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Relações de trabalho

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DESCRIÇÃO
O trabalho como categoria social, as características do trabalho assalariado, as cooperativas, a precarização da vida do trabalhador, o
socialismo e o trabalho associado.
PROPÓSITO
Conhecer a relação entre trabalho e remuneração e analisar as diferentes formas de organização do trabalho contribuirá para elaborar
opiniões, tomar posicionamentos e fazer escolhas firmes e seguras dentro do mundo do trabalho.
PREPARAÇÃO
Levando em conta a riqueza e as múltiplas possibilidades de análise do tema, é importante ter à mão um bom dicionário de Teoria Política ou
mesmo de Filosofia. Sugerimos o Dicionário de Política, de Bobbio, Matteucci e Pasquino, e o Dicionário de Filosofia, de Abbagnano,
ambos disponíveis virtualmente.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever a Consolidação das Leis do Trabalho e a Reforma Trabalhista
MÓDULO 2
Identificar as transformações do mundo do trabalho com as modificações da dinâmica do capitalismo e seus impactos na organização social
MÓDULO 3
Distinguir o trabalho assalariado das formas associadas de trabalho, conhecendo suas especificidades e como interferem na organização
dos trabalhadores e das empresas
INTRODUÇÃO
A Constituição do República Federativa do Brasil (1988) indica, no seu artigo 6º, entre outras coisas, que o trabalho é um dos direitos sociais
do brasileiro. A grande maioria das pessoas – homens, mulheres e até mesmo crianças – passa parte de seus dias, e até mesmo da vida,
trabalhando.
Mas, afinal, o que é trabalho? O que ele significa? Quais legislações protegem os trabalhadores? Com este tema, você poderá responder a
essas perguntas e conhecer melhor outros aspectos do trabalho e do papel dele na organização social.
MÓDULO 1
Descrever a consolidação das leis do trabalho e a reforma trabalhista
O OBJETIVO DA CLT
A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) surgiu na Era Vargas, após 13 anos do regime, no dia 1º de maio de 1943. Garantida pelo
Decreto-Lei n. 5.452, a CLT tinha como propósito regulamentar as relações de trabalho, fossem elas individuais ou coletivas.
Essa regulamentação se traduziu pela criação de uma legislação trabalhista cuja necessidade de proteção do trabalhador, tanto urbano
quanto rural, fosse contemplada.
Ao longo do tempo, a CLT sofreu modificações que buscaram adequá-la às clivagens do mercado. Mesmo diante de tais transformações,
não se pode negar que ela ainda é a principal ferramenta regulamentadora das relações de trabalho.
Vejamos quais são os principais assuntos abordados na CLT:
REGISTRO DO TRABALHADOR
Foto: Shutterstock.com.
Em seu artigo 29, § 4º, a CLT veta ao empregador a realização de anotações desabonadas na Carteira de Trabalho e Previdência Social
(CTPS). O que isso significa? Ele não pode registrar nada que possa ser interpretado como algo calunioso ou discriminatório, uma vez que
isso pode gerar dificuldades para que o funcionário encontre outro emprego.
Caso se descumpra a lei e exista realmente uma gravidade em tais anotações, o (ex)funcionário poderá solicitar uma reparação por danos
morais ou uma multa pelo constrangimento causado.
ATENÇÃO
Ainda que não seja interpretado ou caracterizado como dano moral, o registro (anotação) desabonador tem uma multa prevista para o
empregador no artigo 52 da CLT.
JORNADA DE TRABALHO
Foto: Shutterstock.com.
A jornada normal de trabalho, segundo a legislação trabalhista, é de 8 horas diárias e 44 horas semanais. Além de estipular a carga horário
para o trabalhador, ela prevê a não computação na jornada diária de trabalho de 10 minutos (5 minutos antes e 5 após o serviço).
Sobre o cômputo de horas, a lei também prevê o pagamento de horas extras, bem como o desconto de faltas. Nesse caso, muitas empresas
adotam um banco de horas para seus funcionários, o que facilita o controle e a flexibilidade de suas horas trabalhadas.
PERÍODO DE DESCANSO
Foto: Shutterstock.com.
É obrigatório que, em todo trabalho cuja duração exceda 6 horas contínuas, seja conferido um intervalo (denominado intrajornada) de 1 hora
ao funcionário para seu descanso ou sua alimentação. Porém, caso haja algum acordo coletivo, esse tempo pode chegar a 2 horas – e não
mais que isso.
ATENÇÃO
Em uma jornada de trabalho que não ultrapasse 6 horas, e sim 4, o intervalo obrigatório é de 15 minutos.
A Reforma Trabalhista (Lei n. 13.467/2017) modificou o inciso III do artigo 611-A da CLT. Esse tópico se referia ao tempo mínimo de intervalo
com uma jornada de trabalho acima de 6 horas.
Vale saber que o horário de descanso pode ser reduzido para 30 minutos, mas isso só pode ocorrer graças a um acordo coletivo ou uma
convenção. Além disso, devem estar especificados na cláusula os detalhes das condições de repouso ou alimentação, uma vez que elas
estão asseguradas aos funcionários.
FÉRIAS
Imagem: Shutterstock.com.
As férias devem ser concedidas ao funcionário anualmente, ou seja, após o período chamado de “aquisitivo”. É direito de cada empregado o
tempo de férias dentro dos 12 meses de trabalho (que é denominado “concessivo”). Caso deixe o emprego sem ser readmitido dentro de 60
dias, ele perderá o direito a ela.
Já um trabalhador e estudante menor que 18 anos tem a garantia de poder coincidir suas férias com as escolares. Quando, em uma mesma
empresa (ou outro estabelecimento), houver membros de uma família, todos terão o direito, desde que não cause prejuízo para o setor, de
gozar férias no mesmo período.
SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO
Foto: Shutterstock.com.
É obrigatório que cada empresa, seja ela privada ou pública, obedeça às normas regulamentadoras concernentes à segurança do trabalho.
O empregador que não garantir a segurança de seu funcionário estará sujeito a penalidades previstas na legislação pertinente ao tema.
ATENÇÃO
O empregado que, sem a devida justificativa, não cumprir suas obrigações em relação à sua segurança terá tal recusa enquadrada como
“ato faltoso”.
SINDICATO
Imagem: Shutterstock.com.
A CLT prevê o acordo coletivo como caráter normativo. O sindicato é o responsável por celebrá-lo com a empresa correspondente à
categoria. A associação sindical ajuda o trabalhador a resguardar seus interesses laborais e econômicos, assim como na defesa da categoria
que representa.
Além da CLT, a Constituição Federal também assegura a organização e a associação sindical (que é uma associação considerada como
primeiro grau) com a finalidade de coordenar os interesses profissionais ou econômicos de profissionais de diferentes áreas.
Já as federações e as confederações são outras associações – no caso, de grau superior. Aquelas são constituídas por, no mínimo, 5
sindicatos que representam a maioria absoluta de um grupo de atividades; já estas, por, no mínimo, 3 federações de sindicatos.
REFORMA TRABALHISTA (LEI N. 13.467/2017)
A seguir, vamos discutir pontos importantes da Lei n. 13.467/2017.
Foto: Shutterstock.com.
PRINCIPAIS PONTOS
A Reforma Trabalhista já era esperada no Brasil não apenas por questões meramente político-partidárias, mas também pelo movimento de
transformações que já vinha ocorrendo em diversos países.
Por iniciativa do Ministério do Trabalho e Emprego, teve início em dezembro de 2016 a tramitação da Reforma Trabalhista. Ela, contudo, só
entrou em vigor no dia 11 de novembro de 2017.
ATENÇÃO
Desde a promulgação da CLT na Era Vargas, em 1943, até o ano de 2017, nenhuma atualização tinha ocorrido com tamanha extensão.
As alterações decorrentes da Lei n. 13.467/2017 envolvem, pela ordem:
[...] GRUPO ECONÔMICO, TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR,
QUESTÕES HERMENÊUTICAS RELATIVAS À ELABORAÇÃO DA
JURISPRUDÊNCIA E À INTERPRETAÇÃO DAS CONVENÇÕES E ACORDOS
COLETIVOS DE TRABALHO, RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS E
SUCESSÃO TRABALHISTA, PRESCRIÇÃO, MULTAS ADMINISTRATIVAS,
DURAÇÃO DO TRABALHO E REGIME COMPENSATÓRIO,
TELETRABALHO, INTERVALOS, FÉRIAS, DANO EXTRAPATRIMONIAL,
TRABALHO DA MULHER EM ATIVIDADES INSALUBRES, AMAMENTAÇÃO,
TRABALHO AUTÔNOMO, TRABALHO INTERMITENTE, VESTIMENTA,
SALÁRIO E REMUNERAÇÃO,NATUREZA JURÍDICA DE PARCELAS
RECEBIDAS PELOS EMPREGADOS, EQUIPARAÇÃO SALARIAL,
ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO, EXTINÇÃO DO CONTRATO
DE TRABALHO, DISPENSA COLETIVA, PLANO DE DISPENSA
VOLUNTÁRIA, DESPEDIDA POR JUSTA CAUSA, ARBITRAGEM PARA OS
CHAMADOS “HIPERSUFICIENTES”, QUITAÇÃO ANUAL DO CONTRATO
DE TRABALHO, REPRESENTAÇÃO DOS EMPREGADOS NAS EMPRESAS,
CONTRIBUIÇÃO SINDICAL, E CONVENÇÕES E ACORDOS COLETIVOS DE
TRABALHO.
(FINCATO; STÜRMER, 2019, p. 57)
Como se poderia imaginar, a nova lei atua diretamente sobre a vida do trabalhador no âmbito legal e, consequentemente, social.
Entre as muitas mudanças apresentadas por ela, Fincato e Stürmer (2019) consideram que aquelas dispostas a seguir merecem o devido
destaque:
TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR
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O artigo 4º, §1º, da Lei n. 13.467/2017 fala sobre o efeito de indenização e estabilidade, frisando que, na contagem de tempo de serviço,
serão computados os períodos em que o trabalhador estiver afastado por motivo de serviço militar e acidente de trabalho.
No § 2º, porém, não será computado o período em que o funcionário exceder ao trabalho por motivo de:
Práticas religiosas.
Descanso.
Lazer.
Estudo.
Alimentação.
Atividades de relacionamento social.
Higiene pessoal.
Troca de roupa ou de uniforme (quando não houver a obrigatoriedade de realizar essa troca na empresa).
Diante da insegurança nas ruas e do horário que alguns funcionários saem de seus trabalhos, muitos preferem permanecer no local até
momento em que acharem seguro.
Essa permanência não onera o empregador, uma vez que o funcionário não está ali à disposição da empresa para a realização de alguma
atividade. Nesse caso, muitos podem permanecer no local por motivos variados, o que não deve ser considerado “hora extra”.
ESSA MUDANÇA FOI CONSIDERADA POSITIVA TANTO PARA OS
EMPREGADORES QUANTO PARA OS EMPREGADOS.
DURAÇÃO DO TRABALHO
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O art. 58, § 2º, da referida lei aborda o tempo despendido do trabalhador de sua residência até o local de trabalho, bem como sobre seu
retorno, seja caminhando ou por meio de transporte. Esse tempo, enfim, não será computado na jornada de trabalho.
Com a Reforma Trabalhista, o funcionário não tem o direito de receber horas in itinere, ou seja, o tempo de deslocamento de sua residência
até o local de seu trabalho (ida e volta).
ATENÇÃO
Quando o local for de difícil acesso e o transporte público regular não estiver presente, se o empregador oferecer um transporte a seu
funcionário, ele poderá ser pago por esse horário.
Por exemplo: O trabalhador inicia sua jornada às 8h, mas o transporte da empresa chega à sua residência às 7h. A jornada de trabalho,
portanto, começaria às 7h, e não 1 hora depois.
TELETRABALHO
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Não havia regulamentação dessa função no Brasil até então. Em 2017, essa lei acrescentou à CLT os artigos 75-A e 75-E, que são os
responsáveis pela regulação do teletrabalho.
MAS O QUE CARACTERIZA O TELETRABALHO?
RESPOSTA
O uso de meios telemáticos e informatizados fora do ambiente de trabalho do funcionário.
[...] A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PREPONDERANTEMENTE FORA DAS
DEPENDÊNCIAS DO EMPREGADOR, COM A UTILIZAÇÃO DE
TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DE COMUNICAÇÃO QUE, POR SUA
NATUREZA, NÃO SE CONSTITUAM COMO TRABALHO EXTERNO.
(BRASIL, 2017, art. 75)
ENTÃO, QUAL É A DIFERENÇA ENTRE TELETRABALHO E HOME
OFFICE?
RESPOSTA
Os dois termos são confundidos. O home office se trata das atividades realizadas na residência durante dias
determinados, isto é, o funcionário pode exercer sua função tanto em sua casa como no espaço físico da
empresa.
Nesse caso, ao contrário do teletrabalho, não existe a necessidade de um aditivo contratual. O que pode ser
feito para conferir maior segurança ao empregado é a confecção de um documento que esclareça a
possibilidade de o trabalho eventualmente ser realizado fora do ambiente da empresa.
PERCEBE-SE, NA ATUALIDADE, MUITO EM PARTE PELO ADVENTO DA
GLOBALIZAÇÃO, NOVAS CONFIGURAÇÕES SOCIAIS, ECONÔMICAS E
TECNOLÓGICAS, AS QUAIS FAZEM EMERGIR PROFUNDAS
MODIFICAÇÕES NO MUNDO TRABALHO. SÃO EXEMPLOS DESSAS
MODIFICAÇÕES A FLEXIBILIZAÇÃO DA PRODUÇÃO, A TERCEIRIZAÇÃO
DA MÃO DE OBRA, A PRODUÇÃO JUST-IN-TIME, MODELOS DE CARREIRAS
COM CARACTERÍSTICAS MAIS INDIVIDUAIS E A MAIOR VALORIZAÇÃO
DO CAPITAL HUMANO E PSICOLÓGICO NO TRABALHO. A ABERTURA
DO MERCADO EM PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO PARA EMPRESAS
MULTINACIONAIS E A FORMA DE TRABALHO EM HOME OFFICE,
POSSIBILITADA PELA INTERNACIONALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO
DAS EMPRESAS, CARACTERIZAM UM CENÁRIO COM DIFERENTES
FORMAS DE TRABALHAR E SE APRESENTAM COMO UMA REALIDADE
DO FENÔMENO TRABALHO.
(RAFALSKI; ANDRADE, 2015, p. 1)
A pandemia causada pela Covid-19, desde 2020, obrigou várias empresas, diante do isolamento social, a manter seus funcionários operando
suas funções a partir de casa. Esse cenário ajuda a compreender um pouco mais as diferenças entre essas duas modalidades.
Foto: Shutterstock.com
ATENÇÃO
O home office, portanto, é a realização do trabalho dentro e fora do ambiente da empresa (do trabalho). Já o teletrabalho se caracteriza
pelas atividades realizadas fora das dependências da empresa (isso não quer dizer que o trabalhador não possa eventualmente comparecer
ao local).
Outra diferença entre as duas atividades é que o teletrabalho não é passível de controle de jornada. No home office, por outro lado, o
funcionário está submetido a um controle de horário pelo empregador.
SOBRE ESSE PONTO, É POSSÍVEL CONCLUIR QUE A
RESPONSABILIDADE RECAI SOBRE O EMPREGADOR NO HOME OFFICE,
ENQUANTO, NO TELETRABALHO, ELA É PASSÍVEL DE DISCUSSÃO.
INTERVENÇÕES CRÍTICAS À REFORMA TRABALHISTA
Diante das rápidas considerações aqui realizadas, alguns autores puderam analisar criticamente alguns aspectos da Lei n. 13.467/2017.
Imagem: Shutterstock.com
Falaremos sobre eles a seguir:
POSSIBILIDADE DE TERCEIRIZAÇÃO DAS ATIVIDADES
Isso pode resultar em diminuição salarial, uma vez que o salário de terceirizados é menor e eles têm jornadas de trabalho mais longas, bem
como menos direitos e pouca garantia de estabilidade.
Nesse cenário, pontua Lacaz (2016), as condições de trabalho não são totalmente adequadas, trazendo riscos de acidentes fatais.
Por exemplo, na Petrobras, entre os anos de 1995 e 2013, foram computados 320 acidentes fatais. Desse contingente, 268 eram
terceirizados.
LIBERAÇÃO DA TERCEIRIZAÇÃO NOS SERVIÇOS ESSENCIAIS DE SAÚDE
PÚBLICA
Trata-se de uma tentativa de desmonte do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa possibilidade deixaria de contemplar e valorizar os
servidores em atividade.
JORNADA DE TRABALHO
Segundo Antunes (2018), essa jornada, que até então era de 8 horas por dia, com uma possibilidade de 2 horas extras e duração de 44
horas por semana, foi alterada para:
12 a 14 horas por dia.
Sem remuneração pelas horas extras.
48 horas por semana.
ASSÉDIO MORAL
Tudo que pode ser caracterizado como uma humilhação sofrida.
Tudo isso resulta em maior concorrência, exigência de metas, mais rotatividade e menos solidariedade no ambiente da empresa – pontos
que têm sido utilizados para explicar o aumento de problemas de saúde e de assédio moral.
Por exemplo, ter a atenção chamada diante de outros funcionários ou ser ameaçado, alvo de objetos lançados contra seu corpo ou
constrangido.
FÉRIAS
Elas podem ser divididas até em 3 períodos, sendo que nenhum deles pode ter menos que 5 dias. O maior período deve ser maior que 14
dias. Além disso, as férias não podem ser gozadas 2 dias antes de um feriado ou em dia de descanso remunerado.
TEMPO DE DESLOCAMENTO
Anteriormente, o tempo de deslocamento para o trabalho pago pela empresa, de acordo com a CLT, era computado como hora de trabalho.
Agora isso mudou, o que acentua o desgaste na saúde do funcionário e aumenta a jornada de trabalho dele.
TRABALHO DE MULHER GRÁVIDA
Anteriormente, o trabalho para elas era proibido em lugares insalubres. Com a mudança ocasionada pela ReformaTrabalhista, caso a
mulher tenha um atestado médico que garanta sua permanência nesse ambiente, mesmo gerando riscos para a saúde do nascituro, ela terá
a autorização para trabalhar.
CONTRIBUIÇÃO SINDICAL FACULTATIVA
A lei de 2017 torna-a facultativa, o que dificulta a atuação dos sindicatos mediante demandas dos trabalhadores.
Tais mudanças, sobretudo as que recaem no tema da terceirização, coisificam ainda mais o trabalhador, pois precarizam não apenas o
ambiente de trabalho (segurança), mas também a saúde dele.
CLT E REFORMA TRABALHISTA DE 2017
Qual seria o ponto mais relevante da Reforma Trabalhista? É o que veremos a seguir:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A REFORMA TRABALHISTA (LEI N. 13.467/2017) ALTEROU ALGUNS PONTOS EM RELAÇÃO À CARGA
HORÁRIA DE TRABALHO. MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA EM RELAÇÃO A ESSA LEI.
A) A nova legislação não mantém a jornada máxima de 44 horas semanais.
B) As férias podem ser fracionadas, no máximo, em até 2 períodos de 15 dias (cada).
C) O horário de almoço pode ser reduzido, conforme acordo com o sindicato, de 1 hora para 30 minutos.
D) A CLT prevê que o funcionário deve receber hora extra por permanecer no local de trabalho para realizar tarefas pessoais.
E) O horário de almoço não pode ser, em hipótese alguma, diminuído diante de uma jornada de trabalho acima de 8 horas por dia.
2. NESTE MÓDULO, OBSERVAMOS TAMBÉM ALGUMAS CRÍTICAS ACERCA DA REFORMA TRABALHISTA. A
MAIOR DELAS DIZ RESPEITO AO RISCO DA TERCEIRIZAÇÃO DO TRABALHO. AFINAL, ELA PODE
ACARRETAR NÃO SÓ A DESVALORIZAÇÃO DO FUNCIONÁRIO, COMO TAMBÉM RETIRAR A SEGURANÇA E
AUMENTAR A POSSIBILIDADE DE ENFERMIDADES E ASSÉDIO MORAL. MARQUE A ALTERNATIVA QUE
CORRESPONDE A UM CASO TÍPICO DE ASSÉDIO MORAL.
A) O empregador chama a atenção e humilha determinado funcionário por ele não ter conseguido atingir metas que, na verdade, eram
inatingíveis.
B) O empregador solicita, diante dos demais funcionários, que determinado trabalhador permaneça por mais duas horas após sua jornada
de trabalho.
C) O empregador, sabendo da condição financeira de seu funcionário, disponibiliza um veículo da empresa para que ele realize a condução
até o ambiente de trabalho.
D) O empregador se comporta, eventual ou isoladamente, de maneira grosseira, isso é considerado um assédio moral.
E) Quando consentido pelo sindicato, o empregador pode espalhar boatos de seu funcionário pela empresa.
GABARITO
1. A Reforma Trabalhista (Lei n. 13.467/2017) alterou alguns pontos em relação à carga horária de trabalho. Marque a alternativa
correta em relação a essa lei.
A alternativa "C " está correta.
O horário de descanso poderá ser reduzido para 30 minutos, mas isso somente ocorrerá se for estipulado em um acordo coletivo ou em uma
convenção. Além disso, os detalhes das condições de repouso ou alimentação precisam estar especificados na cláusula contratual, já que
tais condições estão asseguradas aos funcionários.
2. Neste módulo, observamos também algumas críticas acerca da Reforma Trabalhista. A maior delas diz respeito ao risco da
terceirização do trabalho. Afinal, ela pode acarretar não só a desvalorização do funcionário, como também retirar a segurança e
aumentar a possibilidade de enfermidades e assédio moral. Marque a alternativa que corresponde a um caso típico de assédio
moral.
A alternativa "A " está correta.
Tudo isso resulta em maior concorrência, exigência de metas, mais rotatividade e menos solidariedade no ambiente da empresa – pontos
que têm sido utilizados para explicar o aumento de problemas de saúde e de assédio moral. Eis alguns exemplos desse tipo de assédio: ter
a atenção chamada diante de outros funcionários ou ser ameaçado, alvo de objetos lançados contra seu corpo ou constrangido.
MÓDULO 2
Identificar as transformações do mundo do trabalho com as modificações da dinâmica do capitalismo e seus impactos na
organização social
APRESENTAÇÃO
Observe a imagem a seguir:
Fonte: Pikist.com
Você pode ver trabalhadores (consegue identificar quantos?) executando serviços diversos na construção de um edifício. Eles estão
concentrados em suas tarefas que, embora possam ser individualizadas e especializadas, têm um objetivo comum. Contudo, a imagem
mostra os trabalhadores confundindo-se com os próprios materiais com os quais trabalham, quase como máquinas ou coisas, que não são
“sociais” nem “sociáveis”.
Vamos entender melhor o conceito de trabalho partindo de sua origem e das perspectivas de três importantes pensadores que estudaram o
tema e deixaram reflexões que ainda influenciam a nossa sociedade nos dias atuais: Max Weber (1864-1920), Karl Marx (1818-1883) e Émile
Durkheim (1858-1917).
TRABALHO: A LONGA TRAJETÓRIA DE CONSTRUÇÃO DE UM
CONCEITO
Trabalho é uma atividade eminentemente humana, na qual as pessoas transformam a natureza, utilizando a inteligência e a força física, para
produzir bens e serviços. O trabalho diferencia o ser humano de outros animais que não planejam sua existência e não podem modificá-la,
apenas adaptar-se ao meio. Pelo trabalho, os seres humanos produzem conhecimento, tecnologia, inovação, criam e transformam, de modo
consciente, o mundo em que vivem, modificando continuamente os aspectos culturais, sociais, econômicos e políticos.
É através do trabalho que se tem acesso aos bens básicos necessários à subsistência, como também aos bens tecnológicos e culturais.
Contudo, o trabalho é mais do que a produção de bens, é um importante meio de formação de vínculos sociais, para além dos familiares, em
que o ser humano pode exercitar sentimentos que se constituam em práticas de solidariedade, companheirismo e cooperação. Para muitos,
o trabalho é o único espaço de convivência social.
Fonte: Shutterstock.com
A palavra trabalho tem origem no latim tripalium , que se refere a um instrumento utilizado no plantio de lavoura nas sociedades antigas.
Historicamente, o trabalho intelectual ou que despendia menor força física sempre foi mais valorizado do que o trabalho braçal, considerado
atividade de escravos na Grécia Antiga. Foram os romanos que primeiramente associaram os escravos a objetos de trabalho, qualificando-os
como instrumentum vocalis , coisificando a pessoa humana.
SAIBA MAIS
Na Roma Antiga, escravos e animais de carga eram classificados na mesma categoria dos instrumentos destinados a cultivar a terra. A
diferença era que os escravos pertenciam ao gênero vocale – falantes – e os bois, ao gênero semivocale , com voz parcial, isto é, emitem
sons, mas não falam. No Direito romano, a condição de coisa (res ), estabelecida para o gado e os demais animais de carga, era a mesma
do escravo. O Direito romano legislava sobre os animais domésticos, que, tais como os escravos, pertenciam a um dono. A escravidão,
portanto, embora tenha sido um gênero de trabalho, era também uma condição degradante da pessoa humana reduzida à condição de
animal.
Na Antiguidade, trabalho era uma atividade majoritariamente desempenhada por escravos ou pessoas pobres, tornando-se sinônimo de
perda da liberdade, uma vez que a palavra estava associada ao esforço físico, à humilhação e ao sofrimento. Por isso, em fins do século VI,
tripalium passou a ser também o nome dado a um instrumento de tortura usado no Império Romano.
Na Idade Média, o conceito de trabalho estava ligado à condição social das pessoas, visto que a sociedade estava dividida entre os
bellatores , os oratores e os laboratores , sendo os primeiros a classe dos cavaleiros, isto é, a alta nobreza que se responsabilizava por
comandar as guerras, conquistas e defender o território; os seguintes oravam, eram os religiosos e o clero; e os últimos, a grande massa de
gente das cidades e dos campos, trabalhavam.
Fonte: Wikimedia commons/Domínio Público
A ilustração da Idade Média A Construção da Torre de Babel (1240) ilustra as formas de trabalho da época.
A Igreja valorizava o ato de contemplação e a elevação espiritual em detrimento às atividades braçais, consideradas mundanas e apegadasaos bens terrenos. Com o declínio da Idade Média e a consequente retomada da urbanização e do comércio, o trabalho se diversificou, mas
também aumentou, fazendo com que fosse comparado, metaforicamente, com o suplício ou a tortura.
Com o desenvolvimento do capitalismo, o trabalho sofreu inúmeras e profundas transformações, especialmente com o impacto do
protestantismo. Segundo o sociólogo Max Weber, a igreja protestante, por pregar a salvação a partir de uma vida módica e dedicada ao
trabalho, teve papel fundamental no convencimento dos trabalhadores a aceitarem as condições de exploração a que estavam submetidos.
Isso incluía a negação dos prazeres “terrenos”, o luxo, o ócio e a preguiça – enfim, não desperdiçar o tempo com comportamentos que não
favorecessem o acúmulo de bens e o aperfeiçoamento da alma. Essa associação entre o trabalho e a salvação da alma ele chama de
“espírito do capitalismo”. Embora condenasse o luxo, a riqueza não exteriorizada era sinal da salvação. Aí reside o conceito de Weber de
“ética protestante” que se verifica com o acúmulo de bens, e não para o consumo e os gastos supérfluos. Max Weber considera que a “ética
protestante” foi o fator cultural de maior impacto para o desenvolvimento do capitalismo.
Fonte: Wikipedia Commons/Domínio público
Max Weber em 1918.
SAIBA MAIS
Max Weber foi intelectual, jurista e economista alemão, considerado um dos fundadores da Sociologia, além de ter influenciado os estudos
nas áreas da Economia, da Filosofia, do Direito, da Ciência Política e da Administração. Suas principais obras dedicam-se ao estudo do
capitalismo e do chamado processo de racionalização e desencantamento do mundo.
Aprofundemos um pouco mais a relação entre a “ética protestante” e o “espírito do capitalismo” a partir do pensamento de Max Weber.
Posteriormente, entre os séculos XVIII e XIX, a ideologia capitalista passa a inculcar nos trabalhadores a ideia do trabalho como forma de
realização pessoal e social, mesmo que estivessem submetidos a duras formas de exploração e opressão. Mas foi a partir de meados do
século XIX que o capitalismo se intensificou, aumentando o ritmo de produção dos mais variados bens, demandando, consequentemente,
maior esforço humano no trabalho. Essa é uma das características da sociedade de consumo que se funda na produção acelerada dos
bens, na ampliação da concorrência e na precarização das relações trabalhistas. Práticas como terceirizações, contratos temporários ou
atividades informais chegaram no século XXI com um verniz de liberdade para o trabalhador e maior possibilidade de controle de seu tempo
e remuneração, mas teve como resultados concretos o aumento das incertezas e as inconstâncias no mundo do trabalho.
A palavra “trabalho”, portanto, é entendida como toda atividade profissional, remunerada ou não, produtiva ou criativa, exercida para
determinado fim, cujo sentido é oriundo de uma historicidade, isto é, está em consonância com a época, a cultura, o modo de se relacionar e
de compreender o mundo de cada sujeito e do grupo do qual fez e faz parte.
O SER SOCIAL
Fonte: Dencey/Wikimedia commons/CC BY-SA 3.0
Georg Lukács em 1952.
Georg Lukács (2013), filósofo e historiador húngaro de vertente marxista, via o trabalho como o “complexo concreto de sociabilidade como
forma de ser”, ou seja, uma “célula geratriz” ou uma categoria ontológica, que faz parte da natureza humana. Isso não significa que ele
entendia que a vida social estava limitada ao trabalho, mas sim que toda a multiplicidade de expressões humanas se funda no trabalho
como atividade originária.
GEORG LUKÁCS (1885-1971)
Segundo filho de um próspero dirigente da principal instituição bancária da Hungria, desde jovem recusou, forte e decididamente, seu
próprio universo burguês. Em vez dos negócios, dedicou-se ao estudo das artes e da literatura, revelando um talento notável para a
crítica. Entusiasmado com a Revolução de Outubro, em 1918 ingressou no Partido Comunista da Hungria, iniciando sua longa e
atribulada trajetória política inscrita na prática e na teoria revolucionária que haveria de desenvolver.
Fonte: Instituto Lukács
Para Lukács, o trabalho é o ponto de partida para tornar-se “homem do homem”, senhor de si, uma vez que o trabalho é o veículo para a
autocriação do homem como sujeito histórico. Como ser biológico, ele é um produto do desenvolvimento natural, mas o trabalho o leva a um
novo ser: o ser social.
Portanto, o trabalho é o vínculo material entre o ser humano e a natureza, assinalando a passagem do ser meramente biológico (que
sobrevive e se adapta às circunstâncias da natureza) ao ser social (que cria e transforma intencionalmente a natureza).
Para Karl Marx, o que diferencia o trabalho do homem do de outros animais é a capacidade de dar significado à natureza por meio de uma
atividade planejada e consciente. Para o filósofo, é pelo trabalho que o homem transforma a si e à natureza, e, ao transformá-la, de acordo
com suas necessidades, imprime em tudo que o cerca a sua marca. No trabalho, o homem “defronta-se com a natureza como uma de suas
forças, numa dupla transformação entre o homem e a natureza. Põe em movimento as forças naturais de seu corpo [...], a fim de apropriar-
se dos recursos da natureza, imprimindo-lhes forma útil à vida humana” (MARX, 2011). Na medida em que atua sobre a natureza e a
modifica, o ser humano também modifica a si próprio. Assim, ao transformar a natureza, o homem não só cria ou produz bens, mas modifica
a sua própria condição.
Ao longo de toda a história, o trabalho foi determinante para a vida humana, tanto individual como coletiva. A humanidade se estruturou
histórica e politicamente, quase em sua totalidade, em função do conceito de trabalho. Separar o trabalho da existência das pessoas é muito
difícil, senão impossível, diante da importância e do impacto que o trabalho nelas provoca.
Fonte: Margalob/Wikimedia commons/Domínio Público
Pirâmide do Sistema Capitalista , cartaz publicado pela IWW (Industrial Workers of the World) em 1911.
A visão ontológica de trabalho em Marx se opõe à perspectiva capitalista, pois nesse modelo econômico o ser humano é limitado ou
impedido de exteriorizar a sua natureza, uma vez que os frutos de seu trabalho lhes são retirados.
Por exemplo, o trabalhador da indústria de automóveis, que no final do dia volta para casa de transporte coletivo, sucateado, lotado e caro;
ou o trabalhador da construção civil que mora em condições precárias ou de aluguel.
A maneira como a sociedade do capital se organiza resulta na fragmentação do trabalhador, retirando dele a sua capacidade de se sentir
parte de sua produção, caracterizando o trabalho como um agente da alienação.
ALIENAÇÃO
A alienação (do alemão Entfremdung , que também pode ser traduzido por “afastamento”) exprime sobretudo a ideia de algo que está
separado de outra coisa ou que é estranho a essa coisa: estou alienado de mim, na medida em que não posso compreender ou aceitar
a mim mesmo; o pensamento está alienado da realidade, pois a reflete de forma inadequada; estou alienado de meus desejos, uma
vez que eles não são autenticamente meus, sendo antes impostos a mim do exterior; estou alienado dos resultados dos meus
trabalhos porque estes se tornam mercadorias; e posso estar alienado de minha sociedade, pois, em vez de fazer parte de uma
unidade social que a constrói, me sinto controlado por ela.
Fonte: Sérgio Biagi Gregório
Os versos de “Cidadão”, música de Zé Ramalho, ajudam a entender esse contexto de expropriação imposto ao trabalhador:
Tá vendo aquele edifício, moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Era quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz, desconfiado
Tu 'tá aí admirado
Ou 'tá querendo roubar?
A análise de Karl Marx (2011) sobre a alienação do trabalhador aprofunda o olhar sobre a percepção que o trabalhador tem de si próprio e
da riqueza produzida,sempre como riqueza alheia, do capitalista. Embora a força de trabalho seja a condição para a produção dos bens e o
trabalhador gaste a sua vida com o trabalho, ele não usufrui da riqueza produzida. Quando o trabalhador fabrica uma mercadoria na
condição de explorado, ele também se torna uma, reduzindo-se à condição de instrumento que gera a riqueza de outros homens. Quanto
maior for seu esforço em produzir mercadorias das quais não se beneficia, mais o trabalhador se coisifica.
O SER COISIFICADO
Fonte: Hohum/Wikimedia commons/Domínio Público
Linha de produção da Ford em 1913.
Se a alienação do trabalho é considerada por Marx o princípio de todas as outras alienações, a sociedade burguesa é a origem do trabalho
alienado, uma vez que se fundamenta na propriedade privada que nega ao trabalhador o acesso aos bens que produz ou a participação nos
lucros. Em virtude disso, as relações humanas se transformam em relação entre coisas, entre mercadorias: o trabalhador se desumaniza e
se transforma em uma mercadoria, barata, que produz outra mercadoria, de maior valor, gerando riqueza para poucos.
O TRABALHADOR TORNA-SE TANTO MAIS POBRE QUANTO MAIS
RIQUEZA PRODUZ, QUANTO MAIS A SUA PRODUÇÃO AUMENTA EM
PODER E EXTENSÃO. O TRABALHADOR TORNA-SE UMA MERCADORIA
TANTO MAIS BARATA QUANTO MAIOR NÚMERO DE BENS PRODUZ.
COM A VALORIZAÇÃO DO MUNDO DAS COISAS, AUMENTA EM
PROPORÇÃO DIRETA A DESVALORIZAÇÃO DO MUNDO DOS HOMENS. O
TRABALHO NÃO PRODUZ APENAS MERCADORIA; PRODUZ-SE TAMBÉM
A SI MESMO E AO TRABALHADOR COMO UMA MERCADORIA, E
JUSTAMENTE NA MESMA PROPORÇÃO COM QUE PRODUZ BENS.
(MARX, 2012)
Algumas vezes o trabalho é interpretado como um elemento que promove a satisfação e a autorrealização. Outras abordagens, porém,
atribuem conotações negativas ao trabalho, representado como maldição, castigo, jugo, estigma, coerção, esforço e penalidade –
consequências de quem vive para trabalhar. Soma-se a essas percepções aquela que entende o trabalho como mero veículo para a
sobrevivência material.
Para Marx (1983), o trabalho no capitalismo deixa de formar o sujeito humano/social e passa a alienar, pois o produto (bens e serviços
produzidos) e o próprio processo de produção (trabalho) se tornam estranhos à realidade do trabalhador.
O capitalismo modifica a visão de liberdade do homem à medida que ele precisa vender sua força de trabalho para sua sobrevivência,
dissociando o trabalho do homem que o realiza. O trabalhador subordinado ao capital não tem mais controle do produto nem do processo
de seu trabalho, centralizados nas mãos do capitalista. Assim, na sociedade capitalista, o trabalho passa a ser visto como meio pelo qual
uma parte da sociedade sobrevive e a outra parte acumula bens. O trabalho é o meio que permite adquirir os produtos dos demais, dado
que ninguém consome o que produz. Por conseguinte, a função do trabalho e dos seus produtos passa a ser um meio para obter produtos
dos outros, gerando uma interdependência em que ninguém consome o que produz e todos dependem da produção de todos.
Para Marx (2012), quando o trabalho e os bens resultantes dele deixam de ser um objeto que pertence ao trabalhador, isso indica que ele se
tornou um servo de seu objeto: “O auge dessa servidão é que somente como trabalhador ele pode se manter como sujeito e apenas como
sujeito ele é trabalhador”.
No mundo globalizado e capitalista, onde as relações de poder e dominação não são explícitas, o que prevalece é a ideologia liberal, e o
trabalho é visto e tratado sob essa ótica, em que predomina a ética individualista e a competitividade, impondo ritmos alucinantes no mundo
do trabalho, submetendo os trabalhadores à ameaça constante da demissão e à insegurança em relação à permanência no emprego. Esse
modo de relações de trabalho visa “garantir” a submissão do trabalhador a essas condições, inculcando nele o desejo de vencer e obter
sucesso, que o leva a uma dedicação extra sem limites, que se estende para além dos muros das organizações (ANTUNES, 2000). Tal
situação cria uma insegurança psicossocial que acentua o medo de perder o emprego, aumentando o estresse e corroendo o caráter. No
entanto, esses mesmos sentimentos fragilizam as relações sociais entre os companheiros de trabalho e em outras instituições – como a
família. Talvez essa seja a causa de cada vez mais trabalhadores estarem propensos ao estresse e aos riscos psicossociais do trabalho, por
sentirem o risco do desemprego, mesmo trabalhando (SENNETT, 2009).
O SER SOLIDÁRIO
Fonte: M. Armando/Wikimedia commons/Domínio Público
Émile Durkheim em 1918.
Para o filósofo e sociólogo Émile Durkheim, o trabalho é um fato social presente em todos os tipos de sociedade e se impõe sobre todos os
indivíduos, independentemente da própria vontade. Durkheim escreveu a sua principal e mais conhecida obra, Da divisão social do
trabalho , em 1893, na qual argumenta, ao contrário das análises críticas de Marx e Weber, que a divisão social do trabalho promove a
coesão social e, por isso, deve ser preservada. O trabalho, portanto, em vez de concentrar a atenção na produtividade, seria um caminho
para que os indivíduos criassem vínculos e formassem um grupo coeso.
ÉMILE DURKHEIM
Émile Durkheim é considerado um dos pais da Sociologia moderna. Foi graças à atuação sistemática desse pensador que a Sociologia
penetrou nas universidades e garantiu o status de disciplina acadêmica. Fundador da escola francesa de Sociologia, acreditava que a
sociedade é regida por leis, e uma ciência que dela se ocupe deve chegar à formulação de grandes generalizações que as explique.
Considerava a Sociologia a ciência das instituições, cuja missão era reconstruir uma moral que respondesse às exigências do espírito
científico da época.
Fonte: Secretaria da Educação do Paraná
O processo de especialização de funções no mundo do trabalho, como mostra o trecho da obra de Durkheim, torna os indivíduos
interdependentes. Porém, a depender da intensidade dessa especialização, a sociedade desenvolveria dois tipos de solidariedade:
mecânica e orgânica.
A solidariedade mecânica é típica de sociedades pré-capitalistas, onde há pouca divisão do trabalho e, consequentemente, pouca
importância nas relações. Nessas sociedades, os indivíduos se reconhecem e se identificam por culturas e tradições em comum que
exercem grande influência sobre a coesão social.
NUMA CIDADE, PODEM COEXISTIR DIFERENTES PROFISSÕES SEM SE
PREJUDICAREM MUTUAMENTE, PORQUE ELAS PERSEGUEM
OBJETIVOS DIFERENTES. O SOLDADO PROCURA A GLÓRIA MILITAR, O
SACERDOTE A AUTORIDADE MORAL, O HOMEM DE ESTADO O PODER, O
INDUSTRIAL A RIQUEZA, O CIENTISTA O RENOME CIENTÍFICO; CADA
UM DELES PODE ASSIM ATINGIR O SEU FIM, SEM IMPEDIR OS OUTROS
DE ATINGIREM O SEU. TUDO SE PASSA DO MESMO MODO QUANDO AS
FUNÇÕES ESTÃO MENOS AFASTADAS UMAS DAS OUTRAS. O MÉDICO
OCULISTA NÃO FAZ CONCORRÊNCIA AO QUE TRATA AS DOENÇAS
MENTAIS, NEM O SAPATEIRO AO CHAPELEIRO, NEM O PEDREIRO AO
MARCENEIRO, NEM O FÍSICO AO QUÍMICO ETC. COMO PRESTAM
SERVIÇOS DIFERENTES, PODEM PRESTÁ-LOS PARALELAMENTE.
(DURKHEIM, 1999)
O desenvolvimento do capitalismo, no qual a industrialização e a urbanização ganham espaço, marca o processo de especialização do
trabalho e de diferenciação social. Esses fatores, segundo Durkheim, são responsáveis pelo declínio da solidariedade mecânica e o
surgimento de uma nova solidariedade, denominada de orgânica.
A solidariedade orgânica, portanto, é uma marca da sociedade capitalista e parte da percepção de que os indivíduos são diferentes. É
caracterizada pelo alto grau de divisão do trabalho e uma maior heterogeneidade cultural.
Observe a síntese da teoria de Durkheim sobre a divisão do trabalho no fluxograma a seguir.
Imagem: Alex Andrade Costa
A análise de Durkheim sobre a sociedade e o trabalho visa entender a coesão social ou a sua ausência. Para isso, ele utiliza dois conceitos:
o da solidariedade e da anomia.
A solidariedade se evidencia na interação de cada indivíduo na divisão do trabalho.Já a anomia é a manifestação da desintegração social
gerada pela industrialização, provocando diferenciação social – ricos e pobres, citadinos e camponeses, centro e periferia etc.
A anomia é uma característica do mundo moderno, evidenciado pelas crises e pelo ritmo de trabalho contínuo e monótono. Nesse mundo, as
relações do capital e do trabalho não produzem solidariedade, reduzindo o homem ao papel de máquina. Desse modo, a anomia pode levar
a crises que desestruturam as relações sociais, como o suicídio e a criminalidade.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (PREFEITURA MUNICIPAL DE BETIM - INSTITUTO AOCP - 2020 - ADAPTADA)
COMPREENDER AS TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO E SEUS IMPACTOS NA VIDA DOS
TRABALHADORES É ESSENCIAL NA ATUAÇÃO DE UM SOCIÓLOGO. A RESPEITO DAS DIFERENTES
INTERPRETAÇÕES SOCIOLÓGICAS SOBRE ESSE TEMA, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA.
A) As inovações no sistema de organização do trabalho diminuíram o nível de rotatividade dos trabalhadores e estimularam a qualificação
educacional e profissional dos operários. Esse contexto apresentou um novo passo para as relações entre empregadores e empregados no
século XX, proporcionando aumento do poder econômico das famílias.
B) A ética protestante e o espírito do capitalismo , de Max Weber, constitui-se como um importante estudo sobre como o protestantismo
(fator religioso) foi a principal causa do capitalismo ocidental. Essa afirmação é pautada na ideia de que o comportamento do protestante, de
acordo com a teologia calvinista, deveria ser de estímulo ao trabalho profissionalizado e de busca pela riqueza.
C) Para Marx, a economia é fundamentada pelas relações de trabalho, sendo por meio do trabalho que o homem transforma a natureza e
reproduz a sua existência.
D) Segundo Émile Durkheim, as sociedades modernas estão enquadradas teoricamente no tipo de solidariedade mecânica, caracterizando-
se por alto grau de divisão do trabalho, maior diferenciação cultural, especialização das funções entre os indivíduos e enfraquecimento da
consciência coletiva.
E) Os novos modelos de liberalização econômica, especialmente pela terceirização, acarretaram melhorias na vida do trabalhador,
fortalecimento dos sindicatos e seguridade trabalhista.
2. (CONSULPLAN - 2018 - SEDUC - PA - ADAPTADA)
“A NOÇÃO DE ALIENAÇÃO É FUNDAMENTAL NO PENSAMENTO MARXISTA, POIS APRESENTA O ESTADO
PSICOSSOCIAL PRIMORDIAL AO QUAL O INDIVÍDUO É SUBMETIDO NO MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA.
ALÉM DISSO, MARX NÃO VÊ NO TRABALHO UMA EXPRESSÃO QUALQUER DA VIDA. PARA MARX, O
TRABALHO TEM UMA LOCALIZAÇÃO ESPECIAL, ATÉ MESMO PRIVILEGIADA, POR SER A EXTERIORIZAÇÃO
DO SER. POR SER A OBJETIFICAÇÃO DA ESSÊNCIA HUMANA, POR SER O PROCESSO DE COLOCAR PARA
FORA A MAIS PURA HUMANIDADE, O ESFORÇO MATERIAL DA TRANSFORMAÇÃO DO MUNDO E A
SATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES.”
A) É a constatação básica de que o trabalhador está alienado em relação ao produto de seu trabalho que gera a revolta de classe, cerne da
revolução em massa.
B) Construir as próprias ferramentas é exercer uma dominação impossível a qualquer outro animal, o que já elimina para o homem a
possibilidade de total alienação.
C) Uma das formas de reconhecer a alienação é quando, no fim do processo de trabalho, o produto feito se transforma em algo estranho,
independente do ser que o produziu.
D) É o estranhamento em não se reconhecer num produto a essência da pobreza e da alienação gerada pela substituição progressiva e
inexorável do homem pela máquina.
E) A alienação se concretiza quando o trabalhador deixa de participar dos sindicatos e da luta por seus direitos por não se ver representado
nos líderes sindicais.
GABARITO
1. (Prefeitura Municipal de Betim - Instituto AOCP - 2020 - ADAPTADA)
Compreender as transformações no mundo do trabalho e seus impactos na vida dos trabalhadores é essencial na atuação de um
sociólogo. A respeito das diferentes interpretações sociológicas sobre esse tema, assinale a alternativa correta.
A alternativa "C " está correta.
Para Marx, o trabalho é a principal característica humana pela capacidade que se tem de transformar a natureza e, ao mesmo tempo,
transformar a si próprio por meio desse trabalho e da natureza ao seu serviço. Contudo, nem sempre as relações de trabalho garantem
dignidade ao ser humano, que pode ser tratado como uma “coisa” geradora de riqueza e bem-estar a outrem.
2. (CONSULPLAN - 2018 - SEDUC - PA - ADAPTADA)
“A noção de alienação é fundamental no pensamento marxista, pois apresenta o estado psicossocial primordial ao qual o indivíduo
é submetido no modo de produção capitalista. Além disso, Marx não vê no trabalho uma expressão qualquer da vida. Para Marx, o
trabalho tem uma localização especial, até mesmo privilegiada, por ser a exteriorização do ser. Por ser a objetificação da essência
humana, por ser o processo de colocar para fora a mais pura humanidade, o esforço material da transformação do mundo e a
satisfação das necessidades.”
A alternativa "D " está correta.
Marx explica que o trabalho pode ser emancipatório, quando possibilita ao trabalhador usufruir das transformações que ele faz na natureza.
Contudo, também pode alienar o trabalhador, por diversas circunstâncias, como quando, movido pelo medo do desemprego ou da
concorrência, ele se sujeita a ritmos e formas de trabalho opressores contra si e contra seus companheiros. A alienação, para Marx, ainda
ocorre quando o trabalhador é alijado da possibilidade de usufruir dos bens e serviços que produz.
MÓDULO 3
Distinguir o trabalho assalariado das formas associadas de trabalho, conhecendo suas especificidades e como interferem na
organização dos trabalhadores e das empresas
APRESENTAÇÃO
Preste atenção no gráfico a seguir.
Fonte: Thiago Fagundes/Agência Câmara/Ipeadata
Reajuste do salário mínimo e inflação do ano anterior - 02/09/2020.
Os dados do gráfico comparam o aumento do salário mínimo e a inflação no Brasil nos últimos vinte anos.
Por esses dados, percebe-se que entre 2001 e 2015 houve uma política formal do governo de valorização do salário mínimo. Contudo, a
partir de 2016, o que se verifica é uma redução dos aumentos que mal cobrem a inflação. Para 2021, por exemplo, a Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO), enviada pelo governo à Câmara de Deputados, previa a correção do salário mínimo apenas pela inflação, concedendo
um aumento de R$ 22 aos atuais R$ 1.045. Após revisão, seu valor em âmbito nacional (exceto para as Unidades da Federação que
possuem valor próprio), a partir de 01/01/2021, passou a ser R$1.100,00.
Contudo, o que é salário e como ele se estrutura no mundo do trabalho? Quais são as outras formas possíveis de remuneração, além do
salário? Vamos entender melhor a seguir.
TRABALHO E ASSALARIAMENTO
É quase um consenso entre os historiadores que a palavra salário vem da Antiguidade, quando se usava o sal como expressão de valor
para as relações de trabalho.
No Direito brasileiro, o salário é conceituado como “o conjunto de parcelas contraprestativas pagas pelo empregador ao empregado em
decorrência da relação de emprego” (DELGADO, 2005). Segundo a teoria da contraprestatividade, o salário é a contraprestação do trabalho
na troca que o empregado faz com o empregador, fornecendo a sua atividade e dele recebendo a remuneração correspondente.
Mas nem sempre o trabalho foi remunerado! Nem todas as formas de trabalho pressupõem o recebimento de salário.
Durante a Idade Média, com o crescimento das cidades na Europa, as relações econômicas se modificaram. Se antes estavam centradas no
campo e os trabalhadores usavam suas próprias produções como forma de pagamento de serviços, a vida urbana fez renascer o uso do
dinheiro, que se tornou o principal mecanismo de remuneração de serviços para pessoas livres.
Na Idade Moderna, a produção era de caráter familiar e o artesão, proprietário dos meios de produção (oficina e ferramentas), realizava todas
as etapas, pois não havia divisão do trabalho ou especialização. Em muitos casos, os artesõesrecebiam ajudantes em sua oficina, que, no
entanto, não eram assalariados, atuando como aprendizes de um ofício até abrirem sua própria oficina.
Imagem: PKM/Wikimedia commons/Domínio Público
Representação de uma sapataria do século XVI.
O aprendiz recebia como pagamento o próprio aprendizado, mas também poderia receber alimento ou, eventualmente, algum dinheiro.
Quando o aprendiz não conseguia abrir seu próprio negócio, podia continuar com o seu mestre na condição de “jornaleiro” (diarista),
recebendo um salário.
As corporações de ofício – antecessoras dos atuais sindicatos – surgiram como instituições que reuniam trabalhadores de determinada
categoria em defesa de interesses comuns – entre eles, a defesa do salário justo.
Imagem: CsDix/Wikimedia commons/Domínio Público
Ilustração publicada no jornal Solidariedade dos Trabalhadores Industriais do Mundo (IWW) em 30 de junho de 1917.
No século XIX, com a Revolução Industrial, os primeiros sindicatos se organizaram e com eles as lutas contra a exploração e em defesa da
dignidade do trabalhador, em especial sobre a remuneração, pauta que ainda é central nos sindicatos e nas associações contemporâneas.
É preciso lembrar, porém, que os regimes de trabalho forçado, servidão e escravidão, tanto na Antiguidade como na contemporaneidade,
são marcados por diversos tipos de violência física, moral e psicológica que desumanizam o trabalhador, colocando-o na condição de coisa
ou objeto móvel, negando a essas pessoas a remuneração justa pelo esforço despendido na geração de riquezas para os outros – o Estado
ou as pessoas.
LEIS TRABALHISTAS E O SALÁRIO NO BRASIL
Fonte: Dantadd/Wikimedia commons/Domínio Público
Imagem do ex-presidente Getúlio Vargas em 1930. Em seu primeiro período de governo, Vargas criou o Ministério do Trabalho e instituiu
a legislação trabalhista.
No Brasil, a discussão sobre o salário mínimo se deu na década de 1930, passando a vigorar a partir de 1º de maio de 1940. Três anos
depois, em 1943, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) definiu, no art. 76, o conceito do salário mínimo como a contraprestação
mínima devida e paga diretamente pelo empregador a todo trabalhador, inclusive ao trabalhador rural, sem distinção de sexo, por dia de
serviço e capaz de satisfazer as necessidades básicas de alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte.
De acordo com o art. 459 da CLT, o período de pagamento do salário não pode ser superior a um mês, e o trabalhador deve recebê-lo até o
quinto dia útil do mês subsequente ao vencido. A legislação também é clara no sentido de definir que os salários serão pagos em dinheiro,
não havendo nenhuma outra possibilidade de meio, instrumento ou bem que ocupe esse lugar. A lei também estabelece o direito a receber
um salário adicional a cada ano: o décimo terceiro salário é uma gratificação equivalente a um salário mensal, pago em até duas prestações.
A Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, portanto, garante um salário mínimo nacional que atenda às necessidades
básicas de vida dos trabalhadores e suas famílias, com reajustes periódicos para manter o poder de compra das pessoas.
A Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, conhecida como Reforma Trabalhista, criou inúmeras mudanças para a CLT. No que se refere ao
salário mínimo, a reforma abre a possibilidade de um trabalhador receber menos que o salário mínimo. Isso só pode acontecer se o
empregado trabalhar menos de oito horas diárias.
A Lei da Reforma Trabalhista trouxe também uma mudança para a composição do salário. Anteriormente, o art. 457 da CLT determinava que
gratificações, percentuais, diárias e outras formas de remuneração variável e acessória integravam o salário. Agora, estabelece que essas
remunerações acessórias e variáveis não compõem salário e, por isso, são excluídas do montante sobre o qual incidem os tributos e as
contribuições previdenciárias.
Segundo a CLT, o vínculo empregatício é caracterizado no contrato de trabalho por quatro condições:
PESSOALIDADE
O contrato é individual e intransferível, sem possibilidade de o contratado colocar eventualmente, ou de modo permanente, um substituto em
seu lugar.
SUBORDINAÇÃO
O contratado é subordinado ao contratante, dentro dos limites da lei e no período de trabalho, ou seja, está a serviço do contratante, ao
dispor dele.
HABITUALIDADE
No período do contrato, o vínculo de trabalho é permanente, não eventual, com frequência previamente determinada no contrato.
ONEROSIDADE
Indica que o contratante deve remunerar o contratado pelo serviço prestado. Ou seja, é empregada aquela pessoa (física) que se submete a
trabalhar como subordinado para alguém (pessoa física ou jurídica) em troca de salário fixo, com frequência predefinida e que trabalha de
maneira contínua, não eventual.
O trabalho assalariado, próprio do vínculo empregatício, induz à competição entre a classe trabalhadora frente ao mercado de trabalho
(contratantes), levando os trabalhadores desempregados a se qualificar, capacitar e “reciclar” (termo que revela o caráter coisificado dos
trabalhadores no modo capitalista de produção) para que possam competir na venda de sua força de trabalho nos processos seletivos (cada
dia mais individualizados), bem como leva os trabalhadores empregados a competir com os colegas e intensificar seu trabalho, trabalhando
além do período contratado (muitas vezes em casa, sem horas extras remuneradas) etc., tão somente pela sua manutenção na empresa
contratante.
FLEXIBILIZAÇÃO E PRECARIZAÇÃO
Nas últimas décadas, o mundo do trabalho tem enfrentado diversas crises que levaram a novas formas de relações de trabalho e,
consequentemente, de remuneração. Na maioria das vezes, o sistema capitalista enxerga no salário do trabalhador o motivo das crises e
busca formas de resolver a situação para que garanta seus lucros. Quase sempre o incentivo à flexibilização do trabalho é uma maneira de
as empresas enfrentarem a competitividade numa economia internacionalizada, em que a palavra de ordem é a redução de custos. O
capital, normalmente, vai em busca de regiões periféricas do planeta onde os mercados estão desregulados, com baixos encargos sociais e
mão de obra barata, levando a um enxugamento de despesas, como se observa em países da Ásia, como a China, na Índia e na América do
Sul. Com a flexibilização, as grandes empresas concentram suas atividades no produto principal e terceirizam as atividades consideradas
secundárias, subcontratando empresas. Uma empresa de refrigerantes, por exemplo, se dedica apenas à produção da bebida, enquanto a
fabricação de vasilhames (garrafas e latas) e a distribuição ao consumidor são terceirizadas.
Outra forma de trabalho terceirizado são as cooperativas de trabalho que surgem de modo induzido e supervisionado pelas empresas,
instituindo o trabalho do tipo “associado”, caracterizado pela inexistência dos direitos trabalhistas. Mesmo a empresa “supervisora” não
detém responsabilidade sobre a mão de obra. O trabalho associado em cooperativas, não raro, visa diminuir os gastos com a gestão da
força de trabalho, mantendo, contudo, o controle da produção.
No Brasil, as cooperativas ganharam força a partir das políticas neoliberais implantadas no governo Fernando Collor, no início dos anos
1990, e levadas adiante no governo Fernando Henrique Cardoso, com a privatização de empresas estatais, a reestruturação empresarial
provocada pela abertura do mercado nacional a produtos importados, o aumento da competitividade, o estabelecimento de políticas de
demissão voluntária de empregados e as demissões decorrentes da eliminação de postos de trabalho e da busca de enxugamento de
custos.
O ideal da cooperativa encarna a flexibilidade das relações de trabalho evidenciada pela ausência de contratos e pela responsabilização do
trabalhador. Sem salário fixo, em tese o trabalhador se envolveria mais no trabalho, como maneira de garantir melhores ganhos. Contudo, o
próprio Estado é falho no acompanhamentodas cooperativas. A inexistência da fiscalização do governo e o fim de incentivos fiscais e de
políticas estatais para as cooperativas progressivamente reduziram os atrativos dessa forma de organização do trabalho para as empresas.
A organização em cooperativas não está limitada ao setor fabril ou agrícola, onde é mais comum, mas alcança outros setores, inclusive de
trabalhadores qualificados, como é o caso de cooperativas de médicos e de professores. Especificamente neste último grupo, detentor de
baixos salários, tanto na iniciativa privada quanto na rede pública, quando esses profissionais integram cooperativas, chegam a ganhar três
vezes mais por hora/aula, renunciando, porém, a todos os direitos trabalhistas.
No entanto, há formas de trabalho associado em cooperativas ou empresas denominadas de autogestionárias, aquelas organizadas e/ou
assessoradas por organizações não governamentais (ONGs) e sindicatos a partir da ocupação de fábricas em situação de falência onde os
trabalhadores assumem o comando. Nesse tipo de atividade, os trabalhadores precisam participar ativamente da gestão da empresa,
tornando-se uma possibilidade diante do iminente desemprego motivado pela falência, mas também se constituindo uma alternativa ao
capitalismo ao reconstruir ideais do socialismo utópico.
Agora, vamos destacar a importância, as dificuldades e possibilidades das cooperativas, no âmbito da realidade brasileira.
SOCIALISMO E COOPERATIVISMO
Foi a partir das transformações econômicas e sociais impostas pela Revolução Industrial nos séculos XVIII e XIX, especialmente sobre o
trabalhador das indústrias e os mineradores, que os primeiros socialistas desenvolveram o conceito de cooperativismo como “um ideal
alternativo ao individualismo (o cooperativismo) e uma organização alternativa à empresa capitalista (a cooperativa)” (COSTA apud PINHO,
1966). Esses pioneiros do socialismo, também chamados de socialistas utópicos, reivindicavam uma sociedade igualitária entre os
indivíduos, embora concebessem que a mesma sociedade poderia conservar diferenças na esfera econômica.
Robert Owen era membro da burguesia inglesa, dono de uma indústria têxtil onde começou a aplicar algumas mudanças nas relações de
trabalho: reduziu a jornada de trabalho, implantou escolas para os filhos dos trabalhadores, construiu vilas operárias e concedeu aumento
de salários regularmente. Essas iniciativas o levaram ao socialismo associacionista e cooperativista que originou o cooperativismo.
Imagem: Dcoetzee/Wikimedia commons/Domínio Público
Retrato de Robert Owen, William Henry
Brooke, 1834.
ROBERT OWEN (1771-1858)
Foi um fabricante galês que se tornou reformador, um dos mais influentes defensores do socialismo utópico no início do século XIX.
Suas fábricas de New Lanark, em Lanarkshire, Escócia, com seus programas de bem-estar social e industrial, tornaram-se um local de
peregrinação para estadistas e reformadores sociais. Ele também patrocinou ou incentivou muitas comunidades experimentais
“utópicas”, incluindo os Estados Unidos.
Fonte: Encyclopedia Britannica
Nos anos de 1830, Owen utilizou a “teoria do valor do trabalho”, desenvolvida pelos pais do liberalismo, Adam Smith (1723-1790) e David
Ricardo (1772-1823), que tratava do direito do trabalhador ao usufruto do seu trabalho, para criar um sistema em que cada produto tinha o
seu valor definido conforme as horas de trabalho necessárias para a sua produção. O dinheiro do pagamento pelo trabalho seria substituído
por vales correspondentes ao número de horas trabalhadas que poderiam ser usados entre os trabalhadores, de acordo com suas
necessidades.
Owen defendia a substituição da sociedade individualista por uma sociedade fundada sobre os pilares da associação, em que a
concentração de riquezas e de poder se transformasse em acesso à saúde, à educação e à moradia. Robert Owen considerava que o
cooperativismo seria capaz de fazer com que os pobres, desempregados e miseráveis pudessem obter modos de melhorar suas vidas e
conseguir se inserir na sociedade.
Imagem: Robbot/Wikimedia commons/Domínio Público
Retrato de Charles Fourier, Hans F. Helmolt, 1901.
O comerciante francês Charles Fourier também é considerado um teórico socialista da linha utópica. Ele criticava a sociedade industrial e
defendia a criação de associações para os operários e a organização deles em cooperativas. Na sociedade idealizada por Fourier, o trabalho
seria livre e os indivíduos se tornariam cooperados de maneira espontânea, sendo que cada um trabalharia naquilo que fosse mais
satisfatório, ao mesmo tempo que ajudava seus companheiros de trabalho a também satisfazer suas necessidades.
CHARLES FOURIER
François-Marie-Charles Fourier (1772-1837) foi um dos mais significativos representantes do socialismo utópico. Abandonando os
estudos aos 17 anos, serviu no exército durante a Revolução Francesa, empregando-se como balconista mais tarde. Escreveu, em
seguida, o seu primeiro grande trabalho, Théorie des quatres mouvements et des destinées générales (1808), em que considera a
existência de uma ordem social natural. Desenvolveu depois a sua teoria no Traité de l'association domestique agricole (1822). Autor
de uma obra que se constitui como um projeto de reforma social muito ambicioso e sistemático, sua doutrina antecipou, em vários
aspetos, o socialismo marxista e a Psicanálise.
Fonte: Infopédia
Segundo Fourier, a sociedade seria regida pelos princípios da liberdade e da vida compartilhada, e todos, sem nenhuma distinção social,
deveriam ter acesso à cultura, à educação e às artes. A organização dessa sociedade se daria em grupos denominados falanges, que
compartilhariam o mesmo espaço de trabalho, lazer e moradia, chamados de “falanstérios”, edifícios onde os trabalhos e a convivência
seriam voltados para produzir uma vida harmônica. Fourier chegou a criar vilas com essas características, mas que fracassaram em pouco
tempo.
Enquanto Owen e Fourier são identificados com uma visão utópica do socialismo, o filósofo Karl Marx é conhecido pela idealização de um
socialismo real, também chamado de científico. Para Marx, as cooperativas seriam a oportunidade para a sociedade romper com o
capitalismo a partir de uma alternativa que se apresentava contrária à exclusão dos operários e da apropriação indevida de sua mão de obra
excedente. Marx também é contrário à interferência do Estado no cooperativismo, com subvenções ou regulamentação, uma vez que,
geridas pelos próprios operários, as cooperativas atuariam na emancipação de toda a classe operária. A partir do cooperativismo, toda a
sociedade alcançaria o socialismo, ou seja, Marx entende que o cooperativismo poderia ir além do aspecto econômico, abrangendo também
a política.
[..] O FUTURO NOS RESERVA UMA VITÓRIA AINDA MAIOR DA
ECONOMIA POLÍTICA DOS PROPRIETÁRIOS. REFERIMO-NOS AO
MOVIMENTO COOPERATIVO, PRINCIPALMENTE ÀS FÁBRICAS
COOPERATIVAS LEVANTADAS PELOS ESFORÇOS DESAJUDADOS DE
ALGUNS OPERÁRIOS AUDAZES [...]. PELA AÇÃO, AO INVÉS DE PÔR
PALAVRAS, DEMONSTRA QUE A PRODUÇÃO EM LARGA ESCALA E DE
ACORDO COM OS PRECEITOS DA CIÊNCIA MODERNA PODE SER
REALIZADA SEM A EXISTÊNCIA DE UMA CLASSE DE PATRÕES QUE
UTILIZA O TRABALHO DA CLASSE DOS ASSALARIADOS; QUE, PARA
PRODUZIR, OS MEIOS DE TRABALHO NÃO PRECISAM SER
MONOPOLIZADOS, SERVINDO COMO UM MEIO DE DOMINAÇÃO E DE
EXPLORAÇÃO CONTRA O PRÓPRIO OPERÁRIO; E QUE, ASSIM COMO O
TRABALHO ESCRAVO, ASSIM COMO O TRABALHO SERVIL, O
TRABALHO ASSALARIADO É APENAS UMA FORMA TRANSITÓRIA E
INFERIOR, DESTINADA A DESAPARECER DIANTE DO TRABALHO
ASSOCIADO QUE CUMPRE A SUA TAREFA COM GOSTO, ENTUSIASMO E
ALEGRIA.
(MARX, 1983)
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (2016 - AOCP - CISAMUSEP - PR - ADAPTADA)
DE ACORDO COM O DISPOSTO NA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO, CONSIDERA-SE EMPREGADO
A:
A) Pessoa jurídica que prestar serviços de natureza eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário ou outra espécie
de remuneração.
B) Pessoa física ou jurídicaque prestar serviços de natureza eventual a empregador, ainda que sem dependência deste e mediante
qualquer forma de remuneração.
C) Pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, ainda que sem a dependência deste e independentemente de
salário ou remuneração.
D) Pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
E) Pessoa física ou jurídica que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante qualquer tipo
de remuneração.
2. (ADAPTADO) A ORGANIZAÇÃO COLETIVA E A COOPERAÇÃO FORAM FUNDAMENTAIS DESDE O INÍCIO DA
HISTÓRIA HUMANA, POSSIBILITANDO O DESENVOLVIMENTO DE CIVILIZAÇÕES E A OCUPAÇÃO DE TODAS
AS REGIÕES DA TERRA. A COOPERAÇÃO TAMBÉM FOI E AINDA É IMPORTANTE NA FORMAÇÃO E
ESTRUTURA DAS SOCIEDADES MAIS RECENTES.
COM BASE NESSE CONTEXTO, LEIA ATENTAMENTE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR.
I O ESTABELECIMENTO DE RELAÇÕES DE COOPERAÇÃO POSSIBILITOU, AO HOMEM PRIMITIVO,
CONSTRUIR E UTILIZAR ABRIGOS, PROTEGER-SE DO ATAQUE DE PREDADORES E OBTER ALIMENTOS.
II O TRABALHO COOPERATIVO APRESENTA UMA GRANDE IMPORTÂNCIA, COM BASE NA AJUDA MÚTUA E
NO COMPARTILHAMENTO DE OBJETIVOS COMUNS, COM MUITOS EXEMPLOS DESDE A ANTIGUIDADE.
III O SURGIMENTO DE MODOS DE COOPERAÇÃO MODERNOS, COMO O COOPERATIVISMO E O
ASSOCIATIVISMO, ESTÁ RELACIONADO À MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA, NA DÉCADA DE 1970.
IV UMA RELAÇÃO MUITO PRÓXIMA PODE SER IDENTIFICADA ENTRE O COOPERATIVISMO E O
ASSOCIATIVISMO, SENDO REFLEXO DOS PRINCÍPIOS E DOS VALORES COMUNS ENTRE ESSAS DUAS
FORMAS DE ORGANIZAÇÃO COLETIVA.
DAS AFIRMATIVAS ACIMA, SOMENTE:
A) IV é falsa.
B) III é falsa.
C) II é falsa.
D) I é falsa.
E) I e III são falsas.
GABARITO
1. (2016 - AOCP - CISAMUSEP - PR - ADAPTADA)
De acordo com o disposto na Consolidação das Leis do Trabalho, considera-se empregado a:
A alternativa "D " está correta.
Para existir vínculo empregatício, é preciso haver um contrato pessoal entre patrão (empregador) e contratado, devendo este permanecer ao
dispor daquele no período (horário) estabelecido em contrato. Além disso, deve haver um vínculo permanente, não eventual, que resulte na
remuneração do contratado pelo serviço prestado.
2. (ADAPTADO) A organização coletiva e a cooperação foram fundamentais desde o início da história humana, possibilitando o
desenvolvimento de civilizações e a ocupação de todas as regiões da Terra. A cooperação também foi e ainda é importante na
formação e estrutura das sociedades mais recentes.
Com base nesse contexto, leia atentamente as afirmativas a seguir.
I O estabelecimento de relações de cooperação possibilitou, ao homem primitivo, construir e utilizar abrigos, proteger-se do ataque
de predadores e obter alimentos.
II O trabalho cooperativo apresenta uma grande importância, com base na ajuda mútua e no compartilhamento de objetivos
comuns, com muitos exemplos desde a Antiguidade.
III O surgimento de modos de cooperação modernos, como o cooperativismo e o associativismo, está relacionado à modernização
da agricultura, na década de 1970.
IV Uma relação muito próxima pode ser identificada entre o cooperativismo e o associativismo, sendo reflexo dos princípios e dos
valores comuns entre essas duas formas de organização coletiva.
Das afirmativas acima, somente:
A alternativa "B " está correta.
O trabalho cooperativo existiu antes da institucionalização das cooperativas que, como empresas coletivas de trabalho e lucro compartilhado,
surgiram como resposta às demandas do capitalismo industrial. As formas associadas de trabalho são consideradas por muitos socialistas,
como Karl Marx, um dos princípios de um modo de produção justo e que oferece dignidade e solidariedade entre seus membros.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verificamos neste tema que o trabalho se caracteriza como uma categoria eminentemente humana por se originar da criatividade que produz
os bens necessários à subsistência e às suas mais variadas necessidades, tornando o homem um ser social.
Por isso, foi importante termos iniciado nosso estudo apresentando os elementos que caracterizam a realização do trabalho no âmbito social
– especialmente uma legislação, que, de uma forma ou de outra, interfere em sua vida cotidiana. Entendemos, por outro lado, que o
trabalho poderá se tornar fonte de alienação se, sob a exploração do capitalismo, o trabalhador não refletir sobre sua condição e gastar toda
a sua vida sem se perceber como sujeito.
Tal ideia, como vimos, coisifica o trabalhador, que se comporta tal qual uma máquina. As perspectivas de Weber, Marx e Durkheim sobre o
trabalho, por exemplo, embora apresentem divergências de abordagens, partem do princípio de que o ser humano ocupa a centralidade no
mundo profissional.
Além do trabalho assalariado e da legislação trabalhista do Brasil, que rege a política salarial, estudamos ainda outras formas de trabalho: o
associado e o cooperativo. Embora tenha origem no socialismo, já que está fundamentado em ideais de solidariedade e companheirismo, o
trabalho cooperativo também poderá impactar o aumento da precarização da vida do trabalhador quando o capitalismo se apropriar das
cooperativas como maneira de baixar seus encargos e aumentar seus lucros.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, R. O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços na era digital. São Paulo: Boitempo, 2018.
ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmao e a negao do trabalho. So Paulo: Boitempo, 2000.
BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
BRASIL. Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º
de maio de 1943, e as Leis n. 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de
adequar a legislação às novas relações de trabalho.
DELGADO, M. G. Curso de direito do trabalho. 4 ed. So Paulo: LTR, 2005.
DURKHEIM, . Da diviso do trabalho social. So Paulo: Martins Fontes, 1999.
FINCATO, D; STÜRMER, G. A reforma trabalhista simplificada: comentários à Lei n. 13.467/2017. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2019.
LACAZ, F. A. de C. Continuam a adoecer e morrer os trabalhadores: as relações, entraves e desafios para o campo saúde do trabalhador.
In: Revista brasileira de saúde ocupacional. v. 41. 2016. p. 1-11.
LUKÁCS, G. Para uma ontologia do ser social. So Paulo: Boitempo, 2013. v. II.
MARX, K.; ENGELS, F. Obras escolhidas. Lisboa: Edio Avante, 1983. Tomo II.
MARX, K. O capital: crtica da economia poltica. 28. ed. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2011. Livro I, v. 1.
MARX, K. Manuscritos econmico-filosficos. So Paulo: Boitempo, 2012.
PINHO, D. B. A doutrina cooperativa nos regimes capitalistas e socialistas. 2. ed. So Paulo: Pioneira, 1966.
RAFALSKI, J.; ANDRADE, A. Home office: aspectos exploratórios do trabalho a partir de casa. In: Temas de psicologia. v. 23. n. 2. Ribeirão
Preto. jun. 2015. p. 431-441.
SENNETT, R. A corroso do carter: consequncias pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 2009.
EXPLORE+
Que tal aprender um pouco mais sobre o tema com um filme bacana? Veja as dicas a seguir.
A fábrica do nada
Entre o ensaio e o musical, A fábrica de nada é um filme de Pedro Pinho que conta a história de um grupo de operários que tenta
salvaguardar seus postos de trabalho e evitar o encerramento de uma fábrica a partir de um sistema de autogestão coletiva. Quando
percebem que a administração está roubando máquinas e matérias-primas, os trabalhadores decidem se organizar para impedir o
deslocamento da produção. Como forma de retaliação, enquanto ocorrem as negociações para as demissões, eles são obrigados pelos
patrões a permanecer nos seus postos, sem nada que fazer.
Indústria americana
Primeiro filme produzido pela Higher Ground, companhia criada por Michellee Barack Obama, é uma inversão de valores no sonho norte-
americano. Por três anos (entre 2015 e 2017), os diretores Julia Reichert e Steven Bognar filmaram a reabertura da planta de uma fábrica
em Ohio que havia sido fechada, em 2008, com a falência da General Motors (GM) – símbolo da cultura norte-americana. Uma empresa
chinesa compra as antigas instalações da GM e inaugura uma filial da Fuyao, indústria de vidros automotivos. Nesse processo, traz
centenas de funcionários chineses para “acompanhar” os trabalhadores norte-americanos, que veem seus direitos trabalhistas totalmente
negados.
Leia os seguintes artigos:
BYLUND, P. Questão de lógica: você não teme a automação (e nem a Reforma da Previdência); você teme a inflação. In: Mises Brasil.
Publicado em: 9 out. 2020.
TUCKER, J. Lockdown: a nova ideologia totalitária. In: Mises Brasil. Publicado em: 26 fev. 2021.
Este artigo de Jeffrey Tucker, diretor do American Institute for Economic Research, é bastante atual – e provocativo – para os tempos em que
vivemos.
CONTEUDISTA
Alex Andrade Costa
CURRÍCULO LATTES
Nelson Lellis Ramos Rodrigues
CURRÍCULO LATTES

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