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Cenário 1 1. Compreender o conceito de epidemiologia clínica na atenção primária e a incidência das principais doenças crônicas A epidemiologia clínica é a aplicação dos princípios e métodos epidemiológicos na prática clínica diária. Envolve, geralmente, estudos conduzidos em ambiente clínico e, na maioria das vezes, por médicos clínicos tendo como pacientes os sujeitos do estudo. Refina métodos desenvolvidos na epidemiologia e os integra à clínica médica. O objetivo da epidemiologia clínica é auxiliar na tomada de decisão sobre os casos de doença identificados. A epidemiologia clínica, que incluiu métodos utilizados pelos clínicos para auditar processos e os resultados de seus trabalhos, é uma ciência médica básica. Pelo fato de a epidemiologia trabalhar com populações enquanto a medicina clínica trabalha com o indivíduo, tem se sugerido que a epidemiologia clínica é uma contradição. Esse aparente conflito é resolvido ao se observar que a epidemiologia clínica lida com uma população definida de pacientes mais do que uma população baseada na comunidade. Os temas centrais da epidemiologia clínica são: • Definições de normalidade e de anormalidade; • Acurácia dos testes diagnósticos; • História natural e prognósticos das doenças; • Efetividade do tratamento; e • Prevenção na prática clínica. 2. Entender triagem/ rastreamento como ferramenta de intervenção - Rastreamento organizado – é sistemático e voltado para detecção precoce de uma determinada doença, condição ou risco, oferecidos à população assintomática em geral e realizados por instituições de saúde de abrangência populacional. Para que o rastreamento seja efetivo, deve-se garantir o rastreamento da maioria da população susceptível 4 aspectos importantes em um programa de rastreamento: 1. Acesso: o rastreamento é um direito assegurado do cidadão a uma atenção à saúde de qualidade. 2. Agilidade: o participante não precisa entrar na rotina assistencial dos serviços de atendimento à saúde (APS) para a realização do rastreamento nem para o recebimento do resultado, a não ser que seja necessário. 3. Melhores evidências: o rastreamento enquanto programa deve ser oferecido à população somente quando comprovado que seus benefícios superam amplamente os riscos e danos, dessa forma, permitindo detecção precoce e tratamento de certas doenças. A adesão ao programa deve ser voluntária e entendida como direito dos cidadãos 4. Informação: o participante deve receber orientação quanto ao significado, riscos e benefícios do rastreamento, bem como sobre as peculiaridades e rotinas do programa e dos procedimentos. Critérios para um programa de rastreamento a. A doença deve representar um importante problema de saúde pública que seja relevante para a população, levando em consideração os conceitos de magnitude, transcendência e vulnerabilidade4; b. A história natural da doença ou do problema clínico deve ser bem conhecida; c. Deve existir estágio pré-clínico (assintomático) bem definido, durante o qual a doença possa ser diagnosticada; d. O benefício da detecção e do tratamento precoce com o rastreamento deve ser maior do que se a condição fosse tratada no momento habitual de diagnóstico; e. Os exames que detectam a condição clínica no estágio assintomático devem estar disponíveis, aceitáveis e confiáveis; f. O custo do rastreamento e tratamento de uma condição clínica deve ser razoável e compatível com o orçamento destinado ao sistema de saúde como um todo; g. O rastreamento deve ser um processo contínuo e sistemático 3. Reconhecer a importância da função de filtro na atenção primária através de exames diagnósticos (sensibilidade, especificidade, VPP, VPN) - Um teste diagnóstico determina presença ou ausência da doença quando um individuo apresenta sinais ou sintomas da doença - Um teste de triagem identifica indivíduos assintomáticos que podem ter a doença IESC 2 – Prova B1 - O teste diagnóstico é realizado após um teste de triagem positivo para estabelecer um diagnóstico definitivo Sensibilidade: é a probabilidade de um teste dar positivo na presença da doença, isto é, avalia a capacidade do teste detectar a doença quando ela está presente. Especificidade: é probabilidade de um teste dar negativo na ausência da doença, isto é, avalia a capacidade do teste afastar a doença quando ela está ausente. Valor preditivo positivo: é a proporção de verdadeiros positivos entre todos os indivíduos com teste positivo. Expressa a probabilidade de um paciente com o teste positivo ter a doença. Valor preditivo negativo: é a proporção de verdadeiros negativos entre todos os indivíduos com teste negativo. Expressa a probabilidade de um paciente com o teste negativo não ter a doença. Quanto mais sensível um teste, maior seu valor preditivo negativo (maior a segurança do médico de que a pessoa com teste negativo não tem a doença) Quanto mais específico um teste, maior seu valor preditivo positivo (maior a segurança do médico de que a pessoa com teste positivo tem a doença) Varia com a prevalência (probabilidade pré-teste) da doença Para um mesmo teste, quanto maior a prevalência maior o VPP e menor o VPN Quanto mais sensível, melhor o VPN Quanto mais específico, melhor o VPP As vantagens de utilizar testes de triagem são: - Fácil execução - Facilitam o rastreamento - Evitam gastos maiores (primeiros testes sensíveis 4. Conceituar e entender os modelos de intervenção coletiva e individual A Atenção Primária à Saúde (APS) é o primeiro nível de atenção em saúde e se caracteriza por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte positivamente na situação de saúde das coletividades. Na saúde pública são comuns as ações de intervenção social para promover a saúde e prevenir doenças. Essas ações oferecem informação sobre saúde às comunidades, de maneira clara e acessível para gerar mudança de comportamento e para proporcionar a transferência da informação. Como exemplo de intervenção individual, temos o Projeto Terapêutico Singular. O PTS envolve um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas, direcionadas a um indivíduo e até mesmo famílias ou coletividades. Tem como objetivo traçar uma estratégia de intervenção para o usuário, contando com os recursos da equipe, do território, da família e do próprio sujeito. Cenário 2 1. Conceituar NASF compreendendo sua importância correlacionando-a com suas práticas na atenção primária e níveis de promoção em saúde. NASF – núcleo de apoio a saúde da família Modalidades de Nasf, conforme a Portaria nº 3.124/2012 Modalidades Nº de equipes vinculadas Nasf 1 5 a 9 ESF e/ou EAB para populações específicas (ECR, equipe ribeirinha e fluvial) Nasf 2 3 a 4 ESF e/ou EAB para populações específicas (ECR, equipe ribeirinha e fluvial) Nasf 3 1 a 2 ESF e/ou EAB para populações específicas (ECR, equipe ribeirinha e fluvial) Possibilidades de composição do Nasf: Assistente social; profissional de Educação Física; farmacêutico; fisioterapeuta; fonoaudiólogo; profissional com formação em arte e educação (arte educador); nutricionista; psicólogo; terapeuta ocupacional; médico ginecologista/obstetra; médico homeopata; médico pediatra; médico veterinário; médico psiquiatra; médico geriatra; médico internista (clínica médica); médico do trabalho; médico acupunturista; e profissional de saúde sanitarista, ou seja, profissional graduado na área de saúde com pós-graduação em saúde pública ou coletiva ou graduado diretamente em uma dessas áreas. O NASF é uma equipe de multiprofissionais que devem atuar de maneira integrada e apoiando os profissionais das equipesde Saúde da Família e das equipes de Atenção Básica para populações específicas, compartilhando práticas e saberes em saúde com as equipes de referência apoiadas, buscando auxilia-las no manejo ou resolução de problemas clínicos e sanitários, bem como agregando práticas, que ampliem o seu escopo de ofertas O NASF faz parte da Atenção Básica, mas não se constitui como um serviço com espaço físico independente • Pode-se afirmar, então, que o Nasf: • É uma equipe formada por diferentes profissões e/ou especialidades. • Constitui-se como apoio especializado na própria Atenção Básica, mas não é ambulatório de especialidades ou serviço hospitalar. • Recebe a demanda por negociação e discussão compartilhada com as equipes que apoia, e não por meio de encaminhamentos impessoais. • Deve estar disponível para dar suporte em situações programadas e também imprevistas. • Possui disponibilidade, no conjunto de atividades que desenvolve, para realização de atividades com as equipes, bem como para atividades assistenciais diretas aos usuários (com indicações, critérios e fluxos pactuados com as equipes e com a gestão). • Realiza ações compartilhadas com as equipes de Saúde da Família (ESF), o que não significa, necessariamente, estarem juntas no mesmo espaço/tempo em todas as ações. • Ajuda as equipes a evitar ou qualificar os encaminhamentos realizados para outros pontos de atenção. • Ajuda a aumentar a capacidade de cuidado das equipes de Atenção Básica, agrega novas ofertas de cuidado nas UBS e auxilia a articulação com outros pontos de atenção da rede. 2. Abordar os conceitos de multi, inter e transdisciplinaridade e intersetorialidade. Indicar a importância das ações interdisciplinares e intersetoriais do NASF. Disponibilidade de recurso para a manutenção do programa e da promoção do alto custo (saber, mas não colocar na síntese) – Lei 8020 – nota técnica nº3 2020 portaria 2979 (previne Brasil) - A multidisciplinaridade na saúde envolve o trabalho desses diferentes profissionais, como médicos, fisioterapeutas, psicólogos, enfermeiros e nutricionistas em busca de oferecer o melhor tratamento possível à pessoa que recebe atendimento. Por meio da equipe multidisciplinar, o usuário consegue ter um acompanhamento integral. - A interdisciplinaridade é conceituada pelo grau de integração entre as disciplinas e a intensidade de trocas entre os especialistas; desse processo interativo, todas as disciplinas devem sair enriquecidas. Não basta somente tomar de empréstimo elementos de outras disciplinas, mas comparar, julgar e incorporar esses elementos na produção de uma disciplina modificada. - Transdisciplinaridade, envolve uma integração, diálogo e um entrelaçamento entre as diferentes áreas do conhecimento dentro de um trabalho de equipe. Assim estabelece uma troca de conhecimentos dentre as disciplinas e suas dissociações. Coloco como exemplo: Uma equipe que recebe um paciente com problemas mentais, os profissionais se reúnem, em prol dele, como psicólogos, psiquiatras, enfermeiros e entre outros. Onde haverá uma avaliação e todos irão assisti-lo e todo profissional que atender deverá estar ciente de seu diagnóstico e na área de seu colega, logo a transdisciplinaridade entrará em vigor. 3. Definir o que é apoio matricial correlacionando-o com o PTS O Apoio Matricial, também chamado de matriciamento, é um modo de realizar a atenção em saúde de forma compartilhada com vistas à integralidade e à resolubilidade da atenção, por meio do trabalho inter disciplinar. Na Atenção Básica em Saúde (ABS)/ Atenção Primária em Saúde (APS), ele pode se conformar através da relação entre equipes de Saúde da Família (equipes de SF) e Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), configurando-se de diferentes formas através de suas duas dimensões: técnico-pedagógica e assistencial Reuniões de matriciamento: reuniões periódicas, no mínimo realizadas mensalmente, entre cada um dos profissionais do NASF com cada equipe de SF vinculada, com o objetivo de discutir casos e temas, pactuar ações, avaliar seus resultados e repactuar novas estratégias para a produção do cuidado. É a partir das reuniões de matriciamento que são definidas as ações conjuntas que serão realizadas, assim como as ações desenvolvidas especificamente pelos profissionais do NASF, como, atendimentos individuais realizados apenas com a presença destes profissionais e o usuário. Para que possam ser realizadas, deve haver horário protegido na agenda dos profissionais envolvidos, organização da equipe de SF para definição dos casos ou situações para matriciamento e dos profissionais do NASF para devolutivas de casos acompanhados especificamente pelo NASF à equipe de SF; O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas, para um sujeito individual ou coletivo, resultado da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar, com apoio matricial, se necessário. Geralmente é dedicado a situações mais complexas. É uma variação da discussão de “caso clínico”. Foi bastante desenvolvido em espaços de atenção à saúde mental como forma de propiciar uma atuação integrada da equipe valorizando outros aspectos, além do diagnóstico psiquiátrico e da medicação, no tratamento dos usuários. Representa o PTS, portanto, um momento de toda a equipe em que todas as opiniões são importantes para ajudar a entender o sujeito com alguma demanda de cuidado em saúde e, consequentemente, para definição de propostas de ações. É importante destacar que o PTS pode ser elaborado para grupos ou famílias, e não só para indivíduos O PTS se desenvolve em 4 momentos: - Diagnóstico - Definição das metas - Divisão de responsabilidades - Reavaliação 4. Compreender a estrutura organizacional, suas respectivas atribuições, as atividades desenvolvidas na APS no cuidado integral e longitudinal. Refletir sobre desafios do NASF correlacionando aos princípios do SUS. (portaria 154/ GM, 2436/ GM/ MS) - APS representa o primeiro contato na rede assistencial dentro do sistema de saúde, caracterizando-se, principalmente, pela continuidade e integralidade da atenção, além da coordenação da assistência dentro do próprio sistema, da atenção centrada na família, da orientação e participação comunitária e da competência cultural dos profissionais A longitudinalidade constitui a existência do aporte regular de cuidados pela equipe de saúde e seu uso consistente ao longo do tempo, em um ambiente de relação mútua de confiança e humanizada entre equipe de saúde, indivíduos e famílias. A integralidade significa a prestação, pela equipe de saúde, de um conjunto de serviços que atendam às necessidades da população adscrita nos campos da promoção, da prevenção, da cura, do cuidado, da reabilitação e da paliação, a responsabilização pela oferta de serviços em outros pontos de atenção à saúde e o reconhecimento adequado dos problemas biológicos, psicológicos e sociais que causam as doenças. Operacionalmente, uma conceituação de APS implica o exercício de sete atributos e de três papéis, e só haverá uma APS de qualidade quando estes sete atributos estiverem sendo operacionalizados, em sua totalidade. Os primeiros quatro (primeiro contato, longitudinalidade, integralidade e coordenação) são os atributos essenciais e os três últimos (focalização na família, orientação comunitária e competência cultural) os atributos derivados. O primeiro contato implica a acessibilidade e o uso de serviços para cada novo problema ou novo episódio de um problema para os quais se procura atenção à saúde. Desafios essenciais estão permanentemente colocados à APS, como a ampliação progressiva de sua cobertura populacional e sua integração à rede assistencial, ligados tanto ao aumento de sua resolutividade quanto de sua capacidade de compartilhar e fazer a coordenação do cuidado. O Nasf, como organismo vinculadoà equipe de SF, compartilha tais desafios e deve contribuir para o aumento da resolutividade e a efetivação da coordenação integrada do cuidado na APS. Assim, apoio e compartilhamento de responsabilidades são aspectos centrais da missão dos Nasf 5. Definir Diabetes (DM), fenômeno do alvorecer, métodos e mecanismos de controle - O diabetes é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia e associadas a complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sanguíneos. Pode resultar de defeitos de secreção e/ou ação da insulina envolvendo processos patogênicos específicos, por exemplo, destruição das células beta do pâncreas (produtoras de insulina), resistência à ação da insulina, distúrbios da secreção da insulina, entre outros. - A hiperglicemia do alvorecer é o termo usado para descrever níveis de glicose altos pela manhã, mesmo quando se vai para cama, à noite, com a glicose em níveis normais. Este é um fenômeno comum em pessoas com diabetes. Geralmente as alterações acontecem entre 2 e 8 horas da manhã. Pesquisadores acreditam que a liberação noturna dos chamados hormônios contra regulatórios (hormônios de crescimento, cortisol, glucagon e epinefrina), aumentam a resistência à insulina, fazendo com que ocorra uma hiperglicemia. Outras causas que podem levar a hiperglicemia de jejum são: - Doses insuficientes de medicação (insulina ou medicamentos orais) na noite anterior - Consumo excessivo de carboidratos ao deitar Pacientes que persistem em apresentar hiperglicemia de jejum constantemente devem ser orientados a realizar testes de glicemia capilar entre 2 e 3 horas da manhã, por alguns dias seguidos. Esta atitude auxiliará a determinar se o que está ocorrendo é Hiperglicemia do alvorecer ou apresenta outra causa. Para prevenir ou corrigir a hiperglicemia do alvorecer, recomenda-se: - Evitar o consumo de carboidratos ao deitar - Ajustar a dose de medicação ou insulina - Alternar para um medicamento diferente - Ajustar o horário da dose da medicação ou insulina do jantar para a hora de dormir - Usuários de SIC (Sistema de infusão contínua de insulina) devem administrar insulina extra durante as primeiras horas da manhã Alimentação: CHÁ, com bolacha de água e sal (entre outros alimentos para não aumentar glicemia). Cenário 3 1. Conceituar aa fisiopatologia da HAS e sua prevalência Pressão arterial é a força exercida pelo sangue sobre as paredes dos vasos. Sofre variações contínuas, dependendo da posição da pessoa, das atividades e das situações em que se encontra. Tem por finalidade promover uma boa perfusão dos tecidos e, com isso, possibilitar as trocas metabólicas. Está relacionada com o trabalho do coração e traduz o sistema de pressão vigente na árvore vascular arterial. É um parâmetro fisiológico indispensável na investigação diagnóstica, e o registro dos níveis pressóricos é parte obrigatória do exame clínico. necessidade de se realizar a aferição da pressão de modo adequado e de se interpretarem corretamente os dados fornecidos pelo aparelho de pressão. Mal utilizados, podem causar danos e malefícios em vez de contribuírem para o bom atendimento dos pacientes - HAS – condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial – PA (PA ≥140 x 90mmHg). - Associa-se frequentemente, às alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins, vasos sanguíneos) e às alterações metabólicas, com aumento de risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais. A HAS é um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Sua prevalência no Brasil varia entre 22% e 44% para adultos (32% em média), chegando a mais de 50% para indivíduos com 60 a 69 anos e 75% em indivíduos com mais de 70 anos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010) - A HAS tem alta prevalência e baixas taxas de controle. A mortalidade por doença cardiovascular (DCV) aumenta progressivamente com a elevação da PA a partir de 115/75 mmHg de forma linear, contínua e independente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010). Em 2001, cerca de 7,6 milhões de mortes no mundo foram atribuídas à elevação da PA (54% por acidente vascular encefálico e 47% por doença isquêmica do coração), ocorrendo a maioria delas em países de baixo e médio desenvolvimento econômico e mais da metade em indivíduos entre 45 e 69 anos 2. Reconhecer sinais, sintomas, fatores de risco e complicações Na maioria das pessoas, a hipertensão arterial não causa sintomas, apesar da ocorrência concomitante de determinados sintomas que são amplas, porém erroneamente, atribuídos à hipertensão arterial: dores de cabeça, sangramento nasal, tontura, rubor facial e fadiga. Pessoas com hipertensão arterial podem apresentar esses sintomas, mas tais sintomas ocorrem com a mesma frequência em pessoas com pressão arterial normal. A hipertensão arterial grave ou de longa duração não tratada pode causar sintomas, pois pode lesionar o cérebro, olhos, coração e rins, ela também aumenta a carga de trabalho do coração e pode causar dor torácica e/ou falta de ar Principais fatores de risco: tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, obesidade, estresse, má alimentação (sal, gordura), níveis altos de colesterol, ausência de atividades físicas. CEFALEIA + HIPERTENSÃO: a cefaleia pode ser recorrente do próprio medicamento, ou quando a hipertensão está em momento de pico ALTERAÇÃO DA VISÃO + HIPERTENSÃO: quando a pressão se eleva pode haver formação de um edema, esse edema causa um inchaço no nervo óptico que pode comprometer a visão. ELEVADA FREQUÊNCIA CARDÍACA: o sangue é enviado com maior força para as artérias com o intuito de fornecer o aporte sanguíneo para todas as regiões do corpo, mas quando há obstrução dessa passagem, a frequência tende a aumentar. 3. Entender os critérios diagnósticos e classificações - Métodos de utilização dos medicamentos (categorias) O diagnóstico da HAS consiste na média aritmética da PA maior ou igual a 140/90mmHg, verificada em pelo menos três dias diferentes com intervalo mínimo de uma semana entre as medidas, ou seja, soma-se a média das medidas do primeiro dia mais as duas medidas subsequentes e divide-se por três. A constatação de um valor elevado em apenas um dia, mesmo que em mais do que uma medida, não é suficiente para estabelecer o diagnóstico de hipertensão. Cabe salientar o cuidado de se fazer o diagnóstico correto da HAS, uma vez que se trata de uma condição crônica que acompanhará o indivíduo por toda a vida. Deve-se evitar verificar a PA em situações de estresse físico (dor) e emocional (luto, ansiedade), pois um valor elevado, muitas vezes, é consequência dessas condições. Classificação da pressão arterial Classificação Pressão Sistólica (mmHg) Pressão diastólica (mmHg) Ótima < 120 < 80 Normal < 130 < 85 Limítrofe 130 – 139 85 – 89 Hipertensão estágio 1 140 – 159 90 – 99 Hipertensão estágio 2 160 – 179 100 – 109 Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110 - Normotensão: a pessoa com PA ótima, menor que 120/80mmHg deverá verificar novamente a PA em até dois anos. As pessoas que apresentarem PA entre 130/85mmHg são consideradas normotensas e deverão realizar a aferição anualmente exceto pacientes portadores de DM quando a PA deve ser aferida em todas as consultas de rotina - PA limítrofe: pessoas com PA entre 130/85mmHg deverão fazer avaliação para identificar a presença de outros fatores de risco para DCV. Na presença desses fatores, a pessoa deverá ser avaliada pela enfermeira, em consulta individual ou coletiva, com o objetivo de estratificar o risco cardiovascular. A PA deverá ser novamente verificada em mais duas ocasiões em um intervalo de 7 a 14 dias. Na ausência de outros FR para DCV, o indivíduo poderá ser agendado para atendimento com a enfermeira, em consultacoletiva, para mudança de estilo de vida (MEV), sendo que a PA deverá ser novamente verificada em um ano. - Hipertensão arterial sistêmica: se a média das três medidas forem iguais ou maiores a 140/90mmHg, está confirmado o diagnóstico de HAS e a pessoa deverá ser agendada para consulta médica para iniciar o tratamento e o acompanhamento. O tratamento e o acompanhamento das pessoas com diagnóstico de HAS estão descritos no próximo capítulo desta publicação. 4. Listar os profissionais que compõem a ESF para prevenção, buscativa, rastreamento e abordagem A ESF é composta por, no mínimo: - Médico generalista, ou especialista em Saúde da Família, ou médico de Família e Comunidade; - Enfermeiro generalista ou especialista em Saúde da Família; - Auxiliar ou técnico de enfermagem; - Agentes comunitários de saúde. Podem ser acrescentados a essa composição os profissionais de Saúde Bucal: cirurgião-dentista generalista ou especialista em Saúde da Família, auxiliar e/ou técnico em Saúde Bucal. 5. Entender como a vulnerabilidade afeta no processo saúde doença - Exemplificar O impacto socioeconômico denuncia a tendência em desenvolver a doença ou não, isso porque, a classe social mais baixa possui dificuldade em seguir o tratamento, bem como não realiza acompanhamento e muito provavelmente tem forte relação com a genética. A baixa escolaridade compromete o acesso à educação em saúde, estratégia que possibilita a adoção de comportamentos saudáveis e a mobilização social para a melhoria das condições de vida, influencia a adesão ao tratamento de condições crônicas, como a HAS, em virtude da relação com menores condições econômicas e acesso a serviços de saúde. Além disso, a renda não esteve significativamente associada aos escores de qualidade de vida neste estudo, embora a literatura considere esses fatores como influentes. De acordo com Jakobsson a renda se reduz acentuadamente quando ocorre a aposentadoria, e os fatores socioeconômicos podem influenciar a qualidade de vida, tendo sido encontradas associações entre melhores condições socioeconômicas e melhores escores de qualidade de vida. Cenário 4 1. Definir o período de acompanhamento médico (retornos), estabelecendo quais os critérios clínico- laboratoriais importantes nesse processo O diabetes é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia e associadas a complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sanguíneos. Pode resultar de defeitos de secreção e/ou ação da insulina envolvendo processos patogênicos específicos, por exemplo, destruição das células beta do pâncreas (produtoras de insulina), resistência à ação da insulina, distúrbios da secreção da insulina, entre outros. O período de acompanhamento deverá ser feito de acordo com as necessidades gerais previstas no cuidado integral e longitudinal de diabetes, incluindo mudança no estilo de vida, controle metabólico e prevenção das complicações crônicas. DM 2: Hábito de vida saudável DM1: acompanhamento e atenção especializada, cuidado na atenção básica (para conhecer população e manter comunicação) - Controle glicêmico: previne complicações agudas e crônicas, promovendo qualidade de vida e reduzindo mortalidade, sendo controlado: em jejum, pré prandial, pós prandial e pela hemoglobina glicada (HbA1C) Glicemia= 3 vezes ao dia para todos os tipos de Dm HbA1C= no início do tratamento e a cada 3 meses, e para quem possui bom controle metabólico: 2 vezes ao ano Acompanhamento: pela equipe multidisciplinar de acordo com a estratificação de risco 2. Explicar a fisiopatologia e diferenciar diabetes tipo 1 e 2, apontando sinais, sintomas e complicações Conceito: é um transtorno metabólico de etiologias heterogêneas, concretizado por hiperglicemia, distúrbios no metabolismo de carboidratos e gorduras resultante de secreção de insulina. DM1: acomete crianças e adolescentes sem excesso de peso, com hiperglicemia acentuada, evoluindo para cetoacidose - Destruição da célula beta pancreática que leva a deficiência absoluta de insulina DM2: início insidioso e sintomas mais brandos, manifestando- se em geral em adultos com excesso de peso e com história familiar de DM2 - Deficiência relativa da insulina, ou seja, resistência à ação da insulina, associada a um defeito na sua secreção (cetoacidose é rara) DM na gravidez – geralmente resolve no pós parto e pode retornar anos depois OBS: Os sintomas clássicos são os 4 P´s (Poliúria, polidipsia, polifagia e perda involuntária de peso) As complicações: hipertensão, maio gravidade de doenças endêmicas, agravo no sistema cardiovascular, digestório, função cognitiva, musculoesquelético, etc. 3. Traçar o perfil epidemiológico da doença, relacionando-o com a atenção básica (prevalência, estatística e impacto socioeconômico) - Sua crescente prevalência está ligada à dislipidemia, hipertensão arterial, disfunção endotelial. - é um problema considerado sensível a atenção primária, o bom manejo na atenção básica evita hospitalizações e mortes pela doença/ complicações cardiovasculares e cerebrovasculares. - é mais prevalente no sexo feminino e mais comum em pessoas de baixa escolaridade, aumenta com a idade da população. - As complicações agudas e crônicas do DM causam alta morbimortalidade, acarretando altos custos para o sistema de saúde. 4. Apontar os critérios diagnósticos correlacionando-os com sua classificação (clínico-laboratorial) DM pode permanecer assintomático por longo tempo e sua detecção clínica é frequentemente feira, não pelos sintomas, mas pelos fatores de risco (obesidade, sedentarismo, hábitos alimentares) Rastreamento - Excesso de peso, história de mães e pais com DM, HAS>140mmHg, história de diabete gestacional, hiperglicemia >250mmHg ou HDL baixo (<35mg/dl), inatividade física, história de doença cardiovascular, síndrome do ovário policístico, idade >45 anos OBS: pessoas com fatores de risco devem ser encaminhados para consulta e solicitação de exames de glicemia Recomenda-se, em casos negativos, o acompanhamento em 3-5 anos 1ª consulta – rastreamento: enfermeiro 2ª consulta – médico Importante para contribuir para diagnóstico e prevenção Diagnóstico: são os sinais e sintomas dos 4 P´s, são presentes no DM2, mas no DM1 são mais agudos (citose, acidose metabólica, desidratação), no DM2 são mais assintomáticos. OBS: são 4 diagnósticos - Teste de tolerância a glicose, hemoglobina glicada (nível de glicemia nos últimos 3 meses), glicemia casual, glicemia de jejum - Glicemia plasmática casual: para diagnóstico imediato= realizada a qualquer hora do dia, sem observar intervalo desde a ultima refeição * em pré diabético é necessário alimentação saudável e hábitos ativos de vida, bem como reavaliação anual com glicemia em jejum 5. Descrever os papéis dos profissionais (prevenção, promoção, orientação, acompanhamento) - O processo deverá ser contínuo e iniciado na primeira consulta, e que inclua mudança no estilo de vida recomendados Enfermeiro: realizar consultas de enfermagens para pessoas com maior risco para desenvolver DM tipo 2, abordando fatores de risco, estratificação de risco cardiovascular e orientação sobre mudança do estilo de vida. Médico: precisará identificar os fatores de risco, avaliar condições de saúde, estratificar se necessário o risco cardiovascular e orientar quanto à prevenção e ao manejo de complicações crônicas História da pessoa Exame físico Avaliação laboratorial Estratificação do risco cardiovascular
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