo ao qual se dirigem; ainda a esse respeito acrescenta que sua atuação sobre o recebedor é sempre muito dinâmica e ativa de modo que ele não permanece indiferente aos efeitos que ela causa.
Em ralação de como se procede a literatura enfatiza que:
Ela sintetiza, por meio dos recursos da ficção, uma realidade, que tem amplos pontos de contato com que o leitor vive cotidianamente. Assim, por mais exacerbada que seja a fantasia do escritor ou mais distanciadas e diferentes as circunstâncias de espaço e tempo dentro das quais uma obra é concebida, o sintoma de sua sobrevivência é o fato de que ela continua a se comunicar com o destinatário atual, porque ainda fala de seu mundo, com suas dificuldades e soluções, ajudando-o, pois, a conhecê-lo melhor. (ZILBERMAN, 1994, p. 22)
A literatura infantil constitui em si, a tarefa de formadora, com a missão pedagógica, voltada para a cultura, para o conhecimento do mundo e do ser; favorecendo os elementos para a emancipação pessoal da criança. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode se observa que nesse período de alfabetização a literatura e de grande importância ajuda no processo desenvolvimento da aprendizagem e ajuda no crescimento intelectual, incentivando a imaginação.
A Literatura Infantil só tem a acrescentar no processo de criatividade na Educação Infantil, pois, mesmo sem saberem ler, aprendem e nos ensinam valiosas lições e valores. Que vem muito acrescentar na formação de novos leitores, pois as histórias que lidas, plantão uma sementinha dentro de cada um sendo regada diariamente com novas e velhas histórias..
Ampliar essas considerações, está muito pequena
REFERÊNCIAS
ALKIMIM, Vera. O que é literatura - Livro de literatura para 1° e 2° graus.
BRASIL, Diretrizes e Bases para o Ensino de 1° e 2° graus. São Paulo: Nacional.
Constituição República Federativa Brasil. Leis n. 9394/96 e n. 9424/96. 
DEWEY, John. Experiência e Educação. São Paulo: Nacional. 1971.
DURKHEIM, Émile. Educação e Sociologia. 11ed. São Paulo: Melhoramentos. 1978.
ESCOLA, Nova - A revista do professor. Edições especiais. São Paulo: Editora Azul. 
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dinamismo da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1986.
FERRARI, Márcio. Nova escola. Revista. Editora Abril, 2005. Ano XX, n. 180.
HODGKIN, R.A. Novas Perspectivas em teoria da educação. São Paulo: Editora Cultrix. 1976. 
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KUHLTHAU, Carel. Como usar a biblioteca na escola: Um programa de atividades para o ensino fundamental. São Paulo: editora Antártica. 2003.
MACHADO, Irene A. Literatura e Redação. Os gêneros literários e a tradição oral. São Paulo: Editora Scipione. 1994. 
NOVAES FILHO, Wladimir. Constituição da Republica Federativa do Brasil. São Paulo: LTr, 1999.
PALANCANA, Jeildo Campaner.Desenvolvimento e aprendizagem em Piaget. São Paulo: Editora Plexus. 1998.
PIAGET, Jean. A construção da educação na criança. Rio de Janeiro: Zahar. 1975.
PRADO, Ricardo. Revista Escolar – Maio 2003 – Ano XVIII número 162. Editora Abril. 
REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
SCHMIDT, M. Junqueira. Educar para a responsabilidade. Rio de Janeiro: Agir, 1965.
TOMAZI, Welson Dácio. Sociologia e Educação. São Paulo: Editora Atual.
VIGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes. 1988.
_____________. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes. 1987. 
WADSWERTH, Barry J. Piaget para o professor da pré-escola e 1°grau. 3ed. São Paulo: Biblioteca Pioneira de Ciências Sociais. 1987.

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