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UNIVERSIDADE CATÓLICA HUMANISMO E CIDADANIA EMMANUEL FERNANDO / MANOELITO ÉTICA E JUSTIÇA INTRODUÇÃO A palavra ética, do grego ethos, tem como significado a maneira de ser, o comportamento e o caráter do indivíduo. Assim, este modo de ser é nato de todo ser humano que o adquire por meio da busca infindável da melhor maneira de viver no cotidiano e no meio das pessoas que o circundam. A ética irá encontrar os seus fundamentos no convívio harmônico com os seus semelhantes pelo pensamento humano. Por outro lado, a justiça, do latim iustitia, procede da igualdade a que todos são tratados no meio social, pois sob a óptica dos que possuem a faculdade de torná-la válida, todos se enquadram no contexto de cidadão, tornando o seu processo não excludente. Sendo assim, a correlação entre a ética e justiça é crucial para entender o propósito deste trabalho que dá um enfoque, a partir da leitura do livro ética é Justiça, a afirmação de que a ética comportamental é justa, pois o entendimento do desenvolvimento da justiça desde a formação das polis, demonstra que o bom modo de viver, que é o ideal ético, promove o princípio básico de acordo que mantém uma “ordem social” que se encontra intimamente ligado a preservação dos direitos de cada um, o que melhor definirá o princípio da justiça. DESENVOLVIMENTO A historiografia moderna nos mostra que fora na Antigüidade que o entendimento acerca do alcance da felicidade e a investigação sobre o seu conceito, eram entendidos como o comportamento ético. Assim, a menção que o livro encontra sobre esta época se restringe ao filósofo Aristóteles, afirmou através de sua obra Ética a Nicômaco, publicada naquela época, que a felicidade irá consistir no desenvolvimento de uma vida virtuosa, o que de fato excluem os prazeres, as honras e as riquezas de seu processo de contemplação e alcance ao longo da vida. Uma melhor compreensão de seu firmamento é que a vivência ética está intimamente ligada à conformidade de uma vida justa. Ela acaba por proceder de uma fusão que prioriza a ordem jurídica social, levando em conta o lado subjetivo que cada indivíduo possui. Desse modo, percebe-se que Aristóteles prima pela justiça no que diz respeito a melhor maneira possível para que o homem possa estabeleça uma relação de convívio harmônico, ou seja, equilibrado perante o seu semelhante. Pois a ética se consolida na existência desta relação de dois ou mais, pois, conforme o entendimento Aristotélico, o homem não pode ser ético para si mesmo. Logo, o seu entendimento reflete o que percebe na construção do Direito, ao afirmar, que o indivíduo morando em uma ilha sozinho e dono da sua própria razão e leis que vão de acordo com a sua subjetividade, agindo conforme seus princípios e suas vontades com o intuito de saciar o seu desejo, a vida em uma comunidade acarretaria o desaparecimento da civilização humana, uma vez que a lei do mais forte iria estar em prática, não haveria respeito aos limites, daí então surge o direito que nada mais é do que o estabelecimento da justiça, passível do tratamento de todos como iguais, sem que haja supremacia de nenhum cidadão em relação a outrem, implicando no http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica_a_Nic%C3%B4maco surgimento da lei, que o homem dotado de seu conhecimento é o melhor dos animais, pois transparece o seu lado ético. A tese assegurada no livro demonstra o equilíbrio que favorece a justiça, por meio da sua ordenação social, e a ética, pois leva em conta o ângulo subjetivo, composto pela individualidade e personalidade do homem em sua conjuntura. Portanto, cabe ao homem a decisão de seu desenvolvimento paralelo aos dos outros, por meio da maneira ótima de se comportar, ou a perdição por decisões equivocadas que deixa explícita a sua rejeição sobre o modo de ser cooperativo para a sustentação e desenvolvimento da sua raça. O homem com o passar dos tempos passa a ter diversos conflitos antagônicos, característica inerente ao ser humano, que põe em jogo a oposição entre a sensibilidade e a razão, a sabedoria prática e o desejo etc, tornam-se uma coletânea entre outras que caracterizará uma atitude ética ou não ética em relação as suas decisões, sendo dominadas e superadas quando combatidas por meio das virtudes morais. A Idade Média também teve a sua colaboração, por intermédio de S. Tomás de Aquino, é notável a moral cristã influenciada esta época, uma vez que a mesma detinha o controle da ideologia medieval, pois a igreja era considerada como a luz que mostraria o caminho a ser seguido e o comportamento padrão para o alcance da felicidade, tudo isto garantido pelo exercício prático das virtudes morais. A exemplo disto, S. Tomás de Aquino configura o preceito desta moral nos 10 mandamentos da lei de deus, nota-se que o seu uso o conceberá a sensação de bem-estar na vida, analogia feita com a felicidade, logo o domínio da terra consoante seus dogmas asseguraria o convívio, expressos nos dois primeiros mandamentos que ressalta a justiça em relação a deus, e por conseguinte a justiça em relação ao próximo, configura-se a justa medida, fazer ao próximo aquilo que gostarias que fizessem contigo e como fazes consigo. Por fim, a resultado desta fundamentação é de que o bom convívio e a ética sustentam o exercício do agir em prol da ordem social, da liberdade, do respeito e da coexistência favorável e satisfatória, dos indivíduos, e por conseqüência, a sua manutenção, através da reprodução que trará novas gerações ao desfruto do que se vive na sociedade. Em resumo, S. Tomás de Aquino em suas escrituras, como se pode ressaltar no livro, é a composição que traz as atitudes que demonstram a prática contínua do exercício da ética, sendo regido pela justiça, no cenário cristão, sendo eles o culto a Deus, criador de todas as coisas, cujo homem fora feito segunda à sua imagem e semelhança, expresso no primeiro mandamento: Amai a Deus sobre todas as coisas; o caráter não discriminatório entre os seres humanos, todos são iguais, expresso no segundo mandamento, amai- vos uns aos outros como eu vos tenho amado; e o respeito as coisas terrestre. Contrariando a ética das virtudes, faço menção Kant, cuja justificativa está entrelaçada com a ética das normas, resultando na obediência da lei para a efetiva prática do que se entende por ética, pois o direito de todo o cidadão põe limite a liberdade absoluta que possuímos em detrimento do respeito ao outro assegurado pelo respeito ao próximo e a ausência deste configurar-se-á em danos e sanções. Aplica-se, portanto, o livre-arbítrio coexistindo com a liberdade dos outros. Em suma, será este cumprimento que acarretará na sociedade bem ordenada. Compreende-se, então, que se começa a inferir a existência de limites ao exercício da liberdade, uma vez que deve ser sempre criticado pela justiça, e conseqüentemente pela ética, todo ato que o indivíduo pratica em sua ação descontroladamente sem senso crítico da realidade social, o qual está inserido, devendo ajustar-se e integrar-se de tal maneira que permita o desenvolvimento pessoal, em conjunto e da individualidade do outro. O que se exprime na compreensão do livro é o âmbito subjetivo da virtude moral do sujeito em concordância com o âmbito objetivo do princípio da ordem social. Na atualidade, a atuação desses agentes serão cercados por questões tecnológicas, científicas, industriais e econômicas, logo, nota-se a carência de uma estrutura justa daqueles que tem como princípios a virtude de justiça, uma vez que, o bem humano é colocado em segundo plano quando este passa a compor o quadro de profissionais dentro de uma Organização, cujo fins serão auferir lucros, corrompendo a ética. 1. A ética das virtudes. A leitura do livro, confirma a conduta do homem dentroda sociedade quando ao suas etapas que a princípio começa com o convívio familiar, posteriormente torna-se integrante de sua comunidade e, por conseqüência desta trajetória, torna-se um ser político, procedente das práticas de suas virtudes. Assim, o pensamento aristotélico, deixa a clareza da subordinação da ética à política, concedendo a virtude da justiça. O conceito do ético-político de Aristóteles se apóia em dois pilares. O primeiro deles seria o cidadão e a justiça, pois o homem por natureza é um ser político e sua efetivação só é proporcionada através do seu desenvolvimento social, pois a óptica política o caracteriza como cidadão que se constitui pela existência de mais de uma pessoa sobre um território, já que ninguém é virtuoso para si. O segundo pilar é o indivíduo e as virtudes morais e intelectuais, neste ponto entende-se que a alma exerce uma supremacia sobre o corpo, a primeira engloba a sabedoria da razão dos seres e a sabedoria prática, esta rege as virtudes morais disciplinando as tendências, os desejos e os apetites. O seu controle mostra a superação do homem sobre si que permite a auto-harmonia que acaba por desejar que a realização da boa prática pessoal seja propagada tanto verbalmente quanto de maneira comportamental, ou seja, por meio de atitudes. Em suma, o comportamento bondoso e justo, que se resume na virtude da justiça, é assim, praticado por meio de leis que punem as ações adversas, garantido a obediência dos demais tornando a justiça uma virtude moral. Mas deve-se ressaltar que de nada serve a lei sem cidadãos virtuosos. Por uma outra óptica o que se percebe é a coesão que se faz sobre a liberdade e a ética, no tocante pensamento de Kant, pois isto é visível até os dias atuais, uma vez que as leis reconhecem a liberdade do cidadão, mas o seu limite por meio do respeito ao outro, também assegurado legalmente. O entendimento sobre o termo liberdade é tido como Liberdade. [Do lat. Libertate] S.f. 1. “Faculdade de cada um decidir ou agir segundo sua própria determinação...”. Sendo assim o que se leva a compreender é que o ser humano pode agir conforme sua própria determinação, mas esta forma de agir não pode ser interpretada de forma literal, ou seja, ao extremo, sendo necessário efetuar uma interpretação sistemática do próprio conceito de liberdade conjugado com o conceito de ética e com as limitações impostas pela própria lei à faculdade de agir do ser humano. Logo, não entra em questão a sua liberdade absoluta. De acordo com o modo de pensar de Kant, intui-se o seu desligamento das idéias Aristotélicas e do modelo tomista, pois a liberdade é torna-se conseqüência da autonomia da vontade dos homens, que acaba por não abalar a moralidade daqueles que a usufruem, pois a utilizam de maneira livre e autolegislativa que dita o agir moral. A doutrina que assegura a ética das virtudes sofreu algumas degradações devido a outras doutrinas, pois há relatos de desse período contraditório, pois muitos acusam um insulto a Deus, pois praticava-se as virtudes sem o auxílio das idéias cristãs que colocavam a figura do Divino Deus como orientador de sua prática. Logo, o que Kant trouxe foi a idéia de que a melhor forma de governo não é aquela que garante o direito dos cidadãos, explicando melhor, o que o governo faz é abrir mão da liberdade de todos, para se alcançar a felicidade do cidadão, fazendo isto, ele se torna injusto. Na tocante Justiça como princípio e virtude, deve ser julgado, assim, que o princípio deve ser apoiado pela tradição ética atrelada às virtudes, enquanto que esta precisa de um ordenamento que possua caráter funcional externamente, com a finalidade de prover um equilíbrio entre forças contrárias. Dessa forma, a teoria da justiça deverá ter em suas finalidades o objetivo de visar à sua realização, logo, pelo meio da sustentação da ordem moral, pois o que se percebe é que cada ser humano busca o seu bem ao estabelecer metas e projetos pessoais e a sua luta para o seu alcance preza pelo respeito a si mesmo, este respeito acaba por se estender aos demais pela conscientização do respeito as objetivos dos outros ou até mesmo do objetivo coletivo e para isto se instaurou as instituições públicas para prover à sua população um cenário satisfatório para a sua prática e realização, logo o resultado que se obtém é uma estabilização populacional, pois a prática injusta deverá ser erradicada, conforme almejam todos. É perceptível, segundo uma visão mais acirrada do que se trata o livro, a sensibilidade de que o seu cultivo será ocasionado pelo reforço vital dos sentimentos causados na sociedade apoiado ao nas leis psicológica, em concordância com J. Rawls, que os laços afetivos serão revitalizados. Dessa maneira, formar-se-á a vontade da sensação do bem-estar individual seja estendido ao próximo, nascerá, portanto, a relação afetiva entre as pessoas e as instituições. Desse modo, cada indivíduo se aproveitará da personalidade e benefício que o outro poderá conceber, através das suas virtudes e qualidades. A natureza da sociedade prende-se até o que pode, de certa forma, ser controlada pelo homem, o que resulta em sua não transparência na maneira de agir, apenas de sentir, quando esta passa a atuar já está de acordo com o erguimento da sua personalidade, em função do recinto que a mesma deverá inserir-se de maneira formalizada pelo dito comum social, que vem a ser a ordem, que acarretará a justiça que servirá de orientação para o a ordem natural e assim seguindo as gerações.
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