Buscar

TCC Odontologia PDF

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 123 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 123 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 123 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS 
Faculdade de Odontologia 
Graduação em Odontologia 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
 
 
 
 
 
Processo de trabalho, condições sociais e de saúde bucal de crianças 
institucionalizadas na Casa da Criança São Francisco de Paula – Pelotas/RS 
 
 
 
 
Luiza Beatriz Thurow 
Marcieli Dias Furtado 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pelotas, 2018 
 
2 
 
Luiza Beatriz Thurow 
Marcieli Dias Furtado 
 
 
 
 
 
Processo de trabalho, condições sociais e de saúde bucal de crianças 
institucionalizadas na Casa da Criança São Francisco de Paula – Pelotas/RS 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Faculdade de Odontologia 
da Universidade Federal de Pelotas, como 
requisito parcial à obtenção do título de 
Cirurgiã-dentista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Tania Izabel Bighetti 
 
Coorientadora: Prof. Dra. Josiane Luzia Dias Damé 
 
 
 
Pelotas, 2018 
 
3 
 
Luiza Beatriz Thurow 
Marcieli Dias Furtado 
 
 
 
Processo de trabalho, condições sociais e de saúde bucal de crianças 
institucionalizadas na Casa da Criança São Francisco de Paula – Pelotas/RS 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado, como requisito parcial, para obtenção 
do grau de Cirurgiã-dentista, Faculdade de Odontologia, Universidade Federal de 
Pelotas. 
 
 
 
 
Data da defesa: 19/03/2018 
 
 
 
 
 
 
 
Banca examinadora: 
 
Profa. Dra. Tania Izabel Bighetti (Orientadora) 
Doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de 
São Paulo 
 
Prof. Dr. Eduardo Dickie de Castilhos 
Doutor em Epidemiologia pelo Programa de Epidemiologia da Universidade Federal de 
Pelotas 
 
Profa. Dra. Gabriela dos Santos Pinto 
Doutora em Odontopediatria pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia da 
Universidade Federal de Pelotas 
 
Profa. Dra. Lisandrea Rocha Schardosim (suplente) 
Doutora em Estomatologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio 
Grande do Sul 
 
 
https://www.escavador.com/sobre/24537677/pontificia-universidade-catolica-do-rio-grande-do-sul
https://www.escavador.com/sobre/24537677/pontificia-universidade-catolica-do-rio-grande-do-sul
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicamos este trabalho a nossos familiares 
 e amigos pelo incentivo, apoio e carinho. 
 
 
5 
 
 
Agradecimentos 
Luiza 
 
Muita gratidão a todos os presentes durante esse processo aprendizagem. 
Obrigada, Deus. 
Agradeço a minha família e meu namorado. 
Aos professores: Tania, Josiane, Marília e Eduardo. 
Amigas: minha dupla, Marcieli e trio, Aline e Luiza Teixeira; Elenice, Silvana, 
Sabrina, Clarissa, Marília, Julia Guedes, Mariana. 
Aos meus colegas de trabalho. 
A todos da instituição Casa da Criança São Francisco de Paula e a suas crianças. 
A Universidade Federal de Pelotas com seus professores, colegas, funcionários e 
pacientes que tive a oportunidades de conhecer. 
Profundamente grata a todos. 
 
 
“Sozinhos somos apenas momentos, juntos somos eternidade.” 
Leonardo Pessoa 
 
6 
 
Agradecimentos 
 
Marcieli 
 
Primeiramente agradeço a Deus, que me deu vida, saúde e proveu a todas as 
minhas necessidades. 
À minha mãe Betiz Dias Furtado e a meu pai Amauri de Moura Furtado, que além de 
acreditar no meu sonho, sonharam comigo e contribuíram incessantemente para que 
ele se realizasse, me apoiaram, me educaram, me amaram e nunca me deixaram 
desistir. Esta conquista é nossa! 
Às minhas irmãs, Marcia Castro e Cristiane Furtado, que sempre estiveram ao meu 
lado, nos momentos de alegria e principalmente nos momentos difíceis, com suas 
incontáveis contribuições e uma amizade imensurável. 
Ao Roger Abreu que esteve ao meu lado me apoiando, foi companheiro e amigo em 
todos os momentos, perseverou comigo nos meus objetivos. 
A minha avó Maria Cristina Barros, pelas palavras de apoio e presença constante. 
À dupla que me acompanhou durante esta trajetória Luiza Thurow, em que dividimos 
os anseios, as dificuldades e também muito aprendizado e companheirismo. 
A minha orientadora Tania Izabel Bighetti e a coorientadora Josiane Dias Damé, que 
acreditaram neste trabalho e doaram seu tempo com ajuda, paciência, correções, 
conversas, enfim uma dedicação enorme que me proporcionou muita aprendizagem 
e crescimento, não só como profissional como também pessoal. 
Aos demais professores da FO-UFPel, que em suas especialidades contribuíram 
para minha formação. 
Aos funcionários e estudantes do Instituto Casa da Criança São Francisco de Paula, 
pelo acolhimento, participação e seriedade com que aceitaram fazer parte 
deste trabalho. 
À Universidade Federal de Pelotas, seu corpo docente, direção e administração. 
 
 
 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos 
nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos 
alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.” 
Paulo Reglus Neves Freire 
 
 
8 
 
Resumo 
 
THUROW, Luiza B; FURTADO, Marcieli D. Processo de trabalho, condições 
sociais e de saúde bucal de crianças institucionalizadas na Casa da Criança 
São Francisco de Paula – Pelotas/RS. 2018. 123f. Trabalho de Conclusão de 
Curso em Odontologia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2018. 
 
Este trabalho tem como objetivo descrever o processo de trabalho na Casa da 
Criança São Francisco de Paula onde é desenvolvido o projeto de extensão “OI 
Filantropia – Odontologia e Instituições filantrópicas”, apresentar dados relativos à 
condição social e de saúde bucal das crianças atendidas, além dos conhecimentos e 
experiências das professoras/monitoras em relação à saúde bucal. Foram utilizados 
dados primários (entrevistas com equipe diretiva e professoras/monitoras) e 
secundários (cadastros de matrícula da instituição, planilhas e prontuários do projeto 
de extensão) relativos ao período de março a novembro de 2017. Exceto os dados 
das duas entrevistas com a equipe diretiva, que foram apenas registrados em uma 
ficha e descritos, os demais foram digitados com uso do programa EpiData versão 
3.1, tabulados com o programa EpiData Analysis versão V2.2.3.187 e apresentados 
através de estatística descritiva. A instituição pode ser caracterizada como uma 
equipe que preza pelo cuidado das crianças. Em relação aos conhecimentos e 
experiências das professoras/monitoras, estas estavam dispostas a aprimorar os 
seus conhecimentos de saúde bucal e observou-se a dedicação com as crianças. 
No que diz respeito à condição social das crianças a maioria dos pais trabalhava e 
se enquadrava na categoria de maior renda do questionário socioeconômico. A 
avaliação das condições de saúde bucal das crianças demonstrou que a prevalência 
de placa bacteriana, cárie dentária e mordida aberta anterior ainda merecem 
atenção. Também se observou por meio da descrição de um caso clínico, a 
importância da adaptação comportamental das crianças para o tratamento 
odontológico. Concluiu-se que as crianças ainda apresentam agravos em saúde 
bucal que podem ser controlados com ações específicas. Sugere-se a permanência 
do projeto de extensão e que as atividades de promoção, prevenção e educação em 
saúde bucal tenham continuidade na instituição. 
 
 
Palavras-chave: saúde bucal; odontopediatria; extensão comunitária; pré-escolar; 
condição social; comportamento infantil 
 
 
 
9 
 
Abstract 
 
THUROW, Luiza B; FURTADO, Marcieli D. Work process, social conditions and 
oral health of children institutionalized in Casa da Criança São Francisco de 
Paula – Pelotas/RS. 2018. 123f. Final Work in Dentistry. Graduation in Dentistry. 
Federal University of Pelotas, Pelotas, 2018. 
 
This work aims to describe the process of work in the House of the child San 
Francisco de Paula where the project extension is developed "Oi Filantropia - 
dentistry and philanthropic institutions", presenting dataconcerning the social 
condition and oral health of the children assisted, in addition to the knowledge and 
experiences of the teachers/monitors in relation to oral health. Primary (interviews 
with management team and teachers/monitors) and secondary data (registration 
records of the institution and spreadsheets and records of the extension project) 
were used relating to the period from March to November 2017. Except the data of 
the two interviews with the management team that were only recorded in a file and 
described, the others were typed using the program EpiData version 3.1, tabulated 
with the program EpiData Analysis version v 2.2.3.187 and presented through 
descriptive statistic. The institution can be characterized as a team that cares for the 
children. In relation to the knowledge and experiences of the teachers/monitors, 
these were willing to improve their oral health knowledge and the dedication with the 
children has been observed. As regards the social condition of the children most of 
the parents worked and were in the highest income category of the socioeconomic 
questionnaire. The assessment of children's oral health conditions showed that the 
prevalence of bacterial plaque, dental caries and anterior open bite still deserve 
attention. It was also observed through the description of a clinical case, the 
importance of the behavioral adaptation of children for dental treatment. It was 
concluded that children still have oral health problems that can be controlled with 
specific actions. It is suggested the permanence of the extension project and that the 
activities of promotion, prevention and education in oral health continue in the 
institution. 
 
Key-words: oral health; pediatric dentistry; community-institutional relation; child, 
preschool; social condition; child behavior 
10 
 
Sumário 
 
1 Apresentação ...................................................................................................... 144 
2 Projeto de pesquisa ........................................................................................... 155 
2.1 Introdução ............................................................................................. 156 
2.2 Justificativa ........................................................................................... 188 
2.3 Objetivos ............................................................................................... 199 
2.4 Hipóteses ................................................................................................. 20 
2.5 Metodologia ........................................................................................... 211 
2.6 Cronograma .......................................................................................... 244 
2.7 Orçamento ............................................................................................. 255 
Referências ................................................................................................. 266 
3 Relatório do trabalho de campo ........................................................................ 299 
4 Artigo 1 ................................................................................................................ 322 
5 Artigo 2..................................................................................................................53 
6 Artigo 3..................................................................................................................79 
7 Considerações finais ........................................................................................... 97 
Referências .............................................................................................................. 99 
Apêndices ............................................................................................................ 1066 
Anexos ................................................................................................................. 1138 
 
 
11 
 
Lista de quadros 
Quadro 1 – Cronograma da pesquisa.................................................................. 24 
Quadro 2 – Orçamento da pesquisa.................................................................... 25 
 
 
 
 
12 
 
Lista de tabelas 
Artigo 1 
Tabela 1 – Distribuição das professoras/monitoras segundo quantidade de 
dentifrício colocada nas escovas de dentes. Casa da Criança São Francisco de 
Paula, Pelotas/RS. Março a dezembro de 2017................................................... 46 
 
Artigo 2 
Tabela 1 – Caracterização das crianças avaliadas. Casa da Criança São 
Francisco de Paula, Pelotas/RS, 2017................................................................. 62 
Tabela 2 – Caracterização dos pais das crianças avaliadas. Casa da Criança 
São Francisco de Paula, Pelotas/RS, 2017.......................................................... 64 
Tabela 3 – Caracterização das famílias das crianças avaliadas. Casa da 
Criança São Francisco de Paula, Pelotas/RS, 2017............................................. 66 
Tabela 4 – Distribuição das crianças avaliadas segundo presença de fatores de 
risco e história de cárie dentária. Casa da Criança São Francisco de Paula, 
Pelotas/RS, 2017................................................................................................. 67 
Tabela 5 – Média (mínimo e máximo) de sextantes com fatores de risco e de 
dentes com história de cárie dentária das crianças avaliadas. Casa da Criança 
São Francisco de Paula, Pelotas/RS, 2017.......................................................... 68 
Tabela 6 – Distribuição das crianças avaliadas segundo a presença de mordida 
aberta e uso de chupeta. Casa da Criança São Francisco de Paula, Pelotas/RS, 
2017..................................................................................................................... 68 
 
 
13 
 
Lista de figuras 
Artigo 1 
 
Figura 1 – Número de crianças avaliadas por idade. Casa da Criança São 
Francisco de Paula, Pelotas/RS. Março a dezembro de 2017............................... 42 
Figura 2 - Classificação de risco da cárie dentária identificado na triagem. Casa 
da Criança São Francisco de Paula, Pelotas/RS. Março a dezembro de 2017..... 43 
Figura 3 – Fatores de risco e experiência de cárie dentária identificados na 
triagem. Casa da Criança São Francisco de Paula, Pelotas/RS. Março a 
dezembro de 2017.................................................................................................. 44 
Figura 4 – Esquema para escolha de quantidade de dentifrício pelas 
professoras/monitoras............................................................................................ 45 
 
 
Artigo 3 
Figura 1 – Incisivo central com hipoplasia............................................................. 85 
Figura 2 – Utilização da seringa tríplice................................................................ 86 
Figura 3 – Utilização do sugador.......................................................................... 86 
Figura 4 – Manipulação dos instrumentais clínicos............................................... 87 
Figura 5 – Manipulação do fotopolimerizador....................................................... 88 
Figura 6 – Várias ‘mãos’ no atendimento clínico................................................... 89 
Figura 7 – Antes e depois do tratamento............................................................... 89 
Figura 8 – Acompanhamento da criança............................................................. 90 
 
 
 
 
14 
 
 1 Apresentação 
 
 Trata-se de um estudo descritivo composto de uma experiência de extensão, 
associada a uma pesquisa de campo e um relato de caso clínico de saúde bucal na 
instituição Casa da Criança São Francisco de Paula-Pelotas/RS. 
 O trabalho está apresentado em forma de artigo, conforme o Manual de 
Normatização de teses, dissertações e trabalhos acadêmicosda Universidade 
Federal de Pelotas: manual de orientação (pg. 35 - Estrutura em artigos), disponível 
em 
http://sisbi.ufpel.edu.br/arquivos/PDF/Manual_Normas_UFPel_trabalhos_acadêmico
s.pdf, e tem a seguinte estrutura: projeto de pesquisa, relatório do trabalho de 
campo, artigo 1, artigo 2, artigo 3 e considerações finais. 
 O artigo 1, que aborda as características da instituição, o conhecimento de 
professoras/monitoras sobre saúde bucal, as condições de saúde bucal das crianças 
e as atividades do projeto de extensão OI Filantropia – Odontologia e instituições 
filantrópicas, está formatado conforme as normas da Revista Extendere da Pró-
Reitoria de Extensão da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN, 
disponíveis em http://periodicos.uern.br/index.php/extendere/index. 
O artigo 2, que aborda as condições sociais e de saúde bucal das crianças da 
instituição, está formatado conforme as normas da Revista da Faculdade de 
Odontologia Universidade de Passo Fundo, disponíveis em 
http://seer.upf.br/index.php/rfo/about/submissions. 
 O artigo 3, que aborda um caso clínico de adaptação de comportamento, está 
formatado conforme as normas da Revista da Faculdade de Odontologia 
Universidade de Passo Fundo, disponíveis em 
http://seer.upf.br/index.php/rfo/about/submissions. 
 Ao final estão apresentadas as considerações finais e as referências 
utilizadas para a elaboração do estudo. 
 
http://sisbi.ufpel.edu.br/arquivos/PDF/Manual_Normas_UFPel_trabalhos_acadêmicos.pdf
http://sisbi.ufpel.edu.br/arquivos/PDF/Manual_Normas_UFPel_trabalhos_acadêmicos.pdf
http://periodicos.uern.br/index.php/extendere/index
http://seer.upf.br/index.php/rfo/about/submissions
http://seer.upf.br/index.php/rfo/about/submissions
15 
 
2 Projeto de pesquisa 
 
2.1 Introdução 
O termo “filantropia” vem do grego philanthrōpía (philos+anthropos) e é 
definido pelo dicionário Michaelis como “enorme amor à humanidade”. Kanitz fez 
essa mesma descrição em 2002, em seu artigo. Assim, pode-se dizer que a 
filantropia compreende ações voluntárias que visam ao benefício do outro. Esse 
benefício pode ser demonstrado de várias formas, como doação de tempo próprio 
em prol de alguém, ajuda financeira ou dedicação de afeto, sendo esses aspectos, 
na maioria das vezes, de caráter social, não dependendo do governo (ALVES, 
2002). De uma forma mais geral, filantropia é usar o dinheiro privado para ações de 
ajuda à sociedade, não envolvendo as finanças governamentais, sendo então 
sustentadas por pessoas, fundações ou empresas (INSTITUTE OF DEVELOPMENT 
STUDIES; RESOURCE ALLIANCE; FUNDAÇÃO ROCKEFELLER, 2014). 
No Brasil a filantropia surgiu e foi classificada num grupo junto à caridade, o 
assistencialismo e a solidariedade, em que inicialmente havia uma ligação muito 
forte à religiosidade. Esta era mantida por meio de doações dos filantropos, que 
eram responsáveis por sustentar casas de saúde, de cuidado de idosos e crianças. 
No ano de 1916, aconteceu a criação jurídica desse grupo, através da Lei 
3.071/1916. Em 1959 houve o reconhecimento das entidades filantrópicas por 
origem da Lei 3.577/1959 e, por razão desta, as instituições não tem obrigações de 
repasse de tributos ao governo, e ainda hoje a lei segue em vigor. Durante as 
décadas de 70 e 80, período este de Ditadura Militar, ocorreu um crescente 
surgimento de entidades sem fins lucrativos que ajudaram nos movimentos sociais 
(SANTOS, 2012). 
O primeiro setor é aquele que visa o lucro e corresponde ao Mercado, já o 
segundo setor é retratado pelos fins públicos e corresponde ao Estado. Assim, as 
instituições de cunho filantrópico, que são caracterizadas por não possuírem fins 
lucrativos, são descritas como pertencentes ao terceiro setor, o qual compreende 
autores privados de intervenções não lucrativas, que exercem ações para o bem 
social. (ALVES, 2002; RICO, 1997). As instituições com fins beneficentes, 
classificadas dentro do terceiro setor, dividem-se em espaços compreendidos pela 
educação, cuidado à saúde, moradia e necessidades essenciais à vida. Dentre 
 
16 
 
essas áreas há um destaque para hospitais, casas para idosos (asilos), instituições 
para crianças (creches e orfanatos) (INSTITUTE OF DEVELOPMENT STUDIES; 
RESOURCE ALLIANCE; FUNDAÇÃO ROCKEFELLER, 2014; ALVES, 2002). 
Com relação às instituições para crianças, pode-se destacar que elas 
surgiram pela necessidade de um maior cuidado e atenção dos menores. No século 
XX, em razão do desenvolvimento visando o capitalismo, houve uma crescente 
necessidade de mão de obra. Em razão de reinvindicações de movimentos 
operários e pela preocupação com a condição de vida das crianças, surgem as 
creches, que inicialmente tinham como foco a nutrição e higiene, para o 
desenvolvimento de seres sadios. As creches criadas, situadas nas vilas operárias, 
em sua maioria eram de caráter filantrópico, e poucas mantidas pelo governo. E 
essa necessidade de ter um local para deixar os filhos foi crescendo cada vez mais, 
sendo resultado da inserção das mulheres no mercado de trabalho (PACHECO; 
DUPRET, 2004). 
Inicialmente o foco da atenção à criança institucionalizada era nutrir, dar 
segurança e cuidados pessoais, não havia um enfoque na educação, eram de 
caráter assistencial. Na Constituição de 5 de outubro de 1988, as creches pré-
escolares foram reconhecidas como um direito da criança, sendo que os pais 
podiam optar por essa assistência que era um dever do Estado. Isto foi completado 
pela Lei 9394/96 (Lei de diretrizes e Bases da Educação), que ampliou o enfoque 
para educação, tornando-as o início da educação básica, dividindo o ensino em 
creche e pré-escola, abrangendo crianças de 0 a 6 anos de idade (PACHECO; 
DUPRET, 2004; DIDONET, 2001; BORGHI; ADRIÃO; ARELARO, 2009). 
A instituição é um local de formação de conhecimentos e hábitos, em que a 
criança permanece grande parte de seu tempo diário (10 a 12 horas), sendo esse 
conhecimento levado para sua vida e desenvolvimento (FERREIRA, 2009). Portanto, 
além da educação, a manutenção da saúde das crianças é parte fundamental 
dessas entidades, levando em conta que o adoecimento das institucionalizadas é 
maior do que entre as que recebem cuidado restrito dos pais/responsáveis. 
Entretanto, os cuidadores não são capacitados para promoção de saúde e 
necessitam de apoio ou capacitação nessa área (MARANHÃO, 2000). Sabe-se que 
as crianças institucionalizadas têm grande chance de desenvolver doenças, e que a 
doença cárie acomete crianças dessa faixa etária causando dor e sofrimento 
(RIBEIRO; OLIVEIRA; ROSENBLATT, 2005). Além disso, os dados de que menos 
17 
 
de 50% das crianças estavam livres de cárie dentária aos 5 anos de idade (BRASIL, 
2010), sendo essa morbidade um desafio de erradicação para a saúde pública, 
demonstram a necessidade de intervenções de prevenção e educação em saúde, 
para o melhoramento da qualidade de vida das crianças. A cárie precoce na infância 
traz grandes impactos para a criança, que muitas vezes podem não ser percebidos, 
como restrição na alimentação, prostração e sensação de dor, também afetando seu 
estado biopsicossocial. O principal fator etiológico desta doença é a placa bacteriana 
estagnada nos dentes, associada a uma dieta desequilibrada e rica em açúcares e 
carboidratos fermentáveis. Desse modo, a merenda escolar deveria conter alimentos 
mais nutritivos e menos cariogênicos. Além disso, nessa faixa etária as crianças não 
possuem a habilidade motora bem desenvolvida para realizarem a correta limpeza 
das estruturas dentais, reforçando assim a importância do responsável auxiliar e 
supervisionar a escovação dental (MELO et al., 2011; ALMEIDA et al., 2011; 
FERREIRA et al., 2011). 
Diante da necessidade de atendimento integral das crianças 
institucionalizadas, verifica-se a importância de desenvolver ações preventivas, 
curativas e de educação em saúde bucal com essa população. Para atender a essepúblico, a Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas (FO-
UFPel) vem desenvolvendo o projeto de extensão “OI Filantropia – Odontologia e 
Instituições Filantrópicas”. 
Esse projeto tem como objetivo realizar ações coletivas e individuais de saúde 
bucal com crianças de duas instituições filantrópicas do município de Pelotas/RS, 
além da gestão do serviço odontológico das instituições. Os locais selecionados pelo 
projeto foram o Instituto Filantrópico Nossa Senhora da Conceição, que tem como 
público meninas de 6 a 12 anos atendidas em turno inverso ao da escola, e a Casa 
da Criança São Francisco de Paula, foco deste projeto de pesquisa. Essa instituição 
tem como base a educação escolar, atendendo crianças de 0 a 6 anos de idade, 
divididas em turmas de acordo com suas idades: berçário, maternal, jardim e pré-
escola. No primeiro semestre de 2017, as atividades do projeto estão acontecendo 
às sextas-feiras, no período da manhã. Conta com a participação de duas 
acadêmicas do 8° semestre e um do 5° semestre da FO-UFPel, supervisionados por 
duas cirurgiãs-dentistas, uma doutora na área de Saúde Pública, e a outra em 
Epidemiologia. 
18 
 
2.2 Justificativa 
É importante que se conheça o processo de trabalho na Casa Criança São 
Francisco de Paula com maior detalhamento; visto que as crianças lá atendidas são 
pré-escolares de 0 a 6 anos, que passam boa parte de seu dia em um local onde 
adquirem conhecimentos e hábitos, que serão usados em sua vida. Além disso, é 
relevante que se identifique os profissionais que as atendem e suas capacitações 
profissionais, e se conheça o que é ensinado sobre saúde, sua rotina de higiene 
diária e especificamente os hábitos de higiene bucal. 
Também é importante analisar a condição de saúde bucal em que as crianças 
se encontram e se houve mudanças a partir de intervenções que vem sendo 
realizadas na instituição, identificando se essas são efetivas para a prevenção de 
cárie e recuperação de agravos. 
 
 
19 
 
2.3 Objetivos 
2.3.1 Geral 
Descrever os principais resultados de atividades de saúde bucal realizadas 
por um projeto de extensão em uma instituição filantrópica para pré-escolares 
situada no município de Pelotas/RS, bem como os conhecimentos de saúde bucal 
das professoras e monitoras. 
 
2.3.2 Específicos 
- Descrever os principais aspectos relativos à condição socioeconômica das crianças 
atendidas na instituição. 
- Descrever as condições de saúde bucal das crianças atendidas na instituição. 
- Descrever as atividades desenvolvidas pelo projeto de extensão “OI Filantropia – 
Odontologia e Instituições Filantrópicas” e seus principais resultados. 
- Identificar o conhecimento que as professoras e monitoras possuem em relação à 
saúde bucal das crianças. 
 
 
 
20 
 
2.4 Hipóteses 
Não se aplica. 
 
 
 
21 
 
2.5 Metodologia 
2.5.1 Delineamento 
 Será realizado um estudo transversal descritivo com a coleta de dados 
primários (entrevistas) e dados secundários (cadastros da instituição e 
planilhas/fichas do projeto de extensão). 
2.5.2 Local de estudo 
 A presente pesquisa será realizada na instituição filantrópica Casa da Criança 
São Francisco de Paula, localizada na Rua Uruguai nº 1.651, bairro Centro, no 
município de Pelotas. Esta instituição faz atendimento a crianças de 0 a 6 anos. A 
instituição recebe autorização de pais/responsáveis para todas as atividades 
realizadas com as crianças. 
2.5.3 População de estudo 
 Será constituída pela diretoria, funcionários, professores, auxiliares e 
educandos da instituição. 
2.5.4 Critérios de inclusão 
 Diretoria, funcionários, professores, auxiliares: todos que se dispuserem a 
responder o questionário. 
 Educandos: todos cujos dados estejam disponibilizados nas planilhas do 
projeto de extensão “OI Filantropia – Odontologia e Instituições Filantrópicas” e nos 
cadastros de matrícula. 
2.5.5 Critérios de exclusão 
 Não se aplica. 
2.5.6 Instrumento de coleta de dados 
 Para a coleta de dados primários serão aplicados, através de entrevistas, dois 
questionários. O primeiro (Apêndice A) para a equipe administrativa da instituição 
(direção, coordenação, secretaria e outros serviços existentes). O segundo 
(Apêndice B) será aplicado aos professores e auxiliares que têm contato direto com 
as crianças. No caso dos dados secundários, serão coletados a partir dos cadastros 
das crianças. Em relação aos dados do projeto de extensão, serão coletados a partir 
das fichas e planilhas de registro das atividades (Anexo 1, Anexo 2 e Anexo 3). 
 
22 
 
2.5.7 Variáveis de estudo 
 No caso da equipe administrativa as variáveis serão obtidas a partir de dados 
sobre o funcionamento da instituição, a estrutura física e equipe de funcionários, seu 
nível de instrução, e se são capacitados para ensinar sobre saúde geral e bucal.
 Para professoras e monitoras, as variáveis serão: os conhecimentos sobre 
saúde geral com enfoque na bucal, saber se práticas de higiene bucal estão sendo 
desenvolvidas e como estão conduzindo essa atividade. 
 No que diz respeito aos dados secundários, as variáveis serão: presença de 
cárie ativa e inativa, macha branca, cavidade, gengivite, placa visível, condição do 
freio labial e lingual, presença de mordida aberta e urgência. A partir desses dados 
obtém-se uma classificação quanto ao risco de cárie, identificando se a criança tem 
risco alto, moderado ou baixo, e se há necessidade de tratamento ou não. Também 
serão coletados dados sobre os tratamentos odontológicos e seus tipos (tratamento 
restaurador atraumático - TRA, exodontia e endodontia de decíduos). Além destes, 
serão coletados os dados socioeconômicos que a instituição obtém dos 
responsáveis pelas crianças no processo da matrícula. 
2.5.8 Digitação, tabulação e análise de dados 
 Os registros, tanto dos questionários, como das planilhas de avaliação da 
condição de saúde bucal, serão transferidos para planilhas do programa Microsoft 
Office Excel versão 2013 para análise de dados e confecção de gráficos e tabelas, 
os quais serão utilizados para descrever os resultados. 
2.5.9 Logística 
 Foi realizado contato com a Casa da Criança São Francisco de Paula, para 
agendamento de uma visita. Nesse primeiro contato foi feita a explanação da 
pesquisa, de como ocorrerá a coleta de dados na instituição, e foi solicitada 
autorização (Apêndice C) para a realização do estudo. Após autorização da direção, 
serão entregues os termos de consentimento livre e esclarecido (Apêndice D e 
Apêndice E), para habilitar a coleta de dados com os funcionários da instituição. Em 
posse das autorizações o trabalho terá seu início com a aplicação dos questionários 
aos funcionários da instituição, concomitante à coleta de informações obtidas 
através dos registros feitos pelo projeto extensão “OI Filantropia – Odontologia e 
Instituições Filantrópicas” e pela instituição durante a matrícula das crianças. Após 
23 
 
será realizada digitação e se dará a interpretação, análise e produção de 
conclusões. 
2.5.10 Aspectos éticos 
 O presente trabalho seguirá as normas da Resolução n° 466 de 12 de 
dezembro de 2012 do Conselho Nacional de Saúde. Primeiramente o projeto será 
submetido à avaliação do comitê de ética em pesquisa para apreciação e 
aprovação. 
 Em relação ao princípio da autonomia, caberá à pessoa participar ou não da 
pesquisa, e independente da decisão será respeitado. Sobre os dados obtidos, 
haverá manutenção do sigilo e da privacidade dos participantes da pesquisa durante 
todas as suas fases, havendo respeito à dignidade e preservação da autoestima. A 
pesquisa não trará nenhum tipo de maleficência aos participantes. Em relação à 
beneficência o trabalho irá gerar dados que serão acessíveis para a melhoria da 
condição de saúde bucal em instituições que recebem pré-escolares. 
 Em relação à justiça e equidade todos serão tratados da mesma forma,nenhum aspecto de cor, religião, cultura ou renda interferirá na pesquisa. Como as 
crianças já são atendidas nas atividades do projeto de extensão, suas demandas 
odontológicas têm sido absorvidas, com autorização da instituição e 
pais/responsáveis (Apêndice C). Em relação aos professores, monitoras e demais 
funcionários, suas necessidades de capacitação serão absorvidas pelo projeto e, se 
necessário, um guia com recomendações sobre saúde bucal para diferentes faixas 
etária será elaborado. 
 Será utilizado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para todos os 
maiores de 18 anos (Apêndice D e Apêndice E). Os envolvidos terão tempo 
suficiente para refletir e fazer sua decisão, tendo plena garantia de liberdade para se 
recusar a participar, ou retirar seu consentimento, a qualquer momento da pesquisa 
e sem sofrer qualquer tipo de penalização. 
Ao final do trabalho, a instituição receberá um relatório executivo, com os 
principais resultados. 
 
24 
 
2.6 Cronograma 
Quadro 1 – Cronograma da pesquisa. 
ETAPAS 
2017 2018 
Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev 
Envio ao 
Comitê de 
Ética 
X X 
Coleta de 
dados 
 X X X 
Análise dos 
dados 
 X X X X 
Levantamento 
bibliográfico 
 X X X X X X X 
Redação do 
trabalho 
 X X X X X 
Revisão e 
redação final 
 X 
Entrega do 
TCC 
 X 
Defesa do 
TCC 
 X 
 
 
 
25 
 
2.7 Orçamento 
Quadro 2 – Orçamento da pesquisa. 
Material Quantidade Valor unitário (R$) Valor total (R$) 
Lápis 2 1,00 2,00 
Borracha 2 0,80 1,60 
Caneta 2 1,30 2,60 
Encadernação 6 3,00 18,00 
Cópia 360 0,20 72,00 
Cópia colorida 6 0,75 4,50 
Passagem 16 3,25 52,00 
Folhas A4 300 0,05 15,00 
Prancheta 2 3,00 6,00 
Total 173,70 
 
Todos os recursos materiais serão de responsabilidade dos pesquisadores. 
 
 
26 
 
Referências 
ALVES, M. A. Terceiro setor: as origens do conceito. In: ENANPAD, XXVII, 2002, 
Salvador. Anais... Salvador: Enanpad, 2002. (GPG 837) 
 
 
ALMEIDA, D. L. et al. Avaliação da saúde bucal de pré-escolares de 4 a 7 anos de 
uma creche filantrópica. Revista Gaúcha Odontologia, Porto Alegre, v. 59, n.2, p. 
271-275, abr./jun., 2001. 
 
 
AQUILANTE, A.G. et. al. A importância da educação em saúde bucal para pré-
escolares. Revista de Odontologia da UNESP, São Paulo, v. 32, n. 1, p. 39-45, 
jan./mar., 2003. 
 
 
BOGUS, C. M. et al. Cuidados oferecidos pelas creches: percepções de mães e 
educadoras. Revista de Nutrição, Campinas, v. 20, n. 5, p. 499-514, set./out., 2007. 
 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de 
Vigilância em Saúde. SBBrasil 2010: Pesquisa Nacional de Saúde Bucal: 
resultados principais. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. Acessado em 30 abr. 
2017. Online. Disponível em: 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pesquisa_nacional_saude_bucal.pdf. 
 
 
BORGHI, R. F.; ADRIÃO, T. M. F.; ARELARO, L. A relação público-privada na oferta 
da educação infantil: continuidades e rupturas. In: SIMPOSIO BRASILEIRO DE 
POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO DA EDUCAÇÃO, 24, CONGRESSO 
INTERAMERICANO DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO DA EDUCAÇÃO. 3, 2009. 
Vitória. Anais... Universidade Federal do Espírito Santo: Cadernos Anpae n° 8, 2009. 
p. 281-299. 
 
 
DIDONET, Vital. Creche: a que veio, para onde vai. In: Educação Infantil: a creche, 
um bom começo. Em Aberto/Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 
Educacionais, Brasília, v. 18, n. 73, p. 11-28, 2001. 
 
 
FERREIRA, V. S. Práticas pedagógicas nas creches filantrópicas. Que práticas são 
essas? In. CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – EDUCERE, 9. ENCONTRO 
SUL BRASILEIRO DE PSICOPEDAGOGIA, 3, 2009, Curitiba. Anais... Curitiba. 
Champagnat, 2009, p. 2843-2854 
 
 
FERREIRA, J. M. S. et al. Práticas de pais sobre a higiene bucal e dieta de pré-
escolares da rede pública. RGO – Revista Gaúcha Odontologia, Porto Alegre, v. 
59, n. 2, p.265-270, abr./jun., 2011. 
 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pesquisa_nacional_saude_bucal.pdf
27 
 
FORNI, T. I. B. Fatores associados à fluorose dentária em área com água fluoretada. 
2005. 221 p. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Faculdade de Saúde 
Pública, Universidade de São Paulo, 2005. 
 
 
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas S. A., 
1996. 
 
 
INSTITUTE OF DEVELOPMENT STUDIES; RESOURCE ALLIANCE; FUNDAÇÃO 
ROCKEFELLER. Filantropia: contexto atual - questões, atores e instrumentos, 
2014, p 26-27. Acesso em 30 abr. 2017. Online. Disponível em: http://idis.org.br/wp-
content/uploads/2016/05/publi-Filantropia-Contexto-Atual.pdf. 
 
 
KANITZ, S. Filantropia. 2002. Disponível em:< 
http://www.filantropia.org/artigos/stephen_kanitz.htm>.Acesso em: 14 maio 2017. 
 
 
MARANHÃO, D. G. O. processo saúde doença na perspectiva dos educadores 
infantis. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p. 1.143-1.148, out./dez., 
2000. 
 
 
MELO, M. M. et al. Fatores associados à cárie dentária em pré-escolares do Recife, 
Pernambuco, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 27, n. 3, p. 471-85, 
mar., 2011. 
 
 
PACHECO, A. L. P. B; DUPRET, L. Creche: desenvolvimento ou sobrevivência? 
Rev. Psicologia USP. São Paulo, v. 15, n. 3, p. 103-116, abr./set., 2004. 
 
 
RIBEIRO, A. G.; OLIVEIRA, A. F.; ROSENBLATT, A. Cárie precoce na infância: 
prevalência e fatores de risco em pré-escolares, aos 48 meses, na cidade de João 
Pessoa, Paraíba, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n.6, p. 1695-
1700, nov./dez., 2005. 
 
 
RICO, E. M.; O empresariado, a filantropia e a questão social. São Paulo em 
perspectiva, v.11, n.4, 1997. Disponível em: 
http://produtos.seade.gov.br/produtos/spp/v11n04/v11n04_07.pdf. Acesso em: 7 
maio 2017. 
 
 
SANTOS, S. X. Organização do terceiro setor: Livro-texto EaD. Natal: EdUnP, 1ª 
Edição, 2012. p. 174. 
 
 
http://idis.org.br/wp-content/uploads/2016/05/publi-Filantropia-Contexto-Atual.pdf
http://idis.org.br/wp-content/uploads/2016/05/publi-Filantropia-Contexto-Atual.pdf
http://www.filantropia.org/artigos/stephen_kanitz.htm
http://produtos.seade.gov.br/produtos/spp/v11n04/v11n04_07.pdf
28 
 
WEISZFLOG, W. Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Versão 
2.0. Editora Melhoramentos Ltda. 2015. Online. Disponível em 
http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=filantropia. Acesso em: 14 
maio 2017. 
 
http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=filantropia
29 
 
3 Relatório do trabalho de campo 
 
 Este trabalho refere-se a um estudo transversal de caráter descritivo, de 
dados primários e secundários das informações da instituição Casa da criança São 
Francisco de Paula, obtidos através da coleta em arquivos preenchidos na matrícula 
de cada criança, do banco de dados do projeto OI Filantropia – Odontologia e 
Instituições Filantrópicas utilizando sua triagem e prontuários das crianças 
institucionalizadas; além de respostas a entrevistas do corpo diretivo da instituição e 
professoras e monitoras. 
 Teve como objetivo caracterizar a instituição Casa da Criança São Francisco 
de Paula/Pelotas-RS e seu funcionamento; e descrever as condições 
socioeconômicas e de saúde bucal das crianças, bem como o conhecimento de 
saúde bucal das professoras e monitoras. 
 O projeto de pesquisa “Processo de trabalho e saúde bucal de crianças 
institucionalizadas na Casa da Criança São Francisco de Paula – Pelotas/RS” teve a 
aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da 
Universidade Federal de Pelotas (parecer consubstanciado no. 2.258.943) no dia 7 
de setembro de 2017. 
 Em relação aos dados relativos ao projeto de extensão, foram coletados 
durante as idas à instituição no turno em que acontecia o projeto. Foram coletadas 
informações sobre as seguintes condições: mordida aberta (sim/não); freios labial e 
lingual (curto/normal); placa visível (sim/não e número de sextantes); gengivite 
(sim/não e número de sextantes); história de cárie tratada (sim/não e número de 
dentes); manchabranca de cárie (sim/não e número de dentes); presença de 
cavidade inativa (sim/não e número); presença de cavidade ativa (sim/não e 
número); urgência (sim/não); história de cárie (sim/não). A partir dos dados da 
descrição da situação bucal em relação à cárie dentária, as crianças receberam uma 
classificação de risco à cárie, que poderia ser: A (ausência de cavidade de cárie, 
sem placa, sem gengivite e/ou sem mancha branca de cárie); A1 (ausência de 
cavidade ou mancha branca de cárie, com presença de placa); A2 (ausência de 
cavidade ou mancha branca de cárie, com presença de gengivite); B (história de 
dente restaurado, sem placa/gengivite e/ou sem mancha branca de cárie); B1 
(história de dente restaurado, com placa/gengivite); C (uma ou mais cavidades de 
cárie inativa, sem placa/gengivite e/ou sem mancha branca de cárie); C1 (uma ou 
 
30 
 
mais cavidades de cárie inativa, com placa/ gengivite); D: ausência de cavidade de 
cárie, com presença de mancha branca de cárie; E: uma ou mais cavidades de cárie 
ativa; F: presença de dor e/ou abscesso. As crianças classificadas na categoria A 
foram definidas como de baixo risco; as classificadas nas categorias A1, B, B1, C, 
C1 como de risco moderado; e as classificadas nas categorias D, E e F como de alto 
risco. 
A coleta de dados socioeconômicos e entrevistas começou no dia 18 de 
setembro de 2017. Foi agendada com a secretária nos turnos manhã e tarde durante 
o período de novembro a dezembro. Foi realizado um piloto para se identificar as 
informações contidas nos cadastros de matrícula das crianças e criar as categorias 
para cada variável. A coleta foi concluída no dia 13 de dezembro de 2017, tendo 
como intervalos os períodos de recesso da FO-UFPel. 
Para os dados socioeconômicos e de saúde geral foram usados: nome; data 
de nascimento; nome da mãe; data de nascimento da mãe; instrução da mãe 
(ensino fundamental/ensino médio/superior); se a mãe trabalha (sim/não); nome do 
pai; data nascimento do pai; instrução pai (ensino fundamental/ensino 
médio/superior); se o pai trabalha (sim/não); estado civil dos pais 
(solteiro/casado/separado/viúvo); número de filhos; tipo de moradia 
(própria/alugada/cedida); bairro de residência; número de pessoas na residência; 
com quem a criança dorme (sozinho/irmãos/pais); se recebem algum benefício 
(sim/não); qual benefício recebe; valor do benefício recebido; se a criança caminha 
(sim/não); se a criança mama (sim/não); se a criança usa bico (sim/não); se a 
criança usa fralda (sim/não); se a criança já foi hospitalizada (sim/não); motivo da 
hospitalização; se a criança usa remédio contínuo (sim/não); qual remédio; e renda 
geral da família. 
De posse destas informações, foi criado um banco de dados com uso do 
programa EpiData versão 3.1. Os dados foram digitados de forma dupla e, após 
correções dos erros de digitação, foi criado um banco único. 
Os dados do projeto de extensão, estavam em planilhas do programa 
Microsoft Office Excel versão 2013, e foram importadas para o programa EpiData 
3.1. De posse de um banco único com dados das condições socioeconômicas e de 
saúde bucal das crianças, utilizou-se o programa EpiData Analysis versão 
V2.2.3.187 para a análise descritiva dos resultados. 
31 
 
Para as entrevistas foi agendado um turno em que as participantes 
estivessem com um horário livre e que não atrapalhasse suas funções. Como as 
perguntas das entrevistas das professoras/monitoras eram abertas, as respostas 
foram registradas em folha de papel A4. A entrevistadora realizava a pergunta e 
escrevia de acordo com as palavras da entrevistada, sem opinar. Caso houvesse 
dúvida a pergunta era lida novamente. Com todas entrevistas realizadas, foram 
identificadas as palavras-chave de cada resposta e criadas as categorias. 
A partir das respostas das professoras/monitoras, foram criadas as seguintes 
variáveis e suas respectivas categorias para as perguntas a seguir: 1.1 Qual 
momento era realizada a higiene (tarde/manhã/um dia sim outro não/sem resposta); 
2.1 Horário para escovação (tarde/manhã/sem resposta); 3. Quem faz a higiene dos 
alunos (alunos com auxílio/auxiliar-monitora/professor e auxiliar); 5. Que materiais 
são utilizados (escova-pasta/escova-pasta-toalha); 8.1 Sente-se capaz de realizar 
higiene satisfatória nas crianças (sim, tem conhecimento prévio/poderia melhorar/é 
importante ter esse cuidado/sim pois sabe escovar/sim, faz escovação diária/sim, 
escova com cuidado/sem resposta); 11. O que você sabe sobre o uso prolongado do 
bico (modifica a arcada/ é prejudicial/ prejudica a fala/ causa má formação dental/ é 
totalmente contra o uso); 11.2 Por quanto tempo em média as crianças usam (hora 
do sono/ quando chegam/tempo variável/não sabe, não fica todo tempo/sem 
resposta); 12.1 Qual a frequência que as crianças pedem o bico (na hora do sono-
TV-desenhar/ variável/ três vezes/ duas vezes/ uma vez/ hora do filme/ sem 
resposta). 
Os dados relativos à quantidade de dentifrício fluoretado foram convertidos 
em gramas conforme o esquema proposto por Forni (2005): 0,11g [2], 0,25g [5], 0,5g 
[1], 0,75g [4], 1,0g [6], mais de 1g [3]. 
Foi criado um banco de dados com o uso do programa EpiData versão 3.1. 
Os dados também foram digitados de forma dupla e, após correções dos erros de 
digitação, foi criado um banco final para análise. 
 As entrevistas relativas ao funcionamento da instituição foram realizadas com 
a coordenadora e a assistente social e registradas em papel A4. 
 Foi elaborado um relatório com as principais informações relativas à extensão 
e à pesquisa (Apêndice F), que será encaminhado à instituição. 
 
32 
 
 
4 Artigo 1 
 
Artigo de extensão* 
 
OI FILANTROPIA: SAÚDE BUCAL DE CRIANÇAS EM UMA INSTITUIÇÃO 
FILANTRÓPICA PARA PRÉ-ESCOLARES 
 
OI FILANTROPIA: ORAL HEALTH OF CHILDREN IN A PHILANTHROPIC 
INSTITUTION FOR PRESCHOOLERS 
 
Luiza Beatriz Thurow – Acadêmica – Faculdade de Odontologia – Universidade 
Federal de Pelotas 
 
Marcieli Dias Furtado – Acadêmica – Faculdade de Odontologia – Universidade 
Federal de Pelotas 
 
Josiane Luzia Dias Damé – Cirurgiã-dentista/Técnica administrativa – Faculdade de 
Odontologia – Universidade Federal de Pelotas 
 
Tania Izabel Bighetti – Professora associada II – Faculdade de Odontologia – 
Universidade Federal de Pelotas 
 
Correspondência 
Luiza Beatriz Thurow 
Rua General Osório, n°. 617 ap. 20, Bairro: Centro – CEP: 96020-000 Pelotas/RS 
Telefones: (53)98426-9425 
E-mail: lb.thurow@yahoo.com.br 
 
* Formatado conforme as normas Revista Extendere da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade do 
Estado do Rio Grande do Norte – UERN, disponíveis em 
http://periodicos.uern.br/index.php/extendere/index. 
 
 
 
mailto:lb.thurow@yahoo.com.br
http://periodicos.uern.br/index.php/extendere/index
33 
 
OI FILANTROPIA: SAÚDE BUCAL DE CRIANÇAS EM UMA INSTITUIÇÃO 
FILANTRÓPICA PARA PRÉ-ESCOLARES 
 
OI FILANTROPIA: ORAL HEALTH OF CHILDREN IN A PHILANTHROPIC 
INSTITUTION FOR PRESCHOOLERS 
 
RESUMO: O projeto de extensão “OI Filantropia – Odontologia e Instituições 
Filantrópicas” da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas 
(FO-UFPel) vêm desenvolvendo intervenções na instituição filantrópica Casa da 
Criança São Francisco de Paula da cidade de Pelotas/RS. Sua proposta é realizar 
ações coletivas e individuais de saúde bucal com crianças, além da gestão do 
serviço odontológico da instituição. Objetivou-se descrever as ações desenvolvidas 
pelo projeto no ano de 2017 e seus resultados, bem como apresentar os principais 
dados sobre a organização da instituição; o conhecimento das 
professoras/monitoras em relação à saúde bucal e a condição de saúde bucal das 
crianças. A equipe do projeto realizou intervenções na instituição em um turno 
semanal. Os dados sobre o funcionamento da instituição foram coletados através de 
questionário aplicado a equipe diretiva e professoras/monitoras.Os de saúde bucal 
e atividades do projeto de extensão foram obtidos através de planilhas e prontuários. 
Observou-se que a instituição tinha organização relevante para o bom 
funcionamento e para manter o cuidado das crianças. Os funcionários 
apresentavam-se abertos a melhorar e escutar a equipe do projeto. Metade das 
crianças apresentou risco moderado para desenvolver cárie dentária; 67% das 
crianças tinham placa visível e 42,5% mordida aberta anterior. Dos pré-escolares, 
92% receberam pelo menos uma escovação dental supervisionada. Concluiu-se que 
permanece a necessidade de melhorar os resultados de qualidade de saúde bucal 
das crianças, através da promoção, prevenção e educação em saúde bucal. Durante 
o processo de trabalho, notou-se o cuidado que as professoras/monitoras 
desempenhavam com as crianças. 
 
Palavras-chave: Saúde Bucal. Instituições de Caridade. Extensão Comunitária. Pré-
Escolar. 
34 
 
ABSTRACT: The extension project "OI Filantropia – Odontologia e instituições 
filantrópicas" from the Faculty of Dentistry, Federal University of Pelotas (FO-UFPel) 
have been developing interventions in the philanthropic institution Casa da Criança 
São Francisco de Paula, Pelotas/RS. Its proposal is to carry out collective and 
individual oral health actions with children, in addition to the management of the 
dental service of the institution. It was intended to describe the actions developed in 
the project in the year 2017 and its results, as well as presenting the main data on 
the organization of the institution; the knowledge of teachers/monitors related to oral 
health and the condition of oral health of children. The project team performed 
interventions at the institution in a weekly shift. The data on the functioning of the 
institution were collected through a questionnaire applied to the management team 
and teachers/monitors. Oral health and extension project activities data were 
obtained through spreadsheets and charts. It was observed that the institution had an 
organization relevant to the proper functioning and to maintain the care of the 
children. Employees were open to improving and listening to the project team. Half of 
the children presented moderate risk to develop dental caries; 67% of children had 
visible plate and 42.5% anterior open bite. From preschool, 92% received at least 
one supervised dental brushing. It was concluded that there remains the need to 
improve the results of the quality of oral health of children, through promotion, 
prevention and education in oral health. During the work process, we noticed the 
care that teachers/monitors played with children. 
 
Keywords: Oral Health. Charities. Community-institutional Relations. Child pre-
school. 
 
35 
 
INTRODUÇÃO 
A filantropia pode ser definida por ações voluntárias que visam o bem ao 
próximo. Através de doação de tempo, ajuda financeira, doação de carinho, sendo 
de caráter social ou receber ajuda de fundações e empresas, sem envolvimento 
governamental e sem fim lucrativo (RICO, 1997; ALVES, 2002). 
As instituições filantrópicas podem ser hospitais, asilos, creches e orfanatos 
(ALVES, 2002). No caso das instituições para crianças, elas surgiram pela 
necessidade de um maior cuidado e atenção dos menores (PACHECO; DUPRET, 
2004). Desse modo, buscam interferir nos determinantes sociais da saúde, que são 
condições de vida que refletem como um todo na saúde física, mental e social do 
indivíduo (BUSS; FILHO, 2007). 
A instituição é um ambiente de formação de conhecimentos e hábitos que são 
levados para sua vida (FERREIRA, 2009). Sabe-se que pré-escolares 
institucionalizados têm grande chance de desenvolver doenças, e que a doença 
cárie acomete crianças dessa faixa etária causando dor e sofrimento (RIBEIRO; 
OLIVEIRA; ROSENBLATT, 2005). Dados mostraram que menos de 50% das 
crianças brasileiras estavam livres de cárie dentária aos 5 anos de idade (BRASIL, 
2010). Demonstrando a necessidade de intervenções de prevenção e educação em 
saúde, para a melhora da qualidade de vida das crianças. Nessa faixa etária as 
crianças necessitam da presença de um adulto para acompanhar suas atividades e 
transmitir conhecimento (MELO et al., 2011; ALMEIDA et al., 2011; FERREIRA et al., 
2011). Às vezes, os cuidadores não são capacitados para a promoção de saúde e 
necessitam de apoio nessa área (MARANHÃO, 2000). 
Assim, buscar o atendimento integral com o objetivo de proporcionar uma 
atenção relacionada a ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação de 
agravos é muito importante para as crianças. Visando, desta maneira, a saúde do 
ser e não somente a doença (ARAÚJO; MIRANDA; BRASIL, 2007). Instituir a 
promoção da saúde ao pré-escolar integra todas as pessoas que estão próximas ao 
contexto da ação e faz a atuação ficar multidisciplinar, englobando a família, 
comunidade escolar e a sociedade (GONÇALVES et al., 2008). Quando o processo 
de doença já se estabeleceu é preciso recuperar e reabilitar este indivíduo, 
trazendo-o de volta ao contexto de saúde (CARVALHO et al., 2009). Além disto, 
cabe salientar a importância das professoras e monitoras que cuidam diariamente 
das crianças. As atividades que os educadores desenvolvem com as crianças é 
36 
 
importante para a formação psíquica destes seres, que estão na fase de 
compreensão e solidificação do conhecimento e das relações sociais (SPADA, 
2005). 
Para atender a esse público, o projeto de extensão “OI Filantropia – 
Odontologia e Instituições Filantrópicas” da Faculdade de Odontologia da 
Universidade Federal de Pelotas (FO-UFPel) vêm desenvolvendo intervenções na 
instituição filantrópica Casa da Criança São Francisco de Paula da cidade de 
Pelotas/RS. Esse projeto tem como objetivo realizar ações coletivas e individuais de 
saúde bucal com crianças, além da gestão do serviço odontológico da instituição. 
 
37 
 
DESENVOLVIMENTO 
A Casa da Criança São Francisco de Paula é uma instituição constituída pela 
união de pessoas organizadas, não tem fins econômicos, e busca assistir, durante o 
dia, crianças de zero a seis anos de idade, de ambos os sexos, que por condições 
de vida e de trabalho dos pais necessitam de assistência familiar (CCSFP, 2017). 
Tem como missão assegurar a primeira etapa da educação infantil básica 
proporcionando o desenvolvimento integral para a criança, em seus aspectos físico, 
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade 
(CCSFP, 2017). 
Na perspectiva de maior detalhamento sobre o funcionamento da instituição, 
foi elaborado um projeto de pesquisa “Processo de trabalho e saúde bucal de 
crianças institucionalizadas na Casa da Criança São Francisco de Paula - 
Pelotas/RS” aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina 
da Universidade Federal de Pelotas (Parecer consubstanciado no. 2.258.943 de 
7/09/2017), com várias vertentes: junto à equipe diretiva, às professoras/monitoras e 
uso dos dados relativos à condição bucal e tratamento das crianças. Os aspectos 
éticos foram respeitados conforme recomenda a Resolução 466/12 do Conselho 
Nacional de Saúde, sendo que os pais/responsáveis autorizaram os exames bucais 
e tratamento odontológico das crianças, durante os procedimentos de matrícula na 
instituição. Também houve autorização da instituição e todos os participantes de 
entrevistas assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. 
No ano de 2017 foram realizadas atividades de atenção e assistência em 
saúde bucal em um turno semanal, com a participação de acadêmicos da FO-UFPel, 
supervisionados por uma professora e uma cirurgiã-dentista. 
Houve a preocupação de se conhecer o funcionamento da instituição em 
relação a: número e formação dos funcionários; forma de ingresso das crianças; 
abordagem sobre saúde bucal pelas professoras e monitoras; forma com que a 
instituição se mantém economicamente; característicasdas refeições escolares, 
rotina escolar das crianças; e situação perante o serviço de vigilância sanitária do 
município. 
A coleta destes dados foi realizada por meio de entrevistas e uso de um 
questionário elaborado previamente e impresso. Foi marcado um horário para sua 
aplicação com a equipe diretiva (diretora e assistente social). 
38 
 
Outro aspecto importante foi o de identificar os conhecimentos das 
professoras/monitoras em relação à saúde bucal das crianças, como: momento de 
higiene pessoal das crianças; horário para escovação dental de cada turma; número 
de vezes ao dia; como e quem realizava a escovação; a quantidade de dentifrício 
fluoretado utilizada; outros recursos de higiene utilizados; se as monitoras e 
professoras já receberam informação sobre saúde bucal; se elas se sentiam 
capazes de realizar uma escovação satisfatória; se consideravam importante a 
higiene bucal em casa e na instituição; se percebiam que as crianças tinham cárie 
dentária ou dor de dente; seu entendimento sobre o uso prolongado da chupeta; se 
as crianças utilizavam a chupeta durante o dia; por quanto tempo e se pediam a 
chupeta. 
A coleta destes dados foi realizada por meio de entrevistas e uso de um 
questionário elaborado previamente e impresso. Para sua aplicação organizou-se da 
seguinte forma: enquanto uma professora ficava na sala de aula com as crianças, 
entrevistava-se a outra e assim sucessivamente. 
Para iniciar as atividades com as crianças, foi elaborada uma ficha com os 
agravos a serem avaliados durante o processo de triagem da situação de saúde 
bucal de cada criança. Foram avaliados os seguintes agravos: placa visível, 
gengivite, mancha branca de cárie, cavidades ativas e inativas, cárie tratada, 
urgência, mordida aberta anterior, e por fim, classificar o nível de risco da criança 
(baixo, moderado e alto). Esta classificação permitiu analisar a situação de cada 
criança e planejar as intervenções adequadas a cada caso, de forma a abordar o 
indivíduo como um ser integral, refletindo e intervindo na raiz do problema. 
O exame na cavidade bucal das crianças foi realizado nas próprias salas de 
aula de cada turma. Na turma do berçário eram crianças de um ano de idade e para 
elas foi fundamental utilizar a técnica “joelho-joelho” (SZPILMAN et al., 2012). 
Consistia em realizar uma adaptação para conseguir uma posição que permitisse 
melhor visualização de todas as estruturas internas da cavidade bucal dos bebês. 
Dois acadêmicos ficavam sentados de frente um para o outro, e a criança com a 
cabeça apoiada no colo de um deles, para que esse pudesse realizar o exame e 
falar as observações para um terceiro acadêmico, que anotava na ficha da triagem. 
Já para as crianças maiores, elas sentavam numa cadeira e assim era possível 
realizar a inspeção bucal. Ambos foram realizados sob a luz natural da sala de aula. 
Utilizou-se equipamento de proteção individual (luvas, máscara, touca) e espátula de 
39 
 
madeira para afastar os tecidos bucais (bochechas) e deixar visíveis todas as 
estruturas. 
Ainda, dentro das atividades coletivas, estavam inseridas as ações 
preventivas de escovação supervisionada em sala de aula para a prevenção das 
lesões cariosas e inserção do hábito de higiene bucal na vida das crianças. A 
escovação dental direta (BRASIL, 2009) foi realizada logo após a triagem, para que 
durante o ano letivo cada criança tivesse recebido pelo menos uma escovação 
dental supervisionada com dentifrício fluoretado. No caso das crianças que iriam sair 
da instituição, buscou-se realizar pelo menos duas escovações no ano. Ressalta-se 
que fazia parte da prática da instituição a escovação dental indireta (BRASIL, 2009) 
pelas professoras/monitoras. Cada sala tinha uma pia e cada criança possuía a sua 
escova dental identificada com o seu nome. A escova era trocada a cada seis meses 
pelo projeto de extensão, e, em caso de necessidade de outra reposição, isto era 
feito pela instituição. 
Foram realizadas atividades clínicas no consultório odontológico da 
instituição, como restaurações dentárias, exodontias, intervenções pulpares, 
aplicação de verniz e/ou gel fluoretado. Além disto, os casos de urgência também 
eram atendidos. Algumas crianças apresentavam resistência no primeiro 
atendimento. Partia-se para a adaptação comportamental para inserir ações 
positivas de bem-estar, e afastar o medo do desconhecido presente nesta criança 
frente ao consultório e profissional da saúde. Para esse fim, foram empregadas as 
técnicas de moldagem do comportamento básico: diga-mostre-faça, controle de voz, 
comunicação não-verbal, reforço positivo e distração (KLATCHOIAN; NORONHA; 
TOLEDO, 2009). 
Conforme necessidade de colaboração dos pais, foi realizado contato e 
agendada uma conversa na semana seguinte de atividades. No encontro, buscou-se 
entender o contexto familiar, esclarecer a situação e solicitar apoio do responsável 
para trazer a criança ao contexto de saúde. No período, 5 (cinco) pais/responsáveis 
foram chamados para conversas em função de condições bucais mais delicadas e 
que necessitavam de maior cooperação familiar. 
Os dados relativos aos exames bucais e escovação dental supervisionada 
foram registrados em planilhas do programa Microsoft Office Excel versão 2017 e os 
dos atendimentos clínicos foram registrados em prontuários individuais. Os relativos 
às entrevistas com a coordenação foram anotados em fichas. Os coletados junto às 
40 
 
professoras e monitoras foram digitados com uso do programa EpiData versão 3.1 e 
analisados com o programa EpiData Analysis versão V2.2.3.187. 
 
41 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Conforme relato da equipe diretiva, como a instituição é uma entidade 
filantrópica, para se organizar financeiramente, ela recebe verba da União (Fundo de 
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica - FUNDEB) para manutenção 
de quadro funcional (principal recurso). Além disso, para manter financeiramente os 
gastos da instituição, recebe doações, mensalidades de sócios, organiza festas para 
arrecadar fundos, aluga o salão de festas da instituição e recebe doações de 
merenda feitas pela prefeitura. 
O serviço municipal de Vigilância Sanitária visita a instituição com frequência 
anual. Caso tenha alguma exigência a ser cumprida, retornam em três meses para 
fiscalizar o cumprimento do pedido. Segundo relatos da equipe diretiva, a casa tem 
cumprido todos os requisitos do serviço. Adequa-se às regulamentações para obter 
o alvará, e cumprem com os prazos determinados. Está com alvará de um ano, 
projeto dos bombeiros aprovado, sem necessidade de hidrante, pois a estrutura tem 
rota de fuga. Ainda segundo relatos da equipe diretiva, a instituição conta com 37 
funcionários. Estes estão distribuídos conforme os seguintes cargos e escolaridade: 
um motorista (ensino fundamental), uma secretária (ensino médio), dez professoras 
(cinco com pedagogia e cinco com curso normal), treze monitoras auxiliares (ensino 
médio), oito funcionários de serviços gerais (ensino fundamental), uma diretora 
(graduação em letras, especialização em gestão escolar), uma psicóloga (graduação 
em psicopedagogia), uma assistente social (graduação e especialização em 
psicossocial) e uma coordenadora pedagógica (pós-graduação em pedagogia). 
Tem dez salas de aula para acolher as turmas de berçário, maternal A, 
maternal B, maternal C, jardim, pré I, pré IA, pré IB, pré IIA, pré IIB. No final de cada 
ano são as turmas pré IIA e pré IIB que se formam e deixam a instituição, indo em 
busca de outra escola para seguir a vida escolar de aprendizagem. 
Em cada sala de aula estão presentes uma professora e uma monitora, 
exceto na turma do berçário em que ficam uma professora e duas monitoras, pois 
são crianças de um ano de idade, necessitando uma maior atenção dos cuidados. 
Totalizam-se 21 funcionárias envolvidas diretamente com as crianças. 
Para as novas criançasque desejam entrar na casa, é feito no início de cada 
ano uma seleção de todos os inscritos, através de um edital, que informa os 
requisitos aos pais e responsáveis. Os requisitos são os seguintes: em primeiro 
lugar a área de abrangência (endereços mais próximos da instituição); em segundo 
42 
 
lugar os beneficiados por programas sociais do governo; em terceiro lugar a 
avaliação da necessidade e entrevista com os pais para vagas remanescentes. 
Devido à entrada e saída de crianças durante o ano, ocorreu uma pequena 
flutuação no número total de crianças matriculadas na instituição. Foram 
identificadas 206 crianças que estiveram matriculadas em algum momento durante o 
ano de 2017. Dentre elas, 26 desligaram-se da instituição antes que pudessem ser 
abordadas e quatro continuavam matriculadas ao final do ano, mas não foram 
encontradas nos turnos de atividade do projeto. Assim, avaliou-se a condição de 
saúde bucal de 176 crianças. A Figura 1 apresenta a distribuição das crianças por 
idade. Observou-se que o maior número de crianças se encontrava na faixa etária 
de 4 e 5 anos de idade. 
 
Figura 1 – Número de crianças avaliadas por idade. Casa da Criança São Francisco 
de Paula, Pelotas/RS. Março a dezembro de 2017. 
 
 
A Figura 2 apresenta os resultados relativos às 176 crianças avaliadas na triagem. 
Observou-se que 47,2% apresentavam risco moderado (presença de placa visível, 
gengivite, cavidade inativa de cárie, restauração), 28,4% com alto risco (presença de 
mancha branca, cavidade ativa de cárie, dor, abscesso de origem dentária) e 24,4% 
com baixo risco (sem história de cárie, placa visível, gengivite). Aproximadamente 
metade das crianças apresenta risco moderado de cárie, sendo que o risco baixo e 
alto risco estão expressos nas extremidades. Ainda existe a necessidade de 
prevenção e intervenção precoce na saúde bucal dos pré-escolares para evitar 
tratamentos futuros (TOMITA, 1996). A saúde bucal está intimamente ligada a 
circunstâncias culturais da família e da sociedade, e ainda envolta a condições 
socioeconômicas dessa população (PAULETO; PEREIRA; CYRINO, 2004). 
14
6
29
45
50
32
0
10
20
30
40
50
60
1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 6 anos
43 
 
 
Figura 2 – Classificação de risco da cárie dentária identificado na triagem. Casa da 
Criança São Francisco de Paula, Pelotas/RS. Março a dezembro de 2017. 
 
 
Em relação aos fatores de risco para cárie dentária, observou-se a presença 
de placa visível em 118 crianças (67%). Em relação à experiência de cárie dentária 
29 crianças (16,5%) apresentavam mancha branca (média de 0,38 dentes por 
criança); 37 crianças (21%) com cavidades ativas (média de 0,73 dentes por 
criança); 31 crianças (17,6%) com cavidades inativas (média de 0,41 dentes por 
criança). Somente 10 (5,7%) tinham dentes restaurados com média de 0,07 dentes 
por criança (Figura 3). 
Estes resultados indicam que muitas crianças apresentavam placa visível e 
apontam que ainda é necessário promover a educação em saúde, o conhecimento e 
o autocuidado dos familiares em relação aos cuidados bucais dos escolares 
(PAULETO; PEREIRA; CYRINO, 2004). Observou-se que 67 crianças (38%) 
apresentavam experiência de cárie dentária, sendo que algumas apresentavam mais 
de um fator, logo, encaminhando para o fenômeno da polarização da cárie dentária, 
que é explicado pelo acúmulo da doença em baixa fração da população estudada 
(CARDOSO et al., 2003). 
 
50
83
43
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Alto Moderado Baixo
44 
 
Figura 3 – Fatores de risco e experiência de cárie dentária identificados na triagem. 
Casa da Criança São Francisco de Paula, Pelotas/RS. Março a dezembro de 2017. 
 
 
Durante a triagem, foram identificadas 75 (42,5%) crianças que apresentavam 
mordida aberta anterior, que se caracteriza por um trespasse vertical negativo entre 
as bordas incisais dos dentes anteriores, ou seja, ausência de contato de alguns 
dentes da frente quando a criança morde, sendo causada pela sucção prolongada 
da chupeta ou dedo, o que acaba por modificar o arco dentário superior (ZAPATA et 
al., 2010). 
Em relação ao uso da chupeta durante o dia, 13 professoras/monitoras 
responderam que as crianças sob sua responsabilidade não usam. No que diz 
respeito à chupeta, 15 professoras/monitoras responderam que as crianças pediam 
durante o dia; e nove responderam que o pedido era na hora do sono e para olhar 
televisão. Todas responderam que o uso prolongado da chupeta poderia trazer 
algum prejuízo para a criança, sendo que dez justificaram que modificaria a arcada 
dentária. O hábito de sucção de chupeta é considerado um fator de risco para à má 
oclusão da criança (TOMITA; BIJELLA; FRANCO, 2000). 
Em relação à escovação dental direta, 162 crianças receberam uma 
escovação dental supervisionada (92%) e 39 crianças (que saíram da instituição no 
final de 2017) receberam pelo menos duas escovações. Optou-se por não realizar 
escovação dental direta em crianças do berçário (n=14). Em todas as outras salas 
este procedimento era realizado em seguida da triagem, mas, no caso das crianças 
do berçário, os exames bucais, já geravam um desgaste emocional. Como as 
professoras/monitoras colaboram com a higiene bucal (escovação indireta) dos pré-
118
20
29 31
37
10
0
20
40
60
80
100
120
140
Placa visível Gengivite Mancha
branca
Cavidade
ativa
Cavidade
inativa
Restauração
45 
 
escolares, a proposta é de se realizar um reforço para elas sobre os principais 
cuidados com esta faixa etária. 
Na maioria das salas eram as próprias professoras/monitoras que realizavam 
a escovação dental e apenas as crianças maiores (5 a 6 anos de idade) iniciavam a 
escovação sozinha e depois recebiam auxílio. A maior parte realizava a escovação 
no turno da tarde, utilizando escova, dentifrício fluoretado e toalha. 
Buscou-se identificar a quantidade de dentifrício que as monitoras colocavam 
nas escovas de dentes. Para isto utilizou-se uma imagem (Figura 4) com um 
esquema proposto por Forni (2005) com quantidades relativas a 0,11g [2], 0,25g [5], 
0,5g [1], 0,75g [4], 1,0g [6], mais de 1g [3]. As quantidades adequadas variam de 
acordo com cada faixa etária. Assim, para crianças de zero a três anos de idade, o 
ideal é não ultrapassar 0,25g e para as de três a seis anos, não ultrapassar 0,5g 
(FORNI, 2005). 
 
Figura 4 – Esquema para escolha de quantidade de dentifrício. 
 
Fonte: Forni, 2005. 
 
A Tabela 1 apresenta as respostas das professoras/monitoras em relação à 
quantidade de dentifrício fluoretado que era colocada nas escovas de dentes das 
crianças. 
 
46 
 
Tabela 1 – Distribuição das professoras/monitoras segundo quantidade de dentifrício 
colocada nas escovas de dentes. Casa da Criança São Francisco de Paula, 
Pelotas/RS. Março a dezembro de 2017. 
Quantidade de dentifrício no % 
[2] 0,11g 7 33,3 
[5] 0,25g 3 14,4 
[1] 0,5g 7 33,3 
[4] 0,75g 2 9,5 
[6] 1g 2 9,5 
[3] +1g - - 
Total 21 100,0 
 
Observou-se que 81% das professoras/monitoras colocavam quantidades 
entre 0,11 e 0,5 gramas de dentifrício fluoretado nas escovas de dentes das 
crianças, que são consideradas ideais, pois nessa faixa etária existe a possibilidade 
de ingestão de dentifrício e risco para a ocorrência de fluorose dentária (BRASIL. 
2009). Assim, é importante que se faça um trabalho individual com as quatro 
monitoras que apontaram as figuras [4] e [6] para orientações e um reforço positivo 
com as demais. 
Em relação as professoras/monitoras conseguirem realizar uma escovação 
dental satisfatória nas crianças, 95% responderam que se sentiam capazes. O 
motivo que as levava a acreditar foi variado (experiência, capacitação, informação 
entre outros), mas relataram que poderiam melhorar e destacaram a importância da 
escovação. Todas consideraram a relevância da escovação na instituição e no 
ambiente familiar. 
A equipe diretiva da instituição relatouque reforçava para as professoras e 
monitoras a importância sobre os cuidados de higiene pessoal e sobre a relevância 
da escovação dentária. 
No consultório odontológico foram realizados 31 exames clínicos, sendo que 
18 foram para tratamento e 13 para acompanhamento da evolução da saúde bucal 
da criança. Foi realizada ainda a adaptação comportamental de sete crianças. No 
total, foram efetuados 23 procedimentos, entre restaurações, exodontias e 
intervenção pulpar. E, por fim, aplicação tópica de flúor em 13 crianças. É importante 
destacar que, pelo fato de serem crianças de um a seis anos de idade, qualquer 
47 
 
procedimento clínico exigirá uma abordagem especial. Isto porque a criança tem 
dificuldade em contribuir com o tratamento, é difícil permanecer quieta por minutos e 
apresenta ansiedade frente à intervenção (POSSOBON et al., 2003). 
Como as crianças permaneciam o dia inteiro na instituição, segundo a equipe 
diretiva, era necessária uma organização do cardápio escolar das merendas. Este 
era feito com a ajuda de uma nutricionista e também acompanhado pelo “Mesa 
Brasil” (projeto do Serviço Social do Comércio - SESC), podendo ter algumas 
alterações devido ao tipo de doações que chegavam à instituição. 
O relato da equipe diretiva sobre o cardápio foi o seguinte: de manhã leite e 
bolacha; no almoço arroz, feijão, carne e uma mistura (verdura/legume), sobremesa 
(fruta); café da tarde leite e pão e, dependendo do que era ofertado no café da tarde, 
poderia ter mais um lanche antes da saída. Por dia, o número de merendas era 
quatro, porém, por motivos de adaptação, poderia ser alterada para cinco refeições, 
com acréscimo de uma refeição na tarde, que dependia do que foi ofertado no café 
da tarde, ou mesmo a oferta de uma fruta antes da saída. Eram realizadas nos 
seguintes horários: café 7h30min às 8h, almoço 10h45min, sobremesa 13h30min às 
14h e café 15h30min até 16h15min. Às 17horas os pais buscavam os seus filhos. 
Durante o dia para as atividades das crianças a coordenação mantinha uma 
rotina planejada de acordo com a faixa etária das turmas (lúdico, educacional, 
audiovisual, pátio para exercício da função motora). No turno da manhã as turmas 
dos pré-escolares faziam trabalhos e atividades de música e os menores têm 
atividades voltadas para o lúdico (música de criança, história, brincar com blocos de 
formas, pintar) para estimular a criatividade e o aprendizado. Na parte da tarde 
ocorriam atividades na biblioteca (hora do conto), brincadeiras no pátio. Uma vez por 
semana para todas as turmas, tinham filme no auditório, e esse variava de acordo 
com a faixa etária de cada turma. Observando a organização e atividades das 
crianças, o projeto precisa ter cuidado para não perturbar esta rotina e ao mesmo 
tempo conseguir atender e desenvolver as atividades de promoção, prevenção e 
recuperação de agravos de saúde bucal. 
A equipe diretiva se mostrou aberta ao diálogo e relatou um grande ganho 
com a presença do projeto, pois houve maior conscientização da higiene bucal, até 
mesmo do autocuidado dos funcionários. 
A presença de uma equipe de saúde bucal em uma instituição filantrópica 
voltada para o atendimento de crianças pré-escolares é de grande importância para 
48 
 
todos, mas principalmente para as crianças. Os resultados observados para o ano 
de 2017 foram satisfatórios em relação ao tempo que se tinha para desenvolver as 
atividades e por buscar a integralidade do ser humano. A partir dos resultados, será 
possível planejar novas intervenções ou aprimorar as que já são desenvolvidas. 
 
 
49 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
Este trabalho permitiu observar que a instituição tem organização relevante 
para o bom funcionamento e para manter o cuidado das crianças, além de 
cumprir seu papel filantrópico e social. Os funcionários apresentavam-se abertos 
a melhorar e escutar a equipe do projeto. Durante o processo de trabalho, notou-
se o cuidado que as professoras/monitoras tinham com as crianças. No ano de 
2017, o projeto de extensão realizou intervenções na instituição e foram coletados 
vários dados. Em relação à saúde bucal dos pré-escolares, mais da metade 
apresentou placa visível no momento da triagem e conseguiu-se realizar 
escovação dental supervisionada em 92% dos pré-escolares. Cabe destacar que 
as intervenções precisam continuar em desenvolvimento. O envolvimento 
multidisciplinar foi o diferencial durante a realização das atividades. Logo, existe a 
necessidade de seguir aprimorando os cuidados com a saúde bucal das crianças, 
através da promoção e educação em saúde bucal, além de prevenção das 
principais doenças bucais e de ações assistenciais. 
50 
 
REFERÊNCIAS 
 
ALMEIDA, D. L. et al. Avaliação da saúde bucal de pré-escolares de 4 a 7 anos de 
uma creche filantrópica. Revista Gaúcha Odontologia, Porto Alegre, v. 59, n.2, p. 
271-275, abr./jun., 2001. 
 
 
ALVES, M. A. Terceiro setor: as origens do conceito. In: ENANPAD, XXVII, 2002, 
Salvador. Anais... Salvador: Enanpad, 2002. (GPG 837). 
 
 
ARAÚJO, D.; MIRANDA, M. C. G.; BRASIL, S. L.; Formação de profissionais de 
saúde na perspectiva da integralidade. Revista Baiana de Saúde Pública, v.31, 
n.1, p.20-31, jun. 2007. 
 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de 
Atenção Básica. Guia de recomendações para o uso de fluoretos no Brasil. 
Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 56p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos). 
 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de 
Vigilância em Saúde. SBBrasil 2010: Pesquisa Nacional de Saúde Bucal: 
resultados principais. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. Acessado em 30 abr. 
2017. Online. Disponível em: 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pesquisa_nacional_saude_bucal.pdf 
 
 
BUSS, P. M.; FILHO, A. P. A saúde e seus determinantes sociais. PHYSIS: Rev. 
Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.17, n.1, p. 77-93, 2007. 
 
 
CARVALHO, E. S. et al. Prevenção, promoção e recuperação da saúde bucal do 
trabalhador. RGO – Revista Gaúcha Odontologia, Porto Alegre, v. 57, n.3, p. 345-
349, jul./set. 2009. 
 
 
CARDOSO, L. et al. Polarização da cárie em município sem água fluoretada. Cad. 
Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.19, n.1, p. 237-243, jan-fev, 2003. 
 
 
[CCSFP]. Casa da Criança São Francisco de Paula. Disponível em 
http://www.casadacriancasfpaula.com.br/Pagina/1/Instituicao. Acesso em 30 set. 
2017. 
 
 
FERREIRA, J. M. S. et al. Práticas de pais sobre a higiene bucal e dieta de pré-
escolares da rede pública. RGO – Revista Gaúcha Odontologia, Porto Alegre, v. 
59, n. 2, p.265-270, abr./jun., 2011. 
 
 
http://www.casadacriancasfpaula.com.br/Pagina/1/Instituicao
51 
 
FERREIRA, V. S. Práticas pedagógicas nas creches filantrópicas. Que práticas 
são essas? In. CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – EDUCERE, 9. 
ENCONTRO SUL BRASILEIRO DE PSICOPEDAGOGIA, 3, 2009, Curitiba. Anais... 
Curitiba. Champagnat, 2009, p. 2843-2854. 
 
 
FORNI, T. I. B. Fatores associados à fluorose dentária em área com água fluoretada. 
2005. 221 p. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Faculdade de Saúde 
Pública, Universidade de São Paulo, 2005. 
 
 
GONÇALVES, F.D. et al. A promoção da saúde na educação infantil. Interface - 
Comunicação, Saúde, Educação, v.12, n.24, p.181-92, jan./mar. 2008. 
 
 
KLATCHOIAN, D. A.; NORONHA, J. C.; TOLEDO, A. Adaptação comportamental do 
paciente odontopediátrico. Manual de referência para procedimentos clínicos em 
Odontopediatria/Associação Brasileira de Odontopediatria, 2009. p. 49-71. 
 
 
MARANHÃO, D. G. O. processo saúde doença na perspectiva dos educadores 
infantis. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p. 1.143-1.148, out./dez., 
2000. 
 
 
MELO, M. M. et al. Fatores associados à cárie dentária em pré-escolares do Recife, 
Pernambuco, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 27, n. 3, p. 471-85, 
mar., 2011. 
 
 
PACHECO, A. L. P. B; DUPRET, L. Creche: desenvolvimento ou sobrevivência?

Continue navegando