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Profa. Ma. Ivy Ramirez UNIDADE II Estudos Disciplinares Globalização: Exclusão ou Inclusão Perversa? A cidade resulta de um determinado modo de produção. A cidade do mundo capitalista apresenta uma divisão de trabalho que difere do espaço rural. A cidade antiga greco-romana apresentava um modo de produção comercial baseado em trocas. O modo de produção que definimos como agrário, do período feudal, deu origem à cidade medieval onde surge a burguesia com as atividades comerciais; com o acúmulo de capital surge a manufatura, a qual permite a industrialização e o desenvolvimento do modelo capitalista. No filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, a figura de Carlitos e a sua experiência como trabalhador de uma fábrica representam esses momentos de transição urbana, do modo de produção e da força de trabalho, além das relações sociais. Evolução histórica da cidade Com o advento da manufatura, a unidade fabril, evidenciam-se as bases não só para o desenvolvimento do capitalismo, como, também, para a expansão da urbe (cidade). O processo industrial promove a migração do campo à cidade com uma forte concentração populacional junto às áreas produtivas, originando a cidade industrial, com os formatos diferenciados, mas sempre associadas ao setor industrial e a suas proximidades. Como exemplos das cidades inglesas e alemãs, e o seu entorno, configurando aspectos tais como: fuligem da poluição, bairros operários, população vivendo e trabalhando em condições sub-humanas, evidenciando a concentração da produção e do capital. No decorrer dos processos urbanos, no entanto, foram verificados avanços tecnológicos, mecanização, automação, medidas trabalhistas, preocupações ambientais e, com elas, as alterações nas relações de produção. Questiona-se, no entanto, a substituição da mão de obra humana pela máquina e o problema do desemprego. A urbanização Podemos dizer que é relativamente recente, dando origem às denominadas “cidades milionárias” (expressão usada pelo geógrafo Milton Santos) para expressar àquelas que têm mais de 1 milhão de habitantes, como, por exemplo: Campinas (SP). Mas, aqui, apresenta-se a questão urbana, a qual envolve o processo de urbanização do território que se refere à(s), (ao): *Acessibilidade; *Limpeza pública; *Pavimentação; *Condições ambientais; *Saneamento; *Limpeza pública; *Transporte coletivo; *Prevenções (enchentes). O processo de urbanização e os seus problemas Historicamente, a construção de um Brasil urbano deixou como herança problemas de várias ordens: políticos, sociais, espaciais e ambientais, de grande gravidade. Em termos habitacionais, as carências que geraram as habitações subnormais (favelas, ocupações irregulares, loteamentos clandestinos e invasões, e os decorrentes conflitos entre o Poder Público, os proprietários de áreas invadidas e as intervenções da força policial. A questão da moradia é um dos eixos temáticos mais debatidos e não resolvidos. O Terceiro Setor, representado por OSCs (Organizações da Sociedade Civil), é representado por entidades não governamentais que atuam no sentido de atender aos direitos humanos, às ações humanitárias, às campanhas contra a fome, ao atendimento a crises de saúde pública, entre outras. A construção de um Brasil urbano Uma das características do processo de urbanização são os movimentos migratórios de áreas rurais para as urbanas (êxodo rural), ou de cidades pequenas para as médias, as grandes ou às metrópoles. Ao chegarem ao novo espaço, nem sempre as pessoas apresentam condições satisfatórias para o desempenho de trabalhos urbanos e nem as financeiras para se estabelecerem, acentuando as desigualdades e os problemas sociais, ampliando as contradições urbanas. O espaço urbano reproduz-se, reproduzindo a segregação espacial e social. (ARAÚJO, 2001); (CARLOS, 2017). A letra da música Sampa, de Caetano Veloso, reflete esse drama: Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cruza a Ipiranga com a avenida São João É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi Da dura poesia concreta de tuas esquinas (...) Os moradores novos na cidade E segue: Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas Da força da grana que ergue e destrói coisas belas Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas (Sampa, Caetano Veloso) Retrata o desencantamento da vida frente à nova realidade. A música foi escrita para um programa de rádio, considerada quase um hino para São Paulo, e completou 40 anos, em 2018. Foi composta em 1978, para o aniversário de São Paulo. Fonte: g1.globo.com. Acesso em: 04 nov. 2020. Os moradores novos na cidade O IBGE divulga as estimativas de população estaduais e municipais, desde 1975. A partir de 1992, passou a publicá-las no Diário Oficial da União, em cumprimento ao Art. 102 da Lei n. 8.443, de 16.07.1992, para os fins previstos no Inciso VI, do Art. 1º da referida lei. Em 2013, foi publicada a Lei Complementar n. 143, de 17.07.2013, estabelecendo que a entidade competente do poder executivo federal fará publicar, no Diário Oficial da União, até o dia 31 de agosto de cada ano, a relação das populações dos Municípios, e, até 31 de dezembro, a relação das populações dos Estados e do Distrito Federal. As populações municipais, cabe destacar, são o insumo mais importante utilizado pelo Tribunal de Contas da União - TCU para a distribuição do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal - FPE e do Fundo de Participação dos Municípios - FPM. Os dados obtidos são muito importantes para os planejamentos em distintos setores públicos, como: educação, saúde, saneamento etc. Fonte: www.gov.br. Acesso em: 04 nov. 2020. Os dados estatísticos sobre a temática As estimativas de população, publicadas anualmente, são calculadas aplicando-se o método matemático desenvolvido, em 1972, por João Lira Madeira e Celso Cardoso da Silva Simões, denominado AiBi. Esse método utiliza como insumos básicos as populações obtidas das Projeções da População para o Brasil e as Unidades da Federação mais recentes, bem como o crescimento populacional de cada município na última década, delineado pelas respectivas populações recenseadas nos dois últimos Censos Demográficos realizados. Essas populações recenseadas, que servem de base para o cálculo da tendência de crescimento populacional dos municípios, podem ser ajustadas em consonância com os ajustes da população os nas Projeções da População para o Brasil e as Unidades da Federação. Segundo o Censo 2010, o IBGE divulgou que o Brasil tinha uma população absoluta de 190.732.694 habitantes, sendo: 84% urbana (160.879.708); 16% rural (29.852.986). (Dados de 2018). Os dados estatísticos Além dos insumos básicos citados, as estimativas municipais de população incorporam, a cada ano, as atualizações da divisão político-administrativa do país que refletem, por sua vez, as alterações dos limites territoriais dos municípios ocorridas após o último Censo Demográfico. *Uma vez que a soma das populações dos municípios resulta no total da população da respectiva Unidade da Federação, eventuais diferenças entre a população total de uma Unidade da Federação, obtida das Estimativas da População, e aquela obtida das Projeções da População são resultantes da atualização da divisão político-administrativa, ocorrida após o ano-base de início das projeções (e, portanto, não considerada nas Projeções da População das Unidades da Federação). Observação importante: As Projeções da População para o Brasil e as Unidades da Federação são prospectivas, estimadas por métodos demográficos e estimadas até 2060. Dados estatísticos O modelo adotado das cidades brasileiras similar ao português, teve o seu início com os projetos do marquês de Pombal, no século XVIII, estabelecendo um ordenamento com os padrões urbanísticos mais sofisticados. Comafirmam Rodrigo da Silva (Coord.), Carlos Eduardo França de Oliveira e Joacir Navarro Borges (2011, p. 56-58): “[...] nesta nova concepção de estrutura urbana, os edifícios, as ruas que os articulavam entre si perdem a sua proeminência como balizas do arranjo citadino, ao passo que a praça – quadrada ou retangular – torna-se um recurso urbanístico primordial. Concebida conforme uma estrutura geométrica regular, a praça ganha relevo e converte-se num elemento fundamental de qualquer novo traçado urbano.” OBS.: o marquês de Pombal teve a sua administração entre 1755-1777; para ele era necessário modernizar o aparelho estatal e administrativo para o Império português. Histórico explicativo Viver na cidade pela lógica atual, pensando em transporte e baseando-nos em máquinas, o espaço no mundo transformou-se, incorporando a velocidade e a aceleração em uma inclusão no tempo como uma variável do espaço. Pensando assim, viver na cidade significa, cada vez mais, viver: a) Na aceleração. b) Na tranquilidade. c) Na comodidade. d) No conforto. e) No isolamento. Interatividade Viver na cidade pela lógica atual, pensando em transporte e baseando-nos em máquinas, o espaço no mundo transformou-se, incorporando a velocidade e a aceleração em uma inclusão no tempo como uma variável do espaço. Pensando assim, viver na cidade significa, cada vez mais, viver: a) Na aceleração. b) Na tranquilidade. c) Na comodidade. d) No conforto. e) No isolamento. As medidas de distância se convertem em medida de tempo que levamos para os deslocamentos, sempre pensando na rapidez. Resposta Nos estudos da Geografia urbana, alguns conceitos são importantes. O processo vinculado às transformações sociais que provocam a mobilização das pessoas, geralmente, de espaços rurais para os centros urbanos, geralmente, é motivada pela busca de estratégias de sobrevivência, visando a inserção no mercado de trabalho, bem como a vida social e cultural do centro urbano. Referimo-nos à urbanização. O cancioneiro popular apresenta várias composições cujas letras aludem a esse processo, assim como os trabalhos de conclusão de cursos, as dissertações e as teses. Também podemos mencionar obras literárias como Vidas Secas, de Graciliano Ramos, Os Sertões, de Euclides da Cunha, Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Aqui, exemplificamos com um trabalho muito bem elaborado do aluno José Rosa da Silva (UF de Uberlândia-MG) que foi apresentado, em 2004, sob o título: “Vozes da Seca: uma reflexão sobre a migração nordestina”. Evolução histórica das cidades e os conceitos O trabalho baseou-se em três letras de músicas de Luiz Gonzaga: “A triste partida” (1965), “Asa Branca” (1947) e “Vozes da seca” (1953), levantando algumas questões sobre o movimento migratório entre as décadas de 1950/1970, procurando, através das letras musicais, compreender a experiência de migrantes do nordeste para a cidade do Triângulo Mineiro-Uberlândia, onde foram realizadas entrevistas e pesquisas documentais. O movimento migratório e o êxodo rural são estudados como reflexos da falta de condições satisfatórias de vida, problemas ambientais, mercado de trabalho restrito, e a ausência de firmes políticas de melhorias sociais e ambientais, no caso, a seca e a escassez hídrica. O trabalho sobre a temática e os fatores abordados REDE URBANA: conjunto integrado e articulado de áreas urbanas em um determinado espaço. Essas áreas se articulam continuamente (embora, muitas vezes, desorganizadas). Uma definição mais ampla refere-se a um complexo sistema circulatório entre os núcleos e as funções diferentes, mantendo relações entre si e dependentes de um centro principal. O poema Favelas (1979) de Carlos Drummond de Andrade, exemplifica o crescimento urbano desordenado. E as condições de vida decorrentes: Urbaniza-se? Remove-se? Extingue-se a pau e a fogo? Que fazer com tanta gente brotando do chão, formigas de formigueiro infinito? Ensinar-lhes paciência, conformidade, renúncia? Os conceitos importantes nos estudos urbanos HIERARQUIA URBANA: característica marcante na estrutura dos sistemas de cidades, variando de acordo com o seu tamanho, com a extensão da área de influência espacial e a qualidade funcional no que se refere ao fluxo de bens, de pessoas e de capital, além de serviços envolvidos. Podemos citar como exemplos: Metrópole global = São Paulo; Metrópole nacional = por regiões: Sudeste (Vitória, Belo Horizonte); Sul (Curitiba, Porto Alegre); Norte (Belém); Nordeste (Salvador, Recife, Fortaleza); Centro-Oeste (Brasília); Metrópoles regionais = Goiânia, São Luís, Florianópolis; Capitais regionais = Santos, Sorocaba. Coisas do território As aglomerações urbanas mantêm, entre si, laços interdependentes, além de outras áreas que atraem em um processo denominado como polarização. A conurbação de duas ou mais cidades pode formar as Regiões Metropolitanas, como: Grande São Paulo (39 municípios); Grande Recife (14); Grande RJ (17); Grande Salvador (12). Grande Curitiba (22); Grande Belo Horizonte (19); Grande Porto Alegre (23); Brasília constitui a RIDE (Região Integrada do Desenvolvimento do Entorno). Brasília nasceu da iniciativa de Juscelino Kubitschek, com a ideia de interiorização. Ainda as definições A metrópole é uma cidade central em determinada região geográfica, densamente urbanizada, com posição de destaque na economia, na política, na vida cultural, entre outras funções. Georg Simmel (1858/1918), em sua obra, menciona que a metrópole apresenta uma especificidade em termos de estilo de vida, influenciando, inclusive, na vida mental. (SIMMEL, 1987). O caso da metrópole [...] A metrópole extrai do homem, enquanto criatura que procede as discriminações, uma quantidade de consciência diferente do que a vida rural extrai [...] a vida psíquica, na cidade, passa a ser compreendida com relacionamentos menos emocionais e menos profundos, atitudes blasé - com incapacidade de reagir, atitude de reserva, com aversão, estranheza, repulsão, dificuldade de contato com o próximo. (Fonte: Adaptado de: SIMMEL, 1987, p. 1-25). Estamos diante da Geografia Cultural, onde alguns quesitos podem ser discutidos: status, prestígio, posição social, apropriação de bens, lugar de moradia. A identidade urbana não é homogênea: o indivíduo pode ser incluído ou excluído. Georg Simmel e a metrópole Para o autor Muniz Sodré (2014, p. 122), a mídia é a concretização tecnológica de uma moralidade vetorizada pelo mercado [...] uma nova forma de consciência coletiva. Mediante a colocação podemos afirmar que o acesso ou não aos meios midiáticos expressa a, (o): a) Inclusão. b) Exclusão. c) Igualdade. d) Poder de grupo político. e) Legitimidade. Interatividade Para o autor Muniz Sodré (2014, p. 122), a mídia é a concretização tecnológica de uma moralidade vetorizada pelo mercado [...] uma nova forma de consciência coletiva. Mediante a colocação podemos afirmar que o acesso ou não aos meios midiáticos expressa a, (o): a) Inclusão. b) Exclusão. c) Igualdade. d) Poder de grupo político. e) Legitimidade. Resposta Nas obras literárias, encontramos várias representações e selecionamos três contos de Machado de Assis, a saber: “O espelho”: expressa a questão do parecer ser, mascara a vida íntima e expõe outra imagem; “Teoria do medalhão”: trabalha com a ideia de aniquilação da personalidade em favor de uma imagem que projeta a posição social privilegiada; “Um homem célebre”: representado por Pestana, um homem famoso e rico, em um ambiente urbano do Rio de Janeiro, por volta de 1875. Entre outras obras: como O Cortiço, de Aluísio Azevedo, com personagens situados à margem do urbano tradicional. Quem são as personagens urbanas? Podemos dizer dessa forma, mediante o processourbanístico na Era da Globalização, que ocorre uma redução do espaço geográfico e uma aceleração do tempo, por meio do desenvolvimento dos meios de transportes e de comunicação. Alguns autores como Renato Ortiz, afirmam que há um processo de desterritorialização dos elementos culturais, a perda da definição de um espaço geográfico específico, em uma cultura globalizada. A historiadora Emília Viotti da Costa apresentou: “[...] As experiências de vida nas cidades eram muito diversas das zonas rurais e a geração que se urbanizava abandonava insensivelmente muitos dos valores tradicionais”. Fonte: (História do Brasil op. cit. p. 129) Conclusão As formas de interação social, e dependência econômica e tecnológica que, hoje, são observadas nas relações internacionais, em termos históricos, já eram observadas desde o período colonial, decorrentes das relações entre a metrópole e a Colônia. Relações complexas de trocas de produtos, e de capital quantitativo e qualitativo. Os períodos econômicos: da exploração do pau-brasil, da cana-de-açúcar, da mineração, já denotavam as relações centro-periferia em âmbito internacional. Também havia a exploração da mão de obra: inicialmente, a indígena, seguida pela escravidão das pessoas vindas da África e, mais tarde, com o “fim” da escravidão de africanos, já no período do café, a mão de obra “importada” passa a ser a do imigrante. Globalização social Sistema diversificado e desequilibrado, com o fim do colonialismo, configurou-se a extensão internacional da dependência, o que ocorre no Brasil e em países do Sul. Fala-se, hoje, em colonialidade, um seguimento da dependência em termos internacionais. A especialização de produtos primários (commodities) denota esse grau de dependência, no caso do Brasil, o comércio da soja, do algodão, da carne e de recursos minerais, como o minério de ferro e o manganês. As ações econômicas que se estabelecem ficam desfavoráveis para os países do Sul. Os parceiros econômicos, por sua vez, mantêm os sistemas de proteção de suas economias como as tarifas comerciais e as medidas fitossanitárias que dificultam as transações. São situações que configuram o lado perverso da globalização no sentido internacional – uma situação de exclusão. Relações centro-periferia “Nos países desenvolvidos (ou do Norte) concentra-se a poluição da riqueza: usinas nucleares, chuva ácida, doenças provocadas pelo excesso de alimentos […] Nos subdesenvolvidos (do Sul) concentra-se a poluição da miséria: subnutrição, ausência de água potável, de rede de esgotos, medicamentos […]”. (GIASANTI, 2011). De acordo com o Relatório Global sobre os assentamentos humanos, no início dos anos 2000, sobre as cidades e as mudanças climáticas, as cidades seriam responsáveis por, até, 70% da emissão dos gases de efeito estufa, sendo os transportes, os emissores de 23%. Demonstrações da exclusão internacional A diplomacia mundial e a universalização das relações entre os países estariam dispostas após a Segunda Guerra Mundial, com a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948, como vemos a seguir: A política internacional do pós-guerra apresentou as características que a distinguiram de outros períodos: universalidade das relações entre os EUA, e a configuração da bipolaridade entre ele e a ex-URSS. Os impérios coloniais foram desagregados, e ocorreu a descolonização na África e na Ásia, finalizada nos anos de 1960, porém, outras formas de dominação surgiram, além das disputas das superpotências; A Guerra Fria passa a configurar. A bipolaridade foi planetária e, por outro lado, ocorreu o enfraquecimento geopolítico das antigas potências colonialistas. Um pouco do histórico das relações internacionais “Comandando direta ou indiretamente dezenas de Estados abrigados em suas áreas de influência, as superpotências encetam uma disputa pela hegemonia mundial que tem repercussões nos planos político, econômico e propagandístico [...] A diplomacia contemporânea se desenvolve em circunstâncias sem precedentes. Raras vezes existiu base menor de entendimento entre as grandes potências, mas, tampouco, jamais foi tão coibido o uso da força.” (MAGNOLI, 2002). O desenrolar da bipolaridade O golpe fracassado do monolítico Partido Comunista, em agosto de 1991, levou ao seu banimento. As Repúblicas Bálticas Estônia, Letônia e Lituânia se tornaram países independentes, os conflitos internos se agravaram e a desmontagem da URSS ocorreu. Uma série de fatores contribuíram para o final da Guerra Fria, entre outros, a desmontagem da URSS, com as contribuições de Mikhail Gorbatchev e a sua proposta de mudanças com a perestroika e a glasnost, porém o socialismo soviético havia fracassado em suas propostas e, em 1991, ocorre o desmembramento do país e as então 15 repúblicas que o compunham se transformam em países: Estônia, Letônia, Lituânia, Rússia, Ucrânia, Cazaquistão, Uzbequistão, Tadjiquistão, Quirguízia, Azerbaijão, Turcomenistão, Bielorrússia, Moldávia, Geórgia e Armênia. Fatores que contribuíram para isso: Transformações desde 1987: Gorbatchev; Maior autonomia das empresas, antes, estatais; Abertura de lojas privadas, com empregos familiares; Abertura de filiais de empresas capitalistas: McDonald’s; Introdução no mercado de novos produtos de consumo (pizza); Reforma no sistema de preços; Salários reajustados pela produtividade. O desmontar do passado Com o fim da URSS e da bipolaridade (confronto EUA x URSS), ocorre a montagem de uma Nova Ordem Mundial, agora Multipolar (ou da Globalização). O mundo não seria mais dividido em Primeiro, Segundo e Terceiro, nem mais economias capitalistas e socialistas; começam a ocorrer fusões econômicas entre os países e o surgimento de blocos econômicos (Nafta, UE, Apec, Mercosul). Um dos fatores responsáveis para essa nova proposta decorreu da busca por maior competitividade na economia globalizada com: Ampliação de mercados; Barateamento dos custos de produção; Transnacionalização das empresas na busca por otimização de seus processos produtivos e circulação; Maiores fluxos de capitais; Busca de regiões que oferecessem vantagens fiscais. Mudanças no mundo dos negócios internacionais A própria evolução do modo de produção capitalista, teve implícita a ideia de exploração do homem e da natureza. A fim de que o modelo pudesse ser efetivado eram necessários recursos naturais: matérias-primas minerais, vegetais e agropecuárias, que permitissem a produção econômica e a reprodução do capital e do lucro. A maneira como isso foi realizado, ou seja, indiscriminada e predatória implicou em uma grande contradição entre a concepção capitalista de lucro, desenvolvimento econômico e a não preservação dos recursos naturais. O paradoxo capitalista reside no fato de que a utilização dos recursos e a sua preservação é necessária para a sua própria sobrevivência. “Preservar para não morrer”. Relação entre o lucro e a natureza A conservação dos ecossistemas naturais tem, por finalidade, a sua manutenção para a exploração contínua e a apropriação dos recursos aí contidos, para o uso econômico. A preservação de ecossistemas naturais representa a sua manutenção de condições que garantam a sua biodiversidade, excluindo-se a apropriação para fins econômicos, que são áreas integrais para atenderem às finalidades de interesses científicos. Por sua vez, quando falamos em pegada ecológica, nos referimos ao conceito que reflete a relação entre o número de habitantes e o seu consumo, a demanda de recursos para alimentá- los. Isto é, o conceito expressa a relação entre as pessoas, a produção, a disponibilidade de terras, de recursos e serviços. Um exemplo se refere à fecundidade: Fecundidade Baixa = 1,6 filhos por mulher (6 bilhões hab.) = 1,2 Terra; Fecundidade Média = 2,1 filhos (10 bilhões) = 2 Terras; FecundidadeAlta = 2,5 filhos (16 bilhões) = 3,2 Terras. A conservação e a ideia de pegada ecológica Algumas sugestões de sites para buscar imagens: http://pixabay.com; https://commons.wikimedia.org/wiki/main_page; http://openphoto.net; http://www.burningwell.org; http://www.cepolina.com/po; http://www.imageafter.com; http://imagebase.davidniblack.com/main.php; http://www.kavewall.com/stock/index.html; https://pixnio.com. O Brasil tem, hoje, em média, de acordo com o Censo, 2 filhos por casal; com isso, podemos dizer que a nossa pegada ecológica pode ser considerada: a) Perigosa, com o risco de ampliar o problema da fome. b) Confortável, podendo ampliar e, até, duplicar o número de filhos. c) Razoável, haja vista a nossa grande disponibilidade territorial, desde que ocorra melhor distribuição de terras. d) Indefinida, por esse número esgotar o território. e) Não podemos dimensionar, uma vez que a tendência é aumentar o número de filhos. Interatividade O Brasil tem, hoje, em média, de acordo com o Censo, 2 filhos por casal; com isso, podemos dizer que a nossa pegada ecológica pode ser considerada: a) Perigosa, com o risco de ampliar o problema da fome. b) Confortável, podendo ampliar e, até, duplicar o número de filhos. c) Razoável, haja vista a nossa grande disponibilidade territorial, desde que ocorra melhor distribuição de terras. d) Indefinida, por esse número esgotar o território. e) Não podemos dimensionar, uma vez que a tendência é aumentar o número de filhos. Resposta A Nova Ordem Mundial impôs novos termos, novas expressões para designar o modelo neoliberal capitalista. Termo criado pelos EUA, que significa, ao “pé da letra”, a internacionalização das relações econômicas, sociais e políticas. A visão de alguns autores sobre ela é polêmica. Há quem a entenda como um processo de adequação das dinâmicas nacionais a uma dinâmica preponderante no âmbito internacional, sem traumas. Outras definições a apontam como a sofisticação máxima do sistema capitalista, mas é violenta e traumática, gerando problemas de ordem social e desemprego, interferindo nas culturas nacionais e abalando a soberania das nações. Referimo-nos à: Globalização. A Nova Ordem Mundial e as suas características organizacionais Esta doutrina ganhou espaço com o fim do Bloco Socialista. Tem como objetivo a manutenção do livre jogo das forças econômicas e a iniciativa dos indivíduos. Prega a privatização e a menor intervenção possível do Estado como o gestor da economia. Na atual conjuntura econômica as empresas passam a configurar juntas ou isoladas, criando as corporações que não têm capitais de um país exclusivo. As descrições realizadas se referem ao, (às): Neoliberalismo e transnacionais. A Nova Ordem Mundial e as suas características organizacionais Terceirização = processo para transferir um certo tipo de trabalho de um setor produtivo para outras instituições que se tornam (parceiras) terceiras. Ex.: na indústria automobilística, cada unidade de produção vai se dedicar a determinadas peças. Trata-se de uma estratégia para reduzir os custos no setor produtivo. Terciarização = atividades que se encontram no setor de serviços (sofre um processo de inchaço por receber trabalhadores de outros setores). Temos, ainda, o Terceiro Setor, que corresponde ao social. Organizações não governamentais (ONGs, OCNIs). Primeiro Setor = sociedade civil. Segundo Setor = governo. Alguns termos utilizados na ordem econômica e social Alguns pontos são indicados como positivos: As exportações conduziram ao enriquecimento de países da Ásia (China, Coreia do Sul, Índia); A expectativa de vida mundial aumentou (mesmo com as diferenças); Reduziu a sensação de isolamento de alguns países; A ajuda externa também aumentou, embora persistam graves problemas sociais; A adoção de medidas neoliberais em países do Sul e as discussões acerca de suas problemáticas, ficaram conhecidas como Consenso de Washington ou pensamento único. As medidas são de ordem financeira: Rapidez na política monetária; Controle de deficit público; Abertura da economia e o fim de protecionismos; Adoção de ajustes e reformas estruturais e planos econômicos que visem estabilizar as economias. A contrapartida da globalização São países considerados dinâmicos, denotando o seu desempenho e crescimento econômico: Coreia do Sul, Taiwan, Singapura e Hong Kong (protetorado chinês após o término do domínio britânico). O padrão de desempenho econômico adotado nos remete ao japonês: Exploração de mão de obra relativamente barata; Estados centralizados e rígidos; Economias voltadas ao mercado externo; Posição geopolítica estratégica; Concentração capitalista, elite burocrática. Ética confucionista: com equilíbrio social, disciplina, consciência de grupo, nacionalismo, empresas “grandes famílias”, no sentido de aumento de produtividade pela dedicação. Os tigres asiáticos Também denominados de “países oficina” ou “plataformas de exportação”. Essa denominação está associada aos investimentos de empresas japonesas e estadunidenses para o aproveitamento da mão de obra barata, disciplinada e produtiva. O sucesso do seu desempenho associa-se a alguns fatores que podemos enumerar: Existência de um respeito comum a situações de emergência, tensões e conflitos nacionais (Coreia do Sul e Taiwan); Orientação de uma economia voltada ao exterior; A ausência de uma classe dominante de proprietários rurais; Disponibilidade de mão de obra instruída, disciplinada, de fácil aprendizado e com alta produtividade; Capacidade de adaptação aos padrões da economia global. OS NIPs (novos países industrializados) A ilha de Hong Kong pertencia ao Reino Unido, desde a guerra do ópio, em 1842, com a derrota da China. O Reino Unido nomeava os Conselhos Legislativo e Executivo. No ano de 1984, a China e o Reino Unido fazem um acordo tendo como lema “um país, dois sistemas”. Em 1º de julho de 1997, o protetorado retorna à China com um status de Região Administrativa Especial; até 2047, deverá manter um sistema econômico, uma moeda e uma autonomia administrativa. A China, por sua vez, manterá a política externa e defesa. A China, por sua vez, adotou, em 1984, um conjunto de reformas econômicas: Restabelecendo, parcialmente, a propriedade privada rural; Introdução controlada da ideia de lucro nas empresas; Substituição do antigo sistema de metas por produtividade; Adoção de salário por metas e produtividade; Permissão para os investimentos de empresas estrangeiras; Estímulos aos trabalhadores de desempenho mais eficientes; Flutuação de preços de acordo com o mercado. Hong Kong e a China Seu crescimento não é, somente, demográfico e o seu desempenho corrobora com a publicação do The Wall Street Journal (11/10/2002), que já prognosticava o seu ciclo produtivo e a inserção no mercado mundial. Algumas medidas impulsionaram esse desempenho: 1971: a China ingressa na ONU; 1976: morre Mao Tsé-Tung (líder político e parceiro da URSS); 1978: Deng Xiaoping assume a liderança do PCC com a proposta da política das Quatro Modernizações: Indústria, Agricultura, Ciência e Tecnologia, e Forças Armadas; 1995: maiores investimentos estrangeiros; 1997: morre Deng Xiaoping. Nos anos 2000, a sua economia se consolidou, pois, em 2001, vai ser admitida na OMC e a eficiência do projeto de, apenas, 1 filho por casal. A China torna-se a fábrica do mundo Na obra Fim do Milênio, v. 3, de Manuel Castells, aponta que a China enfrentou alguns problemas, tais como: O êxodo rural provocado pela industrialização e pela privatização da agricultura; Geração de população urbana flutuante e problemática socialmente; Sérios conflitos provinciais (Tibete, Mongólia Interior); Como se adaptar à economia de mercado e evitar o desemprego; Tecnologias, principalmente,a de informação. Os problemas enfrentados Frase pronunciada por Deng Xiaoping, em 1978, sintetizando a proposta econômica da China. A China tem, hoje, um dos maiores crescimentos econômicos do planeta e, muitas vezes, prescinde de importações de matérias-primas e commodities, sendo grande parceira econômica do Brasil. Em 1989, a China ficou conhecida internacionalmente nos noticiários, pelas manifestações ocorridas na Praça da Paz Celestial, em Pequim, em prol de uma democratização que não acompanhou a abertura econômica. “Não importa a cor do gato, desde que cace ratos” Os BRICS correspondem aos países “baleias” do mundo, considerados referências no desempenho da economia mundial; entre eles estão o, (a): a) Japão. b) Coreia do Sul. c) Taiwan. d) Singapura. e) China. Interatividade Os BRICS correspondem aos países “baleias” do mundo, considerados referências no desempenho da economia mundial; entre eles estão o, (a): a) Japão. b) Coreia do Sul. c) Taiwan. d) Singapura. e) China. Resposta ARAÚJO, R. Jornal Mundo, n. 1, São Paulo, mar. 2001. CARLOS, A. F. A.; ALVES, G.; PAULA, R. F. de (Orgs.). São Paulo: Contexto, 2017. CASTELLS, M. Fim do Milênio. São Paulo: Paz e Terra, 1997. GIASANTI, R. O desafio do desenvolvimento sustentável. 2011. MAGNOLI, D. O mundo contemporâneo, Relações Internacionais: 1945/2000. São Paulo: Moderna, 2002. ORTIZ, R. Ensaios sobre a mundialização e suas consequências sobre a cultura das sociedades. 1ª. ed. Olho d’água, 1999. SILVA, F. de A.; BASTOS, P. I. de A. História do Brasil. São Paulo: Ed. Moderna, 1983. p. 129-158. SILVA, R.; OLIVEIRA, C. E. F. de (Orgs.) Memória da Cidade: história do patrimônio urbano do Brasil. São Paulo: Caixa Cultural, 2011. Referências SIMMEL, G. 1987. A metrópole e a vida mental. In: VELHO, G. (Org.). O fenômeno urbano. Rio de Janeiro: Guanabara. SODRÉ, M. A ciência do comum: notas para o método comunicacional. Petrópolis: Vozes, 2014. Referências ATÉ A PRÓXIMA!
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