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Cartilha UNIFESP T89

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Prévia do material em texto

Essa cartilha foi feita por voluntários da turma 89 da Escola Paulista de
Medicina, também conhecida como Unifesp, com a finalidade de ajudá-
los durante as suas respectivas preparações.
Nessa cartilha, encontram-se tabelas de notas, pesquisas,
comparativos, análises, depoimentos, dicas de estudos, exemplos de
redações e modelos de respostas das questões discursivas. Todas
essas informações foram separadas com muito carinho para que vocês
tenham uma melhor compreensão do vestibular da Unifesp.
Vale salientar, aliás, que todos os dados aqui contidos não devem ser
considerados absolutos. Isso porque os dados são passíveis de
variação, uma vez que cada ano apresenta suas
respectivas particularidades, que podem ser melhores identificadas ao
analisar outras cartilhas dos anos anteriores.
Esperamos, portanto, que essa cartilha seja muito útil para vocês. Além
disso, desejamos muito sucesso a vocês durante esse momento
delicado de preparação para o vestibular. Caso queiram entrar em
contanto conosco, recomendamos que acessem o
nosso Instagram, @medhelp.unifesp, onde postamos dicas de estudos,
informações sobre a faculdade e, também, onde disponibilizamos o
nosso direct para conversarmos sobre sua preparação.
Observação:
• Este projeto não possui quaisquer vínculos com as instituições de elaboração e aplicações de provas, assim como com a instituição de 
ensino. Portanto, trata-se de um arquivo não oficial.
INTRODUÇÃO À CARTILHA
https://www.instagram.com/medhelp.unifesp/
ESTATÍSTICAS
Essa cartilha conta com a ajuda da maioria dos alunos da T89 da
Escola Paulista de Medicina, também conhecida, como Unifesp. A fim de
demonstrar mais informações sobre as notas recolhidas, julgamos importante
demonstrar a porcentagem de preenchimento por modalidade:
• Ampla Concorrência (AC): 58 de 60 (96,6%);
• Reserva de Vagas (T1): 18 de 18 (100%);
• Reserva de Vagas (T2): 9 de 15 (60%);
• Reserva de Vagas (T3): 20 de 20 (100%);
• Reserva de Vagas (T4): 9 de 10 (90%);
• Reserva de Vagas (T5): 1 de 2 (50%);
• Reserva de Vagas (T6): 0 de 0 (0%);
• Reserva de Vagas (T7): 1 de 1 (100%);
• Reserva de Vagas (T8): 0 de 0 (0%);
• Total: 116 de 121 (95,8%).
Observações:
 Colocamos somente os dados das pessoas que optaram por ficar na
nossa universidade.
 A modalidade T3 possui 17 vagas. No entanto, houve 3 vagas
remanescentes para essa modalidade, o que implica no dado supracitado:
20 vagas de T3.
 A modalidade T7 possui 2 vagas. Porém, 1 vaga não foi preenchida.
 A modalidade T6 e T8 possuem 1 vaga cada uma. No entanto, nenhuma
das duas vagas foi preenchida.
SUMÁRIO
MENSAGEM PARA A TURMA 90
Aos nossos queridxs e futurxs calourxs da turma 90:
Só sentindo é que se pode ter noção da imensidão de desejos que vocês
presenciarão ao verem seus nomes na lista. Nada se pode dizer sobre isso, se não
uma coisa: é uma das melhores sensações que vocês irão sentir! E, nós, seus futuros
veteranos, ficamos ansiosos por saber como tudo isso irá acontecer nas suas vidas,
como vocês, futuros calouros, conseguirão chegar até aqui: cada suor, cada lágrima,
cada dor, cada tristeza, cada fracasso, tudo, absolutamente tudo, terá valido a pena,
queridos calouros! Assim como nós, vocês jamais irão se arrepender desse período de
preparação, vocês darão seu sangue e suor para conseguirem estar aqui conosco.
Estamos extremamente ansiosos e animados para compartilharmos esse momento
com vocês! Estamos escrevendo esse texto muito antes de suas aprovações, mas
queremos que vocês saibam que já são nossos calouros, já são futuros médicos, já são
futuros alunos da tão renomada Escola Paulista de Medicina, que é conhecida,
também, como Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Sabem o que isso quer
dizer?! Exatamente! Vocês já são vitoriosos, não se desanimem, o destino já está
traçado e, portanto, está escrito, calouros: vocês farão parte dessa enorme família!
Não tenham medo de errar, nós também erramos muito! Muitos de nós
fracassaram diversas vezes, e, além disso, não importa por quanto tempo vocês estão
nessa trajetória, pois vocês serão médicos formados pela Paulista e nada mais, além
disso, importa. Queremos que vocês encontrem sua felicidade desde já! Vocês são
incríveis e a hora de vocês irá chegar!
E lembrem-se: nós, seus veteranos da 89, somos mais de 120 pessoas com
passados, personalidades e trajetórias diferentes. Isso significa que não importa se
vocês estão no ensino médio, no primeiro ano de cursinho, no quinto ano de cursinho,
no meio de uma graduação ou se já têm uma graduação concluída, vocês têm chances
de passar! Não se esqueçam, também, que nenhum de nós somos perfeitos, temos
nossos defeitos e cometemos muitos erros durante a nossa preparação e, até mesmo,
durante a prova. Mas está tudo bem, afinal, as provas são apenas provas: elas não nos
definem! O que importa mesmo é que, assim como nós, vocês já são vencedores!
"A cada dia uma oportunidade de ser melhor, mas não melhor do que os outros,
mas, sim, melhor do que si mesmo!".
Carinhosamente,
Turma 89
Página 05
CONVOCAÇÕES POR MODALIDADE:
VESTIBULARES DE 2019 A 2021
Observação:
• "Vaga Remanescente" ou (V.R.) são vagas que não foram ocupadas por candidatos que pertencem à modalidade em questão. Nessas
ocasiões, segundo o edital do vestibular da Unifesp, as vagas deverão ser, obrigatoriamente, preenchidas por pessoas da modalidade T3
(candidatos que, independentemente da renda, tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas).
Página 06
Vestibular 2019 – Turma 87
Vestibular 2020 – Turma 88
Vestibular 2021 – Turma 89
TABELA DE NOTAS:
AMPLA CONCORRÊNCIA (A.C.)
Obs.: o termo "soma" refere-se à somatória dos acertos em inglês e português no primeiro dia.
Página 07
TABELA DE NOTAS:
RESERVA DE VAGAS (COTAS)
MODALIDADE T1
• Candidatos com renda familiar bruta per capita igual ou inferior à 1,5 salário mínimo e
que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas.
MODALIDADE T2
• Candidatos autodeclarados pretos, pardos ou indígenas, com renda familiar bruta per
capita igual ou inferior à 1,5 salário mínimo e que tenham cursado integralmente o
ensino médio em escolas públicas.
Obs.: o termo "soma" refere-se à somatória dos acertos em inglês e português no primeiro dia.
Obs.: o termo "soma" refere-se à somatória dos acertos em inglês e português no primeiro dia.
Página 08
MODALIDADE T3
• Candidatos que, independentemente da renda, tenham cursado integralmente o
ensino médio em escolas públicas.
MODALIDADE T4
• Candidatos autodeclarados pretos, pardos ou indígenas que, independentemente da
renda, tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas.
MODALIDADE T5
• Candidatos com deficiência que tenha renda familiar bruta per capita igual ou inferior
a 1,5 salário mínimo, que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas
públicas.
Obs.: o termo "soma" refere-se à somatória dos acertos em inglês e português no primeiro dia.
Obs.: o termo "soma" refere-se à somatória dos acertos em inglês e português no primeiro dia.
Página 09
Obs.: o termo "soma" refere-se à somatória dos acertos em inglês e português no primeiro dia.
MODALIDADE T6
• Candidatos com deficiência autodeclarados pretos, pardos ou indígenas, com renda
familiar bruta per capita igual ou inferior a 1,5 salário mínimo e que tenham cursado
integralmente o ensino médio em escolas públicas.
Obs.: não há candidatos ingressos para esta modalidade
MODALIDADE T7
• Candidatos com deficiência que, independentemente da renda, tenham cursado
integralmente o ensino médio em escolas públicas.
MODALIDADE T8
• Candidatos com deficiência autodeclarados pretos, pardos ou indígenas que,
independentemente da renda, tenham cursado integralmente o ensino médio em
escolas públicas.
Obs.: não há candidatos ingressos para esta modalidade
Página 10
Obs.: o termo "soma" refere-se à somatória dos acertos em inglês e português no primeiro dia.
ANÁLISE POR MODALIDADES(NOTAS MÁXIMAS, MÉDIAS E MÍNIMAS)
Observação:
• Em decorrência do menor número de vagas para as modalidades T5 (2), T6 (1), T7 (2) e T8 (1) , optamos por não produzir análises das 
mesmas.
Obs.: o termo "soma" refere-se à somatória dos acertos em inglês e português no primeiro dia.
Página 11
Obs.: o termo "soma" refere-se à somatória dos acertos em inglês e português no primeiro dia.
Obs.: o termo "soma" refere-se à somatória dos acertos em inglês e português no primeiro dia.
Obs.: o termo "soma" refere-se à somatória dos acertos em inglês e português no primeiro dia.
Obs.: o termo "soma" refere-se à somatória dos acertos em inglês e português no primeiro dia.
EVOLUÇÃO DOS ALUNOS NO
VESTIBULAR DA UNIFESP
Página 12
RELAÇÕES DE CLASSIFICAÇÃO/NOTA
PESQUISAS
A seguir colocamos o resultado de algumas pesquisas que foram feitas com os
alunos da turma 89 do curso de medicina da Escola Paulista de Medicina, também
conhecida como Unifesp.
As pesquisas foram feitas com muito carinho por nós, visto que, a partir delas, será
possível traçar um perfil do vestibular da Unifesp 2021 e, também, traçar um perfil
dos alunos da turma 89. Mediante a isso, esperamos que fique evidente que todos
nós também passamos por dificuldades, pensamos em desistir, achávamos que não
tínhamos mais forças. Porém, no final, tudo deu certo! Assim como também dará
para vocês. Lembrem-se que nosso Instagram (@medhelp.unifesp) está aberto para
todos vocês nos chamarem via direct para conversarmos! Espero que gostem das
pesquisas!
As pesquisas foram divididas em duas partes:
• Gráficos Gerais (Prova)
• Gráficos Complementares (Perfil do aluno)
Os gráficos das pesquisas são setores circulares que possuem legendas com
cores e, também, indicação de porcentagem dentro do próprio setor. Assim como as
tabelas de notas, 116 dos 121 alunos (95,8%) responderam as pesquisas. Alguns
gráficos pontuais são diferentes: gráficos de barras. Eles foram modificados porque,
nas perguntas referentes a esses gráficos, o aluno poderia escolher mais de uma
opção. Logo, achamos importante destacar esse tipo de pesquisa.
Página 13
https://www.instagram.com/medhelp.unifesp/
GRÁFICOS GERAIS
(PROVA)
Em relação às edições anteriores do
ENEM, o que você achou do nível da
prova?
Qual foi a matéria mais difícil da
prova do ENEM?
Em relação às edições anteriores do
VESTIBULAR da UNIFESP, o que
você achou do nível da prova?
Qual o grau de dificuldade do
vestibular UNIFESP em relação aos
demais vestibulares?
Página 14
Qual foi a prova mais difícil para
você?
O que você achou do tema da
redação do vestibular?
Qual matéria você achou mais difícil
no segundo dia de prova da
UNIFESP?
Para você, qual foi a maior
dificuldade do vestibular?
Página 15
Durante a realização da prova, você 
teve problemas com medo e/ou 
ansiedade?
Você fez curso pré-vestibular antes 
de ingressar na UNIFESP?
Sexo Idade
GRÁFICOS COMPLEMENTARES
(PERFIL DO ALUNO)
Em quantos vestibulares você foi 
aprovado?
Sua família mora em
Página 16
Você cursou ensino médio em Em 2020, sua escola/cursinho era de
Você se desligou das redes sociais 
durante o preparo para o vestibular?
Você teve problemas com ansiedade
antes, durante ou depois dos
vestibulares?
Você praticou atividades físicas com 
frequência em 2020?
No final das contas, como você julga
seu desempenho nos estudos
durante a pandemia?
Página 17
Durante a prova da UNIFESP, qual foi
sua maior dificuldade?
Quando você fez suas revisões?
Qual tipo de cursinho você fez?Qual foi a maior dificuldade que você
enfrentou na para passar na Unifesp?
Página 18
Como você realizou suas revisões
durante sua preparação?
O que foi essencial durante seu
último ano de estudo?
O que te ajudou a enfrentar as
dificuldades relacionadas aos
estudos e aos vestibulares advindas
da pandemia?
Tendo em vista a pandemia de
COVID-19, quais foram suas
principais dificuldades durante 2020?
Assistir aulas
Fazer dissertativas
Escrever resumos
Fazer testes
Ler teoria
Provas antigas
Conhecimentos externos
Provas antigas
Flashcards
Livros do cursinho/escola
Leitura de resumos
Aulas/áudios
Fazer terapia
Ler
Fazer atividades físicas
Ouvir músicas
Passar tempo com amigos
Passar tempo com a família
Diversão à distância
Meditar
Estudar em casa
Adaptação ao EAD
A incerteza quanto às provas
O medo de se contaminar
Familiares contaminados
Ter perdido alguém
Familiar na linha de frente
Ter se contaminado
Manter os estudos
Insegurança financeira
Página 19
REDAÇÕES
Abaixo, reunimos, além da coletânea do vestibular da UNIFESP 2021, algumas redações modelo
das notas 45.45, 43.18, 40.90 e 36.36, a fim de ajudá-los nos estudos das dissertações. Os
possíveis erros gramaticais, como os de ortografia ou de concordância, foram mantidos com o
objetivo de preservar as produções originais, bem como os critérios de correção que geraram tais
notas. Vale salientar que não foi encontrado nenhum estudante, dentre os matriculados na
instituição em 2021, que tenha gabaritado essa avaliação.
COLETÂNEA
Texto I.
As descobertas da genética nos apresentam a um só tempo uma promessa e um dilema. A
promessa é que em breve seremos capazes de tratar e prevenir uma série de doenças debilitantes.
O dilema é que nosso recém-descoberto conhecimento genético também pode permitir a
manipulação de nossa própria natureza – para melhorar nossos músculos, nossa memória e nosso
humor; para escolher o sexo, a altura e outras características genéticas de nossos filhos; para
melhorar nossas capacidades física e cognitiva; para nos tornar “melhores do que a encomenda”. A
maioria das pessoas considera inquietantes ao menos algumas das formas de manipulação
genética. Entretanto, não é fácil articular nosso mal-estar. Os termos familiares dos discursos moral
e político tornam difícil afirmar o que há de errado na reengenharia da nossa natureza.
(Michael J. Sandel [filósofo, professor-visitante na Sorbonne]. Contra a perfeição: ética na era da engenharia genética, 
2015.)
Texto II.
A seleção do sexo do bebê – sexagem – é uma das questões mais controvertidas a que nos expõe
o desenvolvimento da biogenética. Divide opiniões e é enganoso pensar que as posições liberais
estão do lado dos cientistas, ou ver as posições conservadoras como deriváveis da consciência
religiosa. Mesmo os liberais apontam problemas quanto à técnica utilizada na sexagem, devido aos
riscos de complicações, desequilíbrio na população de homens e mulheres, discriminação contra a
mulher. Há motivos também de ordem religiosa: a suspeita de que o ser humano, ao assumir o
papel de Deus ou da natureza, não produzirá um mundo melhor. Há, certamente, na base da
desconfiança, um medo em relação aos desdobramentos desse novo poder: se podemos escolher
o sexo, podemos também pensar na liberdade de escolher outras características. A questão é: até
que ponto o poder técnico é também ético? Certamente não devemos condenar a técnica quando
ela responde a uma finalidade eticamente defensável. Condena-se a técnica quando a motivação é
um mero desejo ou capricho, mas não se condena quando há razões fortes como evitar doenças
ou quando a fertilização in vitro é apontada como a única alternativa para a gravidez.
(João Batistiolle [professor de Bioética, PUC-SP]. “Bebês sob medida”. www.cremesp.org.br, 2005.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto
dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
A engenharia genética ameaça a dignidade humana?
Página 20
http://www.cremesp.org.br
A genética da esperança (45,455)
“Desde o surgimento da humanidade, foram desenvolvidas e aperfeiçoadas tecnologias
para garantir maior conforto, praticidade e segurança para as comunidades. Muitos,
no entanto, foram desvirtuados por indivíduos que os utilizaram para praticar atos
contrários ao bem-estar geral de nossa espécie. Com a engenharia genética, nãoé
diferente: por um lado há a chance de se curar doenças antes intratáveis; por outro, os
possíveis danos à própria essência do ser humano e ao seu patrimônio hereditário.
Apesar da possibilidade de usos não positivos, os quais devem ser combatidos, essa
tecnologia trás a esperança de melhorias da qualidade de vida a milhões de pessoas e, se
utilizada segundo princípios éticos, não ameaça a dignidade humana.
Primeiramente, é necessário entender que a finalidade desse ramo da biogenética não
deve ser a de entender caprichos pessoais, como a escolha do sexo do bebê ou de sua cor
de olhos, mas sim evitar doenças e más formações em indivíduos. Dessa forma,
possibilita-se uma maior qualidade de vida tanto à pessoa quanto aos seus familiares, o
que significa também uma maior autonomia ao futuro cidadão(a) e, portanto, uma vida
mais digna. O bom uso de engenharia genética possibilitaria a cura da síndrome de
Down, da cegueira adquirida, da síndrome de Jacobs e de muitas outras patologias que
afligem a muitos mundo afora, se as pessoas envolvidas assim desejarem - há de se ter
ética em seu uso, mas também seria antiético não oferecer tal tratamento se este
encontra-se disponível.
É necessário, no entanto, aprender com outros casos de tecnologia que foram criados
para fins nobres mas acabaram sendo usados contra a própria humanidade. O exemplo
mais claro talvez seja o da energia nuclear: de esperança para um suprimento quase
infinito de energia limpa e barata, ela se tornou motivo de medo quando utilizada nas
bombas que dizimaram as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, na 2ª Guerra
Mundial. A razão da destruição, porém, não foi a tecnologia em si, mas sim as mentes
humanas por trás da desvirtuação de seu uso – hoje, com expressivo controle estatal e
supranacional, a energia nuclear provém muitos benefícios à humanidade, da medicina
à produção de energia elétrica. O mesmo modelo pode ser adotado para a prática da
alteração de características hereditárias, cuja prática deve atender, segundo palavras
do professor de bioética da PUC de São Paulo, João Batistrolle, a uma “finalidade
eticamente defensável”, ou seja, a evitar doenças e outros procedimentos que gerem
mais qualidade de vida ao cidadão.
A espécie humana nunca avançou tão rapidamente em suas tecnologias como nos
últimos anos do século XXI. A ascenção de técnicas cada vez mais avançadas gerou uma
infinidade de oportunidades, as quais devem ser pautadas pelo respeito e pela ética em
seus usos. A engenharia genética representa a esperança de um mundo onde doenças
terríveis não tenham mais lugar, gerando mais dignidade ao permitir que milhões de
cidadãos possam viver uma vida comum, e seu uso deve ser regulado e garantido a
todos que tenham interesse.
@andre.cbarranco
Página 21
O mundo precisa continuar colorido (45,455)
“O filme “O Doador de Memórias” retrata uma ficção distópica cuja trama aborda
uma sociedade que, intencionalmente, não se recorda do seu passado. Nessa obra,
manipulações químicas e biológicas impedem que cada indivíduo tenha acesso as suas
memórias, resultando em uma cidade sem cor, branca e preta. Analogamente, a
Engenharia Genética, embora muito defendida por alguns cientistas e médicos, consiste
em uma ameaça à dignidade humana, posto que pode não sé reestruturar a natureza
do homem, mas pode, também, causar problemas futuros, os quais ainda são
imprevisíveis.
Numa primeira análise, essa tecnologia tem se mostrado, de fato, uma contribuição
positiva para determinados aspectos como, por exemplo, as técnicas de fertilização in
vitro para casais estéreis. Contudo, ao se aprofundar nas pesquisas atuais, observa-se
que alguns países pioneiros em tecnologia - como a China - já se mostraram favoráveis
a estudos que buscam o melhoramento genético humano, ou seja, a possibilidade de
escolher características - como a cor da pele, altura, coeficiente intelectual etc – para
aqueles que ainda nem nasceram. Essa manipulação, no entanto, tem implicações
éticas, já que pode estimular o aparecimento de políticas e pensamentos eugenistas, os
quais pregam o desaparecimento de determinados fenótipos da sociedade em
detrimento da seleção de outros, considerados superiores e “melhorados’. Nesse sentido,
a reestruturação da natureza humana pela própria ação antrópica, através da
Engenharia Genética, mostra-se como ameaçadora da dignidade dos indivíduos.
Ademais, os riscos da utilização dessa ciência permanecem imprevisíveis, o que
corrobora o seu caráter ameaçador. A transgenia - técnica de alteração do material
genético - utilizada em plantas, na atualidade, vem sendo duramente criticada por
cientistas e ambientalistas de todo o globo, posto que não há indícios evidentes de seu
potencial dano à natureza no futuro. De forma comparada, as consequências da
utilização da Engenharia Genética permanecem incertas, fato que, por sí só, já
constitue uma ameaça dessa ciência para a existência humana. Nessa perspectiva,
quando o filósofo Jean-Jacques Rousseau afirmou que o homem é seu próprio inimigo,
essa teoria é confirmada ao perceber que uma tecnologia genética criada pelo próprio
homem pode levá-lo à escuridão, como na distopia de “O Doador de Memórias”.
Diante do exposto, evidencia-se que a Engenharia Genética ameaça a dignidade
humana. Mesmo que seu uso atual tem se mostrado benéfico para alguns, seus possíveis
efeitos futuros representam uma afronta aos indivíduos. Seja por potenciais
pensamentos racistas e eugenistas, seja pela incerteza do seu possível dano ao homem, é
preciso impor limites a essa tecnologia antes que o mundo se torne branco e preto.”
@brunofranzonn
Página 22
Sem título (45,455)
“No livro ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’, de Machado de Assis, o protagonista
afirma ter falecido por uma causa fixa: o desejo de criar um emplasto que curasse todas
as melancolias humanas. Fora da literatura, percebe-se que a humanidade encontrou,
na engenharia genética, o segredo para perpetuar a espécie sem os males apontados pela
obra. Todavia, embora esse setor, por meio da biotecnologia, mostre-se, muitas vezes,
benéfico para o bem-estar, nota-se que ele também é capaz de ameaçar a dignidade
humana. Isso porque, em um tecido social que almeja - sobretudo - a produtividade, a
ética, diante da manipulação de genes, é banalizada.
Em primeira análise, de acordo com Charles Darwin, a evolução das espécies se dá pela
seleção - feita pelo ambiente – de características vantajosas para a sobrevivência.
Entretanto, contrário à natureza, o ser humano mostra-se o único animal capaz de, por
meio da racionalidade, combater sua própria extinção, como pode ser visto, por
exemplo, no uso da biotecnologia para a produção de vacinas e remédios, fatos que
retratam comportamentos movidos – no século XXI - não apenas pelo enriquecimento
das indústrias farmacêuticas, mas – acima de tudo – pelo poder de manter a
produtividade do capital com uma mão-de-obra saudável. Nesse sentido, a engenharia
genética torna-se uma alternativa muito mais concreta para este fim, uma vez que
melhora, permanentemente, características humanas úteis ao capitalismo, como
inteligência e estatura, tornando possível que o caráter racional, pressionado pelo
sistema financeiro, subjugue valores éticos à cobiça autodestrutiva, o que ameaça a
dignidade da espécie, na medida em que possibilita a discriminação futura daqueles que
não são manipulados, os quais serão tidos como inferiores.
Nessa perspectiva, a ética do ser humano pode ser vista, secularmente, como pauta de
muitos estudiosos, dentre os quais encontra-se o filósofo Kant, que afirma ser ‘moral’
toda atitude passível de universalização ao gerar o bem para qualquer tipo de cultura
ou valor. Nesse aspecto, percebe-se que a humanidade, apesar de todos os avanços
tecnológicos benéficos para a sociedade, ainda mostra-se incapaz de agir de forma moral
e universal entre seus semelhantes e, como prova disso, cita-se, por exemplo, não apenas
as guerras mundiais que estimularam genocídios, mas também comportamentos
exploratórios quemarcaram escravizações. Sendo assim, a inexistência de uma ética
global que permeie as condutas humanas torna plenamente possível que esse setor da
engenharia abale a dignidade da espécie, tendo em vista que, em todas as ameaças que
subjugaram minorias, a banalização do mal – ou seja, das consequências da imoralidade
– fez-se presente e impediu que a ética rompesse o sofrimento do que eram vistos como
diferentes, situação análoga ao que pode ser enfrentado por pessoas que, futuramente,
não passarão por processos da engenharia genética.
Portanto, infere-se que tal ciência, embora contribua para a perpetuação da espécie ao
evitar doenças, possibilita que a distorção de valores éticos, secularmente debatidos,
ameace a dignidade humana. Assim, conclui-se que, ao expandir a simbologia da obra
machadiana para o século XXI, a ineficiência dos emplastos modernos, como a
biotecnologia, deriva – sobretudo- do caráter autodestrutivo da humanidade diante da
ganância do capital.
@carlaggf_
Página 23
Sem título (45,455)
““O debate acerca da engenharia genética é de extrema importância devido a sua
relevância para o contexto presente. Esse tema dialoga com as ideias de Kant, em
‘fundamentação da metafísica dos costumes’, obra na qual o filósofo defende que uma
ação é ética quando, caso seja universalizada, ou seja, praticada de forma geral por
todos, não configuraria-se como um risco à vida humana. Ao tomar como base tal
concepção, pode-se inferir que, apesar da engenharia genética poder proporcionar certos
benefícios, essa prática é uma ameaça à dignidade humana e, portanto, é antiética.
A engenharia genética pode beneficiar a sociedade quando é utilizada para tratar
doenças e proporcionar uma maior qualidade de vida a indivíduos portadores de
doenças genéticas. No entanto, o uso dessa técnica de forma indiscriminada e ausente de
rigorosa regulamentação é uma ação antiética, assim como aponta Kant na obra
supracitada. Isso ocorre, pois essa técnica pode proporcionar a utilização da genética
para a escolha de características de um feto como sexo e cor de olhos ou cabelos, com
base nas vontades dos pais, uma atitude que, se universalizada, implica riscos à vida
humana, uma vez que pode levar o desequilíbrio da população de homens e mulheres, e
diminuir drasticamente a variabilidade genética da espécie humana. Desse modo, a
engenharia genética quando utilizada para fins estéticos deve ser evitada, visto que
traz severos riscos à população humana.
Entre esses riscos, pode-se citar a possível homogeinização das características
humanas, devido a preferências por determinados caracteres de acordo com padrões
estéticos pré-estabelecidos no meio social, os quais, muitas vezes, seguem fenótipos
europeus como nariz fino, olhos claros e cabelos loiros, como resultado do eurocentrismo
ainda enraizado na mentalidade social. Portanto, outros fenótipos típicos de outras
nacionalidades, seriam desprezados, o que configuraria uma atividade claramente
discriminatória e prejudicial a variabilidade genética da espécie humana. Segundo
Charles Darwin, em ‘A origem das espécies’, a multiplicidade de características é
essencial para o sucesso evolutivo de uma população, visto que proporciona maior
resistência a possíveis enfermidades e adversidades do meio ambiente em que vive, logo,
fica perceptível que a preferência por certos fenótipos é um risco à vida e à dignidade
humana.
A engenharia genética, portanto, é uma ação antiética caso praticada sem uma
rigorosa regulamentação, conforme estabelecido na tese Kantiana, uma vez que,
embora possa proporcionar certos benefícios à humanidade, essa técnica representa
uma ameaça à vida humana quando utilizada para fins estéticos. Essa aplicação pode
levar à homogeinização da espécie e da população humana, como defendido por Darwin
em sua obra.”
@feerorato
Página 24
Sem título (45,455)
“O avanço da engenharia genética tem se mostrado, nos últimos tempos, um centro de
discussões no âmbito da ética e um divisor de opiniões que transgride a tradicional
bipolarização entre liberais e conservadores, devido ao seu caráter controversso. Apesar
de representarem um campo defensável no que tange à prevenção de doenças e à
existência de uma alternativa para a gravidez – a fertilização in vitro -, as técnicas de
manipulação mostram-se problemáticas quando se trata da possibilidade de existir uma
espécie de “encomenda” de bebês: a escolha do sexo e da altura e o melhoramento das
capacidades física e cognitiva de indivíduos que ainda nem chegaram a nascer. Nesse
sentido, a biogenética ameaça a dignidade humana, na medida em que aponta para
uma ideologia pautada na eugenia e para a ampliação das desigualdades sociais.
Em primeiro lugar, a manipulação de características genéticas para a geração de
humanos considerados melhores possui caráter eugenista e pode ser comparada às
pesquisas médicas realizadas no período do Nazismo. Durante a expansão do regime e
da ideologia nazista, a ciência do século XX foi fortemente marcada pelo estudo da “raça
pura” e pela influência de teorias racistas, o que impulsionou a busca pela “purificação”
da população alemã e resultou no holocausto de milhões de judeus. O melhoramento
genético, de forma análoga, é uma ameaça à dignidade humana, já que possibilita que a
discriminação seja a base da formação de novas populações. Um exemplo disso é a
sexagem, a partir da qual a seleção do sexo do bebê pode estar associada ao preconceito
contra a mulher e, assim, implicar um desequilíbrio no contingente de homens e
mulheres e um mundo mais hostil para estas. Pode-se, portanto, construir uma analogia
entre os desdobramentos da engenharia genética e as consequências da medicina
eugenista aliada de governos genocidas e autoritários do século passado.
Ademais, a biogenética pode simbolizar um fator de avanço das desigualdades sociais
que afligem o mundo contemporâneo: ao mercantilizarem características genéticas -
tornando bebês meras “encomendas”-, as empresas da área da saúde estarão permitindo
que famílias em situação financeira privilegiada selecionem aspectos físicos e cognitivos
que favoreçam a vida de seus futuros filhos. Consequentemente, a disparidade
socioeconômica entre os indivíduos pobres e ricos será ampliada, e os primeiros terão
um acesso ainda mais restrito ao âmbito social e ao mercado de trabalho. Desse modo, a
engenharia genética é capaz de ampliar a marginalização de pessoas pobres - às quais a
técnica de melhoramento genético será intangível - e, então, comprometer a dignidade
humana.
Dessa maneira, a biogenética, embora possua aspectos positivos e eticamente
defensáveis - a prevenção de doenças e a fertilização in vitro -, é uma ameaça à
dignidade humana, tendo em vista que pode permitir que a discriminação materialize-
se nas próximas gerações, conforme o projeto nazista. Além disso, é capaz de acentuar
as desigualdades sociais, na medida em que pode tornar o melhoramento genético uma
mercadoria acessível somente a indivíduos privilegiados.”
@dudamarson
Página 25
Distopia da engenharia genética (45,455) 
“Desde que surgiu, a engenharia genética atraiu a atenção de muitas pessoas, devido
a suas contribuições com a humanidade. No entanto, o que mais interessou artistas,
escritores e cineastas foram as possibilidades de desastre a partir da manipulação do
genoma das espécies. Apesar de muitas obras criadas relacionadas ao assunto serem
voltadas ao ficcional, é possível que a tecnologia de edição de genes cause, sim,
problemas. Ou seja, a engenharia genética pode ser uma ameaça, principalmente à
dignidade humana, devido à possibilidade de ser usada como instrumento de
discriminação e como arma biológica.
É evidente que algumas características humanas são mais desejadas que outras,
porém, até então, ter ou não determinado aspecto (para a maioria deles) era uma
questão apenas de probabilidade. Agora, com a engenharia genética, tornou-se possível
escolher características do feto (como a cor dos olhos e o sexo). Assim, a tecnologia pode
atuar comoinstrumento de discriminação, uma vez que, segundo dados de clínicas que
realizam esses procedimentos, os pais priorizam as características consideradas
“melhores” no lugar onde moram – como olhos claros em países em que predomina a cor
castanha e o sexo masculino em locais onde a mulher ainda é considerada inferior.
Ademais, a manipulação genética também pode ser usada de forma perigosa em
outras espécies. Graças à tecnologia de edição é possível alterar o genoma de animais ou
vírus para torná-los letais aos seres humanos e utilizá-los como armas biológicas. Já
retratado em obras, esse uso da engenharia genética é exemplificado na série
‘Biohackers’, na qual uma das protagonistas insere em alguns mosquitos o vírus
potencializado de uma doença já existente e em seguida libera os animais em um trem,
levando à contaminação de várias pessoas.
Em suma, apesar de ser uma tecnologia com benefícios, a engenharia genética também
pode ser perigosa. Ou seja, se usada de maneira inadequada, torna-se uma ameaça à
dignidade humana, contribuindo com o problema da discriminação e com a criação de
armas biológicas. Em outras palavras, os mundos distópicos descritos em livros, filmes e
outras obras não são apenas fruto da imaginação.”
@barbatejulia
Página 26
Sem título (45,455) 
“No século XIX, surge o positivismo, corrente filosófica de Auguste Comte que defendia
a extrema importância da ciência, porque ela seria responsável por promover o avanço
e progresso da civilização, que se tornaria cada vez melhor e mais consistente. No
entanto, ao se observar a realidade atual, constata-se que descobertas científicas nem
sempre produzem apenas benefícios. Tal aspecto é notado na discussão sobre a
engenharia genética, área que, apesar de prometer soluções positivas, como tratamento
ou prevenção de doenças ainda sem cura, ameaça a dignidade humana. Isso se deve
pois, em um contexto de onipresença do consumo, o homem passa a entender a vida
como produto personalizável. Somado a esse problema, a edição do DNA também
oferece risco à saúde devido à falta de conhecimento e respeito da biotecnologia.
Num cenário em que o consumo interfere nas mais diversas esferas do cotidiano, a
sociedade tende a aplicar a lógica de compra na compreensão da engenharia genômica.
Acostumados a encomendar diversas mercadorias personalizadas – joias, carros, roupas
e outros objetos que atendem a preferência - os indivíduos acreditam que, por meio da
manipulação genética, seria possível escolher fenótipos que satisfaçam seus gostos
pessoais. Nessa óptica, muitas famílias desejam pagar para que essa técnica seja
empregada em fertilizações artificiais, com o intuito de se criar filhos ideais “sob
encomenda”. Desse modo, os pais determinariam a cor dos olhos, a estatura e até mesmo
o nível cognitivo da futura criança, contanto que se pague bem. Portanto, permitir que
tal tecnologia seja usada para esses fins viola a dignidade dos seres humanos, já que isso
acarretaria uma competição para se gerar pessoas “perfeitas”. Assim, aqueles que não
fossem dotados de características vantajosas seriam considerados piores e inferiores, o
que levaria à exclusão de direitos e de melhorar oportunidades. Como é possível se gerar
uma série de desigualdades sociais, não se deve empregar o melhoramento genético sob
tais condições de uso.
Além dessa questão, as alterações genéticas são uma ameaça a vidas, tendo em vista
que essa prática ainda não apresenta resultados que comprovem sua segurança. Nesse
sentido, não existem provas conclusivas que demonstrem que as mudanças genéticas
usadas para cura de doenças causariam ou não efeitos colaterais, o que poderia
provocar problemas ainda mais graves. Por esse motivo, não se justifica arriscar
pessoas como se vem fazendo. Por exemplo, há várias denúncias de laboratórios que
ferem princípios bioéticos para realizar seus experimentos. Um caso famoso ocorreu na
China, onde cientistas manipularam o DNA de embriões que apresentaram AIDS a fim
de se encontrar uma forma de reverter a imunodeficiência. Diante disso, nota-se que a
edição genética em nome do progresso e a dignidade individual é negligenciada.
Logo, a engenharia genética ameaça a dignidade humana, uma vez que é pensada
para se criar seres como mercadoria personalizada. Ademais, vidas podem ser perdidas
em experimentos que não garantem segurança nem eficácia no tratamento de
enfermidades. Depreende-se disso que a ciência não necessariamente é usada a fim de
promover mudanças positivas na sociedade, como preservar propusera o filósofo
Comte.”
@lemiyuki_ito
Página 27
Construção do homem (45,455) 
“No filme ‘Eu robô’, Will Smitch é um humano inserido em um mundo dominado por
robôs disfarçados de humanos e que seguem suas rotinas normalmente. Entretanto, após
o protagonista descobrir a verdade acerca dos robôs, ele passa a ser perseguido pelas
máquinas criadas a partir da engenharia. De forma semelhante a apresentada no
longametragem, a engenharia genética também é capaz de modificar indivíduos parte-
a-parte e dar origem a um novo ser. Diante disso, apesar da engenharia genética
contribuir para o tratamento e a prevenção de doenças, ela também pode ser
responsável pelo fim da diversidade, uma vez que coloca em risco a dignidade do
homem.
Em primeira análise, deve-se depreender que a engenharia genética pode encerrar a
pré-disposição às doenças hereditárias. Ao considerar a capacidade de inserir,
modificar ou mesmo deletar genes em um organismo, torna-se possível alterar o
funcionamento e a estrutura de proteínas presentes no corpo de um indivíduo e, dessa
forma, intervir no surgimento de doenças ou no desaparecimento de características
imunitárias. Com isso, torna-se possível previnir e tratar doenças relacionadas a
problemas genéticos como o câncer e a pré-disposição à diabetes e à hipertensão em
pessoas que apresentam algum histórico familiar desses enfermos. Assim, a engenharia
genética interfere nas características exclusivas de um ser, ameaçando sua dignidade.
Além disso, vale ressaltar que a escolha de características pode ser responsável por
desconstruir a diversidade cultural e étnica em escala global. Segundo o filósofo Michael
J. Sandel, a engenharia genética “abriu portas” para modificar a natureza do homem e,
dessa forma, conseguir um resultado melhor que o encomendado por meio do
melhoramento das aptidões físicas e mentais. Contudo, tal feito pode inferir dilemas em
costumes culturais de diversas populações, como a descrença religiosa, uma vez que o
homem passa de criação para criador. Outrossim, a possibilidade de mudar
características fenotípicas de uma pessoa pode resultar na homogenização da
população em torno de um único padrão de beleza, o que terminaria com as diferenças
únicas de cada invidivíduo. Nesse sentido, a engenharia genética coloca em risco a
dignidade do homem dentro de uma sociedade marcada pelo positivismo.
Depreende-se, portanto, que, apesar da engenharia genética permitir avanços na
medicina, ela também torna-se um possível causador do desaparecimento de culturas e
características de um povo. Nesse contexto, caso a engenharia genética não seja
utilizada com cautela, cenários como o de ‘Eu robô’ podem deixar de serem ficção e o
homem ser montado como uma máquina.”
@rs_santooss
Página 28
A postura de recusa diante da maquinaria genética (45,455)
“No livro ‘Claro Enigma’, de Carlos Drummond de Andrade, o eu lírico é surpreendido
pela ‘Máquina do Mundo’, a qual lhe revelaria todas as respostas do universo.
Entretanto, ele a rejeita e continua a caminhar. Tal conduta de recusa deve ser
realizada pela sociedade contemporânea perante o potencial da engenharia genética,
visto que representa uma ameaça iminente à dignidade humana. Esse dilema vai de
encontro à Ética idealizada pelas civilizações, ao passo que é capaz de editar
geneticamente padrões de comportamento e características produtivas, as quais estão
submetidas ao biopoder e visam ao rompimento com a diversidade social.
Em primeira análise, sob esse viés, é fundamentalpontuar que devem existir
limitações ao uso da engenharia genética, já que ‘nem tudo que é cientificamente
possível, é eticamente aceitável’. Conforme denota o pesquisador Van Potter, a
emergência de novas biotecnologias – como a transgenia e os organismos geneticamente
modificados (OGM’s) – não deve se sobrepor aos preceitos da Ética humana. Esta, para
Immanuel Kant, é superior à moral e transcende a temporalidade. Nessa perspectiva, o
dilema ético está na possibilidade tecnológica parental acerca da escolha de
características fetais, majoritariamente aspectos caucasianos: homem, loiro, magro e
olhos claros; bem como benefícios musculares e cognitivos. Dessa maneira, a
manipulação genética representa uma ameaça iminente à Ética humana, à medida que
seleciona o rompimento com a diversidade, condição natural e essencial à vida.
Embora a Revolução Verde tenha proporcionado às civilizações avanço nas áreas da
biotecnologia e da saúde, através da prevenção e do diagnóstico de doenças, a
engenharia genética está sujeita à ação do biopoder. Este mecanismo, para Michel
Foucault, atua na determinação de padrões sobre os corpos. Nessa óptica, a dignidade
humana torna-se moldável conforme as exigências produtivas, haja vista a escolha
genética de padrões que seguem as normas estabelecidas e desejáveis. Ademais, ao
selecionar artificialmente a natureza das características pré-estabelecidas, o homem
torna-se produto desse mercado de genes, o qual determina padrões e perpetua estigmas.
Assim, a dignidade humana começa a ser ameaçada pela mercantilização produtiva de
características fetais, alvos da engenharia genética.
Em suma, a dignidade humana está sob ameaça dos mecanismos da engenharia
genética, a qual tem a potencialidade de determinar padrões e comportamentos,
rompendo com a Ética humana. Diante da capacidade seletiva da transgenia e dos
OGM’s, a escolha de características fetais visa à lógica produtiva das sociedades,
condicionada pelo biopoder a que essa escolha está submetida. Desse modo, torna-se
necessária a postura de recusa do homem contemporâneo perante a ‘Máquina do
Mundo’, metonimicamente representada pela edição gênica, capaz de fornecer respostas
– a maquinaria genética - a fim de que as sociedades sejam capazes de ‘continuar a
caminhar’ de acordo com seus preceitos éticos e sua diversidade natural.
@leomobiglia
Página 29
Sem título (45,455)
“No livro ‘Admirável Mundo Novo’ de Aldous Huxley, é apresentada a sociedade Pós-
Ford, onde os cidadãos são todos gerados artificialmente, em laboratórios controlados
pelo governo. Por meio de biotecnologia, certos indivíduos são melhorados
geneticamente, criando-se os ‘Alfas’, os quais formam a camada social mais privilegiada.
A história, apesar de fictícia, se aproxima cada vez mais da realidade atual, em que há
o progressivo desenvolvimento e uso da biogenética e alerta sobre suas catastróficas
consequências. Assim, a engenharia genética, embora trate e previna doenças, ameaça a
dignidade humana, uma vez que pode intensificar preconceitos e criar uma elite
biológica.
A biogenética, ao manipular determinados genes, pode supervalorizar certas
características e estimular a intolerância. A nova tecnologia permite que fatores
genéticos, inclusive os somente estéticos, sejam previamente selecionados, gerando seres
humanos praticamente manufaturados. Entretanto, as características escolhidas e
favorecidas podem reforçar estigmas já existentes na sociedade, como a valorização do
sexo masculino, da pele branca e da magreza. Dessa forma, engenharia genética
impediria a diversidade e pluralidade, gerando indivíduos semelhantes e intensificando
o preconceito contra o diferente, que não apresenta os fatores genéticos (e estéticos)
cultuados socialmente. Consequentemente, a dignidade dos divergentes seria ameaçada.
Além disso a biogenética ainda é um setor extremamente caro e inacessível. O seu alto
valor permite que apenas os mais ricos tenham acesso à moderna tecnologia e possam
usar mecanismos de melhoramento genético. Em ‘Admirável Mundo Novo’, por exemplo,
os ‘Alfas’ são mais altos e inteligentes e controlam os melhores cargos. Assim, a elite
econômica se tornaria também uma elite biológica, tendo recursos para gerar herdeiros
com características valorizadas, promovendo uma desigualdade biológica que ameaça a
dignidade dos menos favorecidos.
Portando pode-se entender que a engenharia genética, apesar de importante para o
tratamento de doenças, é uma ameaça para a dignidade humana, pois reforçaria
estereótipos e preconceitos e privilegiaria as classes mais abastadas.”
@manu_marqs
Página 30
Sem título (45,455)
“No mundo contemporâneo, predomina o 'meio técnico-científico-informacional',
conceito do geógrafo Milton Santos, o qual refere-se à regionalização espacial que usa
técnica, ciência e informação como parâmetros. Nesse contexto, a engenharia genética
mostra-se promissora, pois usa esses três meios para beneficiar a humanidade. Por outro
lado, ela apresenta um dilema: ao se tratar da escolha do sexo de filhos e de 'melhorar'
capacidades das pessoas, há ameaça a dignidade humana, porque ela reitera lógicas
positivistas e intolerantes.
Vale ressaltar, a princípio, que as vantagens da engenharia genética são inegáveis.
Por meio dela, casais com infertilidade conseguem engravidar pela fertilização 'in
vitro', a produção de alimentos aumentou e novas vacinas e tratamentos de
enfermidades foram criados. Devido a esses fatos, muitas pessoas defendem a
engenharia genética sem ressalvas. Entretanto, usá-la para manipular a natureza
humana, como para aumentar a massa muscular ou o desenvolvimento cognitivo, segue
uma perspectiva positivista, criada pelo sociólogo August Comte, segundo a qual
('existem' rasurado) existe uma linha de progresso para a humanidade. Sob esse viés, ela
poderia ser usada para classificar pessoas entre 'avançadas' ou 'atrasadas', justificando
desigualdades e imperialismos. Dessa forma, evidencia-se que certos usos da engenharia
genética ameaçam a dignidade humana ao acentuar lógicas positivistas.
Ademais, é importante lembrar que a engenharia supracitada pode aumentar a
intolerância e a discriminação. O livro 'Extraordinário', que ganhou adaptação ao
cinema, aborda a intolerância ao retratar Augustus, uma criança que possui
deformações faciais, em seu primeiro ano escolar, mostrando as dificuldades da
sociedade em respeitar quem é diferente. De maneira análoga, na realidade, a
discriminação de pessoas diferentes é intensa, e o uso da engenharia genética para
'melhorar' certas características considera que os problemas são as pessoas, e não a falta
de aceitação. Assim, pessoas com nanismo, por exemplo, passam a ser vistas como 'erros'
que a engenharia genética poderia evitar. Portanto, tal uso da engenharia mostra-se
conivente à segregação social, contradizendo a dignidade humana.
A partir dessa análise, é possível perceber que a engenharia genética ameaça a
dignidade humana quando deixa de ser benéfica e passa a funcionar como mecanismo
de segregação. Isso pode ocorrer pela ('definição equivocada' rasurada) visão positivista
sobre o conceito de progresso e por interpretar que a diversidade é problemática, ao
invés da ('intolerância' rasurada - ilegível) intolerância. Com isso, deve-se ponderar os
usos da engenharia genética, para que ('crio' rasurada) crianças como Augustus não se
sintam ainda mais excluídas
@mariana_caruso
Página 31
Há barreiras que não se deve ultrapassar (45,455)
“É fato a importância da tecnologia no mundo moderno. Isso porque, com ela, tornou-se
possível aumentar a expectativa de vida das pessoas, curar doenças, facilitar a
comunicação entre os indivíduos, criar uma maior acessibilidade para deficientes, etc.
Apesar disso, a tecnologia não trás benefícios de forma igualitária para a humanidade.
Dentro desse contexto, encontra-se, aliás, a engenharia genética, que, apesar de ter
aspectos positivos, pode ameaçar a dignidade humana quando ultrapassa os limites da
bioética.
É importante, em um primeiromomento, entender o lado benéfico da engenharia
genética e como ela não ameaça a dignidade humana. Nesse sentido, é interessante
ressaltar que as tecnologias geradas por ela, a engenharia genética, são primordiais
para a manutenção e, até mesmo, para o melhoramento da atual qualidade de vida da
humanidade. Isso porque elas garantem o tratamento e prevenção de diversas doenças,
como Alzheimer, neoplasias, etc. Além disso, a engenharia genética também garante
que casais que, por algum motivo não possam vir a ter filhos, tenham-nos, já que ela
oferece diversas soluções, como fertilização in vitro, possibilidade de uso de barriga de
aluguel, dentre outras. Assim, entende-se que, nesses casos, a engenharia genética não
está sendo utilizada como uma formalizadora de preconceitos, pois ela não está
selecionando e nem mesmo privilegiando uma característica em detrimento das demais-
como ter um filho de pele branca em vez de negra. Dessa forma, essas tecnologias estão,
na verdade, contribuindo para o desenvolvimento da qualidade de vida da
humanidade, visto que elas possibilitam não só o tratamento e prevenção de doenças,
mas, também, a existência de soluções para variados problemas biológicos sem que,
para isso, formalize preconceitos - o que ultrapassaria os limites da bioética e, portanto,
feriria a dignidade humana.
É mister, em segundo plano, compreender que a engenharia genética pode ser
extremamente negativa para a humanidade e, dessa forma, ameaçar a dignidade
humana. Nesse sentido, considera-se que quando essas tecnologias ultrapassam a
barreira da bioética, isto é, permitem a formalização do preconceito por meio da
seleção de características em detrimento de outras, a engenharia genética passa a
ameaçar diretamente a dignidade humana. Isso porque, devido a essa ultrapassagem de
limites, essas tecnologias contribuirão para a formalização da superioridade de raças -
vista como geneticamente “melhores” - e, portanto, para a intensificação do preconceito.
Analogamente, essa noção etnocêntrica teve exemplos desastrosos na história, como no
caso da Alemanha Nazista, onde a ideia de uma “raça ariana” motivou a morte de
milhões de pessoas no século XX. Assim, se uma simples motivação teórica que não
possuía comprovações científicas da superioridade da raça ariana gerou essa terrível
consequência, é de se perguntar o quão pior seria se a superioridade se baseasse na
existência de um melhoramento genético nesse grupo. Logo, a engenharia genética, de
fato, pode ameaçar a dignidade humana.
Considerando, portanto, toda questão abordada, infere-se que a engenharia genética
possui dois lados: um positivo- quando ela possibilita o desenvolvimento da humanidade
sem que, para isso, formalize o preconceito - e outro negativo - quando ela ultrapassa o
limite da bioética. Há, de fato, barreiras que não se deve ultrapassar.”
@vinicius.sbaptista
Página 32
Sem título (43,182)
“Não é novidade o fato de que o ser humano anseia por um mundo moldado a sua
vontade e a seu gosto. Aldaus Hurley esboçou em seu livro ‘Admirável mundo novo’ um
Futuro em que tudo é feito ‘sob encomenda’, baseando-se no poder que a pesquisa
científica adquiriu no início do século XX, época em que o romance foi escrito. Passado
quase um século, a realidade proposta por Hurley tornou-se cada vez mais uma
profecia, uma vez que a engenharia genética tem permitido ao homem controle maior
de sua realidade.
Obviamente, no mundo real tais conquistas ainda não alcançaram aquelas descritas
na ficção, são apenas metáforas, mas o poder de escolha de como a pessoa deverá ser
(alta, baixa, loira, ruiva), por exemplo, mostra-se mais tangível do que nunca. Ainda
assim, há muita confusão no que concerne alguns procedimentos biotecnológicos,
ocasionando julgamentos equivocados acerca de tais estudos e dificultando a discussão
sobre os benefícios e ganhos trazidos pelas novas tecnologias genéticas. Um exemplo
benéfico é a prevenção a doenças que comprometem o bem-estar do ser humano, ou seja,
antes mesmo do nascimento seria realizada modificações dos genes maléficos,
possibilitando uma vida digna ao futuro recém nascido. Atualmente, tal processo ainda
não é realizado em humanos, mas para que seja, as pesquisas devem continuar, mesmo
que a aceitação pública não seja unânime, uma vez que ainda existam diversos dilemas
éticos envolvendo tais procedimentos.
Tais dilemas que cuja existência é de grande importância, visto que questiona os
limites da interferência no modelamento de futuras gerações e alerta sobre a possível
discriminação e desequilíbrio que a seleção de fenótipos pode gerar. Esta que incorpora
um relevante debate da sociedade atual, no que tange os padrões de beleza tóxicos
exaltados pela mídia e nas redes sociais, e que geram importantes fatores de segregações
social e cultural, além de agravarem as cobranças acerca da própria imagem.
Portanto, pode-se concluir que os estudos da engenharia genética são essenciais para a
espécie humana, isso quando voltados à prevenção de doenças e à aquisição de modos de
vida saudáveis, visando o bem-estar. No entanto, há de se criar extensa legislação
bioética, que deverá supervisionar e limitar a libertinagem na escolha de fenótipos, por
exemplo. Com essas restrições, a suposta ameaça a dignidade humana irá mostrar-se
falsa e a obra ‘Admirável mundo novo’ terá seu tom profético atenuado, uma vez que a
heterogeneidade humana é essencial ao mundo não ficcional.”
@caiov_luis
Página 33
Sem título (43,182)
“Na era da ciência, em pleno século XXI, observa-se o avanço da tecnologia e sua
integração ao cotidiano dos seres humanos. Nesse contexto, médicos, cientistas e
sociólogos debatem acerca da possibilidade do uso da engenharia genética ameaçar a
dignidade humana. De fato, sabe-se que essa área do conhecimento proporciona diversas
descobertas que melhoram a qualidade de vida das pessoas. Contudo, se não for
restringida, ultrapassa os limites da ética. Certamente, a dignidade da nossa espécie será
fragilizada, e os fatores para isso são o uso inadequado dessa ciência e sua capacidade
de gerar desigualdades.
De início, percebe-se que a engenharia genética pode ser facilmente utilizada com
finalidades inadequadas. Apesar de ter criado diversos bens, como a insulina artificial e
a soja crescente em clima tropical, a biotecnologia é capaz de promover atrocidades. O
homem não conhece os limites da natureza e deseja assumir papéis que não foram
designados a ele: o de criador. Os indivíduos, ignorantes e prepotentes, querem inventar,
a toda hora, tecnologias para otimizar o tempo e aumentar o lucro. Não seria diferente
com o corpo humano: músculos fortes, cérebro melhorado, mais beleza. Tudo isso
perpassa as regras impostas pela natureza, mas é alvo de conquista por alguns cidadãos
que querem modificá-la. Essa situação é análoga à distopia do escritor Aldous Huxley,
“Admirável Mundo Novo”: a história narra uma sociedade em que a tecnologia
substitui a reprodução e as pessoas são criadas em laboratório, manipuladas de acordo
com o interesse de um único chefe. Apesar de ficção, o enredo ilustra os caminhos a que
essa ciência pode levar a sociedade atual. Enfim, seu uso inadequado pode implicar
consequências perigosas.
Em seguida, percebe-se o grande poder da engenharia genética de criar diferenças.
Rompendo com as barreiras da ética, a modificação biológica dos indivíduos poderia
produzir características exclusivas e cobiçadas por muitos, mas que poucos teriam
acesso - os mais abastados. Seriam gerados superhumanos (fortes, inteligentes,
portadores de habilidades extraordinárias) ou, ainda, poderiam predominar etnias,
cores, sexos. Para a historiadora Marilena Chauí, a sociedade transforma,
constantemente, pequenas diferenças em grandes desigualdades. Diante disso, é evidente
que a biotecnologia, se ilimitada, seria propulsora de intenso segregacionismo e
discriminação. Os mais ricos e detentores das mudanças corporais estariam no topo de
uma hierarquia, julgando e excluindo quem não teve o mesmo acesso. Dentro dessalógica, os indivíduos retornariam a momentos indignos em que a desigualdade era
aceita e esqueceriam das diversas lutas pela isonomia de todos perante à lei.
Torna-se evidente, portanto, que a engenharia genética tem elevado potencial de
ameaça à dignidade humana. Não se pode permitir que essa ciência atue sem restrições.
Pelo contrário, deve ser limitada com o intuito de evitar atrocidade e desigualdades,
decorrentes de seu uso inadequado. É inconcebível que a natureza seja ultrapassada.”
@danielborgesf
Página 34
Ciência, produtivismo e desigualdade (43,182)
“No século XIX, em meio a antropologia evolucionista, as sociedades eram divididas em
mais ou menos desenvolvidas. Para reforçar a dicotomia, a ciência era utilizada como
ferramenta à provar empiricamente o que já se tinha como certo: a civilização branca
europeia era o auge do progresso, enquanto a outros povos cabia a inferioridade.
Atualmente, a ciência, inserida e usada sob um viés produtivista, também é utilizada
como reforço de preconceitos, por meio da engenharia genética, colocando em risco a
dignidade humana.
Quando o lucro é esperado, cabe à ciência ajustar os sujeitos à rotina produtiva.
Segundo o filósofo contemporâneo Michel Foucault, vivemos em uma sociedade
disciplinar, a qual molda os corpos a demandas impostas. Nesse sentido, a ciência, como
modeladora de corpos, é constantemente utilizada pelo capitalismo: por meio da
biotecnologia, propõe a melhora de características humanas, como cognição e
capacidade física, no fito de ajustar os indivíduos ao produtivismo imposto. Entre
pílulas para manter-se acordado na hora extra, a ciência passa agora a prometer o
melhoramento genético, o qual serve tão somente à limitação dos sujeitos, arriscando
sua dignidade, pois os destina a isto: o lucro. Desse modo, a biogenética, sob a égide do
capital, ameaça a dignidade humana, pois condena os indivíduos a uma espécie de
ditadura do lucro.
Ainda, a engenharia genética reforça preconceitos. De acordo com Jacques Derrida,
filósofo francês, algumas identidades são estabelecidas como ideais, por discursos
dominantes, exercendo poder. Diante disso, em uma sociedade que entende o homem
branco como o ideal, outras identidades, por contraste, são marginalizadas, renegando
sua dignidade. Ter o poder de escolha entre um bebê do sexo masculino, ao invés do
feminino; branco ao invés de negro, passa por uma sociedade que transforma diferenças
em desigualdades, colocando o diferente como subalterno, culminando em sua total
aversão. Sendo assim, entende-se que a biogenética coloca em perigo a dignidade
humana, pois tem o poder de reforçar desigualdades, à medida que a seleção de genes,
como cor ou sexo, por exemplo, perpassa por estigmas e preconceitos associados ao
contraste imposto pelo padrão, através de discursos hegemônicos.
Fica claro, portanto, que a engenharia genética ameaça a dignidade humana, uma vez
que está inserida em um contexto produtivista e desigual. Logo, enquanto tal
conjuntura não se alterar, a ciência hodierna se aproxima cada vez mais dos moldes do
século XIX.”
@deardan_
Página 35
Ferramentas amorais (43,182)
“Desde as descobertas de Mendel, considerado o pai da genética, sobre hereditariedade,
a partir de estudos com ervilhas até os dias atuais, a engenharia genética avança a
passos largos, tornando realidade processos, anteriormente, frutos exclusivos da ficção
como, por exemplo, a clonagem da ovelha Dolly. Porém, a manipulação genética,
levanta dilemas a respeito dos limites éticos estabelecidos, visto que há a possibilidade de
melhoramentos artificiais e a seleção de características pré-nascimento, que provocam a
errônea noção de que a engenharia genética ameaça a dignidade humana.
Em primeiro lugar, é importante salientar que a engenharia genética é uma ciência e,
assim como as outras, é uma ferramenta para a humanidade, o que a torna amoral, ou
seja, o seu uso definirá seu caráter, construtivo ou destrutivo. Esse último pode gerar
um mal-estar social. Segundo filósofos da Escola de Frankfurt como Theodore Adorno,
isso ocorre pelo uso do que ele chamou de razão instrumental, na qual a ciência torna-se
altamente destrutiva quando esvaziada de humanidade. Exemplo disso é o estudo da
radioatividade, que possibilitou avanços na medicina, no entendimento melhor dos
átomos, no setor energético, dentre outros, mas que levou também às bombas atômicas
em Hiroshima e Nagasaki.
Além disso, os benefícios superam as ameaças, uma vez que, a partir do Projeto
Genoma, cujo objetivo é o sequenciamento do DNA, o desenvolvimento de tratamentos e
prevenções de doenças com origem genética se intensificou. Isso tornou possível a
detecção de predisposição a doenças como câncer de mama através de análise genética,
que foi o caso da atriz Angeline Jolie, que optou pela retirada das mamas após consulta.
Há também a criação de orgãos em laboratório para transplante com uso das células do
próprio indivíduo, o que gera as chances de rejeição e se apresenta como alternativa
para reduzir as filas de espera nos hospitais.
É importante frisar ainda que as preocupações a respeito dos rumos da manipulação
genética são legítimas. Entretanto, é necessário que elas não impeçam estudos e avanços
futuros de forma que os cenários de criação de ‘humanos superiores’ inexista sem
prejudicar o debate de novas ideias. Para isso, medidas e tratados, como o de não
produção de armas nucleares, estejam em vigor e de acordo entre todos os países e
instituições científicas.
Em suma, a engenharia genética como ciência não ameaça a dignidade humana, pois é
apenas uma ferramenta. Todavia, o seu uso indiscriminado, isto é, sem limites claros
pode gerar um mal-estar social, já visto historicamente. Isso torna obrigatória a sua
supervisão para que seu potencial construtivo sobreponha-se ao destrutivo e favoreça a
sociedade.”
Fernando Prestes (15) 99680-8008
Página 36
Os riscos da Engenharia Genética sobre as mudanças socioculturais (43,182)
“Na obra cinematográfica Gataca, é ilustrado a existência de um cenário futurístico
do planeta Terra, no qual a utilização da Engenharia Genética constituia-se como a
principal ferramenta de determinação da estratificação social: aqueles que detinham as
características físicas mais valorizadas, ocupavam postos de maior prestígio social.
Embora seja ficção, a narrativa descrita converge com o momento vigente, uma vez que
o acelerado avanço tecnológico poderá ser usado para fins que não visem a melhoria da
saúde coletiva, mas sim aos interesses financeiros de entidades privadas e, também, à
perpetuação da mentalidade etnocêntrica de determinados fenótipos humanos.
Sob este viés, ressalta-se que os usos da manipulação genética são muito recentes no
contexto das ciências biológicas. Assim sendo, somente no século XX, após o famoso caso
da primeira clonagem realizada em mamíferos, que questionamentos sobre a ética
aplicada na genética foi sucitada em âmbito internacional. Logo, a ovelha Dolly - nome
com o qual ficou conhecido o clone - tornou-se um símbolo de alerta aos potenciais riscos
que este tipo de procedimento traria, uma vez que o uso dessa tecnologia poderia ser
utilizado de maneira indiscriminada por empresas privadas, as quais, em busca de
lucros, transformariam a ciência em comércio de genes.
Não obstante, a possibilidade de pré-determinar a aparência de bebês em fase de
gestação, ou até mesmo, a alteração de mapas cromossômicos de indivíduos adultos, pode
estar relacionado com os resquicios da mentalidade etnocêntrica e, sobretudo,
eurocêntrica. Nesse sentido, é possível notar que em muitos casos, o uso da engenharia
genética nem sempre está atrelado às melhorias de qualidade de vida individual, e sim à
seleção de caracteres que são socialmente valorizados, tais como: pele e olhos claros,
estatura elevada e corpos franzinos. Portanto, os antigos ideais do denominado
Darwinismo Social, teoria européia do século XIX, que pressupunha a superioridade de
raças humanas, parece emergir no contexto atual e está atreladadiretamente aos
melhoramentos gênicos.
Dessarte, é fato que engenharia genética, por deter um vasto potencial de aplicações,
poder-se-a constituir uma ameaça se não utilizada de forma coerente com os aspectos não
apenas biológicos, senão, também, às áreas de antropologia, sociologia e da própria
história da raça humana. Logo, investir na genética deve ter como objetivo a promoção
da qualidade de vida coletiva, isto é, ser um mecanismo capaz de difundir a harmonia
entre Homem, Terra e do futuro das próximas gerações.”
@junprossi
Página 37
Sem título (43,182)
“O desenvolvimento tecnológico ampliou os limites da ciência e foi responsável pela
alocação do ser humano como agente de destaque na condução do futuro. Não ao acaso,
Paul Cutzen, vencedor do prêmio nobel da química, denomina a atual fase geológica da
terra como ‘Antropoceno’, termo que deixa evidente a capacidade do homem de alterar
a natureza. Nesse contexto, o campo da engenharia genética se destaca na medida em
que questiona a própria natureza humana. Características que até poucas décadas atrás
eram fruto exclusivamente do acaso perderam seu caráter randômico diante de mãos
manipuladoras. Embasada por discursos morais e políticos que prometem uma vida
melhor, a detecção do genoma humano está sendo valorizada por permitir o tratamento
e a prevenção de uma série de doenças.
Entretanto, deve-se ressaltar que essa técnica afasta-se da utopia visto que encontra
barreiras éticas para sua efetivação. A possibilidade de alterar a essência genética de
uma pessoa, além de garantir vantagens voltadas para a saúde, permite a seleção de
caracteres socialmente valorizadas como a massa muscular e a cor dos olhos. Essa
motivação meramente estética contraria a automia proposta por Kant. Segundo esse
filósofo, deve-se prezar pela autogovernabilidade do ser, ou seja, minimizar influências
externas, o oposto do que a engenharia genética representa para a vida de um feto, por
exemplo.
Nesse sentido, soma-se ao dilema ético da manipulação genética, possíveis
consequências sociais que essa técnica pode provocar. A reiteração de padrões estéticos e
a restrição do procedimento de alteração gênica àqueles com alto poder aquisitivo podem
realçar as desigualdades socioeconômicas e incentivar práticas discriminatórias. Dessa
forma, o economista inglês Thomas Ricketty diria que a engenharia genética se
caracteriza como uma força de divergência, isto é, um fator que dificulta ainda mais a
obtenção de uma sociedade coesa e igualitária.
Diante de todos os seus possíveis impactos, conclui-se que a prática da engenharia
genética é uma ameaça à dignidade humana. Embora permita a prevenção e o
tratamento de algumas doenças debilitantes, essa técnica pode ser apropriada para fins
meramente estéticos, o que afetaria a individualidade e a autonomia do ser, podendo
ainda provocar desigualdades socioeconômicas.”
@lu_parmig
Página 38
O início, o fim e o meio (40,909)
“O que nos torna humanos? Não são nossas vestes, o caminhar bípede ou nossa grande
capacidade de adaptação, mas sim a certeza da morte. A partir da consciência do
inevitável tentamos, a todo custo, retardar esse momento final e otimizar o breve
intervalo de tempo chamado vida. O grande problema e como essa ‘otimização’ se faz
presente. Tendo em vista o atual nível técnico e científico em breve essa interferência
poderá ser induzida mesmo antes do nascimento. A engenharia genética se desenvolve
rapidamente, mas não é acompanhada por uma melhora em aspectos cruciais da
sociedade como a desigualdade social e acesso à educação, por exemplo.
Há quem diga que a engenharia genética ameaça a dignidade humana sem abrir os
olhos para uma realidade em que grande parcela da espécie já não a possui, haja vista
nos conflitos armados e outras situações causadas pelo egoísmo humano. O grande
problema não está no avanço científico em sí, mas na lógica ‘vencedor versus perdedor’
na qual estamos imersos. Por qual razão haveria de se melhorar a capacidade muscular
ou intelectual de um ainda não nascido se não para que ele subjulgasse os demais?
Todavia, deixando de lado o viés pessimista e inevitável, podemos imaginar um
mundo em que essas mudanças genéticas não sejam motivadas por interesses
mesquinhos. A alteração genética se destina a um aprimoramento, melhoria essa que
não seria uma decisão daquele prestes a nascer, interferindo diretamente na liberdade
de escolha do referido indivíduo, que, para ser aceito, precisaria se encaixar na posição
a qual foi predestinado.
O avanço científico e tecnológico nas mãos de uma sociedade falha é uma adaga de
dois gumes. Já se viu conhecimento nuclear se tornar arma de destruição em massa e o
domínio da técnica ser motivo de segregação intelectual. Invariavelmente o avanço
científico virá, e talvez ele se faça mais temido que a própria morte.”
Página 39
Sem título (40,909)
“A meiose é um fenômeno biológico extremamente importante para a fecundação, visto
que a duplicação de células diploides em haploides é essencial para a seleção de genes que
serão responsáveis na formação do embrião. Porém, a escolha de determinadas
características durante a fase meiótica acontece de maneira aleatória, o que pode
acarretar no surgimento de deficiências e doenças que prejudiquem o individuo. Diante
disso, a engenharia genética propõe melhorar a dignidade humana por interferir e tal
processo natural, uma inverdade, pois promove maior persistência e letalidade de
doenças virais e bacterianas e a padronização da sociedade, o que configura uma
ameaça ao homem.
Em primeira análise, é necessário salientar que, um dos grandes motivos para aderir a
engenharia genética, é a possiblidade de melhor tratamento e prevenção para doenças
virais e bacterianas. Todavia, segundo a renomada teoria da seleção natural elaborada
por Darwin, a natureza seleciona os individuos, sejam animais, plantas, vírus ou
bactéria, que melhor se adaptaram com as condições daquele determinado ambiente.
Com isso, seres humanos geneticamente modificados estimulam doenças bacterianas e
viroses se tornarem mais resistentes para sobreviverem a esses organismos melhorados e
poderem a adentrá-los. Logo, o desenvolvimento da engenharia genética acarreta em
epidemias mais graves e letais, o que ameaça profundamente a dignidade humana.
Outrossim, ressalta-se que, de acordo com João Batistiolle, em seu artigo ‘Bebês sob
medida’, é condenável qualquer técnica quando o objetivo é a realização de um simples
desejo ou anseio. Dessa maneira, em concordância o com o posicionamento do professor
da PUC-SP, a escolha do sexo, etnia e outras características humanas devem ser evitadas
e duramente criticadas por promover o apagamento de grupos socialmente
inviabilizadas como mulheres, negros, pessoas com deficiência, entre outros. Assim, a
engenharia genética, pelo processo de eugenia e padronização da sociedade em modelos
considerados ideais, ameaça a dignidade humana e a sua diversidade.
A engenharia genética, portanto, arrisca a perda da dignidade humana, pelo maior
desenvolvimento e agravamento de doenças bacterianas e virais de acordo com a teoria
darwiniana. Ademais, tal ameaça deve ser repudiada por incentivar o apagamento da
diversidade do ser humano para conquistar tipos de corpo, gênero, raça, entre outros
considerados ideais. Destarte, é necessário o debate acerca da problemática, para que
processos naturais do organismo, como a meiose, não parem de acontecer.”
@leuuuzinho_
Página 40
De ovelha Dolly à Revolução Verde e ameaça da espécie: o caráter ambivalente 
da biotecnologia (40,909)
“O surgimento da engenharia genética trouxe inúmeros benefícios à vida humana; a
Revolução Verde, por exemplo, desmistificou a Teoria Malthusiana acerca da falta de
alimentos ao viabilizar a seleção de sementes e a transgenia. Por outro lado, a introdução
dos genes humanos em bactérias permitiu a produção de insulina para a aplicação em
pacientes diabéticos. Essa nova realidade, entretanto, impôs tambêm novos desafios, pois
para alguns, essa tecnologiapode transgredir barreiras éticas e ameaçar a dignidade
humana. No entanto, tal pensamento mostra-se incoerente, pois se usada com cautela, a
bioengenharia apenas atuará para o beneficiamento da espécie.
Convêm ressaltar, à princípio, que o modo acerca das possibilidades geradas por essa
tecnologia não é recente. No passado, muitos indivíduos tentaram desqualificar a
clonagem da ovelha Dolly, um dos maiores marcos da biotecnologia, sob o preceito de que
a ocasião abriria caminho para a manipulação genética da própria espécie como a
escolha de bebês com características específicas. Em uma sociedade marcada pelo capital,
onde o corpo é uma extensão do mercado, esse medo se expandiu entre a comunidade
científica. Nota-se, contudo, que essa realidade não se concretizou, tendo em vista que
ainda há um longo caminho a ser percorrido para a obtenção de características tão
específicas como a escolha do sexo e cor dos olhos.
Além disso, é importante destacar que há uma linha tênue entre o que é considerado
ético e antiético no saber científico. Assim, enquanto alguns observam as futuras
atuações da biotecnologia como ameaça à espécie, outros observam-na como uma
possibilidade de alcançar a excelência em aspectos físicos e cognitivos. Para João
Batistiolle, professor de bioética, o debate acerca das implicações da biotecnologia
permitem, pois na ciência, tende-se a condenar motivações baseadas no “desejo”. Por outro
lado, o seu uso precisa ser cauteloso para que os seus resultados não resultem em maiores
obstáculos à vida humana. Esse cenário pode ser observado brevemente na série “Utopia”,
em que o personagem ao criar uma carne vegetal, com o auxílio da bioengenharia,
contribui para um surto viral no país.
Logo, nota-se que a engenharia genética não ameaça a dignidade humana, tendo em
vista que desde o seu surgimento, tem atuado no beneficiamento da espécie. Todavia, uma
vez que é permeada por uma linha tênue entre ético e ático, tal tecnologia deve ser
utilizada com preucações para evitar o surgimento de obstáculos que ela mesma busca
ultrapassar.”
Página 41
Sem título (36,364) 
“Atualmente, os avanços da ciência e da tecnologia desempenham um papel crucial na
sociedade. Tais avanços, como as crescentes descobertas no campo da engenharia
genética, contribuem, quando utilizados com responsabilidade, para a melhoria da
dignidade de milhares de pessoas, ao combater doenças e também a fome mundial, entre
diversos outros benefícios.
Deste modo, percebe-se que a engenharia genética trouxe um aumento na qualidade
de vida das pessoas ao, por exemplo, possibilitar a produção de insulina utilizando a
técnica de DNA recombinante nos plasmídeos de certas bactérias. Devolvendo assim, a
dignidade aos diabéticos que necessitam dessa insulina para sobreviver. Além disso,
graças aos pesquisadores dessa área, foi possível que houvesse a chamada Revolução
Verde, na qual, por meio de melhoramento genético, permitiu que a produção de
alimentos crescesse exponencialmente nos últimos anos, ajudando a combater a fome,
uma das principais ameaças à dignidade humana.
Por outro lado, é necessário ressaltar que a engenharia genética, apesar de crucial,
pode também ser utilizada para fins banais, tais como possibilitar a escolha de
características genéticas supérfluas dos bebês (com alterar a cor de seus olhos, por
exemplo). Para isso, há em todo o mundo comitês de bioética. Entidades responsáveis
pela não banalização do uso da ciência, de modo a assegurar que a dignidade humana
não seja ameaçada e sim, valorizada.
Portanto, fica claro que a engenharia genética aliada a princípios éticos é capaz de
gerar melhoria em diversas áreas, contribuindo para a manutenção da saúde e bem
estar da população por meio da cura de doenças, produção de remédios e até de
alimentos, entre muitas outras coisas! Promovendo assim mais dignidade àqueles que se
beneficiam de seus constantes avanços.”
@myrnaguernelli
Página 42
MODELOS DE RESOLUÇÃO:
QUESTÕES DISCURSIVAS
Visando a preocupação de todos os vestibulandos em como elaborar respostas para
as questões dissertativas e, ainda, acertá-las da maneira mais eficiente, decidimos
trazer dois modelos de respostas nota máxima para cada questão presente no segundo
dia do vestibular 2021 da Unifesp.
É importante salientar que as questões selecionadas para integrarem esta cartilha
passaram por analises pautadas nos critérios de correção disponibilizados pela Vunesp
na data em que foi liberada a primeira chamada. Nesse sentido, uma vez que a
instituição não fornece as notas individuais de cada questão, aquelas presentes a seguir
são as que apresentam maiores chances de terem recebido nota máxima.
Esperamos, com isso, que as informações abaixo sejam úteis para o treinamento das
questões discursivas de todos vocês.
Critérios de correção:
https://documento.vunesp.com.br/documento/streampriv/MjA5NzQ0MQ%3d%3d
Página 43
https://documento.vunesp.com.br/documento/streampriv/MjA5NzQ0MQ%3d%3d
Questão 1
Algumas amebas podem causar doenças ao ser humano. A Entamoeba histolytica geralmente convive
bem com nossa espécie, não causando disfunções orgânicas, mas, em determinadas condições, ela se
torna patogênica e causa a amebíase, que pode provocar diarreia, anemia e até a morte.
(www.invivo.fiocruz.br. Adaptado.)
a. Caso a ameba Entamoeba histolytica fosse inserida em um recipiente com água marinha, ela não
sobreviveria. Por que isso ocorre?
b. Cite a fase do ciclo de vida da Entamoeba histolytica na qual ocorre o contágio do ser humano.
Explique por que pessoas com quadros mais graves de amebíase podem desenvolver anemia.
Página 44
http://www.invivo.fiocruz.br/
Questão 2
A síndrome de Kartagener é um distúrbio genético que impede a síntese da proteína dineína,
necessária à função dos microtúbulos. Sem a dineína, algumas estruturas celulares não se
movimentam, como aquelas presentes nas vias respi- ratórias, nas paredes da tuba uterina e nos
espermatozoides, causando prejuízos à eliminação de muco pelos brônquios e à fertilidade masculina e
feminina.
a. Cite as duas estruturas celulares, uma presente nas vias respiratórias e outra nos espermatozoides,
que têm o mo- vimento prejudicado pela falta da dineína.
b. Por que uma mulher portadora da síndrome de Kartagener tem maior chance de desenvolver uma
gravidez na tuba uterina? Explique como a medicina reprodutiva pode fazer com que um homem com
essa síndrome seja pai.
Página 45
Questão 3
Ao longo da diferenciação de uma hemácia a partir do eritroblasto, a célula sintetiza hemoglobinas,
perde seu núcleo e organelas e migra para a corrente sanguínea. No citoplasma de uma hemácia
humana adulta existem cerca de 250 milhões de moléculas de hemoglobina.
a. Cite a organela responsável pela produção de hemoglobina no eritroblasto. Em que local do corpo
humano adulto são produzidos os eritroblastos?
b. Suponha um experimento em que uma hemácia adulta foi colocada em um tubo de ensaio e mantida
fechada em contato com certo volume de gás oxigênio. O volume de gás oxigênio foi monitorado,
visando verificar o consumo desse gás na síntese de ATP. Considere o gráfico, que ilustra três
possíveis variações no consumo de gás oxigênio durante o experimento.
Qual curva do gráfico representa o consumo 
de gás oxigênio utilizado no processo 
metabólico realizado pela hemá- cia adulta 
para sintetizar ATP? Justifique sua resposta.
Página 46
Questão 4
O incêndio no Pantanal está devastando a fazenda São Francisco do Perigara, santuário que concentra
15% da população livre da espécie de arara-azul Anodorhynchus hyacinthinus, ameaçada de extinção.
A propriedade já perdeu 70% dos cerca de 25 mil hectares, quase tudo vegetação nativa. O motivo da
concentração de araras na fazenda era a associação entre esses animais, o acuri (Attalea phalerata,
tipo de palmeira que produz frutos com polpa) e os bois. Antes das queimadas era comum ver as
araras perto dos bois para se alimentar. O gado vai para a mata, come a polpa do acuri e deixa

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