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.SP Curso de Capacitação de Escreventes ABERTURA E RECONHECIMENTO DE FIRMAS 2 3 É verdade que uma das grandes preocupações da ARPEN/SP sempre foi a ca- pacitação de Registradores. Por essa razão, oferece com frequência palestras, cur- sos, treinamentos. É uma entidade voltada para o desenvolvimento de todos que abraçam o Registro Civil das Pessoas Naturais. A Capacitação de Escreventes 2018 aqui apresentada e oferecida pela AR- PEN/SP para seus associados avança nesse sentido, priorizando não apenas o trei- namento do Oficial, mas sim dos REGISTRADORES, todos os colaboradores que atuam no desenvolvimento do Registro Civil. Diversas foram as balizas colocadas para que o presente curso atingisse essa finalidade. Primeiro, é preciso mencionar que uma grande e diversificada equipe foi responsável por esse projeto, considerando diversas visões do Registro Civil. In- tegraram esse time pessoas que representam diversas realidades com titulares de cartórios pequenos e grandes; da Capital e do Interior; recém-empossados e expe- rientes; com grande contribuição empírica e técnica. Aproveitamos o ensejo para agradecer todos os envolvidos, que abriram mão de seus direitos autorais e de ima- gem, concedendo à ARPEN/SP todo material produzido. Agradecemos ainda aos colaboradores da ARPEN/SP que não mediram es- forços para concretizar esse projeto. O curso está inteiramente dividido em módulos, permitindo o treinamento de acordo com a necessidade de cada colaborador. Além disso, esse formato permitirá o contínuo avanço dos estudos, pela facilidade de se criar novos módulos, conforme as demandas registrais apresentadas e ainda novas edições dos módulos existentes. Merece destaque a linguagem utilizada. Apesar de técnica em alguns mo- mentos, os temas foram tratados de maneira simples e acessível. Isso facilitará a compreensão do colaborador, independente da sua formação. A intenção é mos- trar para o colaborador que o mundo jurídico é plenamente compreensível e fun- damental para nossa atividade. Da mesma forma, não foram utilizadas notas de rodapé ou indicações bibliográficas, que muitas vezes cansam o leitor e impedem uma leitura contínua e fácil. Por outro lado, com grande frequência temos que justificar determinada postura para o usuário. Assim, o material produzido, apesar de simples, está todo orientado com o fundamento jurídico. São indicações normativas que devem pau- tar a atividade, sobretudo a Constituição Federal (1988), o Código Civil (2002), a Lei de Registros Público (1973) e as Normas de Serviço da Corregedoria Geral de Justiça do Estado de São Paulo. Outra preocupação foi mencionar todos os Enunciados da ARPEN/SP, que também devem orientar a prática registral. Foram citadas algumas decisões do Conselho Superior da Magistratura e da Corregedoria Geral da Justiça para indicar orientações pacíficas e consolidadas. APRESENTAÇÃO 4 Sendo prioridade o treinamento do colaborador, questões polêmicas foram afastadas. Todas as vezes que foram mencionadas, há expresso chamado ao Oficial responsável pela Serventia, que deve dirimir e orientar os colaboradores em casos assim. Enaltecemos a importância da uniformização, principalmente diante das questões controvertidas. Mesmo considerando a independência de cada Oficial na sua administração, devemos favorecer uma atuação unificada. Assim, lembramos a importância da participação de cada um: o comparecimento nas reuniões, a atu- ação das regionais, a propositura de enunciados, entre outros. Cada prática forta- lece a classe e isso fortalece todas as Serventias. Por fim, esse curso é composto pelo material apresentado, pelas aulas que serão disponibilizadas de maneira on line e ainda a prova para certificação. Quanto à aula expositiva, será gravada em blocos de aproximadamente 30 (trinta) minutos, com duração máxima de 4 (quatro) horas, de forma concatenada, devendo seguir a sequência em que é apresentada. Ao final de cada módulo, o colaborador fará uma prova de múltipla escolha, para ao final receber o certificado referente ao módulo. Tudo para atingir as diversas Serventias que temos e da mesma maneira contemplar a todos, unindo forças para melhor desenvolver a nossa atividade. As Serventias Extrajudiciais contribuem com o desenvolvimento social, conferindo segurança jurídica às relações, maior celeridade e menor custo. A prestação imparcial de assessoramento jurídico e principalmente a fé pública com que atuamos ratificam a nossa importância no refinamento do Sistema de Justiça, como ofícios da cidadania que somos. E com grandes poderes vêm grandes responsabilidades. Esse projeto da ARPEN/SP demonstra nosso comprometimento com a so- ciedade, comprovando que estamos de forma permanente buscando excelência na prestação de nossos serviços. Coordenação Geral Abril de 2018. 5 ARPEN/SP – Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo Art.(s) – artigo(s) c/c - combinado com Cap. – Capítulo CC – Código Civil CF/88 – Constituição Federal de 1988 CGJ/SP – Corregedoria Geral da Justiça de São Paulo CNB/SP – Colégio Notarial do Brasil – Seção São Paulo CNJ – Conselho Nacional de Justiça CPF – Cadastro de Pessoas Físicas CSM/SP – Conselho Superior da Magistratura de São Paulo DJE – Diário de Justiça Eletrônico DNV – Declaração de Nascido Vivo DO – Declaração de Óbito ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente En. – Enunciado IML – Instituto Médico Legal Inc.(s) – inciso(s) LRP – Lei de Registros Públicos (Lei 6015/1973) NSCGJ/SP – Normas de Serviço da Corregedoria Geral da Justiça de São Paulo Prov. – Provimento Rel. – Relator Res. – Resolução SIRC – Sistema Nacional de Informações de Registro Civil STF – Supremo Tribunal Federal STJ – Superior Tribunal de Justiça ABREVIATURAS 6 CAPACITAÇÃO DE ESCREVENTES – 2018 APOSTILA DE FIRMAS E AUTENTICAÇÕES KAREEN ZANOTTI DE MUNNO OFICIAL DE REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS E TABELIÃO DE NOTAS DO DISTRITO DE BOTAFOGO DA COMARCA DE BEBEDOURO RENATA GOMES PAIVA VISCONTI OFICIAL DE REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS E TABELIÃO DE NOTAS DE CESÁRIO LANGE DA COMARCA DE TATUÍ REVISÃO DA APOSTILA DE FIRMAS E AUTENTICAÇÕES ÉRICA BARBOSA E SILVA OFICIAL DE REGISTRO CIVIL DE PESSOAS NATURAIS DE VILA GUILHERME – 47º SUBDISTRITO DA COMARCA DA CAPITAL AULA KAREEN ZANOTTI DE MUNNO OFICIAL DE REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS E TABELIÃO DE NOTAS DO DISTRITO DE BOTAFOGO DA COMARCA DE BEBEDOURO RENATA GOMES PAIVA VISCONTI OFICIAL DE REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS E TABELIÃO DE NOTAS DE CESÁRIO LANGE DA COMARCA DE TATUÍ COORDENAÇÃO GERAL ÉRICA BARBOSA E SILVA OFICIAL DE REGISTRO CIVIL DE PESSOAS NATURAIS DE VILA GUILHERME – 47º SUBDISTRITO DA COMARCA DA CAPITAL MONETE HIPÓLITO SERRA OFICIAL DE REGISTRO CIVIL DE PESSOAS NATURAIS DO DISTRITO DO JARAGUÁ DA COMARCA DA CAPITAL 7 ÍNDICE 10. ABERTURA E RECONHECIMENTO DE FIRMAS 10.1. Qualificação subjetiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08 10.1.1. Capacidade e identificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08 10.1.2. Pessoas físicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09 10.1.2.1. Portadores de deficiência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09 10.1.2.2. Cego . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 10.1.2.3. Analfabeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 10.1.3. Pessoas jurídicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 10.2. Procedimento para abertura de firma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 10.3. Reconhecimento de firma: tipos e procedimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 10.4. Vedações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 10.5. Emolumentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 10.5.1. Recibo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 8 10.1. Qualificação subjetiva 10.1.1. Capacidade e identificação ProcuraçãoA pessoa física, alfabetizada, em regra, pode abrir firma apresen- tando seu documento de identificação, e, se for o caso, o número do CPF. O docu- mento de identificação deve ser apresentado no seu original e em bom estado. Ao abrir a firma do interessado, o Notário deve zelar pela validade do ato, ve- rificando a sua capacidade, mediante análise dos documentos de identificação e da chamada capacidade natural, ou seja, deve verificar se o interessado tem efetiva consciência do ato que pratica e de todas as suas consequências. O interessado deve apresentar seus documentos de identificação, a fim de que o Notário possa qualificá-lo. Podem ser aceitos como documentos de identificação de brasileiros: a) Carteira de identidade – Registro Geral (Lei n. 7.116/83); b) Carteira Nacional de Habilitação – CNH (art. 159, Lei 9.503/97) – Pode-se aceitar a CNH ainda que com prazo de validade vencido, desde que o documento esteja apto à identificação da pessoa, ou seja, que não esteja plastificado e que a foto permita a identificação da pessoa, dentre outros elementos de análise (Prov. 24/2013, CGJ/SP e item 179, Cap. XIV, NSCGJ/SP); c) Passaporte brasileiro (art. 2º do anexo, Dec. 1.983/96); d) Carteira emitida por órgãos criados por lei federal controladores do exer- cício profissional (Lei 6.206/75) – OAB, Identificações dos membros da Magistratura ou Ministério Público, ainda que fora do prazo de validade; e) Carteira de Trabalho e Previdência Social, modelo atual, informatizado (Prov. CGJ/SP 12/2016). As carteiras funcionais, em regra, servem para a identificação da pessoa so- mente no exercício da função e, portanto, não devem ser aceitas para a abertura da ficha de firma. Excepcionalmente poderão ser aceitas caso exista previsão legal, como as carteiras de identidade de Oficias e Policiais Militares do Estado de São Pau- lo (Decreto estadual nº 14.298, de 21/11/1979) e também as carteiras da Polícia Civil do Estado de São Paulo (Lei Complementar nº 1.282, de 18/01/2016) Podem ser aceitos como documentos de identificação de estrangeiros: a) Passaporte estrangeiro (art. 2º do anexo, Dec. 1.983/96) – a situação regular do estrangeiro é necessário, por isso deve constar visto válido; Ainda na hipótese do estrangeiro, admite-se que seja apresentado o salvo- -conduto, desde que o estrangeiro também apresente um documento pessoal que permita a sua segura identificação. Isso porque o salvo-conduto, embora equivalente ao passaporte, não confere a segurança necessária ao processo de identificação, não trazendo elementos precisos capazes de assegurar ao Notário a indispensável cer- teza quanto à identidade daquele que o apresenta, colocando em risco a fé pública de que se reveste a atividade (CGJSP, Processo nº 2008/84896, data do julgamento 11.02.2011, Rel. Carlos Eduardo de Carvalho); 10. ABERTURA E RECONHECIMENTO DE FIRMAS 9 b) Cédula de identidade de estrangeiro – Registro Nacional de Estrangeiro – RNE (art. 132, Lei 6.815/80), o qual tem prazo de validade, que, entretanto, fica dispensado de renovar para os estrangeiros deficientes físicos ou com mais de sessenta anos; Sobre os documentos de RNE antigos (material rosa e flexível), tinham valida- de apenas por 09 (nove) anos e, portanto, não devem ser aceitos, exceto se o estran- geiro completou 60 (sessenta) anos de idade até a data de vencimento do RNE ou é deficiente físico; c) Cédula de identidade estrangeira dos países do Mercosul e Estados Asso- ciados (Dec. 18/08 – Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Chile, Colômbia, Equa- dor, Peru e Venezuela) – Fica dispensada a apresentação do passaporte, devendo-se aceitar o documento de identificação de seu respectivo país com a verificação da sua regular permanência no território nacional. É vedada a apresentação de qualquer documento replastificado (item 22, Cap. XVII, NSCGJ/SP). Deve-se recusar a abertura da ficha quando o documento de identi- dade contenha caracteres geradores de insegurança, como documentos com foto mui- to antiga ou abertos (item 179.2, Cap. XIV, NSCGJ/SP). Os maiores de 16 anos podem solicitar a abertura de ficha de firma, devendo o Notário certificar essa particularidade. 10.1.2. Pessoas físicas 10.1.2.1. Portadores de deficiência O Estatuto da Pessoa com Deficiência ou Lei Brasileira de Inclusão da Pes- soa com Deficiência (Lei 13.146/2015) buscou a inclusão da pessoa com deficiência, conferindo maior autonomia e dignidade na prática dos atos da vida civil. Na mesma linha e considerando o princípio da qualificação notarial e registral, o Prov. CG nº 32/2016 alterou diversos itens das NSCGJ/SP. É preciso primeiro destacar a obrigação do atendimento prioritário nas Ser- ventias aos portadores de deficiência, inclusive direito extensivo ao seu acompa- nhante (itens 88 e 88.1, Cap. XIII, NSCGJ/SP). Sobre a prática de atos notariais ou registrais, deve nortear o atendimento nas Serventias a mudança de paradigma da capacidade civil, porque a pessoa com deficiência deve ser reconhecida como capaz, quando puder exprimir sua vontade. Eventual colocação sob curatela dependerá de procedimento judicial do seu repre- sentante, com participação de equipe técnica multidisciplinar (art. 1771, CC). Por outro lado, se a pessoa não exprimir sua vontade ou não estiver acompa- nhada de curador (art. 1.767, CC) ou de pessoa para a tomada de decisão apoiada (art. 1.783-A, CC), caberá ao Tabelião responsável verificar a viabilidade ou não do ato (art. 5º, Lei 13.146/2015, art. 1.767, I, do CC e item 41, alínea f, Cap. XIV, NSCGJ/SP). Da mesma forma, os portadores de deficiência física podem solicitar a abertura da ficha de firma, como o surdo, o mudo ou portador de qualquer outra deficiência, sem assistência ou representação, desde que consigam assinar no cartão de assinatura. Nesses casos, não há necessidade de participação de testemunhas, porque a colheita dessa manifestação está fundada na fé decorrente do exercício da função notarial (CGJSP, Processo nº 2014/96.662, data do julgamento 16.10.2014, Rel. Elliot 10 Akel). De acordo com o caso concreto, poderá o Notário preencher os dados do inte- ressado na ficha de firma, certificando essa circunstância (analogia com o item 178, alínea f, Cap. XIV, NSCGJ/SP). 10.1.2.2. Deficiente visual O portador de deficiência visual poderá requerer a abertura da ficha de firma, sem assistência ou representação, desde que assine o cartão de assinatura. Não há necessidade de participação de testemunhas, porque a colheita dessa manifestação está fundada na fé decorrente do exercício da função notarial (CGJSP, Processo nº 2014/96.662, data do julgamento 16.10.2014, Rel. Elliot Akel). De acordo com o caso concreto, poderá o Notário preencher os dados do interessado na ficha de firma, certificando essa circunstância (item 178, alínea f, Cap. XIV, NSCGJ/SP). Se o portador de deficiência visual não puder ou não souber assinar não pode- rá abrir a ficha de firma. 10.1.2.3. Analfabeto Caso o interessado seja semi-alfabetizado e saiba assinar seu nome, poderá solicitar a abertura da ficha de firma. De acordo com o caso concreto, poderá o No- tário preencher os dados do interessado na ficha de firma, certificando essa circuns- tância (item 178, alínea f, Cap. XIV, NSCGJ/SP). Se o interessado for analfabeto, não será possível a abertura da sua ficha de firma. 10.1.3. Pessoas jurídicas Não há previsão para reconhecimento de firma da pessoa jurídica. O que se reconhece é a assinatura da pessoa física que arepresenta. No caso de reconhecimento de firma por semelhança, não há obrigatoriedade de se comprovar a qualidade de representante do signatário. Contudo, no caso de reconhecimento de firma por autenticidade, a questão é controversa. Para alguns deve integrar o ato do reconhecimento, a qualificação da pessoa jurídica, inclusive com a análise dos atos de constituição (contrato social ou estatuto e registro na Junta Comercial ou Registro Civil da Pessoa Jurídica), em decorrência de uma decisão judicial nesse sentido (Processo 0065739-57.2013.8.26.0100, 2ª Vara de Registros Públicos da Capital/SP). Dessa forma, a questão deve ser orientada pelo Tabelião responsável pela Serventia, considerando o caso concreto. Em todo caso, a ficha de firma não é aberta em nome da pessoa jurídica e sim da pessoa física que depositou sua assinatura. 10.2. Procedimento para abertura de firma O interessado se apresentará para abertura de firma com documento de iden- tificação original. A ficha de firma sempre deve ser preenchida na presença do No- tário, que deve conferi-la e vistá-la. A ficha padrão é o documento onde é lançada a assinatura (padrão gráfico) do interessado. 11 É preciso ter especial atenção para verificar se o nome do interessado condiz com o documento apresentado. Em alguns casos, a pessoa, por exemplo, casou-se ou divorciou-se, e não fez a alteração no documento de identidade. Nesse caso, deve apresentar o RG (ou outro documento de identificação) juntamente com a certidão de casamento que comprove a alteração do nome. Dica: no caso de RG do Estado de São Paulo, no final da qualificação, acima do número do CPF, consta o documento utilizado para confecção (certidão de nas- cimento ou casamento). É interessante conferir essa informação no documento com as informações declaradas pelo interessado, como nome de solteiro e estado civil for outro. É muito comum hoje em dia, que a pessoa não disponha de CPF em cartão, documento, etc. Nesse caso, é conveniente a conferência no site da Receita Federal. A ficha-padrão destinada ao reconhecimento de firmas conterá os seguintes elemen- tos(item 178, alínea f, Cap. XIV, NSCGJ/SP): a) nome do depositante, endereço, profissão, nacionalidade, estado civil, filia- ção e data do nascimento; b) indicação do número de inscrição no CPF, quando for o caso, e do registro de identidade, ou documento equivalente, com o respectivo número, data de emis- são e repartição expedidora; c) data do depósito da firma; d) assinatura do depositante, aposta 2 (duas) vezes; e) rubrica e identificação do titular ou escrevente que verificou a regularidade do preenchimento. É proibida e constitui falta grave a entrega ou a remessa de fichas-padrão para o preenchimento fora da Serventia ou para terceiros, exceto para qualificação de ato notarial realizada pelo próprio Notário no momento da lavratura do ato. Não existe prazo de validade da ficha padrão. Contudo, pode-se exigir a renovação das assinaturas ou o preenchimento de uma ficha-padrão atual por questões de segurança, principalmente considerando a atualização dos docu- mentos ou da assinatura. Há entendimento de que não é possível a abertura de ficha de firma com o nome social, uma vez que a identificação do interessado ocorre mediante a análi- se do documento por ele apresentado, o qual apresenta seu nome de registro (Pro- cesso n. 1007866-43.2017.8.26.0100, 2º Vara de Registros Públicos da Capital-SP, j. 14/09/2017). Nesse caso, porém, é possível que a assinatura seja feita de acordo com o nome social. Como o tema está em desenvolvimento, recomenda-se que a questão seja especificamente orientada pelo Tabelião responsável e, sendo possível, verifica- da com o Juiz Corregedor Permanente. 12 10.3. Reconhecimento de firma: tipos e procedimentos Reconhecimento de firma é o ato pelo qual se certifica que a assinatura aposta no documento apresentado é de determinada pessoa. O reconhecimento de firma é ato que compara a assinatura apresentada com o modelo de assinatura que consta na ficha, por isso é muito importante a realização de curso de grafotécnica e documentoscopia. Se for por semelhança, atesta que a assinatura é semelhante à que consta na ficha de firma. Se for por autenticidade, atesta que a assinatura constante do documento além de ser semelhante à da ficha padrão, foi aposta na presença do Notário que assina o reconhecimento. O reconhecimento de firma por semelhança é ato extraprotocolar, ou seja, não fica constando em nenhum livro. Já o reconhecimento de firma por autentici- dade é ato misto, pois o ato (selo e carimbo ou etiqueta) é feito no documento que é entregue ao interessado, mas também permanece no Livro pelo termo de compare- cimento e a assinatura do interessado. O reconhecimento por semelhança ainda é dividido em reconhecimento com valor econômico e sem valor econômico. Nos termos das conclusões da Comissão Conjunta constituída em 15/01/2003, pelo CNB/SP e ARPEN/SP, foi feita a definição padronizada dos seguintes documentos para fins de reconhecimento de firma, conforme abaixo. Documentos com valor econômico são aqueles que apresentam em seu con- teúdo situações que geram responsabilidade e obrigações financeiras. São eles: - Contratos de venda e compra - Contratos de fiança - Contratos de locação e de comodato - Contratos de financiamento - Contrato de transmissão onerosa de direitos possessórios - Contratos de gravação de CDs e de apresentações artísticas - Contratos de adesão (ou outro contrato com valor econômico) - Contratos de doação - Contratos para venda de passe escolar - Contratos de arrendamento em geral - Contratos de cessão de compromisso de venda e compra - Contratos de confissão de dívida - Contratos de dação em pagamento - Contratos de renegociação de dívidas - Cartas de anuência que contenham quitação - Procurações, exceto as exclusivamente “ad judicia”, e desde que contenham poderes para quitação e realização de acordos, transações ou administração sobre valores, ou expressamente qualquer objetivo de cunho econômico -Termos de responsabilidade por multas de trânsito - Termos de quitação e entrega de prêmios de seguro ou loterias 13 - Termos de entrega de veículos - Termos de transferência de linha telefônica - Termos de liberação de veículo por banco, consórcio ou financiadora - Instrumentos de compra de cotas de qualquer natureza - Instrumentos de compra de título de clube - Instrumentos de empréstimo em geral - Instrumentos de transferência de embarcações e aeronaves - Atas de instituição de sociedade e capital - Alvarás para levantamento de valores em Juízo - Alterações de Contrato Social contendo disposição sobre composição e distribuição de capital - Letras de Câmbio - Notas Promissórias Documentos sem valor econômico são aqueles de natureza técnica ou infor- mativa, não apresentando em seu conteúdo situações que geram responsabilidade e obrigações financeiras. São eles: - Declarações de pobreza e residência - Declarações para fins previdenciários ou militares - Declarações de exumação de corpo - Declarações de homonímia -Declarações de convivência em união estável - Declarações de perda de cheques - Declarações de rendimentos - Declarações de FGTS - Autorizações para viagens - Autorizações para abertura de contas - Autorizações para retirada de documentos - Autorizações para embarque - Autorizações para prática de esporte de menor - Atas em geral com cunho meramente declaratório - Letras de música - Termos de vistoria - Plantas - Procurações “ad judicia” - Procurações sem conteúdo econômico - Cartas de anuência sem quitação - Cartas de Preposição - Certidões de cartórios - Sinais públicos em qualquer documento - Notas Fiscais Na etiqueta ou carimbo de reconhecimento de firma, independentemente do tipo utilizado, deverá conter o nome da pessoa que assina (item 181, Cap. XIV, NSCGJ/SP). 14 Será mantido livro próprio encadernado para o controledos atos de reconhe- cimento de firma como autêntica, podendo ser aberto, a critério do titular, até no máximo um livro para cada escrevente autorizado a lavrar tais atos. Esse livro não pode ser confeccionado em folhas soltas (item 184, Cap. XIV, NSCGJ/SP). Em caso de reconhecimento de firma por autenticidade de documento de transferência dos veículos registrados no Estado de São Paulo, no prazo de 72 (seten- ta e duas) horas, a contar do reconhecimento de firma do vendedor, deve ser comu- nicada a transferência à Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, via internet. As etiquetas utilizadas para a prática desses atos devem ser guardadas em lo- cal seguro, sob responsabilidade do Oficial (item 36, Cap. XIV, NSCGJ/SP). As etiquetas e selos roubados, furtados, inutilizados, extraviados e danificados devem ser comunicados à Corregedora Geral de Justiça, por meio do Portal do Extra- judicial, informando a quantidade, tipo e numeração do selo e etiquetas. Ressaltan- do ainda que deve ser comunicado imediatamente ao Oficial ou substituto para as providências necessárias. O reconhecimento de firma deve ter a identificação de assinatura por carimbo individualizado do Notário responsável pelo ato (item 187, Cap. XIV, NSCGJ/SP). Se o instrumento contiver todos os elementos do ato, pode-se reconhecer a firma de apenas uma das partes, não obstante faltar a assinatura da outra, ou das outras (item 185.1, Cap. XIV, NSCGJ/SP). É autorizado o reconhecimento de firmas em escrito de obrigação redigido em língua estrangeira, de procedência interna, uma vez adotados os caracteres co- muns (nosso alfabeto). Nesse caso, além das cautelas normais, será mencionado, no próprio termo de reconhecimento ou junto a ele, que o documento, para produzir efeito no Brasil e para valer contra terceiros, deverá ser vertido em vernáculo (portu- guês), e registrada a tradução (itens 190 e a190.1, Cap. XIV, NSCGJ/SP). É crime o falso reconhecimento de firma (art.300, CP): “Reconhecer, como ver- dadeira, no exercício da função pública, firma ou letra que não o seja: Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa, se documento é público; e de um a três anos, e multa se o documento é particular”. A responsabilidade penal é individualizada, ou seja, caso o escrevente pratique o ato, ele mesmo responderá criminalmente por isso. 10.4. Vedações É vedado reconhecimento por abono, salvo no caso de documento firmado por réu preso, desde que visado pelo Diretor do Presídio, com sinal ou carimbo de identificação (item 183, Cap. XIV, NSCGJ/SP). Nesse caso, a firma a ser reconhecida é a do diretor do presídio, e não do preso. Caso haja alguma suspeita de fraude ou outra irregularidade, para o reconhe- cimento de firma por semelhança poder-se-á exigir a presença do signatário, muni- do do documento de identificação. Não pode o interessado restringir a realização de atos de reconhecimen- to de firmas, em qualquer de suas modalidades, exigindo que seja feita apenas em sua presença. Não há amparo legal ou normativo para tanto (Processo 0048050- 68.2011.8.26.0100, 2ª Vara de Registros Públicos de São Paulo-SP). 15 É vedado o reconhecimento de firma em documentos sem data, incompletos ou que contenham, no contexto, espaços em branco (item 189, Cap. XIV, NSCGJ/SP). O reconhecimento da firma em documento com data futura é controversa. Contudo, existe decisão administrativa autorizando a prática do ato (Processo CG nº 2015/41659). Alguns entendem que esse reconhecimento levanta, inclusive, eventual sus- peita de fraude, diante da divergência de data, pois, em tese, quando foi realizado o reconhecimento de firma, o documento ainda não havia sido firmado ou assinado, mas, conforme decisão acima mencionada, o reconhecimento de firma é o ato pelo qual o Notário atesta que a assinatura constante de um documento corresponde àquela da pessoa que a lançou, seja por autenticidade ou por semelhança. Trata-se de ato de reconhecimento cuja eficácia gira em torno da conferência da assinatura, produzindo efeitos tão somente em relação aos aspectos formais do ato jurídico praticado, não interferindo no teor do negócio jurídico em si. Assim, caberá ao Tabelião responsável dirimir a questão de acordo com o caso concreto na sua Serventia. Quanto à exigência de alvará para prática de atos por incapazes, a questão é bastante controvertida. Embora essa qualificação não caiba à Serventia, que deveria apenas realizar a análise da assinatura (Processo CG Nº 1.573/1998), há entendimen- to de que o ato deve ser precedido da integral qualificação das partes envolvidas (Processo 0065739-57.2013.8.26.0100, 2ª Vara de Registros Públicos da Capital/SP). Dessa forma, a questão deve ser orientada pelo Tabelião responsável, de acordo com a análise do caso concreto. Temos o caso de documentos preenchidos e até assinados com uma caneta que, em altas temperaturas, tem sua escrita apagada. Trata-se de uma impressão apagável (delével), não sendo possível o reconhecimento de firma em tal documento. Suspei- tando, deve ser aquecido o documento para verificar se é esse tipo de escrita. 10.5. Emolumentos Pela abertura de firma, nada será cobrado. Não existe previsão para tanto. Pode ser cobrada a cópia do documento a ser arquivado junto à ficha, se extraída na própria Serventia (item 179.1, Cap. XIV, NSCGJ/SP). O reconhecimento de firma será cobrado conforme previsto em tabela, com valores diferenciados para o reconhecimento por autenticidade, e para os reconhe- cimentos de firma por semelhança, com e sem valor declarado. 10.5.1. Recibo Tanto quanto na autenticação, no reconhecimento de firma também não se exige a emissão de recibo e contra-recibo (via do recibo assinado pelo interessado, que fica arquivado na serventia). Contudo, nada impede que um recibo individua- lizado dos valores seja emitido, caso o usuário solicite. Esse recibo não é usual, nem exigido pelas Normas de Serviço (item 66.3, Cap. XIII, NSCGJ/SP), mas a sua realiza- ção não é proibida, podendo ser feito ao usuário. Na identificação do ato, deve constar o valor total dos emolumentos. 16
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