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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Odontologia Graduação em Odontologia Trabalho de Conclusão de Curso Processo de trabalho, condições sociais e de saúde bucal de crianças institucionalizadas na Casa da Criança São Francisco de Paula – Pelotas/RS Luiza Beatriz Thurow Marcieli Dias Furtado Pelotas, 2018 2 Luiza Beatriz Thurow Marcieli Dias Furtado Processo de trabalho, condições sociais e de saúde bucal de crianças institucionalizadas na Casa da Criança São Francisco de Paula – Pelotas/RS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Cirurgiã-dentista. Orientador: Prof. Dr. Tania Izabel Bighetti Coorientadora: Prof. Dra. Josiane Luzia Dias Damé Pelotas, 2018 3 Luiza Beatriz Thurow Marcieli Dias Furtado Processo de trabalho, condições sociais e de saúde bucal de crianças institucionalizadas na Casa da Criança São Francisco de Paula – Pelotas/RS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado, como requisito parcial, para obtenção do grau de Cirurgiã-dentista, Faculdade de Odontologia, Universidade Federal de Pelotas. Data da defesa: 19/03/2018 Banca examinadora: Profa. Dra. Tania Izabel Bighetti (Orientadora) Doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo Prof. Dr. Eduardo Dickie de Castilhos Doutor em Epidemiologia pelo Programa de Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas Profa. Dra. Gabriela dos Santos Pinto Doutora em Odontopediatria pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Federal de Pelotas Profa. Dra. Lisandrea Rocha Schardosim (suplente) Doutora em Estomatologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul https://www.escavador.com/sobre/24537677/pontificia-universidade-catolica-do-rio-grande-do-sul https://www.escavador.com/sobre/24537677/pontificia-universidade-catolica-do-rio-grande-do-sul 4 Dedicamos este trabalho a nossos familiares e amigos pelo incentivo, apoio e carinho. 5 Agradecimentos Luiza Muita gratidão a todos os presentes durante esse processo aprendizagem. Obrigada, Deus. Agradeço a minha família e meu namorado. Aos professores: Tania, Josiane, Marília e Eduardo. Amigas: minha dupla, Marcieli e trio, Aline e Luiza Teixeira; Elenice, Silvana, Sabrina, Clarissa, Marília, Julia Guedes, Mariana. Aos meus colegas de trabalho. A todos da instituição Casa da Criança São Francisco de Paula e a suas crianças. A Universidade Federal de Pelotas com seus professores, colegas, funcionários e pacientes que tive a oportunidades de conhecer. Profundamente grata a todos. “Sozinhos somos apenas momentos, juntos somos eternidade.” Leonardo Pessoa 6 Agradecimentos Marcieli Primeiramente agradeço a Deus, que me deu vida, saúde e proveu a todas as minhas necessidades. À minha mãe Betiz Dias Furtado e a meu pai Amauri de Moura Furtado, que além de acreditar no meu sonho, sonharam comigo e contribuíram incessantemente para que ele se realizasse, me apoiaram, me educaram, me amaram e nunca me deixaram desistir. Esta conquista é nossa! Às minhas irmãs, Marcia Castro e Cristiane Furtado, que sempre estiveram ao meu lado, nos momentos de alegria e principalmente nos momentos difíceis, com suas incontáveis contribuições e uma amizade imensurável. Ao Roger Abreu que esteve ao meu lado me apoiando, foi companheiro e amigo em todos os momentos, perseverou comigo nos meus objetivos. A minha avó Maria Cristina Barros, pelas palavras de apoio e presença constante. À dupla que me acompanhou durante esta trajetória Luiza Thurow, em que dividimos os anseios, as dificuldades e também muito aprendizado e companheirismo. A minha orientadora Tania Izabel Bighetti e a coorientadora Josiane Dias Damé, que acreditaram neste trabalho e doaram seu tempo com ajuda, paciência, correções, conversas, enfim uma dedicação enorme que me proporcionou muita aprendizagem e crescimento, não só como profissional como também pessoal. Aos demais professores da FO-UFPel, que em suas especialidades contribuíram para minha formação. Aos funcionários e estudantes do Instituto Casa da Criança São Francisco de Paula, pelo acolhimento, participação e seriedade com que aceitaram fazer parte deste trabalho. À Universidade Federal de Pelotas, seu corpo docente, direção e administração. 7 “Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.” Paulo Reglus Neves Freire 8 Resumo THUROW, Luiza B; FURTADO, Marcieli D. Processo de trabalho, condições sociais e de saúde bucal de crianças institucionalizadas na Casa da Criança São Francisco de Paula – Pelotas/RS. 2018. 123f. Trabalho de Conclusão de Curso em Odontologia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2018. Este trabalho tem como objetivo descrever o processo de trabalho na Casa da Criança São Francisco de Paula onde é desenvolvido o projeto de extensão “OI Filantropia – Odontologia e Instituições filantrópicas”, apresentar dados relativos à condição social e de saúde bucal das crianças atendidas, além dos conhecimentos e experiências das professoras/monitoras em relação à saúde bucal. Foram utilizados dados primários (entrevistas com equipe diretiva e professoras/monitoras) e secundários (cadastros de matrícula da instituição, planilhas e prontuários do projeto de extensão) relativos ao período de março a novembro de 2017. Exceto os dados das duas entrevistas com a equipe diretiva, que foram apenas registrados em uma ficha e descritos, os demais foram digitados com uso do programa EpiData versão 3.1, tabulados com o programa EpiData Analysis versão V2.2.3.187 e apresentados através de estatística descritiva. A instituição pode ser caracterizada como uma equipe que preza pelo cuidado das crianças. Em relação aos conhecimentos e experiências das professoras/monitoras, estas estavam dispostas a aprimorar os seus conhecimentos de saúde bucal e observou-se a dedicação com as crianças. No que diz respeito à condição social das crianças a maioria dos pais trabalhava e se enquadrava na categoria de maior renda do questionário socioeconômico. A avaliação das condições de saúde bucal das crianças demonstrou que a prevalência de placa bacteriana, cárie dentária e mordida aberta anterior ainda merecem atenção. Também se observou por meio da descrição de um caso clínico, a importância da adaptação comportamental das crianças para o tratamento odontológico. Concluiu-se que as crianças ainda apresentam agravos em saúde bucal que podem ser controlados com ações específicas. Sugere-se a permanência do projeto de extensão e que as atividades de promoção, prevenção e educação em saúde bucal tenham continuidade na instituição. Palavras-chave: saúde bucal; odontopediatria; extensão comunitária; pré-escolar; condição social; comportamento infantil 9 Abstract THUROW, Luiza B; FURTADO, Marcieli D. Work process, social conditions and oral health of children institutionalized in Casa da Criança São Francisco de Paula – Pelotas/RS. 2018. 123f. Final Work in Dentistry. Graduation in Dentistry. Federal University of Pelotas, Pelotas, 2018. This work aims to describe the process of work in the House of the child San Francisco de Paula where the project extension is developed "Oi Filantropia - dentistry and philanthropic institutions", presenting dataconcerning the social condition and oral health of the children assisted, in addition to the knowledge and experiences of the teachers/monitors in relation to oral health. Primary (interviews with management team and teachers/monitors) and secondary data (registration records of the institution and spreadsheets and records of the extension project) were used relating to the period from March to November 2017. Except the data of the two interviews with the management team that were only recorded in a file and described, the others were typed using the program EpiData version 3.1, tabulated with the program EpiData Analysis version v 2.2.3.187 and presented through descriptive statistic. The institution can be characterized as a team that cares for the children. In relation to the knowledge and experiences of the teachers/monitors, these were willing to improve their oral health knowledge and the dedication with the children has been observed. As regards the social condition of the children most of the parents worked and were in the highest income category of the socioeconomic questionnaire. The assessment of children's oral health conditions showed that the prevalence of bacterial plaque, dental caries and anterior open bite still deserve attention. It was also observed through the description of a clinical case, the importance of the behavioral adaptation of children for dental treatment. It was concluded that children still have oral health problems that can be controlled with specific actions. It is suggested the permanence of the extension project and that the activities of promotion, prevention and education in oral health continue in the institution. Key-words: oral health; pediatric dentistry; community-institutional relation; child, preschool; social condition; child behavior 10 Sumário 1 Apresentação ...................................................................................................... 144 2 Projeto de pesquisa ........................................................................................... 155 2.1 Introdução ............................................................................................. 156 2.2 Justificativa ........................................................................................... 188 2.3 Objetivos ............................................................................................... 199 2.4 Hipóteses ................................................................................................. 20 2.5 Metodologia ........................................................................................... 211 2.6 Cronograma .......................................................................................... 244 2.7 Orçamento ............................................................................................. 255 Referências ................................................................................................. 266 3 Relatório do trabalho de campo ........................................................................ 299 4 Artigo 1 ................................................................................................................ 322 5 Artigo 2..................................................................................................................53 6 Artigo 3..................................................................................................................79 7 Considerações finais ........................................................................................... 97 Referências .............................................................................................................. 99 Apêndices ............................................................................................................ 1066 Anexos ................................................................................................................. 1138 11 Lista de quadros Quadro 1 – Cronograma da pesquisa.................................................................. 24 Quadro 2 – Orçamento da pesquisa.................................................................... 25 12 Lista de tabelas Artigo 1 Tabela 1 – Distribuição das professoras/monitoras segundo quantidade de dentifrício colocada nas escovas de dentes. Casa da Criança São Francisco de Paula, Pelotas/RS. Março a dezembro de 2017................................................... 46 Artigo 2 Tabela 1 – Caracterização das crianças avaliadas. Casa da Criança São Francisco de Paula, Pelotas/RS, 2017................................................................. 62 Tabela 2 – Caracterização dos pais das crianças avaliadas. Casa da Criança São Francisco de Paula, Pelotas/RS, 2017.......................................................... 64 Tabela 3 – Caracterização das famílias das crianças avaliadas. Casa da Criança São Francisco de Paula, Pelotas/RS, 2017............................................. 66 Tabela 4 – Distribuição das crianças avaliadas segundo presença de fatores de risco e história de cárie dentária. Casa da Criança São Francisco de Paula, Pelotas/RS, 2017................................................................................................. 67 Tabela 5 – Média (mínimo e máximo) de sextantes com fatores de risco e de dentes com história de cárie dentária das crianças avaliadas. Casa da Criança São Francisco de Paula, Pelotas/RS, 2017.......................................................... 68 Tabela 6 – Distribuição das crianças avaliadas segundo a presença de mordida aberta e uso de chupeta. Casa da Criança São Francisco de Paula, Pelotas/RS, 2017..................................................................................................................... 68 13 Lista de figuras Artigo 1 Figura 1 – Número de crianças avaliadas por idade. Casa da Criança São Francisco de Paula, Pelotas/RS. Março a dezembro de 2017............................... 42 Figura 2 - Classificação de risco da cárie dentária identificado na triagem. Casa da Criança São Francisco de Paula, Pelotas/RS. Março a dezembro de 2017..... 43 Figura 3 – Fatores de risco e experiência de cárie dentária identificados na triagem. Casa da Criança São Francisco de Paula, Pelotas/RS. Março a dezembro de 2017.................................................................................................. 44 Figura 4 – Esquema para escolha de quantidade de dentifrício pelas professoras/monitoras............................................................................................ 45 Artigo 3 Figura 1 – Incisivo central com hipoplasia............................................................. 85 Figura 2 – Utilização da seringa tríplice................................................................ 86 Figura 3 – Utilização do sugador.......................................................................... 86 Figura 4 – Manipulação dos instrumentais clínicos............................................... 87 Figura 5 – Manipulação do fotopolimerizador....................................................... 88 Figura 6 – Várias ‘mãos’ no atendimento clínico................................................... 89 Figura 7 – Antes e depois do tratamento............................................................... 89 Figura 8 – Acompanhamento da criança............................................................. 90 14 1 Apresentação Trata-se de um estudo descritivo composto de uma experiência de extensão, associada a uma pesquisa de campo e um relato de caso clínico de saúde bucal na instituição Casa da Criança São Francisco de Paula-Pelotas/RS. O trabalho está apresentado em forma de artigo, conforme o Manual de Normatização de teses, dissertações e trabalhos acadêmicosda Universidade Federal de Pelotas: manual de orientação (pg. 35 - Estrutura em artigos), disponível em http://sisbi.ufpel.edu.br/arquivos/PDF/Manual_Normas_UFPel_trabalhos_acadêmico s.pdf, e tem a seguinte estrutura: projeto de pesquisa, relatório do trabalho de campo, artigo 1, artigo 2, artigo 3 e considerações finais. O artigo 1, que aborda as características da instituição, o conhecimento de professoras/monitoras sobre saúde bucal, as condições de saúde bucal das crianças e as atividades do projeto de extensão OI Filantropia – Odontologia e instituições filantrópicas, está formatado conforme as normas da Revista Extendere da Pró- Reitoria de Extensão da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN, disponíveis em http://periodicos.uern.br/index.php/extendere/index. O artigo 2, que aborda as condições sociais e de saúde bucal das crianças da instituição, está formatado conforme as normas da Revista da Faculdade de Odontologia Universidade de Passo Fundo, disponíveis em http://seer.upf.br/index.php/rfo/about/submissions. O artigo 3, que aborda um caso clínico de adaptação de comportamento, está formatado conforme as normas da Revista da Faculdade de Odontologia Universidade de Passo Fundo, disponíveis em http://seer.upf.br/index.php/rfo/about/submissions. Ao final estão apresentadas as considerações finais e as referências utilizadas para a elaboração do estudo. http://sisbi.ufpel.edu.br/arquivos/PDF/Manual_Normas_UFPel_trabalhos_acadêmicos.pdf http://sisbi.ufpel.edu.br/arquivos/PDF/Manual_Normas_UFPel_trabalhos_acadêmicos.pdf http://periodicos.uern.br/index.php/extendere/index http://seer.upf.br/index.php/rfo/about/submissions http://seer.upf.br/index.php/rfo/about/submissions 15 2 Projeto de pesquisa 2.1 Introdução O termo “filantropia” vem do grego philanthrōpía (philos+anthropos) e é definido pelo dicionário Michaelis como “enorme amor à humanidade”. Kanitz fez essa mesma descrição em 2002, em seu artigo. Assim, pode-se dizer que a filantropia compreende ações voluntárias que visam ao benefício do outro. Esse benefício pode ser demonstrado de várias formas, como doação de tempo próprio em prol de alguém, ajuda financeira ou dedicação de afeto, sendo esses aspectos, na maioria das vezes, de caráter social, não dependendo do governo (ALVES, 2002). De uma forma mais geral, filantropia é usar o dinheiro privado para ações de ajuda à sociedade, não envolvendo as finanças governamentais, sendo então sustentadas por pessoas, fundações ou empresas (INSTITUTE OF DEVELOPMENT STUDIES; RESOURCE ALLIANCE; FUNDAÇÃO ROCKEFELLER, 2014). No Brasil a filantropia surgiu e foi classificada num grupo junto à caridade, o assistencialismo e a solidariedade, em que inicialmente havia uma ligação muito forte à religiosidade. Esta era mantida por meio de doações dos filantropos, que eram responsáveis por sustentar casas de saúde, de cuidado de idosos e crianças. No ano de 1916, aconteceu a criação jurídica desse grupo, através da Lei 3.071/1916. Em 1959 houve o reconhecimento das entidades filantrópicas por origem da Lei 3.577/1959 e, por razão desta, as instituições não tem obrigações de repasse de tributos ao governo, e ainda hoje a lei segue em vigor. Durante as décadas de 70 e 80, período este de Ditadura Militar, ocorreu um crescente surgimento de entidades sem fins lucrativos que ajudaram nos movimentos sociais (SANTOS, 2012). O primeiro setor é aquele que visa o lucro e corresponde ao Mercado, já o segundo setor é retratado pelos fins públicos e corresponde ao Estado. Assim, as instituições de cunho filantrópico, que são caracterizadas por não possuírem fins lucrativos, são descritas como pertencentes ao terceiro setor, o qual compreende autores privados de intervenções não lucrativas, que exercem ações para o bem social. (ALVES, 2002; RICO, 1997). As instituições com fins beneficentes, classificadas dentro do terceiro setor, dividem-se em espaços compreendidos pela educação, cuidado à saúde, moradia e necessidades essenciais à vida. Dentre 16 essas áreas há um destaque para hospitais, casas para idosos (asilos), instituições para crianças (creches e orfanatos) (INSTITUTE OF DEVELOPMENT STUDIES; RESOURCE ALLIANCE; FUNDAÇÃO ROCKEFELLER, 2014; ALVES, 2002). Com relação às instituições para crianças, pode-se destacar que elas surgiram pela necessidade de um maior cuidado e atenção dos menores. No século XX, em razão do desenvolvimento visando o capitalismo, houve uma crescente necessidade de mão de obra. Em razão de reinvindicações de movimentos operários e pela preocupação com a condição de vida das crianças, surgem as creches, que inicialmente tinham como foco a nutrição e higiene, para o desenvolvimento de seres sadios. As creches criadas, situadas nas vilas operárias, em sua maioria eram de caráter filantrópico, e poucas mantidas pelo governo. E essa necessidade de ter um local para deixar os filhos foi crescendo cada vez mais, sendo resultado da inserção das mulheres no mercado de trabalho (PACHECO; DUPRET, 2004). Inicialmente o foco da atenção à criança institucionalizada era nutrir, dar segurança e cuidados pessoais, não havia um enfoque na educação, eram de caráter assistencial. Na Constituição de 5 de outubro de 1988, as creches pré- escolares foram reconhecidas como um direito da criança, sendo que os pais podiam optar por essa assistência que era um dever do Estado. Isto foi completado pela Lei 9394/96 (Lei de diretrizes e Bases da Educação), que ampliou o enfoque para educação, tornando-as o início da educação básica, dividindo o ensino em creche e pré-escola, abrangendo crianças de 0 a 6 anos de idade (PACHECO; DUPRET, 2004; DIDONET, 2001; BORGHI; ADRIÃO; ARELARO, 2009). A instituição é um local de formação de conhecimentos e hábitos, em que a criança permanece grande parte de seu tempo diário (10 a 12 horas), sendo esse conhecimento levado para sua vida e desenvolvimento (FERREIRA, 2009). Portanto, além da educação, a manutenção da saúde das crianças é parte fundamental dessas entidades, levando em conta que o adoecimento das institucionalizadas é maior do que entre as que recebem cuidado restrito dos pais/responsáveis. Entretanto, os cuidadores não são capacitados para promoção de saúde e necessitam de apoio ou capacitação nessa área (MARANHÃO, 2000). Sabe-se que as crianças institucionalizadas têm grande chance de desenvolver doenças, e que a doença cárie acomete crianças dessa faixa etária causando dor e sofrimento (RIBEIRO; OLIVEIRA; ROSENBLATT, 2005). Além disso, os dados de que menos 17 de 50% das crianças estavam livres de cárie dentária aos 5 anos de idade (BRASIL, 2010), sendo essa morbidade um desafio de erradicação para a saúde pública, demonstram a necessidade de intervenções de prevenção e educação em saúde, para o melhoramento da qualidade de vida das crianças. A cárie precoce na infância traz grandes impactos para a criança, que muitas vezes podem não ser percebidos, como restrição na alimentação, prostração e sensação de dor, também afetando seu estado biopsicossocial. O principal fator etiológico desta doença é a placa bacteriana estagnada nos dentes, associada a uma dieta desequilibrada e rica em açúcares e carboidratos fermentáveis. Desse modo, a merenda escolar deveria conter alimentos mais nutritivos e menos cariogênicos. Além disso, nessa faixa etária as crianças não possuem a habilidade motora bem desenvolvida para realizarem a correta limpeza das estruturas dentais, reforçando assim a importância do responsável auxiliar e supervisionar a escovação dental (MELO et al., 2011; ALMEIDA et al., 2011; FERREIRA et al., 2011). Diante da necessidade de atendimento integral das crianças institucionalizadas, verifica-se a importância de desenvolver ações preventivas, curativas e de educação em saúde bucal com essa população. Para atender a essepúblico, a Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas (FO- UFPel) vem desenvolvendo o projeto de extensão “OI Filantropia – Odontologia e Instituições Filantrópicas”. Esse projeto tem como objetivo realizar ações coletivas e individuais de saúde bucal com crianças de duas instituições filantrópicas do município de Pelotas/RS, além da gestão do serviço odontológico das instituições. Os locais selecionados pelo projeto foram o Instituto Filantrópico Nossa Senhora da Conceição, que tem como público meninas de 6 a 12 anos atendidas em turno inverso ao da escola, e a Casa da Criança São Francisco de Paula, foco deste projeto de pesquisa. Essa instituição tem como base a educação escolar, atendendo crianças de 0 a 6 anos de idade, divididas em turmas de acordo com suas idades: berçário, maternal, jardim e pré- escola. No primeiro semestre de 2017, as atividades do projeto estão acontecendo às sextas-feiras, no período da manhã. Conta com a participação de duas acadêmicas do 8° semestre e um do 5° semestre da FO-UFPel, supervisionados por duas cirurgiãs-dentistas, uma doutora na área de Saúde Pública, e a outra em Epidemiologia. 18 2.2 Justificativa É importante que se conheça o processo de trabalho na Casa Criança São Francisco de Paula com maior detalhamento; visto que as crianças lá atendidas são pré-escolares de 0 a 6 anos, que passam boa parte de seu dia em um local onde adquirem conhecimentos e hábitos, que serão usados em sua vida. Além disso, é relevante que se identifique os profissionais que as atendem e suas capacitações profissionais, e se conheça o que é ensinado sobre saúde, sua rotina de higiene diária e especificamente os hábitos de higiene bucal. Também é importante analisar a condição de saúde bucal em que as crianças se encontram e se houve mudanças a partir de intervenções que vem sendo realizadas na instituição, identificando se essas são efetivas para a prevenção de cárie e recuperação de agravos. 19 2.3 Objetivos 2.3.1 Geral Descrever os principais resultados de atividades de saúde bucal realizadas por um projeto de extensão em uma instituição filantrópica para pré-escolares situada no município de Pelotas/RS, bem como os conhecimentos de saúde bucal das professoras e monitoras. 2.3.2 Específicos - Descrever os principais aspectos relativos à condição socioeconômica das crianças atendidas na instituição. - Descrever as condições de saúde bucal das crianças atendidas na instituição. - Descrever as atividades desenvolvidas pelo projeto de extensão “OI Filantropia – Odontologia e Instituições Filantrópicas” e seus principais resultados. - Identificar o conhecimento que as professoras e monitoras possuem em relação à saúde bucal das crianças. 20 2.4 Hipóteses Não se aplica. 21 2.5 Metodologia 2.5.1 Delineamento Será realizado um estudo transversal descritivo com a coleta de dados primários (entrevistas) e dados secundários (cadastros da instituição e planilhas/fichas do projeto de extensão). 2.5.2 Local de estudo A presente pesquisa será realizada na instituição filantrópica Casa da Criança São Francisco de Paula, localizada na Rua Uruguai nº 1.651, bairro Centro, no município de Pelotas. Esta instituição faz atendimento a crianças de 0 a 6 anos. A instituição recebe autorização de pais/responsáveis para todas as atividades realizadas com as crianças. 2.5.3 População de estudo Será constituída pela diretoria, funcionários, professores, auxiliares e educandos da instituição. 2.5.4 Critérios de inclusão Diretoria, funcionários, professores, auxiliares: todos que se dispuserem a responder o questionário. Educandos: todos cujos dados estejam disponibilizados nas planilhas do projeto de extensão “OI Filantropia – Odontologia e Instituições Filantrópicas” e nos cadastros de matrícula. 2.5.5 Critérios de exclusão Não se aplica. 2.5.6 Instrumento de coleta de dados Para a coleta de dados primários serão aplicados, através de entrevistas, dois questionários. O primeiro (Apêndice A) para a equipe administrativa da instituição (direção, coordenação, secretaria e outros serviços existentes). O segundo (Apêndice B) será aplicado aos professores e auxiliares que têm contato direto com as crianças. No caso dos dados secundários, serão coletados a partir dos cadastros das crianças. Em relação aos dados do projeto de extensão, serão coletados a partir das fichas e planilhas de registro das atividades (Anexo 1, Anexo 2 e Anexo 3). 22 2.5.7 Variáveis de estudo No caso da equipe administrativa as variáveis serão obtidas a partir de dados sobre o funcionamento da instituição, a estrutura física e equipe de funcionários, seu nível de instrução, e se são capacitados para ensinar sobre saúde geral e bucal. Para professoras e monitoras, as variáveis serão: os conhecimentos sobre saúde geral com enfoque na bucal, saber se práticas de higiene bucal estão sendo desenvolvidas e como estão conduzindo essa atividade. No que diz respeito aos dados secundários, as variáveis serão: presença de cárie ativa e inativa, macha branca, cavidade, gengivite, placa visível, condição do freio labial e lingual, presença de mordida aberta e urgência. A partir desses dados obtém-se uma classificação quanto ao risco de cárie, identificando se a criança tem risco alto, moderado ou baixo, e se há necessidade de tratamento ou não. Também serão coletados dados sobre os tratamentos odontológicos e seus tipos (tratamento restaurador atraumático - TRA, exodontia e endodontia de decíduos). Além destes, serão coletados os dados socioeconômicos que a instituição obtém dos responsáveis pelas crianças no processo da matrícula. 2.5.8 Digitação, tabulação e análise de dados Os registros, tanto dos questionários, como das planilhas de avaliação da condição de saúde bucal, serão transferidos para planilhas do programa Microsoft Office Excel versão 2013 para análise de dados e confecção de gráficos e tabelas, os quais serão utilizados para descrever os resultados. 2.5.9 Logística Foi realizado contato com a Casa da Criança São Francisco de Paula, para agendamento de uma visita. Nesse primeiro contato foi feita a explanação da pesquisa, de como ocorrerá a coleta de dados na instituição, e foi solicitada autorização (Apêndice C) para a realização do estudo. Após autorização da direção, serão entregues os termos de consentimento livre e esclarecido (Apêndice D e Apêndice E), para habilitar a coleta de dados com os funcionários da instituição. Em posse das autorizações o trabalho terá seu início com a aplicação dos questionários aos funcionários da instituição, concomitante à coleta de informações obtidas através dos registros feitos pelo projeto extensão “OI Filantropia – Odontologia e Instituições Filantrópicas” e pela instituição durante a matrícula das crianças. Após 23 será realizada digitação e se dará a interpretação, análise e produção de conclusões. 2.5.10 Aspectos éticos O presente trabalho seguirá as normas da Resolução n° 466 de 12 de dezembro de 2012 do Conselho Nacional de Saúde. Primeiramente o projeto será submetido à avaliação do comitê de ética em pesquisa para apreciação e aprovação. Em relação ao princípio da autonomia, caberá à pessoa participar ou não da pesquisa, e independente da decisão será respeitado. Sobre os dados obtidos, haverá manutenção do sigilo e da privacidade dos participantes da pesquisa durante todas as suas fases, havendo respeito à dignidade e preservação da autoestima. A pesquisa não trará nenhum tipo de maleficência aos participantes. Em relação à beneficência o trabalho irá gerar dados que serão acessíveis para a melhoria da condição de saúde bucal em instituições que recebem pré-escolares. Em relação à justiça e equidade todos serão tratados da mesma forma,nenhum aspecto de cor, religião, cultura ou renda interferirá na pesquisa. Como as crianças já são atendidas nas atividades do projeto de extensão, suas demandas odontológicas têm sido absorvidas, com autorização da instituição e pais/responsáveis (Apêndice C). Em relação aos professores, monitoras e demais funcionários, suas necessidades de capacitação serão absorvidas pelo projeto e, se necessário, um guia com recomendações sobre saúde bucal para diferentes faixas etária será elaborado. Será utilizado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para todos os maiores de 18 anos (Apêndice D e Apêndice E). Os envolvidos terão tempo suficiente para refletir e fazer sua decisão, tendo plena garantia de liberdade para se recusar a participar, ou retirar seu consentimento, a qualquer momento da pesquisa e sem sofrer qualquer tipo de penalização. Ao final do trabalho, a instituição receberá um relatório executivo, com os principais resultados. 24 2.6 Cronograma Quadro 1 – Cronograma da pesquisa. ETAPAS 2017 2018 Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Envio ao Comitê de Ética X X Coleta de dados X X X Análise dos dados X X X X Levantamento bibliográfico X X X X X X X Redação do trabalho X X X X X Revisão e redação final X Entrega do TCC X Defesa do TCC X 25 2.7 Orçamento Quadro 2 – Orçamento da pesquisa. Material Quantidade Valor unitário (R$) Valor total (R$) Lápis 2 1,00 2,00 Borracha 2 0,80 1,60 Caneta 2 1,30 2,60 Encadernação 6 3,00 18,00 Cópia 360 0,20 72,00 Cópia colorida 6 0,75 4,50 Passagem 16 3,25 52,00 Folhas A4 300 0,05 15,00 Prancheta 2 3,00 6,00 Total 173,70 Todos os recursos materiais serão de responsabilidade dos pesquisadores. 26 Referências ALVES, M. A. Terceiro setor: as origens do conceito. In: ENANPAD, XXVII, 2002, Salvador. Anais... Salvador: Enanpad, 2002. (GPG 837) ALMEIDA, D. L. et al. Avaliação da saúde bucal de pré-escolares de 4 a 7 anos de uma creche filantrópica. Revista Gaúcha Odontologia, Porto Alegre, v. 59, n.2, p. 271-275, abr./jun., 2001. AQUILANTE, A.G. et. al. A importância da educação em saúde bucal para pré- escolares. Revista de Odontologia da UNESP, São Paulo, v. 32, n. 1, p. 39-45, jan./mar., 2003. BOGUS, C. M. et al. Cuidados oferecidos pelas creches: percepções de mães e educadoras. 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Acesso em: 14 maio 2017. http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=filantropia 29 3 Relatório do trabalho de campo Este trabalho refere-se a um estudo transversal de caráter descritivo, de dados primários e secundários das informações da instituição Casa da criança São Francisco de Paula, obtidos através da coleta em arquivos preenchidos na matrícula de cada criança, do banco de dados do projeto OI Filantropia – Odontologia e Instituições Filantrópicas utilizando sua triagem e prontuários das crianças institucionalizadas; além de respostas a entrevistas do corpo diretivo da instituição e professoras e monitoras. Teve como objetivo caracterizar a instituição Casa da Criança São Francisco de Paula/Pelotas-RS e seu funcionamento; e descrever as condições socioeconômicas e de saúde bucal das crianças, bem como o conhecimento de saúde bucal das professoras e monitoras. O projeto de pesquisa “Processo de trabalho e saúde bucal de crianças institucionalizadas na Casa da Criança São Francisco de Paula – Pelotas/RS” teve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas (parecer consubstanciado no. 2.258.943) no dia 7 de setembro de 2017. Em relação aos dados relativos ao projeto de extensão, foram coletados durante as idas à instituição no turno em que acontecia o projeto. Foram coletadas informações sobre as seguintes condições: mordida aberta (sim/não); freios labial e lingual (curto/normal); placa visível (sim/não e número de sextantes); gengivite (sim/não e número de sextantes); história de cárie tratada (sim/não e número de dentes); manchabranca de cárie (sim/não e número de dentes); presença de cavidade inativa (sim/não e número); presença de cavidade ativa (sim/não e número); urgência (sim/não); história de cárie (sim/não). A partir dos dados da descrição da situação bucal em relação à cárie dentária, as crianças receberam uma classificação de risco à cárie, que poderia ser: A (ausência de cavidade de cárie, sem placa, sem gengivite e/ou sem mancha branca de cárie); A1 (ausência de cavidade ou mancha branca de cárie, com presença de placa); A2 (ausência de cavidade ou mancha branca de cárie, com presença de gengivite); B (história de dente restaurado, sem placa/gengivite e/ou sem mancha branca de cárie); B1 (história de dente restaurado, com placa/gengivite); C (uma ou mais cavidades de cárie inativa, sem placa/gengivite e/ou sem mancha branca de cárie); C1 (uma ou 30 mais cavidades de cárie inativa, com placa/ gengivite); D: ausência de cavidade de cárie, com presença de mancha branca de cárie; E: uma ou mais cavidades de cárie ativa; F: presença de dor e/ou abscesso. As crianças classificadas na categoria A foram definidas como de baixo risco; as classificadas nas categorias A1, B, B1, C, C1 como de risco moderado; e as classificadas nas categorias D, E e F como de alto risco. A coleta de dados socioeconômicos e entrevistas começou no dia 18 de setembro de 2017. Foi agendada com a secretária nos turnos manhã e tarde durante o período de novembro a dezembro. Foi realizado um piloto para se identificar as informações contidas nos cadastros de matrícula das crianças e criar as categorias para cada variável. A coleta foi concluída no dia 13 de dezembro de 2017, tendo como intervalos os períodos de recesso da FO-UFPel. Para os dados socioeconômicos e de saúde geral foram usados: nome; data de nascimento; nome da mãe; data de nascimento da mãe; instrução da mãe (ensino fundamental/ensino médio/superior); se a mãe trabalha (sim/não); nome do pai; data nascimento do pai; instrução pai (ensino fundamental/ensino médio/superior); se o pai trabalha (sim/não); estado civil dos pais (solteiro/casado/separado/viúvo); número de filhos; tipo de moradia (própria/alugada/cedida); bairro de residência; número de pessoas na residência; com quem a criança dorme (sozinho/irmãos/pais); se recebem algum benefício (sim/não); qual benefício recebe; valor do benefício recebido; se a criança caminha (sim/não); se a criança mama (sim/não); se a criança usa bico (sim/não); se a criança usa fralda (sim/não); se a criança já foi hospitalizada (sim/não); motivo da hospitalização; se a criança usa remédio contínuo (sim/não); qual remédio; e renda geral da família. De posse destas informações, foi criado um banco de dados com uso do programa EpiData versão 3.1. Os dados foram digitados de forma dupla e, após correções dos erros de digitação, foi criado um banco único. Os dados do projeto de extensão, estavam em planilhas do programa Microsoft Office Excel versão 2013, e foram importadas para o programa EpiData 3.1. De posse de um banco único com dados das condições socioeconômicas e de saúde bucal das crianças, utilizou-se o programa EpiData Analysis versão V2.2.3.187 para a análise descritiva dos resultados. 31 Para as entrevistas foi agendado um turno em que as participantes estivessem com um horário livre e que não atrapalhasse suas funções. Como as perguntas das entrevistas das professoras/monitoras eram abertas, as respostas foram registradas em folha de papel A4. A entrevistadora realizava a pergunta e escrevia de acordo com as palavras da entrevistada, sem opinar. Caso houvesse dúvida a pergunta era lida novamente. Com todas entrevistas realizadas, foram identificadas as palavras-chave de cada resposta e criadas as categorias. A partir das respostas das professoras/monitoras, foram criadas as seguintes variáveis e suas respectivas categorias para as perguntas a seguir: 1.1 Qual momento era realizada a higiene (tarde/manhã/um dia sim outro não/sem resposta); 2.1 Horário para escovação (tarde/manhã/sem resposta); 3. Quem faz a higiene dos alunos (alunos com auxílio/auxiliar-monitora/professor e auxiliar); 5. Que materiais são utilizados (escova-pasta/escova-pasta-toalha); 8.1 Sente-se capaz de realizar higiene satisfatória nas crianças (sim, tem conhecimento prévio/poderia melhorar/é importante ter esse cuidado/sim pois sabe escovar/sim, faz escovação diária/sim, escova com cuidado/sem resposta); 11. O que você sabe sobre o uso prolongado do bico (modifica a arcada/ é prejudicial/ prejudica a fala/ causa má formação dental/ é totalmente contra o uso); 11.2 Por quanto tempo em média as crianças usam (hora do sono/ quando chegam/tempo variável/não sabe, não fica todo tempo/sem resposta); 12.1 Qual a frequência que as crianças pedem o bico (na hora do sono- TV-desenhar/ variável/ três vezes/ duas vezes/ uma vez/ hora do filme/ sem resposta). Os dados relativos à quantidade de dentifrício fluoretado foram convertidos em gramas conforme o esquema proposto por Forni (2005): 0,11g [2], 0,25g [5], 0,5g [1], 0,75g [4], 1,0g [6], mais de 1g [3]. Foi criado um banco de dados com o uso do programa EpiData versão 3.1. Os dados também foram digitados de forma dupla e, após correções dos erros de digitação, foi criado um banco final para análise. As entrevistas relativas ao funcionamento da instituição foram realizadas com a coordenadora e a assistente social e registradas em papel A4. Foi elaborado um relatório com as principais informações relativas à extensão e à pesquisa (Apêndice F), que será encaminhado à instituição. 32 4 Artigo 1 Artigo de extensão* OI FILANTROPIA: SAÚDE BUCAL DE CRIANÇAS EM UMA INSTITUIÇÃO FILANTRÓPICA PARA PRÉ-ESCOLARES OI FILANTROPIA: ORAL HEALTH OF CHILDREN IN A PHILANTHROPIC INSTITUTION FOR PRESCHOOLERS Luiza Beatriz Thurow – Acadêmica – Faculdade de Odontologia – Universidade Federal de Pelotas Marcieli Dias Furtado – Acadêmica – Faculdade de Odontologia – Universidade Federal de Pelotas Josiane Luzia Dias Damé – Cirurgiã-dentista/Técnica administrativa – Faculdade de Odontologia – Universidade Federal de Pelotas Tania Izabel Bighetti – Professora associada II – Faculdade de Odontologia – Universidade Federal de Pelotas Correspondência Luiza Beatriz Thurow Rua General Osório, n°. 617 ap. 20, Bairro: Centro – CEP: 96020-000 Pelotas/RS Telefones: (53)98426-9425 E-mail: lb.thurow@yahoo.com.br * Formatado conforme as normas Revista Extendere da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN, disponíveis em http://periodicos.uern.br/index.php/extendere/index. mailto:lb.thurow@yahoo.com.br http://periodicos.uern.br/index.php/extendere/index 33 OI FILANTROPIA: SAÚDE BUCAL DE CRIANÇAS EM UMA INSTITUIÇÃO FILANTRÓPICA PARA PRÉ-ESCOLARES OI FILANTROPIA: ORAL HEALTH OF CHILDREN IN A PHILANTHROPIC INSTITUTION FOR PRESCHOOLERS RESUMO: O projeto de extensão “OI Filantropia – Odontologia e Instituições Filantrópicas” da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas (FO-UFPel) vêm desenvolvendo intervenções na instituição filantrópica Casa da Criança São Francisco de Paula da cidade de Pelotas/RS. Sua proposta é realizar ações coletivas e individuais de saúde bucal com crianças, além da gestão do serviço odontológico da instituição. Objetivou-se descrever as ações desenvolvidas pelo projeto no ano de 2017 e seus resultados, bem como apresentar os principais dados sobre a organização da instituição; o conhecimento das professoras/monitoras em relação à saúde bucal e a condição de saúde bucal das crianças. A equipe do projeto realizou intervenções na instituição em um turno semanal. Os dados sobre o funcionamento da instituição foram coletados através de questionário aplicado a equipe diretiva e professoras/monitoras.Os de saúde bucal e atividades do projeto de extensão foram obtidos através de planilhas e prontuários. Observou-se que a instituição tinha organização relevante para o bom funcionamento e para manter o cuidado das crianças. Os funcionários apresentavam-se abertos a melhorar e escutar a equipe do projeto. Metade das crianças apresentou risco moderado para desenvolver cárie dentária; 67% das crianças tinham placa visível e 42,5% mordida aberta anterior. Dos pré-escolares, 92% receberam pelo menos uma escovação dental supervisionada. Concluiu-se que permanece a necessidade de melhorar os resultados de qualidade de saúde bucal das crianças, através da promoção, prevenção e educação em saúde bucal. Durante o processo de trabalho, notou-se o cuidado que as professoras/monitoras desempenhavam com as crianças. Palavras-chave: Saúde Bucal. Instituições de Caridade. Extensão Comunitária. Pré- Escolar. 34 ABSTRACT: The extension project "OI Filantropia – Odontologia e instituições filantrópicas" from the Faculty of Dentistry, Federal University of Pelotas (FO-UFPel) have been developing interventions in the philanthropic institution Casa da Criança São Francisco de Paula, Pelotas/RS. Its proposal is to carry out collective and individual oral health actions with children, in addition to the management of the dental service of the institution. It was intended to describe the actions developed in the project in the year 2017 and its results, as well as presenting the main data on the organization of the institution; the knowledge of teachers/monitors related to oral health and the condition of oral health of children. The project team performed interventions at the institution in a weekly shift. The data on the functioning of the institution were collected through a questionnaire applied to the management team and teachers/monitors. Oral health and extension project activities data were obtained through spreadsheets and charts. It was observed that the institution had an organization relevant to the proper functioning and to maintain the care of the children. Employees were open to improving and listening to the project team. Half of the children presented moderate risk to develop dental caries; 67% of children had visible plate and 42.5% anterior open bite. From preschool, 92% received at least one supervised dental brushing. It was concluded that there remains the need to improve the results of the quality of oral health of children, through promotion, prevention and education in oral health. During the work process, we noticed the care that teachers/monitors played with children. Keywords: Oral Health. Charities. Community-institutional Relations. Child pre- school. 35 INTRODUÇÃO A filantropia pode ser definida por ações voluntárias que visam o bem ao próximo. Através de doação de tempo, ajuda financeira, doação de carinho, sendo de caráter social ou receber ajuda de fundações e empresas, sem envolvimento governamental e sem fim lucrativo (RICO, 1997; ALVES, 2002). As instituições filantrópicas podem ser hospitais, asilos, creches e orfanatos (ALVES, 2002). No caso das instituições para crianças, elas surgiram pela necessidade de um maior cuidado e atenção dos menores (PACHECO; DUPRET, 2004). Desse modo, buscam interferir nos determinantes sociais da saúde, que são condições de vida que refletem como um todo na saúde física, mental e social do indivíduo (BUSS; FILHO, 2007). A instituição é um ambiente de formação de conhecimentos e hábitos que são levados para sua vida (FERREIRA, 2009). Sabe-se que pré-escolares institucionalizados têm grande chance de desenvolver doenças, e que a doença cárie acomete crianças dessa faixa etária causando dor e sofrimento (RIBEIRO; OLIVEIRA; ROSENBLATT, 2005). Dados mostraram que menos de 50% das crianças brasileiras estavam livres de cárie dentária aos 5 anos de idade (BRASIL, 2010). Demonstrando a necessidade de intervenções de prevenção e educação em saúde, para a melhora da qualidade de vida das crianças. Nessa faixa etária as crianças necessitam da presença de um adulto para acompanhar suas atividades e transmitir conhecimento (MELO et al., 2011; ALMEIDA et al., 2011; FERREIRA et al., 2011). Às vezes, os cuidadores não são capacitados para a promoção de saúde e necessitam de apoio nessa área (MARANHÃO, 2000). Assim, buscar o atendimento integral com o objetivo de proporcionar uma atenção relacionada a ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação de agravos é muito importante para as crianças. Visando, desta maneira, a saúde do ser e não somente a doença (ARAÚJO; MIRANDA; BRASIL, 2007). Instituir a promoção da saúde ao pré-escolar integra todas as pessoas que estão próximas ao contexto da ação e faz a atuação ficar multidisciplinar, englobando a família, comunidade escolar e a sociedade (GONÇALVES et al., 2008). Quando o processo de doença já se estabeleceu é preciso recuperar e reabilitar este indivíduo, trazendo-o de volta ao contexto de saúde (CARVALHO et al., 2009). Além disto, cabe salientar a importância das professoras e monitoras que cuidam diariamente das crianças. As atividades que os educadores desenvolvem com as crianças é 36 importante para a formação psíquica destes seres, que estão na fase de compreensão e solidificação do conhecimento e das relações sociais (SPADA, 2005). Para atender a esse público, o projeto de extensão “OI Filantropia – Odontologia e Instituições Filantrópicas” da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas (FO-UFPel) vêm desenvolvendo intervenções na instituição filantrópica Casa da Criança São Francisco de Paula da cidade de Pelotas/RS. Esse projeto tem como objetivo realizar ações coletivas e individuais de saúde bucal com crianças, além da gestão do serviço odontológico da instituição. 37 DESENVOLVIMENTO A Casa da Criança São Francisco de Paula é uma instituição constituída pela união de pessoas organizadas, não tem fins econômicos, e busca assistir, durante o dia, crianças de zero a seis anos de idade, de ambos os sexos, que por condições de vida e de trabalho dos pais necessitam de assistência familiar (CCSFP, 2017). Tem como missão assegurar a primeira etapa da educação infantil básica proporcionando o desenvolvimento integral para a criança, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (CCSFP, 2017). Na perspectiva de maior detalhamento sobre o funcionamento da instituição, foi elaborado um projeto de pesquisa “Processo de trabalho e saúde bucal de crianças institucionalizadas na Casa da Criança São Francisco de Paula - Pelotas/RS” aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas (Parecer consubstanciado no. 2.258.943 de 7/09/2017), com várias vertentes: junto à equipe diretiva, às professoras/monitoras e uso dos dados relativos à condição bucal e tratamento das crianças. Os aspectos éticos foram respeitados conforme recomenda a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, sendo que os pais/responsáveis autorizaram os exames bucais e tratamento odontológico das crianças, durante os procedimentos de matrícula na instituição. Também houve autorização da instituição e todos os participantes de entrevistas assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. No ano de 2017 foram realizadas atividades de atenção e assistência em saúde bucal em um turno semanal, com a participação de acadêmicos da FO-UFPel, supervisionados por uma professora e uma cirurgiã-dentista. Houve a preocupação de se conhecer o funcionamento da instituição em relação a: número e formação dos funcionários; forma de ingresso das crianças; abordagem sobre saúde bucal pelas professoras e monitoras; forma com que a instituição se mantém economicamente; característicasdas refeições escolares, rotina escolar das crianças; e situação perante o serviço de vigilância sanitária do município. A coleta destes dados foi realizada por meio de entrevistas e uso de um questionário elaborado previamente e impresso. Foi marcado um horário para sua aplicação com a equipe diretiva (diretora e assistente social). 38 Outro aspecto importante foi o de identificar os conhecimentos das professoras/monitoras em relação à saúde bucal das crianças, como: momento de higiene pessoal das crianças; horário para escovação dental de cada turma; número de vezes ao dia; como e quem realizava a escovação; a quantidade de dentifrício fluoretado utilizada; outros recursos de higiene utilizados; se as monitoras e professoras já receberam informação sobre saúde bucal; se elas se sentiam capazes de realizar uma escovação satisfatória; se consideravam importante a higiene bucal em casa e na instituição; se percebiam que as crianças tinham cárie dentária ou dor de dente; seu entendimento sobre o uso prolongado da chupeta; se as crianças utilizavam a chupeta durante o dia; por quanto tempo e se pediam a chupeta. A coleta destes dados foi realizada por meio de entrevistas e uso de um questionário elaborado previamente e impresso. Para sua aplicação organizou-se da seguinte forma: enquanto uma professora ficava na sala de aula com as crianças, entrevistava-se a outra e assim sucessivamente. Para iniciar as atividades com as crianças, foi elaborada uma ficha com os agravos a serem avaliados durante o processo de triagem da situação de saúde bucal de cada criança. Foram avaliados os seguintes agravos: placa visível, gengivite, mancha branca de cárie, cavidades ativas e inativas, cárie tratada, urgência, mordida aberta anterior, e por fim, classificar o nível de risco da criança (baixo, moderado e alto). Esta classificação permitiu analisar a situação de cada criança e planejar as intervenções adequadas a cada caso, de forma a abordar o indivíduo como um ser integral, refletindo e intervindo na raiz do problema. O exame na cavidade bucal das crianças foi realizado nas próprias salas de aula de cada turma. Na turma do berçário eram crianças de um ano de idade e para elas foi fundamental utilizar a técnica “joelho-joelho” (SZPILMAN et al., 2012). Consistia em realizar uma adaptação para conseguir uma posição que permitisse melhor visualização de todas as estruturas internas da cavidade bucal dos bebês. Dois acadêmicos ficavam sentados de frente um para o outro, e a criança com a cabeça apoiada no colo de um deles, para que esse pudesse realizar o exame e falar as observações para um terceiro acadêmico, que anotava na ficha da triagem. Já para as crianças maiores, elas sentavam numa cadeira e assim era possível realizar a inspeção bucal. Ambos foram realizados sob a luz natural da sala de aula. Utilizou-se equipamento de proteção individual (luvas, máscara, touca) e espátula de 39 madeira para afastar os tecidos bucais (bochechas) e deixar visíveis todas as estruturas. Ainda, dentro das atividades coletivas, estavam inseridas as ações preventivas de escovação supervisionada em sala de aula para a prevenção das lesões cariosas e inserção do hábito de higiene bucal na vida das crianças. A escovação dental direta (BRASIL, 2009) foi realizada logo após a triagem, para que durante o ano letivo cada criança tivesse recebido pelo menos uma escovação dental supervisionada com dentifrício fluoretado. No caso das crianças que iriam sair da instituição, buscou-se realizar pelo menos duas escovações no ano. Ressalta-se que fazia parte da prática da instituição a escovação dental indireta (BRASIL, 2009) pelas professoras/monitoras. Cada sala tinha uma pia e cada criança possuía a sua escova dental identificada com o seu nome. A escova era trocada a cada seis meses pelo projeto de extensão, e, em caso de necessidade de outra reposição, isto era feito pela instituição. Foram realizadas atividades clínicas no consultório odontológico da instituição, como restaurações dentárias, exodontias, intervenções pulpares, aplicação de verniz e/ou gel fluoretado. Além disto, os casos de urgência também eram atendidos. Algumas crianças apresentavam resistência no primeiro atendimento. Partia-se para a adaptação comportamental para inserir ações positivas de bem-estar, e afastar o medo do desconhecido presente nesta criança frente ao consultório e profissional da saúde. Para esse fim, foram empregadas as técnicas de moldagem do comportamento básico: diga-mostre-faça, controle de voz, comunicação não-verbal, reforço positivo e distração (KLATCHOIAN; NORONHA; TOLEDO, 2009). Conforme necessidade de colaboração dos pais, foi realizado contato e agendada uma conversa na semana seguinte de atividades. No encontro, buscou-se entender o contexto familiar, esclarecer a situação e solicitar apoio do responsável para trazer a criança ao contexto de saúde. No período, 5 (cinco) pais/responsáveis foram chamados para conversas em função de condições bucais mais delicadas e que necessitavam de maior cooperação familiar. Os dados relativos aos exames bucais e escovação dental supervisionada foram registrados em planilhas do programa Microsoft Office Excel versão 2017 e os dos atendimentos clínicos foram registrados em prontuários individuais. Os relativos às entrevistas com a coordenação foram anotados em fichas. Os coletados junto às 40 professoras e monitoras foram digitados com uso do programa EpiData versão 3.1 e analisados com o programa EpiData Analysis versão V2.2.3.187. 41 RESULTADOS E DISCUSSÃO Conforme relato da equipe diretiva, como a instituição é uma entidade filantrópica, para se organizar financeiramente, ela recebe verba da União (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica - FUNDEB) para manutenção de quadro funcional (principal recurso). Além disso, para manter financeiramente os gastos da instituição, recebe doações, mensalidades de sócios, organiza festas para arrecadar fundos, aluga o salão de festas da instituição e recebe doações de merenda feitas pela prefeitura. O serviço municipal de Vigilância Sanitária visita a instituição com frequência anual. Caso tenha alguma exigência a ser cumprida, retornam em três meses para fiscalizar o cumprimento do pedido. Segundo relatos da equipe diretiva, a casa tem cumprido todos os requisitos do serviço. Adequa-se às regulamentações para obter o alvará, e cumprem com os prazos determinados. Está com alvará de um ano, projeto dos bombeiros aprovado, sem necessidade de hidrante, pois a estrutura tem rota de fuga. Ainda segundo relatos da equipe diretiva, a instituição conta com 37 funcionários. Estes estão distribuídos conforme os seguintes cargos e escolaridade: um motorista (ensino fundamental), uma secretária (ensino médio), dez professoras (cinco com pedagogia e cinco com curso normal), treze monitoras auxiliares (ensino médio), oito funcionários de serviços gerais (ensino fundamental), uma diretora (graduação em letras, especialização em gestão escolar), uma psicóloga (graduação em psicopedagogia), uma assistente social (graduação e especialização em psicossocial) e uma coordenadora pedagógica (pós-graduação em pedagogia). Tem dez salas de aula para acolher as turmas de berçário, maternal A, maternal B, maternal C, jardim, pré I, pré IA, pré IB, pré IIA, pré IIB. No final de cada ano são as turmas pré IIA e pré IIB que se formam e deixam a instituição, indo em busca de outra escola para seguir a vida escolar de aprendizagem. Em cada sala de aula estão presentes uma professora e uma monitora, exceto na turma do berçário em que ficam uma professora e duas monitoras, pois são crianças de um ano de idade, necessitando uma maior atenção dos cuidados. Totalizam-se 21 funcionárias envolvidas diretamente com as crianças. Para as novas criançasque desejam entrar na casa, é feito no início de cada ano uma seleção de todos os inscritos, através de um edital, que informa os requisitos aos pais e responsáveis. Os requisitos são os seguintes: em primeiro lugar a área de abrangência (endereços mais próximos da instituição); em segundo 42 lugar os beneficiados por programas sociais do governo; em terceiro lugar a avaliação da necessidade e entrevista com os pais para vagas remanescentes. Devido à entrada e saída de crianças durante o ano, ocorreu uma pequena flutuação no número total de crianças matriculadas na instituição. Foram identificadas 206 crianças que estiveram matriculadas em algum momento durante o ano de 2017. Dentre elas, 26 desligaram-se da instituição antes que pudessem ser abordadas e quatro continuavam matriculadas ao final do ano, mas não foram encontradas nos turnos de atividade do projeto. Assim, avaliou-se a condição de saúde bucal de 176 crianças. A Figura 1 apresenta a distribuição das crianças por idade. Observou-se que o maior número de crianças se encontrava na faixa etária de 4 e 5 anos de idade. Figura 1 – Número de crianças avaliadas por idade. Casa da Criança São Francisco de Paula, Pelotas/RS. Março a dezembro de 2017. A Figura 2 apresenta os resultados relativos às 176 crianças avaliadas na triagem. Observou-se que 47,2% apresentavam risco moderado (presença de placa visível, gengivite, cavidade inativa de cárie, restauração), 28,4% com alto risco (presença de mancha branca, cavidade ativa de cárie, dor, abscesso de origem dentária) e 24,4% com baixo risco (sem história de cárie, placa visível, gengivite). Aproximadamente metade das crianças apresenta risco moderado de cárie, sendo que o risco baixo e alto risco estão expressos nas extremidades. Ainda existe a necessidade de prevenção e intervenção precoce na saúde bucal dos pré-escolares para evitar tratamentos futuros (TOMITA, 1996). A saúde bucal está intimamente ligada a circunstâncias culturais da família e da sociedade, e ainda envolta a condições socioeconômicas dessa população (PAULETO; PEREIRA; CYRINO, 2004). 14 6 29 45 50 32 0 10 20 30 40 50 60 1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 6 anos 43 Figura 2 – Classificação de risco da cárie dentária identificado na triagem. Casa da Criança São Francisco de Paula, Pelotas/RS. Março a dezembro de 2017. Em relação aos fatores de risco para cárie dentária, observou-se a presença de placa visível em 118 crianças (67%). Em relação à experiência de cárie dentária 29 crianças (16,5%) apresentavam mancha branca (média de 0,38 dentes por criança); 37 crianças (21%) com cavidades ativas (média de 0,73 dentes por criança); 31 crianças (17,6%) com cavidades inativas (média de 0,41 dentes por criança). Somente 10 (5,7%) tinham dentes restaurados com média de 0,07 dentes por criança (Figura 3). Estes resultados indicam que muitas crianças apresentavam placa visível e apontam que ainda é necessário promover a educação em saúde, o conhecimento e o autocuidado dos familiares em relação aos cuidados bucais dos escolares (PAULETO; PEREIRA; CYRINO, 2004). Observou-se que 67 crianças (38%) apresentavam experiência de cárie dentária, sendo que algumas apresentavam mais de um fator, logo, encaminhando para o fenômeno da polarização da cárie dentária, que é explicado pelo acúmulo da doença em baixa fração da população estudada (CARDOSO et al., 2003). 50 83 43 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Alto Moderado Baixo 44 Figura 3 – Fatores de risco e experiência de cárie dentária identificados na triagem. Casa da Criança São Francisco de Paula, Pelotas/RS. Março a dezembro de 2017. Durante a triagem, foram identificadas 75 (42,5%) crianças que apresentavam mordida aberta anterior, que se caracteriza por um trespasse vertical negativo entre as bordas incisais dos dentes anteriores, ou seja, ausência de contato de alguns dentes da frente quando a criança morde, sendo causada pela sucção prolongada da chupeta ou dedo, o que acaba por modificar o arco dentário superior (ZAPATA et al., 2010). Em relação ao uso da chupeta durante o dia, 13 professoras/monitoras responderam que as crianças sob sua responsabilidade não usam. No que diz respeito à chupeta, 15 professoras/monitoras responderam que as crianças pediam durante o dia; e nove responderam que o pedido era na hora do sono e para olhar televisão. Todas responderam que o uso prolongado da chupeta poderia trazer algum prejuízo para a criança, sendo que dez justificaram que modificaria a arcada dentária. O hábito de sucção de chupeta é considerado um fator de risco para à má oclusão da criança (TOMITA; BIJELLA; FRANCO, 2000). Em relação à escovação dental direta, 162 crianças receberam uma escovação dental supervisionada (92%) e 39 crianças (que saíram da instituição no final de 2017) receberam pelo menos duas escovações. Optou-se por não realizar escovação dental direta em crianças do berçário (n=14). Em todas as outras salas este procedimento era realizado em seguida da triagem, mas, no caso das crianças do berçário, os exames bucais, já geravam um desgaste emocional. Como as professoras/monitoras colaboram com a higiene bucal (escovação indireta) dos pré- 118 20 29 31 37 10 0 20 40 60 80 100 120 140 Placa visível Gengivite Mancha branca Cavidade ativa Cavidade inativa Restauração 45 escolares, a proposta é de se realizar um reforço para elas sobre os principais cuidados com esta faixa etária. Na maioria das salas eram as próprias professoras/monitoras que realizavam a escovação dental e apenas as crianças maiores (5 a 6 anos de idade) iniciavam a escovação sozinha e depois recebiam auxílio. A maior parte realizava a escovação no turno da tarde, utilizando escova, dentifrício fluoretado e toalha. Buscou-se identificar a quantidade de dentifrício que as monitoras colocavam nas escovas de dentes. Para isto utilizou-se uma imagem (Figura 4) com um esquema proposto por Forni (2005) com quantidades relativas a 0,11g [2], 0,25g [5], 0,5g [1], 0,75g [4], 1,0g [6], mais de 1g [3]. As quantidades adequadas variam de acordo com cada faixa etária. Assim, para crianças de zero a três anos de idade, o ideal é não ultrapassar 0,25g e para as de três a seis anos, não ultrapassar 0,5g (FORNI, 2005). Figura 4 – Esquema para escolha de quantidade de dentifrício. Fonte: Forni, 2005. A Tabela 1 apresenta as respostas das professoras/monitoras em relação à quantidade de dentifrício fluoretado que era colocada nas escovas de dentes das crianças. 46 Tabela 1 – Distribuição das professoras/monitoras segundo quantidade de dentifrício colocada nas escovas de dentes. Casa da Criança São Francisco de Paula, Pelotas/RS. Março a dezembro de 2017. Quantidade de dentifrício no % [2] 0,11g 7 33,3 [5] 0,25g 3 14,4 [1] 0,5g 7 33,3 [4] 0,75g 2 9,5 [6] 1g 2 9,5 [3] +1g - - Total 21 100,0 Observou-se que 81% das professoras/monitoras colocavam quantidades entre 0,11 e 0,5 gramas de dentifrício fluoretado nas escovas de dentes das crianças, que são consideradas ideais, pois nessa faixa etária existe a possibilidade de ingestão de dentifrício e risco para a ocorrência de fluorose dentária (BRASIL. 2009). Assim, é importante que se faça um trabalho individual com as quatro monitoras que apontaram as figuras [4] e [6] para orientações e um reforço positivo com as demais. Em relação as professoras/monitoras conseguirem realizar uma escovação dental satisfatória nas crianças, 95% responderam que se sentiam capazes. O motivo que as levava a acreditar foi variado (experiência, capacitação, informação entre outros), mas relataram que poderiam melhorar e destacaram a importância da escovação. Todas consideraram a relevância da escovação na instituição e no ambiente familiar. A equipe diretiva da instituição relatouque reforçava para as professoras e monitoras a importância sobre os cuidados de higiene pessoal e sobre a relevância da escovação dentária. No consultório odontológico foram realizados 31 exames clínicos, sendo que 18 foram para tratamento e 13 para acompanhamento da evolução da saúde bucal da criança. Foi realizada ainda a adaptação comportamental de sete crianças. No total, foram efetuados 23 procedimentos, entre restaurações, exodontias e intervenção pulpar. E, por fim, aplicação tópica de flúor em 13 crianças. É importante destacar que, pelo fato de serem crianças de um a seis anos de idade, qualquer 47 procedimento clínico exigirá uma abordagem especial. Isto porque a criança tem dificuldade em contribuir com o tratamento, é difícil permanecer quieta por minutos e apresenta ansiedade frente à intervenção (POSSOBON et al., 2003). Como as crianças permaneciam o dia inteiro na instituição, segundo a equipe diretiva, era necessária uma organização do cardápio escolar das merendas. Este era feito com a ajuda de uma nutricionista e também acompanhado pelo “Mesa Brasil” (projeto do Serviço Social do Comércio - SESC), podendo ter algumas alterações devido ao tipo de doações que chegavam à instituição. O relato da equipe diretiva sobre o cardápio foi o seguinte: de manhã leite e bolacha; no almoço arroz, feijão, carne e uma mistura (verdura/legume), sobremesa (fruta); café da tarde leite e pão e, dependendo do que era ofertado no café da tarde, poderia ter mais um lanche antes da saída. Por dia, o número de merendas era quatro, porém, por motivos de adaptação, poderia ser alterada para cinco refeições, com acréscimo de uma refeição na tarde, que dependia do que foi ofertado no café da tarde, ou mesmo a oferta de uma fruta antes da saída. Eram realizadas nos seguintes horários: café 7h30min às 8h, almoço 10h45min, sobremesa 13h30min às 14h e café 15h30min até 16h15min. Às 17horas os pais buscavam os seus filhos. Durante o dia para as atividades das crianças a coordenação mantinha uma rotina planejada de acordo com a faixa etária das turmas (lúdico, educacional, audiovisual, pátio para exercício da função motora). No turno da manhã as turmas dos pré-escolares faziam trabalhos e atividades de música e os menores têm atividades voltadas para o lúdico (música de criança, história, brincar com blocos de formas, pintar) para estimular a criatividade e o aprendizado. Na parte da tarde ocorriam atividades na biblioteca (hora do conto), brincadeiras no pátio. Uma vez por semana para todas as turmas, tinham filme no auditório, e esse variava de acordo com a faixa etária de cada turma. Observando a organização e atividades das crianças, o projeto precisa ter cuidado para não perturbar esta rotina e ao mesmo tempo conseguir atender e desenvolver as atividades de promoção, prevenção e recuperação de agravos de saúde bucal. A equipe diretiva se mostrou aberta ao diálogo e relatou um grande ganho com a presença do projeto, pois houve maior conscientização da higiene bucal, até mesmo do autocuidado dos funcionários. A presença de uma equipe de saúde bucal em uma instituição filantrópica voltada para o atendimento de crianças pré-escolares é de grande importância para 48 todos, mas principalmente para as crianças. Os resultados observados para o ano de 2017 foram satisfatórios em relação ao tempo que se tinha para desenvolver as atividades e por buscar a integralidade do ser humano. A partir dos resultados, será possível planejar novas intervenções ou aprimorar as que já são desenvolvidas. 49 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho permitiu observar que a instituição tem organização relevante para o bom funcionamento e para manter o cuidado das crianças, além de cumprir seu papel filantrópico e social. Os funcionários apresentavam-se abertos a melhorar e escutar a equipe do projeto. Durante o processo de trabalho, notou- se o cuidado que as professoras/monitoras tinham com as crianças. No ano de 2017, o projeto de extensão realizou intervenções na instituição e foram coletados vários dados. Em relação à saúde bucal dos pré-escolares, mais da metade apresentou placa visível no momento da triagem e conseguiu-se realizar escovação dental supervisionada em 92% dos pré-escolares. Cabe destacar que as intervenções precisam continuar em desenvolvimento. O envolvimento multidisciplinar foi o diferencial durante a realização das atividades. Logo, existe a necessidade de seguir aprimorando os cuidados com a saúde bucal das crianças, através da promoção e educação em saúde bucal, além de prevenção das principais doenças bucais e de ações assistenciais. 50 REFERÊNCIAS ALMEIDA, D. L. et al. Avaliação da saúde bucal de pré-escolares de 4 a 7 anos de uma creche filantrópica. Revista Gaúcha Odontologia, Porto Alegre, v. 59, n.2, p. 271-275, abr./jun., 2001. ALVES, M. A. Terceiro setor: as origens do conceito. In: ENANPAD, XXVII, 2002, Salvador. Anais... Salvador: Enanpad, 2002. (GPG 837). ARAÚJO, D.; MIRANDA, M. C. G.; BRASIL, S. L.; Formação de profissionais de saúde na perspectiva da integralidade. Revista Baiana de Saúde Pública, v.31, n.1, p.20-31, jun. 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia de recomendações para o uso de fluoretos no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 56p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos). BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. SBBrasil 2010: Pesquisa Nacional de Saúde Bucal: resultados principais. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. Acessado em 30 abr. 2017. Online. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pesquisa_nacional_saude_bucal.pdf BUSS, P. M.; FILHO, A. P. A saúde e seus determinantes sociais. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.17, n.1, p. 77-93, 2007. CARVALHO, E. S. et al. Prevenção, promoção e recuperação da saúde bucal do trabalhador. RGO – Revista Gaúcha Odontologia, Porto Alegre, v. 57, n.3, p. 345- 349, jul./set. 2009. CARDOSO, L. et al. Polarização da cárie em município sem água fluoretada. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.19, n.1, p. 237-243, jan-fev, 2003. [CCSFP]. Casa da Criança São Francisco de Paula. Disponível em http://www.casadacriancasfpaula.com.br/Pagina/1/Instituicao. Acesso em 30 set. 2017. FERREIRA, J. M. S. et al. 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