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Exame físico em Cães e Gatos • Diagnóstico “A maioria dos erros médicos não se deve a falhas de raciocínio sobre fatos bem avaliados, mas de raciocínio bem conduzido, porém sobre fatos mal observados.” (Pascal – século XVII) ↪ Diagnosis = ato de discernir, de conhecer Ex.: as vezes o paciente apresenta sinais de blefarite (inflamação nos olhos), faz-se o exame físico e identifica-se um quadro de conjuntivite. Isso é uma hipótese diagnostica. ↪ Reconhecer uma enfermidade por meio das suas manifestações clínicas ↳ Nosológico ou clínico ↳ Terapêutico (suspeita subjetiva) ↳ Anatômico – cardiopatias ou fraturas ↳ Etiológico – Clostridium botulinum ↳ Histopatológico (biopsia) ↳ Radiológico, laboratorial, etc... ↳ Provável, provisório ou presuntivo Exame Físico 35% Anamnese 50% Exames complementares 15% Diagnóstico • Plano de Exame Clínico Elaboração das hipóteses (anamnese) Avaliação das hipóteses obtidas (exame físico) Interpretação de exames solicitados (ex. complementares, diagnóstico provisório) ↪ PROGNÓSTICO ↳ Prever a evolução da doença e suas prováveis consequências ↳ Perspectiva de salvar a vida ↳ Cura do paciente ↳ Manter a capacidade funcional do órgão acometido ↳ Bom, mau ou reservado OPA! O prognostico deve ser muito bem embasado porque é a maior perspectiva do tutor. Então para passar o prognostico, o diagnostico precisa estar bem definido. O que lhe define é prever a evolução da doença e quais as consequências que vão ter pra esse paciente. O prognostico é bom quanto a salvar a vida do paciente, mas pode ser reservado em relação a cura, por exemplo, um doente renal de estágio 1, nesse caso não tem cura e sim a progressão da doença, com a capacidade funcional do órgão reservada. ↳ A agressividade dos animais está relacionada muitas vezes a dor, experiencias ruins no atendimento médico veterinário ou é pouco socializado (sente medo) ↳ Em gatos não é ideal começar pela palpação, é melhor deixa-la por último porque é algo estressante para eles. No caso de sintomas e dores visíveis nunca se deve começar no local que ele sente, porque não vai deixar mexer nele novamente, até porque existe a dor reflexo • Exame Físico ↳ Objetivo − Identificar e analisar as informações obtidas ↳ Depende da situação (Emergência) ↳ Agressivos, estressados ↳ Utilizar sempre a mesma sequência de exame – hábito − Redução de erros diagnósticos ↳ Meios Semiológicos − Inspeção − Palpação − Auscultação − Percussão − Olfação • Inspeção ↳ Observar o animal como um todo ou uma região específica (estado geral) ↳ Estado geral − Bom, regular ou mau ↳ Score de condição corporal − 1-9 ou 1-5 (igual na imagem, gato) − Caquexia − Magro − Sobrepeso − Obesidade ↳ Pele e pelame − Estado de hidratação (inspeção panorâmica) olhar o animal como um todo ↳ Otoscópio ↳ Laringoscópio ↳ Oftalmoscópio ↳ RX/US OPA! É importante pesar o animal e se atentar ao seu peso porque muitas doenças levam ao emagrecimento ou a obesidade. Muitas vezes não está nem perdendo gordura e sim massa muscular. Sendo as mais comuns relacionadas ao peso: insuficiência cardíaca, doença renal, insuficiência hepática (doenças crônicas de caráter degenerativo se caracterizam por perda de peso e massa muscular). Já o ganho de peso, por exemplo, se manifesta mais em paciente castrados cujo o hormônio sexual que favorece a metabolização energética é menos ativo. Em cães a fêmea ganha o peso e em gatos o macho ganha peso. A obesidade também leva doenças. • Nível de Consciência e Postura ↳ Postura (como o paciente chegou) − Decúbito (lateral, esternal) − Claudicação (apoia e tira “mancar”) − Impotência funcional de membro (não apoia) − Hígido OPA! Ortopneica e Ortopneia posição em que o animal está em decúbito esternal buscando ar levantando a cabeça Costoabdominal, sincrônico e calmo é o padrão normal de respiração. Já taquipneia é a respiração mais ofegante ↳ Estado mental ↪ INSPEÇÃO ↳ Padrão Respiratório − Dispneia ∘ Inspiratória ∘ Expiratória ∘ Mista ∘ Restritiva (geralmente associados a doença da pleura. Líquido na pleura) ↳ Aumento de volume − Ascite − Edema • Hidratação ↳ Utiliza mais de um meio semiológico (inspeção e palpação) ↳ Globo ocular (Enoftalmia) (olhos fundos) ↳ Mucosas (brilho/umidade) ↳TUGOR CUTÂNEO (elasticidade da pele) ∘ Idosos e filhotes ∘ Raças ↳ Ingestão inadequada de água ou perda hídrica ∘ Vômitos ∘ Diarreia Grau de desidratação Parâmetros observados Até 5% (não aparente) Sem alteração aparente Entre 6-8% (leve) Diminuição da elasticidade pele (2-4s); Enoftalmia discreta; Animal alerta. Entre 8-10% (moderada) Diminuição da elasticidade da pele (6-10s); Enoftalmia Evidente; Reflexos palpebrais diminuídos; Temperatura de extremidades diminuída; Entre 10-12% (grave) (considerado choque hipovolêmico, paciente em coma) (animal em estado de emergência, quase morrendo) Diminuição da elasticidade da pele (>10s); Enoftalmia Intensa; Hipotermia; Tônus muscular diminuído; Mucosas ressecadas; Reflexos diminuídos ou ausentes; Decúbito lateral/ apatia/ estupor/ coma. >12% (gravíssimo) Possível óbito Até 5% soro subcutâneo, acima de 6% é intravenoso OPA! Freio lingual, parte da cavidade oral localizada abaixo da língua • Avaliação de Mucosas (inspeção) ↳ Avaliação de mucosas aparentes − Saúde − Estado de hidratação − Inflamações, tumores, edema − Cardiorrespiratório − Metabólicas − Cálculos dentários − Corpos estranhos ↪ AVALIAÇÃO DE MUCOSAS ↳ Nasal ↳ Ocular/conjuntival/esclerótica ↳ Bucal/Oral/jugal ↳ Transição do palato em felinos ↳ Vulvar ↳ Prepucial/peniana ↳ Anal OPA! Jugal é a parte mais afastada da “gengiva” e é usada quando a mucosa bucal não está boa para fazer TPC ou até mesmo se está com calculo dentário e inflamação Denominação Coloração Significado Hipocorada/ pálidas Esbranquiçada Anemia, hipotensão, desidratação... Congesta/ hiperêmica (alteração metabólica) Avermelhada (sangue mais lento, parado) Permeabilidade vascular; Inflamação/infecção; Congestão. Cianótica Azulada Alterações de oxigenação Ictérica Amareladas Presença de bilirrubina nos tecidos; Icterícia pré hepática; Icterícia hepática; Icterícia pós hepática. Normocorada Róseas Sem alterações OPA! Bilirrubina é um tipo de pigmento, igual a melanina, que se acumula em todos os tecidos. Já a anisocoria é quando tem alteração do diâmetro pupilar, assimétrico. (síndrome de Horner) ↪ TEMPO DE PREENCHIMENTO CAPILAR (TPC) ↳ Inspeção e palpação ↳ Digital ↳ Avaliação subjetiva do estado de hidratação − Até 2s − 2 - 4s desidratado − >5s gravemente desidratado ↳ Feita em mucosa jugal/gengival (não recomendados em gatos porque tem gengivites, então o TPC não é necessariamente verdadeiro, tornando-se uma avaliação subjetiva e, também, não se avalia quando a cor da mucosa está alterada) ↪ AVALIAÇÃO DE LINFONODOS ↳ Fazem parte do sistema linfático (importante para a movimento do líquido no corpo) ↳ Via acessória pela qual os líquidos podem fluir dos espaços intersticiais para o sangue através dos vasos linfáticos → linfa ↳ A linfa coletada pelos vasos linfáticos passa por linfonodos → filtro da linfa (a linfa é feita por triglicerídeos e a principal célula que ela transporta é os linfócitos que é uma célula de defesa, que tem funções diferentes, como: reguladores, inflamatórios,para matar linfócito T [importante para quadros virais], criar anticorpos., linfócitos B [plasmócitos, produzem anticorpos que são células de memória] e etc...) ↳ Participa em processos patológicos que ocorrem em áreas por eles drenadas → dilatação ou hipertrofia 1. Mandibulares 3. Axilares 5. Poplíteos 2. Pré-escapulares 4. Inguinais Região Mesogástrica Região Epigástrica Região Hipogástrica OPA! A drenagem linfática estimula as vias linfáticas quem ajudam a puxar o líquido que fica preso nos tecidos que vai para as vias linfáticas e é eliminado pela urina. OPA! Uma afta grande e dor no pescoço são sinais de íngua que é um linfonodo em formato de bolinha que está ativo (linfonodos locais em inflamações). Se a inflamação e/ou dor acontece sempre no mesmo lugar esse linfonodo fica duro (fibroso), causando doença de cavidade oral. Linfoma - tumor de vias linfáticas ↳ Tamanho − Formato de grão de feijão, maiores em animais jovens, raças e processos infecciosos e/ou inflamatórios ↳ Consistência − Firmes (normal), duros (neoplasia ou fibrose) ou mole (estágio final de infecção) ↳ Sensibilidade − Dor à palpação em processos infecciosos e/ou inflamatórios agudos ↳ Mobilidade − São móveis, quando há perda de mobilidade indica a ocorrência de processos bacterianos agudos (com alterações ele deixa de ser móvel) ↳ Temperatura − A elevação da temperatura é acompanhada de dor à palpação OPA! Na ficha: linfonodos sem alteração quanto a tamanho, consistência, sensibilidade, mobilidade e temperatura ou linfonodos não reativos. Além disso, linfonodo fibrosado perde a sua função. ↪ PALPAÇÃO ↳ É a utilização do sentido tátil ou da força muscular, usando se as mãos ou as pontas dos dedos. (usado para sentir os órgãos internos) − Limitações (espécie, porte, score) − Digitopressão − Punhopressão − Vitropressão ↳ Abdominal (avalia prostada, porém não é tão eficiente) ↳ Retal (grades animais ou prostada em machos) ↳ Vaginal ↳ Mamária ↳ Membros, aumento de volume... ↳ Consistência: mole, firme, dura, pastosa, flutuante, crepitante. ↪ PALPAÇÃO ABDOMINAL Região Palpável Epigástrica Fígado (quando aumentado porque está dentro do gradil costal); Estômago (quando distendida). Mesogástrica Intestino delgado; (↑llíquido mais p. baixo porque vai forma o bolo fecal). Intestino grosso; (↑gás mais p. alto) Linfonodos mesentéricos (aumentando); Rins (felino mais epimesogástrico); Baço; Estômago (distendido). Hipogástrica Intestino grosso; Reto; (a próstata fica acima dele) Útero (distendido); Bexiga; Próstata (aumentando). Localização Anatômica Topografia do pulmão → ele abraça o tórax A auscultação é feita de craniocaudal e dorsoventral ↳ Topografia dos órgãos. Não necessariamente estes são palpáveis. A sensibilidade pode ajudar a identificar uma área, estrutura ou órgão acometido. ↪ AUSCULTAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA ↳ Avaliação dos RUÍDOS que os diferentes órgãos produzem espontaneamente. (ruido normal – fisiológico | ruído anormal – patrológico) ↳ Direto X Indireto (estetoscópio) ↳ Avaliação cardíaca − 3º. ao 5º. EIC direito e esquerdo Espaço intercostal − Ritmo − Regular − BRNF sem sopro Bulhas Regular normofonetica (ou seja, volume da auscultação é normal) ↳Cães: 60 a 160 bpm (↓animal ↑frequência cardíaca) ↳ Gatos: 120 a 240 bpm OPA! O coração fica entre o 3° e o 5° espaço intercostal. No gato, por conta do nível de estresse dele no atendimento é normal está entre 180 a 200 bpm. Além disso, o coração do gato é menor, mais inclinado e deitado no esterno. Já no Cão fica mais ereto e encostado mais na lateral do tórax. No lado esquerdo tem-se 3 focos de auscultação (pulmonar, aórtico e mitral) e no direito apenas 1 foco (tricúspide) ↪ CHOQUE DE PONTA OU PRECORDIAL ↳ Coloca-se a mão no tórax do lado E do cão, o ponto de choque corresponde a válvula mitral (choque precordial) ↳ Lado Direito no 4 EIC encontra se a válvula tricúspide ↪ PULSO ↳ Artéria femoral − Avaliar intensidade e frequência: • Pulso forte: hipercinético • Pulso fraco: hipocinético • Pulso rápido: taquisfigmia • Pulso lento: bradisfigmia • Pulso normal: normosfigmia • Pulso irregular: arrítmico ↪ AUSCULTAÇÃO PULMONAR ↳ 5 - 8 EIC → LOBOS CRANIAIS ↳ 9 - 10 EIC → LOBO MÉDIO ↳ 11 - 12 EIC → LOBOS CAUDAIS ↪ RUÍDOS PULMONARES ↳ Cães: 18 a 36 mpm ↳ Gatos: 20 a 40 mpm HEMATOSE – TROCAS GASOSAS ---- CIANOSE respiração normal → Costoabdominal respiração alterada → dispneia ↪ AUSCULTAÇÃO PULMONAR ↳ Tipo respiratório − Costoabdominal ↳ Avaliação − Frequência • Taquipneia (aumento da frequência respiratória) • Bradipneia (diminuição frequência respiratória) • Apneia (não respira – emergência) − Amplitude • Hiperpneia − Postura/Ritmo • Dispneia • Ortopneia (levanta a cabeça em busca de ar) • Trepopneia (melhora ou piora a dispneia de acordo com sua posição) ↪ AUSCULTAÇÃO PULMONAR ↳ Ruídos pulmonares − <2mm (mal transmissão de ondas sonoras) − Propagação de ruídos • Nasal • Laringeos • Traqueais • Pulmonares Na ficha: ruídos pulmonares normais ou sem alterações. ↳ Ruídos respiratórios normais − Sibilos − Crepitações finas − Crepitações grosseiras ↳ Sibilos − Ruídos contínuos e agudos, ocorrem na passagem do ar por vias aéreas estreitadas, provocando vibração de sua parede durante a expiração – brônquios ↳ Crepitação Fina e Crepitação Grossa parênquima pulmonar − Ruídos respiratórios descontínuos e de curta duração. Surgem por meio da reabertura súbita e sucessiva de pequenas vias aéreas OPA! Ruido parece com papel de sonho de valsa amaçando. Pode ser pneumonia RONCO Ruído alto e grosseiro – palato mole e região faringeana ESTRIDOR Ruído alto e agudo – distúrbios da Laringe ↪ PERCUSSÃO ↳ É o ato ou efeito de percutir (bater ou tocar, produzir som) ↳ Permite obter sons de estruturas profundas ↳ Dígito-digital ↳ 2 golpes – um forte e um fraco Dispineia Inspiratória Expiratória Mista Restritiva ↳ Percussão – tipos de sons: − Claro → órgão com ar que se movimenta − Timpânico → órgão oco distendido por ar ou gás − Maciço → estruturas sem ar que produzem som fraco e de curta duração ↪ OLFAÇÃO (odor) ↪ TERMOMETRIA ↳ Equilíbrio entre a termogênese (processos metabólicos oxidativos, ganho de calor) e termólise (pulmão e pele, perda de calor). ↳ Fígado, coração e músculo esquelético (calor advindo dos órgãos) ↳ Centro termorregulador – hipotálamo − Receptores térmicos − Vísceras e pele ↪ TERMOMETRIA ↳ Contato do bulbo a mucosa retal ↳ Variações fisiológicas X patológicas − Variação nictemeral (circadiana) (↓T° repouso) − Ingestão alimentar (↑T°) − Ingestão hídrica (↓T° resfria o trato digestório) − Idade (↑T° → jovens | ↓T° → velhos) − Sexo (principalmente fêmea) − Gestação − Estado nutricional − Temperatura ambiental − Exercícios físicos − Estresse ↳ Simples ou Típica (ascensão, acme e defervescência) ↳ Remitente (se mantêm) ↳ Intermitente (vai e volta) ↳ Atípica (não mantem um padrão) House -> médico especializado em diagnostico. Ele volta ao leito do paciente quando tem alguma duvida em relação ao diagnostico, ou seja, volta a anamnese. Essa série é baseada em no livro “Todo paciente tem uma história para contar”. Muitas vezes os grandes erros da medicina é os médicos, atualmente, se basearem muito nos exames complementares,deixando de lado a anamnese e mais ainda o exame físico. Na série, House questiona muitas vezes o histórico do paciente para os médicos residentes, tanto na identificação do paciente quanto fatores associados a vida daquele paciente (comunicação médica centrada na pessoa). Ainda na série, ele tem uma lousa em sua sala e nela mapeia as principais manifestações clinicas juntamente com seus residentes para traçar sintomas guias (sintomas juntos que definem possibilidades de diagnósticos) A série mostra a importância na anamnese, o que deixou faltar na anamnese e no exame físico, voltando sempre ao paciente que por vergonha ou por não julgar importante omitiu alguma informação. Na veterinária sempre tem a percepção de um tutor ou de uma pessoa que é leiga. Os exames complementares é apenas para descartar alguns diagnósticos captados na anamnese e no exame físico.
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