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CRIMES CONTRA A VIDA - HOMICIDIO

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CRIMES CONTRA A VIDA - HOMICIDIO 
ART. 121 HOMICÍDIO 
Matar significa eliminar a vida; alguém é pessoa humana. Portanto, o homicídio é um 
dos tipos penais mais simples do sistema penal, com apenas dois elementos. Essa é a 
sua forma simples, que constitui o tipo básico (art. 121, caput, CP) “matar alguém”. 
Conceito de homicídio e aspectos históricos 
É a supressão da vida de um ser humano causada por outro. Constituindo a vida o bem 
mais precioso que o homem possui, trata-se de um dos mais graves crimes existentes 
nas legislações penais, refletindo-se tal circunstância na pena, que pode variar, no 
Brasil, em reclusão de 6 a 30 anos (mínimo da forma simples até o máximo da forma 
qualificada). 
Conceito de genocídio 
Cuida-se de crime contra a humanidade, considerado hediondo. O delito é descrito no 
art. 1.º da Lei 2.889/56. O principal fundamento da existência dessa figura típica 
consiste na intenção do agente, que é eliminar, mesmo parcialmente, um grupo 
nacional, étnico, racial ou religioso. 
Homicídio e vida extrauterina 
Enquanto está em fase intrauterina, trata-se de aborto matar o ser humano em 
gestação. Tutela-se a vida extrauterina iniciada com o parto. 
**Homicídio simples e caráter hediondo: 
O homicídio simples em regra não é crime hediondo, mas será hediondo quando 
praticada em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que por um só agente (lei 
8.072/80). 
 
COMENTARIOS AO TIPO PENAL (art. 121 CP). 
Objetividade jurídica: tutela-se a vida extrauterina, iniciada com o parto. 
Sujeito ativo: qualquer Pessoa 
Sujeito passivo: qualquer pessoa 
Obs: quando a vítima for Presidente da república, da Câmara dos Deputados ou do 
Senado Federal e o crime for praticado por motivação e objetivos políticos, o crime 
será o tipificado no art. 29 da Lei de segurança Nacional. 
 
Tipo subjetivo: DOLO (art. 121, caput, parágrafos 1º e 2º. 
CULPA: parágrafo 3º. 
Consumação: com a morte. 
 
1. HOMICÍDIO SIMPLES 
Art. 121 – matar alguém: 
Pena - Reclusão, de seis a vinte anos. 
2. HOMICÍDIO PRIVILEGIADO (ART. 121, § 1.º) 
Utiliza-se a pena do homicídio simples, com uma redução de 1/6 a 1/3. Trata-se, pois, 
de uma causa de diminuição de pena. 
2.1 Hipóteses para que ocorra o homicídio privilegiado: 
Motivo de relevante valor social; 
Motivo de relevante valor moral; 
Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. 
**Diferença entre a causa de diminuição da pena (art. 121, §1º) e a atenuante (art. 65, 
Inc.III, “c”). 
Na causa de diminuição, o agente atua impelido por motivo de relevante valor social 
ou moral, movido, pelo domínio da violenta emoção. 
Na atenuante de pena (ART. 65, III, “c”), basta que o autor cometa o delito por motivo 
de relevante valor social ou moral, sob a influência de violenta emoção mas não algo 
que o domina. 
**na hipótese de concurso de pessoas, as minorantes (subjetivas) são incomunicáveis 
(art. 30 CP). 
** homicídio privilegiado é crime hediondo? 
Não. A lei 8.072/90 previu somente o homicídio simples e o qualificado (art. 1ª, I,) 
 3. HOMICÍDIO QUALIFICADO (ART. 121, § 2.º). 
Pena de 12 a 30 anos; 
Prevê sete qualificadoras de ordem objetivas e subjetivas. 
Subjetivas (incisos: I, II, V, VI e VII) 
Objetivas (incisos: III, IV e VII) 
*inciso VII: subjetiva (“em decorrência da função, ou contra seu cônjuge, companheiro 
ou parente consanguíneo até o 3º grau”) e objetiva (“no exercício da função”). 
**Homicídio privilegiado-qualificado existe? 
SIM, desde que compatível as qualificadoras objetivas com as circunstâncias legais do 
privilégio, que são de ordem subjetiva. 
**Homicídio privilegiado-qualificado é crime hediondo? 
Não, pois o privilégio que é sempre subjetivo, sempre prepondera sobre as 
qualificadoras objetivas (STF). 
3.1. Qualificadoras: 
I - Mediante paga ou promessa de recompensa, ou outro motivo torpe; 
II - Por motivo fútil 
III - Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia tortura ou outro meio insidioso 
ou cruel, ou de que possa resultar em perigo comum; 
IV - À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte 
ou torne impossível a defesa do ofendido 
V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro 
crime; 
VI – feminicídio; 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, 
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício 
da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, ou companheiro ou parente 
consanguíneo até 3º grau, em razão dessa condição. 
4. HOMICÍDIO CULPOSO (ART. 121, § 3.º) 
Trata-se da figura típica do caput (“matar alguém”), embora com outro elemento 
subjetivo: culpa. É um tipo aberto, pois depende da interpretação do juiz para ser 
aplicado. 
**Homicídio culposo no trânsito (pena de 2 a 4 anos e suspensão ou proibição de 
dirigir). 
Não mais se aplica o tipo penal do § 3.º do art. 121 ao homicídio cometido na direção 
de veículo automotor, o Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97), no art. 302, 
estipulou um tipo incriminador específico. 
5. CAUSA DE AUMENTO DE PENA PREVISTA NO § 4.º DO ART. 121. 
• § 4º, 1ª parte anuncia quatro causas de aumento de pena para o crime culposo; 
• Na 2ª parte, aplica-se para crimes dolosos (simples, privilegiado ou qualificado). 
6. PERDÃO JUDICIAL § 5º - para o homicídio culposo. É causa extintiva da 
punibilidade (art. 107, IX, CP). 
7. MAJORANTE DE PENA § 6º 
Acrescentado pela lei 12.720/2012, o presente parágrafo, que majora a pena do 
crime de homicídio quando praticado por milícia privada, sob o pretexto de 
prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
Obs: a lei 8.072/90 não foi alterada, não abrangendo no rol de crimes hediondos o 
homicídio simples praticado por milícia privada. 
**Qual o número mínimo de pessoas devem integrar o grupo de extermínio ou 
milícia privada? Deve ser o numero mínimo exigido para integrar organização 
criminosa, ou seja, 4 pessoas. Organizações criminosas, lei 12.850/13. 
8. MAJORANTE DE PENA § 7º 
Majorante que eleva de um terço até a metade a pena do crime de FEMINICIDIO. 
✓ Durante a gestação ou nos três primeiros meses posteriores ao parto. 
Obs: o agente responderá em concurso formal de crimes de homicídio 
majorado e pelo aborto. 
✓ Contra pessoa menor de catorze anos, maior de sessenta anos, com 
deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição 
de limitação ou de vulnerabilidade física ou mental 
✓ Em descumprimento de medidas protetivas de urgência previstas nos 
incisos I, II e III do art. 22 da Lei Maria da Penha. 
ATENÇÃO! Com a entrada em vigor da lei 13.641/18, o descumprimento de medidas 
protetivas é crime punido com detenção de três meses a dois anos , mas, se ocorrer no 
mesmo contexto da prática do homicídio, incide apenas a causa de aumento, 
afastando o crime autônomo diante do bis in idem.

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